A História da Imagem

04/nov

Os artistas Ana Elisa Egreja, Bruno Dunley, Mirian Alfonso, Pedro Caetano, Ricardo Alcaide, Tiago Tebet e Tony Camargo integram o grupo de expositores da mostra “A História da Imagem”, uma produção da SIM Galeria, Curitiba, Paraná. A curadoria traz a assinatura da artista plástica Leda Catunda.

 

 

A palavra da curadora

A História da Imagem

 

A exposição foi pensada para evidenciar a completa guinada que artistas de todas as partes puderam dar, e agora desfrutar, sobre a natureza da criação em pintura. Dizer que, no retorno da pintura nos anos 80, depois de sua suposta morte nos anos 70, todas as vertentes modernas foram pulverizadas em suas certezas e seus “ismos” já não é suficiente para compreender a complexidade das modificações, bem como a ampliação da possibilidade de alcance de novos sentidos, que vem sendo possível verificar nesse campo hoje.

 

Criar é extrair do nada, algo que não existia antes. Interessa a criação em si. Seja ela resultado de um poder inerente da espécie, ou ainda, resultado de um poder especial, autoatribuído pelo sujeito denominado artista. Em cada caso, poderá envolver tanto sonho como pesadelo, desejo, devaneio, lembrança, sublimação, redenção, purificação, resgate ou mesmo salvação, dependendo do histórico psíquico ou emocional gerador da necessidade de criar. De toda forma, não importa o motivo, sempre caberá ao artista a tarefa de realizar síntese, concentrar conteúdo e transformar, alterando, assim, as noções comuns para além dos valores padronizados.

 

Uma vez soltas das paredes do ateliê, inicia-se a etapa final, que é a da comunicação. As pinturas saem para o mundo, onde serão relacionadas, possivelmente contextualizadas, encontrando maior ou menor grau de aderência. Passando, desse modo, a pertencer ao imaginário das pessoas e a fazer parte do singular universo das coisas inventadas.  Leda Catunda, São Paulo, 2015.

 

 

De 10 de novembro a 23 de dezembro.

Gravura Internacional

30/out

Evento de caráter internacional reunirá nos dias 05 e 06 de novembro importantes nomes no “Seminário Gravura, Internacional Palavra de Imaginário: Arte 500 Anos Impressa de Ganda”, com exposição de arte na no Auditório do Goethe Institut, Porto Alegre, RS. A coordenação geral e a curadoria traz a assinatura da professora e artista visual Helena Kanaan IA UFRGS.

 

Palestrantes:

Elke Anna Werner Freie Universität – Berlin, Alemanha;

Alicia Candiani Fundación ACE – Buenos Aires, Argentina;

Paula Almozara FAV PUC – Campinas, Brasil;

Samir Assaleh Universidad de Huelva – Huelva, Espanha;

Lurdi Blauth FEEVALE – Novo Hamburgo, Brasil;

Andreia Oliveira CAL UFSM – Santa Maria, Brasil;

Lilian Amaral MediaLab UFG – Goiás, Brasil;

Maria do Carmo de Freitas Veneroso EBA UFMG – Belo Horizonte, Brasil;

Helena Kanaan IA UFRGS – Porto Alegre, Brasil;

Rafael Gil artista curador – Buenos Aires, Argentina;

Francisco Marshall IA UFRGS – Porto Alegre, Brasil;

Maristela Salvatori IA UFRGS – Porto Alegre, Brasil e

Enrique Leal University of California – Santa Cruz, EUA.

