Denise Torbes no CC Correios

06/jun

A exposição “Denize Torbes  – Cerne”, ocupa duas grandes salas do Centro Culltural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com obras recentes e inédita. A artista esteve por quase 10 anos sem fazer uma exibição indiviual no Rio de Janeiro

 

A exposição, traz pinturas, desenhos, objetos em cerâmica e uma instalação, que traçam um contraponto entre o ser humano moderno e o inserido em sua cultura milenar. Os trabalhos tratam da temática da cultura indígena e das queimadas, em trabalhos que se relacionam entre si.

 

O nome da exposição, “Cerne”, vem da parte do tronco que continua intacta após uma queimada. “O cerne na natureza é a parte da madeira queimada que não se destrói e a referência nesta série é o ressurgimento, em vestígios, de elementos próprios da cultura de povos antigos assim como a premência de regeneração, como um esforço de suportar as decorrências destrutivas da ação humana”, afirma a artista, que pesquisa a cultura indígena desde 1987, e cuja avó pertencia à tribo Guarani, localizada até hoje na fronteira entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai.

 

No teto da primeira sala, a instalação “Tatuagem”, composta por uma imagem em espiral, símbolo da chuva para a tribo Guarani, pendurados, pedaços de carvão em formatos verticais, com inscrições em vermelho, comuns nas pinturas corporais de índios brasileiros. “Os desenhos constituem uma revelação daquilo que sobreviveu ao fogo. As inscrições, minuciosamente elaboradas com linhas vermelhas sobre o preto intenso do carvão, são como “vestígios de labaredas” que embora tenham alcançado o mais alto nível de destruição, são um apanágio àresistência”, conta a artista.

 

Divididas nesta sala e na seguinte, cerca de dez pinturas, em têmpera e óleo sobre tela, produzidas entre 2010 e 2018, com tamanhos que chegam a 2 m x 1,80 m. Todas elas possuem elementos da iconografia indígena.

 

Duas séries de desenhos inéditos, “Queimada” e “Queimada-cerne”, também estarão divididos por duas salas da exposição. Apesar de alguns terem elementos iconográficos, o foco desses trabalhos são as queimadas. Os trabalhos são feitos em têmpera, que a artista mesma produz, sobre papel. Eles são realizados sem um estudo prévio. “Existe um inicio de ideia, mas que se transforma durante o processo. Os desenhos possuem várias camadas de aguada que vão se modificando. Tem a parte da técnica, mas também o acaso”, conta.

 

Na série “Queimada”, as pinturas sobre papel têm como principais elementos corações, pés e pulmões. “Estes três elementos demonstram o caráter danoso de uma queimada e são, sobretudo, o resultado antagônicoao significado de cerne, que representa o renascimento, o ressurgimento. Simbolizam, portanto, a finitude absoluta, tudo o que se perdeu, que foi consumido pelas chamas, não somente físico, mas incorpóreo e emotivo”, explica a artista. Já na série “Queimada-cerne” as pinturas sobre papel e sobre tela possuem composições formais que fazem uma conexão com as imagens das queimadas, mas com a introdução de formas que remetem aos objetos e pinturas das culturas indígenas.

 

Ao se dirigir para a segunda sala, o visitante verá, na parede da antesala, que a artista chamou de “Cofre”, um conjunto com 100 peças em cerâmica, pintados de dourado, produzidas em 2017 e 2018, intitulado “100 onças”. Nelas, há a reprodução de um padrão de desenho que os índios Assurini criaram especialmente para pintura corporal. Os motivos (desenhos) e seus significados foram extraídos de uma tabela organizada pelo índio assurini Puraké, em 1984. Cada plaqueta contém, além do desenho, duas inscrições, o significado em guarani e a versão para o português. As placas serão colocadas lado a lado, formando uma linha contínua. “Elas são douradas para lembrarem o ouro, algo valioso. Além disso, a onça é a medida do peso do ouro, por isso elas têm esse nome”, diz a artista, que chamou o espaço de “cofre”, por abrigar “barras de ouro” indígenas.

