Ampla exposição da trajetória de Leandro Machado.

08/jul

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS -Sedac, apresenta a exposição “Leandro Machado – Hospícios e balneários (é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança)”. A inauguração será no dia 12 de julho quando em evento que marca também a reabertura do 2º andar do Museu.

Contemplando um panorama da produção de Leandro Machado (Porto Alegre, 1970), esta é a primeira exposição dedicada a uma compreensão mais ampla de sua trajetória e produção, sendo também a sua primeira mostra individual apresentada pelo MARGS. Assim, a seleção de obras abrange desde o início de sua atuação nos anos 1990 até o presente, como parte do processo de recuperação do acervo após a enchente de 2024. A exposição tem curadoria de Francisco Dalcol, e da curadora-assistente, Cristina Barros, com produção e preparação de obras de José Eckert, do Núcleo de Curadoria, e envolvimento de todos os setores do Museu.

Sobre o artista e a exposição.

Leandro Machado desenvolve sua obra transitando entre pintura, desenho, objeto, colagem, fotografia, procedimentos gráficos, apropriação, escrita, som, performance e intervenção, além de empregar a experiência do andar e do deslocamento como expediente artístico. Nessa prática e produção diversificadas, seus trabalhos reverberam temas e questões que encontram um sentido mais amplo de urgência política. Seja a partir de sua  condição e da reflexão sobre sua ancestralidade, seja pela leitura crítica dos sistemas de poder e das relações de desigualdade social-racial.

Já programada antes da enchente de 2024, esta exposição acontece também agora como parte do processo de recuperação do acervo após os danos da inundação parcial do térreo do Museu.

Mariana Prestes e a experimentação com aquarela.

03/jul

A artista e designer Mariana Prestes ensina, em curso no Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS,  os segredos por trás da aquarela, – uma técnica muito versátil -, compartilhando seu conhecimento de forma leve, acessível e sempre estimulando cada aluno a encontrar o seu estilo e personalidade. Uma oportunidade para experimentar o lado criativo, exercitando também a concentração e desacelerando o corpo e a mente.

Impressionista, de tons suaves, ou expressionista, de personalidade forte. Monocromática ou resultando em uma composição de cores e tons. A experimentação com aquarela estimula nosso olhar e percepção, a partir de elementos como água, manchas e, sim, a presença do acaso (!).

Essa é uma técnica acessível mesmo para quem nunca se aventurou a pintar, que pode funcionar como hobby, terapia ou, ainda, despertar a aplicação para o lado profissional. Nesta oficina de caráter introdutório, vamos conhecer seus efeitos e texturas e descobrir os materiais adequados para o desenvolvimento da prática.

Atividade aberta ao público, com vagas limitadas. Para participar não é preciso conhecimento prévio. Os materiais básicos estarão disponíveis para uso durante a atividade, inclusos no valor de matrícula. Classificação indicativa: a partir de 15 anos.

Sobre a ministrante.

Mariana Prestes é artista, designer de superfície, de produto e de mobiliário mantendo na sua essência criativa o traço autoral. Há sete anos ministra workshops de técnicas artísticas, a partir da aquarela, ilustração e estamparia. Publicitária de formação, especializou-se em design na Europa, onde concluiu diferentes cursos, entre eles o Master in Product and Furniture Design, no Instituto Marangoni, em Milão. Trabalhou para marcas como Moroso, Alias e Alessi, sob direção criativa de Elena Salmistraro, Philippe Nigro e Moreno Vanini, do Studio Nendo. Faz parte do grupo Prisma Project, na Itália. Participou da Milan Design Week com três projetos, um deles para a empresa italiana Cappellini, outro com Snapchat, utilizando realidade aumentada, e com a empresa Mille997, de mármores. Em 2022 participou como jurada do 9º Prêmio Bornancini de Design da APDESIGN – Associação dos Profissionais de Design do RS, uma das principais premiações do design brasileiro. Em 2023 também participou da Milan Design Week e da Dubai Design Week, com a sua mesa Origins, criada para a empresa italiana Mirage.

