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Linhas em Ruptura – Gravuras do acervo
26/ago
A FAMA Museu, Itu, SP, inaugura a exposição “Linhas em Ruptura – Gravuras do acervo”, com gravuras de figuras centrais do modernismo brasileiro e de artistas que se destacaram a partir da década de 1960. A mostra reúne cerca de 113 gravuras e a abertura acontece no dia 28 de agosto na Sala Marcos Amaro.
Com curadoria de Luiz Armando Bagolin, a mostra exibe gravuras, matriz e impressões de representantes do movimento, como Flávio de Carvalho, Oswaldo Goeldi, Lívio Abramo, Maciej Babinsky e Darel, e de artistas com produções a partir dos anos 60, 70 e 80, como Mestre Noza, Edith Behring, Wesley Duke Lee, Evandro Carlos Jardim, Regina Silveira e Anna Bella Geiger.
Durante a modernidade, a gravura deixa de ser apenas um recurso ou técnica que servia à transmissão e reprodutibilidade de ideias ou exortações de caráter moral, político e científico, e passa a ter mais autonomia e liberdade. “Ao todo, a exposição reúne 113 obras dos principais artistas históricos da gravura brasileira. A seleção deles foi feita com o intuito de mostrar a diversidade de temas e de técnicas dentro da gravura.”, explica Luiz Armando Bagolin.
Para garantir a acessibilidade e inclusão, “Linhas em Ruptura” disponibilizará a opção de audioguia, obras adaptáveis e videolibras.
A entrada é gratuita, agende sua visita!
Centenário da Semana de 22
19/ago
Celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 e lançar luz aos traços, remanescências e conquistas que o movimento trouxe, no decorrer dos últimos 100 anos, às artes plásticas do Brasil e refletir, a partir da atualidade, sobre um processo de rever e reparar este contexto. Este é o objetivo de “Brasilidade Pós-Modernismo”, mostra que será apresentada entre 01 de setembro e 22 de novembro no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, com patrocínio do Banco do Brasil e realização por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo e Governo Federal.
Com curadoria de Tereza de Arruda, a mostra chama atenção para as diversas características da arte contemporânea brasileira da atualidade cuja existência se deve, em parte, ao legado da ousadia artística cultural proposta pelo Modernismo. Nuances que o público poderá conferir nas obras dos 51 artistas de diversas gerações que compõem o corpo da exposição, entre os quais Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Arnaldo Antunes, Cildo Meireles, Daniel Lie, Ernesto Neto, Ge Viana, Glauco Rodrigues, Jaider Esbell, Rosana Paulino e Tunga.
“Esta exposição não é idealizada com o olhar histórico, mas sim focada na atualidade com obras produzidas a partir de meados da década de 1960 até o dia de hoje, sendo algumas inéditas, ou seja, já com um distanciamento histórico dos primórdios da modernidade brasileira”, explica Tereza de Arruda. “Não é uma mostra elaborada como um ponto final, mas sim como um ponto de partida, assim como foi a Semana de Arte Moderna de 1922 para uma discussão inovadora a atender a demanda de nosso tempo conscientes do percurso futuro guiados por protagonistas criadores”, completa a curadora.
Organizada em seis núcleos temáticos:
Liberdade; Futuro; Identidade; Natureza; Estética e Poesia a mostra apresenta pinturas, fotografias, desenhos, esculturas, instalações e novas mídias. Segundo Tereza de Arruda, por meio deste conjunto plural de obras, “a Brasilidade se mostra diversificada e miscigenada, regional e cosmopolita, popular e erudita, folclórica e urbana”.
Para aproximar ainda mais o público da Semana de 22, serão desenvolvidas, ao longo do período expositivo, uma série de atividades gratuitas no Espaço de Convivência do Programa CCBB Educativo – Arte e Educação conduzidas por educadores do centro de arte e tecnologia JA.CA. Também haverá um webappl com um conjunto compreensivo de conteúdos da mostra, garantindo a acessibilidade de todos.
LIBERDADE
Abrindo a exposição, o núcleo “Liberdade” reflete sobre as inquietações e questionamentos remanescentes do colonialismo brasileiro do período de 1530 a 1822, além de suas consequências e legado histórico. São fatores decisivos para a formação das características do contexto sociopolítico-cultural nacional, que se tornaram temas recorrentes em grande parcela da produção cultural brasileira.
Em 1922, os modernistas buscavam a ruptura dos padrões eurocentristas na cultura brasileira e hoje, os contemporâneos que integram esse núcleo – Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, José Rufino, Rosana Paulino, Farnese de Andrade, Tunga, Ge Viana e José De Quadros – buscam a revisão da história como ponto de partida de um diálogo horizontal, enfatizando a diversidade, a visibilidade e inclusão.