 

Na segunda sala, desenhos e também um conjunto de dez cerâmicas, da série “Línguas”. Em cada uma delas, há um grafismo e uma frase, que são “sabedorias” dos índios brasileiros Pataxó, Yanomami e Kaiapó e estrangeiros, Sioux do Canadá e os norte-americanos Mohawk, Dakota e Ute.“O título possui dois significados: a língua usada para comunicar os aprendizados das nações indígenas e o aspecto formal/estético das peças”, explica a artista.

 

Tanto nas referências indígenas quanto nas obras sobre as queimadas, o que interessa à artista é a parte visual. “O que me encanta é a imagem, a parte gráfica. O meu trabalho acaba fortalecendo o registro dessas nações, mas a intenção é a potência gráfica”, ressalta Denize Torbes.

 

 

Sobre a artista

 

Denize Torbes nasceu no Rio de Janeiro, em 1959. É artista plástica, bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ.

 

Dentre suas exposições individuais destacam-se: “Kosmofonia – 3 sentidos – Verlerouvir” (2009), no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro; “Denize TORBES – LdeO&Co Mobilier et Ecodesign Brésiliens” (2008), em Paris, França;  “Das Origens” (2006), na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro; “Ícones Tribais – pinturas, cerâmicas e jóias” (2005), com  itinerância pela Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro, e pelo Musée de la Halle Saint Pierre e pela Galerie Panamá, ambos em Paris, França, a mostra no Centro Cultural Banco do Brasil (1994), no Rio de Janeiro, entre outras. Dentre suas exposições coletivas estão: “Salve São Jorge 23” – 9ª edição, no Porto das Artes – Fábrica de Espetáculos, RJ, “Acervo Contemporâneo”, na Galeria Arte UFF, RJ, “Cubo além do cubo – DEZ”, em 2017; “Zona Oculta – 10 anos” (2015), ambas no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, RJ; “1ª Bienal Sul-americana de Gravura e Arte Impressa Rio-Córdoba” (2014), no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, e no Museu Emilio Caraffa, em Córdoba, Argentina; “Papel ao cubo” (2013), no Museu D. Diogo de Souza, Museu de Arqueologia, em Braga, Portugal, entre outras.Ao longo de sua trajetória, recebeu diversos prêmios, como: Prêmio CIER – Comissăo de Integraçăo Energética Regional (2004); Seleçăo Pręmio UNESCO – Jovem Arte Brasileira – Pinacoteca do Estado de Săo Paulo (1993); Projeto Beca Ciudad de Mexico (1991); Prêmio aquisição – Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (1987); Salão de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes da UFRJ (1984), entre outros. Possui obras em importantes acervos no Brasil e no exterior, como Companhia Vale do Rio Doce, Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, Museu de Arte Moderna de Santa Catarina, Acervo Contemporâneo da Universidade Federal Fluminense, Galeria Lopez Velarde, México, Museu Nacional de Belas Artes, Society Printmakers of California, Galeria Cândido Mendes-RJ, SESC-RJ, Centro Cultural dos Correios-RJ, Josef-Krainer-Haus, Graz, Áustria, e Museu de Arte do Espírito Santo.

 

 

 

Até 18 de julho.

O Imaginário de Carlos Araújo

05/jun

O Museu de Arte Brasileira da FAAP, Higienópolis, São Paulo, SP,  recebe, a partir do dia 07 de junho, a exposição “Revelação e luz das formas do imaginário”. A mostra é resultado do trabalho desenvolvido pelo artista Carlos Araújo com os participantes do projeto “Resgatando Cultura”, do Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK)

 

Com curadoria de Silvana Gualda e Camilla Kury, a exposição reúne pinturas que apresentam particularidades em relação à luminosidade e à sensibilidade no uso das camadas de tinta.

 

O objetivo da exposição é mostrar como os participantes do projeto deixaram-se conduzir por imagens que se revelavam em manchas de tinta que foram aprimoradas,  com finas camadas, ou, ainda, retirando aos poucos o pigmento dos suportes.

 

A participação de Carlos Araújo nas oficinas do IOK foi uma contrapartida para a edição de um livro sobre a obra do artista. “A arte e a sacralidade na arte”, escrito por Jacob Klintowitz, é o 24º volume da série “Resgatando Cultura”, que tem o objetivo de apresentar o panorama artístico cultural do País, contribuindo para a democratização do acesso da sociedade aos bens artísticos nacionais.

