A obra de Agrade Camiz em Madrid.

19/fev

Para a ARCOmadrid 2025, A Gentil Carioca apresenta uma seleção de obras da artista Agrade Camíz. A mostra faz parte do programa PROFILES | Latin American Art of ARCOmadrid 2025, curado por José Esparza Chong Cuy.

Nascida no Rio de Janeiro em 1988, a artista desenvolve desde 2011 sua pesquisa em pintura, iniciada nas ruas e posteriormente expandida para instalações, vídeo arte e fotografia. Seu trabalho disseca o banal e o quase invisível, revelando camadas profundas entre figurações, abstrações e geometrias que confrontam narrativas estabelecidas. Utilizando signos de habitações populares, Agrade redefine espaços e conceitos, criando novos lugares. Sua obra se destaca pela densidade e pelas múltiplas camadas que refletem o caos e as intimidades desses territórios geográficos e corporais.

A solo, intitulada “Onde o vento faz a curva”, fala de movimento, de um trajeto não linear, de algo que se molda ao caminho. Como o Sankofa (símbolo adinkra, que significa “voltar para buscar”), o olhar retorna ao passado para orientar o futuro. Para Agrade Camiz, mais que a memória, importa o atravessamento em sua totalidade. O gesto torna-se mais direto, a cor se impõe antes da forma e a expande, enquanto o desenho se ajusta ao próprio ritmo, criando novos contornos para o encontro entre superfícies e o atrito entre as cores.

Penduradas como bandeiras, como roupas que secam, que respiram e se movem, sem rigidez, a escolha de instalação das obras pela artista reforça o vínculo com a materialidade das ruas e das habitações populares, onde as imagens se moldam ao entorno, absorvendo marcas do tempo e de suas vivências. As obras traduzem sua reflexão. A maioria não se fixa, atravessam, criam caminhos, exigem um olhar que se mova junto.

A palavra da artista.

“Quero que a minha pintura neste solo dialogue com o corpo de quem passa por ela, que o olhar não seja só de quem observa, mas de quem participa. Porque, no fim, meu trabalho sempre foi sobre estar dentro, fora, e o que acontece nesse intervalo, onde o vento faz a curva”.

Modernismo Brasileiro em Londres.

27/jan

Uma exposição na Royal Academy of Arts em Londres apresenta 130 obras do Modernismo brasileiro, incluindo artistas como Tarsila do Amaral, Portinari, Lasar Segall e Djanira. A mostra abrange 60 anos da Arte Brasileira, com influências europeias e destaca a diversidade cultural, ficará aberta ao público até 21 de abril.  Uma seleta de mais de 130 obras de dez artistas do Modernismo Brasileiro, movimento cultural iniciado no país no começo do século XX.

Roberta Saraiva Coutinho, uma das curadoras da exposição “Brasil! Brasil! The birth of Modernism” (“Brasil! Brasil! O nascimento do modernismo”), apresentada para a imprensa na Royal Academy of Arts, de Londres, resumiu à agência de notícias AFP a importância da mostra: – Um momento único para ver as obras-primas de um país magnífico. A mostra é uma espécie de relato narrativo que abrange cerca de 60 anos da história da arte brasileira – explica Adrian Locke, da Royal Academy of Arts, um dos outros curadores da exposição, que reúne trabalhos produzidos entre 1910 e 1970. O movimento nasceu com a chegada de correntes culturais e artísticas iniciadas na Europa, como o Cubismo, o Futurismo, o Dadaísmo, o Expressionismo e o Surrealismo, mas com foco nos elementos da cultura brasileira.

A exposição, principalmente de pinturas e com artistas de renome reúne Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Lasar Segall, Vicente do Rego Monteiro, Flávio de Carvalho, Cândido Portinari e Djanira conta também com fotografias de Geraldo de Barros e esculturas de Rubem Valentim.

 

Artistas brasileiros no Pérez Art Museum Miami.

15/jan

One Becomes Many

(Um se torna muitos)

One Becomes Many, em exposição até 16 de abril no Pérez Art Museum Miami, FL, explora os legados duradouros que transcendem gerações nas obras de dez artistas negros brasileiros. Através de motivos tradicionais, abstrações geométricas e uma profunda reverência pela cultura brasileira, esses artistas oferecem vislumbres de um mundo onde a resiliência não é apenas uma característica, mas uma herança sagrada.

No centro da exposição está o Candomblé, a religião afro-brasileira que se baseia nas tradições dos grupos étnicos da África Ocidental, como os iorubás, os fon e os bantos, bem como alguns aspectos do catolicismo romano. Inspirados em práticas rituais, estes artistas prestam homenagem a divindades e espíritos ancestrais, exalando potência e sabedoria divinas nas suas obras. As imagens simbólicas reinventadas do Candomblé servem como um testemunho visual da força de um povo que resistiu, persistiu e prosperou.

