Diplomacia Cultural e o Cinema Brasileiro

27/fev

 

 

Por Instituto Ling

Quando e onde:

Data e hora: sex, 3 de março de 2023, 18:00 – 21:00

Instituto Ling João Caetano, 440 – Três Figueiras – Porto Alegre – RS – 90470260

 

Sobre este evento

O Curso de Relações Internacionais da ESPM-POA convida todos, em ritmo de aula inaugural, para celebrar, conhecer e debater o tema da Diplomacia Cultural, com a autora Manuela Fetter Nicoletti e sua convidada especial, a Cônsul da Áustria Dra. Kathrin Rosenfield.

18h: Sessão de autógrafos

19h: Brinde comemorativo

19h30: Apresentação e debate no Auditório

 

Sinopse do Livro:

Refletir sobre o tema da diplomacia cultural pode ser considerado tanto um grande desafio quanto um imenso deleite. De um lado, porque se trata de um termo pouco discutido no âmbito nacional, mesmo que amplamente abordado no meio internacional. E sob outro ponto de vista, também aborda um tópico paradoxalmente condicionado a abstração conceitual. É dizer, quanto mais tentamos definir ou delimitar esta atividade em teoria, menos a enxergamos na prática. Quando a diplomacia perde sua subjetividade para adquirir uma descrição objetiva, ela se torna política externa ou prática de desenvolvimento cultural. E é aqui que decidi inserir nosso caro cinema em perspectiva, para que através da observação da sua circulação internacional, ele nos evidencie as principais dinâmicas, os agentes protagonistas e principalmente, os caminhos da diplomacia cultural no Brasil. De maneira elíptica, este livro se posiciona na corda bamba do limiar técnico-interpretativo sobre as nuances diplomáticas e culturais. A parte desafiadora é dissolvida pelo lado técnico e a amplitude de interpretação é plano de fundo ao deleite de leitura.

 

Manuela Fetter Nicoletti – Autora

Formada em Relações Internacionais e Administração de Empresas, Manuela Fetter é fundadora da LORA, onde atua como curadora e internacionalista, propondo pontes e cruzamentos entre expressões artísticas culturais e o audiovisual. Mestre pela PUCRS, na área de comunicação social, em que pesquisou o papel ativador da diplomacia cultural na cadeia de valor cinematográfica. À frente da LORA, já promoveu mais de 50 eventos de cinema de rua na capital gaúcha, em centros culturais, museus e galerias, já trouxe para o Brasil mais de 90 filmes licenciados e legendados em português. Tem como missão expandir o alcance da diplomacia cultural nos estudos das Relações Internacionais e seus benefícios para outras áreas de pesquisa, promovendo assim uma maior interação acadêmica e profissional para o mercado cultural.

 

Sobre Kathrin Holzermayr Rosenfield

Austríaca de origem, fez sua formação nas universidades de Viena, Salzburg e em Paris: na Áustria, em Artes Cênicas e Literaturas alemã, francesa e anglo-americana; na Sorbonne (literatura e psicologia clínica); ela fez sua tese sob a direção de Jacques Le Goff, na École des Hautes Études/Paris (antropologia histórica). É professora titular no Depto. de Filosofia da UFRGS, e atua no PPG Letras e no PPG Filosofia da UFRGS. Também autora de vários livros sobre literatura e filosofia, arte, estética e psicanálise. Seus livros iluminam a partir de perspectivas interdisciplinares clássicos da filosofia e da literatura mundiais. Seu ensaio Desenveredando Rosa – a obra de J.G.Rosa ganhou o prêmio Mário de Andrade. Recentemente publicou a Introdução e os comentários para Antígona de Sófocles (trad. L.F. Pereira, Penguin-Cia.das Letras 2022); as traduções comentadas das novelas de Robert Musil, Uniões (Perspectiva, 2018) e R. Musil, Ensaios 1900-1919 (Perspectiva 2021); além do verbete “Inconsciente” (Palavras da Crítica, online). O segundo volume dos Ensaios 1919-1942 será lançado em 2023. Na chegada ao Brasil em 1984, Kathrin iniciou sua carreira em Porto Alegre como psicanalista e manteve o trabalho clínico até tornar-se professora adjunta na UFRGS. Dirige diversos projetos e grupos de pesquisa dentro e fora do âmbito da universidade, em particular, projetos vinculando a pesquisa acadêmica com eventos artísticos (exposições, podcasts e videocasts envolvendo artes plásticas e literatura; dramaturgia e produção de espetáculos como Antígone ou Hamlet (com Luciano Alabarse e tradução de L.F. Pereira). Atua também em programas de TV como “Direito e Literatura”, Canal 247, entre outros.

Catalogação da obra de Lorenzato

15/fev

 

Foi lançado no mês passado o Projeto Amadeo Luciano Lorenzato, que busca identificar e catalogar as obras do artista mineiro em uma plataforma digital, contínua e aberta. Com apoio do Itaú Cultural, a iniciativa partiu do galerista Thiago Gomide, mineiro como Lorenzato, e que tem o artista no elenco e de sua Gomide & Co.

Segundo o pesquisador Mateus Nunes, que coordena o projeto, Gomide “sempre foi atento à importância do artista, que tinha seus debates muito restritos a Minas Gerais” e ele sentia a necessidade de “enfatizar a presença de Lorenzato na história da arte em um panorama mais amplo”. Nunes é doutor em História da Arte pela Universidade de Lisboa, professor do MASP e pesquisador integrado do Instituto de História da Arte da Universidade de Lisboa.

“A submissão pelo formulário objetiva, sobretudo, alcançar uma capilaridade em que a pesquisa de campo que empreendemos não chega, como as coleções particulares de muitos colecionadores”, Mateus Nunes, coordenador geral do Projeto Lorenzato

Por ora, foram catalogadas em torno de 300 obras, e há cerca de outros 100 trabalhos submetidos pela plataforma do site. De acordo com Nunes, Gomide estima que Lorenzato tenha entre 3 mil e 4 mil obras espalhadas pelo mundo. A catalogação do Projeto Amadeo Luciano Lorenzato feita a partir da submissão dos formulários, conta ele, tem sido minoritária. Para o lançamento, foi formado um banco de dados de centenas de obras a partir de pesquisa de campo em galerias e instituições de arte, além de publicações, catálogos, exibições em exposições, etc.

“A submissão pelo formulário objetiva, sobretudo, alcançar uma capilaridade em que a pesquisa de campo que empreendemos não chega, como as coleções particulares de muitos colecionadores”, diz o pesquisador à arte!brasileiros, explicando que, além de três pessoas que trabalham diretamente na catalogação, as equipes das galerias e instituições de arte colaboradoras têm ajudado, cedendo imagens, fichas técnicas e pesquisas já presentes em seus próprios bancos de dados.