 

 

Sobre o artista  

 

Carlos Araújo nasceu em São Paulo no ano de 1950 e fez sua primeira exposição individual no MASP, 1974. No decorrer de sua carreira, realizou várias exposições coletivas e individuais. Em 1980, sua obra “Anunciação” foi enviada pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II.  Em 1984, foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA. Iniciou, há 15 anos, um projeto ousado: pintar 900 telas retratando passagens de toda a Bíblia. O trabalho agradou ao Papa Bento XVI, a ponto de fazê-lo escrever um prefácio para a primeira edição, que foi lançada no dia 1º de dezembro de 2007, na Bienal de Arte Contemporânea de Florença, na Itália.  

 

 

Sobre o Instituto Olga  Kos 

 

Fundado em 2007, o Instituto Olga Kos de  de Inclusão Cultural (IOK) é uma associação sem fins econômicos, que desenvolve projetos artísticos e esportivos aprovados em leis de incentivo fiscal para atender, prioritariamente, crianças, jovens e adultos com  deficiência intelectual. Além disso, parte das vagas dos projetos é destinada a pessoas sem deficiência, que se encontram em situação de vulnerabilidade social e residem em regiões próximas aos locais onde as oficinas são realizadas. O Instituto Olga Kos conta com uma equipe multidisciplinar formada por artistas plásticos, arte-educadores, psicólogos, educadores físicos, fisioterapeutas, mestres em  Karate-Do e Tae kwon-do, profissionais multimídia e pedagogos.    

 

As oficinas de esportes buscam incentivar a prática esportiva (Karate-Do e Tae kwon-do), estimular o desenvolvimento motor e melhorar a qualidade de vida dos participantes. Já as oficinas de artes buscam divulgar a diversidade cultural e artística de nosso País, expandir o acesso à cultura, incentivar o exercício da arte e desenvolver os canais de comunicação e expressão dos participantes por meio dos programas “Pintou a Síndrome do Respeito” e “Resgatando Cultura”.

 

Todas essas atividades procuram garantir que a pessoa com deficiência intelectual reúna condições para participar de forma mais efetiva da sociedade da qual faz parte. Além disso, o IOK desenvolve redes de apoio para geração de renda e inclusão no mercado de trabalho por meio de parcerias com instituições que promovem o aprendizado de habilidades profissionais.

O Inquietante na Verve Galeria

A Verve Galeria, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura “O Inquietante”, exibe coletiva com 21 trabalhos dos artistas Farnese de Andrade, Flávio Cerqueira, Francisco Hurtz, Luciano Zanette, Luz Dubois, Monica Piloni, Tomoshige Kusuno, Walmor Corrêa e Wesley Duke Lee, sob curadoria de Agnese Fabbiani e Ian Duarte Lucas. A mostra, composta por desenhos, esculturas, fotografias e pinturas, busca despertar no espectador sentimentos diversos acerca do dissonante, daquilo que mexe com nossas mais profundas inquietações, abordando o estranho e as reações que são desencadeadas a partir desse contato. No intuito de promover o diálogo entre diferentes públicos e gerações, a exposição apresenta obras de artistas tanto representados pela Verve Galeria, como por outras galerias do circuito paulistano.

 

Das bizarras cenas de Hyeronymous Bosch, passando pelos surrealistas, que encontraram embasamento teórico no repertório de imagens reprimidas enquanto expressão do inconsciente, dos sonhos e de outras inúmeras teorias freudianas relativas ao medo da castração, aos fetiches e ao sinistro, é fato que o tema sempre esteve presente na história da Arte. Nos dizeres dos curadores: “Nossa proposta é a de investigar estes diversos processos que encontram paralelo nas artes visuais, possibilidade viável apenas em uma exposição coletiva, na qual se permite ter contato com seus mais diversos desdobramentos”, concluem os curadores.

Convém assinalar que “O Inquietante” conta com trabalhos históricos dos artistas Farnese de Andrade, Tomoshige Kusuno, e a “Série das Ligas”, de Wesley Duke Lee – cuja polêmica marcou sua primeira exposição nos anos 1960. A coordenação é de Allann Seabra.

 

 

De 08 de junho a 21 de julho.