FUTURO
O grupo da vanguarda modernista brasileiro buscava o novo, o inovador, desconhecido, de ordem construtiva e não destrutiva. E um exemplo de futuro construtor é Brasília, a capital concebida com uma ideia utópica e considerada um dos maiores êxitos do Modernismo do Brasil. “Sua concepção, idealização e realização são uma das provas maiores da concretização de uma ideia futurista”, comenta Tereza de Arruda.
Com foco em Brasília como exemplo de utopia futurista, este núcleo reúne esboços e desenhos dos arquitetos Lina Bo Bardi, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, obra da artista Márcia Xavier, e registros captados pelo fotógrafo Joaquim Paiva e o cineasta Jorge Bodanzky.
IDENTIDADE
A busca por um perfil, uma identidade permeia a história da nação brasileira. E é partir desta busca que se forma o conjunto exibido no núcleo “Identidade”. As obras de Alex Flemming, Berna Reale, Camila Soato, Daniel Lie, Fábio Baroli, Flávio Cerqueira, Glauco Rodrigues e Maxwell Alexandre apresentam uma brasilidade com diversas facetas da população brasileira.
“Falamos aqui do “Brasil profundo”, enfatizado já em obras literárias emblemáticas e pré-modernistas como o livro “Os sertões”, de Euclides da Cunha (1866-1909), publicada em 1902. Já neste período, o Brasil estava dividido em duas partes que prevalecem até hoje: o eixo Rio-São Paulo, das elites consequência de uma economia promissora proveniente do desenvolvimento financeiro e intelectual, e consequentemente berço da Semana de Arte Moderna realizada 20 anos após esta publicação, e o sertão, desconhecido, acometido pela precariedade e desprezo de seu potencial”, reflete Tereza de Arruda.
NATUREZA
O território brasileiro é demarcado por sua vastidão, pluraridade de biomas e importância de caráter global. Neste núcleo, as obras dos artistas Armarinhos Teixeira, Caetano Dias, Gisele Camargo, Luzia Simons, Marlene Almeida, Paulo Nazareth, Rosilene Luduvico e Rodrigo Braga norteiam questões de enaltação, sustentabilidade e alerta quanto à natureza e o relacionamento do ser humano como corpo imerso no legado da “Terra brasilis”.
ESTÉTICA
Reunindo trabalhos de Barrão, Beatriz Milhazes, Cildo Meireles, Daiara Tukano, Delson Uchôa, Emmanuel Nassar, Ernesto Neto, Francisco de Almeida, Jaider Esbell, Judith Lauand, Luiz Hermano, Mira Schendel e Nelson Leirner, este núcleo surge a partir da reflexão sobre movimentos como o antropofágico, ação fundamental para o entendimento da essência da Brasilidade e um marco na história da arte do Brasil. Foi através dele que a identidade cultural nacional brasileira foi revista e passou a ser reconhecida.
E, segundo explica a curadora, isso se deu em 1928 com a publicação do “Manifesto Antropófago” publicado por Oswald de Andrade na Revista de Antropogafia de São Paulo. No texto, o poeta fazia uma associação direta à palavra “antropofagia”, em referência aos rituais de canibalismo nos quais se pregava a crença de que após engolir a carne de uma pessoa seriam concedidos ao canibal todo o poder, conhecimentos e habilidades da pessoa devorada. “A ideia de Oswald de Andrade foi a de se alimentar de técnicas e influências de outros países – neste caso, principalmente a Europa colonizadora – e, a partir daí, fomentar o desenvolvimento de uma nova estética artística brasileira. Na atualidade, como aqui vemos, não está à sombra de uma herança e manifestações europeias, mas sim autônoma e autêntica miscigenada com elementos que compõem a Brasilidade dominada por cores, ritmos, formas e assimilação do díspar universo de linguagens e meios que a norteiam”, comenta Tereza de Arruda.
POESIA
A Semana de Arte Moderna e o movimento modernista em si pleitearam a independência linguística do português do Brasil do de Portugal. Os modernistas acreditavam que o português brasileiro haveria de ser cultuado e propagado como idioma nacional.
Neste núcleo, são exibidas obras de poesia concreta, poesia visual e apoderamento da arte escrita – a escrita como arte independente, a escrita como elemento visual autônomo, a escrita como abstração sonora – dos artistas André Azevedo, Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Floriano Romano, Júlio Plaza, Lenora de Barros, Rejane Cantoni e Shirley Paes Leme.
