A obra original de Artur Lescher

12/mai

 

 

O Farol Santander Porto Alegre, centro de cultura, empreendedorismo e lazer da capital gaúcha, exibe a exposição inédita “Observatório”, do artista visual paulistano Artur Lescher. Trata-se da primeira grande mostra individual de Lescher em Porto Alegre e apresenta, com 28 obras, uma retrospectiva de sua carreira. Observatório fica em cartaz no icônico edifício porto alegrense até 24 de julho. Das obras expostas, sete foram desenvolvidas especialmente para a exposição no Farol Santander.
Artur Lescher se destaca pelas obras tridimensionais e materiais inusitados para a construção de suas esculturas. O artista já teve grandes exposições individuais e coletivas em países como Estados Unidos, França, Alemanha, Argentina e Uruguai. Aos 25 anos já marcava presença na Bienal de São Paulo em 1987, desenvolvendo poética escultórica baseada nas observações e experimentações dos ambientes expositivos.

 

 

“É com grande alegria que o Farol Santander acolhe a exposição Observatório, de Artur Lescher. Um dos artistas com trajetória mais destacada e consistente do país, Lescher relaciona arte, design e arquitetura em uma obra instigante e poética. Através de projetos que trazem grandes nomes da arte brasileira para interagir com o icônico edifício que abriga a sede do Farol Santander Porto Alegre, fortalecemos nossa missão de estimular a cultura, aproximar pessoas e despertar a criatividade de um público que vêm se revelando cada vez mais exigente, dinâmico e plural.”; afirma Patricia Audi, vice-presidente do Santander Brasil.

 

 

Logo na entrada da exposição que ocupará as galerias localizadas no mezanino do edifício, os visitantes se deparam com a instalação “Pivô” (2014), uma grande estrutura suspensa desenvolvida em materiais como latão e cabo de aço, medindo seis metros e pesando trezentos quilos, que simula o funcionamento de um pêndulo.
A exposição segue com uma série de esculturas produzidas por Lescher entre os anos de 1998 e 2022. Uma delas, intitulada “Sputinik” (2021), contém três peças que formam uma esfera de madeira com 25 centímetros de diâmetro, suspensa no ar por três hastes finas de metal dourado, que se movem pela sala na diagonal, também provocando um efeito pendular.

 

 

Além de “Sputinik”, são totalmente inéditas e desenvolvidas para sua primeira grande exposição individual em Porto Alegre as obras Finial # 07, 08, 09 e 10, Rio Leethê #19 e Observatório. Destaca-se ainda a obra “Escada” (1998), que já passou por diversos museus e exposições. A escultura mede 24,5 cm x 265 cm e foi desenvolvida em aço inoxidável. Outras séries de trabalhos com elementos como pêndulos, linhas, granito, madeiras e feltro de lã completam o circuito expositivo, explorando o conceito dos corpos que riscam o espaço, deixando rastros retilíneos e leves. Ao mesmo tempo em que o trabalho de Lescher está atrelado fortemente aos processos industriais, atingindo requinte e rigor extremos, sua produção vai além e não tem por fim único à forma. Essa contradição abre espaço para o mito e a imaginação, ingredientes essenciais para a construção de seu “Observatório”.

 

A obra de Francis Pelichek revisitada

10/mai

 

 

Será inaugurada no  próximo sábado, dia 14 de maio, às 11h, na Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, RS, a exposição “Francis Pelichek – Um boêmio moderno em Porto Alegre”.

A exposição apresenta um pouco da vida e da obra desse pequeno-grande artista, que chegou ao estado em 1922, onde viveu até seu falecimento precoce, em 1937. São aproximadamente 60 obras de acervos públicos e particulares, que oferecerão a oportunidade tanto de conhecer um pouco mais da produção de Francis Pelichek, como de pensar acerca do cenário artístico em Porto Alegre ao longo das décadas de 1920 e 1930. A curadoria é de Paula Ramos e Ana Luiza Koehler que desenvolve, no âmbito de seu doutorado, pesquisa sobre o artista.

 

 

Ecoart no Farol Santander

09/mai

 

 

Uma exposição que propõe uma viagem pelos principais biomas brasileiros e alerta para a preservação ambiental é a mostra imersiva “ECOARt” que será apresentada no Farol Santander Porto Alegre e na Plataforma ZYX, com imagens da Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga. Os principais biomas brasileiros – Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga – serão apresentados na instalação “ECOARt”, que será inaugurada no dia 10 de maio, simultaneamente no Farol Santander Porto Alegre e na Plataforma ZYX (www.zyx.solutions). Idealizada pelo artista multimídia Ricardo Nauenberg, utilizando tecnologia de última geração, a exposição é composta por uma grande instalação imersiva, que mostra a beleza dos biomas brasileiros e alerta para a importância da preservação ambiental.