Nos próximos meses, será feita a primeira assembleia do Conselho Consultivo, presidido por Thiago Gomide, para a análise e deliberação do que vem sendo submetido por meio da plataforma. Entre os membros pesquisadores do Conselho estão Rodrigo Moura, autor de Lorenzato, livro publicado pela editora Ubu, e curador do El Museo del Barrio, em Nova York; Sabrina Sedlmayer, Laymert Garcia dos Santos e Luisa Duarte; os galeristas Vilma Eid, Pedro Mendes, Rodrigo Ratton e James Green; e Rui Terenzi Neuenschwander, colecionador de arte e primo de segundo grau do artista.

 

Trajetória

Amadeu Luciano Lorenzato (1900-1995) nasceu e morreu em Belo Horizonte, capital mineira. Ao longo de sua trajetória, atuou como pintor e escultor. Mudou-se com a família em 1920 para Arsiero (Itália), onde trabalhou como pintor de paredes. Estudou na Reale Accademia delle Arti, em Vicenza. Em 1926, foi para Roma, onde ficou dois anos em companhia do pintor e cartazista holandês Cornelius Keesman, com quem desenhava nos fins de semana. Em 1928, ambos iniciaram uma viagem de bicicleta ao leste europeu, passando por Áustria, Eslováquia, Hungria, Bulgária e Turquia. Em Paris, participou da montagem dos pavilhões da Exposição Internacional Colonial. No início da década de 1930, voltou para a Itália, onde permaneceu até 1948, quando retornou ao Brasil. Em BH, retomou o ofício de pintor de paredes até meados dos anos 1950, quando, devido a um acidente, passou a se dedicar apenas à pintura. No comunicado de lançamento do projeto, Mateus Nunes ressalta que Lorenzato “é um artista que não obedece a moldes historiográficos usuais, como enquadramento em estilos, foi fora do eixo Rio-SP e utilizava técnicas não usuais”. O texto salienta ainda aspectos em oposição na produção de Lorenzato: figurativo versus abstrato, estética brasileira versus internacional, imaginário versus autêntico. Para Nunes, Lorenzato era o próprio denominador comum de sua obra.

“Ele fazia congregar esses opostos de maneira híbrida, erudita e intuitiva, ao ponto de manipular ferramentas visuais, como a perspectiva, por exemplo, para a criação de uma atmosfera nostálgica. O Projeto Amadeo Luciano Lorenzato refrisa o aspecto autobiográfico na produção do artista”, diz.

O pesquisador destaca também que a prática de Lorenzato, iniciada na década de 1920, percorreu um longo caminho até 1964 – as pinturas anteriores a 1948, ano em que retornou ao Brasil, foram destruídas durante a Segunda Guerra, conta ele -, quando apresentou alguns trabalhos aos críticos de arte Sérgio Maldonado e Palhano Júnior, responsáveis pela organização de suas primeiras mostras individuais. Ainda em vida, no início dos anos 1970, Lorenzato participou de exposições internacionais, na antiga Checoslováquia e na França.

“(O trabalho de Lorenzato) ficou por mais de 40 anos sendo exposto apenas no Brasil, com quase todas as mostras sendo feitas em Minas Gerais. Os debates foram reavivados há cinco anos, quando Lorenzato foi reinserido no panorama de discussão global, com exposições em Londres e em Nova York”, Mateus Nunes, coordenador geral do Projeto Lorenzato

“Depois dessas participações, seu trabalho ficou por mais de 40 anos sendo exposto apenas no Brasil, com quase todas as mostras sendo feitas em Minas Gerais. Os debates foram reavivados há cinco anos, quando Lorenzato foi reinserido no panorama de discussão global, com exposições em Londres e em Nova York. O objetivo do projeto é que, por meio da catalogação, Lorenzato tenha uma repercussão digna ao tamanho de sua obra tanto no Brasil quando no exterior”, afirma Nunes.

 

Obra dispersa

Um dos principais desafios do Projeto é saber que se trata de um arquivo em constante expansão. O pesquisador lembra também que a obra de Lorenzato é bastante dispersa. Por exemplo, foram identificados indícios da presença de um trabalho feito pelo artista no período em que colaborou com Cornelius Keesman, “mas ainda sem grandes descobertas”, segundo Nunes, que considera as obras feitas à época na Itália “de muito difícil rastreamento”. Daí a necessidade de que os processos do Projeto ocorram em parte online:

“Ele pede uma plataforma aberta, que solicite aos colecionadores e pesquisadores o envio de obras para análise e catalogação. Há peculiaridades menos específicas, como acontece na catalogação das obras muitos artistas, como imprecisão de datas, falta de registros fotográficos que sigam um certo padrão de qualidade para um banco de dados padronizado e pouquíssima bibliografia acerca de Lorenzato”, explica. “A catalogação geral deve durar alguns anos e ficar sempre aberta a novas análises. É possível que, no futuro, exposições e publicações sejam fomentadas a partir do Projeto, mas não há planos para desenvolvê-los em um futuro próximo”.

 

Fonte: por Eduardo Simões em arte!brasileiros

 Novo livro de Diógenes Moura

25/jan

 

A Editora Noir, promove o lançamento do livro “Minhocão” de autoria de Diógenes Moura em São Paulo dia 25 de janeiro,  das 15h às 18h na Livraria Martins Fontes, Avenida Paulista, 509.

Em seu novo  livro,  Diógenes  Moura apresenta contos sobre  os inescapáveis destinos dos que vivem às margens do mais famoso viaduto de São Paulo. Em capítulos curtos, secos, vastos, e em situações limites e tragicômicas, “Minhocão” faz da arquitetura do seu elevado de concreto a geografia dos que habitam os dois lados  da “cicatriz” urbana,  com  suas vidas  recônditas e alquebradas, dentro e fora dos seus apartamentos, com  vistas  para o vazio  e o nada da metrópole.

“Este livro  traz uma  coleção de gente que  habita a veia  desalumiada do centro da cidade. Uma anomalia encravada, onde  resta  um grau  de vaidade, o enfeite na fala, no corpo e na casa. O mundo em ruínas e a redenção vaza, tímida, entre  os escombros”.

 

Beto  Brant (Cineasta) Trecho da orelha  do livro.

O escritor Diógenes  Moura  é um  observador e perscrutador da  região em  que mora  em São Paulo, o bairro Campos Elíseos e seus entornos, deste 1989, vindo de Salvador, a cidade que primeiro o recebeu com  sua família pernambucana.

