As gravuras de Santidio Pereira no Uruguai

02/mar

 

Exposição do brasileiro Santídio Pereira abre o calendário de 2023 no dia 10 de março (sexta-feira), da Galeria Xippas Punta del Este. Esta é a primeira exposição individual do artista Santídio Pereira no Uruguai.

“Da Mata ao Morro” apresenta quatro pinturas, seis xilogravuras e seis guaches, um trabalho centrado na grandeza da Natureza, provocando ecos de atenção e reflexões sobre um tema tão latente. Ainda este ano, a mostra segue para a sede da Xippas em Paris.

“À primeira vista, é difícil entender como um artista de 26 anos já expôs em importantes instituições no Brasil e no exterior. Entre eles, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP); a Pinacoteca do Estado de São Paulo; a Fundação Cartier pour l’Art Contemporain, de Paris; Power Station of Art, Xangai e agora em 2022 sua exposição individual no Iberê em Porto Alegre, Brasil. Além de fazer parte de coleções renomadas, como Cisneros Collection, EUA; Coleção de arte de SESC, São Paulo; Museu de Arte do Rio (MAR), entre muitos outros”, diz Emilio Kalil, diretor-superintendente da Fundação Iberê, que em maio do ano passado recebeu a primeira individual do artista em um museu, “Santídio Pereira – Incisões, recortes e encaixes”.

Nascido num pequeno povoado no interior do estado do Piauí, nordeste brasileiro, desde criança Santídio Pereira já demonstrava aptidão com as artes através das atividades socioeducativas do Instituto Acaia. O interesse pela xilogravura foi tomando corpo e, atualmente, é o principal suporte de sua pesquisa artística, cuja característica mais importante é a utilização de diversas matrizes em uma mesma composição, técnica ao qual ele denomina “incisão, recorte e encaixe”, o que subverte a função da multiplicidade tão característica da gravura. Dessa forma, as impressões sobrepostas acumulam camadas espessas de tinta em cores diferentes para recriar elementos da sua memória afetiva, como a fauna, flora, pessoas e objetos que fizeram parte de seu contexto. Dentre seus trabalhos mais emblemáticos estão os pássaros da Caatinga do Piauí e as bromélias da Mata Atlântica.

A exposição “Da Mata ao Morro” pode ser visitada até 30 de abril.

Galeria Xippas

Ruta 104, km 5 – Manantiales

Punta del Este – Uruguai

Claudia Andujar e Yanomanis em NY

13/fev

 

A Fondation Cartier pour l’art contemporain e The Shed inauguraram a exposição “The Yanomami Struggle”, uma mostra abrangente dedicada à colaboração e amizade entre a artista e ativista Claudia Andujar e o povo Yanomami. Em exibição até 16 de abril no The Shed em Nova York, a exposição tem curadoria de Thyago Nogueira, diretor de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles de São Paulo, e é organizada pelo IMS, Fundação Cartier e The Shed em parceria com as ONGs brasileiras Hutukara Associação Yanomami e Instituto Socioambiental.

Após apresentações aclamadas no IMS São Paulo, na Fondation Cartier e no Barbican Center (Londres), entre outros locais, a exposição foi ampliada no The Shed para incluir mais de 80 desenhos e pinturas dos artistas Yanomami André Taniki, Ehuana Yaira, Joseca Mokahesi, Orlando Nakɨ uxima, Poraco Hɨko, Sheroanawe Hakihiiwe e Vital Warasi.

Os visitantes também conhecerão novos trabalhos em vídeo dos cineastas Yanomami contemporâneos Aida Harika, Edmar Tokorino, Morzaniel Ɨramari e Roseane Yariana. Essas obras aparecem ao lado de mais de 200 fotografias de Claudia Andujar que traçam os encontros da artista com os Yanomami e continuam a dar visibilidade à sua luta pela proteção de sua terra, povo e cultura. O diálogo estabelecido entre o trabalho de artistas Yanomami contemporâneos e as fotografias de Andujar oferece uma visão inédita da cultura, sociedade e arte visual Yanomami. As obras contemporâneas Yanomami serão exibidas pela primeira vez em Nova York, construindo a maior apresentação da arte Yanomami nos Estados Unidos até hoje.