Lista completa de artistas
Adriana Varejão, Alex Flemming, André Azevedo, Anna Bella Geiger, Armarinhos Teixeira, Arnaldo Antunes, Augusto de Campos/Júlio Plaza, Barrão, Berna Reale, Beatriz Milhazes, Camila Soato, Caetano Dias, Cildo Meireles, Daiara Tukano, Daniel Lie, Delson Uchôa, Ernesto Neto, Emmanuel Nassar, Fábio Baroli, Farnese de Andrade, Flávio Cerqueira, Floriano Romano, Francisco de Almeida, Ge Viana, Glauco Rodrigues, Gisele Camargo, Jaider Esbell, Joaquim Paiva, Jorge Bodansky, José De Quadros, José Rufino, Judith Lauand, Júlio Plaza, Lenora de Barros, Lina Bo Bardi, Lúcio Costa, Luiz Hermano, Luzia Simons, Márcia Xavier, Marlene Almeida, Maxwell Alexandre, Mira Schendel, Nelson Leirner, Oscar Niemeyer, Paulo Nazareth, Rejane Cantoni, Rodrigo Braga, Rosana Paulino, Rosilene Luduvico, Shirley Paes Leme e Tunga.
Sobre a curadora
Tereza de Arruda é mestre em História da Arte, formada pela Universidade Livre de Berlim. Vive desde 1989 entre São Paulo e Berlim. Em 2021 bolsista da Fundação Anna Polke em Colônia para pesquisa da obra de Sigmar Polke. Como curadora, colabora internacionalmente com diversas instituições e museus na realização de mostras coletivas ou monográficas, entre outras, em 2021, Art Sense Over Walls Away, Fundação Reinbeckhallen Berlin; Sergei Tchoban Futuristic Utopia or Reality, Kunsthalle Rostock; em 2019/2021, Chiharu Shiota linhas da vida, CCBB RJ-DF-SP; Chiharu Shiota linhas internas, Japan House; em 2018/2019, 50 anos de realismo – do fotorrealismo à realidade virtual, CCBB RJ-DF-SP; em 2018, Ilya e Emilia Kabakov Two Times, Kunsthalle Rostock; em 2017, Chiharu Shiota Under The Skin, Kunsthalle Rostock; Sigmar Polke Die Editionen, me collectors Room Berlin; Contraponto Acervo Sergio Carvalho, Museu da República DF; em 2015, InterAktion-Brasilien, Castelo Sacrow/Potsdam; Bill Viola na Bienal de Curitiba; Chiharu Shiota em busca do destino, SESC Pinheiros; em 2014, A arte que permanece, Acervo Chagas Freitas, Museu dos Correios DF-RJ; China Arte Brasil, OCA; em 2011, Sigmar Polke realismo capitalista e outras histórias ilustradas, MASP; India lado a lado, CCBB RJ-DF-SP e SESC; em 2010, Se não neste tempo, pintura contemporânea alemã 1989-2010, MASP. Desde 2016 é curadora associada da Kunsthalle Rostock. Curadora convidada e conselheira da Bienal de Havana desde 1997 e cocuradora da Bienal Internacional de Curitiba desde 2009.
VISITAÇÃO
O CCBB-Rio de Janeiro funciona de quarta a segunda (fecha terça), das 9h às 19h aos domingos, segundas e quartas e das 9h às 20h às quintas, sextas e sábados. A entrada do público é permitida apenas com agendamento online (eventim.com.br), o que possibilita manter um controle rígido da quantidade de pessoas no prédio. Ainda conta com fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento.
Prêmio PIPA 2021
18/ago
Representada pela Galeria Kogan Amaro, São Paulo, SP, a gravadora Luisa Almeida foi indicada ao Prêmio PIPA 2021. Luisa Almeida se especializou em xilogravuras de grandes formatos e utiliza o alto contraste presente na técnica para se relacionar com sua temática-chave: retratos de mulheres e meninas empunhando armas de fogo no cotidiano. O que propõe é uma investigação sobre relações simbólicas presentes nesse objeto.
Também cenógrafa de óperas e peças teatrais, Luisa mescla recursos cênicos na concepção de sua obra, dando à luz instalações xilográficas. Parte de sua pesquisa se aprofunda em processos alternativos para a impressão de gravuras gigantes, como veículos, empilhadeiras e rolos compressores. Atualmente, é mestranda em Artes pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), mesma instituição onde se formou em 2017. Recebeu menções honrosas no 47º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba (2015) e na Mostra Comemorativa dos 30 anos do Museu da Xilogravura, em Campos do Jordão (2017). Nascida em Viçosa, MG, 1993. Vive e trabalha em São Paulo, SP.
