A Gentil Carioca Rio promove dois eventos

25/jun

Conversa com Novíssimo Edgar e Ativação Parede Territorio’s de Rose Afefé

Nesta sexta-feira, a partir das 17h, A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, propõe dois eventos em torno das práticas dos artistas Novíssimo Edgar e Rose Afefé.

Novíssimo Edgar conduzirá uma conversa sobre a sua exposição “Arqueologia de Si”, atualmente em exibição na galeria. A conversa abordará a pesquisa que inspirou a concepção da mostra, que propõe um léxico próprio composto por formas, símbolos e cores. Esse vocabulário, situado na interseção entre produções históricas e culturais de diversas sociedades, resulta da busca do artista por suas origens: “Estou realizando uma escavação dentro de mim mesmo para encontrar uma civilização perdida, o que toca em questões de ancestralidade, colonialismo e diáspora”.

A partir das 18h, inicia-se a ativação do mural “Parede Teritório’s”, parte da 40ª edição do Projeto Parede Gentil. Concebida por Rose Afefé, esta obra resulta de sua pesquisa artística sobre espaços, ocupações e as interações que proporcionam. Na ocasião, a artista promoverá uma celebração com karaokê, convidando todos a participar. Inspirado na atmosfera de uma festa junina, o evento busca materializar a estética do universo de Terra Afefé, uma microcidade criada pela artista na Chapada Diamantina, interior da Bahia. Todos são bem-vindos, trazendo sua voz, alegria e vestindo seu melhor traje junino!

Cinco artistas na Pinakotheke São Paulo

20/jun

A Pinakotheke, Morumbi, São Paulo, SP, convida para a abertura da exposição “Monumental – Angelo Venosa, Beatriz Milhazes, Jorge Guinle, Leda Catunda e Luiz Zerbini”, no dia de 22 de junho de 2024, às 11h. Com curadoria de Max Perlingeiro, a exposição apresenta obras que exploram o conceito de monumentalidade, desses artistas expoentes da Geração 80, no momento em que se celebra os quarenta anos da icônica mostra realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, “Como vai você, Geração 80?”, com curadoria de Marcus Lontra, Sandra Magger e Paulo Roberto Leal. “Esses artistas buscaram transcender as fronteiras físicas e conceituais dos trabalhos para criar impacto e desafiar o público”, afirma Camila Perlingeiro, diretora editorial da Pinakotheke.

“A produção de obras de arte de grandes formatos na cena artística brasileira contemporânea é reflexo de uma expressão única da identidade cultural do país. Artistas brasileiros têm explorado a monumentalidade como uma forma de transmitir narrativas tanto quanto provocar reflexões sobre questões sociais, políticas e ambientais. Através de esculturas, instalações, pinturas murais e intervenções urbanas, a arte brasileira em grande escala ressoa com o público e transforma o espaço”, afirma Camila Perlingeiro no texto que acompanha a exposição.

As análise de Camila Perlingeiro

Na exposição, o destaque é “Catilina” (2019), obra tridimensional de Angelo Venosa (1954-2022), em madeira, tecido e fibra de vidro, medindo 305cmx372cm x372cm, uma grande ampulheta sustentada sobre três pernas de madeira. Do centro da escultura, coberta por fibra de vidro, a areia desce em direção ao solo, “uma metáfora para a precariedade da memória”, como assinala Camila Perlingeiro. Sobre este trabalho, o artista disse: “O tempo é assim. Ou está na frente, ou atrás. A gente só o percebe como armadilha, ou reflexão”. No texto que acompanhou a exposição “Catilina”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, em 2019, quando a obra foi apresentada, a crítica Daniela Name citou a famosa frase “Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?”, a pergunta de Cícero, “grande filósofo e orador romano, em 63 a.C, em um de seus discursos dirigidos contra Lucius Sergius Catilina, político corrupto e sanguinário que dedicou a vida a tentar destruir a República”. “Quão longe você vai abusar da nossa paciência, Catilina?”, a tradução culta da frase, ou como preferia Angelo Venosa: “Até quando você vai encher o nosso saco?”. “Essa ambiguidade de tempos e processos é muito forte em “Catilina”, que nos fala de ruína, de um mundo ameaçado, mas também de gênese, daquilo que ainda pode vir”, escreveu Daniela Name.

De Beatriz Milhazes (1960), a pintura “Tonga II” (1992), acrílica sobre tela, com 160cmx160cm90), “é um exemplo de como a artista se utiliza das sobreposições e formas circulares, além da exuberância gráfica e cromática”.

“Sexta-feira” (1985), em óleo sobre tela com 189cm x 340cm, de Jorge Guinle (1947-1987), “apresenta uma vontade ordenadora, com áreas bem delineadas, contornos definidos, e recortes de estampas que têm relação com planos de fundo de obras de artistas como Paul Klee ou Bram van Velde”.