Na metrópole onde  os homens quase  não mais conseguem desafiar os deuses, o autor construiu e alargou sua literatura, demarcada por  personagens que  lidam com  seus abismos,  abandonos e loucuras, tendo no retrovisor suas vidas  atordoadas e/ou desfeitas em seus lugares  de origem, restando à cidade de São Paulo a missão de perpetuar ou encurtar suas existências.

Em seu novo  livro  de contos Minhocão (Editora Noir),  Diógenes  Moura aproveita a experiência de ter frequentado por  sete anos o Elevado Presidente João  Goulart, com  uma  caderneta, um  lápis  e um  olhar  muito atentos não  somente para  o que acontecia em seus caminhos de concreto, mas, principalmente, para os habitantes dos apartamentos que margeiam os dois lados do viaduto.

“Ao longo desse  período e de  uma  pandemia no  meio,  ele (Diógenes Moura) se sentou no meio-fio do Minhocão e passou  a buscar  vidas  dos dois  lados  daquelas pistas elevadas que escondem a miséria  sob seus pés e que passam a impressão de levar  todos a qualquer lugar.  Mas a sensação  é de um enorme presídio de desejos, sonhos  e fantasias, de onde  não se sairá jamais”,  escreve  o jornalista, escritor e editor Gonçalo Junior,  na quarta capa do livro.

Com sua dicção peculiar, sua geografia humana  muito particular e uma escrita concisa  e abundante em  acontecimentos, Minhocão faz um  retrato devastador  sobre  nós  mesmos,  o  que  não  enxergamos e o  que  tentamos  esconder, com  personagens ordinários, vivendo  no  limite de  suas condições materiais, desejos  e frustrações, tendo como refúgio, seus apartamentos-cubículos, com seus  objetos envelhecidos e resquícios de  vidas  natimortas. Um  retrato sem arrodeio de uma sociedade high  tech que teima em se autopropagar moderna, civilizada e bondosa.

 

Trechos do livro:

“Em um dia de domingo qualquer, tantos uns, tantos outros, Cesário  Triste saiu de casa com  uma  caderneta e um lápis  e entrou na padaria da esquina.  Tomou café com  leite, engoliu três bolinhas embranquecidas para não endoidar, subiu  a rampa em direção ao viaduto, sentou-se na listra branca que divide as duas pistas  e morreu. Em outro domingo qualquer, arregalou os olhos  e começou a girar  a cabeça de um lado  para  o outro como se estivesse sendo  exorcizado. Com  as pupilas dilatadas  pelo  susto, dedicou-se a invadir os apartamentos dos outros, aqueles  que moram nas duas margens da imensa serpente de concreto que corta uma parte da cidade, onde  os homens desafiam o que resta dos deuses”.

“Cada replicante que Ambrósio Terminante das Tripas enfim  descongela para colocar em cima dos ombros e pedir dinheiro entre  os carros  no semáforo, embaixo do viaduto, leva pelo menos seis horas para a carne ficar no ponto e voltar a ter a respiração natural, o piscar dos olhos, remover a memória embutida, as lembranças dos que ficaram para trás, imaginar um rosto vivo  de alguém que não sabe se um dia terá amanhãs”

 

Sobre o autor

Diógenes  Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor independente. Nasceu  na Rua do Lima, em Recife,  Pernambuco. Morou durante quase  17 anos em Salvador, Bahia.  Desde  1989, vive  em  São Paulo,  no  bairro de Campos Elíseos. Com o livro  Vazão 10.8 – A Última Gota de Morfina (Vento Leste Editora, 104 págs.), lançado em  2021, entrou na lista  dos  Semifinalistas do  Prêmio Oceanos  em  2022. Com  11  livros  publicados entre  romance, contos, crônicas e poesia,  já recebeu um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), em 2010, de melhor livro de contos/crônicas por  Ficção Interrompida (Uma  Caixa de Curtas), também finalista do Prêmio Jabuti de 2011. O seu primeiro romance autoficcional Vazão 10.8 – A Última Gota de Morfina está sendo adaptado para o cinema  pelo diretor Beto  Brant.

 

 

Gregori Warchavchik, um modernista

14/dez

 

Um novo olhar sobre a trajetória e o legado de Gregori Warchavchik, o pioneiro da arquitetura modernista no Brasil. No dia 15 de dezembro chega às livrarias o livro “Gregori Warchavchik – A chegada do moderno”, da BEĨ Editora. Para o lançamento está marcado um bate papo, às 19 horas, na Biblioteca do Insper em São Paulo, SP, com a presença de Silvia Segall, arquiteta e organizadora da edição, Ivo Giroto, professor do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da FAUUSP, o arquiteto Carlos Warchavchik, neto de Gregori, e Maria Cecília Loschiavo, professora de Design da FAUUSP.

A chegada do moderno apresenta uma seleção dos principais projetos de Warchavchik, da casa da rua Santa Cruz aos projetos de clubes do fim dos anos 1950; reunindo obras construídas, projetos não executados e desenhos de mobiliário. O livro mostra, assim, tanto seu caráter de pioneiro do modernismo como a forma como se adaptou às transformações do tempo e do mercado, atuando também como empreendedor e construtor. A obra traz textos de Ivo Giroto, do arquiteto Carlos Warchavchik, e de Maria Cecília Loschiavo, que discorre sobre o design de mobiliário do arquiteto. O volume traz ainda uma entrevista de Paulo Mendes da Rocha – que recorda com humor a convivência de ambos durante a reforma do Clube Paulistano -, além de uma grande coleção de fotografias, desenhos, plantas e croquis que revelam a inventividade, a inovação e o amadurecimento do trabalho do arquiteto ao longo do tempo.

“Warchavchik foi protagonista no esforço de inserção do Brasil em uma rede internacional de trocas de ideias no campo da arquitetura e do design modernos”, comenta Silvia Segall. Apoiado em ampla pesquisa de imagem e em textos que buscam apreender seu tema de diversos pontos de vista, O chamado do moderno lança um novo olhar sobre a trajetória de Gregori Warchavchik em sua complexa carreira, analisando com objetividade e paixão sua importância e seu legado na arquitetura paulista e brasileira. “Pioneiro foi o papel que lhe coube no panorama histórico da arquitetura moderna brasileira […]; visionária foi sua atuação do início ao fim da carreira, marcada pelo aguçado senso de oportunidade e antecipação que definiu um caminho profissional complexo e aberto às transformações exigidas ao longo de meio século de atividade.”, afirma Ivo Giroto.

