MON exibe Juarez Machado

04/jul

 

 

A exposição comemorativa “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos”, na sala 3 do Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR, apresenta até 18 de setembro a obra de um dos mais representativos e importantes artistas brasileiros. O multiartista catarinense Juarez Machado tem sua história ligada a Curitiba, para onde se mudou no início dos anos 1960 para estudar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Ele completou 80 anos em 2021. A exposição reúne 166 obras em diversos suportes: pintura, desenhos, fotos, escultura e instalação. A coletânea abrange desde o início da carreira do pintor na capital paranaense até sua fase internacional com a mudança para Paris, em 1986 – passando pelos períodos no Rio de Janeiro, onde se destacou também como ilustrador, cenógrafo para televisão e teatro, figurinista, escultor e cartunista, entre outros ofícios criativos. A curadoria é de Edson Busch Machado.

 

“Lúdica e poética como tudo o que Juarez Machado produz, a mostra percorre com interatividade diferentes décadas, estilos, localidades, materiais, técnicas, mídias e vertentes artísticas”, afirma a diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer (MON), Juliana Vosnika. “Artista com obra no acervo, ele escreve agora o seu nome definitivamente na história do MON, num importante momento em que completa 20 anos e se consolida entre os principais museus da América Latina”, comenta.

 

Curitiba

 

A exposição inclui trabalhos que remetem ao início da carreira do artista em Curitiba. “Seu despertar como artista teve início em Joinville. Mas foi em Curitiba que ele fundamentou esse trabalho antes de seguir pelo mundo”, diz Edson Busch Machado, que é também irmão do artista.

 

A mostra conta, por exemplo, com desenhos feitos com graxa para sapato na Rua XV de Novembro, no início dos anos 1960, quando Juarez nem sequer tinha recursos para comprar tintas. “O público de Curitiba irá se identificar com o Juarez que viveu em Curitiba de 1961 a 1964, quando também fez grandes amizades com nomes como Fernando Velloso, João Osorio Brzezinski, Fernando Calderari e Domício Pedroso”, lembra o curador.

 

Ateliês

 

O nome da exposição – uma referência ao clássico de Júlio Verne “A Volta ao Mundo em 80 Dias” – traduz, em parte, o movimento constante de Juarez Machado, que nasceu em Joinville (SC), em 1941, e hoje se divide entre seus ateliês nas capitais fluminense e francesa depois de correr o mundo. A mostra inclui obras produzidas em diferentes locais – sobretudo em ateliês em Paris, mas também em locais temporários para o artista, como Veneza e Saint Paul de Vence, na França. “Cada ateliê é representado com cores, códigos e uma linha pictórica diferente, que a exposição reúne muito didaticamente”, explica Busch Machado.

 

Influência

 

A obra de Juarez Machado tornou-se patrimônio mundial, colecionando prêmios de arte nacionais e internacionais. Suas criações, ricas em ousadia, complexidade e humor, influenciaram gerações de artistas no Brasil e no exterior. Entre os artistas influenciados por Juarez Machado está o diretor francês de cinema Jean-Pierre Jeunet, que se inspirou no inconfundível universo de cores do pintor para criar o visual do famoso filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001). O diretor conheceu o artista no início dos anos 2000, comprou quadros e estudou seu estilo.  “É possível relacionar a temática, as paletas de cores e diversas nuances do filme com todas as pinturas da exposição, pois Jeunet se inspirou diretamente nas obras do artista”, explica o curador. “O público conseguirá identificar cores como o verde veronese e o vermelho terral que são vistos em “Amélie”, explica Busch Machado.

 

Mímica

 

No Brasil, o artista multimídia também deixou sua marca em referências da cultura popular como o semanário impresso “O Pasquim” e a TV Globo, onde criou quadros humorísticos e musicais, além de assinar a criação de cenários e figurinos. Muitos ainda se lembram dos vídeos de mímica que Juarez Machado criou e estrelou para o programa “Fantástico” nos anos 1970. A exposição fará referência a este famoso personagem nacional com a exibição de alguns desses vídeos em dois monitores. “É realmente uma figura significativa para muita gente que começou a conhecer Juarez a partir deste quadro do Fantástico”, lembra o curador.

 

Ilustração

 

Também tiveram a assinatura de Juarez Machado capas de livros e discos e projetos de design e arquitetura ao lado de nomes como Sergio Rodrigues e o próprio Oscar Niemeyer. Algumas das mais de 200 capas de discos e livros criadas pelo artista poderão ser vistas na vitrine de artes gráficas da mostra, que ajudará a compor a retrospectiva da vida e obra de Juarez, juntamente com um painel de fotografias e informações biográficas.

