Marcelo Cipis no Rio

12/abr

A Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, abre no próximo dia 13 de abril, exposição “DeaRio”, que irá ocupar todo o espaço expositivo do térreo e do segundo andar com mais de 40 obras do artista paulistano Marcelo Cipis, entre pinturas, desenhos, objetos, instalações, inéditos ou emblemáticos nos últimos 25 anos de sua trajetória. Esta é a primeira individual do artista no Rio de Janeiro, um dos integrantes da 21ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1991, duas edições da Bienal de La Habana (1991 e 1994), e em diversas exposições individuais e coletivas, como a realizada em 2017 na galeria Spike Berlin, com curadoria de Tenzing Barshee, na capital alemã. Com humor e ironia, Cipis tem um trabalho crítico, em que discute a distopia afirmando a força da arte. A pintura “A utopia é aqui” (2019), feita especialmente para a exposição, “repotencializa pinoquiamente um nariz ampliado, que pode ter alguma alegoria política próxima”, observa Adolfo Montejo Navas, que escreveu um texto sobre a exposição.

“O Alienista” na Fortes D’Aloia & Gabriel

03/abr

A Fortes D’Aloia & Gabriel apresenta “O Alienista”, a nova exposição de Rivane Neuenschwander na Galeria, Vila Madalena, São Paulo, SP. A artista mineira exibe obras em escultura, pintura e vídeo permeadas por temas como medo, sexualidade, política e violência. Baseando-se em referências diversas da literatura e da cultura popular, os trabalhos propõem narrativas fragmentadas, “ficções dentro de ficções”, que convocam o público a refletir sobre a irracionalidade reinante na atualidade, no país e no mundo.

 

Desde 2013, Rivane Neuenschwander desenvolve uma ampla pesquisa sobre medos de crianças através de projetos que já passaram por Londres, Dresden, Bogotá, entre outras. Seu interesse pelo tema volta-se tanto para as investigações psicanalíticas sobre o medo e suas variantes (a fobia, a angústia e o pânico), como também pelo medo como afeto fundamental a ser manipulado no âmbito político, o que tem levado à ascensão de governos autoritários em várias partes do mundo. A série “Assombrados”, de 2019, é o mais recente desdobramento dessa pesquisa e trata-se de pinturas em tecido de grande formato que empregam as tradicionais técnicas de colchas de retalhos. O ponto de partida da nova série foram as oficinas que precederam a exposição de Rivane no Museu de Arte do Rio, “O Nome do Medo”, de 2017, realizadas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. O trabalho combina os medos nomeados pelas crianças nas oficinas (como bala perdida, fome, estupro) com os desenhos que elas criaram para representar outros temores associados à primeira infância (barata, cobra, fantasma). A artista reinterpreta as ilustrações como silhuetas para então fragmentar texto e imagem através das colchas, signo de conforto e acolhida.

 

O aspecto onírico ressoa também em “O Alienista”, de 2019, a obra que dá título à exposição, composta por cerca de vinte bonecos feitos com tecido, papel machê, garrafas de vidro e outros materiais. Rivane inspira-se no livro homônimo de Machado de Assis, publicado originalmente em 1882, no qual um médico funda o hospício Casa Verde. Após internar compulsoriamente todos os habitantes da cidade, conclui que ele mesmo deve ser hospitalizado, questionando enfim os limites entre loucura e sanidade. A exposição promove a transposição dos personagens do livro para o atual contexto do país, apresentando os lunáticos através de alegorias de animais ou plantas, sobre pedestais em planos variados. A artista atribui a cada um deles uma alcunha – “O Juiz de Fora”, “O Terraplanista”, “O Barbeiro” e “A Viúva” são alguns deles – borrando os limites entre ficção e realidade.

 

Em “Trópicos Malditos, Gozosos e Devotos”, de 2018 – 2019, – título inspirado, por sua vez, no livro “Museu de Arte do Rio, “O Nome do Medo”, de 2017, realizadas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Rivane faz pinturas sobre madeira que mesclam as clássicas Shungas (xilogravuras eróticas japonesas, populares especialmente nos séculos XVII e XVIII) com elementos da literatura de cordel. De maneira semelhante à de “O Alienista”, a obra aproxima-se da fábula para revelar uma narrativa perversa, permeada pela violência. Seres antropomórficos com falos e vulvas aparecem em meio a um vermelho-sangue, indicando o estupro como prática inaugural da miscigenação do Brasil.

 

“Enredo”, de 2016, é um vídeo em parceria com o neurocientista Sergio Neuenschwander que ocupa a sala do segundo andar da Galeria. Projetado em loop e com duração de 10:01 minutos, o filme indica em sua própria estrutura referências diretas “As Mil e Uma Noites”, famosa coletânea de contos populares do Oriente Médio, cuja origem remonta ao século IX. Na obra de Rivane, confetes de páginas do clássico são lançados sobre inúmeras teias de aranha, desenvolvendo uma narrativa abstrata à medida que a estrutura frágil da teia começa a ruir sob o peso do papel. A aranha surge aos poucos percorrendo o cenário e lidando com a intromissão da palavra. Na trilha sonora, o músico Domenico Lancellotti usa um tamburello para dar o tom de suspense e, ao mesmo tempo, atribuir novas camadas à miscelânea de referências da obra. O instrumento típico italiano é uma espécie de pandeiro usado para tocar a tarantela que, por sua vez, é historicamente associada ao tarantismo: a manifestação de febre e delírio causada pelo veneno da aranha.

 

 

Sobre a artista

 

Rivane Neuenschwander nasceu em Belo Horizonte, 1967, e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Uma das mais consagradas artistas brasileiras de sua geração, possui ampla projeção internacional, com participações em: Bienal de São Paulo (2008, 2006 e 1998), Bienal de Istambul (2011), Bienal de Veneza (2005 e 2003), SITE Santa Fe (1999), entre outras. Suas exposições individuais recentes incluem: Alegoria del Miedo, NC-Arte (Bogotá, 2018); O Nome do Medo, MAR (Rio de Janeiro, 2017); The Name of Fear, Whitechapel Gallery (Londres, 2015); mal-entendidos, MAM-SP (São Paulo, 2014); A Day Like Any Other, New Museum (Nova York, 2010) – exposição itinerante que passou também por Mildred Lane Kemper Art Museum (Saint Louis), Scottsdale Museum of Contemporary Art (Scottsdale) e Irish Museum of Modern Art (Dublin); e At a Certain Distance, Malmö Konsthall (Malmo, 2010). Sua obra está presente em grandes coleções institucionais como: Tate Modern (Londres), Guggenheim (Nova York), MoMA (Nova York), TBA21 (Viena), MACBA (Barcelona), Fundación Jumex (Cidade do México), Inhotim (Brumadinho), MAM-SP (São Paulo), MAM Rio (Rio de Janeiro), entre outras.

Fotografias na Simões de Assis/SP

28/mar

Denominada “Eixo-Êxtase | A Fotografia no Ambiente Modernista” e sob a curadoria de Eder Chiodetto, a Simões de Assis Galeria de Arte, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta obras assinadas por Alexander Calder , Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian, Geraldo de Barros, German Lorca, Gertrudes Altschul,  M. Laert Dias, Marcel Giró, Maria Martins, Moussia, Paulo Pires, Paulo Suzuki, Thomaz Farkas e Willys de Castro .

 

 

Eixo-Êxtase

A Fotografia No Ambiente Modernista 

Os ecos dos movimentos dadaísta e surrealista que abalaram e modificaram por completo o status da arte nas primeiras décadas do século XX, conferindo a mesma uma maior complexidade na forma de entender as vicissitudes humanas, os labirintos do inconsciente e, por conseguinte, a forma de pensar o papel da arte, demoraram cerca de 25 anos para criar abalos significativos na fotografia brasileira.

