Adriana Varejão na Bahia

18/abr

Um dos nomes mais respeitados das artes visuais do Brasil, Adriana Varejão terá pela primeira vez um conjunto significativo de sua obra exposto em Salvador, BA. “Adriana Varejão – Por uma retórica canibal” é a mostra itinerante que circula neste ano em cidades brasileiras fora do eixo Rio – São Paulo, começando pela capital baiana no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), tendo visitação gratuita que se prolongará por dois meses, até 15 de junho. Com curadoria de Luisa Duarte, a exposição faz parte de um projeto que pretende descentralizar o acesso à importante produção da artista, exibindo 20 obras dos seus mais de 30 anos de trajetória, realizadas entre 1992 e 2016, que inclui trabalhos seminais como “Mapa de Lopo Homem II” (1992 -2004), “Quadro Ferido” (1992) e “Proposta para uma Catequese”, em suas Partes I e II (1993).

“Salvador e Cachoeira são cidades fundamentais na construção da minha obra. Nessas cidades, eu encontrei referências importantíssimas do período barroco que usei em muitos de meus trabalhos, especialmente nos que se referem à azulejaria”, afirma Adriana Varejão. “O claustro do Convento de São Francisco, no Pelourinho, e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em Cachoeira, além de um sem fim de relíquias como os caquinhos de louça das índias e o teto em estilo chinês pintado por Charles Belleville no Seminário de Nossa Senhora de Belém, me ofereceram elementos para construção de muitos dos meus trabalhos que, pela primeira vez, estarão expostos aqui. Fazer essa exposição é como finalmente retornar à casa da mãe depois de uma longa viagem”, completa a artista.

O recorte curatorial da exposição busca enfatizar como muito antes dos estudos pós-coloniais estarem no centro do debate da arte contemporânea, Adriana Varejão já desenvolvia uma pesquisa cuja inflexão está centrada justamente em uma revisão histórica do colonialismo. A mostra descortina diferentes fases de sua produção de modo a levar um conjunto relevante de sua obra pela primeira vez para Salvador, na Bahia, cidade com a maior herança africana do Brasil e responsável por inspirar parte de sua poética.

 

O título da exposição faz referência ao vínculo da obra de Adriana Varejão com a tradição barroca. A retórica é uma estratégia recorrente do barroco, sendo um procedimento que busca a persuasão. Se o método rendeu obras e discursos suntuosos e exuberantes, a favor da narrativa cristã e do projeto de colonização europeu, a retórica canibal, ao contrário, se apresenta como um contraprograma, uma contracatequese, uma contraconquista. Trata-se de uma ruptura com as formas ocidentais modernas de pensamento e ação, em busca dos saberes locais, como o legado da antropofagia. Saem de cena o ouro e os anjos, entram em cena a carne e toda uma cultura marcada pela miscigenação.

Assim, o público tomará contato com uma produção que visita de maneira constante o passado para trazer à luz histórias ocultas, pouco visitadas pela história oficial. A seleção de trabalhos revela ainda a rede de influências que atravessa a obra da artista: do citado barroco à China, da azulejaria à iconografia da colonização, da história da arte à religiosa, do corpo à cerâmica, dos mapas à tatuagem, vasto é o mundo que alimenta a poética de Adriana Varejão. Ao longo da exposição comparecem trabalhos de quase todas as séries produzidas pela artista, tais como: “Terra incógnita”, “Proposta para uma Catequese”, “Acadêmicos”, “Línguas e cortes”, “Ruínas de Charques” e “Pratos”. Na composição da expografia, como ferramenta de mediação com o público, textos curtos descrevem e contextualizam as obras.

“É com muita satisfação que participamos desse importante projeto, que valoriza uma das mais importantes artistas brasileiras da contemporaneidade. Essa parceria sustenta nosso compromisso com a arte e com a democratização da cultura a um número cada vez maior de pessoas”, afirma Antonio Almeida, sócio-diretor da Galeria Almeida e Dale. “Por meio desta itinerância, levaremos a arte singular de Adriana Varejão para cidades que ficam fora do eixo Rio-São Paulo e que, até então, nunca haviam recebido uma exposição da artista”, reforça Carlos Dale, também sócio-diretor da galeria.

 

Para pensarem em conjunto a exposição, Adriana Varejão, junto com Luisa Duarte, uniram-se ao artista visual baiano Ayrson Heráclito e à antropóloga paulista Lilia Schwarcz, referências dos estudos da história e cultura afro-brasileiras, para uma conversa pública, também gratuita, no Museu de Arte da Bahia (MAB). Ambos os museus, vinculados ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), são parceiros nesta realização.

Adriana Varejão é representada pelas Galerias Fortes D’Aloia & Gabriel, Gagosian e Victoria Miro.