Os temas da Diáspora também ressoam profundamente nesta coleção de obras, refletindo as experiências partilhadas dos artistas de deslocamento, sobrevivência e continuidade cultural. Através de narrativas sobre identidade e pertencimento, os artistas justapõem complexidades da história com realidades contemporâneas de comunidades afro-brasileiras. “One Becomes Many” convida os espectadores a uma viagem em que o passado se entrelaça com o presente e os ecos da sabedoria ancestral nos guiam em direção a um futuro iluminado pelo que ainda perdura.

Os artistas apresentados são Emanoel Araújo, Mestre Didi, Sonia Gomes, Gustavo Nazareno, Paulo Nazareth, Antonio Obá, Rosana Paulino, Hariel Revignet, Tadáskía e Nádia Taquary.

Organização e Suporte

“One Becomes Many” foi organizada por Jennifer Inacio, curadora associada da PAMM.

A Serpente de Ernesto Neto em Paris.

13/jan

Para sua décima exposição artística em janeiro, o Le Bon Marché Rive Gauche convidou o artista brasileiro Ernesto Neto para assumir o espaço. Trabalhando em torno da cor branca, em referência ao mês do Branco iniciado por Aristide e Marguerite Boucicaut, fundadores do Bon Marché Rive Gauche no século XIX.

A exposição “Le La Serpent” é composta por diversas obras monumentais, feitas em crochê e criadas a partir de seu ateliê no Rio de Janeiro. Sob os telhados centrais de vidro, atravessando a escada rolante, no segundo andar e nas janelas da rue de Sèvres, rue du Bac e rue de Babylone, o artista entrega a sua interpretação alegre e espiritual do mito fundador da humanidade, na cultura ocidental, através das figuras essenciais de Eva, Adão e da Serpente.

Encontre-se até 23 de fevereiro no Bon Marché Rive Gauche para conhecer a exposição única de Ernesto Neto, já que a temporada França-Brasil começa em abril.

Sobre o artista.

Nascido em 1964 no Rio de Janeiro, Ernesto Neto é um grande artista contemporâneo, reconhecido por suas instalações escultóricas em crochê. Suas obras, semelhantes aos organismos vivos, envolvem diversos sentidos e buscam reconectar o homem com a natureza. São feitos para serem atravessados, habitados e sentidos, às vezes até cheirados. O espectador é assim convidado a experimentar livremente o seu corpo, os seus sentidos e a sua mente. Há vários anos que Ernesto Neto utiliza exclusivamente materiais naturais como algodão, especiarias, madeira, argila e folhas de árvores.

Famoso em França desde a sua exposição “Léviathan Thot” no Panthéon em 2006, o artista expõe por todo o mundo, regressa a Paris e deslumbra os nossos sentidos no Bon Marché Rive Gauche. Conheça os bastidores da exposição durante uma conversa artística entre Ernesto Neto e o jornalista cultural Laurent Goumarre sobre a obra e a vida do artista.

Lygia Clark na Alemanha.

10/jan

A Neue Nationalgalerie exibirá a primeira retrospectiva da artista brasileira Lygia Clark (1920-1988) na Alemanha. Com cerca de 150 obras, a ampla mostra no salão superior apresentará suas obras das décadas de 1950 a 1980, que vão desde pinturas geométricas abstratas até esculturas participativas e performances. A abordagem interativa no trabalho de Lygia Clark será o aspecto central da exposição. Os visitantes poderão interagir com um grande número de réplicas criadas especialmente para a mostra.

Lygia Clark é considerada uma inovadora radical, pois redefiniu fundamentalmente a relação entre artista e espectador, obra de arte e espaço. Como figura de destaque do Neoconcretismo (movimento Neoconcreto), iniciado no Rio de Janeiro em 1959, ela entendia a arte como um fenômeno orgânico. Ela exigia uma experiência artística subjetiva, corporal e sensorial, que incluía a participação ativa do espectador. Esta abordagem participativa dentro do trabalho de Lygia Clark estará disponível para os visitantes experimentarem através da interação com cópias de esculturas e objetos sensoriais da exposição. Além disso, apresentações e workshops regulares irão ativar o trabalho desta notável artista do século XX.

