Visita guiada e catálogo

14/set

A CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, até 12 de novembro, a exposição “Natureza Concreta”, que discute e aprofunda um tema de interesse permanente na arte, na ciência e na filosofia: as relações dos seres humanos com a natureza e o mundo que os cerca. Entre fotografias, vídeos e instalações em formatos variados, serão apresentadas 94 obras de 17 artistas e grupos brasileiros. O projeto tem curadoria de Mauro Trindade e patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

 

No dia 16 de setembro, sábado, às 15hs, o curador Mauro Trindade realiza uma visita guiada aberta ao público, com lançamento do catálogo da exposição que traz um texto inédito do curador, fotos da exposição e das obras, além da biografia dos artistas. O evento contará com a presença de artistas que participam da exposição. “Natureza Concreta” apresenta trabalhos de Alexandre Sant’Anna, Ana Quintella & Talitha Rossi, Ana Stewart, Bruno Veiga, Cássio Vasconcellos, Claudia Jaguaribe, Gilvan Barreto, Greice Rosa & Grupo A CASA, Hugo Denizart, Iatã Cannabrava, José Diniz, Luiz Baltar, Marco Antonio Portela, Pedro Motta, Rogério Faissal e Rogério Reis. Em todos, há uma preocupação permanente com a relação entre o homem e o meio ambiente, um tema cada vez mais redescoberto na fotografia contemporânea e que se volta para as próprias origens da arte fotográfica.

 

Os trabalhos oferecem a oportunidade de se discutir temas como cidades, habitação, mobilidade, ecologia e sustentabilidade, economia e tecnologia, e história e transcendência, sempre colocando o ser humano em perspectiva. “Através das obras de alguns dos maiores nomes da fotografia contemporânea brasileira, a exposição Natureza Concreta propõe uma ampla reflexão a respeito dos limites entre natureza e cultura, objetividade e subjetividade. Os trabalhos operam em um campo ampliado da fotografia, que inclui impressões em materiais variados, vídeos e instalações”, comenta o curador Mauro Trindade.

 

No final do mês de outubro, no dia 28, sábado, às 15hs, o curador e alguns artistas recebem o público para um bate-papo gratuito.

 

As senhas para esta atividade serão distribuídas 30 minutos antes na bilheteria da CAIXA Cultural.

ArtRio 2017

13/set

Começa nesta quarta-feira, dia 13 de setembro a 7ª edição da ArtRio. Estreando em novo local, a Marina da Glória, a feira apresenta novo formato para visitação das galerias, com seus principais programas PANORAMA e VISTA em um mesmo espaço, permitindo uma melhor visualização de todos os estandes. O evento também terá programas especiais curados, como o SOLO, o MIRA e o PALAVRA. A ArtRio vai até domingo, 17 de setembro. Em linha com uma tendência mundial, que cada vez mais privilegia a qualidade e a experiência e não o volume e massificação, a ArtRio apresentará esse ano cerca de 70 galerias, todas aprovadas por seu Comitê de Seleção.

 

“Essa edição da ArtRio vai trazer uma série de mudanças, buscando apresentar uma feira extremamente consistente e madura, em total adequação às demandas do mercado face a um evento desse porte. Teremos mais integração entre os programas e galerias, oferecendo uma melhor visitação e circulação. O novo espaço vai permitir ainda a realização de novos programas curados, que sempre trazem um frescor e novas possibilidades de leitura da arte”, indica Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

 

A ArtRio é apresentada pelo Bradesco, através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. O evento tem patrocínio da CIELO e Stella Artois, apoio das marcas Minalba, IRB Brasil RE e Pirelli, e apoio institucional da Estácio, Klabin e High End.

 

 

Seleção das galerias

 

O Comitê de Seleção de 2017 é formado pelos galeristas Alexandre Gabriel (Fortes D’Aloia & Gabriel / SP); Anita Schwartz (Anita Schwartz Galeria de Arte / RJ); Elsa Ravazzolo (A Gentil Carioca / RJ); Eduardo Brandão (Galeria Vermelho / SP) e Max Perlingeiro (Pinakotheke / RJ). As galerias participantes dos programas PANORAMA e VISTA passaram pela aprovação do Comitê, que analisou diversos pontos como relevância em seu mercado de atuação, artistas que representa – com exclusividade ou não -, número de exposições realizadas ao ano e participação em eventos e/ou feiras.

 

 

Programas e galerias

 

PANORAMA

Participam galerias nacionais e estrangeiras com atuação estabelecida no mercado de arte moderna e contemporânea.

