Eduardo Sued 100 anos.

20/ago

Uma celebração da longevidade criativa e da constante reinvenção na obra de um mestre da pintura brasileira.

A Galeria Mayer Mizrahi, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura sua nova sede com uma exposição que destaca a trajetória do artista Eduardo Sued. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta 25 obras selecionadas que percorrem momentos essenciais da carreira do pintor, revelando sua capacidade singular de dialogar com a tradição sem jamais abrir mão da inovação. Com um século de vida recém-completado, Eduardo Sued permanece ativo e em plena produção, reafirmando seu papel de destaque na cena artística nacional. Sua obra evidencia uma profunda investigação sobre a cor, a textura e a forma, traduzida em uma linguagem visual que combina rigor e liberdade, reflexão e emoção.

Intitulada “Eduardo Sued – 100 anos”, a exposição reúne 25 obras que atravessam diferentes fases da produção do artista, com ênfase em trabalhos realizados a partir dos anos 1990 até criações inéditas de  2020. A seleção, feita por Denise Mattar, evidencia a coerência e, ao mesmo tempo, a permanente renovação formal que marca sua trajetória. Entre pinturas e colagens, destacam-se os trabalhos com superfícies prateadas e douradas, nas quais Eduardo Sued explora o brilho como campo de tensão óptica. As composições que incorporam réguas de madeira colorida, recorrentes em décadas recentes, também estão presentes, revelando o interesse contínuo do artista pela expansão do espaço pictórico e pela presença física da cor. Trata-se de uma obra que “instaura um silêncio cromático feito de vibração e contenção. Sued não ilustra, não narra, não representa. Ele simplesmente pinta, e sua pintura nos envolve por aquilo que tem de radical, de íntegra, de essencial.”, define a curadora.

A exposição é mais que uma homenagem: é um testemunho vivo da inquietação de um artista que, aos 100 anos, continua desafiando os limites da linguagem visual e propondo novas possibilidades para a pintura contemporânea. Denise Mattar lança luz sobre a densidade e a longevidade do percurso de Eduardo Sued, reunindo obras que dialogam entre si e revelam momentos-chave de inflexão em sua trajetória. O conjunto inclui uma pintura rara da década de 1970 que, embora anterior à consolidação de seu vocabulário geométrico característico, já aponta para elementos que se tornariam estruturais em sua obra – como os planos em diagonal e o uso da cor como agente de expansão espacial. Ao criar tensões entre o plano e o tridimensional, Eduardo Sued amplia o campo da pintura e afirma seu compromisso radical com a reinvenção da forma. Outro núcleo de destaque da mostra são as quatro colagens produzidas durante a Pandemia, trabalhos marcados pela contenção e delicadeza. Neles, a justaposição de papéis de diferentes texturas e tons cria uma vibração silenciosa, de síntese rigorosa e surpreendente frescor. Mesmo aos 100 anos, Eduardo Sued demonstra vitalidade e liberdade criativa plenas – como se cada obra fosse a primeira, e nenhuma precisasse ser a última.

Celebrar os cem anos de Eduardo Sued não é apenas reconhecer a longevidade de um artista fundamental, mas reafirmar sua pertinência. A exposição não se constrói como uma homenagem retrospectiva, e sim como a afirmação de uma obra viva – em constante movimento, em contínuo estado de invenção. Mais do que revisitar uma trajetória, “Eduardo Sued – 100 anos” convida o público a experimentar, no presente, a vitalidade de uma pintura que permanece atenta, pulsante e necessária.

Até 04 de outubro.

A linguagem visual singular de Wanda Pimentel

A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de anunciar Wanda Pimentel – Percurso em Preto e Branco na Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A mostra reúne, pela primeira vez, a série “Animais Preto e Branco”, um conjunto de desenhos realizados nos primeiros anos de sua trajetória. Criadas entre 1965 e 1967, essas obras mostram um período formativo de experimentação, marcando o surgimento da linguagem visual singular de Wanda Pimentel.

Com traços agitados e vigorosos, numa paleta restrita, Wanda Pimentel desenhou animais, alguns identificáveis, outros inventados, cujas formas pulsam, serpenteiam e vibram em meio a emaranhados gráficos de rabiscos e marcações. Besouros, cangurus, tatus, tartarugas, morcegos, girafas, corujas e macacos aparecem retratados com uma mão investigativa, como se a artista explorasse as texturas de pelos, penas, escamas e peles, apenas para distorcer suas formas e padrões nos espaços alucinatórios de seu bestiário estilizado.