Após as primeiras pinturas construtivistas compostas por vários painéis de madeira, Lygia Clark abandonou totalmente a pintura na década de 1960 e desenvolveu sua ideia da obra de arte como um corpo. Ela produziu esculturas geométricas que são construções móveis. Quando os espectadores as dobram, elas assumem configurações diferentes. Após a dissolução do grupo Neo-Concreto em 1961, Lygia Clark continuou a desenvolver sua ideia da obra de arte como um organismo vivo até seu último trabalho na década de 1980. No início da década de 1970, ela criou a série Corpo Coletivo, que significa ações performáticas de construção de comunidade para participantes de um grupo. No final de sua carreira, desenvolveu sua própria terapia corporal.

A retrospectiva na Neue Nationalgalerie reúne cerca de 150 empréstimos de coleções privadas e museus internacionais, incluindo o Museu de Arte Moderna de São Paulo e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna de Nova York.

Catálogo da Exposição

A exposição será acompanhada por um catálogo de edição bilíngue em alemão e inglês na E. A. Seemann Verlag. É a primeira publicação em língua alemã sobre Lygia Clark e oferece uma visão abrangente de seu trabalho. A exposição tem curadoria de Irina Hiebert Grun e Maike Steinkamp, ​​Neue Nationalgalerie. Financiado pela Kulturstiftung des Bundes (Fundação Cultural Federal Alemã) e pela Beauftragte der Bundesregierung für Kultur und Medien (Comissário do Governo Federal para Cultura e Mídia). Organizado em cooperação com o Kunsthaus Zürich, onde a mostra estará em exibição do Outono de 2025 à Primavera de 2026.

Trata-se de uma exposição especial da Nationalgalerie – Staatliche Museen de Berlin.

19ª Mostra Internacional de Arquitetura.

27/nov

A Fundação Bienal de São Paulo anuncia a participação brasileira na 19ª Mostra Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia, Giardini Napoleonici di Castello, Padiglione Brasile, 30122, Veneza, Itália, com abertura em 10 de maio de 2025. O projeto curatorial e expográfico do Pavilhão do Brasil terá curadoria da arquiteta Luciana Saboia e dos arquitetos Eder Alencar e Matheus Seco, do grupo Plano Coletivo. O projeto para a Bienal de Arquitetura de Veneza é uma curadoria de práticas e pesquisas em desenvolvimento que contará com a colaboração de pesquisadores, professores, arquitetos e artistas de várias regiões do país.

O projeto busca refletir sobre as complexas interações entre natureza, infraestrutura e práticas arquitetônicas no contexto brasileiro, dialogando diretamente com o tema geral dessa edição, Intelligens. Natural. Artificial. Collective., proposto pelo curador geral Carlo Ratti. Comissária: Andrea Pinheiro, Presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

Sobre os curadores do Plano Coletivo

Luciana Saboia. Arquiteta formada pela Universidade de Brasília, UnB (1997), doutora em teoria e história da arquitetura e da cidade pela Université Catholique de Louvain, UCLouvain (2009) e  pesquisadora visitante no Office for Urbanization da Harvard Graduate School of Design, GSD (2017). É professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, FAU Unb, e pesquisadora com vasta experiência em paisagem e apropriação social. Luciana Saboia desenvolve pesquisas focadas nas transformações ambientais e sociais das periferias metropolitanas. Com atuações internacionais, ela propõe novas estratégias para o projeto da paisagem, que refletem sua visão crítica e engajada sobre a arquitetura e o planejamento urbano.

Eder Alencar. Arquiteto formado pela Universidade de Brasília, UnB (2010). É sócio-fundador do ARQBR Arquitetos, onde desenvolve um trabalho que combina a relação da arquitetura com o contexto local a um profundo compromisso com a crítica arquitetônica, buscando sempre responder às escalas humanas e paisagísticas de cada projeto. Junto ao ARQBR, possui um histórico de prêmios em concursos públicos de grande relevância.

Matheus Seco. Arquiteto formado pela Universidade de Brasília, UnB (1999), é mestre em Architectural Design pela Bartlett School of Architecture, UCL, (2004). Sócio-fundador do BLOCO Arquitetos, desenvolve um trabalho que reflete um interesse na relação direta do projeto com condicionantes específicas e respeito pelo contexto local. Junto ao BLOCO, foi premiado em concursos nacionais e internacionais de obras construídas.

Pré-abertura: 08 e 09 de maio de 2025.

Duração: 10 de maio a 23 de novembro de 2025.

A presença da natureza.

Para a Art Basel Miami Beach 2024, Miami Beach Convention Center, FL, USA, A Gentil Carioca (Stand G17) apresentará uma seleção de obras que investigam a presença da natureza por meio das complexas interações entre o humano e o meio ambiente. Os trabalhos dos artistas revelam como essa conexão se manifesta tanto em dimensões simbólicas quanto materiais, abordando a criação como um ato simultaneamente natural e cultural. Assim, exploram as tensões e harmonias que permeiam esse diálogo essencial.