A meditação visual de João Trevisan.

A Simões de Assis, Curitiba, PR, apresenta até o dia 19 de julho a exposição   “João Trevisan: Turvo Reflexo”.

Texto de Mariane Beline.

Um celeiro em chamas. Um sonho-memória. Uma atmosfera enevoada. O silêncio e o tempo suspensos. A cena é captada em um plano lento e alongado em que a câmera vai se aproximando. Um plano sequência da personagem que atravessa silenciosamente o campo e se depara com o celeiro completamente tomado por labaredas, sendo consumido pelo fogo. O som das fissuras da madeira se dissolvendo em chamas e a fumaça cinzenta envolvendo o local e ela, esperando, imóvel diante do colapso inevitável, reverenciando o que é maior que sua pequeneza. A cena, retirada de “O Espelho” de Andrei Tarkovsky, reflete sua trajetória fílmica da meditação visual.

(…) A exposição nos permite acessar cinco séries de sua produção, algumas ainda inéditas – Concomitante, Paisagens, Unidade luminosa, Monocromo e Intervalos. São atos compositivos de um grande motivo, como em uma ópera, ao se referirem ao mesmo universo, em diálogo dos pares e coesos com a peça completa. As séries são interligadas intimamente, em 2018 pintou o primeiro Monocromo, mesmo ano que pintou o primeiro Intervalo, isso demonstra o desdobramento de seu processo…Os títulos nos trazem informações óbvias com toques curiosos, ora mais diretos, ora mais lúdicos.

(…) A tela é encorpada, inicia com camadas de gesso cruzadas, diluídas até o ponto de engrossarem, adicionando corpo ao processo, para então seguir com a adição de dez a doze camadas de preto. Transborda a fatura e articula o corpo da pintura a partir do hábito da repetição. Quando secas, realiza a velatura da superfície, uma cobertura diáfana com o preto, em que as cores sutilmente se invisibilizam, e com a limpeza posterior, o corpo pictórico se eleva ao equilíbrio. Retira o excesso, deposita luz, deposita pigmento, esculpe o corpo da pintura ao modelar sua relação com a luz. Elabora um processo de enceramento da pintura, em que as ranhuras vão sendo preenchidas pelos pretos, sendo possível a percepção da luminosidade residual proveniente da base branca, revelando o processo de retração do pigmento com a secagem, quando suas partículas se adensam e se aproximam, revelando parcialmente o fundo. Há uma vontade derivada da escultura, de um ciclo poético que surge do papel, retorna para as esculturas e eclodem nas pinturas. As linhas se manejam no tridimensional como no bidimensional, sua fatura pictórica ergue-se como forma no campo escultórico.

(…) A poética de Trevisan é uma chama que se espalha pelo celeiro, não como destruição mas como um processo de disseminação. Se torna carvão, fuligem e a fumaça que alastra o ambiente, se dissipa em neblina de maneira sutil…A rendição do tempo e a espera do revelar o que é fugidio ao olhar é como experienciamos Turvo reflexo. A veladura na trama da superfície é a névoa ramificada pelo espaço expositivo, uma vinculação rítmica que emana de todos os trabalhos, o locus da pintura é sempre revisitado, se articula em outras tantas possibilidades, que ciclicamente retornam e se complementam. Ao embarcar em sua prática poética, notamos nuances, sutilezas da fatura da pintura que vão se consolidando no olhar de quem se depara com suas paisagens geometrizantes e, em Turvo Reflexo, nos absorvemos em uma ocupação luminosa e contemplativa de João Trevisan.

 

Exposição “Mix Media” de Patrick Conrad.

02/jul

Artista belga apresentará exposição individual no Museu de Arte do Paço, antigo prédio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, RS. A exposição “Mix Media” será uma oportunidade única e imperdível para conhecer o artista belga às 10h do dia 12 de julho que permanecerá em exibição aberta para visitação até 26 de setembro.