Arte Naïf na Galeria Evandro Carneiro

04/jun

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Gávea Trade Center, Rio de Janeiro, RJ, promove a inauguração da exposição José Rodrigues de MIRANDA, no sábado 09 de junho, das 17h às 20h.

 

“Miranda me conduziu até o seu quarto que lhe servia também de atelier, onde ele me mostrou uma quinzena de quadros, inclusive o último, ainda úmido e não acabado, colocado em cima do tamborete que lhe servia de cavalete. Emanava de suas obras a mesma comovente simplicidade, a força extraordinária da sua sinceridade, aquele poder comunicativo dos nossos antepassados longínquos que souberam se comunicar pelo desenho muito antes de se haver conquistado a escrita. Fascinado, em silêncio, eu saboreava intensamente aquele momento maravilhoso de descoberta de um grande artista.” (*)

 

(*) Lucien Finkelstein, colecionador, joalheiro, fundador do Museu Internacional de Arte Naïf e grande incentivador/divulgador da obra de MIRANDA. Trecho retirado de FINKELSTEIN, Lucien. Miranda. Rio de Janeiro: Imprinta, 1980, p. 76.

Exposição de Daniel Lannes

No dia 07 de junho, Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Daniel Lannes – Dentição”, com cerca de 12 pinturas inéditas, produzidas este ano, especialmente para esta ocasião. O artista sempre usou referências da História da Arte em seus trabalhos e, para criar as obras desta mostra, partiu das ideias modernistas presentes na obra do escritor Oswald de Andrade, um dos fundadores do movimentoiniciado na Semana de Arte Moderna de 1922.

 

As pinturas têm como referência as ideias presentes no “Manifesto Antropofágico”, publicado em 1928, no qual Oswald de Andrade afirmava que “só a antropofagia nos une” e propunha “deglutir” o legado cultural europeu e “digeri-lo” sob a forma de uma arte tipicamente brasileira.Nestas pinturas, Daniel Lannesreinterpreta essas ideias através de imagens de filmes, músicas, etc. “As referências para a criação das obras são diversas, passando pelo cinema pornochanchada, o churrasco, Copacabana e outros elementos que despertam o apetite visual. Pego imagens históricas e imagens mundanas, que não deixam de ser representações da nossa história, e crio uma narrativa nova”, conta o artista.

 

Muitas obras são inspiradas em poemas e clássicos da literatura, como é o caso das pinturas “O prodígio”, inspirada no livro “Macunaíma” (1928), de Mário de Andrade, onde o artista pinta uma saia amarela de onde sai um rosto negro, como se fosse o nascimento de Macunaíma, e “O guesa errante”, inspirado no poema homônimo de Sousândrade, importante referência para os modernistas e tropicalistas. O poema é inspirado em uma lenda andina na qual um adolescente indígena, Guesa, seria sacrificado em oferecimento aos deuses. Daniel Lannes pinta uma mulher com os seios de fora, como se estivesse sendo possuída por um homem.

 

Outra obra presente na exposição, “A Herança Asmat”, na qual Lannes retrata Oswald de Andrade, misturando com referências da tribo Asmat, que era canibal. Na pintura, Oswald aparece protegido por uma espécie de escudo. Já “Carrossel Napolitano” foi inspirado no clipe da música “Copacabana”, de Barry Manilow, em que ele fala sobre paixão, música e o tradicional bairro carioca.

 

O “Manifesto Antropofágico” foi publicado na Revista de Antropofagia, que teve dois volumes, que eram chamados de “Dentição”, daí o nome da exposição. “A partir dessa palavra fui buscando imagens que não são só ilustrativas, mas que se relacionam com as ideias modernistas”, afirma Daniel Lannes, ressaltando que o manifesto tem muitas referências, que vão desde Freud até a história do Brasil, e, justamente por isso, ele também resolveu misturar as referências em suas pinturas. Os trabalhos são feitos primeiro em tinta acrílica e depois em tinta a óleo, que dá mais vida à pintura. “A tinta a óleo é mais carnal, tem uma coisa mais visceral”, afirma o artista, que parte de uma imagem prévia, muitas vezes composta de diversas referências, para realizar as pinturas. “Preciso de uma imagem para por na tela, vou buscando diversas imagens, recortando e direcionando, vendo o que pode ser montado. Mas há um certo momento em que preciso largar a imagem para resolver a pintura”, conta.