 

Na mesma quinta feira 05 de novembro, às  19h,  na Galeria de Arte do Goethe-Institut,
“MOSTRA DEAMBULAÇÕES: INTERNACIONAL ENTRE DE GRAVURAS ARTE E IMPRESSA RINOCERONTES”, participam os artistas/expositores  ALEJANDRO SCASSO artista independente – Buenos Aires, Argentina;  ALICIA CANDIANI Fundación ACE – Buenos Aires, Argentina;  CECILIA MANDRILE University of New Haven – West Haven, EUA; EDUARDO HAESBAERT artista independente;  ENRIQUE MARTINEZ LEAL Art Faculty University of California – Santa Cruz, EUA; HELENA KANAAN Instituto de Artes UFRGS – Porto Alegre, Brasil;  HELIO FERVENZA Instituto de Artes UFRGS – Porto Alegre, Brasil;  LILIAN AMARAL MediaLab UFG – Goiás, Brasil; MARCIA SOUSA Centro de Artes UFPel – Pelotas, Brasil;  MARIA DO CARMO DE FREITAS VENEROSO Escola de Belas Artes UFMG – Belo Horizonte, Brasil;  MIRIAM TOLPOLAR artista independente – Porto Alegre, Brasil; OTTJÖRG A.C. artista independente – Berlim, Alemanha; PAULA ALMOZARA PUC – Campinas, Brasil;  PAULO CHIMENDES Museu do Trabalho – Porto Alegre, Brasil; RAFAEL GIL artista independente – Buenos Aires, Argentina; SAMIR ASSALEH Universidad de Huelva – Huelva, Espanha; SANDRA REY Instituto de Artes da UFRGS – Porto Alegre, Brasil e o NÚCLEO DE ARTE IMPRESSA (Ana Krebs, Bruna Müller, Carmen Sansone, Elvidia Lopes, Natalia Feldens, Rafael Muniz e Sara Winckelmann) Instituto de Artes UFRGS – Porto Alegre, Brasil.

Antropofagia no Santander

Com o título “Mensagens de Uma Nova América” a 10ª Bienal do Mercosul retoma sua vocação histórica ao priorizar novamente a arte produzida nos países da América Latina. No Santander Cultural, Grande Hall e Galerias superiores, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, está a mostra “Antropofagia Neobarroca”.

 

Esta exposição se estrutura a partir do conceito de antropofagia de Oswald de Andrade em conjunção com o neobarroco. Por meio desta mostra a 10ª Bienal do Mercosul buscará explorar como estratégias que remontam a formas de caráter indígena que confrontaram e modificaram sistemas europeus de colonização cultural em uma espécie de antropofagia cultural que se mostra atual ainda hoje.

 

 

Até 06 de dezembro.

Museu Alfredo Andersen exibe Alfi Vivern

Está em cartaz no Museu Alfredo Andersen, Curitiba, Paraná, a mostra “Outros planos”, do escultor Alfi Vivern. Trata-se da primeira exposição a ocupar o espaço recém-batizado de Sala do Artista Convidado.

 

Compõem a mostra uma esmerada série de peças em basalto.  “As escadas em basalto desta série exploram os altos e baixos e o valor escondido em cada plano, bem como o nascimento e morte do movimento, da ação e seus ritmos possíveis”, explica o artista.

 

Para a diretora do Museu Alfredo Andersen, Débora Russo, as obras de Alfi Vivern dialogam com o espaço expositivo, ela diz mais: “…as peças são esculpidas em basalto, material que resiste ao tempo, assim como o museu. As escadas do artista projetam novas espacialidades onde as curvas talhadas possam ser visitadas em seu movimento, estes altos e baixos se apresentam no basalto milenar e convidam a pensar sobre o tempo e as forças que nele atuam”.

 

 

Sobre o artista

 

Alfi Vivern é escultor e gravador. Nasceu em Buenos Aires em 12 de setembro de 1948. Aos 20 anos se formou em desenho publicitário e por dois anos frequentou o Instituto Di Tella. Veio ao Brasil em 1972 para montar seu primeiro ateliê em Salvador, Bahia. Em sua carreira como artista, participou de simpósios na América Latina, Europa e Ásia, ministrou inúmeros workshops, palestras e compôs mesa de jurados em diferentes eventos de artes plásticas. Seu trabalho ganhou prêmios e concursos, entre eles: Primeiro Prêmio no EMAAR International Art Symposium, Dubai, em 2007; Prêmio na 1ª Bienal de Escultura, León-México, em 2006; e Primeiro Prêmio no III Concurso Internacional de la Talla en Piedras, Barichara-Colômbia, em 1996.