 

Escultura

 

Entre os destaques da exposição estão dezenas de esculturas, suporte com o qual Juarez Machado se destacou logo no início da carreira. Há obras em bronze, metal e gesso, além da conhecida instalação criada com estátuas de Branca de Neve e os Sete Anões. Também estará presente a famosa bicicleta com rodas quadradas que inspirou o logotipo do Instituto Juarez Machado.

 

Instituto

 

Mais recente empreendimento de Juarez Machado em Joinville, o instituto que leva seu nome foi fundado pelo artista em 2014, com a ideia de estimular a arte na cidade catarinense. A instituição, sediada em uma antiga casa da família construída em meados da década de 1930, desenvolve pesquisas, resgate e promoção de obras de Juarez e de outros artistas locais. O instituto vem desenvolvendo mostras paralelas a partir da aprofundada pesquisa sobre a trajetória de Juarez Machado para a exposição aberta agora no Museu Oscar Niemeyer.

 

Bicicleta

 

Segundo o curador da exposição, Edson Busch Machado, a ideia é que o público percorra a mostra como se estivesse fazendo um passeio de bicicleta – um dos ícones do universo pictórico de Juarez. Esse é o tema da projeção de vídeo que encerra a exposição. “Juarez mescla a bicicleta, um elemento da infância em sua cidade natal, com a descoberta da figura humana, seja no estudo da anatomia no Belas Artes ou das belas mulheres que ele tão bem retrata em suas pinturas. E, a partir desses dois elementos, a curadoria parte para suas demais obras”, explica. “É uma viagem de bicicleta que percorre esses 80 anos e relembra todos esses elementos – os ateliês, as paisagens, as mulheres”, explica Busch.

 

Educativo

 

Ao longo do período expositivo, estão previstas seis oficinas para escolas públicas de Curitiba. Também haverá duas visitas guiadas realizadas pelo curador da exposição para o público visitante, com tradução em libras, às 11h e às 15h do dia 24 de agosto. Um tour virtual da mostra com audiodescrição também será disponibilizado online.

 

A exposição “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos” foi concebida pelo Instituto Juarez Machado e fica em cartaz até 18 de setembro. A mostra é uma realização da Secretaria Especial da Cultura (Ministério do Turismo) e do MON e tem patrocínio da Vonder.

 

Até 18 de setembro.

 

 

Coletiva na Galeria BASE

27/jun

 

 

 

(A) Parte do Todo na Galeria BASE

O todo sem a parte não é todo,

A parte sem o todo não é parte,

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga, que é parte, sendo todo.

Gregório de Matos “O todo sem a parte não é todo”

 

A Galeria BASE, Jardim Paulista, São Paulo, SP,  apresenta a coletiva “(A)PARTE DO TODO”, com obras de Andrea Fiamenghi, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Bruno Rios, Christian Cravo, Gilvan Samico, Lucas Länder, Luiz Martins, Lygia Pape, Mario Cravo Neto, Mira Schendel, 32 trabalhos de técnicas e suportes variados: xilogravura, cerâmica, guache, acrílica, nanquim, lápis de cera, aquarela, monotipia, colagem e fotografia. A curadoria é de Daniel Maranhão.

 

(A)PARTE DO TODO, estrofe de um poema de Gregório de Matos, oferece uma reflexão fundamental sobre a importância das “partes” que compõe o todo. Na exposição, com trabalhos criteriosamente selecionados pelo curador, a importância do coletivo está centrada no valor artístico das partes; histórias pessoais se entrelaçam e tecem um “mosaico narrativo” único e harmônico. O conceito criado por Daniel Maranhão propõe “pensar paredes temáticas, de modo a que cada uma estabeleça um diálogo entre artistas, movimentos e momentos da história da arte brasileira, abrindo muitas discussões possíveis e relacionando trabalhos aparentemente apartados”.

