Visões de Iberê Camargo 

28/mar

Para celebrar os 247 anos da cidade de Porto Alegre, a Fundação Iberê inaugurou a exposição “Visões da Redenção”. A mostra traz um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas), produzidas no início dos anos 1980 – quando o artista retornou à Capital gaúcha, após um período de 40 anos vivendo no Rio de Janeiro. Frequentador assíduo do Parque da Redenção, o artista gostava de observar o ir e vir das pessoas: anônimos, músicos, palhaços, ciclistas, moradores de rua e performers. De simples registros desses passeios, logo as anotações do artista ganharam um significado maior. Os “personagens” da Redenção foram convidados para aturem como modelos vivos em seu ateliê, e, muitos deles, desdobraram-se nas séries “Fantasmagoria”, “Ciclistas” e “Ecológica” (Agrotóxicos).

 

 

Teatro de rua 

 

Em 1985, Iberê Camargo assistiu a performance “A dúzia suja”, do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, se encantou com a apresentação e, durante um final de semana, transformou a Terreira da Tribo – como é chamado o espaço do grupo – em ateliê. Lá desenhou os atores vestidos com o figurino do espetáculo para a série “Ecológica”. A única exposição individual com o conjunto completo da série (mais de 20 guaches) foi realizada em 1986. Parte dela foi exposta em outras capitais do Brasil e Uruguai e, hoje, encontra-se em coleções particulares.

 

Para este trabalho, o artista expressou as formas da natureza e da condição humana, atingidas pela vida, por meio de árvores fantasmagóricas e de figuras que habitavam a cena, sem rumo. O parque mais tradicional da cidade – e palco para as mais diversas manifestações sociais, culturais e políticas – revelou-se como um portal, um deslocamento da realidade para outra ordem no tempo. Delírio e devaneio – um novo estar no mundo.

 

“Não há um ideal de beleza, mas o ideal de uma verdade pungente e sofrida, que é minha vida, e tua vida, é nossa vida nesse caminhar no mundo. Pinto porque a vida dói.” (Iberê Camargo).

 

“Acompanhei inúmeras jornadas de Iberê pela procura dessas imagens que nos ferem com delicadeza, cheias de visualidade e significados. Esses rascunhos, por si só, são maravilhosos, mas serviam para recriações na volta ao estúdio. Surgiam daí guaches sobre papel, elementos novos nas pinturas e potentes gravuras em metal. Foi num dia desses, quando o artista ainda morava na rua Lopo Gonçalves, que saímos a pé para mais um percurso no Parque da Redenção. Chegamos na fonte entre árvores, naquele momento riscada pela luz do sol: um cenário de filme. À volta dela vários mendigos conversavam e lavavam as suas roupas. O artista pareceu iluminado. Apenas com os olhos e a mão em movimento, executou desenhos lindos e fluidos como música. Depois num gesto de gratidão pagou os modelos: entregou uma nota de dinheiro a cada um deles e fomos embora. Nesse dia uma figura me provocou a atenção: o homem flagrado de frente, curvado sobre o espelho d’água da fonte, com o olhar fixo no artista e suas costas acima da própria cabeça, passava uma sensação simultânea de dignidade e sofrimento, como se estava pronto para carregar o peso do mundo”, conta o artista plástico Gelson Radaelli.

 

 

 

Até 21 de abril.

 

 

 

Na Bahia

26/mar

 

A Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia, apresenta a partir do dia 28 de março, com temporada até 26 de abril, a exposição individual de Fábio Magalhães, com o título “Espectador da vida”, uma série de objetos que reproduzem miniaturas de cômodos, ambientes ou espaços internos residenciais atemporais. Para a curadora da mostra Thais Darzé, “…através de mensagens simbólicas, cifradas, subliminares, as emoções nesses ambientes são reveladas e vem à tona como avalanches. É justamente nesse momento de revelação, quando algo se torna visível, que o Ser no seu mais íntimo perde totalmente o controle. Magalhães tenta congelar no tempo através de seus objetos, uma realidade hermeticamente fechada e separada da vida real, criando assim um precipício intransponível”.