Como parte da abertura da exposição “The Yanomami Struggle” no The Shed (NY), a Universidade de Princeton recebeu o líder xamã Davi Kopenawa, os artistas Yanomami apresentados na exposição e a fotógrafa Claudia Andujar para uma conferência que ocorreu no dia 31 de janeiro.

Maxwell Alexandre em Madrid

06/fev

 

A Gentil Carioca tem o prazer de convidar a todes para “Novo Poder: passabilidade”, primeira exposição individual de Maxwell Alexandre na Espanha, no Centro Cultural La Casa Encendida, em Madrid. A mostra encontra-se em exibição desde o dia  02 de fevereiro.

Na série Novo Poder, o artista explora a ideia da comunidade preta dentro dos templos consagrados de contemplação da arte contemporânea: galerias, museus e fundações. Para isso, ele dá ênfase a 3 signos básicos: as cores preta, branca e parda. A cor preta atua como o corpo preto manifestado pela figuração de personagens; a cor branca representa o cubo branco espelhando o espaço expositivo assim como o conhecimento acadêmico; e a cor parda representa a obra de arte e também faz autorreferência ao próprio papel que é o suporte principal da série. Outros signos fazem um papel secundário, assim como o dourado, que muitas vezes aponta para a dignidade e eleva tudo ao campo do sagrado, do espiritual. Um outro signo que vem ganhando progressivamente importância dentro de Novo Poder é a Moda, que nesse contexto funciona em uma direção similar enquanto ferramenta de elevação da autoestima. Por consequência, o elemento da Moda se apresenta como uma espécie de desafio à ideia colonial de que sensibilidade e beleza são elementos que não pertencem a pessoas melanizadas.

 

Novo Poder: passabilidade

Na série Novo Poder, o artista Maxwell Alexandre explora a ideia da comunidade preta dentro dos templos consagrados de contemplação da arte contemporânea: galerias, museus e fundações. Para isso, ele dá ênfase a 3 signos básicos: as cores preta, branca e parda. A cor preta, atua como o corpo preto manifestado pela figuração de personagens; a cor branca representa o cubo branco espelhando o espaço expositivo assim como o conhecimento acadêmico; e a cor parda representa a obra de arte e também faz autorreferência ao próprio papel que é o suporte principal da série. Outros signos fazem um papel secundário, assim como o dourado, que muitas vezes apontam para a dignidade e eleva tudo ao campo do sagrado, do espiritual. Um outro signo que vem ganhando progressivamente importância dentro de Novo Poder é a Moda, que nesse contexto funciona em uma direção similar enquanto ferramenta de elevação da autoestima. Por consequência, o elemento da Moda se apresenta como uma espécie de desafio à ideia colonial de que sensibilidade e beleza são elementos que não pertencem a pessoas melanizadas.

Para compreender a totalidade da mensagem que Maxwell transmite nesta série, antes se faz necessário investigar a intenção de sua criatividade em “Pardo é Papel”, uma série que fala sobre um futuro especulativo de glória, vitória, farra, fartura, marra, vaidade e auto-estima para as comunidades negras. E se em Pardo é Papel a projeção da ascensão se dá através da ostentação de bens de consumo como carros, jóias e roupas de grife, em Novo Poder o artista busca a abundância intelectual e simbólica, o acesso à quintessência da produção material ocidental, a Arte. Sabemos que a Moda e a Arte são dois campos da cultura hegemônica ocidental que se consolidaram a partir da modernidade, cada um com suas especificidades, tendo como ponto comum a forte influência que ambos exercem na construção de distinções sociais. Tanto a Arte quanto a Moda atuam em um sistema complexo que legitima determinadas hierarquias, e ambos envolvem aspectos ligados ao desenvolvimento dos conceitos de beleza e valores estéticos. A Moda reforça os valores estabelecidos pela sociedade de consumo, e a Arte provoca esses valores, nos ensinando a sonhar com perspectivas mais críticas. Funcionando em suas instâncias específicas, por um lado a passarela e as revistas de moda; por outro, os museus e as galerias de arte, em alguns momentos, as produções destes dois diferentes campos se cruzam e, em outros casos, os limites são tênues. Sabemos que a Moda, na realidade ocidental, conduz as escolhas e as preferências das pessoas, indicando aquilo que devemos consumir, utilizar, ou fazer. Mas é importante observar que ela atua também como uma forma de manifestação de poder, prestígio e distinção cultural, para além do capital financeiro, sendo, assim como a arte contemporânea, detentora de um grande capital intelectual e simbólico. As roupas, as joias, os cabelos, as telas e as molduras servem como elementos estéticos que agregam valor e status a um corpo, esses símbolos também influenciam no cotidiano e isso acontece principalmente devido a dois fatores: o significado simbólico que eles representam e a experiência física de ostentar algo valoroso. Em outras palavras, um relógio não é apenas um acessório e vestir uma peça que gostamos e com a qual nos sentimos bem, assim como o ato de emoldurar uma obra, pode se traduzir em uma afirmação de poder.