 

 

Até 03 de janeiro de 2016.

10ª Bienal do Mercosul

22/out

A cerimônia oficial de abertura da 10ª Bienal do Mercosul, que ganhou a titulação geral de “Mensagens de Uma Nova América”, ocorre nesta sexta-feira, dia 23 (e até 06 de dezembro), no Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. Está sendo anunciada a presença de membros da Diretoria e do Conselho de Administração, equipe curatorial desta edição, artistas, patrocinadores e parceiros.
A mostra “Antropofagia Neobarroca”, situada no Santander Cultural estará aberta para visitação.As demais mostras abrem para visitação no sábado, 24 de outubro. Em exibição obras dos mais importantes artistas latinos de diversas épocas como dentre outros, Maria Martins, Iberê Camargo, Tunga, Ione Saldanha, Hélio Oitica, Tomie Ohtake, Estevão Silva, Wesley Duke Lee, Amílcar de Castro, Carmelo Arden Quin, Cruz Diez, Tunga, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Carlos Asp, João Fahrion, Liuba, Pedro Américo, Oswaldo Maciá, Rubén Ortiz-Toreres, Romanita Disconzi, Avatar Morais, Paulo O. Flores, Didonet Thomas, Francisco Ugarte, Luiz Zerbini e Daniel Lezama.

 

 

Mostras, Espaços Expositivos e Horários

 

Modernismo em Paralaxe
MARGS – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h

 

Biografia da Vida Urbana
Memorial do Rio Grande do Sul – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h

 

Antropofagia Neobarroca
Santander Cultural – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a sábado, das 9h às 19h. Domingo, das 13h às 19h

 

Marginália da Forma / Olfatória: o cheiro na arte
A poeira e o mundo dos objetos/Aparatos do Corpo
Usina do Gasômetro – Av. Pres. João Goulart, 551 – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 21h.

 

Plataforma Síntese
Instituto Ling – R. João Caetano, 440 – Três Figueiras
Horário: De segunda a sexta, das 10h30 às 22h. Sábado, das 10h30 às 21h. Domingo, das 10h30 às 20h

 

Programa Educativo e a obra A Logo for America – Alfredo Jaar –

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo – R. dos Andradas, 1223 – Centro Histórico
Horário: De terça a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 18h

Frantz na Mamute

19/out

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, convida para a mostra “Temporal”, do artista Frantz. Por ocasião da participação do artista na 10a Bienal do Mercosul, a galeria organiza uma exibição individual com um conjunto de obras abrangendo pouco mais de 25 anos da sua produção, com uma série de trabalhos inéditos. Partindo do processo de produção de Frantz, no qual o artista forra ateliês de outros artistas  para, depois de um tempo, recolher o material e então editar o que será considerado obra, a exposição abriga um conjunto de trabalhos de Frantz a partir de uma perspectiva mais sombria do que geralmente associa-se a ele. Uma profusão de pretos e brancos toma conta do espaço expositivo e nos leva a lançar um olhar mais silencioso sobre as grossas camadas pictóricas. São pinturas, carimbos, potes e livros que nos mostram os lentos processos de acúmulo dos quais sua obra nos fala. Com curadoria de Bruna Fetter, “Temporal” se propõe a realizar uma leitura sutil da obra de Frantz, extrapolando possíveis temporalidades (nas quais o piso do ateliê do artista do inicio dos anos 90 é apresentado juntamente com potes finalizados há cerca de dois meses) e desdobrando suas conexões espaço-temporais para além do(s) ateliê(s).