 

Artista da nova geração baiana, para a curadora Thais Darzé, no catálogo da mostra, Fábio vem criando uma obra que “…transita por emoções complexas e profundas que fazem parte do cotidiano soturno da experiência humana – memórias, dores, frustrações, perdas, traumas e medos, onde o trabalho constrói narrativas ficcionais, numa obra que materializa e tornam explícitas sensações e sentimentos socialmente encobertos, aqueles que frequentemente nos torna pequenos, vulneráveis e “humanos”, uma inquietude agonizante de um Ser que não se conforma com a escravidão das próprias emoções, e escancara e evidencia tais emoções através de uma estética dura, sádica e angustiante, como caminho da libertação. Aquele sentimento de que algo precisa ser vivido ao extremo, o chegar ao fundo do poço, para que possa retornar a luz e a clareza de consciência. Num rasgo dos disfarces e aparências impostos pela sociedade atual em que parecer é mais importante do que ser, suas vísceras soam como um grito de socorro, um chamado para dentro, um convite para além da superfície. Num mundo de imagens tratadas, e de “stories” perfeitos, deflagra-se na sua obra a real natureza humana e as diversas camadas a serem reveladas”.

 

 

Sobre o artista

 

Fábio Magalhães nasceu em Tanque Novo, Bahia, em 1982. Vive e trabalha em Salvador. A maior parte da sua produção artística está voltada para a pintura, que surge de um ato fotográfico planejado. A obra de Fábio Magalhães causa fascínio e repúdio, jamais indiferença. Ela resulta de um processo de concepção e efetivação que passa pela cenografia e pela ficção até chegar ao produto final, imagens e objetos. Para o artista, suas obras são o fator delimitador entre condições psíquicas e o imaginário. Assim, o artista apresenta encenações meticulosamente planejadas, capazes de borrar os limites da percepção, configuradas em distorções da realidade e contornos perturbadores. Desse modo, seu trabalho reúne um conjunto de operações, em que sua obra ultrapassa as barreiras do Eu até encontrar o Outro, o Ser.

 

Em sua trajetória, Fábio Magalhães realizou exposições individuais, iniciada em 2008, na Galeria de Arte da Aliança Francesa – Salvador/BA. Em 2009, “Jogos de Significados”, na Galeria do Conselho – Salvador/BA. Em 2011, “O Grande Corpo”, Prêmio Matilde Mattos/FUNCEB, Galeria do Conselho – Salvador/BA. Em 2013, “Retratos Íntimos”, Galeria Laura Marsiaj – Rio de Janeiro/RJ. Em 2016, “Além do visível, aquém do intangível”, Museu de Arte da Bahia, curadoria de Alejandra Muñoz, mostra também apresentada na Caixa Cultural São Paulo (2017) e Caixa Cultural Brasília (2018). Em 2019, “Espectador da vida”, Paulo Darzé Galeria, curadoria de Thaís Darzé.

 

Entre as mostras coletivas: Em 2008, “XV Salão da Bahia”, Museu de Arte Moderna, Salvador/BA. Em 2009, “60º Salão de Abril” em Fortaleza/CE; e “63º Salão Paranaense” em Curitiba/PR. Em 2012 “Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais 2011/2013”, no Itaú Cultural – São Paulo/SP, curadoria de Agnaldo Farias; “O Fio do Abismo – Rumos Artes Visuais, 2011/2013” – Belém/PA, curadoria de Gabriela Motta; “Territórios”, na Sala FUNARTE/Nordeste, Recife/PE, curadoria de Bitu Cassundé; “Espelho Refletido”,  Centro Cultural Hélio Oiticica – Rio de Janeiro/RJ, curadoria de Marcus Lontra. Em 2013, “Crê em fantasmas: territórios da pintura contemporânea”, Caixa Cultural Brasília, curadoria de Marcelo Campos. Em 2017, “Contraponto” – Coleção Sérgio Carvalho, Museu Nacional de Brasília/DF. Em 2018, São Paulo, e 2019, Brasília, Centro Cultural Banco do Brasil, curadoria de Tereza de Arruda, exposição itinerante “50 anos do Realismo: do fotorrealismo à realidade virtual”. Fábio Magalhães recebeu em 2010 o Prêmio Aquisição e Prêmio Júri Popular no I Salão Semear de Arte Contemporânea em Aracaju/SE; Prêmio Fundação Cultural do Estado, Vitória da Conquista/BA. Em 2011, o Prêmio FUNARTE – Arte Contemporânea/Sala Nordeste. Foi selecionado para o “Rumos Itaú Cultural 2011/2013”. Em 2015 foi indicado ao Prêmio PIPA, Museu de Arte Moderna/Rio de Janeiro.