 

 

Sobre a artista

 

Adriana Varejão (Rio de Janeiro, 1964) –As obras de Adriana Varejão encontram-se em coleções de instituições como Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque; Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque; Tate Modern, Londres; Fondation Cartier pour l’art Contemporain, Paris; Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Brumadinho; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; Coleção Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro; Fundación “la Caixa”, Barcelona; Stedelijk Museum, Amsterdã; e Hara Museum, Tóquio. Entre suas principais exposições institucionais, incluem-se “Azulejões,” Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e Brasília, Brasil (2001); “Chambre d’échos / Câmara de ecos”, Fondation Cartier pour l´art Contemporain, Paris (2005, itinerância para o Centro Cultural de Belém, Lisboa; e DA2, Salamanca, Espanha); Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio (2007); “Adriana Varejão – Histórias às Margens,” Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil (2012, itinerância para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; e o Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), Argentina em 2013); “Adriana Varejão,” The Institute of Contemporary Art, Boston (2014); e “Adriana Varejão: Kindred Spirits,” Dallas Contemporary (2015). A artista participou da Bienal de São Paulo (1994, 1998); 12th Biennale of Sydney (2000); International Biennial Exhibition, SITE Santa Fe (2004); Liverpool Biennial (1999, 2006); Bucharest Biennale (2008); Istambul Biennial (2011); “30x Bienal”, Fundação Bienal de São Paulo (2013); Bienal do Mercosul, Brasil (1997, 2005, 2015); e da primeira Bienal de Arte de Contemporânea de Coimbra, Portugal (2015). Em 2008, um pavilhão permanente dedicado à obra de Varejão foi inaugurado em Inhotim Centro de Arte Contemporânea. Em 2016, foi contratada para produzir um mural temporário baseado em seu épico trabalho “Celacanto provoca maremoto” para cobrir a fachada inteira do Centro Aquático para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Recebeu o Prêmio Mario Pedrosa (artista de linguagem contemporânea), da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), e o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), pela exposição “Histórias às margens”, realizada em 2012/13 no MAM SP, MAM Rio e MALBA.

 

 

Sobre a curadora

 

Luisa Duarte (Rio de Janeiro, 1979) –Crítica de arte, curadora independente e professora. Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Foi por nove anos crítica de arte do jornal O Globo. Integrou o conselho do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2009-2012) e a equipe do programa Rumos Artes Visuais do Instituto Itaú Cultural (2005/2006). Coordenou o ciclo de conferências “Passado, presente e futuro – memória e projeção”, na 28ª Bienal de São Paulo (2008). Organizou em dupla com Adriano Pedrosa o livro “ABC – Arte Brasileira Contemporânea”, pela Cosac & Naify (2014). Organizou o seminário internacional “Biblioteca Walter Benjamin”, no Museu de Arte do Rio – MAR (2015). Foi curadora, em dupla com Evandro Salles, da exposição “Tunga – o rigor da distração” (2018), também no MAR. Em 2019, faz parte da equipe curatorial da 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, sendo responsável pelos programas públicos da edição, cuja abertura está prevista para outubro, em São Paulo.

 

 

Até 15 de junho.

“Museu”, exposição de Daniel Senise

15/abr

Encontra-se em cartaz no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, a exposição “Museu”, exibição individual de Daniel Senise. “Museu” reúne um conjunto de nove obras recentes – seis pinturas em grandes formatos e três trabalhos em papel – criadas entre 2017 e 2019. São monotipias que retratam salões de importantes museus ao redor do mundo – como a National Gallery (Londres), a Frick Collection (Nova Iorque), o Rijksmuseum (Amsterdan) e o Museu Nacional de Belas Artes (RJ) -, e aquarelas que reproduzem a padronagem dos pisos de madeira de instituições culturais, como o Museu de Arte Antiga de Lisboa.

 

Ao longo dos seus mais de 30 anos de atividade trabalhando nos limites da figuração na pintura, Daniel Senise é considerado um dos maiores expoentes da chamada “Geração 80″ e se afirma como um nome importante na cena internacional contemporânea. Para a curadora Daniela Name, nessa exposição Senise reinveste na questão fundamental de sua obra: a ênfase no ausente. As telas representam os espaços vazios dos museus, vestígios e fragmentos que evocam a memória desses locais. “O conjunto de obras reunidas em Museu evidencia como a imagem latente – ela que não está – atinge uma força radical ao ser sequestrada dos espaços arquitetônicos e simbólicos que foram concebidos para guardá-las. Ela é talvez mais presente em sua ausência do que seria em sua representação”, afirma Daniela em seu texto curatorial.

 

 

A palavra da curadora

 

Reencenar a pintura

 

Museu reúne um conjunto de pinturas recentes de Daniel Senise que retratam salões de importantes museus ao redor do mundo – caso da National Gallery, em Londres, e da Frick Collection, em Nova Iorque -, além de aquarelas que reproduzem a padronagem dos pisos de madeira de instituições culturais. Os museus são hoje uma espécie de ruína, uma nostalgia de outro tipo de relação com a imagem. Apontam para a saudade de um diálogo mais vagaroso e áspero, distante da aceleração das redes sociais e suas fotografias produzidas num turbilhão ininterrupto, mas efêmero e deslizante, com pouquíssima aderência à memória.

Ao se relacionar com os museus, Senise reinveste na questão fundamental de sua obra: a ênfase no ausente. Ao longo de sua carreira, o artista se apropriou de obras de Giotto, Caspar Friedrich, Michelangelo e James Whistler, adulterando-as, velando-as integralmente ou abrindo mão de alguns de seus detalhes fundamentais; também marcou a trajetória de um bumerangue sem apresentar o objeto; usou lençóis de hospitais e motéis para criar uma monumental Via Crucis de corpos ausentes.