Carlos Mélo na Galeria Kogan Amaro
16/ago
O artista multimídia Carlos Mélo reflete sobre o Nordeste em exposição inédita na Galeria Kogan Amaro. Obras em diferentes suportes utilizam-se de jogos de imagens e palavras para desmontar o estereótipo da região brasileira. As flexões semânticas são características marcantes no trabalho processual de Carlos Mélo. É a partir delas que o artista articula e ativa determinados assuntos, como a questão do lugar, especificamente o Agreste e o Nordeste, locais investigados pelo artista na exposição “Transes, rituais e substâncias”, cartaz da Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulistano, São Paulo, SP.
Pinturas, fotografias, esculturas, desenhos e painel de neon são alguns dos suportes do conjunto de 16 obras inéditas exibidas na mostra. Em comum, elas buscam desfazer a ideia de nordeste, construindo um novo campo simbólico. “Todo meu trabalho artístico em torno das questões do nordeste tem como objetivo desmontar o estereótipo do Nordeste como o lugar com determinada comida, um sotaque determinado e com o chão rachado. A minha perspectiva é de uma região contemporânea, industrial e tecnológica, aonde as questões se dão a partir de uma realidade que não depende necessariamente da localização geográfica, mas sim de um campo simbólico.”, explica o artista.
Três esculturas têxtis da série “Overlock”, apontam para a forte produção da indústria de jeans no Agreste do Pernambuco. As obras são produzidas com diversos tecidos produzidos artesanalmente por uma cooperativa de costureiras que utilizam resíduos de fabricas de confecções. As esculturas criam uma forte referência às golas do maracatu, a mantos cerimoniais, e trazem uma reflexão em torno da modelagem e customização (paetês e spikes) das confecções de jeans na indústria no interior do estado.
Durante o período em que se aprofundava sobre a indústria têxtil, Carlos constatou o número crescente de motos com a finalidade de transporte de mercadoria, tanto no agreste, como no interior do Brasil, além do grande número de motoboys na cidade devido à pandemia. O resultado é a escultura com capacetes “Cascos”, produzidas com resíduos de capacetes em desuso pelos motoboys de Itu onde o artista residiu e coletou em cooperação com a Associação de Motoboys da cidade.
A série “Abismos” apresenta três autorretratos que carregam referências ao Nordeste. Em um deles, a figura com cabeça de carranca, cria uma forte relação com as mitologias do Rio São Francisco e seus projetos de transposição representado com a cabeça de uma carranca, em outro desenho o homem parece flutuar coberto de ossos bovinos carregando entres as mãos um ramalhete de flores, e a terceira imagem traz um corpo barroco onde é possível notar um conjunto de ossos, capacete e flores sobre parte do corpo vestido com uma calça jeans.
Uma série de fotografias e um backlight, advindos de uma performance de longa duração compõem a série “Sapukaia” (ave que grita ou galinha, no vocabulário tupi). Nela, o artista aparece vestido com um paletó em meio a uma paisagem com galinhas vivas sobre o seu corpo. “Os meus trabalhos artísticos ocorrem a partir do ritual e do transe. Eles surgem a partir da ativação deste lugar, deste território. No caso, este trabalho ativa novos campos simbolistas em meio ao impacto cultural e ambiental causado pela presença das indústrias na região.”, pontua Carlos Mélo.
Texto curatorial
Carlos Melo é uma invenção de si mesmo. Artista, humanista, escritor e poeta. Pernambucano, estudioso, de fala branda. Carlos é uma fera! Conquistou prêmios, bolsas e reconhecimentos públicos. Seu trabalho fala com as vísceras. Essa exposição revela uma parte da sua obra. Desenhos, pinturas, fotografias, esculturas, vídeos e performance. Tudo para nos fazer sentir o gosto da sua terra. Carlos incorpora mitos e tradições religiosas em sua poética visual. Retomando ritos e costumes dos povos originários. Carlos é um pesquisador e desbravador da nossa língua. Expandindo significados e interpretações. Carlos Melo é um artista completo. Dos pés a cabeça. Seu legado é uma esfinge. Tenho muito orgulho e admiração pelo seu trabalho e pela nossa amizade.
Marcos Amaro – julho de 2021
Sobre o artista
Riacho das Almas, Pernambuco – Brasil, 1969.