Fundação Iberê Camargo

19/mar

A Fundação Iberê, Porto Alegre, RS, promove no sábado a Pedalada do Iberê com show de Glau Barros. Pela primeira vez, a Fundação Iberê se soma às atividades comemorativas aos 427 anos de Porto Alegre com uma série de eventos nos dias 23 e 34 de março (sábado e domingo), no centro cultural e no Parque Farroupilha. Haverá bate-papo e oficinas de escrita criativa, de modelos vivos e desenhos de paisagem, em diálogo com a nova exposição “Visões da Redenção”, que apresenta um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas) de árvores e frequentadores do parque, que se desdobraram nas famosas séries “Fantasmagoria” e “Ciclistas”.

 

No sábado tem a Pedalada do Iberê, com saída às 16h da Usina do Gasômetro até a Fundação, onde o público será recebido com show de Glau Barros. Todas as atividades são gratuitas.

Este ano, com auxílio de patrocinadores e parcerias, como a Fundação Iberê, a Prefeitura de Porto Alegre contará com mais de 100 eventos espalhados pela cidade, contemplando cultura, educação, história, lazer e saúde.

De quarta a domingo, a Fundação Iberê Camargo também atende a grupos agendados. Para fazer um agendamento, basta ligar para o Programa Educativo – 51 3247 8000

 

 

Como chegar:

 

A Fundação Iberê dispõe de estacionamento pago, operado pela Safe Park. As linhas regulares de lotação que vão até a Zona Sul de Porto Alegre param em frente ao prédio, assim como as linhas de ônibus Serraria 179 e Serraria 179.5. É possível tomá-las a partir do centro da cidade ou em frente ao shopping Praia de Belas. O retorno pode ser feito a partir do Barra Shopping Sul, por onde passam diversas linhas de ônibus com destino a outros pontos da cidade.

 

Pedestres e Ciclistas: existe uma passagem para que pedestres e ciclistas possam atravessar a via em segurança. A passarela é acessada pelo portão de entrada do estacionamento. A Fundação também dispõe de um bicicletário, localizado nos fundos do prédio.

Fotos na Roberto Alban Galeria

18/mar

A fotografia contemporânea é alvo de mostra na Roberto Alban Galeria, BA. A ideia é dar visibilidade a fotógrafos de Salvador que trabalham com novas e diferentes perspectivas de interpretação do real. Cresce em Salvador, uma vertente contemporânea de criação fotográfica, que flerta com a experimentação e busca novos e diferenciados olhares da realidade. Pensando nisso, a Roberto Alban Galeria, no bairro de Ondina, promove a mostra “Olhares Transversos: fotografia e fotógrafos”, que poderá ser visitada pelo público entre 21 de março e 22 de abril.

 

Edgard Oliva, curador da mostra, fotógrafo e professor de Fotografia da Escola de Belas Artes, procurou reunir novos artistas e outros já conhecidos do público que personificassem com seus trabalhos uma proposta de inquietude artística. Dez foram os escolhidos: Adelmo Santos, Eriel Araújo, Gil Maciel, Karla Brunet, Patrícia Martins, Péricles Mendes, Renata Voss, Rosa Bunchaft, Rodrigo Wanderley e Tom Correia. Além deles, o próprio Edgard Oliva comparece com alguns trabalhos, criando uma ponte entre o papel de curador e seu lado artista/fotógrafo, que apresenta imagens produzidas tendo como única iluminação a lua cheia.

 

“Os fotógrafos/artistas desta mostra são criadores de visualidades voltadas para a atualidade e a emergência dos fatos, do tempo que proporciona transversalidades, fazeres e modalidades estéticas com indagações a partir do corpo pensante”, resume Oliva no texto de apresentação da mostra. Em outras palavras, o curador quis compartilhar com o público aquilo que considerou, em seus contatos e pesquisas, um diferencial de qualidade e vigor criativo.

 

Desta forma, há imagens extraídas de uma câmera feita de papelão, outras provenientes de películas vencidas, outras produzidas a partir de fotogramas criados em laboratórios, outras transferidas para placas de cimento, outras ainda geradas numa “mixagem” entre a imagem e a representação gráfica do som. O resultado dessas experimentações flerta com o conceito de extrema criatividade, como ressalta Edgard Oliva, observando que “os olhares são múltiplos, e não se repetem, daí a riqueza do conjunto a que chegamos”.

 

Segundo o curador, a mostra proporcionará ao público a visão de “uma vertente da fotografia que existe, sim, na Bahia; vem crescendo e tem sua força no olhar diferenciado de artistas singulares, que testam novos suportes, experimentam novas ideias e buscam o diálogo com o contemporâneo”.