 

Na década de 1920 a fotografia havia experimentado na Europa, por intermédio de artistas como Man Ray (1890-1976) e Lázló Moholy-Nagy (1895-1946), entre outros, um voo libertário a partir do qual deixara definitivamente de se ater somente à sua vocação documental. Essa nova fotografia passou a representar o sensorial e as parcelas não visíveis da psique humana. Aqui no Brasil a linguagem, quando muito, seguia a cartilha que pregava uma mimese entre fotografia e a pintura acadêmica de temas românticos.

 

No final da década de 1940, no entanto, os fotoclubistas brasileiros, capitaneados por Geraldo de Barros, investiram na experimentação, privilegiando a forma ao referente. Por meio de justaposições, cortes, uso exacerbado dos contrastes entre o preto-e-branco, solarizações e ataques físicos aos negativos, entre outras estratégias, esses pioneiros ampliaram o repertório semântico da fotografia.

 

Essa releitura tropical do que ocorrera no contexto da arte fotográfica europeia, passaria por uma digestão antropofágica, como sugeria o poeta Oswald de Andrade (1890-1954) em seus manifestos.

 

Em 1924, Oswald de Andrade, figura central da Semana de Arte Moderna de 1922, escreveu em tom crítico e jocoso o Manifesto Pau-Brasil e, em 1928, o Manifesto Antropófago. Em linhas gerais, esses textos propunham não renegar a cultura estrangeira, mas “devorá-la” para digeri-la fazendo-a passar por um filtro – “o estômago” – de referências nacionais. Ao final desse processo deveriam surgir obras e conceitos a partir da somatória do “nós + eles”, ou seja, um saber e uma cultura híbridos.

 

Num trecho do Manifesto Pau-Brasil, Oswald conclama os artistas a pensar o mundo e a representação dentro do campo da arte a partir das “novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails. Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte…”.

 

É curioso que a fotografia surja de passagem num dos mais importantes momentos da arte brasileira. Essa citação atesta, de certa forma, que a fotografia brasileira estava ainda distante de perceber suas possibilidades narrativas e poéticas. Os “negativos fotográficos” até a metade da década de 1940 permaneciam focados na objetividade do registro e da documentação do entorno realista e não na potência lúdica contida na irradiação da luz das estrelas. Oswald conclamava, assim, um olhar de viés para a realidade circundante, um mergulho no sensorial em contraponto a arte de caráter figurativo.

 

Os primeiros passos nessa direção foram dados pelo artista Geraldo de Barros (1923-1998), que havia estudado desenho e pintura e, como a maioria dos artistas da época, se empenhava no figurativismo. Após experiências com a pintura expressionista, Geraldo adquiriu uma câmera Rolleiflex e começou a investigar as possibilidades expressivas da fotografia.

 

Ao ingressar, em 1949, no Foto Cine Clube Bandeirante, Geraldo chocou-se com o estágio da fotografia. Imitações de naturezas mortas, paradoxalmente, ocupavam o lugar da representação da cidade dinâmica e veloz que as máquinas e os carros imprimiam no Brasil desenvolvimentista da metade do século XX.

 

Influenciado pelas teorias da Gestalt, ramo da psicologia que se aprofunda no estudo de como os indivíduos percebem as formas elementares da geometria, Barros radicalizava, para espanto dos fotógrafos mais puristas, na síntese dos volumes e dos jogos de luz e sombra em suas experimentações fotográficas.

 

As experiências de Barros – grande parte delas realizadas no laboratório fotográfico na casa do amigo German Lorca – incluíam fotomontagens, colagens e intervenções no negativo fotográfico que resultavam em abstrações e num pulsante elogio das formas. Linhas e volumes se redesenham em suas Fotoformas, gerando matizes em preto, branco e cinzas. Essa série influenciou vários outros artistas que se dedicavam a fotografia e pensavam em ecoar no Brasil aquilo que havia sido gestado nas vanguardas européias duas décadas atrás.

 

Hoje, olhando retrospectivamente, é possível perceber que o espírito iconoclasta que marcou o modernismo brasileiro e operou mudanças substanciais na nossa fotografia, colocando-a definitivamente no eixo das experimentações artísticas foi nutrido em grande parte pelo ambiente artístico que transbordava além dos limites do fotográfico.

 

A geração que revolucionaria a fotografia brasileira, tinha nesse primeiro momento artistas como Geraldo de Barros, Thomaz Farkas, German Lorca, Gaspar Gasparian, José Yalenti, Marcel Giró, Gertrudes Altschul e Eduardo Salvatore, entre outros. Contribui fortemente para a criação de um ambiente que ajudava a pensar o fotográfico fora dos cânones, as obras e os artistas que chegaram para a primeira grande mostra de arte moderna realizada fora das instituições europeias e norte-amerricanas: a 1a  Bienal de São Paulo, ocorrida em 1951. O pintor e escultor suíço Max Bill (1908-1994), premiado no evento, influenciou fortemente o movimento concretista brasileiro, que teve em Geraldo de Barros um de seus principais articuladores.

 

Participaram também dessa Bienal e da seguinte, o escultor e pintor estadunidense Alexander Calder (1898-1976), a pintora e escultora russa, radicada no Brasil, Moussia Pinto Alvez (1910-1986) e a escultora brasileira Maria Martins, agora reunidos com a geração de fotógrafos modernistas nessa mostra.

 

Entre as duas primeiras Bienais, em 1952, ocorreu a mostra Ruptura, no MAM-SP, marco inaugural da arte concreta brasileira, da qual Geraldo foi um dos artistas participantes ao lado de Waldemar Cordeiro e Luiz Sacilotto, entre outros. No mesmo ano de 1952, Calder ganhou o prêmio principal da Bienal de Veneza com um de seus icônicos móbiles.

 

O pensamento sobre o ritmo, a geometria, o movimento, a perda da gravidade, o ataque ao figurativismo e a dissolução do referente, somados à manifestação do inconsciente como nas obras de vocação surrealista da escultora brasileira Maria Martins (1894-1973) -, ajudariam a parcela mais irreverente dos fotógrafos brasileiros a repensar por completo as possibilidades semânticas do jogo fotográfico.

 

Eixo-Êxtase incita o público a perceber pontos de contato formais e ideológicos que marcam a produção fotográfica brasileira pós final dos anos 1940 com as esculturas e pinturas de artistas icônicos que expuseram por aqui a partir da 1Bienal de São Paulo. Esse espelhamento entre linguagens distintas, que apontam para uma nova forma de percepção do mundo, evidencia-se quando observamos a têmpera e o óleo realizados em 1944 e 1945, por Alexander Calder, com as séries “Fotoformas” e “Sobras”, de Geraldo de Barros, as edificações fotografadas por Thomaz Farkas e os jogos formais de Paulo Suzuki e M. Laerte Dias.

 

As formas orgânicas e expressivas das esculturas de Maria Martins e de Moussia, dialogam com imagens de Gertrudes Altschul, Eduardo Salvatore, Marcel Giró e Nelson Kojranski. A pintura “Pierrot”, 1953, de Wyllis de Castro, contém o mesmo jogo hipnótico de planos e justaposições que inspiram boa parte dos fotógrafos do período, como Gaspar Gasparian.

 

O móbile “Ensigne de Lunettes”, 1976, de Alexander Calder, é o epicentro de “Eixo-Êxtase”. Ao desafiar a gravidade, privilegiar a leveza, incorporar o movimento casual e um ritmo inesperado para o volume escultórico, o artista serviu de farol para as novas gerações a partir dos anos 1930. Suas passagens pelo Brasil foram decisivas para impulsionar as linguagens construtivas das décadas de 1950 e 1960.