 

“Acredito que a melhor forma de se sensibilizar o público em uma mensagem pró-preservação é pela beleza e não pela destruição… Um passeio imersivo pela diversidade  da natureza, com suas paisagens espetaculares, e alertando que se providências e cuidados não forem tomadas, essas ‘joias’ irão desaparecer, é um alerta bastante forte feito de forma positiva e lúdica”, ressalta Ricardo Nauenberg. A instalação é composta por totens monumentais, em formato cilíndrico, com tamanhos que chegam a 8 metros de diâmetro por 6 metros de altura, onde serão projetados filmes de cada bioma, feitos a partir da animação de imagens de importantes fotógrafos, como Araquém Alcântara (Amazônia e Pantanal), Cássio Vasconcellos (Mata Atlântica), Tadeu Vilani (Pampas) e André Dib (Cerrado e a Caatinga). Completando a experiência imersiva, o público poderá caminhar por estes espaços, andando sobre um chão coberto de folhas secas, sentido os barulhos, texturas e cheiros.

 

Na exposição, QR codes levarão o público à plataforma ZYX, com textos e vídeos sobre cada bioma, com narração e comentários do biólogo Gustavo Martineli, Doutor em Ecologia pela University of St.Andrews, Reino Unido. A mostra também poderá ser vista através da plataforma ZYX, de forma 3D, ampliando a experiência e tornando-a acessível a pessoas em qualquer parte do mundo, ecoando a mensagem de preservação de forma universal. A instalação, diferentemente de outras, acontece em “dois ecossistemas”, de igual peso e importância: a física, construída dentro do Farol Santander, e a digital, na plataforma ZYX, que aprofunda o tema e transforma a instalação em um projeto sem fronteiras, uma vez que pode ser integralmente visitado em qualquer local do Brasil ou do planeta. As iniciativas são complementares. Dentro da plataforma ZYX o conteúdo é veiculado dentro de um canal sobre sustentabilidade, também chamado ECOARt

 

www.midiarte.net

 

(https://www.zyx.solutions/cópia-canais-zyx-3), onde o conteúdo ficará disponível permanentemente, e que colecionará novos conteúdos ao longo do tempo. O nome da exposição faz uma analogia entre as palavras eco (ecossistema) e arte, que, juntas, formam a palavra ecoar, passando uma ideia de preservação ambiental através da arte, ecoando uma mensagem de preservação do planeta.

 

 

Sobre o idealizador

 

Ricardo Nauenberg é artista multimídia, com atuações no cinema, videoarte, instalações e fotografia, tendo começado na pintura, estudando com Ivan Serpa no Centro de Arte Bruno Tausz. A partir da técnica de colagens onde precisava achar ou produzir imagens para inserção nas pinturas, aconteceu o primeiro contato com a fotografia. Aos 13 anos foi estagiar no famoso Estúdio Plug, de Antônio Guerreiro e David Zingg, onde se aproximou da fotografia de moda e publicidade. Três anos mais tarde, montou um estúdio próprio trabalhando para as principais revistas do mercado, como Vogue, jornais, como O Globo, e agências de publicidade, com fortes influências de um grafismo minimalista, coerentes com sua formação na pintura de arte.

 

Ex-diretor da Rede Globo, onde trabalhou inicialmente como Diretor de Arte e posteriormente como Diretor de Programas por 12 anos, seus trabalhos lhe renderam prêmios internacionais nos Festivais de Nova York e no Projeto Leonardo em Milão.

 

No mesmo período fundou sua produtora, a Indústria Imaginária, com a qual produziu e dirigiu filmes longas-metragens, séries de TV, documentários, além de ter desenhado exposições de arte e publicado livros de fotografia.

 

Apesar do cinema e da televisão serem suas principais atividades, desenvolve trabalhos com fotografia com o projeto “Entre Terra”, que resultou em uma exposição individual no Centro Cultural dos Correios e um livro de arte. Em 2020, concluiu “Superfícies”, um ensaio sobre o deserto do Arizona e Utah. As instalações são também uma forma de sua expressão, onde a montagem é sempre a criação de uma escultura para apresentar conteúdos fortes muitas vezes homenageando a expressão de  outros artistas… ECOARt é um exemplo desse conceito.

 

 

Até 24 de julho.