 

No primeiro segmento, onde o ponto de convergência é Oswaldo Goeldi, tem-se o diálogo entre as xilogravuras de Gilvan Samico interagindo com obras da mesma técnica de Anna Maria Maiolino, datadas de 1967, época na qual a artista produziu a sua importante série de xilogravuras, obras seminais do Movimento da Nova Figuração que eclodiria no ano de 1970, onde se destaca a antológica obra “Glu, Glu,Glu” uma franca alusão à antropofagia, define Daniel Maranhão. Interessante registrar que por serem ambos aprendizes de Goeldi, de alguma forma faz com que as confluências dos trabalhos excedam o aspecto técnico de produção. Na sequência, tem-se Lygia Pape, artista visual e cineasta, com uma obra da série “Tecelar” e trabalhos de Antonio Dias da série “Nepal”. “Ambos foram artistas contemporâneos brasileiros de peso, e que também tiveram como referência o trabalho do gravurista carioca: Pape produziu um curta metragem intitulado “O Guarda-Chuva Vermelho” a partir de algumas gravuras de Goeldi, e Antônio Dias foi também seu aprendiz”, diz o curador.

 

Um novo recorte, agora com obras únicas feitas por três artistas mulheres durante o século XX, compõe a sala do primeiro andar. Nele temos trabalhos adicionais de Anna Maria Maiolino com obras das séries “Marcas da Gota” e “Cartilhas”, bem como obras de Mira Schendel, em especial da série “toquinhos” e uma ecoline produzida com ouro, assim como trabalhos da multi artista Anna Bella Geiger das séries “Burocracia” e “América Latina”.

 

No segundo pavimento, a fotografia ocupa o lado direito da sala expositiva com simbologias associadas a ritos afro-brasileiros registrados pelas lentes de Mario Cravo Neto e Andrea Fiamenghi, com suas imagens, celebram uma ancestralidade básica, fundamental, que compõe nossa história enquanto povo. Como complemento, uma imagem de Christian Cravo registrada no deserto da Namíbia, sul do continente africano, conclui essa seleção.

 

A parte final que compõe o todo advém de um conjunto de obras que Daniel Maranhão selecionou a partir de alguns trabalhos de artistas, representados pela BASE: Bruno Rios, Lucas Länder e Luiz Martins que desenvolvem suas próprias poéticas através de pesquisas formais em torno dos pigmentos, técnicas e texturas que resultam em belas composições abstratas.

 

De 29 de junho a 12 de agosto.

 

 

Maura Grimaldi expondo em Portugal

 

“Campo de trabalho” é o nome que engloba diferentes ações que Maura Grimaldi elaborou ao longo dos últimos meses a fim de problematizar a esfera do trabalho, sobretudo no campo da cultura, sua precarização e a financeirização da vida. Para o contexto do projeto Kubikulo, Grimaldi cria um diálogo com as ordinárias mostras de lojas de roupas, apresentando uma de suas mais recentes obras: uma t-shirt branca com a inscrição da frase “- Ninguém trabalha amanhã! – Ninguém!”, realizada em parceria com sua mãe Ana Cristina Porto Castanheira (1956). O projeto originalmente prevê a utilização dessa peça gráfica e têxtil por Ana Cristina, funcionária do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS no Brasil, durante os períodos em que a t-shirt é exibida. A frase que consta na peça de roupa e que dá título á obra foi retirada do livro “Parque Industrial”, escrito em 1933 por Pagu (1910-1962). O livro, publicado sob o pseudônimo Mara Lobo, foi considerado o primeiro romance proletário brasileiro. Juntamente a apresentação do vestuário, é possível ter acesso a outras ações, obras desenvolvidas e conteúdos investigados no âmbito do projeto “Campo de trabalho” através de um QR Code disponível na vitrine da galeria Kubik. Abertura no dia 30 de Junho, no Kubikulo, Rua da Restauração 10, Porto, Portugal, inaugura a exposição “CAMPO DE TRABALHO (- Ninguém trabalha amanhã! – Ninguém ) de Maura Grimaldi.

 

Sobre a artista

 

Maura Grimaldi nasceu em 1988, São Paulo, Brasil. Dedica-se á pesquisa e prática artística. Completou seus estudos de Licenciatura e Mestrado em Artes Visuais pela Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Atualmente desenvolve seu doutoramento em Lisboa. Seus projetos abordam majoritariamente assuntos relacionados á fantasmagoria, ás tecnologias obsoletas, á arqueologia e á geologia das mídias. Mais recentemente, vem utilizando a literatura e o desenho gráfico para refeletir sobre a enconomia da atenção e as formas de subjetivação na contemporaneidade.