 

Essas reverberações estéticas que visavam rever o eixo construtivo a partir do ideário modernista, criaram um ambiente de êxtase formal que foram incorporados nas pesquisas dos fotógrafos brasileiros, gerando um novo patamar para a fotografia de arte por aqui.

 

As “lunettes” do mobile de Calder constelam na Simões de Assis Galeria como as estrelas no firmamento do modernismo brasileiro, definitivamente “familiarizadas com negativos fotográficos”, como pedia Oswald de Andrade.

Eder Chiodetto

 

 

De 30 de março a 11 de maio.

Na Bahia

26/mar

 

A Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia, apresenta a partir do dia 28 de março, com temporada até 26 de abril, a exposição individual de Fábio Magalhães, com o título “Espectador da vida”, uma série de objetos que reproduzem miniaturas de cômodos, ambientes ou espaços internos residenciais atemporais. Para a curadora da mostra Thais Darzé, “…através de mensagens simbólicas, cifradas, subliminares, as emoções nesses ambientes são reveladas e vem à tona como avalanches. É justamente nesse momento de revelação, quando algo se torna visível, que o Ser no seu mais íntimo perde totalmente o controle. Magalhães tenta congelar no tempo através de seus objetos, uma realidade hermeticamente fechada e separada da vida real, criando assim um precipício intransponível”.

 

Artista da nova geração baiana, para a curadora Thais Darzé, no catálogo da mostra, Fábio vem criando uma obra que “…transita por emoções complexas e profundas que fazem parte do cotidiano soturno da experiência humana – memórias, dores, frustrações, perdas, traumas e medos, onde o trabalho constrói narrativas ficcionais, numa obra que materializa e tornam explícitas sensações e sentimentos socialmente encobertos, aqueles que frequentemente nos torna pequenos, vulneráveis e “humanos”, uma inquietude agonizante de um Ser que não se conforma com a escravidão das próprias emoções, e escancara e evidencia tais emoções através de uma estética dura, sádica e angustiante, como caminho da libertação. Aquele sentimento de que algo precisa ser vivido ao extremo, o chegar ao fundo do poço, para que possa retornar a luz e a clareza de consciência. Num rasgo dos disfarces e aparências impostos pela sociedade atual em que parecer é mais importante do que ser, suas vísceras soam como um grito de socorro, um chamado para dentro, um convite para além da superfície. Num mundo de imagens tratadas, e de “stories” perfeitos, deflagra-se na sua obra a real natureza humana e as diversas camadas a serem reveladas”.

 

 

Sobre o artista

 

Fábio Magalhães nasceu em Tanque Novo, Bahia, em 1982. Vive e trabalha em Salvador. A maior parte da sua produção artística está voltada para a pintura, que surge de um ato fotográfico planejado. A obra de Fábio Magalhães causa fascínio e repúdio, jamais indiferença. Ela resulta de um processo de concepção e efetivação que passa pela cenografia e pela ficção até chegar ao produto final, imagens e objetos. Para o artista, suas obras são o fator delimitador entre condições psíquicas e o imaginário. Assim, o artista apresenta encenações meticulosamente planejadas, capazes de borrar os limites da percepção, configuradas em distorções da realidade e contornos perturbadores. Desse modo, seu trabalho reúne um conjunto de operações, em que sua obra ultrapassa as barreiras do Eu até encontrar o Outro, o Ser.

 

Em sua trajetória, Fábio Magalhães realizou exposições individuais, iniciada em 2008, na Galeria de Arte da Aliança Francesa – Salvador/BA. Em 2009, “Jogos de Significados”, na Galeria do Conselho – Salvador/BA. Em 2011, “O Grande Corpo”, Prêmio Matilde Mattos/FUNCEB, Galeria do Conselho – Salvador/BA. Em 2013, “Retratos Íntimos”, Galeria Laura Marsiaj – Rio de Janeiro/RJ. Em 2016, “Além do visível, aquém do intangível”, Museu de Arte da Bahia, curadoria de Alejandra Muñoz, mostra também apresentada na Caixa Cultural São Paulo (2017) e Caixa Cultural Brasília (2018). Em 2019, “Espectador da vida”, Paulo Darzé Galeria, curadoria de Thaís Darzé.

 

Entre as mostras coletivas: Em 2008, “XV Salão da Bahia”, Museu de Arte Moderna, Salvador/BA. Em 2009, “60º Salão de Abril” em Fortaleza/CE; e “63º Salão Paranaense” em Curitiba/PR. Em 2012 “Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais 2011/2013”, no Itaú Cultural – São Paulo/SP, curadoria de Agnaldo Farias; “O Fio do Abismo – Rumos Artes Visuais, 2011/2013” – Belém/PA, curadoria de Gabriela Motta; “Territórios”, na Sala FUNARTE/Nordeste, Recife/PE, curadoria de Bitu Cassundé; “Espelho Refletido”,  Centro Cultural Hélio Oiticica – Rio de Janeiro/RJ, curadoria de Marcus Lontra. Em 2013, “Crê em fantasmas: territórios da pintura contemporânea”, Caixa Cultural Brasília, curadoria de Marcelo Campos. Em 2017, “Contraponto” – Coleção Sérgio Carvalho, Museu Nacional de Brasília/DF. Em 2018, São Paulo, e 2019, Brasília, Centro Cultural Banco do Brasil, curadoria de Tereza de Arruda, exposição itinerante “50 anos do Realismo: do fotorrealismo à realidade virtual”. Fábio Magalhães recebeu em 2010 o Prêmio Aquisição e Prêmio Júri Popular no I Salão Semear de Arte Contemporânea em Aracaju/SE; Prêmio Fundação Cultural do Estado, Vitória da Conquista/BA. Em 2011, o Prêmio FUNARTE – Arte Contemporânea/Sala Nordeste. Foi selecionado para o “Rumos Itaú Cultural 2011/2013”. Em 2015 foi indicado ao Prêmio PIPA, Museu de Arte Moderna/Rio de Janeiro.

Maria Lynch na Baró

25/mar

Baró Galeria, Cerqueira César, São Paulo, SP, exibe até 18 e maio a eposição “Talismã: Uma Profecia da Cor”, individual da artista visual Maria Lynch, com curadoria de Marc Pottier. A individual apresenta 20 obras – pintura acrílica sobre tela -, de estética colorida, rica em contraste e de composições marcantes, elementos recorrentes na produção da artista. Alheios à realidade, os trabalhos ocupam um universo essencialmente abstrato e conceitual, porém não inteiramente isentos da representação.

 

Em “Talismã: Uma Profecia da Cor”, o visitante se torna protagonista de uma realidade enquadrada, mas não um prisioneiro. Nos trabalhos expostos, produzidos entre 2018 e 2019, há ausência da figura humana. “As formas e os objetos abstratos podem ser tridimensionais em tecido, ela sabe como desenvolver ambientes em que o público entre no trabalho (…). Na galeria Baró, ela convida a você entrar em seu céu, um universo onde muitas esferas plásticas transparentes são colocadas livremente no chão, permitindo que cada um imagine seu itinerário ou altere a ordem desses planetas, da forma em que estão jogados aos seus pés”, diz Marc Pottier. Questionada sobre sua principal inspiração para esta individual, Maria Lynch comenta: “São várias de interesse e convergência. A pintura por si, por exemplo, o ato de pintar, o ato de criar um mundo imaginário, onde eu coloco uma elaboração simbólica desses signos que nos afetam. Ou seja, são afetos em forma de pintura. São pluralidades que me transformam, são máquinas-desejantes (em referência a Deleuze e Guattari), atualidades das possíveis corporeidades”.