Participam desta edição: Agrade Camíz, Ana Silva, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Denilson Baniwa, Jarbas Lopes, Laura Lima, Novíssimo Edgar, Maria Nepomuceno, Miguel Afa, Misheck Masamvu, Vivian Caccuri, Renata Lucas, Rodrigo Torres, Sallisa Rosa, Vinicius Gerheim, O Bastardo, Kelton Campos Fausto e João Modé.

Exibições em  04, 05 (preview) de dezembro e 06, 07 e 08.

José Adário exibe ferramentas de orixás.

26/nov

A Galatea tem o prazer de apresentar o projeto José Adário: no caminho de Ogum na Art Basel Miami Beach 2024, entre os dias 06 e 08 de dezembro, exibindo as esculturas de ferro – também conhecidas como ferramentas de orixás – do artista baiano José Adário (1947). Nascido em Salvador, na Bahia, Adário deu início à sua trajetória como ferreiro quando tinha apenas 11 anos de idade. Guiado pelo mestre e mentor Maximiano Prates, Adário aprimorou a sua prática como ferreiro de santo na oficina de Prates situada na histórica Ladeira da Conceição da Praia, seu local de trabalho até hoje.

As ferramentas de santo são esculturas de ferro que operam uma espécie de mediação entre os homens e os orixás, entre o mundo físico (Aiyê) e o mundo espiritual (Orum). Nos terreiros de Candomblé, elas são utilizadas em rituais e para devoção. Por produzi-las com grande originalidade e sofisticação formal, José Adário passou a ser reconhecido não só como o escultor-ferreiro mais celebrado dos terreiros da Bahia, mas como um artista cuja prática é intimamente vinculada às raízes afro-diaspóricas da cultura de sua região – Salvador é considerada a cidade mais negra fora da África.

Encontros ao redor do mundo.

14/nov

A primeira Invocação da 36ª Bienal acontece em Marrakech, Marrocos, entre os dias 14 e 15 de novembro – uma série de programas públicos que se passa em quatro cidades ao redor do mundo antes da abertura da edição, espelhando, reconfigurando e expandindo o conceito de Humanidade como prática a partir de um contexto local específico.

Intitulada “Souffles: Sobre escuta profunda e recepção ativa”, a Invocação organizada em parceria com LE 18 e Fondation Dar Bellarj traz como temas a circularidade e a precariedade da respiração, a música Gnawa como modo de ser, as culturas sufis e a escuta como prática de coexistência, assim como a criação de lugares e espaços. O título faz referência a um poema de Birago Diop, mas também a uma revista pioneira editada entre 1966 e 1971 que trabalhava a emancipação política por meio da poesia e linguagem experimental.

A Invocação conta com a participação de Maalem Abdellah El Gourd, Fatima-Zarah Lakrissa, Ghassan El Hakim, Kenza Sefrioui, Laila Hida, Leila Bencharnia, Maha Elmadi, Mourad Belouadi, Simnikiwe Buhlungu e Taoufiq Izzediou.

O título da 36ª Bienal de São Paulo, “Nem todo viandante anda estradas”, é formado por versos da escritora Conceição Evaristo.

A obra de Antonio Dias nos Emirados Árabes.

04/nov

A exposição “Search for an Open Enigma” apresenta a obra de Antonio Dias (1944-2018), artista brasileiro que transgrediu incansavelmente os limites materiais e conceituais, abordando questões sociopolíticas complexas através de diversos meios. O título da exposição deriva da análise feita em 1969 pelo artista-crítico Hélio Oiticica sobre a natureza aberta da iconografia de Antonio Dias.

Em exibição até 08 de dezembro nos Estúdios Al Hamriyah, a exposição está repleta de imagens potentes, cores ousadas e figurações enigmáticas. As obras de mídia mista de Antonio Dias, do início dos anos 1960, criticam a violenta ditadura militar em seu país natal, o Brasil. Esses anos marcaram o momento em que o artista subverteu a linguagem visual da cultura popular brasileira, carregando-a de comentários sobre violência e censura. A partir da década de 1980, Antonio Dias produziu pinturas abstratas com pigmentos metálicos, cores vibrantes e formações dinâmicas, enquanto continuava a desenvolver suas instalações de mídia mista, que ele infundiu com um senso de humor pungente até seu falecimento. A primeira exposição individual da arte de Antonio Dias na região presta homenagem à natureza versátil e subversiva de sua obra por meio de uma seleção de trabalhos que seguem sua trajetória artística desde os anos 1960 até o final dos anos 1990.

Antonio Dias: The Search for an Open Enigma é curada por Hoor Al Qasimi, diretora da Sharjah Art Foundation, com Reem Sawan, Assistente de Curadoria da Fundação.