 

Coletiva na Baró Mallorca

22/jun

 

 

A galeria BARÓ Mallorca, Carrer Can Sanç 13, Palma, Mallorca, Islas Baleares, España, anuncia sua nova mostra coletiva, “WE KILLED THE BUNNY!” – uma mostra delirante com curadoria do venezuelano Rolando J. Carmona. A exposição reúne um grupo de importantes artistas de diferentes nacionalidades e contextos que, entre ficção científica, desenhos e instalações, deixam vestígios de um mundo híbrido. Os artistas presentes são Assume Vivid Astro Focus (AVAF), Arturo Herrera, Adrián Villar Rojas, Claes Oldenburg, Daniel Arsham, Erwin Olaf, Amparo Sard, Fernando Renes, Anita Molinero, AES+F, Lyz Parayzo, Soju Tao e Albert Pinya.

 

Mostra de artista colombiano

15/jun

 

 

 
A Casanova, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta até 23 de julho a exposição individual “Simpatia Cósmica”, do artista colombiano Santiago Reyes Villaveces.
Agora em seu retorno a São Paulo, o artista apresenta uma série inédita de trabalhos instalativos e desenhos produzidos nos últimos anos, voltados para a cosmologia estóica e as leis naturais que regem encontros e desencontros dominados pelo acaso.
Tendo a simpatia como eixo de sua filosofia, os estóicos identificaram a relação entre a Terra e a Lua no fenômeno das marés como parte da simpatia cósmica. Esta relação é a força de atração gravitacional de todas as coisas no universo, humanas e não humanas e até mesmo aquelas que não se tocam.
A exposição começa com um letreiro de néon vermelho escrito no alfabeto cirílico, com a frase de Yuri Gagarin (Я вижу землю; eu vejo a Terra). Em 12 de abril de 1961, Gagarin foi a primeira pessoa a escapar do campo gravitacional e ver o planeta de fora. No instante em que a imagem da Terra foi fixada na retina de Gagarin, ficou claro que a Terra é uma só; uma única esfera na qual estamos todos juntos. “Eu vejo a Terra” torna presentes as forças simbólicas da frase de Gagarin para convidar os espectadores a banharem-se no espectro da luz vermelha que carrega consigo o fato de que a Terra é o único lugar que nós humanos e não-humanos temos que existir em harmonia.
A mostra continua com dois desenhos lunares, o positivo e o negativo da fotografia tirada em Sobral, Brasil em 1919; registrando o eclipse. Foi com esta foto que se comprovou de maneira empírica a teoria da relatividade.
Em seguida, um meticuloso desenho em grafite da Pedra Lunar da Boa Vontade que Richard Nixon deu ao ex-presidente do Brasil, Emílio Médici, em 1971. Este fragmento lunar, trazido de volta pela missão Apollo 17 em 1973 contém um único tipo de gravidade e chegou ao país devido a forças e vontades políticas que motivaram a propulsão dos foguetes à corrida espacial. Com um olhar atento, a obra incita uma provocação e questionamento sobre todo o contexto das diplomacias internacionais e legados coloniais no contexto da exploração espacial.
A exposição contempla também um espaço mais orgânico, composto por uma instalação em uma sala coberta com tapumes de madeira rosa. Nela está suspenso do teto uma escultura que reproduz o órgão vestibular do ouvido interno; também conhecido como o nosso órgão sensorial de gravidade.
Assim tece uma genealogia de forças gravitacionais de atração como um confronto de conhecimentos e discursos, sem linearidade ou ontologia. Partilhamos experiências com todo o conjunto de corpos, esta atração que supera barreiras espaciais e temporais. Aquilo que vivemos em conjunto, com outra pessoa, com a natureza, e até mesmo com o universo é a simpatia cósmica existente entre todos os seres e as coisas.
Reyes Villaveces abre a pluralidade e as contradições de um fenômeno cósmico, escultórico, espacial, fisiológico e político. Objetos, obras, espaço e espectadores são atraídos uns pelos outros e o artista nos convida a sentir o equilíbrio e a delicadeza desta balança universal; o campo gravitacional é um espaço para ser adentrado.