 

Conversa com Xadalu

 

 

Seguindo a parceria com a Fundação Iberê Camargo, o artista visual Xadalu Tupã Jekupé e o curador de arte Cauê Alves se reúnem, aqui no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, para conversar com o público sobre a exposição “Antes que se apague: territórios flutuantes”, que estará em cartaz na Fundação Iberê a partir do dia 14 de maio. A mostra aborda a questão do apagamento da cultura indígena na região oeste do Rio Grande do Sul, onde diversas etnias foram dizimadas. Restaram algumas poucas escritas em livros históricos. Das 19 obras, 14 foram produzidas para a exposição. A atividade é gratuita e acontece nesta quinta, às 19h, em formato híbrido, online pelos canais no Youtube de ambas as instituições e presencial no Instituto Ling. Com vagas limitadas no presencial, a distribuição de senhas iniciará uma hora antes da atividade.

 

 

Projeto Educativo da 13ª Bienal do Mercosul

06/mai

 

 

Você se lembra do seu último sonho? Já imaginou transformá-lo em um filme?

 

Em uma parceria inédita, o Instituto Ling, Porto Alegre, RS, será o grande apresentador do Projeto Educativo da 13ª Bienal do Mercosul, e também um dos palcos de sua programação, reunindo uma série de atividades gratuitas, como oficinas, seminários e debates.

 

 

Abrindo a programação, apresentamos o projeto Hypnopedia – enciclopédia audiovisual de sonhos, de autoria do artista visual mexicano Pedro Reyes. A ideia parte de um dos três temas-chaves desta edição da “Bienal: Trauma, Sonho e Fuga”.

 

 

Buscamos sonhadoras e sonhadores que queiram transformar suas memórias oníricas em vídeos curtos, utilizando a linguagem audiovisual que acharem mais interessante para isso. Você será narrador(a) e diretor(a) deste vídeo, e poderá também atuar, animar, desenhar ou montar seu sonho da forma que quiser.

 

 

O projeto oferecerá encontros online e oficinas presenciais para discussão de ideias ou, ainda, para auxiliar tecnicamente na criação do material. Que tal participar dessa construção coletiva enviando suas memórias em vídeos de até um minuto? Quem quiser ajuda para colocar a ideia em prática pode participar do encontro que acontecerá no dia 9, às 19h, em formato virtual. Na data, a equipe da Bienal estará disponível para discutir e auxiliar tecnicamente na criação do material.

 

 

As inscrições são gratuitas.

 

 

Os vídeos selecionados serão divulgados nas redes sociais do projeto e farão parte da obra final de Pedro Reyes, filme que será exibido em um espaço expositivo da 13ª Bienal do Mercosul, com exposição de setembro a novembro deste ano em Porto Alegre, RS.

 

 

 

 

Tiago Sant’Ana na Alban, Salvador

05/mai

 

 

O próximo cartaz da Alban Galeria, Ondina, Salvador, BH, será a exposição “Estrelas flamejantes em manhã de sol”, do artista visual Tiago Sant’Ana, com abertura no dia 12 de maio, às 19 horas. Essa é a primeira mostra do artista baiano na galeria e reúne mais de 20 obras inéditas, especialmente produzidas para a ocasião, dando destaque à linguagem da pintura. O ensaio crítico que acompanha a exposição tem autoria de Marcelo Campos, curador-chefe do MAR – Museu de Arte do Rio e professor da UERJ. O título da exposição é inspirado num texto da década de 1960 do escritor americano James Baldwin, no qual ele tece uma comparação entre a mobilidade social do homem negro da diáspora e elementos celestes. Tendo esse ponto de partida, Tiago Sant’Ana traça uma metáfora em que céu, lua, luz e sombra dão visualidade a um conjunto de trabalhos onde a masculinidade negra assume uma posição central.

 

 

O conjunto principal de pinturas – em acrílica sobre tela e aquarela sobre papel – trazem uma associação do sol com uma posição de poder e da lua como uma alegoria para pensar em ciclos de vida e amadurecimento. Essa imagem se torna proeminente em trabalhos como “Sete luas”, em que, com olhar distante, como um sonhador, um homem é circundado pelo satélite natural da Terra em diferentes fases.

 

 

“Nesta exposição, eu criei uma série de imagens de poder. Seja um poder pelo dado energético dos próprios astros que figuram nas telas, seja porque esses homens retratados possuem uma complexidade e uma posição altiva frente à audiência. Eles têm um rosto nítido apresentado, possuem tensão e particularidades”, comenta o artista, cuja pintura é sua linguagem artística de pesquisa mais recente.