 

 

A palavra da curadora

Temporal

 

Usualmente com a duração de algumas dezenas de minutos, um temporal é um fenômeno atmosférico marcado por chuva forte, vendavais, trovoadas, relâmpagos e raios. Como chuva que cai e molha o solo, por vezes nutrindo-o, outras alagando-o, a pintura de Frantz é alimentada pela tinta que escorre e entranha a tela. Inundação pictórica. Em Temporal, a partir de uma palheta de cores reduzida, céus de tormenta preto e branco preenchem o espaço expositivo e silenciam o olhar. Entendendo o temporal também como uma ideia relativa à temporalidade de objetos e conceitos, a mostra aborda a poética do artista para além de uma relação maniqueísta que opõe o transitório à permanência. Ao entender o tempo como uma dimensão a mais a compor a obra, o artista o incorpora em íntimo diálogo com o espaço e seus limites. Nas palavras de Deleuze: “O tempo já não se reporta ao movimento que ele mede, mas o movimento ao tempo que o condiciona. Por isso o movimento já não é uma determinação do objeto, porém a descrição de um espaço, espaço do qual devemos fazer abstração a fim de descobrir a tempo como condição do ato”.

 

É a partir de tais relações e de ligações afetivas que o trabalho do artista toma forma. Contando com a disponibilidade e generosidade de colegas, Frantz forra paredes e pisos de ateliês que, cobertos, permanecem. Camadas e camadas de tinta vão se sedimentando numa lenta construção que registra processos de outros artistas. Aceitando o passar do tempo de forma displicente, esses espaços recebem respingos de tintas, massas de distintas cores, marcas de latas, pegadas de quem por ali passa,  acúmulo de pó. São vestígio e descarte que, posteriormente, sob o enquadramento do artista, viram obra. Dessa maneira, pinturas se materializam. Pinturas que rompem a bidimensionalidade, podendo ser pisadas, tocadas, manipuladas. Pinturas que advém de distintos endereços, questionando a noção de autoria e dissolvendo a aura da obra de arte. Pinturas que são documento e coleção; e que, através de telas, potes e livros, abrigam o processo e poética de Frantz.

 

Reunindo mais de 25 anos de produção artística, Temporal extrapola esses distintos momentos. Ao colocar o piso do ateliê do artista do inicio dos anos 90 em diálogo com potes finalizados há cerca de apenas dois meses, a mostra busca desvelar como a ação do artista se desdobra em temporalidades mundanas e, do espaço abstrato, constrói variados cenários, potentes em seus fragmentos únicos. Pingos e poças, ventos e trovões. Assim é a produção poética de Franz. Para além de breves momentos de desague, atemporal.

 

 

Sobre o artista

 

FRANTZ Rio Pardo/RS. (1963). Mora e mantém atelier em Porto Alegre, onde se dedica as Artes Plásticas, desenvolvendo várias técnicas, como desenho, aquarela, gravura, mas dedicando-se mais intensamente a pintura.  1982 – “Pichações” Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Porto Alegre RS; 1983 – “OS NOVOS”, Espaço Cultural Yázigi, Porto Alegre RS; 1987 – “Exercícios Para Um Grande Impasse” Galeria Macunaíma FUNARTE – Rio de Janeiro RJ.; 1988 – “Esculturas-Estruturas” Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Porto Alegre RS; 1984 – “Coletiva Pinturas e Desenhos” 11 artistas Gaúchos Paço das Artes – São Paulo SP; – “Panorama 84 Arte Sobre Papel” Museu de Arte Moderna – São Paulo SP; 1985 – “Caligrafias e Escrituras” Galeria Sérgio Millet Instituto Nacional de Artes . Plásticas / FUNARTE; – “XVII Salão Nacional de Artes Plásticas” Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – FUNARTE – Rio de Janeiro RJ; – “Artistas Gaúchos” Museu de Arte Contemporânea – Montevidéu – Uruguay; 1994 – “Coletiva de Novos 94” – Palácio das Artes – Belo Horizonte – MG.