 

 

Sobre o artista

 

Daniel Lannes nasceu em 1981 em Niterói. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, é Mestre em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012) e Bacharel em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006).

 

Dentre suas exposições individuais destacam-se: “A Luz Do Fogo” (2017), na Magic Beans Gallery, Berlim, Alemanha;“Costumes” (2014) e Dilúvio” (2012), na Galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea; “República” (2011), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; “Só Lazer” (2011), na Galeria de Arte IBEU, no Rio de Janeiro; “Midnight Paintings” (2007), no Centro Cultural São Paulo, entre outras.

 

Dentre as exposições coletivas destacam-se: “HÖHENRAUSCH”, Eigen + Art gallery, Berlin, Alemanhae “Ao Amor do Público I” – Doações da ArtRio (2012-2015), ambas em 2016; “Tarsila e Mulheres Modernas”, no Museu de Arte do Rio (MAR) e “Renaissance”, na Maison Folie Wazemmes, na França, ambas em 2015; “Crer em Fantasmas” (2013), na Caixa Cultural de Brasília; “Gramática Urbana” (2012), no Centro de Arte Hélio Oiticica; “Arquivo Geral” (2009), no Centro Cultural da Justiça Federal; “Painting’s Edge” (2008), RiverSide Museum of Art, nos EUA, entre outras. Foi um dos vencedores da 6ª edição do Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas (2017-2018). Realizou residência artística no Kunstresidenz Bad Gastein, Bad Gastein, Áustria, em 2015. Foi selecionado em 2015 para representar a cidade do Rio de Janeiro no Festival de Arte Lille3000, em Lille, França, foi indicado à 10a edição do Programa de prêmios e Comissões da Cisneros-Fontanals Art Foundation (CIFO) 2013 e contemplado com o prêmio FUNARTE Arte Contemporânea (2012). Foi, ainda, indicado ao Prêmio PIPA em 2011 e em 2012 e foi o ganhador do Prêmio Novíssimos do Salão de Arte IBEU (2010). Recebeu também bolsa de residência artística no The Idyllwild Arts Program Painting’s Edge, California, EUA, 2008, e bolsa de estudos na State University of New York / Fine Arts Department, em 2004.

 

Possui obras em importantes coleções públicas como Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR); Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, entre outras.

 

 

Até 07 de julho.

No Museu da República

Em pleno ano eleitoral, a artista Simone Michelin dá um toque de crítica e ironia à história do Brasil na exposição “Corte Matuta, o musical”, que será inaugurada no dia 9 de junho, às 15h, na Galeria do Lago, no Museu da República. Sob curadoria de Isabel Sanson Portella, a mostra será composta por uma videoinstalação que apresenta um concurso para escolha de representantes de quadrilhas juninas como metáfora ilustrativa do processo eleitoral.

 

No trabalho, a artista apresenta uma votação para a escolha da Corte Matuta, Rei Matuto e Rainha Caipira, realizada em Boa Vista (RR), além de animações de maquetes 3D do Palácio do Planalto, águias e cowboys. A trilha sonora foi feita a partir de uma colagem dos comandos originais da quadrilha com fragmentos de músicas brasileiras, abrangendo diferentes períodos históricos.

 

“Para a pesquisa musical, utilizei o livro “Quem foi que inventou o Brasil?”, de Franklin Martins, que reúne mais de mil canções que contam a história da República de 1902 a 2002. Deslocando o contexto original da festa popular, minha intenção é parodiar a estrutura do estado brasileiro”, conta Simone Michelin.

 

 

Sobre a artista

 

Simone Michelin é artista e pesquisadora. Nascida em Bento Gonçalves (RS), vive e trabalha no Rio de Janeiro. Expõe seu trabalho e faz conferências no Brasil e exterior desde os anos 1980. Participa da segunda geração da Videoarte Nacional, pioneira nas investigações em arte e tecnologia no Brasil.