 

 

Sobre os fotógrafos:

 

Adelmo Santos, mestre em Artes Visuais (UFBA), desenvolve projetos artísticos sobre diversos suportes como a fotografia analógica, digital e artesanal, com a prática do Pinhole. Atualmente, desenvolve projeto a partir do plano ficcional, ilusório, construído em camadas, cuja desconstrução do real conduz o espectador às suas próprias interpretações e análises críticas.

 

Edgard Oliva, com doutorado em Artes Visuais (UFRJ), Edgard Oliva já participou de diversas mostras coletivas e individuais no Brasil e outros países. Suas conexões com o exterior já resultaram em exposições em locais como Alemanha, onde morou por um ano, e Portugal. Atualmente, sua investigação imagética se expressa em cenas noturnas que emergem da luz da Lua cheia, através das quais afloram “sentimentos impregnados no passado e no presente”.

 

Eriel Araújo, artista plástico, doutor em artes visuais (UFRGS), mestre em artes visuais (UFBA) e bacharel em artes plásticas (UFBA), já participou de exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Como artista multimídia, usa processos fotográficos, gráficos, escultóricos, cerâmicos, pictóricos e vídeos. Sua investigação fotográfica parte da transferência de imagens para placas de cimento.

 

Gil Maciel, jornalista de formação (UFAL), doutorando em Artes Visuais (UFBA), desenvolve a investigação denominada “Chão Cego”, cujo objeto de estudo é a trilha direcionada para os deficientes visuais nas calçadas da cidade. Seu trabalho questiona a eficiência desse “caminho” já que muitas dessas trilhas acabam no vazio da calçada seguinte ou mesmo num buraco. Outras tantas descrevem curvas, ora sinuosas, ora em ângulos retos, verdadeiras metáforas de nossos planos frustrados pelo mundo.

 

Karla Brunet, artista e pesquisadora, doutora em Comunicação Audiovisual, participou de diversas exposições de fotografia e arte eletrônica no Brasil, na Europa, nas Américas do Norte e do Sul. Suas práticas artísticas envolvem fotografia, videoarte, visualização de dados, ambiente sensorial, arte híbrida, performance audiovisual, web art. Sua investigação artística passa pelo cruzamento entre a imagem e o som, a partir de representações gráficas.

 

Patrícia Martins, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFBA, explora o retrato e as figuras humanas utilizando a apropriação de fotografias vernaculares, em sua maioria anônimas, inserindo num universo fantástico, trazendo questões de memória e apagamento. A exploração do corpo humano como matriz levanta a discussão sobre o uso do corpo como imagem.

 

Péricles Mendes, doutorando em Artes Visuais (EBA/UFBA) realiza um ensaio fotográfico ficcional a partir do cruzamento da fotografia encenada com a inserção de objetos tridimensionais construídos para fazerem parte do cenário enquadrado. Tal ensaio tem como ponto de partida a elaboração de uma imagem contaminada por outras linguagens (assemblage) a fim de promover realidades fotográficas próprias

 

Rosa Bunchaft, mestra em Artes Visuais (UFBA), com formação em Física (mestrado). Natural da Itália, vive em Salvador e desenvolve pesquisa teórico-prática com projetos fotográficos e audiovisuais performativos ou processuais, e em particular, com a Câmera Obscura Arquitetônica, associando-a à criação de fotografia de grande formato.

 

Rodrigo Wanderley, graduado em jornalismo pela Escola de Comunicação da UFBA (2011), atua como fotógrafo independente e já expôs seu olhar em diversas mostras pelo Brasil e cidades da latino-americanas. Nas suas incursões, constrói Caixas Mágicas (câmeras escuras), desenvolvendo o projeto educativo “instagrão” pelo qual captura imagens a partir de câmeras artesanais confeccionadas em papelão.

 

Renata Voss, doutora em Artes Visuais, pesquisa as materialidades da fotografia utilizando processos químicos artesanais refletindo, tratando de questões como tempo, lugar, movimento e memória. Em seu trabalho, recorre ao fotograma – procedimento sem uso de câmera – para estabelecer um encontro entre visões do que pode parecer próximo e do que aparentemente pode estar distante.

 

Tom Correia, escritor, fotógrafo e jornalista, ganhou o prêmio de residência artística do Instituto Sacatar/Funceb. Com o tema “UnBlack Lisbon”, discute a invisibilidade/ausência do negro na fotografia portuguesa. Trata-se de um ensaio que surgiu a partir de projeto de residência artística na capital portuguesa, no início de 2017.