 

 

Na obra de mais de 2 metros de altura e que dá título à mostra, Tiago Sant’Ana traz um homem vestido com um terno à frente de um céu dramatizado por meio de cortinas. O personagem carrega na mão uma máscara de ouro e possui os pés descalços sob um chão de ladrilhos. A obra remete a uma tradição renascentista dos chamados “retratos de corpo inteiro”, no entanto, trazendo uma pessoa negra – que não era retratada numa posição de centralidade de maneira digna até muito recentemente na História da Arte ocidental. É torcendo esses sentidos e imagéticas, preenchendo brechas na representação ou mesmo torcendo o sentido dela, que a mostra do artista baiano toma corpo. A exposição faz parte do projeto artístico desenvolvido por Tiago Sant’Ana ao longo da sua carreira de trabalhar em intersecção com a história e com a memória. Neste caso específico, ao eternizar pessoas próximas e do seu círculo de amizades, o artista constrói uma espécie de pinacoteca afetiva, tornando esses rostos eternizados dentro da História da Arte.

 

 

Sobre o artista

 

 

Tiago Sant’Ana tem alcançado destaque nacional e internacional, ganhando prêmios como o Soros Arts Fellowship da Open Society Foundation e a Bolsa ZUM do Instituto Moreira Salles. Recentemente, suas obras passaram a integrar o acervo do Denver Art Museum, nos Estados Unidos, e do MASP, em São Paulo. Atualmente, o artista está em cartaz em diversas exposições, como “The silence of tired tongues”, na Framer Framed, em Amsterdam, e “Encruzilhada”, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador. Tiago Sant`Ana já participou de uma série de exposições no Brasil e em países como Estados Unidos, Holanda e Reino Unido, a exemplo de “Enciclopédia negra” (2021), na Pinacoteca de São Paulo, “Rua!” (2020) e “O Rio dos Navegantes” (2019), no Museu de Arte do Rio, “Histórias afro-atlânticas” (2018), no MASP e Instituto Tomie Ohtake, “Axé Bahia: The power of art in an afro-brazilian metropolis” (2017), no The Fowler Museum, “Negros indícios” (2017), na Caixa Cultural São Paulo e “Reply All” (2016), na Grosvenor Gallery UK. Suas obras também fazem parte de acervos como o da Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte do Rio e Museu de Arte Moderna da Bahia.

 

 

A exposição é uma realização da Alban Galeria que, com 30 anos dedicados à arte brasileira, realiza um programa expositivo anual com cerca de cinco mostras, promovendo e exibindo a produção artística de nomes consagrados e emergentes do cenário nacional, de diferentes gerações, práticas e regiões do país.

 

 

De 13 de maio até 01 de julho.

 

 

 

Fundação Iberê exibe Xadalu Tupã Jekupé

 

 

Fundação Iberê aborda o apagamento da cultura indígena

 

 

“Vamos caminhar sobre os raios do sol

Vamos caminhar sobre o som do trovão

Vamos caminhar sobre as palavras no tempo

Vamos caminhar sobre a bruma de fumaça

Vamos caminhar todos juntos

Vamos caminhar todos juntos

Ao alcançar a terra sem males todos iremos nos alegrar

Todos iremos nos alegrar”

Xadalu Tupã Jekupé

 

 

No dia 14 de maio, sábado, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura uma exposição inédita de Xadalu Tupã Jekupé, “Antes que se apague: territórios flutuantes”. Com curadoria de Cauê Alves, curador-chefe do MAM de São Paulo, a primeira individual do artista na instituição é, também, mais do que arte; aborda a questão do apagamento da cultura indígena na região oeste do Rio Grande do Sul, onde diversas etnias foram dizimadas. “O trabalho de Xadalu nos abre uma perspectiva da história a partir da visão dos que perderam as batalhas. Não apenas a Guerra Guaranítica, mas também as pequenas batalhas cotidianas, aquelas que silenciosamente vão sendo travadas e talvez nem sejam percebidas como uma batalha por quem venceu. Contribui para que outro modo de vida ganhe visibilidade e possa se tornar possível. Numa época em que as mudanças climáticas afetam a todos, a promessa de uma nova relação com a terra, antes que ela se apague completamente, só se cumprirá quando os saberes dos povos originários forem respeitados”, destaca Cauê.

 

 

“Antes que se apague: territórios flutuantes” apresenta 19 obras, que ocuparão o segundo andar da Fundação. Quatorze delas foram produzidas para esta mostra. Além do tamanho, que vem justamente para impactar, elas são memórias da infância de Xadalu Tupã Jekupé, bem como de sua mãe, de sua avó e de sua bisavó, na antiga Terra Indígena Ararenguá, na beira do Rio Ibirapuitã, em Alegrete. Memórias da casa de barro, sem luz elétrica, do fogo de chão e da pesca. Memórias das águas geladas que atravessavam todos os dias em busca de alimento e das infinitas noites escuras, apenas iluminadas pelas estrelas.