 

Sobre  Warchavchik

Nascido na Ucrânia, Warchavchik era um jovem arquiteto em 1923, quando migrou para o Brasil. Ao estabelecer-se em São Paulo, casou-se com Mina Klabin, cunhada de Lasar Segall, e travou contato com o círculo de artistas e intelectuais voltados para a discussão da cultura brasileira no século XX – pessoas como Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Flávio de Carvalho, entre outros. A casa que projetou para sua família, inaugurada em 1928 na rua Santa Cruz e hoje tombada pelo patrimônio histórico, foi a primeira construída no país conforme os postulados arquitetônicos modernistas. Em seus projetos, desenhava também o mobiliário interno, bem como elementos como gradis, portões e luminárias.

 

Lançamento

Gregori Warchavchik – A chegada do moderno

Data: 15/12/2022, às 19h – Local: Biblioteca do Insper – Rua Quatá, 300 – Térreo – Vila Olímpia

Inscreva-se e participe do sorteio que será realizado no evento. Iremos sortear 3 exemplares entre os presentes no debate.

 

Ficha técnica

Título: Gregori Warchavchik – A chegada do moderno

Organização: Silvia Segall

Textos: Carlos Warchavchik, Ivo Giroto, Maria Cecilia Loschiavo dos Santos e Silvia Segall Projeto gráfico: Bloco Gráfico

ISBN: 978-65-86205-31-2

Idioma: Português | Inglês Páginas: 256

Formato: 23,4 x 29,5 cm

Acabamento: Brochura com lombo solto, no papel masterblank Ano: 2022

Preço de capa: R$ 120, 00

 

Sobre os autores

Silvia Segall (org.) Arquiteta, dedica-se à curadoria de exposições nas áreas de design e arquitetura, com foco no modernismo brasileiro. Foi cocuradora da Ocupação Gregori Warchavchik (Itaú Cultural, São Paulo, 2019) e organizadora e curadora da exposição A Casa Santa Cruz (Parque Casa Modernista/Museu Lasar Segall, 2019).

Ivo Giroto. Professor do departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Desenvolve estudos sobre arquitetura moderna e contemporânea no Brasil e na América Latina em diversos grupos de pesquisa.

Maria Cecilia Loschiavo dos Santos. Professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Autora do livro “Móvel moderno no Brasil” (Olhares, 2015), entre outros.

Carlos Eduardo Warchavchik. Arquiteto pela Universidade de São Paulo, com pós-graduação em História e Teoria da Arquitetura na Architectural Association de Londres. Atua na área de projetos de arquitetura e construção civil.

 

Sobre a BEĨ Editora

Ao longo de sua trajetória, a BEĨ consolidou-se como uma editora de excelência na concepção e execução de projetos editoriais, mantendo a mesma qualidade nas plataformas de debate e educação que desenvolveu nos últimos anos. O catálogo da editora é formado por livros de arte, design, fotografia, gastronomia, arquitetura, urbanismo e economia, além de títulos voltados para a educação de jovens desde o Ensino Fundamental até a universidade. A palavra beĩ – “um pouco mais”, em tupi – define o espírito que norteia a editora desde sua fundação. O nome reflete o desejo de superar limites, o que se repete a cada projeto executado. A palavra remete ainda ao envolvimento da editora com o Brasil e a cultura brasileira, num compromisso que se reafirma não apenas nas suas publicações, mas no conjunto de suas ações durante um percurso de quase três décadas, que resultou também em iniciativas como a Coleção BEĨ de bancos indígenas do Brasil e a BEĨ Educação.

 

Márcia Falcão ilustra Machado de Assis

13/dez

 

Um dos textos mais brilhantes de Machado de Assis, “Pai contra mãe”, de 1906, faz um duro retrato da sociedade brasileira de sua época, expondo com crueza a escravização, a miséria e a violência vivida por negros e pobres no Brasil. O conto desenha a história de sujeitos que vivem na engrenagem da opressão de um sistema capitalista escravocrata, com as violências racial e de gênero que persistem em pleno século XXI.

 

Esta edição ilustrada por uma série de pinturas inéditas da artista carioca Márcia Falcão, criadas especialmente para o livro, conta com um ensaio crítico inédito do professor e pesquisador José Fernando Peixoto de Azevedo e outro da jornalista e escritora Bianca Santana, além de texto assinado pelo jornalista Tiago Rogero, criador do projeto Querino, para quem “Machado escancara não só as muitas formas de tortura naturalizadas pela “boa gente brasileira”, mas especialmente o fato de que, naqueles tempos – e até hoje – a pessoa africana ou afrodescendente era – e é – uma cidadã de segunda classe no Brasil. Uma vida que vale menos e que, muitas vezes, não tem nem o direito de nascer.”

 

Sobre o autor

Machado de Assis, jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, e faleceu na mesma cidade em 29 de setembro de 1908. Publicou seu primeiro livro de poemas, “Crisálidas”, em 1864 e seu primeiro romance, “Ressurreição”, em 1872. Mantinha forte colaboração com jornais e revistas da época, como O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira, nos quais publicava crônicas, contos, romances e poemas, que vinham a público em forma de folhetim antes de serem publicados em livros. Assim, saíram as primeiras versões de “A mão e a luva” (1874), “Memórias póstumas de Brás Cubas” (1880), “Quincas Borba” (1886-1891), entre outros. Em 1881, publicou em livro “Memórias póstumas de Brás Cubas”, inaugurando assim sua fase realista, a qual inclui suas obras mais conhecidas: “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”. Em 1897, foi eleito presidente da Academia Brasileira de Letras, cargo que ocupou por mais de dez anos. A instituição que ajudara a fundar no ano anterior ficou conhecida como Casa de Machado de Assis. Em 1906, publicou o livro de contos e peças teatrais “Relíquias da casa velha”, no qual se encontra “Pai contra mãe”. Em 2020, a Cobogó publicou uma edição especial de seu livro “O alienista”, ilustrada por obras da artista Rivane Neuenschwander.

 

Sobre a artista

Márcia Falcão nasceu no Rio de Janeiro em 1985, foi criada no bairro de Irajá e vive e trabalha no subúrbio carioca. Partindo da própria experiência, as pinturas figurativas da artista apresentam expressivas representações do corpo feminino, sublinhando a complexidade do contexto social em que este se encontra inserido, atravessado por uma paisagem dubiamente bela e violenta. O feminino, a maternidade, os padrões de beleza e a violência de gênero são temas recorrentes que perpassam suas telas, marcadas pelo gesto e pela fisicalidade. Em 2022, a artista apresentou sua primeira exposição individual em São Paulo, na Fortes D’Aloia & Gabriel, um desdobramento da mostra ocorrida na Carpintaria, no Rio de Janeiro, em 2021. Entre suas principais exposições coletivas destacam-se: “Parábola do Progresso” (2022), Sesc Pompeia, São Paulo; “MAR + Enciclopédia Negra” (2022), Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro; “Crônicas Cariocas” (2021), Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro; “Engraved into the Body” (2021), Tanya Bonakdar Gallery, Nova York, entre outras. A série de pinturas que ilustrou este livro foi executada especialmente para esta edição de “Pai contra mãe”.