Promoção da Fundação Iberê

14/fev

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, recebe no próximo sábado, 16 de fevereiro, a historiadora Iris Germano e o ator Thiago Pirajira para o “Bate-papo sobre as histórias de Carnaval de Porto Alegre”. Eles farão um passeio pelos blocos de carnaval que entraram para história até o movimento popular criado há pouco mais de dez anos que, hoje, ultrapassa 50 blocos de rua por toda a cidade. O evento ocorre às 16h, no Átrio da Fundação, com entrada franca.

 

No domingo, o Programa Educativo promove a “Oficina de Confete e Serpentina”. A partir desses dois elementos símbolos do carnaval e inspiradas em artistas como Vik Muniz, as crianças e suas famílias serão convidadas a criar, coletivamente, uma macro paisagem e, também, a retratar sua própria cena de carnaval. A atividade é gratuita. Além do centro cultural, as atividades vão ocorrer no Barra Shopping Sul. O encerramento será no dia 03 de março, das 17h às 20h, com o Bloquinho de Carnaval, no Barra. O evento gratuito terá a animação de um bloco de carnaval da cidade e de um oficineiro, que pintará os rostos das crianças para a grande festa.

 

 

Sobre os convidados

 

Com especialização em História Social da Cidade e mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Iris Germano pesquisa a identidade negra gaúcha por meio do carnaval.

 

Thiago Pirajira é mestrando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do Bloco da Laje e diretor artístico do Grupo Pretagô.

Pele & Sombra no MARGS

12/fev

 

Intitulada “Magna Sperb/Pele e Sombra”, é a exposição individual que Magna Sperb – apresentando 15 esculturas em aço carbono oxidado – exibe na Sala Iberê Camargo, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. Com curadoria de André Venzon, as peças foram criadas entre 2016/2018, inspiradas em elementos orgânicos e artesanais – como tramas, redes, telas, panos, cipós, galhos, cascas, raízes, teias e ninhos – são tapeçarias metálicas finas e delicadas que, colocadas sob a luz, projetam sombras em formas de desenhos, sugerindo movimento e leveza.

 

Para o curador André Venzon, mais que o reconhecimento da trajetória artística de Magna Sperb – que trabalha no campo do desenho, da pintura, da fotografia e da escultura -, a exposição propõe a expansão de sua obra. Conhecida no meio da arte e também da arquitetura – Magna Sperb prestou assessoria em cor para projetos arquitetônicos durante quinze anos – a artista retoma a poética da transformação, que caracterizou etapas anteriores da sua pesquisa artística no campo da representação. “Da pintura na tela, para os recortes em MDF, depois para as revistas e destas para o outdoor, agora são as placas de aço que traçam e expressam todos estes caminhos, processos e trânsitos que entranham a sua criação artística que continua a se metamorfosear e nos surpreender”, afirma o curador.

 

Os estudos de tramas, cuidadosamente colecionados pela artista, são o ponto de partida para a criação das esculturas de “Pele e Sombra”. Magna redesenha essas tramas e as tece digitalmente, trabalhando em seguida o aço carbono com corte a laser. As peças são dobradas e amassadas à mão e expostas às intempéries do tempo, para adquirir textura. “Minhas esculturas são intencionalmente incorporadas à própria sombra: delicadas, leves, quase um desenho no ar, mas agressivas, com pontas que riscam o espaço. Valorizar tanto a sombra como a forma é aceitar e compreender que cada coisa é muito mais do que se vê e se percebe”, afirma a artista.

 

“É na subtração, no recorte e na ausência que sua obra se materializa”, explica o curador. “Portanto, tudo tem uma estrutura profunda, até a sombra que provem da arquitetura da luz. Enquanto a natureza e o humano teimam em cobrir e fechar, a artista prossegue a vazar sua pele de aço”, completa.

 

 

Sobre a artista

 

Magna Sperb nasceu, vive e trabalha em Novo Hamburgo/RS. Possui Pós-Graduação em Poéticas Visuais e Processos Híbridos, Pós-Graduação em Artes Visuais, Especialização em Cor e é formada em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Feevale. Desenvolve sua pesquisa em desenho, pintura, fotografia e escultura. Foi professora de História da Arte e Educação Artística na rede de ensino pública e privada. Durante quinze anos prestou assessoria em cor para projetos de arquitetura. É uma das idealizadoras do Mesa de Arte na Praça, um projeto de ocupação artística contemporânea para formação de público. Desde 2007 participa de exposições coletivas no Brasil e exterior. Dentre as individuais destacam-se: Recortes, IAB/RS – Porto Alegre, 2014, Metamorfose, MAC/RS – Porto Alegre, 2011 e (Des)Encontros, Usina do Gasômetro – Porto Alegre, 2009. Suas obras fazem parte dos acervos do MARGS, MAC e IAB/RS.