Carlos Mélo é um artista plástico brasileiro, nascido em Permanbuco, uma região formada por uma cultura complexa vista por várias nações africanas, algumas tribos indígenas e europeias de origem Moura. Seus trabalhos passam por vídeo, fotografia, desenhos, instalação, escultura e performance, em uma investigação do lugar que o corpo ocupa no mundo. Através de anagramas e ações de performance, o artista aborda imagens e palavras praticando o contorcionismo semântico. Busca convergir o corpo em situações de interação com o ambiente e imagens conceituais que sugerem que seja definido de forma relacional, operando simultaneamente um resgate de aspectos da formação cultural brasileira. Para Suely Rolnik, “a obra de Carlos demarca um território, ou melhor, o estabelece. Como nos animais, isso é feito por meio de dispositivos sempre ritualizados, que são, sobretudo, ritmos. No entanto, diferentemente dos animais. Aqui, o ritual e seu ritmo mudam constantemente; são inventados a cada vez, dependendo do ambiente em que são feitos e do campo problemático que procuram enfrentar, para isso o artista se instala na imanência do mundo, aos pés do real vivo, apenas apreensível pelo carinho.”
Idealizou e realizou a 1ª Bienal do Barro do Brasil, Caruaru (2014). Participou de exposições coletivas como a 3ª Bienal da Bahia, Salvador (2014); No Krannert Art Museum, Universidade de Illinois, Champaign, EUA. (2013); No Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife (2010 e 1999); No Itaú Cultural, São Paulo (2008, 2005, 2002 e 1999); Entre outras. Exposições individuais foram realizadas na Galeria 3 + 1, Lisboa, Portugal (2010); No Paço das Artes, São Paulo (2004); E na Fundação Joaquim Nabuco (Recife, Brasil, 2000). Foi vencedor do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas (2006). Vive e trabalha em Recife.
Exposição virtual de Floriano Romano
11/ago
Foi inaugurada no dia 10 de agosto a exposição virtual “Cidade Labirinto”, com obras inéditas do artista Floriano Romano, pioneiro na criação de trabalhos que combinam instalação, performance e som. Totalmente digital, a mostra será apresentada na plataforma www.cidadelabirinto.art, de fácil navegação e inteiramente acessível a deficientes visuais e auditivos. A exposição é apresentada pelo Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc.
“’Cidade Labirinto’ é sobre construir uma cidade imaginária a partir da escuta e da memória coletiva das ruas. Quantos são os inúmeros mapas afetivos que existem na cidade, que estão contidos em sua extensão? Quem são as pessoas que vivem ali e quais suas histórias? Quais são os territórios demarcados por suas escolhas e quem os construiu? Escutar a cidade nos faz enxergar o outro. Suas ruas e becos nos levam a locais de encontro onde convivemos com a diferença”, diz o artista Floriano Romano.
A exposição apresenta uma experiência sonora para o público, através de obras inéditas, produzidas este ano. “Tablado número 30” é uma instalação sonora composta por um grande tablado amarelo, com diversas caixas de som e um grande nicho preto redondo no centro, de onde é possível ouvir gravações de sons das ruas do Rio de Janeiro. A fim de ser documentada para a exposição digital “Cidade Labirinto”, a obra foi montada no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica em maio deste ano e será apresentada pela primeira vez. No vídeo, Floriano Romano interage com o trabalho, deitando na obra, entrando no nicho e vestindo uma máscara de gás, que possui uma caixa de som no bocal. O público poderá acompanhar essa experiência, vendo o artista vivenciar a obra e ouvindo os sons, que são mesclados com um áudio no qual Romano declama um texto de sua autoria sobre a cidade.
Já a obra “Cidade Sensível” será inteiramente sonora e estará dividida em três partes. Com microfones acoplados ao corpo, de forma invisível para não chamar a atenção, o artista percorreu três locais históricos da cidade do Rio de Janeiro: a Praça Mauá, a Cinelândia e a Pedra do Sal, gravando os sons ambientes, que são sobrepostos a uma narrativa ficcional em que o artista reflete enquanto caminha pelas ruas vazias do centro da cidade durante a pandemia da Covid-19. Para vivenciar esta obra sonora, Romano sugere que se feche os olhos e coloque um fone de ouvido, para que se possa imergir na obra, absorvendo de forma total os sons gravados nestes três locais.
Além de estarem acessíveis na plataforma da exposição, as três partes da obra “Cidade Sensível” também estarão disponíveis em formato podcast nas maiores plataformas de streaming de música. “A cidade tem camadas: sonoras, históricas, de experiência vivida. Caminhar pelas ruas é o exercício de absorver essas camadas pela escuta e imaginar a cidade que queremos, conhecer nosso passado e nos engajarmos em um presente melhor”, ressalta o artista.