Essa faceta inicial da obra de Wanda Pimentel revela uma abordagem caligráfica mais livre, na qual a superfície do papel é quase inteiramente ocupada, vibrando com atividade visual – em contraste agudo com sua produção posterior, de orientação geométrica, baseada numa espacialidade rigorosa definida pelo vazio articulado às representações precisas de objetos e partes do corpo. Como propõe a historiadora da arte Vera Beatriz Siqueira em seu ensaio para a exposição: “Em Wanda, os animais parecem afirmar a base gráfica e a posição central conferida à linha, que define questões de sua obra, ao mesmo tempo que anunciam a questão temática e plástica do “envolvimento”, das relações entre criaturas, objetos e seus ambientes – centrais em seu trabalho.”

A obra Sem título (da série Envolvimento) (1969) da artista foi recentemente incorporada à coleção permanente do MoMA, e integrou a exposição “Vital Signs: Artists and the Body” organizada por Lanka Tattersall em 2024, na mesma instituição. A obra de Wanda Pimentel está atualmente em exibição na mostra “Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70″, na Pinacoteca em São Paulo.

Em cartaz até 25 de outubro.

Utensílios emblemáticos.

19/ago

Em 30 de agosto, Ana Elisa Egreja inaugura Horizonte dourado, na Almeida & Dale, Vila Madalena, São Paulo, SP. A exposição apresenta a produção recente da artista e tem curadoria de Lilia Schwarcz.

Uma nova série de pinturas de pratos Duralex, em composições com peças de jogos americanos, ganha destaque na mostra. Nela, Ana Elisa Egreja volta seu olhar a esses utensílios emblemáticos, expandindo sua investigação sobre objetos do ambiente doméstico e suas reverberações históricas e afetivas por meio de virtuosas representações de alimentos e dos efeitos do vidro.

A mostra reúne, ainda, um conjunto de pinturas com aplicações de folha de ouro, criando novos diálogos entre a produção da artista e a representação pictórica na História da Arte, mais especificamente a do período Medieval. São naturezas-mortas e grandes cenas de interior nas quais motivos do cânone artístico e da cultura popular brasileira se misturam.

A mostra permanecerá em cartaz até 25 de outubro.

Vergara e as nuances avermelhadas.

Depois de um hiato de uma década, Carlos Vergara volta a expor em galeria na mostra individual que apresentará na Galeria Patrícia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Vanda Klabin.

Há exatos 25 anos, Carlos Vergara cultua o hábito de ir, religiosamente, ao ateliê que mantém em um casarão em Santa Teresa. Fruto dessa produção ativa e constante será mostrado em trabalhos inéditos na individual “Além da Pintura”, a partir do dia 28 de agosto. Essa mostra guarda uma particularidade em especial: é a celebração de uma amizade, pois sela o encontro entre o artista, a galerista Patrícia Costa e a curadora Vanda Klabin. Pioneiros da arte no Rio de Janeiro, os três mantêm relação de longa data, desde 1980, e estarão reunidos em uma exposição pela primeira vez. Literalmente, além da pintura.

Conhecido por desenvolver seus próprios pigmentos com elementos naturais, desta vez Vergara apresentará sua mais recente alquimia: uma tintura de nuances avermelhadas extraída do pau-brasil, árvore que possui enraizada em seu ateliê. A matéria-prima também virou serragem para ele desenhar com uma seringa, criando sutis relevos traçados em algumas telas. Essa técnica de pigmentação foi apresentada em novo terroir, quando participou de uma residência artística no Château Cos d’Estournel (vinícola de Bordeaux), no primeiro semestre desse ano, como parte da Temporada Brasil-França 2025.

Os trilhos dos bondes de Santa Teresa, um dos ícones da cidade carioca onde está radicado desde a adolescência (Vergara nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941), se fazem presentes em monotipias que também poderão ser vistas pelo público em “Além da Pintura”, que terá um recorte com cerca de 16 trabalhos com diferentes suportes, até 27 de setembro, na Galeria Patrícia Costa.

A palavra da curadoria.