Aquilo que falta está ainda em Ela que não está – nome de obra paradigmática que aponta para a ausência que sempre foi o princípio e o fim, aquilo que mais importa em sua obra. O protagonismo dessa imagem recalcada, proveniente de outro tempo e outro espaço, tem feito da obra de Senise uma espécie de conversa com fantasmas.

Tais espectros jamais foram assustadores para o artista. E o conjunto de obras reunidas em Museu evidencia como a imagem latente atinge uma voltagem radical ao ser sequestrada dos espaços arquitetônicos e simbólicos que foram concebidos para guardá-las. Assim como Hamlet, que conversa desenvoltamente com o fantasma de seu pai, Senise vem lidando com o legado de imagens da história da arte como um fóssil em brasa, o leitfossil em constante movimento de que nos fala Warburg. O príncipe atormentado de Shakespeare monta uma peça dentro da peça, num paradigma para a metalinguagem artística. Ao dar outra vida para esses museus amputados, Senise reencena a pintura dentro da pintura, num jogo de reflexos por vezes dilacerante e inquisidor: o que temos feito com as imagens que nos importam?

Daniela Name, curadora.

 

 

Sobre o artista

 

Daniel Senise nasceu em 1955 no Rio de Janeiro. Em 1980, se formou em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo ingressado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no ano seguinte, onde participou de cursos livres até 1983. Foi professor na mesma escola de 1985 a 1996. Desde os anos oitenta, o artista vem participando de mostras coletivas, como a Bienal de São Paulo, a Bienal de La Habana, a Bienal de Veneza, a Bienal de Liverpool, a Bienal de Cuenca, a Trienal de Nova Delhi, entre outras realizadas no MASP e no MAM de São Paulo; no Musee d’Art Moderne de la Ville de Paris; no MoMA, em New York; no Centre Georges Pompidou, em Paris; e no Museu Ludwig, em Colônia, na Alemanha. Daniel Senise também tem exposto individualmente em museus e galerias no Brasil e no exterior, entre eles o MAM do Rio de Janeiro; o MAC de Niterói; o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; a Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro; o Museum of Contemporary Art Chicago; o Museo de Arte Contemporáneo, em Monterrey, no México; a Galeria Thomas Cohn Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro; a Ramis Barquet Gallery e a Charles Cowley Gallery, em Nova York; a Galerie Michel Vidal, em Paris; a Galleri Engström, em Estocolmo; a Galeria Camargo Vilaça, em São Paulo; a Pulitzer Art Gallery, em Amsterdam; a Diana Lowenstein Fine Arts Gallery, em Miami; a Galeria Silvia Cintra, no Rio de Janeiro; a Galeria Vermelho, em São Paulo; a Galeria Graça Brandão, em Lisboa; e a Galeria Nara Roesler de Nova York. Atualmente, vive e trabalha no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

 

 Sobre a curadora

 

Daniela Name nasceu no Rio de Janeiro, em 1973. É crítica e curadora de arte, doutora em Comunicação e Cultura e mestre em Histórica e Crítica da Arte pela UFRJ e autora dos livros Norte – Marcelo Moscheta (2012), Almir Mavigner (2013) e Amelia Toledo – Forma fluida (2014). É crítica-colaboradora do jornal O Globo; editora da Revista Caju, uma publicação online dedicada a ensaios e críticas de arte e cultura e assessora de Cultura e Arte da Associação Redes da Maré.

 

 

Até 13 de julho.

MON exibe Ivens Machado

O Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR, apresenta a mostra individual de Ivens Machado “Mestre de Obras”. São desenhos, esculturas, fotografias e vídeos relacionados a diferentes períodos da trajetória do artista, procurando criar um diálogo entre as várias vertentes. Ivens Machado foi um dos artistas mais importantes de sua geração e um dos pioneiros da vídeoarte no Brasil.

 

“Partedo legado de um dos artistas mais importantes de sua geração está agora acessível ao público do Paraná e do Brasil, graças a essa imperdível realização do Museu Oscar Niemeyer”, disse o secretário de Estado da Comunicação Social e da Cultura, Hudson José. “A exposição apresentada pelo Museu Oscar Niemeyer apresenta ao público um conjunto expressivo de obras desse importante artista brasileiro, que influenciou várias gerações”, comentou a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “Com genialidade, ele conseguiu extrapolar a matéria, permitindo que seu trabalho evoque sensações”, disse.

 

 

Trajetória 

 

No início da década de 1970, Ivens Machado produziu obras em papel utilizando cadernos pautados ou quadriculados, onde realizou interferências. Na década seguinte, sua obra é marcada por um envolvimento maior com a escultura. Em grande parte de seu trabalho escultórico, utiliza materiais da construção civil, trabalhando com formas e superfícies irregulares. Produzida pelo MON, a exposição apresenta de forma abrangente e expressiva a obra do artista, incluindo trabalhos poucas vezes mostrados no Brasil. A exposição será para o público uma experiência inédita e de grande intensidade artística.