 

VISTA

Programa dedicado às galerias mais jovens, que contam com projeto de curadoria experimental. Com foco em arte contemporânea emergente, as galerias desenvolvem propostas artísticas inovadoras especialmente para feira.

 

PANORAMA

A Gentil Carioca – Rio de Janeiro; Almeida & Dale Galeria de Arte – São Paulo; Anita Schwartz Galeria de Arte – Rio de Janeiro; Artur Fidalgo Galeria – Rio de Janeiro; Athena Contemporânea – Rio de Janeiro; Athena Galeria de Arte – Rio de Janeiro; Baró Galeria – São Paulo; Carbono Galeria – São Paulo; Casa Triângulo – São Paulo; Cassia Bomeny Galeria – Rio de Janeiro; Celma Albuquerque – Belo Horizonte; Ceysson & Bénétière – Luxembourg – New York – Saint Etienne – Paris; Fólio – São Paulo; Fortes D´Aloia & Gabriel – São Paulo / Rio de Janeiro; Galeria da Gávea – Rio de Janeiro; Galeria de Arte Ipanema – Rio de Janeiro; Galeria Frente – São Paulo; Galeria Inox – Rio de Janeiro; Galeria Lume – São Paulo; Galeria Marcelo Guarnieri – Rio de Janeiro / São Paulo / Ribeirão Preto.

 

ESTREIA

Galeria Millan – São Paulo; Galeria Murilo Castro – Belo Horizonte; Galeria Nara Roesler – São Paulo / Rio de Janeiro / Nova York; Galeria Sur- Montevidéu / Punta del Este; Hilda Araujo Escritório de Arte – São Paulo; Gustavo Rebello Arte – Rio de Janeiro; Lemos de Sá Galeria de Arte – Nova Lima; Luciana Caravello Arte Contemporânea – Rio de Janeiro; Lurixs: Arte Contemporânea – Rio de Janeiro; Marcia Barrozo do Amaral Galeria de Arte – Rio de Janeiro; Marilia Razuk – São Paulo; Mercedes Viegas Arte Contemporânea – Rio de Janeiro; Movimento Arte Contemporânea – Rio de Janeiro; Mul.ti.plo Espaço Arte – Rio de Janeiro; Other Criteria – Nova York; Paulo Kuczynski Escritório de Arte – São Paulo; Pinakotheke – Rio de Janeiro / São Paulo / Fortaleza; Roberto Alban Galeria – Salvador; Silvia Cintra + Box 4- Rio de Janeiro; Simões de Assis Galeria de Arte – Curitiba; Vermelho – São Paulo; Zipper Galeria – São Paulo.

 

VISTA

55SP – São Paulo – ESTREIA; Boiler Galeria – Curitiba – ESTREIA; Cavalo – Rio de Janeiro; C. Galeria – Rio de Janeiro – ESTREIA; Frameless Gallery – Londres; Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea – Rio de Janeiro – ESTREIA; Galeria Superfície – São Paulo – ESTREIA; Martha Pagy Escritório de Arte – Rio de Janeiro; RV Cultura e Arte – Salvador – ESTREIA; Tal Projects – Rio de Janeiro.

 

A editora alemã Taschen terá um estande com seus principais títulos de Arte.

 

 

SOLO

Curadoria da norte-americana Kelly Taxter, co-curadora do Jewish Museum de Nova Iorque. Com o tema Brazilwood, uma mistura de Brazil e Hollywood, a curadora faz um questionamento sobre a liberdade da cultura pop na arte contemporânea frente à diversidade das expressões culturais no mundo globalizado. Kelly Taxter foi indicada pela publicação ArtNet como uma das 25 mulheres atuando em curadoria que mais se destacam no mercado global.

 

White Cube; Marian Goodman; Salon 94; Fortes D´Aloia & Gabriel; Galeria Nara Roesler; Marilia Razuk; Baró Galeria; A Gentil Carioca.

 

 

MIRA

A ArtRio terá este ano um projeto totalmente dedicado a vídeo arte. Será a primeira edição do MIRA, realizado em parceria com a Fundação Iberê Camargo. Bernardo José de Souza, curador residente da Fundação, vai assinar também a curadoria do MIRA. Abaixo, os artistas apresentados no programa: Luiz Roque; Gabriel Abrantes; Ana Vaz; Laura Huertas Millán; Cristiano Lenhard; Anna Franceschini; Tomas Maglione.