Leda Catunda (1961) esgarça os limites da arte investindo em materiais como tecido ou plástico e superfícies ora vazadas, ora volumosas. “Rio Comprido” (2009), obra tridimensional em tinta acrílica, plástico e tela, medindo 420cmx310 cm, “é parte do processo de amadurecimento de sua produção”.

Luiz Zerbini (1959), artista que trabalha com diferentes suportes – pinturas, esculturas e instalações, entre outros – se utiliza de camadas de imagens da flora tropical e referências à história da arte e à cultura pop em sua obra “The Railway Surfer and the Ghost Train” (1990), pintura em óleo sobre tela com 140cmx290 cm, “um experimento entre o uso do espaço pictórico e de cores luminosas e vibrantes”, diz Camila Perlingeiro.

De 22 de Junho a 20 de Julho.

Dois artistas na Galatea Salvador

18/jun

A Galatea Salvador anuncia sua segunda exposição, intitulada “Bahia afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho”. A mostra se estrutura em dois núcleos distintos: no primeiro, fotografias de Bauer Sá (1950, Salvador, BA), produzidas entre os anos 1990 e 2000, exploram a potência da ancestralidade afro-brasileira através de figurações do corpo negro representado como protagonista da cena; no segundo, esculturas em madeira que retratam cidades utópicas e modernas imaginadas por Gilberto Filho (1953, Cachoeira, BA) se reúnem pela primeira vez de forma tão ampla em uma exposição, com obras produzidas desde 1992 até o momento atual.

Este diálogo entre os trabalhos dos artistas baianos cria uma rica narrativa visual, conectando ancestralidade e fabulação em torno de futuros possíveis. A exposição conta também com texto crítico do artista e curador Ayrson Heráclito, reconhecido por abordar símbolos e tradições vinculados à cultura afro-brasileira em sua obra, e Beto Heráclito, escritor e historiador.

Com abertura em 04 de Julho e duração até 28 de Setembro.

Claudio Goulart na nova Galeria Zielinsky

17/jun

“Fragmentos da memória” é a segunda individual póstuma de Claudio Goulart no Brasil e a primeira realizada em São Paulo, na Galeria Zielinsky, Higienópolis, onde permanecerá em cartaz até 27 de julho. Com a intenção de resgatar a trajetória e a obra do artista, a mostra propõe um olhar atento à sua produção que, mesmo com projeção internacional, é pouco conhecido no cenário brasileiro. A exposição parte da íntima relação de Claudio Goulart com a memória, temática que atravessa suas criações e se faz presente em imagens apropriadas e de referências históricas, bem como em fragmentos de paisagens por onde passou e habitou. Com curadoria de Fernanda Soares da Rosa, pesquisadora e doutoranda em Artes Visuais (PPGAV-UFRGS), a mostra é uma parceria com a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS que, desde 2015, é a responsável pela salvaguarda do acervo do artista.

Sobre o artista

Nascido em Porto Alegre em 1954 e radicado em Amsterdã desde meados dos anos 1970, Claudio Goulart emergiu como uma figura proeminente no cenário artístico holandês. Sua presença foi marcada por uma atuação intensa, dedicando-se à concepção e realização de projetos em instituições locais, como a Time Based Arts e a Other Books and So. Além disso, sua obra foi reconhecida internacionalmente, com participações em numerosas exposições individuais e coletivas em diversos países ao redor do mundo. Desde Portugal, Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Suíça, Inglaterra e Croácia até destinos como Islândia, Cuba, Costa Rica, México, Japão e China, transcendeu fronteiras geográficas através de seus trabalhos. Colaborando com uma rede direcionada de artistas latino-americanos e europeus, Claudio Goulart criou obras em parceria com nomes, dentre outros, como Vera Chaves Barcellos, Flavio Pons, Paulo Bruscky, Ulises Carrión, Aart van Barneveld, Raul Marroquin e David Garcia.

Além da cor

A mostra “Além da Cor”, em exibição até 27 de julho na Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP,  coloca em diálogo Alfredo Volpi, Ione Saldanha, Gonçalo Ivo e André Ricardo, aproximando a pesquisa cromática presente em cada um deles. Os artistas, de diferentes gerações e com poéticas singulares, compõem o espaço expositivo em interlocuções que exploram texturas e técnicas da pintura, como óleo e têmpera em suas composições demonstrando um diverso e enérgico diálogo em um olhar que tangencia a produção artística moderna a partir de reflexões da arte contemporânea.