 

 

Como escreve Cauê para o catálogo da exposição: “Quando Xadalu demarca Porto Alegre, com seus adesivos, cartazes, pinturas ou bandeiras, como “área indígena”, está completamente correto do ponto de vista histórico. Todo o Brasil já foi território indígena. Mais do que a reinvindicação do direito ao território, trata-se de uma reocupação simbólica dele. Uma espécie de reconquista que não é como a conquista colonial, que explora e destrói a terra, seja pelo garimpo, a monocultura ou a construção de cidades e monumentos, mas de modo singelo, chamando atenção para quem sempre esteve ali, sentado, resistindo, mas que foi praticamente apagado, como se os indígenas tivessem perdido sua visibilidade. É inegável que os lambes de Xadalu tencionam o espaço urbano ao agir sobre a noção de pertencimento, exclusão e demarcação simbólica da cidade.” Segue ele: “O trabalho de Xadalu Tupã Jekupé contribui para que outro modo de vida ganhe visibilidade e possa se tornar possível. Numa época em que as mudanças climáticas afetam a todos, a promessa de uma nova relação com a terra, antes que ela se apague completamente, só se cumprirá quando os saberes dos povos originários forem respeitados”.

 

 

Sobre a curadoria

 

 

Cauê Alves é doutor em Estética e Filosofia da Arte e, desde 2020, curador-chefe do MAM São Paulo. Professor do Departamento de Artes da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP, onde também foi coordenador do curso de Arte: História, Crítica e Curadoria. Durante 11 anos, também foi professor do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

 

 

Prêmio PIPA 2022

 

 

Pela primeira vez, Xadalu Tupã Jekupé é indicado ao Prêmio PIPA 2022, um dos mais relevantes prêmios brasileiros de artes visuais. Neste ano, fazem parte do Comitê de Indicação 25 nomes, formado por críticos e curadores, artistas, colecionadores e professores de todas as regiões do país.

 

 

Exibição de documentário em diálogo com a exposição

 

 

No dia 14 de maio, sábado, às 16h30, a Fundação Iberê Camargo exibe o episódio de Xadalu Tupã Jekupé para o documentário “Misturados”, seguido de um bate-papo sobre a produção com os diretores Luiz Alberto Cassol e Richard Serraria, o artista e Cauê Alves, curador da exposição “Antes que se apague: territórios flutuantes”.

 

 

A web série fala das influências e das trocas culturais presentes na vida e na obra de sete artistas nas áreas da música, do cinema, da literatura e das artes visuais que vivem no Rio Grande do Sul. A concepção de diversidade contida neste projeto é viva e inovadora, pois reconhece a equidade de etnias e de gênero e destaca significativas contribuições do patrimônio histórico e cultural do Estado, sem separar as culturas “em caixinhas” e sem manter os artistas em territórios isolados. A realização de “Misturados” é da Leososamusica Produções Musicais, com roteiro e direção de Luiz Alberto Cassol, Ricardo Almeida e Richard Serraria. A produção executiva é de Leo Sosa e a produção-geral de Ricardo Almeida.

 

 

A Fundação Iberê tem o patrocínio de Crown Brand-Building Packaging, Grupo Gerdau, Renner Coatings, Grupo Iesa, Grupo Savar, Grupo GPS, CEEE-D Equatorial Energia, DLL Group, Lojas Renner, Sulgás e Unifertil, e apoio de Instituto Ling, Ventos do Sul Energia, Dell Technologies, Digicon/Perto, Golden Lake Multiplan, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal.

 

 

De 14 de maio a 31 de julho.

 

Na Usina de Arte, em Pernambuco

19/abr

 

 

“Paisagem”, de Regina Silveira, e “Um Campo da Fome”, de Matheus Rocha Pitta, espelham a preocupação de gerações e tendências diferentes, com a situação social do País.

 

 

Parafraseando o escritor italiano Ítalo Calvino, volto sobre meus passos à Usina de Arte, em Pernambuco. O retorno imaginário é a experiência do ver depois, do ver outra coisa, do viver ainda.