“Mix Media”, exposição inédita de Patrick Conrad, exibirá cerca de cento e cinquenta obras sobre papel, utilizando técnicas mistas, tais como colagem, desenho e pintura. Patrick Conrad, contista, romancista e poeta é de fato, um artista multimídia, possui mais de cinquenta livros publicados e traduzidos em diversas línguas. Dirigiu filmes entre ficção e documentários pelos quais recebeu inúmeros prêmios. Tem representatividade em diversos museus e galerias em países europeus.

Novas luzes nas pinturas de Patrick Conrad.

Desde o dia que resolvi palmilhar a biografia de Patrick Conrad me convenci de que passaria a ter um convívio com um artista total com carreira internacional exitosa em todas as áreas onde atuou fosse através da linguagem literária, cinematográfica ou plástica. Livre e múltiplo. Agora, em sua escolha (consciente) na maturidade, Patrick Conrad optou por viver em nossa leal e valorosa Porto Alegre e o fez por amor. Vejo Patrick Conrad e sua multifacetada abordagem plástica poderosamente gráfica, crítica e densamente dramática. Contudo percebo muita leveza em seus traços e cores já contaminadas pelas novas luzes da terra de adoção.

Renato Rosa,

marchand e dicionarista.

Sobre Patrick Conrad.

A temporada de inverno acende grande expectativa pela exposição do multifacetado intelectual Patrick Conrad, no Museu de Arte do Paço (MAPA). Belga de nascimento (Antuérpia, 1945), Conrad é em verdade uma dessas personalidades pertencentes ao mundo, com sua ampla visão crítica e destreza naquilo que faz – e o faz de forma magistral. Pintor, novelista, poeta e roteirista – esteve em Porto Alegre pela primeira vez em 1987 para a Mostra Internacional de Cinema, selecionado pelo filme “Máscara”, estrelado por Charlotte Rampling e Michael Sarrazin. Sua filmografia conta mais de 20 inserções. Como escritor, publicou em torno de 50 livros escritos em flamengo, sua língua nativa, traduzidos para diversos idiomas como inglês, francês, alemão e chinês. Tive a oportunidade de encontrar e ler um desses romances, traduzido para o francês sob o título “Au fin fond de décembre” (Nas profundezas de dezembro) – verdadeira joia do romance noir. Desta forma, sua arte está impregnada de recortes de uma vida feita de experiências profundamente ricas – e raramente vividas. Conrad nos premia nesta exposição com cerca de 150 obras em técnica mista, todas criadas em Porto Alegre, cidade que escolheu há dois anos para viver com sua mulher Jane. Trata-se da primeira exposição de artista internacional no recém criado Museu de Arte do Paço (MAPA), motivo de muita honra para a comunidade que acolhe Patrick Conrad com muito orgulho.

Paulo C. Amaral

Coordenador de Artes Visuais da SMC/Prefeitura de Porto Alegre.

MON realiza nova exposição internacional.

26/jun

“Re-Selvagem”, da artista francesa Eva Jospin, é a nova exposição internacional realizada pelo Museu Oscar Niemeyer (MON) e a primeira mostra da artista no Brasil. Com curadoria de Marcello Dantas, a inauguração aconteceu no Olho e Espaços Araucária. A exposição reúne nove obras de grandes dimensões, entre elas instalações e desenhos, além de dois vídeos. A matéria-prima das instalações é o bordado de seda e o papelão, mas a artista também usa madeira, bronze, tecido e outros materiais.

“Eva Jospin no Museu Oscar Niemeyer reforça nossa missão de conectar o público paranaense com o que há de mais relevante na arte contemporânea mundial”, afirma a secretária de Estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira. “Esta exposição ainda reafirma a diretriz de diplomacia cultural que o Paraná estabelece com a França, em um ano especialmente significativo, marcado pelas celebrações do Ano do Brasil na França e da França no Brasil”.

A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, afirma que a sensibilidade da artista francesa Eva Jospin fica evidente nesta exposição. “Ao abordar a natureza e o tempo em poéticas obras de arte, ela evoca nossa memória afetiva”, diz.