 

Sobre Bianca Santana

Bianca Santana é doutora em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), escritora e jornalista. É autora dos livros “Quando me descobri negra” (2015), “Continuo preta: A vida de Sueli Carneiro” (2021) e “Arruda e guiné: Resistência negra no Brasil contemporâneo” (2022).

 

Sobre José Fernando Peixoto de Azevedo

Dramaturgo, roteirista, diretor de teatro e cinema, curador e professor da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/ECA-USP). É coordenador da “Coleção Encruzilhada da Cobogó”, que publica autores que refletem o presente lançando luz sobre o antirracismo, os feminismos e o pensamento em perspectiva crítica negra.

 

Sobre Tiago Rogero

Nascido em 1988 em Belo Horizonte, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Jornalista, é um dos diretores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e trabalhou em jornais como O Globo, O Estado de S.Paulo e a rádio Band News FM. É idealizador do “Projeto Querino” – podcast que mostra como a História explica o Brasil de hoje – e de “Vidas negras e Negra voz”. Atualmente atua como gerente de criação na Rádio Novelo. Pelo 5º episódio de “Negra voz”, recebeu o 42º Prêmio Vladimir Herzog na categoria Produção Jornalística em Áudio.

 

Ficha Técnica

Autor Machado de Assis

Textos complementares Bianca Santana e José Fernando Peixoto de Azevedo

Texto de orelha Tiago Rogero

Ilustração Márcia Falcão

Idioma Português

Número de páginas 72

ISBN 978-65-5691-088-8

Capa Bloco Gráfico

Encadernação Brochura

Formato 13,8 x 19 cm

Ano de publicação 2022

 

 

Lançamento da Coleção PHTBX

06/dez

 

 

A palavra dos editores

O que têm em comum a maestria da cor de Walter Firmo;  a abordagem híbrida e conceitual no olhar de Claudia Jaguaribe; o registro histórico e intimista do Clube da Esquina pelas lentes de Cafi; a dramaticidade de luz e cores nos movimentos femininos de Ana Quintella; o noir enigmático construído por Milton Montenegro e a aridez e o alumbramento da paisagem de Walter Carvalho? A participação na Coleção Phtbx (PHOTOBOX), uma proposta inovadora de colecionismo, difusão e memória da arte fotográfica. Um time de estreia dos sonhos para amantes da fotografia, experientes ou iniciantes na arte de colecionar. As primeiras edições já estão disponíveis para pré-venda em nosso site e com desconto de 15% para compras realizadas até o dia 07/12/22.

Angela Magalhães, Nadja Peregrino e Gabriela Toledo, curadoras e pesquisadoras da fotografia, traçam um recorte sobre a trajetória artística de fotógrafos consagrados e trazem, em edição personalizada, caixas individuais contendo 12 obras em impressão fine art. Compõem a edição um texto curatorial sobre cada artista e o selo do impressor – Estúdio Lupa. As caixas, desenvolvidas com exclusividade pela Ipsis, terão tiragem limitada, numerada e certificada, com projeto gráfico assinado por Mariana Jaguaribe. Caso tenha interesse em obter mais informações sobre a Coleção Phtbx (Photobox), entre em contato e enviaremos um catálogo com mais detalhes sobre o conteúdo de cada caixa. Entre luzes e sombras, entre o visível e o invisível, o desafio é adentrar num mundo onde o imaginário é a mola mestra da vida.

Ana Chafir, Gabriela Toledo e Sergio Cohn.

 

Publicação de Waltercio Caldas

29/nov

 

Material impresso faz parte da exposição “Livro Espelhos Consequências” em cartaz na galeria do Leblon até 02 de dezembro. Além de fotos dos trabalhos, a publicação inédita traz anotações do artista, surgidas no decorrer do processo de criação. Lançado pela Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, o material impresso faz parte da mostra “Livros Espelhos Consequências”. Além de fotos das 14 obras inéditas, a publicação traz anotações de Waltercio Caldas, retiradas de sua caderneta de trabalho. A publicação é gratuita e está disponível para todos que visitarem a exposição.

A exposição na Mul.ti.plo traz a assinatura poética do artista, de relacionar objetos que à sua visão pertencem à mesma família, entre eles os livros e os espelhos. As consequências ficam por conta da reverberação da mostra em outras atitudes, como na publicação, por exemplo. É a terceira vez que o artista expõe na galeria carioca – a primeira foi em 2012, com múltiplos; e a outra em 2017, com desenhos.

Waltercio Caldas trabalha a partir do conhecimento poético dos objetos e das coisas. Na mostra, ele chega a formas extremamente rigorosas e precisas, carregadas de sugestões impossíveis de serem traduzidas em outras linguagens. “A obra de arte entra em nossa vida de forma transversa, como algo que não conhecemos, inaugurando sua própria presença. Me interessa esse aparecimento, essa perplexidade inicial”, diz ele, que prioriza em sua prática artística a tridimensionalidade. “Por enfatizar novos aspectos da gravidade, do peso e das matérias, as obras surgem pondo entre parêntesis sua inserção no mundo”, afirma.

O reconhecimento da obra de Waltercio Caldas não encontra fronteiras. Sua arte é tanto poética quanto precisa. Segundo texto do crítico e professor Paulo Sérgio Duarte, “não existe arte contemporânea que não seja experimental. Sabemos disso desde Adorno e sua Teoria Estética. Mas existe algo em Waltercio Caldas além do experimentalismo: um ascetismo que não se confunde com aquele da Minimal Art. Trata-se de uma economia que não é avessa ao campo semântico, à polissemia dos significados. Isso estimula a experiência da obra”.

 

 

 

Colección Oxenford em exposição no MAC Niterói

08/nov

 

Com organização da produtora cultural Act. e curadoria do poeta e curador argentino Mariano Mayer, “Un lento venir viniendo – Capítulo I” apresenta uma inédita seleção de obras da Colección Oxenford, uma das principais coleções de arte contemporânea da Argentina.

Entre os dias 19 de novembro e 26 de fevereiro de 2023, o público terá a oportunidade inédita de conhecer um recorte da Colección Oxenford na exposição Un lento venir viniendo – Capítulo I, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC Niterói). A coleção é fruto de uma paixão do empresário e colecionador argentino Alec Oxenford pela arte contemporânea argentina, e de sua convicção na necessidade de apoio à cena local. “Comecei minha coleção em 2008 decidindo incorporar, em sua maior parte, obras de artistas vivos e adquiridas exclusivamente através de galerias de arte. Eu gosto de viver minha época através da arte. O que mais me interessa é que a arte gera uma série de perguntas para as quais eu não tenho respostas”, conta o colecionador.