“O artista presentifica um entrelaçamento de outros processos manuais, uma escolha estética, ao decalcar elementos naturais, como o pigmento com suas texturas e propriedades, carregado de história. Estar impregnado de gestos dos materiais que vêm da terra traz uma nova forma de expressão para a sua prática pictórica. Seus trabalhos são sempre atravessados pela pintura, um processo que se confunde com uma depuração ou fusão com outros elementos, com um embeber, um provocar depósitos, vestígios, detritos ou fragmentos. Uma adesão aos puros pigmentos naturais e seus valores cromáticos, que se deixam impregnar ou diluir, de maneira aberta ao imprevisível, como o próprio artista declarou, “utiliza o acaso e a precisão”. A diluição do pigmento traz perturbações delicadas na superfície da obra, como se estivessem à procura de uma outra instância para a sua existência, um novo modo de ser, uma nova significação, como se relutasse em alcançar sua forma final. São pulsações diferenciadas, irradiações impregnadas de valores cromáticos que flutuam e adotam comportamentos divergentes e o artista comentou que “as formas não mudam, o que muda são as formas de olhar”. Sua pintura permanece extremamente vigorosa, plena e fluida, seu universo discursivo sempre diversificado, pulsante, propaga a sua imensa energia plástica, continuamente desdobrada em inovações. Essa exposição amplia o entendimento sobre a trajetória do artista e da constituição de uma linguagem plástica brasileira, com incessante fidelidade ao ato da pintura”.

Tito Terapia – novo artista representado.

18/ago

A Galatea tem o prazer de anunciar a representação do artista Tito Terapia (1977, São Paulo) e sua participação na SP-Arte Rotas 2025 com um conjunto inédito de obras produzidas especialmente para a ocasião.

Paulo Henrique Gonçalves, conhecido artisticamente como Tito Terapia, nasceu na Zona Leste de São Paulo. Sua trajetória no campo das artes começou em 1993, com a prática da pichação. Em 2020, conheceu o pintor e gravador Rodrigo Andrade, que conduzia um grupo de pintura ao ar livre, ocasião em que teve seu primeiro contato com a pintura e com a arte contemporânea. Desde então, passou a desenvolver uma pesquisa própria, unindo referências da tradição pictórica e da chamada arte popular brasileira a um vínculo com o território onde vive e trabalha.

Tito produz pinturas em pequeno e médio formato, elaboradas com pigmentos naturais preparados a partir de terras coletadas na Zona Leste. Embora tenha iniciado a sua trajetória com a pichação, sua produção atual aponta para um caminho diverso, voltando-se para pinturas que transitam entre gêneros caros à tradição figurativa, como a paisagem e a natureza-morta, além de incorporar tanto cenas observadas e registradas fotograficamente quanto paisagens inventadas.

Esses trabalhos mesclam elementos do cotidiano e da memória, preservando histórias de lugares que já não existem e que em muitos casos foram engolidos pela especulação imobiliária. O processo manual e o uso de materiais locais reforçam a conexão entre sua produção e o território, atribuindo às telas um sentido de pertencimento e resistência.

Sua primeira participação em uma exposição foi em 2023 no Centro Cultural Diadema, na mostra Horizontes desvelados: avistamentos, ainda com a linguagem do pixo. No mesmo ano, ele expôs suas obras em pintura no leilão do coletivo ali:leste no espaço de arte Auroras e na coletiva Refundação, na Galeria Reocupa, da Ocupação 9 de Julho. Em 2024 expôs ao lado de Link Museu e Evandro Cesar em Atropelo, na Sala 24 de Maio; participou da coletiva Ar Livre: paisagem contemporânea em Cidade Tiradentes no Centro Universitário Maria Antônia; expôs em Situações/paisagens urbanas na Galeria Berenice Arvani e no Espaço Delirium, com a mostra Ágora. Mais recentemente, participou da coletiva Pequenas pinturas no espaço Auroras (2025). Tito também já ministrou duas oficinas de artes, na Fábrica de Cultura Cidade Tiradentes (2023) e no Sesc Itaquera (2024).

Feminismo, gênero e comportamento.