O curador Marcello Dantas conta que Eva Jospin é conhecida por seu meticuloso trabalho de criar, com as próprias mãos, ilusões de um mundo imaginário – arquiteturas silenciosas e espaços naturais abundantes, que nascem do gesto paciente e obsessivo de devolver à matéria um sentido de origem. “A floresta, para Jospin, é mais que uma representação da natureza. É um lugar simbólico, onde o mistério, o inesperado e a transformação acontecem”, diz Marcello Dantas. “Como nos contos antigos, suas florestas são territórios onde nos perdemos para nos reencontrar”. Em “Re-Selvagem”, o visitante atravessa trilhas de papel e sombra, entra em universos de folhagens esculpidas, experimentando uma espécie de rito íntimo. As formas evocam memórias esquecidas, despertam imagens do inconsciente coletivo e provocam silêncio.

Sobre a artista.

Eva Jospin nasceu em 1975 em Paris, onde formou-se na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Nos últimos 15 anos, vem criando florestas meticulosas e paisagens arquitetônicas, que explora por meio de diversas mídias. Desenhadas a tinta ou bordadas, esculpidas em papelão ou em bronze, suas obras evocam jardins barrocos italianos, decorações rocaille do século XVIII e grutas artificiais. Foi residente na Villa Medici, em Roma, em 2017, e eleita para a seção de Escultura da Academia de Belas Artes em 2024. Entre suas exposições internacionais, destacam-se: “Inside”, no Palais de Tokyo, em Paris (2014); “Sous-Bois”, no Palazzo dei Diamanti, em Ferrara (2018); “Eva Jospin – Wald(t)räume”, no Museum Pfalzgalerie, em Kaiserslautern (2019); “Among the Trees”, na Hayward Gallery, em Londres (2020); “Paper Tales”, no Het Noordbrabants Museum, em Den Bosch (2021); “Galleria”, no Musée de la Chasse and Nature, em Paris (2021); “Panorama”, na Fondation Thalie, em Bruxelas (2023); e “Palazzo”, no Palais des Papes, em Avignon (2023). Em 2024, apresentou duas novas exposições individuais: “Selva”, no Museo Fortuny, em Veneza, durante a 60ª Bienal de Veneza, e “Eva Jospin – Versailles” na Orangerie do Castelo de Versalhes. Também desenvolveu diversas instalações de grande porte como parte de encomendas especiais, incluindo “Panorama” (2016), no centro do Cour Carrée do Louvre, e “Cénotaphe” (2020), na Abadia de Montmajour. Além disso, criou uma série de painéis bordados para o desfile Dior Haute Couture 2021-2022 (Chambre de Soie, 2021).

 Sobre o curador.

Marcello Dantas é um renomado curador, diretor artístico e produtor brasileiro, reconhecido por sua abordagem interdisciplinar que integra arte, tecnologia e experiências sensoriais imersivas. Nascido no Rio de Janeiro em 1968, Marcello Dantas possui uma formação acadêmica diversificada: estudou Relações Internacionais e Diplomacia em Brasília, História da Arte e Teoria do Cinema em Florença, e graduou-se em Cinema e Televisão pela New York University, onde também realizou pós-graduação em Telecomunicações Interativas. Ao longo de sua carreira, Marcello Dantas foi responsável pela concepção e direção artística de diversos museus e pavilhões, tanto no Brasil quanto no exterior. Também é conhecido por curar exposições de grande impacto, que atraem vasto público e crítica especializada. Entre elas “Ai Weiwei: Raiz”, do artista chinês Ai WeiWei, e “Invisível e Indizível”, do artista espanhol Jaume Plensa, ambas no Museu Oscar Niemeyer.

Sobre o MON.

O Museu Oscar Niemeyer (MON) é patrimônio estatal vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além de grandiosas coleções asiática e africana. No total, o acervo conta com aproximadamente 14 mil obras de arte, abrigadas em um espaço superior a 35 mil metros quadrados de área construída, o que torna o MON o maior museu de arte da América Latina.

Até 03 de agosto.

Expressividade fotográfica em preto e branco.