Além da exposição
A mostra será acompanhada de um catálogo bilíngue (português e inglês), também digital, que poderá ser baixado gratuitamente na plataforma da exposição. Com 23 páginas, ele trará imagens e áudios das obras “Tablado número 30” e das três partes de “Cidade Sensível” – Praça Mauá, Cinelândia e Pedra do Sal -, que compõem a exposição, além de textos informativos sobre os trabalhos.
A fim de enriquecer a experiência e traçar um panorama da trajetória de Floriano Romano e de suas obras sonoras, também integram o catálogo informações sobre outras três mostras de destaque da trajetória do artista: “Muro de Som” (2016), no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas; “Errância” (2016), no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro e “Sonar” (2013), na Casa de Cultura Laura Alvim, acompanhados de textos dos curadores Guilherme Bueno, João Paulo Quintella e Gloria Ferreira, respectivamente.
Também está prevista uma live, aberta ao público, com o artista em setembro, na qual ele falará sobre o projeto, sobre as obras apresentadas e sobre o seu percurso na arte.
Sobre o artista
Floriano Romano nasceu no Rio de Janeiro, 1969. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, artista e radioartista contemporâneo que utiliza o som em suas instalações, objetos e ações urbanas desde 2002. Sua produção parte do imaginário e do texto para diversas abordagens sobre o som nas artes visuais. Seus trabalhos abrangem a radioarte, a poesia sonora e a performance. A cidade e a memória são recorrentes na sua obra assim como o ato de caminhar e sua experiência sensível. Produz programas de rádio como esculturas sonoras no espaço urbano desde o ano de 2002. Ganhou, entre outros, o Prêmio CCBB Arte Contemporânea, Prêmio Marcantonio Vilaça, da Fundação Nacional de Artes, com a obra “Chuveiros Sonoros”, realizada para a 9ª Bienal do Mercosul/Grito e Escuta e o Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea, com a exposição “A Cidade Sonora”. Foi artista residente no “Programa dos Ateliers da Lada”, na Cidade do Porto, em Portugal, e na Residência HOBRA, Brasil-Holanda. É professor do curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Até 10 de Outubro.
O impacto da Pandemia
14/jul
A Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, de 14 de julho a 27 de agosto, “Latinamerica 2020”, conjunto de trabalhos produzidos desde o início da pandemia pela artista Gabriela Noujaim. Os trabalhos estarão reunidos em um espaço dedicado à artista, e também em uma caixa, com edição limitada. O conjunto é composto por serigrafias em diversos suportes, como uma máscara cirúrgica – com imagens visíveis e “ocultas”, em tinta ultravioleta e só reveladas com luz negra -, um vídeo (em pendrive) e um livro trilíngue (port/esp/ingl) com depoimentos de sete mulheres que relataram suas experiências durante o período da pandemia em 2020.
O conjunto de obras foi iniciado em abril do ano passado quando a artista imprimiu o mapa da América Latina, em vermelho, sobre máscaras cirúrgicas, que em seguida foram enviadas para profissionais da saúde e para mulheres de diversas regiões e áreas de atuação. Como parte do trabalho, as mulheres, em seu ambiente de trabalho, fizeram selfies com a máscara, e enviaram a foto para a artista. Os retratos dessas mulheres integram um vídeo feito também em 2020, e ilustram sete relatos, sobre suas experiências durante a pandemia, que estão no livro. Será exibido ainda na galeria o vídeo “Mulheres Latinamerica 2020” (3′ 33″), que está em um pendrive na caixa-experiência de Gabriela Noujaim.
A palavra da artista
O impacto da pandemia nas mulheres se tornou algo latente, revelando questões extremamente urgentes na América Latina, como as condições precárias de trabalhos informais – cuidadoras e empregadas domésticas, por exemplo – além do aumento da violência contra a mulher, e ainda os casos de mortes pelo vírus entre as indígenas.
Catálogo de obras do MACRS
30/jun
Ficou pronto e já foi lançado o Catálogo Geral de Obras do Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS). O projeto Arte Contemporânea RS, responsável por esta ação fundamental no campo das artes visuais, direcionou seu olhar para a catalogação do acervo do MACRS, resultando em uma publicação em formato impresso e digital. O cuidadoso trabalho desenvolvido pela equipe de pesquisa, coordenado pela gestora e produtora cultural Vera Pellin, e orientado pela pesquisadora e curadora do projeto Maria Amélia Bulhões, catalogou 1813 obras de 921 artistas.
Em edição trilíngue (português, espanhol e inglês), o catálogo também é apresentado em versão online gratuita para download no site www.acervomacrs.com. A versão impressa é composta de 304 páginas e tem tiragem de 1.200 exemplares, a distribuição será administrada pela Associação de Amigos do MACRS (AAMACRS).