 

“A mostra reúne o conjunto de sua obra, atravessando meio século de uma produção marcada pela sua força, sua crueza e também sua delicadeza e alegria”, diz a curadora Mônica Grandchamp. Ela explica que, num primeiro momento o impacto da obra pode trazer desconforto, mas com um segundo olhar, encontra-se a fantasia, a sutileza e a delicadeza. Segundo a curadora, há uma série de obras ainda pouco vistas pelo público e que são desconhecidas da geração mais jovem, bem como obras icônicas que influenciaram diversos artistas como Adriana Varejão, Ernesto Neto, dentre outros.

 

“Ivens Machado não se filiou a nenhuma escola e sim criou seu próprio caminho, solitário e particular, fundamental no desenvolvimento da arte contemporânea brasileira”, diz Mônica. O conjunto de obras da exposição pretende mostrar toda a diversificação do trabalho de Ivens Machado, que se mantém atual e desconhecido do público.

 

Até 28 de julho.

Xadalu: Residência Artística

02/abr

No dia 12, sábado, das 14h às 17h, o Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, abrirá suas portas para que o público possa acompanhar a produção do artista. A atividade é gratuita e as inscrições devem ser feitas pelo link https://forms.gle/cp6ZeBAWLjnL1FRRA.

De 08 a 15 de abril, a Fundação Iberê recebe o artista visual Xadalu para uma Residência Artística no Ateliê de Gravura. Neste período, ele experimentará a técnica da gravura em metal, tendo como tema a mitologia “Guarani Mbya”. Prêmio Açorianos de Artes Visuais 2019 – Destaque em Exposição Individual, Xadalu tem uma profunda relação com a arte e a cultura indígenas no Rio Grande do Sul, e seu envolvimento com a causa Mbya-guarani traz luz para a questão do resgate e continuidade da cultura indígena no Estado.

Olhar às etnias

Dione Martins (Xadalu) e um amigo imaginaram criar uma empresa que leva o nome dos artista. O sonho foi realizado logo nas primeiras intervenções nas ruas, com o indiozinho que colava pelas paredes. Xadalu não reivindica a identidade indígena, mas, por meio de sua arte, quer dar visibilidade às etnias. “Sou mestiço e não fico à espera por mudanças na sociedade, potencializo a minha arte para agir na escala individual”, explica. Em 1996, Maria Catarina e Dalva, mãe e vó de Xadalu, deixaram Alegrete para tentar uma nova vida em Porto Alegre. Até 1999, ele e a mãe juntavam latinhas para sobrevivência. Depois foi gari, até que em 2003 criou uma oficina de serigrafia na Vila Funil, onde morava.

O personagem Xadalu surgiu pela primeira vez em 2004, como uma forma de manifestação artística, trazendo luz ao tema da destruição da cultura indígena, abordando essa e outras causas sociais e ambientais. Hoje, o indiozinho está presente em mais de 60 países, nos quatro continentes, fazendo parte de um cenário mundial da arte urbana contemporânea, participando de exposições e diversos festivais de arte, com obras em acervos de museus do Rio Grande do Sul, sempre com foco na informação e conscientização dos temas abordados. Xadalu tem fortalecido sua relação com comunidades indígenas do Estado, sempre buscando formas de contribuição e apoio aos moradores das aldeias. Da mesma forma o artista está atento às demandas dos bairros periféricos, ministrando cursos e oficinas em escolas e comunidades.

Visões de Iberê Camargo 

28/mar

Para celebrar os 247 anos da cidade de Porto Alegre, a Fundação Iberê inaugurou a exposição “Visões da Redenção”. A mostra traz um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas), produzidas no início dos anos 1980 – quando o artista retornou à Capital gaúcha, após um período de 40 anos vivendo no Rio de Janeiro. Frequentador assíduo do Parque da Redenção, o artista gostava de observar o ir e vir das pessoas: anônimos, músicos, palhaços, ciclistas, moradores de rua e performers. De simples registros desses passeios, logo as anotações do artista ganharam um significado maior. Os “personagens” da Redenção foram convidados para aturem como modelos vivos em seu ateliê, e, muitos deles, desdobraram-se nas séries “Fantasmagoria”, “Ciclistas” e “Ecológica” (Agrotóxicos).

 

 

Teatro de rua 

 

Em 1985, Iberê Camargo assistiu a performance “A dúzia suja”, do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, se encantou com a apresentação e, durante um final de semana, transformou a Terreira da Tribo – como é chamado o espaço do grupo – em ateliê. Lá desenhou os atores vestidos com o figurino do espetáculo para a série “Ecológica”. A única exposição individual com o conjunto completo da série (mais de 20 guaches) foi realizada em 1986. Parte dela foi exposta em outras capitais do Brasil e Uruguai e, hoje, encontra-se em coleções particulares.

 

Para este trabalho, o artista expressou as formas da natureza e da condição humana, atingidas pela vida, por meio de árvores fantasmagóricas e de figuras que habitavam a cena, sem rumo. O parque mais tradicional da cidade – e palco para as mais diversas manifestações sociais, culturais e políticas – revelou-se como um portal, um deslocamento da realidade para outra ordem no tempo. Delírio e devaneio – um novo estar no mundo.

 

“Não há um ideal de beleza, mas o ideal de uma verdade pungente e sofrida, que é minha vida, e tua vida, é nossa vida nesse caminhar no mundo. Pinto porque a vida dói.” (Iberê Camargo).