 

Marc Pottier ainda destaca alguns trabalhos nos quais os fundos brancos desaparecem, e evocam a pintura “Talismã”, obra-prima e de referência de Paul Sérusier, produzida no Bois d’Amour em Pont-Aven, em 1888, supervisionado por Gauguin. “Para continuar com “Talismã”, a conselho de Gauguin, o jovem Sérusier foi convidado a pintar o que sentia e não o que via, a ir ao misterioso centro do pensamento. Como ele, Maria Lynch apresenta uma obra que não é inteiramente liberada da representação, mas que a sublima”, comenta e conclui: “Um talismã é um objeto que tem sinais consagrados, aos quais são atribuídas virtudes de proteção e de poder. Para alguns, o talismã mantém sua força a partir das imagens que carrega. Forças astrológicas, invocações e encantamentos em um turbilhão de cores e imagens para interpretar, esta nova série de obras de Maria Lynch é um terreno fértil de reflexões para o espectador”.

Alfredo Volpi e Bruno Giorgi

22/mar

Foram dez anos de pesquisas para construir uma exposição sobre a amizade entre dois grandes mestres da arte brasileira do século XX. “Estética de uma Amizade”, será exibida na Pinakotheke, Morumbi, São Paulo, SP, procura pontuar com memórias e produção artística os 50 anos de estreita convivência entre – o pintor Alfredo Volpi e o escultor Bruno Giorgi.

 

A mostra reúne cerca de 100 obras – a maioria apresentada ao público pela primeira vez, entre pinturas, desenhos e esculturas provenientes, da Coleção Leontina e Bruno Giorgi e colecionadores particulares. Os trabalhos são entremeados por fotografias, documentos, depoimentos e gravações com saborosas narrativas sobre esta amizade que perdurou de 1936 até a morte de Volpi em 1988.

 

No raro conjunto de numerosas pinturas de Volpi, esculturas, desenhos e telas de Bruno Giorgi, sobrepõem-se as obras surgidas de relações de amizades ou familiares, como os retratos de Mira Engelhardt e Gilda Vieira, feitos por Volpi, além de Judith, sua mulher, retratada por ele, e um desenho dedicado à sua única aluna Lore Koch; o retrato de Leontina Giorgi, as joias/esculturas projetadas por Giorgi; nus femininos assinados pelos dois artistas; retrato de Giorgi por Volpi e as cabeças de Volpi e Mario de Andrade esculpidas por Giorgi; as interpretações discordantes do poema “Balada de Santa Maria Egipcíaca” de Manuel Bandeira, que ambos fizeram em pintura; e até uma série de trabalhos concebidos na convivência da dupla. Há também as maquetes das obras de Brasília, quando os afrescos de Alfredo Volpi e as esculturas de Bruno Giorgi sublinharam a arquitetura de Oscar Niemeyer.

 

A exposição revela como o pintor, que se mudou com a família para o Brasil com apenas um ano de idade, e o escultor, ambos originários da mesma região italiana, a Toscana, compartilharam a fraterna relação e o saber artístico com igual intensidade. Não foram poucas as vezes que, com um esboço debaixo do braço, Volpi saiu de São Paulo e foi ao Rio de Janeiro discutir uma pintura com o amigo. Leontina, viúva de Bruno Giorgi, que muito contribuiu para a realização desta exposição, disponibilizando obras e arquivo, testemunhou muitas das longas conversas ou silêncios que os dois amigos gostavam de dividir. Ao mesmo tempo foram artistas que puderam comemorar juntos e reciprocamente virtuosas trajetórias: ambos participaram de prestigiosas exposições nacionais e internacionais, entre as quais em edições, às vezes coincidentes, como a Bienal de Veneza e a Bienal Internacional de São Paulo, além de conquistar vários prêmios no Brasil no exterior.

 

O projeto foi possível graças ao empenho dos curadores da exposição Max Perlingeiro e Pedro Mastrobuono, Leontina Ribeiro Giorgi, Instituto Volpi de Arte Moderna e à equipe da Pinakotheke. Com os arquivos do marido, Leontina Ribeiro Giorgi, gravou longas entrevistas, rememorando fatos históricos e pessoais. Nas suas pesquisas, Pedro, que é filho de Marco Antonio Mastrobuono, um dos primeiros colecionadores e amigo pessoal de Volpi, teve a oportunidade de encontrar informações preciosas, sobretudo entrevistas de Bruno Giorgi em Brasília, onde o pintor ítalo-brasileiro era constantemente mencionado.

 

Durante a exposição será lançada a publicação “Estética da Amizade – Alfredo Volpi e Bruno Giorgi” que, além do material da mostra, contém textos de David Léo Levisky, Rodrigo Naves e Mario de Andrade e dos curadores Max Perlingeiro e Pedro Mastrobuono, os quais destacam as personalidades que conviveram com a dupla, como Mário Schenberg, Lasar Segall, Sergio Milliet, e apresentam uma inédita biografia em ordem cronológica entrelaçada dos dois artistas, na qual é possível constatar como arte e amizade pulsavam em particular sintonia.

 

 

Até 25 de maio.

Curso de Arte

A Anita Schwartz Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, fez uma parceria com a Escola sem Sítio para a realização do curso sobre “Gêneros da Pintura”, com a crítica e curadora de arte Fernanda Lopes, nos meses de abril, maio e junho de 2019. Em cada mês, sempre às terças-feiras, das 18h às 20h, será abordado um dos gêneros presentes na pintura ao longo da história até os dias de hoje: retrato, paisagem e natureza-morta. O curso é direcionado a todos aqueles que queiram aprofundar seus conhecimentos em arte.

 

A programação

Retrato – 09, 16 e 30 de abril

Paisagem – 07, 14, 21 e 28 de maio

Natureza-Morta –  04, 11, 18 e 25 de junho

 

As inscrições vão até o próximo dia 02 de abril, e para mais informações os interessados podem escrever para o email escolasemsitio@gmail.com. Cada módulo pode ser frequentado individualmente, e o valor mensal é de R$350,00.

 

 

Conversas sobre Retrato, Paisagem e Natureza-Morta

 

A cada encontro serão apresentadas as concepções originais/iniciais, e de como a arte moderna e a arte contemporânea (no Brasil e no exterior) se apropriam, subvertem, relativizam e ressignificam esses termos clássicos. O curso se coloca como uma investigação sobre a história da arte a partir da prática e da definição dos gêneros clássicos da pintura: retrato, paisagem e natureza-morta. A predominância progressiva de tais gêneros pictóricos marca o abandono pelo mundo burguês emergente das temáticas icônico-religiosas em nome de uma pintura laico-secular em que a atenção do pintor passou a fixar-se na composição, no cromatismo e nos elementos estritamente pictóricos, que eclipsaram os grandes temas da arte desde a Renascença. As pinturas de gênero foram, portanto, fundamentais para a modernização da pintura, sendo essenciais para a sua renovação até o surgimento dos abstracionismos informal e geométrico no começo do século 20.  A partir de um primeiro olhar histórico, as aulas, divididas em três módulos, pretendem traçar um panorama das transformações de cada um desses gêneros desde sua formação, passando pela modernidade, até hoje os dias de hoje, apontando caminhos possíveis de apropriação, subversão, relativização e ressignificação desses termos clássicos.

