Uma celebração da longevidade criativa e da constante reinvenção na obra de um mestre da pintura brasileira.
A Galeria Mayer Mizrahi, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura sua nova sede com uma exposição que destaca a trajetória do artista Eduardo Sued. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta 25 obras selecionadas que percorrem momentos essenciais da carreira do pintor, revelando sua capacidade singular de dialogar com a tradição sem jamais abrir mão da inovação. Com um século de vida recém-completado, Eduardo Sued permanece ativo e em plena produção, reafirmando seu papel de destaque na cena artística nacional. Sua obra evidencia uma profunda investigação sobre a cor, a textura e a forma, traduzida em uma linguagem visual que combina rigor e liberdade, reflexão e emoção.
Intitulada “Eduardo Sued – 100 anos”, a exposição reúne 25 obras que atravessam diferentes fases da produção do artista, com ênfase em trabalhos realizados a partir dos anos 1990 até criações inéditas de 2020. A seleção, feita por Denise Mattar, evidencia a coerência e, ao mesmo tempo, a permanente renovação formal que marca sua trajetória. Entre pinturas e colagens, destacam-se os trabalhos com superfícies prateadas e douradas, nas quais Eduardo Sued explora o brilho como campo de tensão óptica. As composições que incorporam réguas de madeira colorida, recorrentes em décadas recentes, também estão presentes, revelando o interesse contínuo do artista pela expansão do espaço pictórico e pela presença física da cor. Trata-se de uma obra que “instaura um silêncio cromático feito de vibração e contenção. Sued não ilustra, não narra, não representa. Ele simplesmente pinta, e sua pintura nos envolve por aquilo que tem de radical, de íntegra, de essencial.”, define a curadora.
A exposição é mais que uma homenagem: é um testemunho vivo da inquietação de um artista que, aos 100 anos, continua desafiando os limites da linguagem visual e propondo novas possibilidades para a pintura contemporânea. Denise Mattar lança luz sobre a densidade e a longevidade do percurso de Eduardo Sued, reunindo obras que dialogam entre si e revelam momentos-chave de inflexão em sua trajetória. O conjunto inclui uma pintura rara da década de 1970 que, embora anterior à consolidação de seu vocabulário geométrico característico, já aponta para elementos que se tornariam estruturais em sua obra – como os planos em diagonal e o uso da cor como agente de expansão espacial. Ao criar tensões entre o plano e o tridimensional, Eduardo Sued amplia o campo da pintura e afirma seu compromisso radical com a reinvenção da forma. Outro núcleo de destaque da mostra são as quatro colagens produzidas durante a Pandemia, trabalhos marcados pela contenção e delicadeza. Neles, a justaposição de papéis de diferentes texturas e tons cria uma vibração silenciosa, de síntese rigorosa e surpreendente frescor. Mesmo aos 100 anos, Eduardo Sued demonstra vitalidade e liberdade criativa plenas – como se cada obra fosse a primeira, e nenhuma precisasse ser a última.
Celebrar os cem anos de Eduardo Sued não é apenas reconhecer a longevidade de um artista fundamental, mas reafirmar sua pertinência. A exposição não se constrói como uma homenagem retrospectiva, e sim como a afirmação de uma obra viva – em constante movimento, em contínuo estado de invenção. Mais do que revisitar uma trajetória, “Eduardo Sued – 100 anos” convida o público a experimentar, no presente, a vitalidade de uma pintura que permanece atenta, pulsante e necessária.
Até 04 de outubro.