 

“Acompanhei inúmeras jornadas de Iberê pela procura dessas imagens que nos ferem com delicadeza, cheias de visualidade e significados. Esses rascunhos, por si só, são maravilhosos, mas serviam para recriações na volta ao estúdio. Surgiam daí guaches sobre papel, elementos novos nas pinturas e potentes gravuras em metal. Foi num dia desses, quando o artista ainda morava na rua Lopo Gonçalves, que saímos a pé para mais um percurso no Parque da Redenção. Chegamos na fonte entre árvores, naquele momento riscada pela luz do sol: um cenário de filme. À volta dela vários mendigos conversavam e lavavam as suas roupas. O artista pareceu iluminado. Apenas com os olhos e a mão em movimento, executou desenhos lindos e fluidos como música. Depois num gesto de gratidão pagou os modelos: entregou uma nota de dinheiro a cada um deles e fomos embora. Nesse dia uma figura me provocou a atenção: o homem flagrado de frente, curvado sobre o espelho d’água da fonte, com o olhar fixo no artista e suas costas acima da própria cabeça, passava uma sensação simultânea de dignidade e sofrimento, como se estava pronto para carregar o peso do mundo”, conta o artista plástico Gelson Radaelli.

 

 

 

Até 21 de abril.

 

 

 

Na Bahia

26/mar

 

A Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia, apresenta a partir do dia 28 de março, com temporada até 26 de abril, a exposição individual de Fábio Magalhães, com o título “Espectador da vida”, uma série de objetos que reproduzem miniaturas de cômodos, ambientes ou espaços internos residenciais atemporais. Para a curadora da mostra Thais Darzé, “…através de mensagens simbólicas, cifradas, subliminares, as emoções nesses ambientes são reveladas e vem à tona como avalanches. É justamente nesse momento de revelação, quando algo se torna visível, que o Ser no seu mais íntimo perde totalmente o controle. Magalhães tenta congelar no tempo através de seus objetos, uma realidade hermeticamente fechada e separada da vida real, criando assim um precipício intransponível”.

 

Artista da nova geração baiana, para a curadora Thais Darzé, no catálogo da mostra, Fábio vem criando uma obra que “…transita por emoções complexas e profundas que fazem parte do cotidiano soturno da experiência humana – memórias, dores, frustrações, perdas, traumas e medos, onde o trabalho constrói narrativas ficcionais, numa obra que materializa e tornam explícitas sensações e sentimentos socialmente encobertos, aqueles que frequentemente nos torna pequenos, vulneráveis e “humanos”, uma inquietude agonizante de um Ser que não se conforma com a escravidão das próprias emoções, e escancara e evidencia tais emoções através de uma estética dura, sádica e angustiante, como caminho da libertação. Aquele sentimento de que algo precisa ser vivido ao extremo, o chegar ao fundo do poço, para que possa retornar a luz e a clareza de consciência. Num rasgo dos disfarces e aparências impostos pela sociedade atual em que parecer é mais importante do que ser, suas vísceras soam como um grito de socorro, um chamado para dentro, um convite para além da superfície. Num mundo de imagens tratadas, e de “stories” perfeitos, deflagra-se na sua obra a real natureza humana e as diversas camadas a serem reveladas”.

 

 

Sobre o artista

 

Fábio Magalhães nasceu em Tanque Novo, Bahia, em 1982. Vive e trabalha em Salvador. A maior parte da sua produção artística está voltada para a pintura, que surge de um ato fotográfico planejado. A obra de Fábio Magalhães causa fascínio e repúdio, jamais indiferença. Ela resulta de um processo de concepção e efetivação que passa pela cenografia e pela ficção até chegar ao produto final, imagens e objetos. Para o artista, suas obras são o fator delimitador entre condições psíquicas e o imaginário. Assim, o artista apresenta encenações meticulosamente planejadas, capazes de borrar os limites da percepção, configuradas em distorções da realidade e contornos perturbadores. Desse modo, seu trabalho reúne um conjunto de operações, em que sua obra ultrapassa as barreiras do Eu até encontrar o Outro, o Ser.

 

Em sua trajetória, Fábio Magalhães realizou exposições individuais, iniciada em 2008, na Galeria de Arte da Aliança Francesa – Salvador/BA. Em 2009, “Jogos de Significados”, na Galeria do Conselho – Salvador/BA. Em 2011, “O Grande Corpo”, Prêmio Matilde Mattos/FUNCEB, Galeria do Conselho – Salvador/BA. Em 2013, “Retratos Íntimos”, Galeria Laura Marsiaj – Rio de Janeiro/RJ. Em 2016, “Além do visível, aquém do intangível”, Museu de Arte da Bahia, curadoria de Alejandra Muñoz, mostra também apresentada na Caixa Cultural São Paulo (2017) e Caixa Cultural Brasília (2018). Em 2019, “Espectador da vida”, Paulo Darzé Galeria, curadoria de Thaís Darzé.