Texto de Fernanda Pitta

Roberto Longhi certa vez afirmou que “a linha, por mais débil que seja, distrai-nos da cor”. A linha é movimento, carrega o olho para onde quer que ela vá, granjeia, ondula, foge, ataca, distrai-nos como gatos seguindo a agitação da ponta de laser. A cor sozinha não se move, fica ensimesmada, no máximo pulsa, nervosa, a sua fluorescência querendo emanar. Ela só consegue produzir movimento na interação que realiza com outra. Só assim elas se aglutinam ou se repelem, continuam onde parecem interrompidas, aceleram-se ou se retardam.

Na verdade, a cor nunca está sozinha. Uma cor é aquilo que surge da sua interação com uma outra. Joseph Albers fala disso lindamente quando se aprofunda nas complexidades da percepção das cores, enfatizando que elas são constantemente influenciadas por seus ambientes e podem criar efeitos ópticos inconstantes. Sua teoria se desenvolve a partir de sua prática de experimentos que demonstram como uma mesma cor pode parecer diferente dependendo das cores que estão em seu entorno. Albers nos desafia a considerar a natureza subjetiva da percepção das cores e nos incentiva a um envolvimento ativo com elas.

Kandinsky definiu a pintura moderna assumindo a planaridade da superfície, tomando-a como matéria de investigação do “ponto, da linha e do plano”, deixando a cor como um elemento acessório da estrutura pictórica moderna. Ele, no entretanto, foi também aquele que em sua obra inicial explorou a potência e o alcance dos contrastes de cor. Kandinsky acreditava que as cores podiam evocar respostas espirituais e emocionais nos espectadores. Ele via as cores como tendo qualidades musicais inerentes, com cada tonalidade possuindo sua própria personalidade e voz. Seu uso da cor era profundamente simbólico, representando diferentes emoções e estados espirituais. Paul Klee abordou a cor de uma perspectiva mais lúdica e imprevisível. Ele acreditava que as cores tinham sua própria linguagem e podiam se comunicar diretamente com o espectador. Ele também via a cor como uma forma de música visual, criando padrões rítmicos e harmônicos por meio de suas composições complexas. A obra e o pensamento de Klee sobre as cores ensina-nos a explorar combinações inusitadas de cores e formas, assim como a de Albers. Se a obra de Albers parece trazer uma perspectiva mais analítica e sistemática, por meio da dissecação das complexidades das relações entre as cores e as ilusões de óptica, seus experimentos demonstram como as cores podem mudar e interagir umas com as outras.

Os quatro mestres aqui reunidos, Alfredo Volpi, André Ricardo, Gonçalo Ivo e Ione Saldanha, conhecem o dom de fazer cantar o azul na conversa alegre com o rosa, na interação cerebral com verde, na profunda e séria confrontação com o vermelho. Eles estão entre os maiores coloristas da arte brasileira. Mestres em fazê-las superfície matérica, como Volpi e André Ricardo, este formado na lição do primeiro, em revelar suas texturas e organicidade, como Ione Saldanha, ou em ouvir a partitura de seus infinitos matizes, como Gonçalo Ivo.

Seja através da têmpera ou do óleo, em suportes como tela, madeira, bambu ou papel, suas obras refletem sobre a imprevisibilidade da experiência vivida, afirmando a cor como sua concretude pulsante. As relações que produzem são modelos de uma sociabilidade libertadora, solidária e plural. Artistas cuja obra é atenta à capacidade das cores de se relacionarem de modo imprevisto, de desarmarem nossos preconceitos e produzir emoção e engajamento, sua obra nos proporciona o tudo que é vital, com o aqui e com o agora.

Uma exposição de Pitta sob curadoria de Vik Muniz

14/jun

A galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, convida para a abertura, no dia 20 de junho, da exposição “Outros carnavais”, com trabalhos do artista Alberto Pitta (1961, Salvador) que, com suas serigrafias, revolucionou as fantasias do Carnaval da Bahia, onde é figura central. Com curadoria de Vik Muniz, seu amigo há 24 anos, a mostra faz um apanhado histórico de sua produção ao longo de mais de quarenta anos, junto a vários blocos – como o Olodum, de que foi diretor artístico de 1984 a 1997 – , com tecidos, matrizes antigas e esboços, além de uma parte documental, com cadernos e livros de que participou, como “Gilberto Gil – Todas as letras” (Cia. das Letras). O segundo andar da galeria será dedicado aos trabalhos recentes e inéditos – pinturas em serigrafia e tinta sobre tela, com predominância de tons de branco, que remetem aos bordados em ponto Richelieu que a mãe do artista fazia. A exposição conta ainda com uma instalação, na claraboia da galeria, composta por amostras de tecido de seu acervo de mais de três décadas. No dia da abertura, às 19h, haverá uma conversa com Alberto Pitta e Vik Muniz.