O processo de trabalho, realizado pelo conjunto de profissionais e colaboradores, incluiu as etapas de pesquisa, documentação, digitalização, edição e impressão, demandando intensa dedicação, atenção e aprendizado. Entre os possíveis desdobramentos do projeto está a difusão e divulgação em diferentes mídias deste acervo de arte contemporânea que vem se constituindo ao longo de quase três décadas. Diferentes visões de mundo e expressões a respeito do nosso tempo disponíveis a partir de agora em condição permanente. A partir do olhar desta geração de artistas se manifesta a história da arte contemporânea no Rio Grande do Sul, sendo o MACRS o principal Museu do estado focado nas atividades de preservação e conservação desta memória para as gerações futuras.
“A edição do Catálogo do Acervo do MACRS, com 1813 obras de 921 artistas, tem caráter inédito e viabilizará à comunidade artística a promoção, difusão, preservação e acesso à informação deste valioso patrimônio cultural, além de fonte de pesquisa ao público especializado e interessado. Sua edição impressa e digital possibilitará a emersão de novos processos de leitura e significação da arte ao conhecer, de forma ampliada, todas as obras que compõem este valioso acervo, suas linguagens, diversidade de técnicas e práticas artísticas”, afirma Vera Pellin.
Para o diretor do MACRS, André Venzon, a publicação é um forte indício da consistência desse caminho do Museu, de resgate da biografia desses artistas, doadores, gestores, servidores, estagiários e colaboradores que apontaram essa história, do seu início até hoje, para as novas gerações. “Trata-se de uma publicação indispensável para todos que desejam conhecer mais sobre arte contemporânea, com toda a força e pluralidade que a sua produção representa.”
“Compartilho de uma emoção coletiva ao finalizar o projeto Arte Contemporânea RS, destinado à catalogação do acervo do MACRS, que foi um grande desafio para todos os colaboradores e uma realização pessoal e institucional”, afirma a curadora Maria Amélia Bulhões. Para a professora e pesquisadora da UFRGS, “agora é possível olhar a totalidade do trabalho desenvolvido e perceber a amplitude e diversidade desse acervo, ondem se destacam obras em fotografia (469) e gravura (422), seguidas de pintura (236), desenho (167) e escultura (126), além de categorias mais recentes como vídeo (82) e livros de artistas (30), entre outras”.
A leitura da publicação, assim como da exposição, propõe um exercício experimental de compreensão, que amplia significados sem criar categorias ou estereótipos, destacando obras que marcam significativamente mudanças de perspectiva na produção artística da contemporaneidade, por suas estratégias, seus recursos materiais, formais ou de conteúdo. “Certas obras investigam os universos não hegemônicos, como o feminino, o negro, o indígena ou o marginal, procurando instaurar no sistema da arte a crítica e os debates de gênero, etnias e relações sociais conflitantes. O corpo é forte presença, colocando em pauta aspectos reprimidos da sexualidade. A relação com todas essas problemáticas tem espaço no conjunto da coleção”, complementa a curadora.
O projeto ainda contempla uma significativa exposição do acervo no MACRS, que pode ser conferida até 22 de agosto, com curadoria de Maria Amélia Bulhões, nas galerias Sotero Cosme e Xico Stockinger, além do espaço Vasco Prado, no 6º andar da Casa de Cultura Mário Quintana. De forma presencial e também virtual, o público pode conferir mais de setenta obras em diferentes suportes, marcando a multiplicidade e representatividade desse acervo.
Mostra individual de Arthur Scovino
O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, em parceria com o projeto de extensão Arte & Curadoria, vinculado ao Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), apresenta “Lágrimas de Nossa Senhora”, sétima exposição individual de Arthur Scovino, artista licenciado em Desenho e Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) que investiga símbolos atravessadores do afeto subjetivo e da memória cultural, a partir da presença pulsante do seu corpo.
Presente em coleções do Museu de Arte Moderna da Bahia, com participação marcada na 3ª Bienal da Bahia e na 31ª Bienal de São Paulo, o artista já indicado três vezes ao Prêmio Pipa agora apresenta parte da sua produção no Paço Imperial, lugar onde iniciou seu contato com as exposições cariocas e conheceu A Imagem do Som, uma série de exibições que propunham interpretações de canções brasileiras por artistas contemporâneos. Esse encontro instigou a relação do artista com a música popular brasileira e as capas de discos, desdobrando-se inclusive na realização da mostra individual, inspirada na música “Um Índio”, de Caetano Veloso. A partir dessa canção, Arthur Scovino, na busca do “ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico”, propõe uma relação com pontos do Brasil e suas paisagens, como a capital do Estado do Mato Grosso.