24/jun

Fotógrafo especializado na reprodução de obras de arte para catálogos e livros, Fernando Zago já trabalhou, ao longo de anos, para um grande número de artistas gaúchos, dos quais tornou-se próximo. O sentimento de amizade estimulou-o a fotografá-los em seus ateliês ou no StudioZ, de sua propriedade. O resultado poderá ser visto na exposição “Amigos Artistas”, que será inaugurada no dia 25 de junho no Museu de Arte do Paço, Praça Montevidéu, 10, Centro Histórico de Porto Alegre e permanecerá em cartaz até 19 de setembro.

“Não se pode fazer retrato sem tomar em consideração o caráter e o aspecto do motivo. O retrato bem-sucedido exige uma combinação de conhecimentos técnicos, interesse pelas pessoas e compreensão das inibições criadas pela câmera”, diz Fernando Zago. As 34 fotos da mostra são em preto e branco, no estilo clássico, com fundos neutros, luz dura e alto contraste para ganhar mais expressividade.

O curador da exposição, lembra que esse tipo de retrato, produzido por artistas, tem longa tradição na História da Arte. “Podemos referir os exemplos icônicos de Man Ray, Andy Warhol e Robert Mapplethorpe, que também imortalizaram colegas artistas. Por serem capturas feitas por um fotógrafo-artista, os registros transcendem a mera semelhança superficial, buscando momentos que vão além da instantaneidade”, declarou o professor José Francisco Alves.

Os homenageados

A galeria de mulheres artistas homenageadas é composta por Adri Hernandez, Ana Norogrando, Clara Pechansky, Helena Kanaan, Lenir de Miranda, Maria Tomaselli, Marília Fayh, Marilice Corona, Maristela Salvatori e Zoravia Bettiol. A dos homens é integrada por Alfredo Nicolaievsky, Britto Velho, Carlos Tenius, Carlos Wladimirsky, Eduardo Haesbaert, Hidalgo Adams, Hô Monteiro, José Carlos Moura, Luiz Gonzaga, Gustavo Nakle, Paulo Chimendes, Paulo Amaral, Paulo Porcella e Ricardo Aguiar. Foram retratados em vida e já faleceram Danúbio Gonçalves, Ena Lautert, Gelson Radaelli, Henrique Fuhro, José Luiz Roth, Lou Borghetti, Mário Röhnelt, Nelson Jungblut, Paulo Peres e Plinio Bernhartd.

Patrimônio cultural

Depois de encerrada a exposição, as fotografias produzidas por Fernando Zago passarão a integrar o acervo da FUNDACRED, que patrocina o projeto do artista. A FUNDACRED detém um grande acervo de obras de autores gaúchos, “um patrimônio cultural de valor inestimável para o Rio Grande do Sul”, avalia o presidente da Fundação, Nivio Lewis Delgado. Esse acervo é composto por mais de 700 obras de artistas como Aldo Locatelli, Eugênio Latour, João Fahrion, Leopoldo Gotuzzo, Oscar Boeira, Pedro Weingartner e Augusto Luiz de Freitas, entre outros.

Uma parceria inédita.

A Galatea Salvador, Rua Chile, 22 – Centro, BA, e a Luciana Brito Galeria apresentam “Regina Silveira:Tramadas”, a primeira exposição individual da artista na capital soteropolitana, com abertura no dia 04 de julho, das 18h às 21h. A inauguração da mostra coincide com a Semana da Independência da Bahia, celebrada no dia 02 de julho.

Fruto de uma parceria inédita, a exposição tem curadoria de Adriano Casanova e Tomás Toledo, conta com texto crítico de Ana Maria Maia e reúne obras emblemáticas de Regina Silveira, muitas delas inéditas no Brasil, que sintetizam sua pesquisa em torno do bordado ao longo dos anos.

Elemento recorrente na obra de Regina Silveira desde 1999, o uso do bordado em ponto de cruz, entendido como codificação da imagem, remete a uma herança trans-histórica e intercultural, relacionada à própria história remota da alfabetização das mulheres, em sua trajetória de resistência.