 

 

Sobre Fernanda Lopes

 

Fernanda Lopes (Rio de Janeiro, 1979) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Doutora pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes da UFRJ, Fernanda Lopes atua como curadora assistente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e professora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e da Escola sem Sítio. É organizadora, ao lado de Aristóteles A. Predebon, do livro “Francisco Bittencourt: Arte-Dinamite” (Tamanduá-Arte, 2016), e autora dos livros “Área Experimental: Lugar, Espaço e Dimensão do Experimental na Arte Brasileira dos Anos 1970” (Bolsa de Estímulo à Produção Crítica, MinC/Funarte, 2012) e “Éramos o time do Rei – A Experiência Rex” (Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, Funarte, 2006). Entre as curadorias que vem realizando desde 2008 está a Sala Especial do Grupo Rex, na 29a Bienal de São Paulo (2010). Em 2017 recebeu, ao lado de Fernando Cocchiarale, o Prêmio Maria Eugênia Franco da Associação Brasileira dos Críticos de Arte 2016 pela curadoria da exposição “Em Polvorosa – Um panorama das coleções MAM Rio”.

 

 

Sobre a Escola Sem Sítio

 

A Escola sem Sítio é uma escola de ideias, que promove programas de cursos e ações culturais. Sua programação se conecta, oferecendo a possibilidade de uma ampla formação aos participantes, destinando-se tanto àqueles que buscam uma aproximação com a arte até aqueles que já atuam e procuram interlocução profissional. A Escola, por meio de seus programas, procura refletir sobre as demandas e lacunas do sistema da arte, em seus aspectos dos campos da prática e da teoria, entendendo-os integrados, como parte de um grande universo de conhecimento. Exposições, rodas de conversas, palestras e outras atividades aderem aos conteúdos oferecidos nos diversos cursos. Todas as atividades têm uma reserva de vagas para bolsas, com o objetivo de contemplar aqueles que não possuem recursos para arcar com os custos financeiros dos programas.Os orientadores permanentes da Escola sem Sítio são artistas, arquitetos, curadores, educadores. Outros profissionais são convidados a cada programa atuando, também, como orientadores. O objetivo é oferecer aos participantes a maior diversidade de olhares e vozes sobre as questões emergentes. São orientadores permanentes: Cadu, Efrain Almeida, Marcelo Campos e Tania Queiroz. Entre os orientadores convidados participam ou já participaram os artistas Anna Bella Geiger, Brígida Baltar, Erika Verzutti, Fernando Leite, Leda Catunda, Daniel Senise, Milton Machado, Paulo Vivacqua, Raul Mourão, Sandra Cinto. Dentre outros importantes profissionais do campo da arte integram ou já integraram curadores, arquitetos e pesquisadores como Agnaldo Farias, Bia Petrus, Cristina de Pádula, Daniela Labra, Guilherme Bueno, Ileana Pradilla, Leila Scaf, Fernanda Lopes e Ivair Reinaldim.

Fundação Iberê Camargo

19/mar

A Fundação Iberê, Porto Alegre, RS, promove no sábado a Pedalada do Iberê com show de Glau Barros. Pela primeira vez, a Fundação Iberê se soma às atividades comemorativas aos 427 anos de Porto Alegre com uma série de eventos nos dias 23 e 34 de março (sábado e domingo), no centro cultural e no Parque Farroupilha. Haverá bate-papo e oficinas de escrita criativa, de modelos vivos e desenhos de paisagem, em diálogo com a nova exposição “Visões da Redenção”, que apresenta um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas) de árvores e frequentadores do parque, que se desdobraram nas famosas séries “Fantasmagoria” e “Ciclistas”.

 

No sábado tem a Pedalada do Iberê, com saída às 16h da Usina do Gasômetro até a Fundação, onde o público será recebido com show de Glau Barros. Todas as atividades são gratuitas.

Este ano, com auxílio de patrocinadores e parcerias, como a Fundação Iberê, a Prefeitura de Porto Alegre contará com mais de 100 eventos espalhados pela cidade, contemplando cultura, educação, história, lazer e saúde.

De quarta a domingo, a Fundação Iberê Camargo também atende a grupos agendados. Para fazer um agendamento, basta ligar para o Programa Educativo – 51 3247 8000

 

 

Como chegar:

 

A Fundação Iberê dispõe de estacionamento pago, operado pela Safe Park. As linhas regulares de lotação que vão até a Zona Sul de Porto Alegre param em frente ao prédio, assim como as linhas de ônibus Serraria 179 e Serraria 179.5. É possível tomá-las a partir do centro da cidade ou em frente ao shopping Praia de Belas. O retorno pode ser feito a partir do Barra Shopping Sul, por onde passam diversas linhas de ônibus com destino a outros pontos da cidade.

 

Pedestres e Ciclistas: existe uma passagem para que pedestres e ciclistas possam atravessar a via em segurança. A passarela é acessada pelo portão de entrada do estacionamento. A Fundação também dispõe de um bicicletário, localizado nos fundos do prédio.

Tàpies na Bergamin & Gomide

18/mar

Obras do artista catalão Antoni Tàpies (1923 – 2012) encontram-se em exibição na primeira exposição do ano da Galeria Bergamin & Gomide, Jardim Paulista, São Paulo, SP. O surrealismo foi a primeira influência estética na obra de Tàpies, que desenvolveu seu estilo com a pintura matéria a partir do uso de materiais não-artísticos e técnicas mistas. Com sólida formação intelectual, se inspirou numa diversidade de temas como Literatura, Ciência, Filosofia e Arte Oriental e Primitiva. Sendo precursor de linguagens e formas, Tápies é considerado um dos artistas mais revolucionários do Século XX. Composta de cerca de 13 obras criadas pelo artista a partir da década de 1970, a exposição constitui-se na segunda vez que o trabalho do artista é apresentado no Brasil. A primeira e única vez foi em 1995. Tàpies também fez parte da segunda Bienal de São Paulo, uma das exposições mais importantes da arte do século XX na época, que trouxe para o país 65 obras de Paul Klee, mais de 50 obras – pinturas e gravuras – de Edvard Munch, 20 obras de Mondrian, uma sala especial dedicada a Alexander Calder e o MoMA enviou a “Guernica” de Picasso.

 

Até 27 de abril.

Coletiva na Simone Cadinelli

A Simone Cadinelli Arte Contemporânea reúne em exibição coletiva artistas mulheres de diferentes gerações, estilos e trajetórias.  “Passeata”, que inaugura no dia 18 de março, na galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, é uma exposição que convida o público a vivenciar as plataformas poéticas de 15 artistas mulheres do panorama da arte contemporânea brasileira. Desde a consagrada Anna Bella Geiger a novos nomes como Ana Hortides e Marcela Cantuária, a curadora Isabel Sanson Portella propõe um passeio por várias gerações, estilos e gênero, como é o caso da artista “gender fluid” (não-binária) Lyz Parayzo.

 

“São diferentes vozes e mídias de expressão, mas o que predomina é o pulsar da liberdade conquistada, do direito de levantar bandeiras e mostrar a que vieram. Longe está o tempo em que o espaço artístico, cultural e social era ocupado exclusivamente por artistas homens. Preconceitos de gênero e ausência de reconhecimento mantiveram as mulheres fora do cenário artístico por séculos. Mas a trajetória das conquistas femininas no decorrer dos últimos 100 anos foi marcada por lutas e crescentes vitórias. Não é o fator gênero que define os atributos artístico-estéticos das obras, mas sim o potencial criativo de quem as executa”, afirma Isabel Sanson Portella.

 

Amanda Baroni, Fernanda Sattamini, Helena Trindade, Laura Gorski, Leandra Espírito Santo, Livia Flores, Patrizia D’Angello, Renata Cruz, Roberta Carvalho, Sani Guerra e Ursula Tautz completam a coletiva que fica em cartaz até o dia 29 de maio. No dia da abertura, a artista visual Roberta Carvalho fará uma exibição de vídeo mapping, com imagens de ribeirinhos da floresta amazônica, pesquisadas desde 2007 pela artista, no jardim da vila que faz parte do imóvel que abriga a galeria, que no mês de março inaugura um novo espaço dedicado a palestras e encontros com colecionadores, críticos, artistas, arquitetos e pesquisadores. A programação é bastante diversificada e ainda abrange visitas guiadas.