“Quero que as pessoas vejam o tamanho deste artista, e o que ele vem fazendo há mais de quarenta anos”, afirma Vik Muniz. “Ele já expôs na Alemanha, em Sidney, em muitos lugares. Esta mostra pode ser importante para ele, mas é mais ainda para o mundo da arte”, destaca. “Não estou fazendo nenhum favor a ele com esta mostra no Rio. Estou fazendo um favor para quem não conhece seu trabalho”, afirma Vik Muniz.

Alberto Pitta e Vik Muniz se conheceram em 2000, na exposição “A Quietude da Terra: vida cotidiana, arte contemporânea e projeto axé”, que reunia artistas baianos e internacionais, com curadoria de France Morin, no Museu de Arte Moderna da Bahia. Desde então mantêm uma amizade próxima.

Vik Muniz diz que, como artista, sempre está muito preocupado em como “a arte se torna relevante, do momento em que transcende o contexto da galeria e do museu e passa a fazer parte do dia a dia das pessoas”. “Isso abriu um enorme diálogo, longevo, entre Pitta e eu”, comenta. “A iconografia dentro do trabalho dele é muito importante, e vai-se aprendendo. É uma cartilha de significados, muitos deles discretos, porque o candomblé não gosta muito de falar, e Pitta vai soltando as coisas de forma homeopática”, observa. “Pitta já invadiu o entorno do cubo branco, e agora nesta mostra queremos contar um pouco de cada coisa que ele fez”, comenta Vik Muniz.

Até 10 de Agosto.

Arte urbana paulistana

“Beijaflormetria Cósmica” destaca a trajetória de Boleta na Galeria Alma da Rua II, Vila Madalena, São Paulo, SP. Trata-se de nova exposição com obras inéditas conectando arte urbana com o universo contemporâneo do artista Daniel Medeiros, a.k.a. Boleta, com abertura no dia 14 de junho. A mostra, com curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap, permanecerá aberta ao público até 16 de julho. Boleta é um nome de destaque no cenário da arte urbana paulistana, com uma trajetória que remonta aos anos 1990, quando iniciou suas expressões artísticas com “pixação” nas ruas de São Paulo. Em 1994, fez a transição para o graffiti, transformando os muros da cidade em suas primeiras telas e rapidamente se destacando por seu estilo único e expressivo.

Para esta exposição, Boleta criou telas inéditas que refletem suas vivências e reflexões dos últimos seis anos, principalmente entre Alto Paraíso, GO, e São Paulo. A dualidade urbana e natural desses locais é evidente nas obras apresentadas. A trajetória do artista na arte urbana é marcada pela busca de novos símbolos e narrativas, influenciada por seu envolvimento com a religião Santo Daime e suas peregrinações pela região do Acre, onde teve contato com o xamanismo.

A simetria nas composições de Boleta reforça a ideia de equilíbrio e harmonia. As imagens sugerem um espelhamento que cria narrativas paralelas convergindo no infinito, representado pela Fita de Moébius ou pela vastidão do cosmos. Este infinito simboliza a reflexão sobre as infinitas mudanças e a eternidade. Sua iconografia é rica em símbolos como janelas, chaves, animais, vegetação e elementos naturais como fogo e água; narrativas que exploram a transcendência e a busca pelo universal. A fauna e flora brasileiras, estão representadas por espécies como cobras e beija-flores, cada uma carregando significados profundos de renascimento e transcendência.

A exposição “Beijaflormetria Cósmica” é uma oportunidade para explorar a interseção entre a arte urbana e a cultura contemporânea, através do olhar único de Boleta, que continua a ser uma figura influente no cenário da arte urbana contemporânea.

Sobre o artista

Nascido em São Paulo em 1978, Boleta é autodidata e desenvolveu uma estética distintiva marcada por intensidade emocional e uso vibrante de cores. Suas influências variam do mundo da tatuagem à psicodelia dos anos 60 e 70, além de elementos da natureza. Seu trabalho é amplamente reconhecido, com participações em exposições internacionais e nacionais. É um dos pioneiros do Beco do Batman, um ponto icônico da arte urbana em São Paulo. Sua reputação como um dos grandes nomes do graffiti o levou a participar de diversas exposições de destaque. Entre suas realizações mais notáveis estão a participação na exposição “Ruas de São Paulo: A Survey of Brazilian Street Art” na Galeria Jonathan Levine, em Nova York, e exposições em Berlim em 2008. No Brasil, suas obras foram apresentadas na Funarte, no MAC USP e no MUBE, além de uma expedição artística na Floresta Amazônica.

Waltercio Caldas em BH

A individual “Mero Espaço”, de Waltercio Caldas, acaba de chegar à Albuquerque Contemporânea, em Belo Horizonte.