Os dez primeiros anos da formação do acervo foram assessorados pela curadora Inés Katzenstein, hoje responsável pelo departamento de arte latino-americana do MoMA, em Nova York. Com cerca 550 peças de 150 artistas, a Colección Oxenford reúne um panorama muito seleto de obras da arte argentina das primeiras décadas do século XXI e alguns trabalhos prévios a este período, devido à sua relevância para o contexto da arte contemporânea no país.

Com organização da produtora cultural Act., dirigida por Fernando Ticoulat e João Paulo Siqueira Lopes, curadoria do poeta e curador argentino Mariano Mayer, e patrocínio de Itaú e Globant, a mostra é composta de 57 obras e apresenta uma diversidade de linguagens, entre pinturas, fotografias, vídeos, instalações visuais e sonoras, performances, esculturas, colagens e publicações. Destaque também para trabalhos de artistas fundamentais para a arte contemporânea argentina como Guillermo Kuitca, Julio Le Parc, Alejandra Seeber, Marcelo Pombo, Fernanda Laguna, Diego Bianchi, Claudia del Río, David Lamelas, Valentina Liernur, Juan Tessi, Karina Peisajovich, Eduardo Navarro, Silvia Gurfein e Alberto Goldenstein, entre outros.

Este é o primeiro ato de um projeto itinerante que também será apresentado no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, ao longo de 2023. Cada capítulo vai exibir uma seleção diferente de obras da Colección Oxenford, que, em cada caso, responde a uma proposta curatorial inspirada por um episódio emblemático do contexto cultural local, fortalecendo o diálogo entre os cenários artísticos brasileiro e argentino.

“Ao conhecer a Colección Oxenford, percebi junto a Alec o potencial institucional deste acervo que retrata de forma exclusiva a produção contemporânea argentina. Assim nasceu a ideia de uma exposição sem precedentes nas instituições brasileiras, com o objetivo de reunir as práticas artísticas da Argentina e do Brasil – países que, apesar de vizinhos, carecem de um intercâmbio cultural mais próximo”, afirma João Paulo Siqueira Lopes, um dos idealizadores da exposição e diretor da Act.

“Aproximar o cenário artístico latino-americano, estabelecendo relações entre os países deste território é uma de nossas missões. Temos feito isso por meio de projetos editoriais, mas é a primeira vez que desenvolvemos uma exposição com esse foco”, completa.

O curso livre de pintura de Ivan Serpa, no MAM Rio, e sua atuação no Grupo Frente são alguns dos pontos de partida do curador Mariano Mayer para a seleção de obras argentinas do primeiro ato apresentado no MAC Niterói. “Percorrendo a noção de influência, este primeiro capítulo descobre uma série de proximidades e rupturas que tal ação significou para a arte contemporânea argentina. Advertimos que a transmissão de experiências e posições entre artistas não formou um sistema linear organizado a partir de atos precursores, mas sim uma estrutura complexa, diferenciada e atemporal”, afirma Mariano Mayer. A pintura como matriz e como problema, a cidade e as formas do urbano, os espaços de sociabilidade artística, a literatura e as outras artes, os vínculos afetivos e as formas de desaprendizagem são destacados nesta exposição como chaves para pensar as formas adotadas pelos vínculos de influência na arte contemporânea argentina.

Cada capítulo da exposição contará ainda com uma publicação inédita que apresentará um ensaio de Mariano Mayer, ao lado de um texto de um curador da cena local, ambos produzidos exclusivamente para a ocasião: Pablo Lafuente, diretor artístico do MAM Rio, assina o texto sobre as relações entre arte e pedagogia, publicado no contexto do MAC Niterói. Realizado via Lei de Incentivo à Cultura, o primeiro capítulo da mostra ocupará todos os espaços do MAC Niterói. A expografia conta com painéis planejados por Miguel Mitlag, Sebastián Gordín e Mariana Ferrari, artistas da Colección Oxenford.

 

Participantes: Un lento venir viniendo – Capítulo I

Alberto Goldenstein, Alejandra Seeber, Alejandro Ros, Alfredo Londaibere, Ana Vogelfang, Bruno Dubner, Cecilia Szalkowicz, Claudia del Río, Daniel Joglar, David Lamelas, Deborah Pruden, Diego Bianchi, Eduardo Costa, Eduardo Navarro, Fabio Kacero, Federico Manuel Peralta Ramos, Fernanda Laguna, Florencia Bohtlingk, Guillermo Kuitca, Jane Brodie, Joaquín Aras, Jorge Gumier Maier, Juan Tessi, Julio Le Parc, Karina Peisajovich, Liliana Porter, Luis Garay, Marcelo Alzetta, Marcelo Pombo, Mariana Ferrari, Marina de Caro, Pablo Accinelli, Pablo Schanton, Rosana Schoijett, Sebastián Gordín, Silvia Gurfein, Valentina Liernur.

 

Sobre a Colección Oxenford

A Colección Oxenford apoia, por meio de diferentes iniciativas, o desenvolvimento da cena artística contemporânea argentina. Seu ambicioso programa de aquisições, que durante os dez primeiros anos contou com a seleção da curadora Inés Katzenstein, permitiu reunir uma mostra representativa das diferentes tendências estéticas que dominaram a produção artística contemporânea durante o século XXI, um período excepcionalmente complexo, no qual a arte argentina experimentou transformações fundamentais em suas linguagens e materiais, bem como em suas práticas, imaginários e instituições. As atividades da Colección Oxenford incluem o desenvolvimento de um programa de bolsas de viagem internacionais, que já beneficiou quase 90 artistas, e que, durante a emergência causada pela pandemia de Covid-19, foi transformado em assistência financeira para mais de 60 nomes. Recentemente, a coleção também esteve envolvida na promoção de reflexões sobre a arte contemporânea argentina, convidando 40 importantes pesquisadores locais para escrever ensaios sobre obras do acervo. A Colección Oxenford também tem sido generosa em sua colaboração com museus e galerias, a quem emprestou trabalhos em inúmeras ocasiões, com o objetivo de contribuir para a divulgação da produção artística argentina contemporânea.

 

Sobre o colecionador Alec Oxenford

Cofundador da OLX e da letgo, Alec Oxenford é um empresário argentino residente no Brasil. É grande colecionador e membro ativo de comunidades internacionais em prol das artes latino-americanas. Entre 2013 e 2019, dirigiu a Fundación ArteBA. Atualmente, ocupa postos como: membro do Acquisition Committee do MALBA e Membro da Latin American and Caribbean Fund (LACF) do MoMA.