 

 

Até 12 de maio.

Exposição, festa e livro

11/fev

Quem estiver em Salvador, dia 14, a partir das 17 horas, tem um endereço certo. A Paulo Darzé Galeria anuncia com uma festa, literalmente, contando com barraquinhas de pipoca, algodão-doce, cachorro-quente, abará e acarajé, a abertura da exposição e lançamento do livro Caretas de Maragojipe, do fotógrafo João Farkas, tradição que remonta há mais de um século, durante os dias da folia, dos moradores desta cidade do Recôncavo baiano, distante 140 km da capital da Bahia, Salvador, quando a população se transforma nos “caretas”, figuras festeiras multicoloridas e sem identidade.

 

Esses personagens seduziram imediatamente o fotógrafo João Farkas, que no dizer do crítico Agnaldo Faria “com seu trabalho quer conhecer esse imenso território humano e geográfico do Brasil, e tem feito disto o nervo de sua produção poética”, na construção de um ensaio fotográfico que demandou um registro, durante cinco anos, desde 2014, realizado através de retratos dos habitantes ao se vestir usando máscaras e fantasias. Máscaras que mantêm foliões anônimos, anonimato que se torna uma das coisas mais divertidas de um Carnaval ao poder se cruzar incógnita a cidade em festa, como é a sua tradição. A exposição terá temporada até o dia 14 de março.

 

 

Sobre o artista

 

João Farkas nasceu em São Paulo, capital, em 1955. Começou seus estudos graduando-se em filosofia pela Universidade de São Paulo e, posteriormente, mudou-se para Nova York, onde estudou no International Center of Photography (ICP) e na School of Visual Arts (SVA). Seus trabalhos, já foi fotógrafo correspondente da Veja e da IstoÉ, onde foi também editor de fotografia, fazem parte de importantes acervos e museus brasileiros, além de estarem no acervo do ICP, no Maison Européenne de la Photographie, um dos mais respeitados acervos de fotografia do mundo, onde suas obras estão acompanhadas de outras 20 mil imagens representativas de nomes como Henri Cartier-Bresson, Robert Frank, Johan van der Keuken, Larry Clark, Sebastião Salgado e Rogério Reis.

FIC exibe Cecily Brown 

Entrou em cartaz na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, a exposição “Se o paraíso fosse assim tão bom”, da artista britânica Cecily Brown, um dos nomes de maior destaque na pintura contemporânea internacional. A mostra pode ser visitada até o dia 30 de março, no terceiro andar. Antes, foi exibida com sucesso, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, e Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Com curadoria de Paulo Miyada, a exposição reúne um conjunto de obras que especula sobre a ideia de paraíso. Para isso, traça diálogos com a história da arte, em contato com artistas tão diversos quanto Bosch, Michelangelo, Brueghel e Rubens.

 

Cecily Brown emergiu nos anos 1990 e, atualmente, é uma das pintoras mais celebradas em todos os continentes. As 16 pinturas e os oito desenhos selecionados pela artista representam a frequente reflexão sobre um assunto que a tem fascinado: o paraíso. As obras são repletas de cor e movimento; faces – animais e humanas – espreitam os espectadores por entre véus de cor; figuras exploram o espaço pictórico e recusam-se à imobilização e fixação. Tudo está movimento, nada está assentado.

 

Para o curador, “Seus aspectos associáveis ao inferno (dinamismo, choque e confusão) seriam talvez bem-vindos para os cidadãos do presente, tão apaixonados pelo espetáculo de gratuidade e destruição que desfila nas velhas e nas novas mídias dia após dia, minuto a minuto”.