“Não há melancolia, há desconcerto” diz Luiz Camillo Osorio, referindo-se às obras recentes de Waltercio Caldas. Nos trabalhos do artista, as noções de tempo e espaço são exploradas com linguagem e rigor formal próprios. Diversas obras, diante da perspectiva tridimensional, exaltam a temporalidade, sugerindo movimentos e deslocamentos no espaço e provocando tensões, outra marca de seu percurso artístico.

Nesta mostra, Waltercio Caldas descarta as noções de desenho, pintura, escultura e objeto. Para ele, todos os trabalhos têm caráter tridimensional e convidam o espectador a estabelecer as relações entre os objetos: “A exposição só acontece se você estiver fisicamente, ela não se reproduz, ela não se transforma em imagem de vídeo ou celular. Ela propõe uma relação física das pessoas com os objetos que elas vão ver”, explica.

“Mero Espaço” descarta a ideia de “produção mais recente do artista” e apresenta mais de cinco décadas de trabalho de Waltercio Caldas. De acordo com o artista, a mostra não é o fim do trabalho, mas característica fundamental da própria obra.

Na Raquel Arnaud SP

A Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta até 10 de Agosto, duas exposições com jovens expoentes da arte contemporânea brasileira.  Trata-se da exibição coletiva “Em Mãos” que promove um diálogo entre seis artistas, com curadoria de Ana Roman e Marina Schiesari. Já “Deslocamentos”, é a nova mostra individual de Frida Baranek, com curadoria de Ana Carolina Ralston. As mostras dão continuidade ao legado de renovação estética buscada por Raquel Arnaud ao longo de décadas.

Parte da programação dos 50 anos da instituição paulistana, “Em Mãos” mostra 30 obras de seis jovens artistas contemporâneos. A proposta é trazer um diálogo entre as obras de artistas representados pela galeria – Carla Chaim, Carlos Nunes e João Trevisan – e convidadas: Ana Takenaka, iah bahia e Nathalie Ventura.

“O gesto e sua interação com os jogos de aparição e desaparecimento na esfera dos objetos e das formas são explorados por estes artistas participantes, que, por meio de diversas abordagens, dedicam-se a transformações: elementos visuais e literários surgem para logo se dissolverem”, destaca a curadora Ana Roman. Entre os temas, destacam-se a representação do tempo no mundo contemporâneo veloz, assim como as questões ambientais e experimentações de cor, luz e sombras.

Com três pinturas a óleo, João Trevisan evoca lugares introspectivos realizando uma jornada interior. Depois do sucesso da individual “O Dorso do Tigre”, no início de 2024, o artista apresenta um recorte de seu universo silencioso com “Em Mãos”. Seus trabalhos noturnos mostram a interação entre a tinta a óleo e a porosidade do linho, evidenciando as camadas de tinta que dão densidade às atmosferas. Uma busca pelo sublime pode ser vista em pinturas como “Sinto o Suor Escorrer”. João Trevisan reflete sobre o vazio, o tempo e a luz, convidando o espectador ao meditativo.

“Em mãos” também mostra uma artista dedicada à experimentação: Carla Chaim, que aborda o desenho em uma variedade de formas, incluindo mídias virtuais, tridimensionais e instalativas. Os trabalhos de Carla Chaim revelam o próprio processo de criação, unindo elementos dicotômicos como regras estritas e movimentos físicos naturais.

Já iah bahia apresenta uma intrigante interação entre corpos moles e o espaço, evocando figuras de Lygia Clark e dos neoconcretos. Sua habilidade em alojar esses corpos suspensos evoca também figuras fantasmas, elevando a forma invisível para uma atmosfera volumosa, caso da obra da série “outras frequências”, em papel pardo. “iah bahia forma um gesto quase mágico, encantado”, pontua a curadora.

Buscando inspiração nas pequenas coisas do cotidiano, como objetos simples e a luz, Carlos Nunes revela os processos de esgotamento da matéria. Ele estabelece procedimentos para testar hipóteses sobre a criação do universo, como na obra “Big Bang”. Em “Em Mãos” ele mostra o impacto da luz solar através dos papéis manteiga coloridos, evocando práticas elementares da física em suas obras. Este flerte com o mundo natural também pode ser visto na obra de Nathalie Ventura, que faz justaposições entre ferro e rocha, e explora a turmalina e o carvão. A artista constrói pequenas paisagens com elementos distintos, matérias faturadas para pensar o antropoceno. “Nathalie Ventura dialoga com a discussão ambiental, tema onipresente e urgente”, coloca Ana Roman.