Quem passar pelo centro cultural nesta semana, poderá ver ao vivo a nova obra que o Instituto Ling, bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, apresenta, realizada pela artista brasiliense Camila Soato. A artista desenvolve pesquisas prático-teóricas em pintura figurativa, desenho e performance. Sua produção aborda temas como feminismo, gênero e comportamento. Mesclando cenas cômicas protagonizadas por personagens atrapalhados ou perversos extraídos do cotidiano banal com pinceladas expressivas, manchas e escorridos de tinta, suas obras revelam uma carga carregada que contrasta com o humor satírico. A atividade faz parte do projeto “LING apresenta: Quando as fronteiras se dissolvem”, com curadoria de Paulo Henrique Silva. Após a finalização, o trabalho ficará exposto para visitação até o dia 18 de outubro, com entrada franca.

Corpos e organismos imaginários.

14/ago

Na exposição “Cenas Elétricas”, que Marcia de Moraes, exibe na Galeria Simões de Assis, Balneário Camboriú, SC, apresenta composições que exploram a cor como elemento estruturante do desenho. Criadas inteiramente a lápis sobre papel, as obras convidam a um olhar atento, revelando formas que transitam entre paisagens, corpos e organismos imaginários. Uma experiência visual rítmica e multifacetada, que desafia constantemente o espectador a reconstruir o visível. Os desenhos prismáticos de Marcia de Moraes parecem filtrar, distorcer e refratar nossa percepção. Nos desafiam a reconstruir corpos e espaços, formas já muito rotinizadas em nosso imaginário – das plantas, paisagens, insetos, lagos e corais. Ao mesmo tempo, parecem nos guiar por um universo microscópico que lembra organismos desconhecidos, complexos celulares a serem descobertos ou arquiteturas neurais.

Cenas Elétricas

Em meados dos anos 1910, a artista Sonia Delaunay já havia realizado um amplo conjunto de suas composições abstratas, constituindo as bases para o que o nomeava como “pintura simultânea” – campos ópticos dinamizados pelo contraste entre as cores, projetando formas, movimentos e ritmos. Vários desenhos e pinturas dessa fase foram intitulados como “Prismes électriques”, aparece como metáfora visual para o efeito que ela buscava: decompor e reconfigurar a luz e o espaço pictórico por meio da cor. A inspiração principal, segundo a própria Delaunay, era a experiência urbana e o novo ritmo noturno da cidade que passava a ser iluminada e movida por eletricidade. “A luz elétrica transforma a cidade em um caleidoscópio em movimento” (Sonia Delaunay, caderno de esboços, 1913-14).

Cem anos depois, as lições de cor-composição de Delaunay reverberam nos desenhos da artista Márcia de Moraes, em que a fragmentação da forma pela cor também é a chave para a construção visual rítmica. Os trabalhos de Márcia são totalmente criados a lápis sobre papel, dos contornos de grafite que estruturam sutilmente a imagem, aos preenchimentos coloridos que vibram e fluem sobre o plano. Por outro lado, a tensão moderna entre figuração e abstração já dispersa desde a década de 1970, abre margens para o repertório poético das linguagens contemporâneas, mesmo quando se trata de meios tão conhecidos como o desenho. É nesse ponto que entendo outro diálogo entre Sonia e Márcia, a presença de um prisma, uma espécie de lente difratora, criando um sentido de espacialidade interna em cada obra, nos fazendo ver de dentro para fora e vice-versa, simultaneamente. Os desenhos prismáticos de Márcia de Moraes parecem filtrar, distorcer e refratar nossa percepção. Nos desafiam a reconstruir corpos e espaços, formas já muito rotinizadas em nosso imaginário – das plantas, paisagens, insetos, lagos e corais. Ao mesmo tempo, parecem nos guiar por um universo microscópico que lembra organismos desconhecidos, complexos celulares a serem descobertos ou arquiteturas neurais. São tantas imagens cabendo em detalhes e na totalidade que ativam o olhar para ver através e em meio à multiplicidade constituída nos encontros dos traços a grafite e lápis de cor que dialogam com o vazio do papel. O convite é para uma observação prolongada, alternando distâncias e se desapegando da necessidade de decifração.

Tálisson Melo

Em cartaz até 04 de outubro.