 

 

Sobre a artista

 

Cecily Brown nasceu em Londres em 1969. Seu trabalho figura em coleções públicas como Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York; Whitney Museum of American Art, Nova York; MFA, Boston; Tate Gallery, Londres; Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington, D.C.; e National Gallery of Art, Washington, D.C. Suas principais exposições individuais incluem exibições em museus como o Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington, D.C. (2002); Macro, Roma (2003); Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri (2004); Museum of Modern Art, Oxford (2005); Kunsthalle Mannheim (2005/06); Des Moines Art Center, Iowa (2006); Museum of Fine Arts, Boston (2006/07); Deichtorhallen, Hamburgo (2009); Kestner Gesellschaft, Hanôver (2010, itinerante para GEM, Museum of Contemporary Art, Haia; e Galleria d’Arte Moderna e Contemporanea, Turim (2014). A artista também realizou inúmeras exposições individuais em galerias, incluindo a Gagosian Gallery, Maccarone Gallery, Victoria Miro, CFA, Kukje Gallery, entre outras. Cecily Brown vive e trabalha em Nova York.

 

 

Sobre a Fundação Iberê Camargo

 

A Fundação Iberê Camargo é uma instituição privada sem fins lucrativos, criada em 1995, a partir de um desejo do próprio artista e sua esposa, Maria Coussirat Camargo, e com o apoio de amigos e empresários de Porto Alegre.

 

Há 23 anos, a Fundação desenvolve ações culturais e educativas com a missão de preservar o acervo, promover o estudo, a divulgação da obra de Iberê Camargo e estimular a interação de seu público com arte, cultura e educação, por meio de programas interdisciplinares. A sede da instituição, inaugurada em 2008, foi projetada pelo português Álvaro Siza, um dos arquitetos contemporâneos mais importantes do mundo. O projeto recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza (2002) e é mérito especial da Trienal de Design de Milão.

 

 

Sobre Iberê Camargo

 

Restinga Seca, 1914 – Porto Alegre, 1994 – Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de uma extensa obra, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos, mas exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual brasileiro. Dentre as diferentes facetas de sua vasta produção, o artista desenvolveu as conhecidas séries “Carretéis”, “Ciclistas” e “As idiotas”, em obras que marcaram sua trajetória. Grande parte de sua produção, estimada em mais de sete mil obras, compõe hoje o acervo da Fundação Iberê Camargo.

No MAM de Salvador

09/jan

O público baiano poderá conhecer e ver a obra do pintor Aurelino dos Santos a partir do dia 15 de janeiro, quando o Museu de Arte Moderna da Bahia abre a exposição do artista plástico, mostra que leva o seu nome, com texto e curadoria de Caetano Dias, apresentando cerca de 50 obras do acervo da Paulo Darzé Galeria e de coleções particulares.

 

 

Sobre o artista

 

Aurelino dos Santos é um artista popular. Esta palavra não no sentido de conhecido, para aquele que está na mídia ou se torna referência numa conversa sobre arte, mas popular na acepção de um homem do povo, que vive uma vida simples, numa casa simples, em local de extrema simplicidade, arredio a conversas – não sabe ler nem escrever, apenas grafa o nome como se desenhasse, e tem grande dificuldade de penetração no universo da linguagem, mas criador de um trabalho primordialmente com a pintura, com composições onde a geometria é o que mais chama atenção. Aurelino dos Santos já ultrapassou os 70 anos de idade. Nasceu em 1942. Vive numa casa de extrema simplicidade nos arredores de Ondina, bairro de Salvador, e produz arte compulsivamente. É um autodidata, que escolheu ou foi escolhido pela pintura para realizar sua trajetória na vida. E mesmo com tudo isto pontuando sua existência exibe uma arte sutil e requintada na sua criação, criando obras onde a geometrização é uma característica, marcada por uma representação de planos, formas e cores, construindo paisagens, ao mesmo tempo vistas de perfil e de cima, com cores às vezes fortes ou monocromáticas, outras suaves e vibrantes. Suas obras acumulam um misto de referências variadas, que passa pelo barroco, chegando ao concretismo e o neoconcretismo, formulando paisagens que traduzem a vida urbana de uma maneira única, formadas por triângulos, retângulos, quadrados e círculos, planos verticais e horizontais, uma geometria pessoal e uma visão misteriosa para o indecifrável da criação de uma obra de arte, ao levar quem vê seu trabalho para um envolvimento com o desconhecido, o secreto, o mistério, o encantado, e o encantamento que fascina no primeiro olhar. A sua arte é pintar. Falar sobre Aurelino é falar de sua pintura.