O filosofo francês Jean-Luc Nancy dizia que todas as coisas do mundo podem se encostar, mas elas não se encostam, pois sempre existe um espaço entre elas: inbetween. E é neste lugar, inbetween, que reside o trabalho de Ana Takenaka. Em processos manuais sobre matérias muito delicadas, como o papel japonês, a artista desenvolve gravuras que vão se tornando outra coisa, em um pensamento muito aproximado ao de Mira Schendel, que é uma referência, mas, ao mesmo tempo, a especificidade do trabalho de Ana Takenaka é de não ocupar totalmente a superfície pictórica. Ao preencher o desenho em lugares específicos, a artista explora o espaço entre a superfície que ela se apropria enquanto desenho e a superfície vazia. O trabalho dela recai sobre esse lugar de pensar os espaços “entre”. Como destaca Ana Roman, “Nesta exposição propomos investigar o lugar do gesto e a sua importância e posição dentro da arte. E no trabalho da Ana Takenaka isso se coloca de uma forma muito presente e visível”.

A exposição “Em Mãos” não apenas destaca a diversidade e a inovação características da Galeria Raquel Arnaud, como também traz ao público discussões contemporâneas, políticas e ecológicas que pautam artistas emergentes. Com obras que variam de escultura e instalação a trabalhos em papel e pinturas a óleo, o diálogo temático construído entre os seis jovens artistas transpassa as barreiras das limitações estruturais e materiais.

Já a individual da artista carioca radicada em Portugal Frida Baranek é uma ode ao movimento. “Deslocamentos”, o título da exposição, nomeia também duas esculturas inéditas da mostra, em que a artista trabalha com acrílico e madeira. “É a primeira vez que a artista mostra este estudo tridimensional na galeria”, ressalta a curadora Ana Carolina Ralston. Frida Baranek é uma artista que vem trabalhando com escultura, – tendo estabelecido uma relação formal entre essas técnicas. Em sua obra, Frida Baranek utiliza materiais industriais, como ferro e aço, em contraste com elementos naturais, como pedra e madeira, revelando a contradição entre a impessoalidade da matéria e a delicadeza. “Frida propõe novos formatos. A fluidez com que transita com seu corpo pelo espaço físico aparece na polpa e água que compõem os papéis, fio-condutor da mostra.”, destaca a curadora. Centrada na questão da materialidade do mundo, base da arte contemporânea, Frida Baranek ressignifica objetos ordinários coletados ao longo dos anos. Onde compõe e transforma estes fragmentos em obras de arte. É notável como suas esculturas são marcadas por estruturas que lembram redemoinhos e emaranhados, explorando temas de equilíbrio e desequilíbrio. Em toda obra da artista, a versatilidade é uma característica forte. Seus trabalhos podem assumir diferentes formas em cada espaço. Esta inquietação de Frida Baranek reverencia seus mestres, os escultores João Carlos Goldberg e Tunga. No caso de “Deslocamentos”, o papel está no cerne da exposição. “Nesta mostra, todas as obras têm a celulose. Pode ser em madeira, como parte da matéria prima, ou mesmo no papel. Ela traz o deslocamento pelas figuras geométricas, essa busca de encaixe que, na verdade, nunca acontece. Mas fica a sensação de que pode acontecer.”, destaca a curadora. “Deslocamentos” se relaciona com o encaixe e desencaixe da artista em convenções sociais e momentos artísticos. “Frida Baranek sempre trabalhou em fios emaranhados, essa confusão do material é comum em sua obra: vem do material geometrizado, das formas mais simples e descomplicadas. A complexidade do não encaixe, do objetivo final, é o deslocamento da artista em sua trajetória. É uma artista em movimento”, ressalta a curadora.

Sobre a Galeria Raquel Arnaud

Criada em 1973, com o nome de Gabinete de Artes Gráficas. Com espaços marcantes assinados por arquitetos como Lina Bo Bardi, Ruy Ohtake e Felippe Crescenti, o Gabinete passou por diferentes endereços, como as avenidas Nove de Julho e Brigadeiro Luís Antônio, além do espaço que havia pertencido ao Subdistrito Comercial de Arte, na rua Artur de Azevedo, em Pinheiros, no qual permaneceu de 1992 a 2011. O foco no segmento da abstração geométrica e a atenção especial dada às investigações da arte contemporânea – arte construtiva e cinética, instalações, esculturas, pinturas, desenhos e objetos – perpetuaram a Galeria Raquel Arnaud no Brasil e no exterior, tanto por sua coerência como pela contribuição singular para valorização e consolidação da arte brasileira. Para isso, contribuíram de forma fundamental artistas como Amilcar de Castro, Willys de Castro, Lygia Clark, Mira Schendel, Sergio Camargo, Hércules Barsotti, Waltercio Caldas, Iole de Freitas e Arthur Luiz Piza, entre outros. Atualmente com sede na rua Fidalga, 125, Vila Madalena, a Galeria Raquel Arnaud representa artistas reconhecidos nacional e internacionalmente – Waltercio Caldas, Carlos Cruz-Díez, Arthur Luiz Piza, Sérvulo Esmeraldo, Iole de Freitas, Maria Carmen Perlingeiro, Carlos Zilio e Tuneu. Os mais jovens atestam a consolidação de novas linguagens contemporâneas – Frida Baranek, Geórgia Kyriakakis, Daniel Feingold, Julio Villani, Célia Euvaldo, Wolfram Ullrich, Elizabeth Jobim, Carla Chaim, Carlos Nunes e Ding Musa, Raquel Arnaud também fundou o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) em 1997, a única instituição no Brasil que cataloga documentação de artistas.