Obras inéditas de Daniel Senise

A Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, convida para o dia 21 de agosto, ocasião de abertura da exposição “Daniel Senise – Vivo confortavelmente no museu”, com obras inéditas e recentes do destacado artista. Os trabalhos atuais ganham novos processos e materiais, a partir da coleção do artista de capturas em tecido, feitas desde o início dos anos 2000, de chãos e paredes de locais arruinados, históricos ou de seus próprios ateliês. Recortando e colando com precisão pequenos pedaços desses panos, Daniel Senise reconstitui a imagem do lugar em que as capturas foram feitas, ou recria outros espaços, como salas, perspectivas e fachadas de museus e instituições de arte.

No seu novo e espaçoso ateliê na Vila Buarque, em São Paulo, o artista começou a incorporar novos procedimentos, intervindo com outros materiais – tinta líquida, pó de ferro, betume, carvão – nos tecidos já impregnados com captura de paredes, provocando assim “imagens involuntárias”. Essas imagens são posteriormente inseridas em suas composições de espaços museológicos, e “aproximam as possibilidades de leituras dessas marcas a uma composição pictórica”. O artista comenta que “na exposição, a presença desse espaço virtual varia de tela para tela”. “Em alguns momentos ele não está presente, e essa latência faz com que o conjunto de trabalhos crie um aspecto de instalação, pois se estendem ao espaço real da galeria”.  O texto crítico é de Luiz Armando Bagolin.

Daniel Senise é um dos mais reconhecidos artistas brasileiros, presente em prestigiosas coleções, como Stedelijk Museum Amsterdam; Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, Estados Unidos; Ludwig Museum, Colônia, Alemanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói); e Museu de Arte de São Paulo (MASP). Um dos expoentes da chamada Geração 80, Daniel Senise é ativo no circuito de arte há quarenta anos, tanto no Brasil como no exterior, tendo participado das 18ª, 20ª, 24ª e 29ª edições da Bienal Internacional de São Paulo (1985, 1989, 1998 e 2010); 44ª Biennale di Venezia, Itália (1990); 2ª Bienal de La Habana, Cuba (1986); 11ª Bienal de Cuenca, Equador (2011), entre outras importantes exposições coletivas.

O percurso da exposição começa com uma obra da série de trabalhos de museus que Daniel Senise vem fazendo: “Sem título (Raoul Dufy)”, 2025, com 1,25 metro por 2,30 metros, representando a sala curva do painel em homenagem à eletricidade de Raoul Dufy(1877-1953), no Museu de Arte da Cidade de Paris. Em frente está a obra “Sem título (MAM Rio)”, 2025, com dois metros de altura por 2,38 metros de comprimento. No mesmo piso estão duas telas “Sem título 3″ (2025), com 1,23 metro por 78cm, e “Sem título 4″ (2024), com 1,15 metro x 95 centímetros, em que as imagens provocadas são apresentadas sem uma contextualização de espaço. No segundo andar ocupa um lugar de destaque a obra “Sem título (Bourse de Commerce – Pinault Collection)”, 2024, com um metro de altura por 2,80 metros de comprimento onde uma captura de parede que o artista fez ocupa o lugar da pintura decorativa que representa cenas do comércio mundial, que está na parte inferior da cúpula do prédio em Paris.

O título “Vivo confortavelmente no museu” é uma frase dita por um personagem do livro “A invenção de Morel”, de Bioy Casares (1914-1999) – um condenado à prisão perpétua, que chega a uma ilha, e chama de museu a construção abandonada em que mora. Está sendo editado por Charles Cosac um robusto livro sobre a obra de Daniel Senise, com textos de Luiz Armando Bagolin e Paulo Miyada, com previsão de lançamento até o final do ano.

Em cartaz até 11 de outubro.

Antônio Poteiro em Fortaleza.

13/ago

Um conjunto de mais de 50 obras do artista português-brasileiro Antônio Poteiro (1925-2010) poderão ser visitadas na exposição “Antônio Poteiro – A Luz Inaudita do Cerrado”, em cartaz até 02 de novembro na CAIXA Cultural Fortaleza, CE. A mostra é uma celebração do centenário de nascimento do artista, com séries de pinturas e esculturas que cobrem a sua produção desde os anos 1970. Na abertura evento que contou com visita guiada do curador Marcus de Lontra Costa. O projeto reúne obras do acervo do artista, hoje pertencente ao Instituto, sediado em Goiânia (GO), fundado em 2011 para preservar o legado de Antônio Poteiro. Ele se destacou no campo das artes visuais, no Brasil e em mais de 40 países, por sua paleta de cores vibrantes, composições densas e temáticas do cotidiano, como a religiosidade e as festividades.