 

“Nosso objetivo, com essa coletiva, é lançar o olhar sobre a produção das mulheres na arte contemporânea. A proposta aqui é conduzir o visitante em um passeio por diferentes suportes, experiências profissionais e fases variadas de criação, evidenciando as potencialidades de cada artista selecionada”, analisa Simone Cadinelli.

 

 

Descrições das obras e algumas curiosidades

 

Amanda Baroni – Série “Elementos da Natureza” -Fotografia.Moradora da Maré, a jovem fotógrafa Amanda Baroni, desenvolveu a série fotográfica “Elementos da Minha Natureza” buscando inter-relacionar arte, danças urbanas e natureza com o espaço de favelas cariocas (Complexo da Maré, Mangueirinha e Morro da Providência). Este projeto conecta os quatro elementos, fogo, terra, água e ar, com os dançarinos Felipe e Thamires Cândida, do Passinho, Luana Luara, do Hip Hop Dance, Agatha Alves, do Dance Hall e Hugo Oliveira, do House Dance, todos oriundos da periferia.

 

Anna Bella Geiger – “Orbis Discriptio n.33”, 1999. Gaveta de arquivo de ferro, encáustica, folha de flandres, fios de cobre, metais e gesso. A partir da década de 1990, a premiada Anna Bella Geiger emprega novos materiais e produz formas cartográficas vazadas em metal, dentro de caixas de ferro ou gavetas, preenchidas por encáustica. Suas obras situam-se no limite entre pintura, objeto e gravura.

 

Ana Hortides – “Cor de pele”, 2017. 78 bebês compostos da combinação de 12 gizes de cera de cores de pele. Ed. 3/5. Ana Hortides descobriu a existência de uma caixa de giz de cera de cores de pele produzida por uma ONG brasileira, a UneAfro, que propõe 12 cores. A partir disso, a artista derreteu os lápis, sempre combinando uns com os outros e colocou-os em moldes de bebês. A partir das misturas foram criados 78 bebês com cores e tons de pele diversos.

 

Fernanda Sattamini – Sem título, 2018. Série “Das marés e correntezas”. Cianotipia em linho e bordado. Edição única. Sem título, 2018. Série “Das marés e correntezas”. Cianotipia em linho e bordado. Edição única. Na série “Das marés e correntezas”, Fernanda Sattamini usa a técnica de cianotipia em linho desfiado, um processo artesanal de impressão fotográfica em tons azuis, que produz uma imagem em ciano. Foi descoberto em 1842 e utilizado até o século XX, é também conhecido como blueprints. O processo utiliza dois produtos químicos: Citrato de amônio e ferro (III) e Ferricianeto de potássio, que ao serem misturados se torna fotossensível e reage à luz ultravioleta. A exposição à luz provoca mudanças na cor do composto final resultando no azul da Prússia.

 

Helena Trindade – “VÍRUS (de chão)”. Escultura de teclas de máquinas de escrever e suas hastes. “Vírus” são estruturas orgânicas articuladas que se assemelham a uma espinha dorsal em movimento, criadas a partir de teclas de máquinas de escrever pelas mãos de Helena Trindade. Como a própria artista afirma privilegiar a materialidade da letra em detrimento do sentido, fazendo um jogo poético. Seu trabalho aborda diferentes aspectos do funcionamento da linguagem no tocante à sua perpétua rearticulação.

 

Laura Gorski e Renata Cruz – Sem título, da série “Dias úteis”, 2016. Fotografia. A dupla de artistas Laura Gorski e Renata Cruz apresenta um trabalho que aborda as relações entre o tempo interno e o pessoal de cada pessoa em relação ao tempo organizado pelo calendário oficial de dias considerados úteis ou não. O calendário de 21 dias úteis apresenta, por um lado, objetos ambíguos que são utilizados em momentos em que as pessoas escolhem o que fazer com o tempo ocioso. Ao lado dos objetos estão espaços internos de uma casa, submersos em um líquido escuro que também está presente na banheira em que estão as artistas. Nela, Laura e Renata compartilham um tempo poético que conseguem habitar juntas.

 

Lenadra Espírito Santo – Série “Registro”. Placas de gesso. A instalação “Registro” aborda o tema da auto-representação: é feita a partir de um mesmo molde do rosto da artista Leandra Espírito Santo, com um semi-sorriso. A partir deste molde, ela retira algumas réplicas do próprio rosto em gesso e faz placas com o mesmo material, que são reproduzidas de modo a preencher a parede da galeria, criando uma relação com a arquitetura, tanto por conta do material usado nelas (o gesso), quanto pela maneira como ocupa o espaço. Na exposição, são cerca de 30 placas.

 

Lívia Flores – “Trabalho de greve”, 2012. Escultura em tecido e gesso. Dimensões variáveis. Nessa série, a artista Lívia Flores retoma o interesse pela pesquisa de materiais e processos, desdobrando-os em sua relação com o tempo, com a história e com o trabalho coletivo ao utilizar um material (cobertor cinza/feltro) que acumula muitos usos e sentidos, tanto na vida quanto na arte. A artista acredita que este material é portador de história e condensa de forma espectral uma história de todos e de ninguém, anônima e comum, constituída pelos muitos fios das infinitas peças de roupa que algum dia já tocaram nossos corpos. Os cobertores em cinza são matéria escultórica em tensão com elementos construtivos moldados em gesso. Oscilando entre vontade construtiva, entropia e ruína, essas peças erigem-se como “contramonumentos”, cujo gesto se completa no momento de sua instalação no espaço de exibição.

 

Lyz Parayzo – Série “Slut Terrorist”. Vídeo. Flyers de prostituição (site specific) com números telefônicos e endereços de instituições de arte. “Gargantilha Lança”, 2018. Alumínio. “Top Dentado”, 2018. Alumínio. “Braceletes lança, 2018 Alumínio.  Uma das poucas artistas não-binárias presentes em coleções de museus brasileiros – está no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) e no Museu de Arte do Rio (MAR) -, Lyz Parayzo tem o corpo como principal suporte de trabalho. Em “Passeata”, a artista expõe um vídeo da performance “Slut Terrorist #5″, além dos objetos escultóricos denominados “joias bélicas”.

 

Marcela Cantuária – “Gigantes Pela Própria Natureza”, 2018. Óleo, acrílica e spray s/ tela. “Maria Bonita”, 2018. Óleo e acrílica s/ tela. Marcela Cantuária se interessa por reimaginar episódios de importância histórica através da perspectiva das mulheres, onde elas estavam nos conflitos por terras, nas guerrilhas, disputas por ideologia, no campo da estratégia, como se estivesse construindo outra versão. Assim, ela acredita que está encorajando as mulheres através de figuras femininas que em algum momento tiveram importância. Isso se reflete também nas cores vivas de seu trabalho.

 

Patrizia D´Angello – “Dramalhão”. Através do bom humor, as obras de Patrizia D’Angello inserem a questão do feminino no mundo contemporâneo, explorando a estética kitsch do exagero, do colorido exuberante, dos temas que confrontam diretamente outras formas de dominação. A mulher guerreira é também aquela que enfrenta forno e fogão, que levanta bandeiras assim como vassouras e aspiradores de pó, mas que não esquece a sua natureza e seus desejos.