 

 

As seguidas mutações desse espaço cultural a céu aberto, funcionando em plena Zona da Mata, reforça a ideia de transformar territórios rurais em centros artísticos, múltiplos, vivos e agregadores de comunidades esquecidas. Com a inauguração das obras “Paisagem”, de Regina Silveira e “Um Campo da Fome”, de Matheus Rocha Pitta as discussões sobre violência e fome se materializam em dois projetos políticos que adensam o acervo de arte da Usina. Ambas espelham a preocupação desses dois artistas, de gerações e tendências diferentes, com a situação social do País.

 

 

O labirinto transparente de Regina foi montado na 34ª Bienal de São Paulo e adquirido pelo empresário Ricardo Pessoa de Queiróz, segundo a artista, depois de uma intermediação das galeristas paulistanas Luciana Brito e Marga Pasquali. As paredes transparentes, “perfuradas” graficamente por tiros, exibem uma cena enigmática. Os alvos apontam para o ponto cego da indagação sobre quem atira e o que é alvejado. A artista se aproxima de formas geométricas que dão essência a esse trabalho provocador, envolto em uma tensão curiosa. Como diz Walter Benjamim, o convencional frui-se sem crítica e o diferente está sujeito a ela. Paisagem pode simbolizar os enfrentamentos vividos no Estado de Pernambuco, notável por suas lutas históricas contra os portugueses, franceses, holandeses ou durante a escravidão nos campos de cana de açúcar. De qualquer ângulo que se olhe esse labirinto, as paredes translúcidas colocam a topografia circundante como pano de fundo. Assim, a instalação envolve e é envolvida pelo entorno. O visitante pode experimentar uma caminhada pelos cem metros quadrados, cujas paredes de 2,50 m  de altura exibem, a um pouco mais de um metro, imagens impressas de tiros.

 

 

Vista do alto, “Paisagem” torna-se um mapa com traçado total, um microcosmo constituído de fragmentos perfeitos. A experiência espacial coletiva ou individual é primordial para constituir um labirinto. Conceitualmente os trabalhos de Regina são recorrentes. Paisagem reforça a série de labirintos gráficos, realizados na década 1970, em torno do mesmo eixo, com marcas gráficas de disparos. Também a série “Crash” está no alinhavo deste pensamento no qual louças de porcelanas são quebradas.

 

 

A artista realiza a instalação com liberdade formal e situação espacial fluídas. Na sociedade contemporânea tudo acontece rápido e simultaneamente tornando só percebido o que sobressai. Sensação é o que arranca a percepção do seu ritmo costumeiro e Regina aplica isso muito bem, seja em suas obras intimistas, seja nos trabalhos públicos superdimensionados. O labirinto translúcido, formalmente limpo e angular da artista, dialoga em contraponto ao labirinto orgânico e aberto, “Eremitério Tropical” de Márcio Almeida construído com tijolos e lentamente mimetizado pela paisagem. A instalação tangencia a morfologia “radicante”, que se refere às plantas que produzem raízes no processo de deslocamento. A ideia se encaixa no conceito do paisagista Gilles Clément que propõe criar “jardins em movimento”, utilizando exatamente essa característica móvel, ou desterritorializante, do mato e das plantas trepantes.

 

 

Com outras gramáticas, mas igualmente político, Matheus Rocha Pitta inaugura hoje sua obra maior, Campo da fome, uma imensa intervenção na paisagem. A instalação abrange o repertório de manifestações visuais que envolve a ecologia, focalizando a destruição do meio ambiente e a fome. O artista ocupa uma área de 700 metros quadrados com uma horta focada em vegetais típicos do Nordeste como o caju, pinha, abacaxi, milho, mandioca confeccionados com barro. A instalação ainda agrega azulejos e pedaços de concretos que ele chama de materiais ordinários. Como explica o artista, “devido à sua recém-implantação a obra pode dar a impressão de incompletude e instabilidade por causa do terreno que ainda não está sedimentado”. Sua arte transgressora é tingida pela cor ocre da terra e pelo discurso da fome. A instalação está dividida em espaços rigorosamente iguais com repetição serialista e que se apoia no manifesto A estética da fome, de Glauber Rocha, a cartilha do Cinema Novo, na qual o diretor defende uma linguagem emancipadora a partir da falta de comida e avisa. “Enquanto não erguer as armas, o colonizado é um escravo”. Rocha Pitta também traz para a discussão a descrição de um campo da fome localizado ao leste da Acrópole, na Grécia Antiga. Segundo a lenda ninguém poderia adentrar naquele terreno onde a fome estava presa, para que ela não chegasse a outros territórios.  “Minha ideia foi desenvolver um trabalho como contenção da fome, um lugar quase sagrado, para deixar que a falta de comida permanecesse ali congelada”. A horta é composta por 30 canteiros onde estão dispostos legumes, frutas ou raízes da região. “Ao todo, a instalação reúne cerca de nove mil peças produzidas por Domingos, artesão de Tracunhaém, cidade conhecida pelo trabalho em cerâmica”. Cobertos pela cor intensa do barro os alimentos são melhor percebidos a partir de uma aproximação visual.