 

 

Sobre a curadora

 

Bruna Fetter é Doutoranda em História, Teoria e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS. Tem se dedicado a pesquisar questões que envolvem legitimação e constituição de valor na Arte Contemporânea. Também é curadora das mostras Da Matéria Sensível: Afeto e Forma no Acervo do MAC/RS (Porto Alegre/2014); O Sétimo Continente (Zipper Galeria, São Paulo/2014); Lugar Qualquer (Casa Triângulo, São Paulo/2013). Co-curadora das exposições Mutatis Mutandis, com Bernardo de Souza (Largo das Artes, Rio de Janeiro/2013); e Cuidadosamente Através, com Angélica de Moraes (Centro Cultural da Funarte, São Paulo/2012).

 

 

De 20 de outubro a 04 de dezembro.

O caos na arte de Marcelo Gandhi

13/out

O universo caótico das grandes cidades, a globalização determinando novas relações entre as pessoas, a crise de representação que, sintomaticamente, atinge em cheio o homem urbano. Em meio a essas reflexões, nasce e se fortalece a arte do potiguar Marcelo Gandhi, cuja mostra individual, intitulada “Suco de Máquina”, poderá ser vista Roberto Alban Galeria, no bairro de

 

 

Ondina, Salvador, BA.  

 

A exposição será composta por, aproximadamente, 15 obras de médio a grandes formatos, entre desenhos sobre papel e sobre tela, um objeto em alumínio fundido, uma animação e projeções de alguns outros trabalhos. A mostra, como explica o próprio Marcelo Gandhi, é fruto de sua incursão, “rotineira e incessante”, pela cidade de São Paulo, onde passou a viver desde que saiu do Rio Grande do Norte há alguns anos.

 

“A partir das minhas relações e reflexões de estar numa metrópole complexa como São Paulo, o desenho foi assumindo um caráter mais cartográfico, caótico, evidenciando também a minha condição de nordestino, negro, árabe, assim como o meu posicionamento objetivo e subjetivo dentro dessa grande centrifuga”, define Gandhi.

 

A relação crítica e provocativa com a cidade, ainda assim, não elimina as possibilidades de um viés mais intimista e universal do artista diante do novo paradigma do mundo em rede, “onde não há mais lugar centralizador e, sim, vários pontos de disseminação e circulação de informação”.  Para Gandhi, seu trabalho artístico adquire a partir daí um perfil divergente dentro dessa grande rede: “Uso e abuso da repetição, da arte conceitual, da pop arte, resignificando, assim, uma cosmogonia particular no meio dessa gênese coletiva. Assumo que o corpo da minha obra é híbrido, misturado ..uma perfeita metáfora do Brasil com todas suas contradições e contundências”. Segundo ele, essa metáfora se traduz por interrogações que perpassam questões como signo, fronteira, gênero, política, economia, sociedade, sexualidade, espiritualidade.

 

Em desenhos, Marcelo Gandhi começou trabalhando com nanquim e papel, herança da sua formação universitária e ibérica, depois incorporou também telas e canetas coloridas e até pintura. “Tenho me colocado em experimentação, observando como a linha se comporta em outras superfícies e suportes. A cor, pra mim, surgiu de um esgotamento do uso do preto e branco e também da dinâmica de avanço inerente ao próprio trabalho, pois chega um momento em que o próprio trabalho diz pra onde você tem que ir ou o que deve fazer. A arte é um sistema vivo e dinâmico, um motor contínuo sem começo nem fim”, sintetiza.

 

 

Toy art e Walt Disney

 

O caráter questionador e estético da obra carregada de abstração de Gandhi é reconhecido pelo curador e crítico de arte Bitu Cassundé, que apresenta a mostra da Roberto Alban Galeria. Analisando sua trajetória, ele diz que os desenhos do artista adquiriram mais recentemente uma nova estruturação e são contaminados por eixos do universo dos toy art, dos ready mades de Marcel Duchamp, dos quadrinhos, do cinema e do ocultismo. “Impossível não citar também influências diretas como Walt Disney, Jeff Koons, bonecos Playmobil, Farnese de Andrade, Louise Bourgeois, H.R. Giger, Andy Warhol, Basquiat, etc.“, afirma.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Natal no ano de 1975, Marcelo Gandhi formou-se em arte-educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Transitando pela música, performance e desenho, foi selecionado  para a Bolsa  Residência EXO, do Itaú Cultural/ Ed. Copam, em São Paulo. Participou também, em 2006, do projeto Rumos, promovido pelo Itau Cultural em São Paulo. Em 2007, realizou a sua primeira individual na Pinacoteca do Rio Grande do Norte. Em 2012, integrou a exposição Metro de Superfície, no espaço Paço das Artes, na USP/SP. Algumas de suas obras pertencem a acervos como Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza (CE) e Pinacoteca do Rio Grande do Norte.