 

Sua última individual no Rio de Janeiro foi em 2013, na galeria A Gentil Carioca. No momento, seus trabalhos podem ser vistos nas exposições “Feito Poeira ao Vento”, fotografia na coleção do MAR – Museu de Arte do Rio, e “Todas as Mulheres do Mundo”, presenças femininas na coleção EAV Parque Lage, na Galeria EAV do Parque Lage.

 

Até 16 de agosto.

No MAM Ibirapuera

Projeto Parede Crepe Garden

 

Esta obra de Gustavo Rezende multiplica personagens em situação de vigilância e de confronto físico. Dentre as figuras, repete-se com frequência a silhueta do próprio artista. Ele tem trabalhado o autorretrato ao longo de sua produção, colocando-se em diferentes contextos. Neste friso projetado para o Projeto Parede, a referência a si mesmo é acrescida de outros sujeitos, criando-se uma sequência de homens assemelhados, mas que se distinguem claramente pela posição de vigilante, de agressor ou de vítima. Para enfatizar a diferença de poder entre as partes, surgem também cavalos que colocam os vigilantes em posição superior. O conjunto se organiza como uma paisagem, com grupos distribuídos de forma irregular, criando alturas diversas que representam elementos mais à frente ou mais distantes; mas, a cor neutra de fundo e a ausência de relevo ou de vegetação impedem que identifiquemos o local da ação: afinal se trata de um festival, de uma batalha campal, ou de uma manifestação?

 

Por um lado, a repetição de personagens sem rosto definido sugere que os diferentes papéis no confronto violento são lados diversos da mesma pessoa: o vigilante, o repressor e a vítima estão todos dentro de nós. Por outro lado, essa repetição indica uma distribuição homogênea de tais posturas na sociedade: vivemos de tal modo imersos em violência, que já não diferenciamos mais os lados em conflito. Como elemento unificador, Gustavo Rezende utiliza a fita crepe, que cria uma textura e uma cor únicas para toda a composição, ao mesmo tempo em que anula os detalhes das feições e tira a individualidade dos personagens.

Felipe Chaimovich 

Wilson Piran, “ouro” no MNBA

A primeira individual no Museu Nacional de Belas Artes, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ, foi em 1977. Agora, quatro décadas depois, o artista Wilson Piran retorna, para abrir a exposição “Nem tudo que brilha é ouro”, na qual apresenta 26 objetos e esculturas, de diferentes materiais, todos recobertos de falso ouro.

 

Artista com viés pop e que usa materiais pouco convencionais, antes eram os nomes dos artistas e suas obras que o inspiravam a produzir trabalhos que questionavam a arte e seu universo, agora são os objetos e os materiais que são explorados para indagar: o que é arte, onde está a arte?,  encontrando poesia e expressão nessa curiosa garimpagem. Do ponto de vista do artista “…se antes era a purpurina que resplandecia conceitos, agora é o brilho do falso ouro que pretende estimular prazerosamente o espectador”, afirma Wilson Piran.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Nova Friburgo, RJ, a partir de 1969 Piran se transfere para o Rio de Janeiro e ingressa na antiga Escola Nacional de Belas Artes, frequentando o curso de pintura, tendo sido aluno de Abelardo Zaluar, Mário Barata e Quirino Campofiorito. Entre 1970 a 1984, trabalhou como decorador de vitrines de joalherias. Participou de salões de arte e exposições coletivas, com desenhos e colagens. Durante este período, obteve seus primeiros prêmios chamando a atenção da crítica especializada, pavimentando desse modo sua trajetória artística.

 

Realizou em 1977, sua primeira exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes com a série de trabalhos, que o crítico Roberto Pontual denominou “Conceituais humorísticos”. Desde então, sua produção vai se caracterizar pela busca de uma forma de comunicação efetiva, aliando o conceito e a visualidade, para encontrar poesia nas dúvidas e incertezas do artista e da própria arte. (fotos: Luiz Carlos Lacerda/Divulgação).

 

 

Até 09 de setembro.