“Frauenpower”

12/set

A Galeria Houssein Jarouche, Jardim América, São Paulo, SP, exibe “Frauenpower”, com curadoria de Paulo Azeco e 32 obras de diversos artistas que estão relacionados ao universo da Pop Art, como Andy Warhol, Anna Maria Maiolino, Barbara Wagner, Claudio Tozzi, Ivan Serpa, Marina Abramović, Nelson Leirner, entre outros. A mostra busca resgatar um percurso histórico das representações visuais da mulher, a partir das vanguardas da década de 1960, e discutir a idealização do corpo feminino, a criação de padrões estéticos, considerando os aspectos sociais e antropológicos dessas imagens.

 

Ao longo da década de 1970, a artista austríaca (radicada em NY) Kiki Kogelnik desenvolveu a série “Woman”, na qual formulava críticas sobre a imagem feminina tal qual era retratada na publicidade da época – ora frágil, ora sexualizada -, em trabalhos discretamente feministas, irônicos e com forte carga imagética Pop. Reconhecendo a arte como veículo de significação e comunicação visual, “Frauenpower” – expressão alemã utilizada para designar poder feminino – nasce de uma pesquisa sobre a produção desta artista, no intuito de investigar a figura da mulher e a influência da mídia na construção de um imaginário do corpo feminino.

 

Arquétipo da Vênus de Botticelli, o ideal de beleza e perfeição surge como referência para a construção dos processos de auto-imagem e consequente afirmação e negação. Este conceito é visto nos trabalhos de Marina Abramović, Sandra Gamarra e Lenora de Barros, os quais depositam, na figura da musa, seu contraponto. Além da imagem, o consumo também é abordado, no que se refere à objetivação dos corpos, sexualização e misoginia, além da influência imagética feminina sobre a figura masculina, levando à transcendência de limitações de gênero – como se observa também nas obras de Vânia Toledo, Nan Goldin e Carlos Vergara.

 

Nas palavras do curador Paulo Azeco: “Por fim, não se trata de uma mostra com cunho feminista, e sim uma celebração da força visual da mulher. Entender o encantamento que fez dessa figuração um dos principais temas de toda a História da Arte, analisando um espectro mais profundo que apenas a beleza do retrato”.

 

Artistas: Alex Katz, Allan D’Arcangelo, Andy Warhol, Anna Maria Maiolino, Barbara Wagner, Bob Wolfenson, Carlos Dadorian, Carlos Vergara, Cibelle Cavalli Bastos, Claudia Guimarães, Claudio Tozzi, Delima Medeiros, Ivan Serpa, Kiki Kogelnik, Lenora de Barros, Marina Abramović, Mel Ramos, Nan Goldin, Nelson Leirner, Russel Young, Tracey Emin e Vânia Toledo.

 

 

De 16 de setembro a 18 de novembro

Hilal Sami Hilal na ArtRio

11/set

A Marcia Barrozo do Amaral – Galeria de Arte vai levar este ano somente obras de Hilal Sami Hilal à ArtRio. Hilal vai expor trabalhos em papel artesanal, peças em cobre e duas grandes fotografias. Esta é a terceira vez que a galeria leva somente um artista. Nas vezes anteriores, Ascânio MMM foi o artista contemplado.

 

Um dos trabalhos em exibição é o “Atlas IV”, objeto-livro, da série “Deslocamentos”, iniciada em 2010. Esta obra de 2015 pertence a uma série de trabalhos, que tratam de questões relacionadas ao transitório. Produzida com papel feito à mão, de trapo de algodão e pigmentos, a obra remete à ideia aproximada de que as formas de folhas e nuvens são grandes aquarelas.

 

“O meu objetivo é provocar o desejo de deslocamento no espectador. Quero que ele saia da apatia. É uma convocação com a ideia de provocar pensamentos que dissolvam o estabelecido e os dogmas. Consequentemente novos questionamentos e topologias que se fazem presentes dão a possibilidade de uma experiência física, mental, onírica e matérica”, afirma o artista.

 

Hilal também vai levar cinco peças de cobre, da série “Atlânticos” à ArtRio. Nestas obras, ele registra desenhos com uma caneta especial em placas normalmente utilizadas em circuitos impressos de computador, da espessura de uma folha de papel. O resultado das várias camadas de oxidação oriundas do processo são inúmeras possibilidades de tonalidades de azuis esverdeados.

 

A exposição ainda vai contar com fotos que podem ser associadas a paisagens. São duas peças da série “Terceira margem” impressas em fine art (método de reprodução com o uso de papéis e pigmentos minerais, que garantem qualidade, perfeição nas cores e durabilidade de até 275 anos).