 

 

De 15 de outubro a 16 de novembro.

Os incríveis anos 60

09/out

A Pinacoteca Ruben Berta, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibirá a exposição “OS INCRÍVEIS ANOS 60 – britânicos na Pinacoteca Ruben Berta”, um verdadeiro tesouro escondido. Por ter sido poucas vezes mostrada na sua totalidade, e por não existirem telas com este perfil na maioria dos museus brasileiros, a exposição é uma rara oportunidade de apreciar o trabalho de artistas britânicos vistos como visionários nos anos 60, época culturalmente revolucionária.

 

A exposição apresenta peças criadas por nomes que no calor daqueles “anos incríveis” já haviam conquistado importantes lugares no mundo das artes como Graham Sutherland, John Piper, Kitaj e Alan Davie. Mas também de um artista, como Allen Jones, naquele momento apenas iniciando uma carreira que o tornaria, como os demais, uma referência da Arte Pop no mundo inteiro. Outros tantos, ao longo das décadas seguintes atuariam com trajetórias constantes, seja como professores, ou projetando-se no mercado de arte internacional, como Michael Buhler ou Mario Dubsky.

 

As linguagens destes trabalhos – consoantes com as profundas mudanças da sociedade dos anos 60 – influenciaram sucessivas gerações de brasileiros que miraram nestas expressões atuantes na Inglaterra. Estas obras que aportaram na capital do Rio Grande do Sul são representativas dos desdobramentos lírico, expressionista e informal da pintura e apontam para a consagração dos elementos pictóricos que compuseram a Arte Pop, em especial nos procedimentos gráficos desenvolvidos pela publicidade e pela propaganda.

 

A Pinacoteca Ruben Berta foi doada à Prefeitura de Porto Alegre em 1971 pelos Diários e Emissoras Associados, conglomerado pertencente à Assis Chateubriand. O magnata das comunicações empreendeu entre 1965 e 1967 a criação de cinco museus – entre eles a Pinacoteca Ruben Berta – instalados em diversas regiões do país. Um dos nichos destas coleções era formado por obras de artistas britânicos adquiridas em galerias londrinas obras de Alan Davie, Michael Buhler, Allen Jones, John Johnstone, Neville King, Bill Maynard, John Piper, Patrick Procktor, Graham Sutherland, Mario Dubsky e Peter Behan.

 

 

De 13 de outubro a 30 de novembro.

Bate-papo no Recife

30/set

O Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Rua da Aurora, Boa Vista, Recife, PE, convida para o dia 01 de outubro, às 19h, quando será realizado um bate-papo no Mamam com os curadores Agnaldo Farias e Valquíria Farias e o artista Gil Vicente para discutir a exposição “Inimigos”, atual cartaz na casa.

Delson Uchôa na SIM Galeria

A pintura é o assunto central da exposição individual de Delson Uchôa, que entra em cartaz na SIM Galeria, Batel, Curitiba, PR. A mostra reúne pinturas e fotografias do consagrado artista alagoano “que buscam conversar com olhos de quem sabe ouvir”. A pintura é apresentada como um conto, com alto teor de narrativa.

 

“Enquanto pinto, penso, e o pensamento permanece preso, ele é o espírito da pintura. Esse é o princípio. Então essas pinturas convidam para uma conversa. Há casos que elas falam sozinhas, há casos em que elas mandam me chamar, aí conversamos juntos.E são só ensinamentos. Por isso, a conversa é longa entre a pintura pensante, o autor, e quem contempla a obra”, explica Uchôa.