Uma grande instalação site-specific será destaque da mostra. Intitulada “Malfeitos”, faz parte da série dos “bordados malfeitos” e ganha uma reativação inédita adaptada à fachada de vidro da galeria, convidando o público a conhecer mais. Outros trabalhos apresentados incluem “Dreaming of Blue II” (2016), painel em cerâmica com sobrevidrado, em diálogo com a série histórica de gravuras “Risco” (1999), além de gravuras da série “Armarinhos” (2002-2003), representando elementos relacionados à prática do bordado, como agulha, botão e alfinete, e as serigrafias “Tramada” (Pink) (2014) e “Blue Skies” (2015).

Até 11 de outubro.

A ênfase na técnica da gravura.

11/jun

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura no dia 14 de junho três exposições, sendo duas com ênfase na técnica da gravura e outra na trajetória de Iberê Camargo. Os curadores da Bienal do Mercosul, Raphael Fonseca, Tiago Sant’Ana e Yina Jiménez Suriel, foram convidados para selecionar obras de Iberê Camargo para a exposição “Iberê Camargo: estruturas do gesto”. São 58 trabalhos, entre desenhos, gravuras e pinturas, produzidos entre 1940 e 1994, ano da morte do artista.

A exposição “Gravura – Experiência matriz” apresenta os diferentes matizes de 43 artistas de renome internacional que passaram pela técnica na Fundação Iberê Camargo.

Artista que incentivou Iberê Camargo na retomada da gravura no final dos anos 1980 e idealizador do Gabinete de Gravura no Museu Nacional de Belas Artes, Carlos Martins faz retrospectiva de seu trabalho na Fundação Iberê Camrago. Mestre supremo de seu ofício, Carlos Martins é um dos gravadores mais apurados, sofisticados e elegantes de sua geração. Dotado de um virtuosismo poucas vezes atingido no campo da repetição da imagem, pode-se dizer também que é um “gravador dos gravadores”. Ele também é arquiteto, museólogo, pesquisador e curador. Por mais de 15 anos, o artista manteve relações profissional e de amizade com Iberê Camargo.

Com curadoria de José Augusto Ribeiro, “Sombra da Terra” sublinha o interesse de Carlos Martins em figurar uma espécie de dimensão metafísica do mundo das coisas. Diversas gravuras de Carlos Martins inspiradas pelos lugares onde foram produzidas. É o caso da série “Journey to Portugal”, de 1976, em que a natureza surge apenas na forma controlada dos jardins, vista entre sombras, por cima de paredes e muros, ou através de janelas. Outro destaque da exposição compõe-se de trabalhos em torno da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes.

“O objetivo da exposição é ressaltar o apuro técnico da produção de Martins na realização de seus trabalhos, a combinação de linguagens e soluções diversas na feitura de uma única imagem e os jogos que se armam, não raro, entre repetições e diferenças em grupos de trabalhos – quando numa série, por exemplo, uma estampa se multiplica por várias unidades, embora cada uma receba tratamento específico e diferente, com cores, formas e soluções de preenchimento variadas. Constitui-se, assim, uma obra que é, ao mesmo tempo, rigorosa, culta e atenta à realidade sensível”, afirma José Augusto Ribeiro.

Sobre o artista.

Há 50 anos, Carlos Martins produz um trabalho gráfico notabilizado pelo apuro técnico empregado nas diferentes etapas de construção de uma imagem, no desenho, gravação e impressão. Carlos Botelho Martins Filho nasceu em Araçatuba, SP, 1946. Iniciou seus estudos em gravura em metal na década de 1970, na Inglaterra, frequentando a Chelsea School of Art, Sir John Cass School e Slade School of Arts, além da Academia Raffaelo na Itália, retornando ao Brasil em 1978. Estabeleceu-se no Rio de Janeiro, trabalhando na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) como professor de gravura. Durante a década 1980 ministrou cursos, ao modelo inglês de evening class, que ocupavam horários ociosos de ateliês de escolas e de universidades para a realização de cursos livres.