Na Japan House

30/mai

O artista Oscar Oiwa, talento multidisciplinar que assina a nova exposição “Oscar Oiwa no Paraíso – Desenhando o Efêmero”, convidou os visitantes da Japan House Avenida Paulista, São Paulo, SP,  a entrar em seu mundo particular e fantástico, dividindo um pouco de sua mente e projeções pessoais por meio de um bate-papo em uma visita guiada. A atividade passou pelas telas expostas “The Dream of the Sleeping World”, de 2009, “After Midnight”, de 2010 e “Invisible Sea”, de 2010, além de adentrar na instalação “Paraíso”, feita dentro de um balão inflável em material vinílico com um desenho em 360 graus de uma paisagem projetada. A mostra encontra-se em seus últimos dias.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em São Paulo e formado pela FAU/USP no final da década de 1980, Oscar Oiwa mudou-se nos anos 90 para Tóquio, onde viveu por 11 anos. Reconhecido artista plástico, possui obras nos acervos do The National Museum of Modern Art, Tokyo; Museum of Contemporary Art, Tokyo; Phoenix Museum of Art; Prince Albert II of Monaco Foundation; entre outros. Em 1995, foi para Londres onde passou um ano após ganhar a bolsa The Delfina Studio Trust, artist in residence grant. Mais tarde recebeu as seguintes bolsas americanas: The Pollock-Krasner Foundation (1996), John Simon Guggenheim Memorial Foundation (2001) e Asian Cultural Conciul (2002). Atualmente reside e trabalha em Nova York. Hoje é representado pelas seguintes galerias: Artfront Gallery (Tóquio), BTAP+Tokyo Gallery (Beijing/Tóquio), Keumsan Gallery (Seoul) e Connoiseur Contemporary (Hong Kong). Foi convidado para fazer o pôster dos eventos “Fifa World Cup 2014 – Official Art Poster” e “Mountreux Jazz Festival 2013″.

 

 

Até 03 de junho.

A obra de Bill Viola

Pioneiro e nome incontornável no campo da videoarte, Bill Viola e sua obra são tema da exposição especialmente preparada que inaugurou o novo Sesc Avenida Paulista

 

A abertura do Sesc Avenida Paulista inaugura um período de muitos “primeiros”, que certamente marcarão a história da unidade e da relação dos frequentadores com o espaço. A primeiraexibição de vídeos integrada à primeiraexposição da nova unidade (Bill Viola – Visões do Tempo) aconteceu no início de maio.
Enquanto a exposição, em cartaz até 09 de setembro, apresenta, por meio de doze obras, um recorte de videoinstalações de Bill Viola (1951) produzidas de 2000 para cá, os quatro programas mensais de exibição de vídeos percorrem a produção anterior do artista norte-americano e oferecem uma retrospectiva de trabalhos seminais e consagrados no campo da videoarte e da expressão audiovisual, como The Reflecting Pool(A Piscina Refletora, 1977-9). É difícil observar as experimentações de Viola na edição das sequências de imagens e também na banda sonora desse vídeo ou de Ancient of Days(Ancião dos Dias, 1979-81) e Anthem(Hino, 1983), por exemplo, e não refletir sobre como a videoarte dos anos 70 e 80 conversa com impressionante desenvoltura com o que se produz e circula em vídeo, memes e gifs hoje nas redes sociais a partir dos onipresentes smartphones.

 

A câmera lenta, as transições inusitadas, o fast forwarde o rewind, a tela dividida e as ilusões provocadas deliberadamente por Bill Viola, pela proximidade com as práticas cotidianas de quem gera e compartilha conteúdo audiovisual pela internet, têm talvez a capacidade de provocar ainda mais curiosidade no visitante de 2018 – justamente pelo contexto e pelos instrumentos utilizados no momento de criação – do que geraram em suas primeiras exibições – feitas por canais de televisão.

 

Mas Viola não foi apenas visionário, em seu trabalho durante o século XX, quanto ao potencial formal do vídeo que se produziria para dentro e para fora das galerias de arte nas décadas seguintes. O artista, que trabalhou com outros grandes nomes da videoarte, como Nam June Paik e Peter Campus, desenvolveu um olhar particular e instigante sobre a experiência humana, a partir de influências ocidentais e orientais. Seus vídeos mais antigos, exibidos na programação integrada, e, sem dúvida, as instalações mais recentes, em exposição no 5º andar do Sesc Avenida Paulista, convidam a reflexões profundas sobre o corpo, a vida, a morte e o tempo – que é experimentado hoje em ritmo mais acelerado do que nunca!