 

Entre as mostras coletivas: Em 2008, “XV Salão da Bahia”, Museu de Arte Moderna, Salvador/BA. Em 2009, “60º Salão de Abril” em Fortaleza/CE; e “63º Salão Paranaense” em Curitiba/PR. Em 2012 “Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais 2011/2013”, no Itaú Cultural – São Paulo/SP, curadoria de Agnaldo Farias; “O Fio do Abismo – Rumos Artes Visuais, 2011/2013” – Belém/PA, curadoria de Gabriela Motta; “Territórios”, na Sala FUNARTE/Nordeste, Recife/PE, curadoria de Bitu Cassundé; “Espelho Refletido”,  Centro Cultural Hélio Oiticica – Rio de Janeiro/RJ, curadoria de Marcus Lontra. Em 2013, “Crê em fantasmas: territórios da pintura contemporânea”, Caixa Cultural Brasília, curadoria de Marcelo Campos. Em 2017, “Contraponto” – Coleção Sérgio Carvalho, Museu Nacional de Brasília/DF. Em 2018, São Paulo, e 2019, Brasília, Centro Cultural Banco do Brasil, curadoria de Tereza de Arruda, exposição itinerante “50 anos do Realismo: do fotorrealismo à realidade virtual”. Fábio Magalhães recebeu em 2010 o Prêmio Aquisição e Prêmio Júri Popular no I Salão Semear de Arte Contemporânea em Aracaju/SE; Prêmio Fundação Cultural do Estado, Vitória da Conquista/BA. Em 2011, o Prêmio FUNARTE – Arte Contemporânea/Sala Nordeste. Foi selecionado para o “Rumos Itaú Cultural 2011/2013”. Em 2015 foi indicado ao Prêmio PIPA, Museu de Arte Moderna/Rio de Janeiro.

Fundação Iberê Camargo

19/mar

A Fundação Iberê, Porto Alegre, RS, promove no sábado a Pedalada do Iberê com show de Glau Barros. Pela primeira vez, a Fundação Iberê se soma às atividades comemorativas aos 427 anos de Porto Alegre com uma série de eventos nos dias 23 e 34 de março (sábado e domingo), no centro cultural e no Parque Farroupilha. Haverá bate-papo e oficinas de escrita criativa, de modelos vivos e desenhos de paisagem, em diálogo com a nova exposição “Visões da Redenção”, que apresenta um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas) de árvores e frequentadores do parque, que se desdobraram nas famosas séries “Fantasmagoria” e “Ciclistas”.

 

No sábado tem a Pedalada do Iberê, com saída às 16h da Usina do Gasômetro até a Fundação, onde o público será recebido com show de Glau Barros. Todas as atividades são gratuitas.

Este ano, com auxílio de patrocinadores e parcerias, como a Fundação Iberê, a Prefeitura de Porto Alegre contará com mais de 100 eventos espalhados pela cidade, contemplando cultura, educação, história, lazer e saúde.

De quarta a domingo, a Fundação Iberê Camargo também atende a grupos agendados. Para fazer um agendamento, basta ligar para o Programa Educativo – 51 3247 8000

 

 

Como chegar:

 

A Fundação Iberê dispõe de estacionamento pago, operado pela Safe Park. As linhas regulares de lotação que vão até a Zona Sul de Porto Alegre param em frente ao prédio, assim como as linhas de ônibus Serraria 179 e Serraria 179.5. É possível tomá-las a partir do centro da cidade ou em frente ao shopping Praia de Belas. O retorno pode ser feito a partir do Barra Shopping Sul, por onde passam diversas linhas de ônibus com destino a outros pontos da cidade.

 

Pedestres e Ciclistas: existe uma passagem para que pedestres e ciclistas possam atravessar a via em segurança. A passarela é acessada pelo portão de entrada do estacionamento. A Fundação também dispõe de um bicicletário, localizado nos fundos do prédio.

Fotos na Roberto Alban Galeria

18/mar

A fotografia contemporânea é alvo de mostra na Roberto Alban Galeria, BA. A ideia é dar visibilidade a fotógrafos de Salvador que trabalham com novas e diferentes perspectivas de interpretação do real. Cresce em Salvador, uma vertente contemporânea de criação fotográfica, que flerta com a experimentação e busca novos e diferenciados olhares da realidade. Pensando nisso, a Roberto Alban Galeria, no bairro de Ondina, promove a mostra “Olhares Transversos: fotografia e fotógrafos”, que poderá ser visitada pelo público entre 21 de março e 22 de abril.

 

Edgard Oliva, curador da mostra, fotógrafo e professor de Fotografia da Escola de Belas Artes, procurou reunir novos artistas e outros já conhecidos do público que personificassem com seus trabalhos uma proposta de inquietude artística. Dez foram os escolhidos: Adelmo Santos, Eriel Araújo, Gil Maciel, Karla Brunet, Patrícia Martins, Péricles Mendes, Renata Voss, Rosa Bunchaft, Rodrigo Wanderley e Tom Correia. Além deles, o próprio Edgard Oliva comparece com alguns trabalhos, criando uma ponte entre o papel de curador e seu lado artista/fotógrafo, que apresenta imagens produzidas tendo como única iluminação a lua cheia.