 

 

As transformações da Usina de Arte acompanham a tomada de consciência sócio artístico ambiental e são pilotadas por seus proprietários e atores principais, a arquiteta Bruna e o empresário Ricardo Pessoa de Queiroz, bisneto do fundador da Usina Santa Terezinha que era sobrinho do presidente Epitácio Pessoa, que governou o Brasil de 1919 a 1922. A usina foi a maior produtora de álcool e açúcar do Brasil nos anos 1950. Ricardo é o responsável pela transformação desse patrimônio desativado. Ele acredita que o projeto só tem sentido se impulsionar a transformação da comunidade vizinha, composta em parte por ex-funcionários da usina. “Esse é um dos objetivos com os quais trabalhamos na difusão da arte”.

 

 

Colecionar também pode ser fruto da necessidade de estar perto das coisas que nos dão prazer. Todo colecionador é um intermediário que se transforma em autor no processo de procurar, armazenar, classificar e zelar pelo objeto artístico. Bruna e Ricardo trabalham neste sentido desde o início da Usina de Arte quando optaram por criar um acervo a céu aberto. Ela enfatiza que eles não têm a intenção de criar pavilhões, como em Inhotim, e Ricardo reforça a ideia de que obras de arte podem estar em diálogo direto com a natureza.

 

 

O acervo de arte conta com mais 40 obras que foram curadas, inicialmente, pelo artista paraibano José Rufino, com a participação de Ricardo e Bruna. Há três meses o crítico francês Marc Pottier assumiu o posto e uma de suas propostas foi a de colocar o neon Chiaroscuro (Claro Escuro) do artista chileno Alfredo Jaar na fachada do deteriorado prédio onde funcionou a usina. O trabalho de 18 metros é composto pela frase O velho mundo agoniza, um novo mundo tarda a nascer e, nesse claro-escuro, irrompem os monstros, do filósofo Antonio Gramsci escrita na década de 1930, em plena ascensão do fascismo na Itália e que dialoga com o tumultuado momento que o Brasil vive. O curador ainda cita outro projeto a ser implementado, os bancos para descanso criados por Claudia Jaguaribe que serão espalhados por todo o espaço.

 

 

O acervo de arte reúne artistas como Carlos Vergara, Iole de Freitas, Frida Baranek, Artur Lescher, Júlio Villani, Geórgia Kyriakakis, Saint Clair Cemin, José Spaniol, Juliana Notari, Denise Milan, José Rufino, Marcio Almeida, Flávio Cerqueira, Bené Fonteles, Hugo França, Paulo Bruscky, Marcelo Silveira, Liliane Dardot e Vanderley Lopes. Com exceção da obra de Rufino, instalada dentro do antigo hangar, as demais estão espalhadas pelo imenso jardim que circunda os três lagos artificiais, projetado pelo paisagista Eduardo Gomes Gonçalves. Em meio ao reflorestamento com cerca de 10 mil plantas de aproximadamente 600 espécies, o Jardim Botânico plantado em 33 hectares constitui-se em mola propulsora de outras ações para gerar desenvolvimento e renda à comunidade de seis mil pessoas que vivem próximas ao projeto.

 

 

Um dos destaques do complexo cultural é o Festival Arte na Usina, nascido em 2015, que reúne artistas e intelectuais em torno de shows, residências, oficinas literárias e de arte, abertas aos moradores da comunidade. Também tem relevância a escola de música, equipada com diversos instrumentos, oferecendo aulas diárias aos moradores. “Conseguimos uma parceria com o Conservatório Pernambucano de Música, nossos alunos vão até o Recife e os professores vêm à Usina alternadamente”, ressalta Bruna. Ainda chama a atenção a biblioteca climatizada com mais de cinco mil exemplares catalogados, além de uma FabLab com terminais de computadores conectados à internet, impressoras em 3D e cortadora a laser para projetos da comunidade, além de parceria com as unidades escolares. Desde a sua criação a Usina de Arte transcende as experiências artísticas e tenta exercer a alteridade na transformação socio/cultural da comunidade.