 

Com experiências em oficinas de papel feito à mão no Japão, Sami Hilal desenvolve pesquisa na área desde 1977. Foi professor da Universidade Federal do Espírito Santo, onde criou a oficina de papel artesanal. Começou a trabalhar com cobre nos anos 2000, quando utilizou a técnica do circuito impresso de computador, que é uma derivação da gravura em metal.

Intervenções Bradesco ArtRio 2017

ArtRio-17

Os organizadores convidam para a inauguração da coletiva “Intervenções Bradesco ArtRio 2017”, mostra paralela à 7ª edição da Feira Internacional de Arte do Rio de Janeiro.

 

A abertura acontece no dia 12 de setembro (terça-feira), às 15hs, no pilotis e jardins do MAM Rio – Museu de Arte Moderna, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ.

 

O objetivo da exposição, que tem curadoria de Fernanda Lopes e Fernando Cocchiarale, é levar arte para locais públicos, permitindo novas articulações entre as obras, espaços e o público.

 

Os artistas participantes são: Débora Bolsoni, Floriano Romano, Guga Ferraz, Gustavo Prado, Joanar Cesar, João Loureiro, João Modé, Jorge Soledar, Lais Myrrha e Maya Dikstein.

Pinakotheke SP exibe Weissmann

O artista considerado essencial para a renovação da escultura brasileira no século XX é homenageado pela Pinakotheke São Paulo em exposição com curadoria de Fernando Cocchiarale e Max Perlingeiro. Com cerca de 80 trabalhos, a mostra, ao reunir também desenhos, estudos e maquetes, traça um percurso em que se revela o processo da arte de Franz Weissmann. De seus fios, cubos, torres e amassados, até trabalhos que apontam o retorno ao construtivo da cor, estão presentes neste panorama da produção do escultor, que traz ainda um curta-metragem no qual ele fala sobre Lygia Clark.

 

A gênese da reestruturação do pensamento plástico do signatário do manifesto neoconcreto está em suas construções com fios de aço. São como rascunhos que contêm os princípios básicos de sua escultura: modularidade, ortogonalidade, eliminação de bases, apoio em três pontos, enlaces infinitos, etc. Os fios deram origem ao Cubo Vazado (1951), trabalho criado a partir de uma pequena maquete de arame e considerado uma das primeiras esculturas construtivas brasileiras. Dos quadrados planos unidos em fitas surgiria o Cubo Aberto.

 

A proposição ancestral do modulo repetido verticalmente até o infinito ganhou com as torres ou colunas de Weissmann novas e surpreendentes soluções por meio do uso de fios, barras, perfis, chapas e chapas vazadas em circulo. Com uma de suas torres, o artista foi premiado como “Melhor Escultor” na 4ª Bienal de São Paulo, em 1957. “… a verticalidade como tema e as colunas como forma são características que distinguem Weissmann de outros artistas modernos brasileiros”, observa Max Perlingeiro.

 

Já a série de amassados sublinha particular experimentalismo. O escultor golpeia chapas metálicas até o limite da destruição de sua superfície que chega algumas vezes a romper o suporte.  Os amassados foram iniciados por volta de 1964, quando o artista estava na Espanha apoiado pelo Prêmio de Viagem ao Exterior conferido anualmente pelo Salão Nacional de Arte Moderna, então realizado no Rio de Janeiro. “As esculturas geométrico-construtivas e os planos metálicos martelados por Weissmann têm liames espaciais discursivamente estabelecidos e, portanto, invisíveis para o olhar comum. A dissolução da planaridade de cada parte que compõe os trabalhos de estruturação da construção equivale à dissolução do plano de alumínio para torná-lo coisa. Praticamente inéditos, os amassados, antípodas morfológicos das esculturas geométricas podem ter novos sentidos, se tratados como paisagens diferentes de uma mesma estrada, de um mesmo caminho poético”, destaca Cocchiarale. A exposição inclui, também, os inéditos blocos de alumínio prensados com experiências de introdução da cor.

 

Completam o conjunto de obras peças que indicam o retorno ao construtivo e a cor, de formas livres, porém, fiéis à geometria, nas cores verde, vermelha, amarela, azul e as ferrugens, que ocupam a área externa da galeria.

 

A exposição apresenta ainda o curta-metragem: “Franz Weissmann vive e fala sobre Lygia Clark”, de Lucia Novaes, e um catálogo ilustrado bilíngue, com textos de Fernando Cochiaralle, um ensaio inédito sobre os “Amassados” de autoria do arquiteto espanhol e professor da Universidade de Zaragoza Ignacio Moreno Rodríguez e uma entrevista com o artista feita pela critica de arte e jornalista Angélica de Moraes publicada no O Estado de São Paulo em 20 de maio de 1995.