“Gravura – Experiência matriz” mostra os diferentes matizes de artistas de renome internacional que passaram pela técnica na Fundação Iberê Camargo, reunindo na exposição obras de 43 artistas que vivenciaram a técnica na prensa que pertenceu a Iberê Camargo. São eles: Afonso Tostes, Alex Cerveny, Angelo Venosa, Antonio Dias, Álvaro Siza, Caetano de Almeida, Carlos Martins, Carlos Fajardo, Carlos Pasquetti, Carmela Gross, Daniel Acosta, Daniel Feingold, Daniel Escobar, Daniel Melim, Elisa Bracher, Iole de Freitas, Janaina Tschäpe, Jorge Macchi, José Bechara, José Patrício, José Resende, Laura Andreato, Léon Ferrari, Lucas Arruda, Luciana Maas, Luiz Carlos Felizardo, Marcos Chaves, Maria Lucia Cattani, Matias Duville, Nelson Felix, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Pablo Chiuminatto, Paulo Monteiro, Paulo Pasta, Rafael Pagatini, Regina Silveira, Rodrigo Andrade, Rosângela Rennó, Santídio Pereira, Teresa Poester, Vera Chaves Barcellos, Waltercio Caldas.

A exposição traz um recorte da coleção com artistas de diferentes matizes e suas respectivas obras produzidas nas mais variadas técnicas da gravura em metal em sete módulos temáticos: matéria da memória em P&B, abstrações, figuras, riscados, paisagens, grafismos e cartografias. “Gravura – Experiência matriz” é organizada pela Fundação Iberê Camargo, que, em 1999, ainda na casa do artista no bairro Nonoai, promoveu oficinas de gravura ministradas por Anna Letycia, Evandro Carlos Jardim, Claudio Mubarac e Carlos Martins. Nesse período, foi proposto que as matrizes das obras fossem doadas para a instituição, dando início à Coleção Ateliê de Gravura. Em 2001, foi criado o Projeto Artista Convidado, como programa de residência artística sob a coordenação de Eduardo Haesbaert que foi assistente e impressor de Iberê Camargo. Os artistas experimentaram a gravura, muitos deles pela primeira vez, e produziram obras inéditas criadas a partir de suas poéticas. Desde então, o projeto recebeu mais de 100 artistas residentes. O Ateliê de Gravura conserva a prensa e as ferramentas utilizadas por Iberê Camargo que, desde os anos 1940, teve a prática da gravura simultânea ao seu ofício de pintor. “Estabelecemos uma profícua troca a partir de pesquisas, conceitos e pensamentos de cada residente. Suas expressões são reveladas em obras gráficas e posteriormente multiplicadas, tornando-as parte do acervo do artista e da Fundação”, destaca Eduardo Haesbaert.

Curadores da 14ª Bienal do Mercosul assinam a curadoria da exposição “Iberê Camargo: estruturas do gesto”.

Raphael Fonseca, Yina Jiménez Suriel e Tiago Sant’Ana, curadores da 14ª Bienal do Mercosul, foram convidados para assinar a seleção de obras que fazem parte do acervo da instituição. São 58 trabalhos, entre desenhos, gravuras e pinturas, produzidos entre 1940 e 1994, ano da morte do artista. Chamam a atenção os desenhos de crânios e gatos presentes na mostra e que participaram da mais recente edição da Bienal do Mercosul.