 

Roberta Carvalho – Sua instalação é composta por uma imagem fotográfica e por um outro elemento, que é uma garrafa (com imagem projetada). A fotografia proposta é da série “submersos”. Seguindo a linha do trabalho desenvolvido por Roberta Carvalho, a fotografia trará o rosto de uma mulher ribeirinha projetada nas margens do rio. Seu rosto estará metade dentro d’água, metade na floresta. A garrafa, que pende ao lado da imagem, será preenchida de água: barrenta amazônica, água que pela sua opacidade funciona como tela. Nesta garrafa preenchida de água uma projeção mapeada dialoga com a imagem fotográfica.

 

Sani Guerra – “Três Picos”, 2016. Óleo e folha de ouro sobre tela. “Floresta dos cervos”, 2018. Óleo sobre tela. Em março de 2018, Sani Guerra começou uma residência artística de sete meses no Rio de Janeiro, explorando espaços que abrigam parte da Mata Atlântica, tais como a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, a Colônia Juliano Moreira (onde funciona o Museu de Arte Contemporânea Arthur Bispo do Rosário) e o Campus da Fiocruz Mata Atlântica, entre outros espaços públicos que se relacionam com a mata. Partindo dessa pesquisa, seu material histórico e o seu entorno, a artista deu início a uma série de pinturas e três delas podem ser vistas em Passeata.

 

Ursula Tautz – Sem título, 2019. Móvel em madeira, rádica, lentes redoma de vido, prumo dourado, bola de vidro. Sem título, 2019. Móvel em madeira, rádica, redoma de vidro, funil de vidro, balão de vidro, arame dourado, prumos dourados, lente. Temas recorrentes no trabalho de Ursula Tautz, antropologia, história e memória se desdobram aqui em um novo estudo que ela apresenta em criações permeadas pelo tempo e materializadas na madeira que é a base para os dois móveis em exposição. A partir do objeto-balanço desenvolveram-se duas pesquisas: do movimento pendular e do material, a madeira. A madeira remete à casa, acolhe, aconchega e protege. A rádica é um corte da raiz da árvore, já tem em si uma cartografia intrínseca. São mapas de enraizamento, de pertencimento, são também camadas de tempo, história. Os móveis-objetos oferecem o lugar almejado, imaginado, ouvido nas histórias. Indicado com um prumo, protegido na redoma, bolas de neve.

 

 

Sobre as artistas

 

Amanda Baroni teve seu primeiro contato com fotografia através do Hip Hop, do qual é participante desde 2007. Em 2012, formou-se pela Escola Popular de Fotógrafos, do Observatório de Favelas, Complexo da Maré, Rio de Janeiro. Após a formação, começou fotografando o movimento Hip Hop e se dedicou a realizar trabalhos artísticos e comerciais. Atualmente, segue documentando o Hip Hop, produzindo ensaios fotográficos e coberturas de espetáculos de dança, além de desenvolver seus projetos autorais como o “Ensaio Draw”, “Baixa Velocidade – Altas Luzes”, “B.Woman,  B.Girl”,   “ Minha imagem e semelhança” e “‘Elementos da minha natureza”. Expôs seu trabalho “B.Woman, B.Girl”, sobre as mulheres no Hip Hop, no Largo das Artes, Rio de Janeiro, e no evento Batom Battle, em Brasília. Outras atividades no campo das artes e exposições envolvem a formação em Design de Exposição no Parque Lage, em 2014, em impressão Fine Art e montagem de molduras no estúdio Barracāo de Imagens.

 

Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1933). Estudou Letras Anglo-Germânicas na Faculdade Nacional de Filosofia (UFRJ) e Sociologia da Arte com Hanna Levy Deinhardt na New York University e na New School for Social Research (anos 50). Realizou exposições individuais e participou de coletivas no Brasil e no Exterior, como nas Bienais Internacionais de São Paulo, Veneza e de Liverpool. Seus trabalhos integram coleções como a do MoMA (Nova York), do Centre Georges Pompidou (Paris), Tate Modern e Victoria and Albert Museum (Londres), Getty Institute (Los Angeles), The FOGG Collection (Boston) entre outras. Em 2004, Anna Bella recebeu a insígnia da Ordem do Cruzeiro do Sul, do Ministério das Relações Exteriores, e em 2010, recebeu a insígnia da Ordem do Mérito Cultural por representar a tradição, a vanguarda e as diferentes correntes de criação cultural e artística do País.

 

Ana Hortides. Nasceu em 1989 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Artista visual e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF – RJ) na qual se Graduou em Produção Cultural. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV). Caracterizado pela delicadeza, o seu trabalho permeia o corpo, a intimidade e a vulnerabilidade das relações.

 

Fernanda Sattamini. Sua produção explora processos experimentais e alternativos, transitando entre fotografia, gravura e objetos. Tomando como ponto de partida imagens apropriadas e suas próprias fotografias, a pesquisa que desenvolve aborda questões acerca da memória, intimidade, afetos e controle.

 

Helena Trindade. Cores vivas e formas geométricas são as principais características do trabalho de Helena Trindade. Formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade de Brasília em 2013, Helena optou por continuar os estudos com um Mestrado de Arquitetura em Oxford, lá Helena desenvolveu projetos de instalações espaciais, como o seu projeto final, exposto na St. John’s College ao final do curso, e de esculturas abstratas, feitas com o uso do corte a laser. No ano seguinte à conclusão do curso, em 2016, a arquiteta mudou-se para a Holanda a trabalho, onde entrou em contato com o design gráfico e aprofundou a sua experiência com projetos arquitetônicos e instalações espaciais. Dentre os trabalhos mais importantes desse período estão os projetos dos espaços elaborados para receber as exposições dos Dutch Invertuals na Semana de Design da Holanda em 2016, na Semana de Design de Milão em 2017, e no Festival D’Days em Paris, no mesmo ano. De volta ao Brasil, Helena se divide entre a arquitetura e o design. Além dos projetos arquitetônicos, ela dedica o seu tempo aos objetos confeccionados com o corte a laser, que compõem a sua marca HT.

 

Laura Gorski e Renata Cruz. Laura Gorski é nascida em São Paulo em 1982. Formada em Desenho Industrial pelo Centro Universitário Belas Artes, realizou as exposições individuais “Paragem”, na Zipper Galeria, em 2011; “Arquipélago de lugares imaginários”, no Estúdio Buck, em 2013, e “Dias úteis”, com Renata Cruz, no 20º Cultura Inglesa Festival, em 2016. Participou de residências na Alemanha e em Portugal e tem obras em coleções em Brasília, Bahia, São Paulo e Porto Alegre. Já expôs em Ribeirão Preto, Santo André, Santos, Goiás, Salvador, Campinas, Porto Alegre, Jundiaí, Rio de Janeiro, Brasília, além de Cazaquistão, Portugal, Japão e Alemanha.

 

Renata Cruz, em seu trabalho, explora as relações entre textos literários e imagens, valendo-se muitas vezes do envolvimento de diversas pessoas com suas histórias e lugares onde habitam. Em suas instalações propõe a criação de narrativas abertas no espaço, que se constroem enquanto se caminha. Formada em Comunicação Visual, UNESP, Bauru SP; Educação Artística, UNAERP, Ribeirão Preto, SP, com cursos como aluna estrangera na Facultad de Bellas Artes de la Universidad Complutense de Madrid, Espanha, atualmente participa de grupos de estudos como no Ateliê Fidalga em São Paulo.