Sobre o artista
Santiago Reyes Villaveces é um artista colombiano que nasceu e trabalha em Bogotá. Nascido em 1986, o artista esteve entre 2008 e 2009 em  São Paulo dedicando-se à Escola de Comunicações e Artes no departamento de Artes plásticas da USP e realizou no mesmo ano a exposição “Projecto Manometria” na Pinacoteca de São Paulo como o coletivo DELENGUAAMANO. Em sua prática, Santiago explora os legados estruturais do passado colonial, além de abordar também temas como as injustiças ambientais e sócio-políticas e como elas se manifestam através do elementar. Em 2015 ele ganhou o Abraaj Royal College of Art Innovation Fellowship 2015-2017. Santiago possui mestrado em Escultura pelo Royal College of Art em Londres e bacharelado em Artes Visuais e História e Teoria da Arte pela Universidad de los Andes em Bogotá. Em 2019 ele foi o vencedor do Prêmio Matteo Olivero na Itália. Suas obras e projetos foram apresentados em espaços públicos e privados em diversos lugares ao redor  do mundo; contamos com  a Exposição Arabidopsis Thaliana no Museo de Arte Moderno de Bogotá (2021) com curadoria de Eugenio Viola; a sua exposição individual Spirit Level (2020), Ncontemporary Gallery Milan, Itália; exposição individual Lo bravo y lo manso (2019), Galería Instituto de Visión, Bogotá, Colômbia; Bienal Academiae Youth Art (2017) Bolzano, Itália; exposição individual Reside (2016), Galeria Marie Laure Fleisch Bruxelas, Bélgica; o projeto site-specific Traino (2014) Cavallerizza Reale, Turim, Itália; a exposição com o coletivo DELENGUAAMANO (Gilberto Mariotti, Néstor Gutiérrez y Santiago Reyes Villaveces) Monuemtria (2009) na Pinacoteca do Estado de São Paulo com curadoria de Ivo Mesquita.

Carlito Carvalhosa, um tributo

 

 

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, apresenta até o dia 10 de setembro a exposição “Linhas do Espaço Tempo: Carlito Carvalhosa” resultando em um verdadeiro tributo ao artista – e obra – através de um conjunto de expressivos trabalhos do consagrado multiartista contemporâneo. A curadoria traz a assinatura de Daniel Rangel.

 

Caminhos circulares

 

Linhas do Espaço Tempo reúne fragmentos cronológicos da trajetória artística de Carlito Carvalhosa. Pinturas, esculturas e instalações que remontam a mais de trinta e cinco anos de produção marcados por elaboradas conexões plásticas, históricas, mentais e sensitivas. A mostra é a primeira no Brasil desde que o artista nos deixou em maio de 2021, motivo central do enfoque retrospectivo e prospectivo. Estruturada por obras-símbolos de diferentes fases, a exposição abarca um recorte compacto, que demonstra a coerência da pesquisa do artista. Registros do seu processo de criação, de reflexões e de memórias marcantes de sua trajetória, além de uma inédita instalação site-specific com postes de madeira, desenhada em um de seus caderninhos para um espaço imaginado com características arquitetônicas similares às da galeria do Instituto Ling. Passado pensado para o futuro, realizado no presente. Pensar, refletir e observar por meio de traços, rabiscos, desenhos, anotações, escritos e achados – em sua maioria guardados em cadernos de bolso – era uma prática comum no dia a dia de Carlito. Um processo típico de pesquisador, mas que, no caso dele, estava conectado a uma personalidade efusivamente curiosa e naturalmente disciplinada. Era um sedento pelo conhecimento; aprendia e ensinava com a mesma generosidade, recorrendo à sensibilidade e à formação privilegiadas para estabelecer profundos intercâmbios com entornos díspares – uma prática que foi marcada por conscientes (des)conexões com a historicidade da arte, sobretudo relacionada a uma constante pesquisa de materiais e suportes. Carlito não seguia um caminho reto e linear; preferia o trânsito circular entre espaços e tempos, suportes e materiais, o branco e as cores, o erudito e o popular, ciências e religiões. Opostos atraíam o artista, que explorava com frequência relações entre transparência, opacidade e reflexividade, criando uma espécie de “trialética” que viria a caracterizar sua produção. Tudo junto e, ao mesmo tempo, separado; uma amálgama de elementos díspares que se encontravam por meio do gesto do artista, tornando o diálogo quase eterno, assim como sua obra, assim como ele.

 

Daniel Rangel

 

Curador

 

Sobre o artista

 