A falta de interesse das periferias e favelas pela arte contemporânea, afirma Maxwell Alexandre, é um programa construído. Esse é um segmento de elite e também de distinção social mesmo entre os ricos. Para aqueles que têm iates, helicópteros, mansões e piscinas como bens corriqueiros, a arte torna-se uma referência para dizer quem é mais sofisticado. Dessa maneira, quem tem um quadro valioso na parede de casa e pode compreender o artista deu seu tempo, se destaca. Do mesmo modo acontece no meio da Moda, a sensação de entrar numa loja Louis Vuitton é parecida com a sensação de entrar no Louvre, ao ocupar esses espaços o sentimento de exclusão grita dentro do corpo negro, já para o corpo branco o sentimento geralmente é de pertencimento. O cruzamento da produção artística de Maxwell Alexandre com o universo da Moda, surge de uma construção que vem se desenvolvendo desde os tempos em que ele adentrou os corredores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Por ser aluno do curso de Design, Maxwell teve acesso aos laboratórios de Moda, onde pôde recolher o material necessário para suas experimentações: retalhos de papel pardo repletos de rascunhos e anotações que eram descartados nas aulas de modelagem. A partir da sua condição de estudante, ele tateou materiais descartados nesses espaços como uma alternativa para criar trabalhos, apesar da falta de recursos econômicos que existiam naquele momento. Ao se deparar com esse material, o artista alcançou pouco a pouco a intimidade necessária para germinar as primeiras pinturas que dariam origem à série “Pardo é Papel”.

Pintar personagens negros com atitude e posições de poder naqueles fragmentos de papel usados para construir roupas, foi uma interseção poderosa que Maxwell Alexandre encontrou para enfatizar a afirmação de que tanto a Arte quanto a Moda são sustentáculos que edificam a sociedade atual. Deste modo, ao relacionar os espaços expositivos da Arte e da Moda, o artista afirma que estes são celeiros de cultura que estão profundamente conectados a uma posição de poder, considerando que a instância superior do circuito da Moda é a passarela, e o da Arte é o museu. Espaços que precisam ser reivindicados por corpos pretos, já que ali a história é legitimada, pois são nesses lugares onde as narrativas e a construção de imagens são manipuladas. É neste sentido que a série Novo Poder propõe a transmutação da realidade, gerando imagens de pessoas melanizadas dentro das exposições de arte, caminhando com elegância, como “catwalks” pelas exposições.

Essa familiaridade, tratada pela primeira vez na exposição de La Casa Encendida, é fruto de um processo de assimilação e incorporação, ou mesmo entendimento e vivência, dos códigos de ambos os campos, que conferem a esses indivíduos confiança e auto estima. Essas florescem em um porte ou postura de tranquilidade e confiança; uma passabilidade, emanada de dentro pra fora. Quer dizer, uma caminhada que não é somente uma passagem efêmera pelo espaço, mas uma conquista de quem aprendeu a pertencer e usufruir destes lugares e do gozo estético com segurança e tranquilidade.

 

Anunciando a nova geração

26/jan

 

A Baró Galeria, Carrer de Can Sanç, 13, 07001, Spain, anuncia seu próximo programa, “Gerações Baró”, com o objetivo de dar uma plataforma a artistas e curadores mais jovens dentro da cena artística estabelecida.

Sua primeira mostra “VANDL ART”, com curadoria do curador brasileiro Victor Valery, reúne obras de três artistas brasileiros contemporâneos, Antonio Kuschnir (2001, Rio de Janeiro), Brenda Nicole (1998, Campinas) e JAMEX (2001, Salvador, Bahia), atualmente investigando os limites do corpo e suas diferentes identidades potenciais através de seus trabalhos individuais.