 

 

 

A história do tear

07/abr

 

 

O Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro e o Memorial da Humanidade convida para o evento “OS FRUTOS DO TEAR – PATRIMÔNIO INDUSTRIAL FLUMINENSE DO SÉCULO 19 AOS DIAS DE HOJE ” a ser realizado no dia 16 de Abril das 15:00 às 19:30 h. Em Ancheta, Rio de Janeiro, RJ.

 

O evento contará com palestras sobre os primórdios e evolução da Tecelagem e das suas transformações durante a Revolução Industrial do Século XVIII e a implantação das primeiras fábricas de tecido no Brasil . Tomando como exemplos de casos, especialistas farão exposições sobre as fábricas de Paracambi e de Bangu .

 

A programação do Seminário será como segue:

 

Boas Vindas – 15.00 h

Conferência 1 – 15:15 as 16.05 h (50 minutos)

Prof Ms Claudio Prado de Mello

Título: “Tecelagem : História/ Sociedade e Patrimônio por trás dos tecidos ”

 

Conferência 2- 16:15 às 17.05 h (50 minutos)

Prof Ms Davi Romeiro Neto

Título: “Companhia Têxtil Brasil Industrial: Da Fabrica de Tecidos à Usina de Memória, Conhecimento e Cidadania ( título provisório )”

 

Conferência 3- 17:15 às 18.05 h (50 minutos)

Prof Ms Vitor Almeida

Título: “A Cidade, a Freguesia e a Fábrica: a Belle Époque Suburbana e a Industrialização na Freguesia de Campo Grande”

 

Lançamento do Livro a partir das 18.05 h – “A Cidade, a Freguesia e a Fábrica: A Belle Époque Suburbana e industrialização da Freguesia de Campo Grande” com seção de autógrafos do autor Prof . Vitor Almeida

 

Visitação Guiada à Exposição com instrumentos e artefatos relacionados a Tecelagem Antiga a partir das 18:20 h. Mas aberta a visitação desde 15 h

 

COFFEE BREAK gratuito a partir das 18:40 h

 

O valor da contribuição antecipada para o evento será de R$ 20,00. No dia, a inscrição será de R$ 25,00.

 

As inscrições antecipadas já podem ser feitas pelo email ipharjeventos@gmail.com ou por mensagens de Whatsapp (21) 989131561

 

 

Três eventos

28/mar

 

 

Uma experiência compartilhada: Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo

A partir 29 de março, o público poderá visitar a nova exposição na galeria do Instituto Ling, Porto Alegre, RS. Trata-se de um recorte da “Coleção Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo”, resultado do projeto Artista Convidado, em atividade na instituição desde o ano de 2001, sob a coordenação do curador desta mostra, Eduardo Haesbaert, que foi assistente e impressor de Iberê Camargo (1914-1994). Em forma de residência, artistas de projeção nacional e internacional experimentaram a gravura, muitos deles pela primeira vez, e produziram obras inéditas criadas a partir de suas poéticas. A tradução dessa experiência é, agora, compartilhada, numa parceria entre o Instituto Ling e a Fundação Iberê Camargo, que apresentam vinte e sete artistas desse acervo, incluindo o próprio Iberê Camargo. As visitas acontecem com ou sem mediação. Em 29 de março, 10h30min.

 

Ciclo de debates

O Museu Depois

Ling aquece Noite dos Museus

No último encontro do ciclo de debates “O Museu Depois: qual será o papel das instituições culturais no pós-pandemia?”, o pesquisador e crítico de arte Paulo Herkenhoff e a diretora do IEAVi e do MACRS, Adriana Boff, serão os convidados para falar sobre as instituições culturais de hoje e amanhã. A mediação será do jornalista cultural Roger Lerina. O bate-papo será aberto ao público, no auditório do Instituto Ling. Para participar, basta fazer um breve cadastro em nosso site. As vagas são limitadas, de acordo com a capacidade do espaço. O encontro faz parte da programação “Ling Aquece Noite dos Museus”. Outras atividades já estão previstas nosso calendário da instituição. A entrada é sempre gratuita. Em 30 de março, 19h.

 

Guilherme Dable e Ricardo de Carli/Performance Sonora

Dentro da programação “Ling Aquece Noite dos Museus”, Guilherme Dable e Ricardo de Carli apresentam uma performance sonora inédita. Usando baixo, bateria, sintetizadores e outros objetos, a intervenção foi pensada especialmente para a galeria do Instituto Ling e dialogará com a exposição em cartaz. A atividade será aberta ao público. Para participar, basta fazer um breve cadastro no site do Ling. As vagas são limitadas, de acordo com a capacidade do espaço. O encontro faz parte da programação “Ling Aquece Noite dos Museus”. Entrada gratuita. 01 de Abril, 20h30min.