Exposição individual de Fani Bracher

13/jun

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, anuncia a Exposição Fani Bracher, que estará aberta ao público até 29 de junho. A mostra apresenta 29 obras da artista cuja trajetória reflete uma profunda conexão com as paisagens e a história de Minas Gerais. A individual apresentará quatro caixas-colagens, inéditas ao público, 14 grandes telas datadas em diversas fases e algumas gravuras feitas a partir de pigmentos e bordados sobre papel. Cada peça reflete a dedicação de Fani Bracher em explorar e reinterpretar as paisagens de Minas Gerais, oferecendo ao público uma visão única e poética do território mineiro. A curadoria é de Evandro Carneiro.

Fani Bracher é conhecida por reduzir a paisagem à sua estrutura mínima, utilizando céu, montanhas e árvores como elementos centrais de sua composição. Sua obra reflete a temporalidade e a história de Minas Gerais, frequentemente abordando as cicatrizes deixadas pela mineração na região. Durante a pandemia, Fani Bracher explorou novas dimensões cromáticas, inspirada pela delicadeza da chita e pela memória da casa verde de sua infância. Este período resultou em murais vibrantes e em uma série de caixas-colagens que utilizam materiais naturais como pigmentos, pedras, folhas e carvão, coletados em suas caminhadas pelos vales de Ouro Preto.

Sobre a artista

Paisagens imaginárias e memórias da mineração

Fani Bracher nasceu em uma Fazenda Experimental de Coronel Pacheco, Zona da Mata Mineira, onde seu pai era pesquisador da Embrapa. Cresceu feliz e passou sua primeira infância bem vivida, no campo e em família. Percebe-se aí uma ancestralidade rural e ligada às pesquisas do solo que retomaremos adiante, ao comentar a sua pintura. Aos nove anos, foi estudar no colégio interno Santa Catarina, em Juiz de Fora. Aos 17, cursou Comunicação na Federal dessa mesma cidade, onde conheceu o seu companheiro da vida inteira, Carlos Bracher. Em 1965, ainda namorados, Fani e Carlinhos – como o pintor é chamado por sua amada – fundaram a Galeria Celina, que marcou culturalmente uma geração de artistas e intelectuais mineiros. Em 1967 pintou seus primeiros quadros, paisagens rurais. No ano seguinte, ela e Bracher se casam e ele recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro pelo Salão de Belas Artes. Juntos, seguem para a Europa, lá vivendo por dois anos, principalmente entre Portugal e França, mas conhecendo outros lugares e sempre antenados às artes. Visitam todos os museus e fortalecem a relação.