 

Uma fluidez própria da água aparece de maneira direta ou indireta em todas as grandes pinturas que integram a mostra, como “Oceano e Equinócio”, ambas de 2012. “O Oceano propõe uma luz transgênica, uma totalidade luz-cor. Ele é auto idêntico. Gosto da pintura porque ela ensina os homens a ver o sensível e o místico. A pintura é boa para o homem, ela nos ajuda a dialogar”, acredita.

 

“Neurocondução”, trabalho mais recente de Delson Uchôa na mostra, faz uma conexão do artista com a paisagem e a topografia, e também enfatiza a relação dele com uma cor que viaja e se transforma no tempo. O título é uma das inúmeras referências biológicas e clínicas com que Delson, formado em Medicina, povoa sua história nas artes plásticas, como explica Daniela Name no texto de abertura da exposição.  A obra é uma tela feita de lona muito grossa com desenho em preto feito a partir das linhas de dobra (como um origami). Essa superfície foi exposta ao ar livre, à ação do sol e da chuva.

 

“Neurocondução” fala da condição carnal da minha pintura, da eletricidade da cor; do sensível e sensitivo fio condutor, axônio. Quando o assunto é a apresentação do corpo médico ao corpo da pintura, da pele humana a pele da tela, do vermelho venoso purpúreo, ao sangue arterial oxigenado. O meu vermelho é o encarnado”, informa Uchôa, informando que “Entretela”, uma das obras da exposição, também é resultado da construção de uma “tela cultivada”.

 

Delson também usou os elementos e cores de sombrinhas, daquelas feitas de nylon made in China, como referência de cor para pinturas e também compor cenários que foram registrados em fotos da série “Bicho da Seda”, realizada no sertão nordestino. Algumas obras da série integram a individual na SIM Galeria.

 

De acordo com o artista, no seu trabalho a foto aparece mais como um suporte, portanto a obra se torna uma pintura expandida.  “O bicho da seda é um projeto que prioriza  a luz do sol, aconteceu no cerrado,  no descampado luminoso luz tórrida, árida paisagem, atmosfera e temperatura fabulosa para estridente palheta. A pintura se instala, ou seja, é construída com a cor das sombrinhas chinesas”, contextualiza.

 

“Quando o bicho é personagem, sua imagem conversa com o teatro, performance, vídeo, cinema, fotografia, e então o Bicho testemunha o entorno, ele é um reporte, um brincante.  Ele é mitologia, ele sou eu”, conclui.

 

O artista estará – em novembro – com uma exposição no Ludwig Museum, na Alemanha. Considerado um dos nomes mais importantes da Geração 80, Delson Uchôa tem obras que compõe as coleções permanentes da Pinacoteca de São Paulo, da Fundação Edson Queiroz, do MAC de Niterói, do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Recife), do Museu Nacional de Belas Artes,  e também do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, o artista também foi convidado para participar da Bienal de Veneza, Bienal do Cairo, Bienal de Havana, na Bienal Internacional de Curitiba (2013), e na 24ª Bienal de São Paulo.

 

 

Sobre a SIM Galeria

 

Fundada em 2011 em Curitiba, a SIM Galeria nasceu para atuar como um espaço difusor de arte contemporânea, exibindo artistas brasileiros e internacionais com investigações nos mais variados suportes:  pintura, fotografia, escultura e vídeo. Ao longo dos últimos três anos, a SIM foi palco de uma série de mostras individuais e coletivas organizadas por curadores convidados, como Agnaldo Farias, Jacopo Crivelli, Denise Gadelha, Marcelo Campos, Fernando Cocchiarale e Felipe Scovino. A galeria também é responsável pela assinatura de catálogos e outras publicações. A SIM ainda trabalha em conjunto com instituições brasileiras e estrangeiras com o intuito de promover exposições e projetos de artistas nacionais e internacionais.

 

 

De 01 a 31 de outubro.