A “VANDL ART” revela na Baró Galeria as obras de uma nova geração brasileira de artistas, permitindo uma oportunidade única para os colecionadores participarem do início de suas já florescentes carreiras.

 

 

Na Coleção do ICA Miami

23/jan

 

A Galeria Simões de Assis, São Paulo e Curitiba, PR, anuncia que o trabalho “O vaso de Marcel” (2022), de Zéh Palito, passou a integrar a coleção do Institute of Contemporary Art Miami (ICA Miami). A pintura foi uma peça central da primeira individual do artista no Brasil, a exposição “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”, realizada em São Paulo em 2022. O ponto de partida para realização de suas obras é a representação de minorias étnicas e sociais, com destaque para a presença de pessoas negras e indígenas, em ambientes envolvidos por elementos que remontam ao tropicalismo brasileiro, com presença marcante de frutas e matizes fantásticos. Em paralelo, também lança mão de uma iconografia muito midiática, incluindo imagens de sneakers, roupas e marcas, carros e outros objetos. Em “O vaso de Marcel”, Zéh Palito presta homenagem a seu pai, ainda que a figura retratada não seja literalmente seu genitor. A celebração da negritude para o artista se dá em esferas políticas, públicas, tanto quanto íntimas e pessoais, e essa sensibilidade ímpar é traduzida de maneira singular nesta obra.

 

 

Em NY na Galeria Nara Roesler

 

A Galeria Nara Roesler divulga a segunda exposição individual de Bruno Dunley em sua galeria em Nova York na qual o artista apresenta um conjunto de cerca quinze telas a óleo, a maioria em grandes dimensões, além de vinte desenhos em papel. Desta vez, sua característica abstração gestual tem como principal referência a forma lúdica das nuvens, no entanto, estes elementos oníricos em suspensão na atmosfera surgem nos trabalhos mais como uma ocorrência abstrata do que uma figuração. Bruno Dunley costuma dizer que “…um trabalho de arte é um ato pensante, uma linguagem que nos coloca em contato com o mundo”.

Falar sobre arte abstrata é sempre complexo, subjetivo, teórico, quando não resvala para o terreno do intangível e do metafísico. Duas questões são perceptíveis na obra de Bruno Dunley. A primeira é a importância do desenho no questionamento estético do artista e como esta incansável investigação é central à produção de suas pinturas a óleo. A outra questão é a cor.

A produção recente de Bruno Dunley segue investigando as tensões constitutivas da pintura, entre a imagem e sua estrutura física, sempre determinada pelo uso enfático da cor. Iniciada durante a pandemia e portanto, em um ambiente mais isolado, “Clouds” inclui trabalhos que parecem ter internalizado o ambiente do artista neste determinado momento, propondo campos claustrofóbicos e labirínticos, mas principalmente criando um tom onírico e subjetivo onde a cor se manifesta em seu excesso, através de espaços indeterminados.

Desde 2020, o artista tem intensificado sua pesquisa cromática, tendo como incentivo a criação da Joules & Joules, marca de tinta a óleo, encabeçada por Bruno Dunley e o também pintor Rafael Carneiro. O empreendimento teve início frente às dificuldades de se importar tinta durante a pandemia de Covid-19, buscando oferecer um material alternativo de qualidade no mercado brasileiro. Esta iniciativa lançou o artista em uma relação minuciosa e altamente experimental com os pigmentos, cujos reflexos ecoam nos trabalhos recentes de Bruno Dunley. Motivado pela busca da luminosidade das cores pelo do uso do óleo, ele opera através das camadas de tinta, raspadas ou por fazer, revelando-nos, em suas pinturas, uma narrativa da matéria.

Os desenhos, por sua vez, são feitos com giz e carvão sobre papel, com um vocabulário formal e cromático muito mais econômico. Muitos deles se debruçam, também, sobre o tema da nuvem. Bruno Dunley parece repetir a figura, sem se motivar pela busca do rigor compositivo, mas deixando-se levar pelas possibilidades da investigação do desenho como estrutura para suas pinturas.

Em “Cloud”, a nuvem é mais uma ocorrência abstrata do que uma figuração. Em trabalhos como “Nuvem amarela”, “A nuvem e A cidade” as formas beiram o informe, como presenças que flutuam na incerteza. Nuvens sempre foram figuras-limite contra o fundo da geometria e da perspectiva, fragmentos do real que desafiam a mensuração e o controle gráfico e, potencialmente, como o trabalho recente de Bruno Dunley, são formas simbólicas de abstração, transmitindo luminosidade e onirismo lúdico.