Carlito Carvalhosa, (1961 – 2021). A obra de Carlito Carvalhosa envolve predominantemente as linguagens da instalação, pintura e escultura. Nos anos 1980, integrou o Grupo Casa 7, em São Paulo, do qual faziam parte também Rodrigo Andrade, Fábio Miguez, Nuno Ramos e Paulo Monteiro. As tendências do neoexpressionismo eram visíveis na produção desses artistas, sobretudo a utilização de superfícies de grandes dimensões e a ênfase no gesto pictórico. No fim dessa década, após a dissolução do grupo e alguns experimentos com encáustica, Carvalhosa concebeu quadros com cera pura ou misturada a pigmentos. Nos anos 1990, dedicou-se à produção de esculturas de aparência orgânica e maleável, utilizando materiais diversos, caso das “ceras perdidas”. Ainda em meados dessa década, fez também esculturas em porcelana. Carvalhosa atribui profunda eloquência à materialidade do suporte, mas a transcende e aborda questões mais amplas, relativas às transformações do espaço e do tempo. Deparamo-nos, em sua prática, com a tensão entre forma e matéria, explicitada na disjunção entre o visível e o tátil. Aquilo que vemos não é o que tocamos, assim como o que se toca não é o que se vê. A partir do início dos anos 2000, o artista começou a realizar pinturas sobre superfícies espelhadas que, nas palavras do curador Paulo Venâncio Filho, “colocam nossa presença dentro delas”. Não raro, Carvalhosa realizou instalações em que, além de técnicas usuais, faz uso de materiais como tecidos e lâmpadas.

 

Sobre o curador

 

Daniel Rangel é curador, produtor e gestor cultural. Mestre e Doutorando em Poéticas Visuais da Escola de Comunicações e Artes da USP, graduado em comunicação social em Salvador, Bahia. Atualmente é curador geral do Museu de Arte Moderna da Bahia. Foi diretor-artístico e curador do Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo) em São Paulo (2011-16), diretor de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, da Secretaria de Cultura do Governo do Estado (2008 a 2011) e atuou como assessor de direção do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) na gestão de Solange Farkas (2007-08). Em curadoria, dentre os principais projetos realizados, destacam-se a mostra REVER_Augusto de Campos, (2016); Ready Made in Brasil (2017); Quiet in the Land (2000), uma parceria entre o Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, o MAM-BA e o Projeto Axé, em Salvador. Desenvolveu projetos curatoriais para a 8ª Bienal de Curitiba, Brasil (2015), a 16ª Bienal de Cerveira, Portugal (2013) e a II Trienal de Luanda, Angola (2010). Realizou ainda curadorias de mostras individuais de importantes artistas brasileiros, como Tunga, Waltercio Caldas, José Resende, Ana Maria Tavares, Carlito Carvalhosa, Eder Santos, Marcos Chaves, Marcelo Silveira, Rodrigo Braga, e Arnaldo Antunes, e com este último recebeu pela mostra “Palavra em Movimento” o prêmio APCA 2015, de Melhor Exposição de Artes Gráficas. É pesquisador associado do Fórum Permanente do IEA-USP.

 

Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério do Turismo/Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens e Fitesa.

 

 

Centenário de Don’Ana

07/jun

 

 

O centenário de nascimento de Don’Ana (1922-1983) – lendária rezadeira que transformou sua casa em ponto de encontro e pólo irradiador de cultura e arte – será celebrado no Centro Cultural Donana dia 11 de junho, a partir das 15h30, com uma série de atividades gratuitas, como roda de capoeira, Oficina de pipas Re-Utopya, com o artista Hal Wildson; hasteamento da bandeira “Tajá”, de Matheus Ribs, cineclube, sarau e muitas outras atrações. O evento é coordenado e tem a curadoria da Sotaque Carregado Artes, plataforma de música e artes visuais dirigido pela gestora cultural Érika Nascimento, neta de Don’Ana, e pelo DJ MAM.

 

O dia 11 de junho de 2022 marcará não apenas o início das comemorações do centenário de Don’Ana, que culminarão com uma exposição em agosto, como também a parceria do Centro Cultural Donana, que tem à frente o multiartista Dida Nascimento – filho de Don’Ana – e o Festival Demarcação Já Remix, do DJ MAM.

 

A programação do centenário busca celebrar, a partir da trajetória de Don’Ana, a tradição oral, a importância das questões socioambientais, indígenas e saberes ancestrais, e “da ressignificação das ruas de Belford Roxo através das produções artísticas que dialogam com o ato de re-existir”, destaca Érika Nascimento.

 

Dida Nascimento – filho de Don’Ana e fundador do Centro Cultural Donana – vai apresentar a música inédita “Rezadeira”, composta em parceria com Ivone Landin, e o mastro feito em material reciclado para a Festa do Divino, a convite do Sesc São João de Meriti, que ele está recriando para receber a bandeira “Tajá”, criada pelo artista Matheus Ribs. A partir deste mastro, e das bandeiras “Tajá” e “Área Indígena”, de Xadalu – que estiveram hasteadas respectivamente no Museu de Arte do Rio e no Instituto Inclusartiz –  Dida Nascimento fez uma pintura para a capa da música inédita “Waka Arewê”, que será lançada pelo DJ MAM no evento. Na pintura de Dida Nascimento, o mastro se transforma em um caule da planta Tajá, importante na cultura amazônica, e suas folhas são as bandeiras dos dois artistas. Tanto esta pintura como a bandeira “Arte Indígena” serão coladas como lambes na fachada do Centro Cultural Donana. A direção de arte da capa é do DJ MAM, com a colaboração do artista visual Doria, responsável há 10 anos pela identidade visual do Festival Demarcação Já Remix e de seu selo Sotaque Carregado.