 

Sobre a Act.

Fundada em 2017 por Fernando Ticoulat e João Paulo Siqueira Lopes, a Act. preenche diversas lacunas do mundo da arte, em escala global, e está envolvida com agentes de todo o circuito: artistas, colecionadores, galerias, museus e instituições culturais. Tem como missão conectar arte e pessoas a partir do desenvolvimento de consultorias, projetos e publicações. Atua em todas as frentes de criação, curadoria, gestão e produção de projetos de arte para empresas, criando elos entre marcas e seus públicos. Além dos projetos, a Act. aconselha interessados em arte – com coleções recém-iniciadas ou já estabelecidas – em como comprar, gerenciar e catalogar suas obras. Un lento venir veniendo é o primeiro projeto de exposição da Act.

 

Sobre o curador

Mariano Mayer nasceu em Buenos Aires, Argentina, 1971, é poeta e curador independente. Entre seus últimos projetos como curador figuram Táctica Sintáctica, Diego Bianchi (CA2M, Móstoles, 2022), Tiempo produce pintura – pintura produce tiempo. Álex Marco (Espaid39; Art Contemporani39, El Castell39, Riba-roja, 2022), Nunca Lo Mismo, junto a Manuela Moscoso (ARCOMadrid2022); Remitente (ARCOMadrid2021); PRELIBROS (ARCOMadrid – Casa de América, Madrid, 2021); Azucena Vieites. Playing Across Papers (Sala Alcalá 31, Madrid, 2020); La música es mi casa. Gastón Pérsico (MALBA, Buenos Aires, 2017); En el ejercicio de las cosas, junto a Sonia Becce (Plataforma Argentina-ARCOmadrid 2017. Publicou Fluxus Escrito (Caja Negra, Buenos Aires, 2019); Justus (Ayuntamiento de Léon, 2007) e Fanta (Corregidor, Buenos Aires, 2002). Dirigiu o programa em torno da arte argentina: Una novela que comienza (CA2M, Móstoles, 2017).

 

Sobre o MAC Niterói

Inaugurado em setembro de 1996, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) é o principal cartão-postal da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Sua forma futurista criada por Oscar Niemeyer tornou-se um marco da arquitetura moderna mundial. O MAC abriga a Coleção João Sattamini, uma das mais importantes coleções de arte contemporânea do país, e recebe mostras focadas na produção contemporânea brasileira e latino-americana, realizada da década de 1950 até os dias de hoje.

 

 

 Verger por Maureen Bisilliat       

04/nov

 

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, entre 19 de novembro e 28 de janeiro de 2023, “Ver a vida com Verger por Maureen Bisilliat”, exposição que promove um encontro entre a obra de Maureen Bisilliat (1931, Englefield Green, Reino Unido) e Pierre Verger (1902, Paris, França – 1996, Salvador, Bahia), dois fotógrafos que, através do olhar estrangeiro, contribuíram para a formação de um imaginário afirmativo da cultura popular brasileira. A mostra reúne uma seleção feita por Bisilliat de fotografias realizadas por Verger entre as décadas de 1930 e 1950 e fotografias de sua série “Perspectivas” (2021), elaborada a partir de um trabalho de imersão no seu arquivo. “Ver a vida com Verger por Maureen Bisilliat” também inaugura o novo espaço da Galeria Marcelo Guarnieri, que a partir de 19 de novembro funcionará no número 1054 da Alameda Franca. O catálogo da exposição, publicado pela Editora Vento Leste, será lançado durante a abertura.

Em “Perspectivas” (2021), Maureen Bisilliat resgata fotografias dos ensaios “Pele preta”, “Sertões”, “Caranguejeiras” e “A João Guimarães Rosa” para imprimi-las em novas configurações. O formato de 32 x 112 cm escolhido permitiu à artista experimentar com a composição a partir de duas operações: montando sequências de imagens de uma mesma série ou ocupando um terço do canvas com apenas uma fotografia, sendo o restante do espaço dominado pela total ausência de luz. Esse formato, 32 x 112 cm, remete ao da fotografia panorâmica, que permite registrar até 360º de uma paisagem através de capturas de diversos pontos de vista. Embora incorpore em “Perspectivas” (2021) a ideia de uma visão panorâmica, a montagem de Bisilliat não pretende formar uma sequência linear, mas uma sobreposição de temporalidades que lhe permite trabalhar em narrativas de repetições e cortes abruptos. O formato do canvas também remete ao do filme fotográfico e a total ausência de luz que ocupa mais da metade do espaço em algumas dessas obras poderia aludir a uma imagem não revelada da sombria realidade atual. Por meio dessas operações, a fotógrafa coloca em perspectiva o tempo passado, da captura da imagem, e o tempo presente, de suas intervenções, utilizando-se dos contrastes entre luz e sombra, mecanismo estrutural da fotografia, para refletir sobre a opacidade do tempo presente.

“Pele preta”, datado do começo da década de 1960 e realizado nas cidades de São José do Rio Pardo e São Paulo, foi o primeiro ensaio fotográfico de Maureen Bisilliat e marca a transição de seu trabalho da pintura para a fotografia. “A série deriva de meus tempos de estudante, quando frequentava ateliês de modelo vivo, atenta à anatomia, à movimentação do corpo e à iluminação. O corpo humano, minha porta de entrada na pintura, acabou por me levar à fotografia”, conta Maureen. Em 1966, o trabalho foi exposto no MASP, naquela que seria sua primeira grande exposição individual.

A série “Sertões” é composta por fotografias feitas entre 1967 e 1972 em aldeias e lugares santos dos municípios de Canindé, Juazeiro do Norte e Bom Jesus da Lapa, nos estados do Ceará e da Bahia, e contou com o incentivo de uma Bolsa da Fundação Guggenheim. Algumas das imagens dessa série deram origem à publicação “Sertões: Luz & Trevas”, de 1982, que combina trechos do clássico “Os Sertões” (1902) de Euclides da Cunha com os seus registros fotográficos, produzindo diálogos, justaposições e dissonâncias.

Durante os anos em que trabalhou como fotojornalista para a Editora Abril (1964-1972), Maureen Bisilliat pôde fotografar em contextos diversos do Brasil, produzindo ensaios que ficaram célebres, entre eles “Caranguejeiras”, no qual retrata mulheres catadoras de caranguejos na aldeia paraibana de Livramento. O ensaio, que foi capa da edição de março de 1970 da revista Realidade, integrava uma reportagem que contava com texto de Audálio Dantas. Em 1984, as fotografias foram publicadas em livro, acompanhadas pelo poema “O cão sem plumas” (1950), de João Cabral de Melo Neto.