Um dos destaques da exposição é um estudo feito em 1966 para o painel da Organização Mundial de Saúde em guache, pastel seco e grafite sobre papel. Criada no segundo pós-guerra (1947), no contexto da reconstrução e da reorganização do mapa político internacional, a OMS recebeu doações de todos os países membros para construir e equipar a sua sede na Suíça. O Brasil, por meio do Ministério de Relações Exteriores, ofereceu um presente cultural: uma pintura original que Iberê Camargo realizaria in loco. Foram quatro meses de trabalho em uma pintura 49 metros quadrados. Para criar uma “vegetação colorida”, Iberê Camargo realizou uma série de esboços e começou a brincar livremente com as formas. Trinta estudos feitos com grafite, guache, grafite, lápis de cor, nanquim, tinta a óleo e outros materiais ficaram guardados por mais de 40 anos nos porões da agência de Saúde da Organização das Nações Unidas em uma caixa lacrada com o inédito projeto de Iberê Camargo, com uma mensagem do próprio artista escrita na tampa: ”Não dobre e não remova nada sem a autorização do diretor-geral”. Eles só foram descobertos em 2007, após uma consulta da Fundação Iberê Camargo, a pedido de Maria Coussirat Camargo. A caixa foi aberta em janeiro de 2008, na presença de autoridades da Organização Mundial da Saúde, e encontram-se preservados no Arquivo da OMS, em Genebra, como parte do presente do governo brasileiro. Iberê e Maria Camargo mantiveram alguns estudos, que estão sob os cuidados da Fundação Iberê Camargo.

Transformando materiais unidos.

10/jun

Dan Coopey participa de “Noc”, exposição em dupla que inaugurou o espaço físico do projeto Art Dialogues e o Espaço Cultural Gabinete de Curiosidades, em Gonçalves, no sul de Minas Gerais.

A mostra reúne a produção recente de Dan Coopey e peças do marceneiro Juarez Trombetta, ambos residentes na região. Sob o título Noc – palavra que compartilha origem com “nó” e knot, derivada do sânscrito gnod- (amarrar, gerar) – a exposição investiga como os materiais são unidos e transformados pelos dois artistas.

“Cada escultura de Coopey pode levar um mês para ser concluída, e o trançado torna-se uma extensão do corpo do artista durante esse período; cada torção e curva na escultura reflete o vai e vem da produção. O artista nunca pré-determina a forma da obra – cada escultura emerge organicamente a partir de um processo íntimo e instintivo. A artista Anni Albers escreveu sobre dar ao objeto a chance de se desenhar sozinho, e Coopey pensa de forma semelhante – são os próprios objetos que se fazem. Ele aprendeu, inclusive, que lutar contra a direção natural do trançado raramente leva a bons resultados”, pontua o texto de apresentação da mostra.

Exposição retrospectiva de Vik Muniz no Recife.

09/jun

O Instituto Ricardo Brennand, Recife, PE, convida para a exposição “A olho nu”, com obras de Vik Muniz. Artista reconhecido internacionalmente, Vik Muniz (1961, São Paulo) ganha uma completa e abrangente retrospectiva, com um conjunto de mais de 200 trabalhos produzidos desde os anos 1980 até os dias de hoje, percorrendo 37 diferentes séries, que ocuparão a Galeria Lourdes Brennand, com quase mil metros quadrados de área, e pé direito de sete metros.

O curador Daniel Rangel, diretor do Museu de Arte Contemporânea da Bahia, e observador do trabalho de Vik Muniz há 25 anos, destaca que a exposição “propõe um passeio pela produção do artista”. “Exploramos seus processos e caminhos por meio de um mergulho cronológico que lança luz sobre a criação de um artista cuja genialidade está explícita na rigorosa simplicidade que orquestra ao longo de sua robusta trajetória”, explica.

Neste raro e inédito conjunto de obras, o público verá a escultura “Concretismo Clássico” (2025), em mármores e granitos, produzida especialmente para esta retrospectiva no Instituto Ricardo Brennand, na qual Vik Muniz faz alusão às esculturas do local e também aos seus primeiros trabalhos, que eram tridimensionais. O público verá notórias séries do artista, que explorou diversos materiais – açúcar, feijão, lixo, diamantes, caviar, terra, cédulas de real (fornecidas pela Casa da Moeda), entre muitos outros – para discutir questões de nosso tempo.

A mostra ficará em cartaz de 13 de junho a 31 de agosto. A realização é do Instituto Ricardo Brennand em parceria com a Galeria Nara Roesler, e patrocínio do BC Investimentos S.A., a partir da Lei de Incentivo Federal à Cultura, do Ministério da Cultura.

No Octógono, dentro da Galeria Lourdes Brennand, haverá uma linha de tempo e será exibido um vídeo com depoimentos de Vik Muniz.