 

A intervenção urbana com o hasteamento da bandeira “Tajá”, o empinamento de 10 pipas Re-Utopya, e a colagem do lambe da pintura de Dida Nascimento para “Waka Arewê” na fachada do Centro Cultural Donana, iniciam o ciclo de atividades do Centenário de Don’Ana. As apresentações de DJ MAM e Erika Nascimento fazem parte do edital Cultura Presente nas Redes 2, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

 

Estão previstas várias atividades até o final de agosto, pelo projeto “Centenário de Don’Ana: Ruas e Ruelas”, como uma ambientação urbana nas ruas e na fachada do Donana, através do edital Rua Cultural RJ.

 

 

Primeira individual européia

06/jun

 

 

O artista brasileiro Mundano exibe novas criações na Galeria Kogan Amaro, Zurich, de 11 de junho até  22 de outubro. Mundano é um artista e ativista cultural brasileiro cujas obras têm sido vistas tanto nas ruas como em museus e galerias. As obras em “Made in Brazil”, sua primeira exposição individual na Europa, parecem a princípio ser sedutoras e mordedoras. Uma série de pinturas retrata cenas de floresta nebulosa, enquanto várias esculturas aparecem, em inspeção próxima, para representar bifes de carne. Mas o verdadeiro tema destas obras altamente carregadas é tudo menos divertido: o corte claro e a queima de vastas faixas da floresta tropical amazônica, para criar terras de pastagem para gado cujas carcaças abatidas serão enviadas ao redor do mundo.

 

“Esta exposição é a prova de um crime”, diz o artista. “A população bovina do Brasil é mais do que sua população humana, e nós exportamos 80% da carne”.

 

Com energia incansável, Mundano dedicou-se a uma missão de vida de criar um legado ambiental e social com sua arte – uma missão que o levou, nos últimos quinze anos, a dar palestras, montar exposições e encenar intervenções em mais de quarenta cidades ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Considerado pela Much-awarded na área de arte pública, direitos humanos, criatividade e inovação digital, Mundano é um TED Fellow e fundador da ONG Pimp My Carroça, que leva seu nome de um corpo de trabalho de Mundano iniciado em 2007, quando o artista começou a usar suas habilidades de pintura para embelezar os carrinhos de madeira e metal, cenouras, usados por catadores de lixo no Brasil para transportar lixo e recicláveis como os carrinhos usados por pessoas de rua em todo o mundo, mas raramente notados de forma comemorativa.

 

A arte e o ativismo de Mundano são construídos sobre uma grande tradição avançada por uma geração de artistas conceituais dos anos 80 e 90, cuja fúria sobre os males sociais os inspirou e os capacitou a fazer obras de arte revolucionárias. Hoje, o século XXI enfrenta uma crise ainda mais maciça – como abordar a própria saúde do Planeta Terra? – e uma nova geração de artistas está enfurecida e engajada. Essencial para o DNA da arte de Mundano é o engajamento comunitário, que promove a transmissão de conhecimento, insights, práticas e sabedoria para nossos semelhantes mortais. Qual deve ser nosso legado, pergunta Mundano através de seu trabalho, e como todos nós podemos praticar uma melhor administração de nosso amado mundo?

 

Simon Watson

 

Sobre o artista

 

Utilizando a arte para marcar seu posicionamento social, ambiental e político, o paulistano MUNDANO há mais de 15 anos exerce efetivamente o artivismo como ferramenta de transformação social. Defensor de causas ambientais e dos direitos humanos universais, fundou em 2012 a ONG Pimp My Carroça, e o aplicativo Cataki, ambos voltados para a conexão entre geradores de resíduos e os catadores de material reciclável. O resultado do seu trabalho abriu portas para replicar essas ações artivistas mundo afora – mais de 20 países visitados realizando murais, exposições, graffiti, palestras, parcerias e integrando programas globais como o TED Fellows. Nos últimos anos, vem desenvolvendo uma intensa pesquisa de materiais, coletando resíduos dos maiores crimes ambientais da história do país, criando assim seus próprios insumos a partir desses dejetos:   lama tóxica, cinzas das queimadas das florestas e óleo derramado nas praias do nordeste. Esses resíduos se transformam em obras de denúncia, seja por meio do graffiti, em esculturas, telas ou nas empenas de prédios. Sua última obra, com mais de 1000m2, homenageia os brigadistas das florestas que apagam os incêndios criminosos – em uma releitura da obra “O Lavrador de Café” de Cândido Portinari, Mundano usa cinzas das queimadas de 4 biomas brasileiros: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal para criar essa gigantesca pintura como um símbolo contra o desmatamento ilegal.