 

 

Trecho de um ensaio

 

Para sua exposição individual no Museu Afro-Brasil, Aurelino – A Transfiguração do Real, onde foram mostradas mais de cem peças, Urania Tourinho Peres escreveu um longo ensaio, fruto de suas conversas com o pintor e sua formação de psicanalista, com o título “Porque é beleza”, onde inicia com estas palavras: Ainda que não se saiba exatamente o que é a loucura em suas variadas formas de manifestação, e, sobre a obra de arte muita interrogações nos acompanhem, Aurelino dos Santos é reconhecido como louco e artista. Não é sem admiração e assombro que contemplamos sua arte. Sua produção traz a marca de um estilo que confere à sua pintura uma unidade. Quem tem acesso à sua obra não sente dificuldade em identificá-lo em sua produção e afirmar: “Este é um Aurelino” – maneira habitual de reconhecimento de um artista, na qual a obra ganha a identidade do autor”.

Galeria Aberta Amílcar de Castro

19/dez

 

A Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, dando sequência à série de inaugurações de 2018, apresentou ao público da capital mineira, a nova Galeria Aberta Amílcar de Castro. O espaço, localizado entre as galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta no Palácio das Artes, abriga a exposição “Corte”, uma mostra de média duração que reúne esculturas em diferentes tamanhos de um dos principais expoentes do neoconcretismo brasileiro: Amílcar de Castro.

 
A inauguração da Galeria Aberta Amílcar de Castro reforça a diretriz da FCS em valorizar a arte produzida em Minas Gerais durante a atual gestão (2015-2018). Neste ano, inclusive, toda a programação artística da instituição foi norteada por diferentes manifestos, dialogando diretamente com o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, que completa 90 anos em 2018. E em junho de 2019, inicia-se a comemoração do centenário de nascimento e Amílcar de Castro, um dos signatários do Manifesto Neoconcreto.

 
De acordo com Augusto Nunes-Filho, apresentar ao público um novo espaço expositivo no Palácio das Artes é, ao mesmo tempo, um reconhecimento do legado do artista e um olhar mais demorado sobre a produção artística em diferentes suportes, como a escultura. “Amílcar de Castro tem papel importante no cenário artístico brasileiro gozando também, há muito, de reconhecimento internacional. Por ser um escultor de mão cheia, foi justa essa vertente escolhida pela Fundação Clóvis Salgado para lhe prestar merecida homenagem com a nomeação do mais recente espaço expositivo do Palácio das Artes, a Galeria Aberta Amílcar de Castro”, destaca o presidente.

 
“CORTE” traça uma linha do tempo na história da produção de Amílcar de Castro ao reunir esculturas produzidas em diferentes momentos da carreira do artista. Vindas diretamente do Instituto Amílcar de Castro, em Nova Lima, as obras representam trabalhos em grande e pequena escala, exemplificando a visão que o escultor tinha sobre dimensionalidades, percepções espaciais e manipulação do ferro.

 

 

Amílcar ao ar livre

 
Para Ana de Castro, diretora do Instituto Amílcar de Castro, a exposição é uma grande homenagem ao escultor e uma lembrança daquilo que mais inspirava o trabalho de Amílcar. “Ao explorar com grande intensidade espaços abertos do Palácio das Artes e nomear este espaço de Galeria Aberta Amílcar de Castro, a Fundação Clóvis Salgado faz referência instantânea ao passado do escultor e cria um lugar onde a percepção se exerce mesclando elementos concretos e orgânicos. A prática sensível conduz a vivências de grande apelo visual”.

 
Um dos destaques do acervo é a obra “Estrela”, uma escultura em ferro, inspirada em um trabalho anterior de Amílcar de Castro, que concedeu ao artista seu primeiro prêmio. Datada do início dos anos 2000, a obra mescla a força do ferro com a sutileza e a precisão dos cortes característicos do escultor mineiro. Ao contrário das outras obras, a peça ficará exposta no Hall de entrada do Palácio das Artes.

 

 

As demais esculturas que integram a exposição “CORTE” são obras que perpassam as décadas de 1950 a 1990. Com dimensões variadas, algumas chegando a medir pouco mais de 30cm. Já outras esculturas chegam aos 2m de comprimento e pesam mais de 5 toneladas.
“CORTE é uma seleção de obras que reúne um amplo e significativo acervo do trabalho de Amílcar. É, também, uma homenagem à trajetória do artista que, aluno da Escola Guignard, observava e se inspirava na paisagem do Parque Municipal. Com essa galeria, celebramos o passado do escultor ao mesmo tempo em que reverenciamos a mistura do concreto, no caso, as esculturas de Amílcar, com a leveza de um espaço aberto, de livre circulação e conectado ao parque”, destaca Augusto Nunes-Filho.

 

 
Até 27 de junho de 2019.