 

Leandra Espírito Santo. Mestre e doutoranda em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP, São Paulo, SP. Graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, RJ. Seu trabalho artístico transcorre por diversas mídias, como performance, fotografia, vídeo, escultura, intervenção urbana. Por meio de linguagem cômica e irônica, a artista faz reflexões sobre nossos procedimentos cotidianos, dos mais complexos aos mais comuns, investigando a relação entre a arte e as diversas técnicas e tecnologias, relativizando seus usos e pensando na relação que mantemos com elas em nível de corpo e comportamento. Em 2017, iniciou pesquisa focada nas relações entre identidade, corpo e máquina, série de trabalhos em que pensa a auto representação dentro das redes sociais. Em 2016, foi indicada ao Prêmio Pipa MAM-RJ, tendo sido finalista do Pipa Online. Em 2014, recebeu o Prêmio Estímulo no 42º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto e ganhou a Chamada Artes Visuais da Secretaria de Cultura de Niterói. Entre suas principais exposições, prêmios e eventos estão: “Instauração”- Sesc Belenzinho (SP, 2017); “Agora somos mais de mil” – EAV Parque Lage (RJ, 2016); “Quando o tempo aperta” – Palácio das Artes (BH, 2016) e Museu Histórico Nacional (RJ, 2016); “Novíssimos” – Galeria Ibeu (RJ); 37° Salão de Artes de Ribeirão Preto (SP, 2013); 2º Prêmio EDP nas Artes (SP, 2010).

 

Marcela Cantuária. A artista nasceu em 1991, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Atualmente, leciona em seu ateliê questões práticas da pintura contemporânea. Considera o viés filosófico materialista histórico-dialético como ponto de partida de sua investigação, observando, assim, o mundo e os fatos. A artista usa desde referências de arquivos digitais que gravita entre passagens históricas, frame de documentários até fotos autorais do cotidiano desigual do Rio de Janeiro. Em seu processo, muitas vezes trabalha a composição a partir do conflito entre as referências e a oposição entre as cores.

 

Lívia Flores (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1959). Pintora, escultora, videoartista. Participa do ateliê de xilogravura da Escolinha de Arte do Brasil, com José Altino (1946), entre 1974 e 1976, e estuda também com Maria Luíza Saddi (1952), em 1976. Em 1978, faz o Curso Intensivo de Arte Educação (Ciae), além de iniciar sua graduação na Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Esdi/Uerj), concluída em 1981. Entre 1979 e 1980, frequenta ateliê livre da Armação Oficinas de Arte (artes plásticas), com Marília Rodrigues (1937-2009) e Ana Cristina Pereira de Almeida. Participa de curso teórico sobre arte contemporânea com Anna Bella Geiger (1933) em 1981 e, no ano seguinte, assiste a outro curso teórico, sobre arte brasileira, com Fernando Cocchiarale. Contemplada, em 1984, com uma bolsa de estudo para a Alemanha, estuda na Academia de Artes de Düsseldorf de 1985 e 1990 e vive em Colônia até 1993. Recebe o título de mestre em comunicação e tecnologia da imagem na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1998.

 

Lyz Parayzo.Iniciou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e começou a invadir galerias de arte com intervenções estético políticas. Como um vírus subverteu os protocolos de poder dos espaços institucionais borrando as fronteiras do que é oficial. Tem o corpo como principal suporte de trabalho e sua performance diária como plataforma de pesquisa. Suas bombas-plásticas desestabilizam as tecnologias heteronormativas e coloniais, são projeções anabolizadas da sua existência. Vem desenvolvendo videoinstalações com conteúdo pós-pornográfico, joias bélicas e atualmente está pesquisando as performances de gênero e classe a partir da cor em seu “Salão Parayzo”, dispositivo itinerante onde atua como manicure.

 

Patrizia D’Angello. Formada em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio, também estudou na Escola de Moda da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Participou de cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e foi aluna de nomes como Charles Watson, Fernando Cocchiarale, Luiz Ernesto, Franz Manata, Pedro França e Fred Carvalho. Em 2012, foi contemplada com projeto de exposição individual do Ibeu. Indicada ao Prêmio PIPA 2012. Desde 2008 Patrizia D’Angello tem trabalhado o cruzamento da fotografia com os cinco gêneros existentes da pintura: retrato, autorretrato, natureza-morta, paisagem e nu. Porém, em algumas obras é possível encontrar a interseção destes gêneros, com as quais a artista nos revela que esta formalidade pode ser subvertida. A sua preferência pela pintura a óleo, pastel seco e aquarela se dá pela possibilidade de manuseio e alterações durante o período em que está elaborando imagens com irônico realismo, a partir de referências de seus registros fotográficos ou apropriados de terceiros. Cenas corriqueiras adquirem uma determinada sofisticação com o olhar protagonista da artista, que aponta para os detalhes banais de algum canto de sua residência ou até mesmo as sobras de um prato de comida em uma churrascaria.

 

Roberta Carvalho é artista visual nascida em Belém do Pará. Estudou artes visuais na Universidade Federal do Pará (UFPA). Desenvolve trabalhos na área de imagem, intervenção urbana e videoarte. Já participou de várias exposições, coletivas e individuais, no Brasil, França, Espanha e Martinica. Foi vencedora de diversos prêmios, entre eles, o Prêmio FUNARTE Mulheres nas Artes Visuais (2014), Prêmio Diário Contemporâneo (2011) e Prêmio FUNARTE Microprojetos da Amazônia Legal (2010). Foi bolsista de pesquisa e criação artística do Instituto de Artes do Pará, por duas vezes, em 2006 e 2015. Suas obras integram acervos como o do Museu de Arte Contemporânea Casa das 11 Janelas (PA) e Museu da Universidade Federal do Pará. Dentre as exposições coletivas e festivais de arte que já participou, em destaque estão: Periscópio – zipper Galeria (São Paulo, 2016), 7ª Mostra SP de Fotografia (São Paulo, 2016), Visualismo – Arte, Tecnologia, Cidade (Rio de Janeiro, 2015), SP ARTE/FOTO (2014), Grande Área Funarte (São Paulo 2014), Pigments (Martinica, 2013), Festival Paraty em Foco (Paraty, 2012), Tierra Prometida (Barcelona, 2012), e Vivo Art.Mov (Belém, 2011).

 

Sani Guerra transita pela fotografia, escultura, instalação e pintura. As atmosferas irreais criadas pela artista revelam as estranhezas criadas por gestos não coincidentes, ângulos improváveis e estampas exageradas. Sani provoca atrito na relação entre tempo e espaço. Retrata figuras fragmentadas, organizadas a partir do universo particular da artista. Venceu o Prêmio Interações Estéticas da Funarte em 2009 e o concurso Garimpo da Revista Dasartes em 2013. Em 2008, a artista iniciou o Projeto Construção, criando peças escultóricas tendo como molde monumentos históricos e arquitetônicos. As intervenções foram exibidas no MAM, no Parque Lage e outros espaços, no Rio.

 

Ursula Tautz nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Utiliza diversos suportes em seu trabalho como fotografia, vídeo, objetos e instalações. Cursou a ESPM, além de ter frequentado oficinas da “School of Visual Arts /NY”, e a partir de 2005 a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2013 integrou o Programa Projeto de Pesquisa, coordenado por Glória Ferreira e Luiz Ernesto. Participou de várias exposições coletivas, como “Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio 2015” e e “Aquilo que nos une” no Centro Cultural da Caixa Federal com curadoria de Isabel Portella. Além das individuais “Frestas por onde Muros escoam” reinaugurando o Jardim da Reitoria da Universidade Federal Fluminense/RJ; “Lugar familiar” no projeto Zip’Up na Zipper Galeria/SP e “Fluidostática” na Galeria do Lago (Museu da República/RJ). Foi também selecionada pelo crítico Fernando Cocchiarale para o “Programa Olheiro da Arte” e finalista do Prêmio Mercosul das Artes Visuais Fundação Nacional de Arte – FUNARTE, com seleção de Luiza Interlenghi, Jorge Luiz Miguel e Izabel Machado da Costa.