“A João Guimarães Rosa”, realizado durante a década de 1960 em algumas viagens pelo sertão mineiro, surgiu do desejo de Bisilliat de conhecer e retratar os gerais de Guimarães Rosa depois da leitura de “Grande sertão: veredas” (1956). As viagens da fotógrafa eram intercaladas por encontros e trocas com o escritor, que, diante das imagens feitas por ela, indicava nomes de pessoas, lugares, roteiros a seguir e outros detalhes. Em 1969, o ensaio foi publicado em livro, acompanhado por trechos do romance, o que marca o início do seu trabalho de “equivalências fotográficas” com a literatura brasileira que geraria, posteriormente, outros ensaios e publicações produzidas em diálogo com autores brasileiros.

Assim como Maureen, Verger também consolidou sua linguagem fotográfica por meio de viagens, embora não fosse fotojornalista. Durante a década de 1930, passou por países como China, Filipinas, Egito, Máli, Níger, Vietnã e Djibuti. Entre os anos de 1934 e 1939, publicou mais de 1.200 fotografias em jornais, revistas e livros, como o jornal francês Paris Soir e prestigiosas revistas como Life, Daily Mirror, Arts et Métiers Graphiques. Em 1945, depois de ter vivido por dois anos em Buenos Aires e já no Peru, trabalhando para o Museu de Lima, Verger publicou aquele que seria um dos primeiros fotolivros feitos na América Latina e também um dos primeiros registros de antropologia visual: “Fiestas y danzas en el Cuzco y en los Andes”. Ao chegar ao Brasil, em 1946, começou a trabalhar para a revista O Cruzeiro e realizou, durante os dois anos subsequentes, um de seus mais importantes trabalhos sobre a cultura popular nordestina.

A partir de então, Verger também deu início a uma investigação sobre as relações entre Bahia e África, mais especificamente sobre os rituais e costumes das culturas e religiões afro-brasileiras e africanas em Salvador e na Costa do Benin – e se tornou um estudioso do culto aos orixás. Com uma bolsa de estudos, partiu para a África, onde renasceu em 1953 como Fatumbi – “nascido de novo graças ao Ifá” – e foi iniciado como babalaô, um adivinho que se utiliza do jogo do Ifá. Sua pesquisa, que resultou em inúmeros livros, escritos avulsos, fotografias e exposições, é tida como obra de referência para os estudos sobre as culturas diaspóricas. Em 1988 Verger criou a Fundação Pierre Verger, instituição que preserva seu acervo e divulga sua obra até hoje, notadamente através de publicações e exposições realizadas na Bahia, no Brasil e no mundo, assim como incentiva o desenvolvimento da fotografia baiana. A Fundação atende também pesquisadores que dialogam com as temáticas estudadas por Verger ao longo de sua vida e desenvolve através de seu Espaço Cultural atividades educacionais e culturais com as pessoas oriundas dos bairros populares ao seu redor.

Nas fotografias de Pierre Verger selecionadas por Maureen Bisilliat é possível observar uma predominância de retratos, cenas de trabalho e de celebrações. São situações de igual interesse para Bisilliat, nas quais é possível conhecer a cultura de uma população por meio de seus movimentos de corpo e expressões faciais, vestimenta, costumes, instrumentos musicais e arquitetura. Os trabalhos retratados em suas obras, por exemplo, são aqueles comumente executados por pessoas racializadas; trabalhos informais que podem remontar às tradições sertanejas e da pesca ou mesmo do âmbito da construção civil, realizados de maneira coletiva por exigirem grande esforço físico. Verger registra a puxada de rede em 1946 na praia de Itapuã, na Bahia, enquanto Bisilliat vai registrar, vinte anos depois, a cata de caranguejos na aldeia de Livramento, na Paraíba. Imagens que surgem de situações de estranhamentos e afinidades entre fotógrafo e fotografado e que se constroem nessa relação. Tanto para Pierre Verger como para Maureen Bisilliat, essas fotografias tinham o objetivo não só de apresentar Brasis muitas vezes desconhecidos para o próprio Brasil dos grandes centros – no caso de Verger, Áfricas e Ásias para o resto do mundo – como também de reconhecer a importância de tais atividades na preservação de tradições culturais.

 

 

Coleção de manuscritos em exibição

26/set

 

Fundamentada na coleção de manuscritos de Pedro Corrêa do Lago, considerada uma das maiores e mais relevantes do mundo nesse campo, “A Magia do Manuscrito” é uma exposição que apresenta a escrita como um dos meios viscerais pelos quais deixamos rastros de nossa existência. No momento em que grande parte de nossa comunicação se torna totalmente imaterial, essa coleção transmite o poder da caneta e do papel para iluminar a energia, a paixão, a vulnerabilidade e a imaginação da humanidade através dos tempos.

Com curadoria do próprio colecionador, foi originalmente apresentada pela Morgan Library Museum, em 2018, na cidade de Nova York. A exposição conta com cerca de 180 peças originais na letra de figuras de destaque, divididas em seis grandes áreas da humanidade – arte, história, literatura, ciência, música e entretenimento – com escritos de personalidades internacionais, como Isaac Newton, Darwin, Einstein, Marie Curie, Nelson Mandela, Mozart, Michelangelo, Picasso, Frida Kahlo, Van Gogh, Beethoven, Kafka, Tolkien, Simone de Beauvoir, e muitos outros. Para a exibição do Sesc Avenida Paulista, Arte I (5º andar), São Paulo, SP, a curadoria foi repensada para inclusão de mais nomes relevantes na cultura brasileira, como Tiradentes, Machado de Assis, Santos Dumont, Clarice Lispector, Villa-Lobos, Pixinguinha, Fernanda Montenegro, Carmen Miranda, Oscar Niemeyer, Dom Pedro I, Princesa Isabel, dentre outros.

Pedro Corrêa do Lago, que formou a coleção por mais de cinquenta anos, é escritor, curador e historiador da arte. Nascido no Rio de Janeiro em 1958, foi presidente da Biblioteca Nacional do Brasil entre os anos de 2003 e 2005 e fundou, em 2002, a Editora Capivara. É o curador da coleção Brasiliana Itaú, em exposição permanente no Itaú Cultural. Em coautoria com sua esposa, a escritora e jornalista Bia Corrêa do Lago, venceu o Prêmio Jabuti em 2009 pelo livro “Coleção Princesa Isabel – Fotografia do Século XIX”.

 

Visitação: Até 15 de janeiro de 2023.