Em seu retorno ao Brasil, decidem viver em Ouro Preto, MG, e ali estabelecem residência, família e laços culturais. Parceiros na vida e em suas obras, constroem juntos uma bonita jornada. O casal teve duas filhas, Blima e Larissa, entre 1972 e 1976 e alguns anos mais tarde, já maduros artisticamente e avós de Valentim, fundaram um centro cultural que dirigem até hoje: o Ateliê Casa Bracher. Nos anos 1970, Fani conseguiu conciliar a família com uma carreira de sucesso. Mulher forte, “espartana” como ela mesma se define, seguiu estudando, produzindo e participando de Festivais de inverno, Salões e Concursos Nacionais de Artes Plásticas, chegando a ganhar alguns prêmios, até realizar, em 1977, as suas primeiras exposições individuais, respectivamente em Viçosa e Juiz de Fora. Daí em diante não parou de produzir, expor seu trabalho em diversas mostras e receber premiações. É uma trajetória artística tão rica e volumosa que não caberia reproduzi-la no espaço gráfico deste folder. Ainda assim, destaco alguns marcos, sem com isso desmerecer quaisquer outros eventos: as exposições na Galeria Oscar Seráphico, DF, 1979; na Galeria Bonino, RJ, 1982, 84, 85 e 88; no CCBB, RJ, 1996; Cynthia Bourne Gallery, Londres, 1996; Latin American Women, Miami, 1998; Galeria Errol Flynn, BH, 2005; Museu da República, DF, 2007; Os Bracher, Juiz de Fora, 2015, dentre tantas outras. Além dos Prêmios Jabuti de 1995 e Fernando Pini de Excelência Gráfica pelo livro do qual extraímos as citações usadas aqui nesse texto. O conjunto de sua obra se evidencia na quantidade de coletivas de que participou e a sua qualidade espartana se mostra no volume de trabalho realizado e exposto. E também na robustez formal de sua pintura. Frederico Morais escreveu que a Fani “reduz a paisagem a sua estrutura mínima: céu, montanhas, árvores” e que ela “secciona as montanhas em planos para formar a estrutura espacial da composição, planimétrica, ou, ao contrário, para indicar uma visão em movimento, a passagem do tempo” (Morais. In: Fani Bracher, Ed. Salamandra, 1994, p.10). Eu diria: o tempo histórico das Minas Gerais. Fani reside e trabalha onde escolheu viver: o quadrilátero ferrífero mineiro, na histórica Vila Rica (como Ouro Preto era chamada no auge do ciclo do ouro). No documentário que sua filha dirigiu sobre a artista, ela confessou que o “óxido de ferro se tornou alimento” para a sua obra. Declarou também que “a cor da terra me faz bem, eu gosto, é algo que me enche a alma” (Blima Bracher. A casa verde de todas as cores, 2021). Essa afinidade se dá tanto porque ela pesquisa o solo das montanhas nos arredores de Ouro Preto, percorrendo as suas fendas e seus vales e riachos, em busca de pedras terrosas de que extrai os pigmentos com que pinta, como também porque ela expressa memórias inconfidentes das cicatrizes históricas da mineração. O quadrilátero ferrífero é justo ali onde a terra brasilis foi mais ferida pelo extrativismo mineral, desde os tempos coloniais até os dias de hoje. A região é continuamente cortada, mutilada e deformada. Inúmeros cumes montanhosos desapareceram, como é o caso do Monte Itabirito, entre tantos outros. Essa violência calada que a paisagem sofre não passa desapercebida pelas lentes de Fani Bracher. Fendas e crateras, solos sangrentos do vermelho ferroso, adobes terrosos e nuvens cinzas ou pretas que são quadradas de tão pesadas pela evaporação oxidada da mineração, ossos de animais que já morreram… Paisagens que, como bem disse Morais “são um epitáfio e um alerta” (Idem, p.11).

O tempo transcorrido na cronologia das Minas Gerais.

Em sua obra, Fani faz cortes sincrônicos desse continuum e expressa uma paisagem enigmática que algumas vezes também é imaginária, arquetípica, cheia de símbolos, conforme destacou Ronald Polito (In: Fani Bracher, 1994, p. 128). “Quadros que são, a um só tempo, paisagens e incursões abstratas (nunca abstracionistas) sobre as relações entre os estados de volume, densidade e alturas” (Idem, p.129). Obras que, também segundo este crítico, são quase esfinges pictóricas. Na reclusão da pandemia, em Piau, berço materno de sua família, Fani se abriu às cores. Segundo ela, talvez tenha sido devido à delicadeza plástica da chita, material com que estava trabalhando em bordados e panneaux quando a epidemia nos assolou. Tomou gosto por essa leveza colorida e fez de sua casa um museu a céu aberto com 18 murais de 3×4 metros. A “casa verde” da sua infância foi ressignificada com “todas as cores” pela pintora que sempre privilegiou os tons cinzas, ocres e terrosos em suas telas. A mesma doce e forte Fani Bracher que pinta sobre a mesa e não usa cavalete, que produz seus próprios pigmentos com pedras terrosas que ela mesma vai buscar nas montanhas, em pesquisas geológicas e memórias remanescentes de seu querido pai. Fani nos diz que “o quadro quando é bom, ele vai na frente, se encaminha” (Live com Fani Bracher, Ateliê Casa Bracher, 2021). Isso explica porque em sua obra, sejam em paisagens rurais, ossos, flores ou montanhas, as diferentes fases vão se avolumando sem negação; ela concilia e agrega uma à outra. Sua pintura é contundente demais, pela expressão da historicidade de que falamos antes, mas, principalmente, pela estética de cada peça e do conjunto de sua produção, uníssona e diversa a um só tempo. Atualmente atingiu o ápice da força telúrica de sua obra, fazendo “caixas-colagens” com pigmentos, pedras, folhas, carvão, e terras em seus diferentes tons… Material que encontra em suas andanças pelos vales e leva para dar forma em seu ateliê. Há quatro delas nesta mostra, além de 14 grandes telas de diferentes datas e algumas gravuras, feitas a partir de pigmentos e bordados sobre papel. Vinte e nove trabalhos à venda para serem contemplados na exposição de 13 a 29 de junho na Galeria Evandro Carneiro.

Laura Olivieri Carneiro, maio de 2024.