Até 25 de fevereiro.

 

Exposição de Tunga em NY

16/jan

 

Apresentar um resumo histórico da obra de Tunga através de trabalhos criteriosamente selecionados foi o objetivo que conduziu o projeto dessa exposição intitulada “Vê-nus” a primeira mostra do artista em cartaz até 25 de fevereiro na galeria Luhring Augustine em Nova Iorque desde sua morte em 2016. Com mais de 60 trabalhos, muitos deles inéditos, a exposição é uma síntese retrospectiva que apresenta as relações e desdobramentos que se metamorfoseiam desde a década de 1970 – Tunga realizou sua primeira individual em 1974 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) -, e até um pouco antes do seu falecimento.

Além do desenho – ao qual se dedicou durante toda sua vida -, sua inquietude artística o levou a outras práticas artísticas e os trabalhos reunidos em “Vê-nus” nos revelam a dimensão de seus múltiplos interesses que transitavam livremente por diversas áreas do conhecimento, como arte, literatura, ciência e filosofia, e que se integravam todas no seu singular imaginário erótico. “Essa erudição produtiva, fluída, inclassificável, se expandia e se fixava em cada ideia e de obra a obra. Esse domínio refinado de interesses deu à obra de Tunga um ar precioso, longamente elaborado e destinado à permanência”, observa Paulo Venancio Filho, curador da exposição.

O espaço expositivo apresenta alguns dos momentos mais significativos da trajetória do artista, sem qualquer tipo de hierarquia ou cronologia, fiel ao seu pensamento contínuo, circular, sempre se ampliando mais e mais. Estão presentes desde seus primeiros desenhos abstratos quando era um jovem de menos de vinte anos, passando por “Vê-nus”, sua intrigante versão do nu da deusa da beleza da antiguidade, pelos importantíssimos “Eixos Exógenos” onde o perfil feminino recortado de um tronco de madeira joga com a alternância entre figura e fundo, até sua última série de desenhos, “From La Voie Humide” e as esculturas da série “Morfológicas”.

Como poucos artistas contemporâneos, Tunga (1952-2016) explorou as mais diversas mídias e materiais, – como imãs, vidro, feltro , borracha, dentes, ossos – impregnando-os de uma estranheza poética, não familiar e, através de sua peculiar prática metamórfica, propunha experiências e práticas artístico/poéticas díspares, heterogêneas e heterodoxas. Seus trabalhos buscam explorar tanto o apelo simbólico e físico dos materiais como sua articulação plástica e poética, e se encontram lado a lado a sua intensa obsessão pelo desenho. Sobretudo, o desenho nunca foi para ele apenas um esquema ou projeto, mas uma realização em si, indissociável e fundamental para a produção e compreensão da totalidade do trabalho. O desenho como raciocínio e realização está presente em “Vê-nus” em toda a sua extensão e relação com os trabalhos tridimensionais.

A interação metabólica em constante dinâmica e mutação, entre mídias e materiais que se apresentam ao longo de quase meio século, é a característica fundamental de Tunga que a exposição enfatiza, percorrendo sua extensão num conjunto de trabalhos que vão do início ao fim de sua obra e vice-versa, dobrando-se sobre si mesmo em cada um e em todos os seus momentos.

Grande parte da obra do artista que se encontra nesta mostra está sob a guarda do Instituto Tunga, que tem a responsabilidade de manter, divulgar e resguardar seu legado. “O Instituto Tunga vem trabalhando intensamente na catalogação das obras deixadas pelo meu pai. As obras em papel constituem uma base muito importante do pensamento tunguiano, através delas percebemos como as idéias surgiram e passaram por todo um processo evolutivo até se desdobrarem em esculturas, performances, instalações ou instaurações, como ele gostava de chamar”, diz Antônio Mourão, filho do artista e diretor do Instituto Tunga. E como afirma Clara Gerchman, co-fundadora e gestora do acervo do Instituto Tunga; “…esta exposição é uma oportunidade única de poder descobrir e trabalhar diretamente com o acervo do artista. Ele nos deixou um legado imenso que vai muito além das tão conhecidas esculturas e instalações, e revela contínua prática do desenho. Nesse sentido “Vê-nus” e suas afinidades é um marco”.