A palavra do curador.

O curador Marcus de Lontra Costa destaca a trajetória de Antônio Poteiro, popular em sua essência criativa, criando pontes entre percepções e saberes diversos. “Ela retrata e reflete cenas do cotidiano. Cria histórias sobre fatos históricos e aproxima a arte e a religião como objetos da fé. Sua obra é uma poderosa ferramenta para enfrentar as incongruências e paradoxos do presente e projetar um mundo futuro, no qual a arte, a religião e a ciência caminhem no sentido de proporcionar à humanidade a sua dimensão maior”.

Oficina e visita mediada com Américo Poteiro.

Na quinta-feira, 14 de agosto, às 10h, será realizada a oficina “Pintando um centenário de cores com Américo Poteiro”, conduzida pelo filho de Antônio Poteiro, o artista Américo Poteiro. A atividade propõe uma imersão no universo visual da arte de Poteiro, explorando suas cores vibrantes, formas simbólicas e temas do cotidiano, marcas registradas de sua contribuição à arte popular brasileira. Após a oficina, na quinta-feira, 14, Américo Poteiro conduzirá uma visita mediada às 11h30 na exposição. Na ocasião, irá compartilhar alguns dos processos de criação e seleção das obras, trazendo à tona reflexões sobre a trajetória do artista e o significado intrínseco de cada peça exposta. É uma oportunidade de descobrir os bastidores do projeto.

Documentário premiado sobre Darel.

12/ago

A exposição “Darel – 100 anos de um artista contemporâneo”, em cartaz no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro, RJ, promove, no sábado, 16 de agosto, às 16h, a sessão única do documentário “Mais do que eu possa me reconhecer”, de Allan Ribeiro, sobre o artista pernambucano, no mesmo centro cultural. A exibição será seguida de debate com o diretor do filme. O documentário ganhou o prêmio principal da Mostra Tiradentes de 2015, e ainda melhor direção, melhor roteiro e prêmio de público em festivais de cinema pelo Brasil afora.

O programa é uma ação paralela à exposição do artista pernambucano (1924-2017), que está em cartaz no segundo andar do CCCorreios, com 95 trabalhos que cobrem 70 anos de produção, sob curadoria de Denise Mattar.

O filme mostra a vida solitária de Darel, em sua casa de 800 metros quadrados, no bairro carioca de São Conrado. As experimentações com videoarte, uma forma de se conectar e se expressar, se tornaram sua melhor companhia nos últimos anos de vida. Darel permite ser filmado na sua intimidade e na relação com a arte.

Em cartaz até 30 de agosto, a mostra “Darel – 100 anos de um artista contemporâneo” celebra o centenário de nascimento de Darel, que fez carreira no Rio de Janeiro. A curadora Denise Mattar optou por um panorama da obra de Darel, percorrendo 70 anos de produção, que marcou sua importância na história da arte do século XX pela excelência das suas pinturas sensuais e das litografias à cor, técnica da qual foi pioneiro no Brasil. Darel recebeu prêmios e menções honrosas, como o de “Viagem ao Estrangeiro”, do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e o de “Melhor Desenhista Nacional”, na Bienal Internacional de São Paulo de 1963. Na edição seguinte da Bienal, ele teve uma sala especial.

 Sobre o diretor.

Allan Ribeiro, roteirista e diretor. Formado em Cinema pela UFF em 2006. Realizou dois longas, “Mais do que eu possa me reconhecer” (2015) e “Esse amor que nos consome” (2012), que receberam vários prêmios em festivais como Brasília, Tiradentes e APCA 2013. Em curtas-metragens, realizou 12 produções, com destaque para “O brilho dos meus olhos” (2006), “Ensaio de Cinema” (2009), “A Dama do Peixoto” (2011), “O Clube” (2014) e “O Quebra-cabeça de Sara” (2017). Em 2016, lançou pelo Canal Brasil a série “Noturnas”, com 46 episódios. Dirigiu e escreveu a peça “Procura-se Empregada” (2016) a convite do Micro-teatro RJ.