Com curadoria de Marcelo Campos e assistência dos colaboradores do Arte & Curadoria, projeto universitário de sua coordenação, a individual apresenta alguns trabalhos inéditos e a instalação “Lágrimas de Nossa Senhora”, uma referência às sementes presentes nas contas de rosário, utilizadas em cultos católicos e afro-brasileiros, que são fiadas pelo artista junto a meditações durante suas ativações performáticas. A exposição homônima propõe um encontro entre o simbólico e o terreno, apresentando articulações de ícones religiosos da cultura brasileira, e suas potências visuais múltiplas, estabelecendo um pensamento mágico que, como um sismógrafo de epifanias, busca captar em cada gesto e, em cada movimento, os sinais que a terra pode nos apresentar.
Em exibição de 08 de julho a 26 de setembro.
Mostra inédita e eclética de doações
25/jun
Entrou em cartaz e permanecendo até 20 de agosto na Pinacoteca Aldo Locatelli, Paço dos Açorianos, Porto Alegre, RS, a exposição “A Arte Pode Ser Eu?”. A mostra exibe o conjunto de obras doadas pelo advogado, executivo, gestor e colecionador Luiz Inácio Franco de Medeiros para a Pinacoteca Aldo Locatelli.
Destaca-se a variedade de estilos do conjunto, que entre 2015 e 2020, o colecionador generosamente repassou para o acervo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. A mostra reúne nove gravuras, três desenhos, duas pinturas, duas esculturas e uma tapeçaria. Obras assinadas por artistas brasileiros, argentinos, poloneses, japoneses, franceses e por um húngaro naturalizado americano.
O colecionador manteve interesse em diferentes linguagens, estilos, técnicas e temáticas. Seu olhar apurado apreendeu novas informações estéticas e as trouxe à cidade natal, sem nunca descuidar do que era produzido em Porto Alegre, onde permaneceu até o final de sua vida. Datadas do século XIX até 2003, as obras transitam do figurativo de matriz expressionista, como a pintura de Magliani ou o desenho de Babinski, até peças abstratas, como a litogravura de Tadeusz Lapinski ou a tapeçaria de Carla Obino, além de desenho de Roth e uma pintura de Farnese de Andrade. A escultura, que representa um modelo feminino, de autoria de Nico Rocha coabitou o apartamento de Luiz Inácio Franco de Medeiros com a peça abstrato-geométrica de Ladislas Segy, de modo que não é possível identificar um gosto específico ou predileção formal nas escolhas do colecionador.
O conjunto aponta o trajeto de um personagem fundamental para a compreensão do sistema de arte em Porto Alegre nas últimas décadas que, informado pelas mais diversas tendências internacionais, não perdeu a conexão com os novos artistas gaúchos, os quais estimulava através de suas múltiplas aquisições.
O porto-alegrense Luiz Inácio Franco de Medeiros (1943 -2021) foi um homem que imprimiu a sua marca onde atuou, seja no meio empresarial ou cultural. Tornou-se conhecido por gestões decisivas e inovadoras como diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul e, posteriormente, do Museu Júlio de Castilhos. Sua atuação foi fundamental para a consolidação do campo museológico do Rio Grande do Sul, sendo o primeiro museólogo registrado no Conselho Regional de Museologia e, também, o primeiro presidente. Foi agraciado em 2010 com a Medalha do Mérito Museológico pelo Conselho Federal de Museologia. Como diretor do MARGS (1975 – 1979) foi o responsável pela transferência do museu para a atual sede na Praça da Alfândega; modernizando a sua organização, adaptando tecnicamente o prédio histórico para as novas funções e promovendo projetos que levaram a arte ao público em geral, com o museu indo até às escolas, fábricas, ao Presídio Central e ao Hospital Psiquiátrico São Pedro. No Museu Júlio de Castilhos entre 1983 e 1987, deu início às obras que ampliaram o espaço físico da instituição, levou o museu ao encontro do público através de passeios culturais no centro histórico de Porto Alegre, criou o laboratório de conservação e restauro e criação da Associação de Amigos. Foi um dos grandes doadores de obras para o Museu Júlio de Castilhos e, também, para a Pinacoteca Aldo Locatelli, (chegando a quase 20 obras). Em 2016 participou ativamente da fundação da Associação de Amigos das Pinacotecas de Porto Alegre – AAPIPA, sendo conselheiro da entidade por duas gestões.