Dentro da programação de abertura, o curador da exposição Paulo Venancio Filho e a curadora de Arte Contemporânea do New Museum, de Nova Iorque, Vivian Crockett, conversam sobre a formação, referências e as expressões poéticas do artista. Este evento aconteceu na Luhring Augustine Tribeca, no dia 14 de janeiro, às 15h.

 

 

34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto

15/dez

 

Abertura da 34ª Bienal em Arles, na França com obras de Regina Silveira, Noa Eshkol, Carmela Gross e Daiara Tukano, artistas que estarão na itinerância da 34ª Bienal de São Paulo em Arles.

No dia 16 de dezembro, o programa de mostras itinerantes da “34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto” desembarca em seu último destino: a cidade de Arles. A exposição fica em cartaz até 05 de março de 2023 e foi realizada e produzida pela Fundação Bienal de São Paulo em parceria com o LUMA Arles, com apoio da Fundação ENGIE.

A mostra, com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti e Vassilis Oikonomopoulos, é organizada a partir dos enunciados “A ronda da morte de Hélio Oiticica”, “Cantos Tikmũ’ũn”, “O sino de Ouro Preto” e “Os retratos de Frederick Douglass” e conta com trabalhos de Alice Shintani, Amie Siegel, Carmela Gross, Daiara Tukano, Gala Porras-Kim, Jaider Esbell, Manthia Diawara, Naomi Rincón Gallardo, Noa Eshkol, Regina Silveira, Seba Calfuqueo, Sueli Maxakali, Victor Anicet e Zózimo Bulbul. Na abertura da exposição e no dia seguinte, Seba Calfuqueo realizará uma performance inédita. Não deixe de conferir o registro em nossas redes sociais.

O LUMA Arles é localizado no Parc des Ateliers, um parque industrial construído no século 19 voltado à manutenção e construção de locomotivas. Remodelado, desde 2013 ele é voltado a atividades culturais.

Saiba tudo sobre as itinerâncias em nosso site.
34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto
Programa de mostras itinerantes

LUMA Arles
Arles (França)
16 de dezembro de 2022 – 05 de março de 2023
Les Forges, Parc des Ateliers
35 avenue Victor Hugo
13200 Arles

Parceria no New Museum

26/out

 

Vivian Caccuri, em parceria com o artista Miles Greenberg, inaugura a exposição “The Shadow of Spring” dia 11 de novembro no New Museum, em Nova Iorque, com curadoria de Bernardo Mosqueira.

Os artistas Miles Greenberg nascido em 1997, Montreal, Canadá, e Vivian Caccuri nascida em 1986, em São Paulo, Brasil, colaborarão pela primeira vez em uma exposição projetada exclusivamente para a Galeria do Lobby do New Museum.

“A Sombra da Primavera” investiga o fenômeno da vibração e como ela é capaz de gerar experiências coletivas transformadoras. Apresentando esculturas, instalações, peças de bordado e trabalhos sonoros recentemente encomendados e desenvolvidos separadamente e em colaboração. Esta instalação formará um ambiente abrangente criado para provocar formas alternativas de experimentar a dimensão sonora. Inspirados em como diferentes ritmos e frequências podem afetar a dinâmica do grupo (como em templos, pistas de dança e espaços urbanos), Vivian Caccuri e Miles Greenberg analisam as relações multifacetadas entre corpos e ondas sonoras. Com obras que apontam para as dimensões invisíveis da vida e da subjetividade, esta apresentação destacará os laços invisíveis que nos conectam uns aos outros,

 

Visitação até 05 fevereiro de 2023.

 

 

Exibição de Maxwell Alexandre

19/out

 

A Gentil Carioca – São Paulo e Rio de Janeiro – apresenta, para a Paris+ par Art Basel (stand F10), o solo de Maxwell Alexandre. As obras compõem a série Novo Poder, um desdobramento de “Pardo é Papel”, feito para explorar a ideia da comunidade negra dentro dos templos consagrados para contemplação de arte: galerias e museus. Entendendo a arte contemporânea como um campo de elite que concentra um grande capital financeiro e intelectual, a série busca chamar atenção da comunidade negra para esses espaços que legitimam narrativas na história. A série trabalha apenas com três signos básicos, sendo eles o preto (personagens), o branco (“cubo branco” ou espaço expositivo) e o pardo (arte).