 

“Os fotógrafos/artistas desta mostra são criadores de visualidades voltadas para a atualidade e a emergência dos fatos, do tempo que proporciona transversalidades, fazeres e modalidades estéticas com indagações a partir do corpo pensante”, resume Oliva no texto de apresentação da mostra. Em outras palavras, o curador quis compartilhar com o público aquilo que considerou, em seus contatos e pesquisas, um diferencial de qualidade e vigor criativo.

 

Desta forma, há imagens extraídas de uma câmera feita de papelão, outras provenientes de películas vencidas, outras produzidas a partir de fotogramas criados em laboratórios, outras transferidas para placas de cimento, outras ainda geradas numa “mixagem” entre a imagem e a representação gráfica do som. O resultado dessas experimentações flerta com o conceito de extrema criatividade, como ressalta Edgard Oliva, observando que “os olhares são múltiplos, e não se repetem, daí a riqueza do conjunto a que chegamos”.

 

Segundo o curador, a mostra proporcionará ao público a visão de “uma vertente da fotografia que existe, sim, na Bahia; vem crescendo e tem sua força no olhar diferenciado de artistas singulares, que testam novos suportes, experimentam novas ideias e buscam o diálogo com o contemporâneo”.

 

 

Sobre os fotógrafos:

 

Adelmo Santos, mestre em Artes Visuais (UFBA), desenvolve projetos artísticos sobre diversos suportes como a fotografia analógica, digital e artesanal, com a prática do Pinhole. Atualmente, desenvolve projeto a partir do plano ficcional, ilusório, construído em camadas, cuja desconstrução do real conduz o espectador às suas próprias interpretações e análises críticas.

 

Edgard Oliva, com doutorado em Artes Visuais (UFRJ), Edgard Oliva já participou de diversas mostras coletivas e individuais no Brasil e outros países. Suas conexões com o exterior já resultaram em exposições em locais como Alemanha, onde morou por um ano, e Portugal. Atualmente, sua investigação imagética se expressa em cenas noturnas que emergem da luz da Lua cheia, através das quais afloram “sentimentos impregnados no passado e no presente”.

 

Eriel Araújo, artista plástico, doutor em artes visuais (UFRGS), mestre em artes visuais (UFBA) e bacharel em artes plásticas (UFBA), já participou de exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Como artista multimídia, usa processos fotográficos, gráficos, escultóricos, cerâmicos, pictóricos e vídeos. Sua investigação fotográfica parte da transferência de imagens para placas de cimento.

 

Gil Maciel, jornalista de formação (UFAL), doutorando em Artes Visuais (UFBA), desenvolve a investigação denominada “Chão Cego”, cujo objeto de estudo é a trilha direcionada para os deficientes visuais nas calçadas da cidade. Seu trabalho questiona a eficiência desse “caminho” já que muitas dessas trilhas acabam no vazio da calçada seguinte ou mesmo num buraco. Outras tantas descrevem curvas, ora sinuosas, ora em ângulos retos, verdadeiras metáforas de nossos planos frustrados pelo mundo.

 

Karla Brunet, artista e pesquisadora, doutora em Comunicação Audiovisual, participou de diversas exposições de fotografia e arte eletrônica no Brasil, na Europa, nas Américas do Norte e do Sul. Suas práticas artísticas envolvem fotografia, videoarte, visualização de dados, ambiente sensorial, arte híbrida, performance audiovisual, web art. Sua investigação artística passa pelo cruzamento entre a imagem e o som, a partir de representações gráficas.

 

Patrícia Martins, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFBA, explora o retrato e as figuras humanas utilizando a apropriação de fotografias vernaculares, em sua maioria anônimas, inserindo num universo fantástico, trazendo questões de memória e apagamento. A exploração do corpo humano como matriz levanta a discussão sobre o uso do corpo como imagem.

 

Péricles Mendes, doutorando em Artes Visuais (EBA/UFBA) realiza um ensaio fotográfico ficcional a partir do cruzamento da fotografia encenada com a inserção de objetos tridimensionais construídos para fazerem parte do cenário enquadrado. Tal ensaio tem como ponto de partida a elaboração de uma imagem contaminada por outras linguagens (assemblage) a fim de promover realidades fotográficas próprias

 

Rosa Bunchaft, mestra em Artes Visuais (UFBA), com formação em Física (mestrado). Natural da Itália, vive em Salvador e desenvolve pesquisa teórico-prática com projetos fotográficos e audiovisuais performativos ou processuais, e em particular, com a Câmera Obscura Arquitetônica, associando-a à criação de fotografia de grande formato.

 

Rodrigo Wanderley, graduado em jornalismo pela Escola de Comunicação da UFBA (2011), atua como fotógrafo independente e já expôs seu olhar em diversas mostras pelo Brasil e cidades da latino-americanas. Nas suas incursões, constrói Caixas Mágicas (câmeras escuras), desenvolvendo o projeto educativo “instagrão” pelo qual captura imagens a partir de câmeras artesanais confeccionadas em papelão.

 

Renata Voss, doutora em Artes Visuais, pesquisa as materialidades da fotografia utilizando processos químicos artesanais refletindo, tratando de questões como tempo, lugar, movimento e memória. Em seu trabalho, recorre ao fotograma – procedimento sem uso de câmera – para estabelecer um encontro entre visões do que pode parecer próximo e do que aparentemente pode estar distante.