 

Sobre o curador

 

Nascido no Canadá e criado entre a Inglaterra e os Estados Unidos, Simon Watson é um curador independente e educador artístico baseado em Nova York e São Paulo. Veterano de trinta e cinco anos no cenário cultural em três continentes, Watson concebeu a curadoria de mais de 300 exposições para galerias e museus e consultou programas de coleção de arte para inúmeros clientes institucionais e privados. Durante as últimas três décadas, Watson trabalhou com artistas emergentes e pouco conhecidos, trazendo-os à atenção de novos públicos. Sua área de especialização curatorial está identificando artistas visuais com potencial excepcional, muitos dos quais são agora reconhecidos internacionalmente na categoria blue-chip e são representados por algumas das galerias mais famosas e respeitadas do mundo.

 

 

Símbolos nacionais

 

 

No ano em que se comemora o bicentenário da Independência do Brasil, a Galeria Movimento, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a partir do dia 09 de junho, das 18h às 21h, a exposição “Re-Utopya”, primeira grande individual do artista Hal Wildson, nascido em 1991 no Vale do Araguaia, região de fronteira entre Goiás e Mato Grosso, com obras em diferentes suportes que fazem uma revisão crítica da história de nosso país. Os trabalhos, recentes e inéditos, mostram as várias séries que compõem a pesquisa poética a que o artista se dedica, onde memória, esquecimento, identidade e a palavra são suas ferramentas para pensar em um futuro possível para o país, e para o povo brasileiro, “ainda em formação”. Símbolos nacionais, máquina de escrever, digitais, primeiros registros históricos do povo brasileiro são usados nas obras em exposição, que tem texto crítico do artista e curador Divino Sobral.

 

Atualmente morando em São Paulo, Hal Wildson é conhecido principalmente por seu trabalho com imagens criadas a partir de uma datilografia extrema, e sua obra “República da Desigualdade – Meritocracia seja Louvada” (2018-2020) foi vista em rede nacional na abertura do documentário especial “Mães do Brasil”, produzido pela Favela Filmes e KondZilla Filmes, com direção de  Kelly Castilho e John Oliveira, e exibida pela Globo em dezembro. Naquele trabalho, imagens de arquivos nacionais de trabalhadores brasileiros, fotografias autoriais e registros da infância do artista são plasmadas em notas de “zero real”.

 

Um vídeo poético, feito durante o processo de criação da obra “Singularidades” (2020/2022), viralizou, e alcançou a marca de mais de cinco milhões de visualizações no Instagram, sendo compartilhado também por artistas, como Vik Muniz.

 

A diversidade artística africana hoje

30/mai

 

 

O curso inaugural da Escola do MAB apresenta um panorama contemporâneo do trabalho de oito artistas mulheres, originárias de distintas regiões do continente africano – Magdalena Odundo (Quênia), Julie Mehretu (Etiópia), Sue Williamson (África do Sul), Jane Alexander (África do Sul), Ghada Amer (Egito), Toyin Ojih Odutola (Nigéria), Colette Omogbai (Nigéria) e Peju Laiywola (Nigéria).

 

Da cerâmica à pintura, da performance à instalação, da fotografia ao vídeo, suas obras abarcam múltiplas linguagens e revelam a diversidade da produção artística africana hoje. Ao longo de oito aulas, iremos comentar os trabalhos dessas artistas, sempre amparadas pelos seus contextos histórico e sociais de produção.

 

Será emitido certificado.

Ministrantes

Emi Koide, Sabrina Moura e Sandra Salles.

Coordenação: Sabrina Moura.

Investimento

Curso completo: R$ 240,00

Descontos: estudantes, professores e maiores de 60 anos têm 10% de desconto.

Período

De 30/05 a 18/07 das 19h às 21h.

Duração de cada aula: 2h

Duração total do curso: 12h

​Modalidade: online – Plataforma Zoom