 

Tom Correia, escritor, fotógrafo e jornalista, ganhou o prêmio de residência artística do Instituto Sacatar/Funceb. Com o tema “UnBlack Lisbon”, discute a invisibilidade/ausência do negro na fotografia portuguesa. Trata-se de um ensaio que surgiu a partir de projeto de residência artística na capital portuguesa, no início de 2017.

Promoção da Fundação Iberê

14/fev

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, recebe no próximo sábado, 16 de fevereiro, a historiadora Iris Germano e o ator Thiago Pirajira para o “Bate-papo sobre as histórias de Carnaval de Porto Alegre”. Eles farão um passeio pelos blocos de carnaval que entraram para história até o movimento popular criado há pouco mais de dez anos que, hoje, ultrapassa 50 blocos de rua por toda a cidade. O evento ocorre às 16h, no Átrio da Fundação, com entrada franca.

 

No domingo, o Programa Educativo promove a “Oficina de Confete e Serpentina”. A partir desses dois elementos símbolos do carnaval e inspiradas em artistas como Vik Muniz, as crianças e suas famílias serão convidadas a criar, coletivamente, uma macro paisagem e, também, a retratar sua própria cena de carnaval. A atividade é gratuita. Além do centro cultural, as atividades vão ocorrer no Barra Shopping Sul. O encerramento será no dia 03 de março, das 17h às 20h, com o Bloquinho de Carnaval, no Barra. O evento gratuito terá a animação de um bloco de carnaval da cidade e de um oficineiro, que pintará os rostos das crianças para a grande festa.

 

 

Sobre os convidados

 

Com especialização em História Social da Cidade e mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Iris Germano pesquisa a identidade negra gaúcha por meio do carnaval.

 

Thiago Pirajira é mestrando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do Bloco da Laje e diretor artístico do Grupo Pretagô.

Pele & Sombra no MARGS

12/fev

 

Intitulada “Magna Sperb/Pele e Sombra”, é a exposição individual que Magna Sperb – apresentando 15 esculturas em aço carbono oxidado – exibe na Sala Iberê Camargo, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. Com curadoria de André Venzon, as peças foram criadas entre 2016/2018, inspiradas em elementos orgânicos e artesanais – como tramas, redes, telas, panos, cipós, galhos, cascas, raízes, teias e ninhos – são tapeçarias metálicas finas e delicadas que, colocadas sob a luz, projetam sombras em formas de desenhos, sugerindo movimento e leveza.

 

Para o curador André Venzon, mais que o reconhecimento da trajetória artística de Magna Sperb – que trabalha no campo do desenho, da pintura, da fotografia e da escultura -, a exposição propõe a expansão de sua obra. Conhecida no meio da arte e também da arquitetura – Magna Sperb prestou assessoria em cor para projetos arquitetônicos durante quinze anos – a artista retoma a poética da transformação, que caracterizou etapas anteriores da sua pesquisa artística no campo da representação. “Da pintura na tela, para os recortes em MDF, depois para as revistas e destas para o outdoor, agora são as placas de aço que traçam e expressam todos estes caminhos, processos e trânsitos que entranham a sua criação artística que continua a se metamorfosear e nos surpreender”, afirma o curador.

 

Os estudos de tramas, cuidadosamente colecionados pela artista, são o ponto de partida para a criação das esculturas de “Pele e Sombra”. Magna redesenha essas tramas e as tece digitalmente, trabalhando em seguida o aço carbono com corte a laser. As peças são dobradas e amassadas à mão e expostas às intempéries do tempo, para adquirir textura. “Minhas esculturas são intencionalmente incorporadas à própria sombra: delicadas, leves, quase um desenho no ar, mas agressivas, com pontas que riscam o espaço. Valorizar tanto a sombra como a forma é aceitar e compreender que cada coisa é muito mais do que se vê e se percebe”, afirma a artista.

 

“É na subtração, no recorte e na ausência que sua obra se materializa”, explica o curador. “Portanto, tudo tem uma estrutura profunda, até a sombra que provem da arquitetura da luz. Enquanto a natureza e o humano teimam em cobrir e fechar, a artista prossegue a vazar sua pele de aço”, completa.

 

 

Sobre a artista

 

Magna Sperb nasceu, vive e trabalha em Novo Hamburgo/RS. Possui Pós-Graduação em Poéticas Visuais e Processos Híbridos, Pós-Graduação em Artes Visuais, Especialização em Cor e é formada em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Feevale. Desenvolve sua pesquisa em desenho, pintura, fotografia e escultura. Foi professora de História da Arte e Educação Artística na rede de ensino pública e privada. Durante quinze anos prestou assessoria em cor para projetos de arquitetura. É uma das idealizadoras do Mesa de Arte na Praça, um projeto de ocupação artística contemporânea para formação de público. Desde 2007 participa de exposições coletivas no Brasil e exterior. Dentre as individuais destacam-se: Recortes, IAB/RS – Porto Alegre, 2014, Metamorfose, MAC/RS – Porto Alegre, 2011 e (Des)Encontros, Usina do Gasômetro – Porto Alegre, 2009. Suas obras fazem parte dos acervos do MARGS, MAC e IAB/RS.

 

 

Até 12 de maio.