 

 

Sobre o artista

 

Franz Weissmann nascido na Áustria em 1911 vem com os pais para o Brasil aos 10 anos e aqui se torna brasileiro, carioca, escultor e professor. A partir de 1950 começa a abandonar a execução de estatuas representando figuras humanas e passa a elaborar esculturas abstratas e geométricas. Substitui os materiais que se podem esculpir (mármore, pedra sabão, madeira) ou moldar (gesso, cerâmica, bronze) pelo emprego dos que permitem construir, como os fios, vergalhões, barras, tubos, cantoneiras e chapas de metais como o alumínio, cobre, latão ou aço, de origem e uso industrial. Refletindo a mudança do país de agrícola a industrial o escultor se transformou de artesão em projetista, elaborando maquetes e estudos que eram levados a oficinas e fundições para serem executados ampliados. Nos anos 70 instala seu atelier dentro da gigantesca fábrica de ônibus Ciferal em Ramos, da qual seu irmão era sócio. Quando falece em 2005 havia implantado 30 esculturas públicas.

 

 

Até 07 de outubro.

Mira Schendel em NY

06/set

“Sarrafos and Black and White Works”, exposição de Mira Schendel na Hauser & Wirth New York, 69th Street, 32 East 69th Street. Mira Schendel “Sarrafos e trabalhos em preto e branco”. Com abertura no dia 07 de setembro, é a primeira exposição focada nas últimas duas séries na carreira de uma figura seminal da arte moderna latino-americana. Organizado com Olivier Renaud-Clément, esta exposição examina as séries de Sarrafos (1987) e Brancos e Pretos de Mira Schendel (1985 – 1987) através de obras que tentam conciliar as práticas de pintura e escultura.

 

Nascida em Zurique, Suíça, em 1919, Mira Schendel foi criada em Milão, Itália, onde realizou estudos em Arte e Filosofia. A partir de 1941, ela foi obrigada a mudar-se entre a Bulgária, a Áustria e a Iugoslávia para evitar a perseguição, finalmente se instalando em São Paulo, Brasil, em 1953. Embora ela estivesse inicialmente envolvida com os movimentos concretos e neo-concretos que surgiram na década de 1950, Schendel rapidamente estabeleceu sua independência, desenvolvendo uma linguagem visual distinta influenciada por seu envolvimento com um círculo de poetas, físicos, filósofos e outros artistas visuais. Enquanto esses pares buscaram uma resposta exclusivamente brasileira ao modernismo europeu, Schendel traçou um curso autônomo, formando sua própria abordagem de abstração e inspirando influências que vão desde a física quântica até a fenomenologia, do Budismo Zen às experiências de deslocamento.

 

A combinação singular de etérea e tangibilidade que caracteriza a arte de Schendel encontra seu clímax na série “Sarrafos e Brancos e Pretos” em exibição na Hauser & Wirth, 69th Street. Os “Sarrafos” são painéis de tempera brancos, cada um cruzado de maneira discreta por uma única barra preta angulada que entra no espaço físico do visualizador, exigindo ser experimentado ao invés de ser visto. Paralelo às vigas transversais fragmentadas, essas barras pretas atuam como gestos de individuação, interrompendo as superfícies monocromáticas das quais se projetam.

 

A série “Sarrafos” compreende um total de doze trabalhos, seis dos quais estão incluídos nesta exposição. Schendel observou que eles foram sua primeira tentativa bem sucedida de “agressividade”, que atribuiu ao impacto do clima sociopolítico em que foram feitos. O Brasil estava então em estado de agitação, com uma recessão econômica e os protestos contra a Ditadura Militar aumentando. Referindo-se à estréia da série em 1987, Schendel explicou: “(Sarrafos) surgiu do momento de falta de determinação e desordem que o Brasil viveu em março deste ano, quando aparentemente estávamos vivendo em um Weimar tropical … E esses trabalhos constituem uma reação à situação de paralisação do momento.

 

Desenvolvido de 1985 a 1987, a série “Brancos e Pretos” de Schendel acaba de preceder a sua “Sarrafos”, na sua ênfase no movimento e no espaço, essas pinturas de tempera e gesso aparecem a uma distância de painéis planos pontuados por arcos e linhas pintadas; mas uma inspeção mais próxima revela pequenas variações de textura que somam sombras e formam sutis relevos escultóricos.

 

A exposição continua com os desenhos relacionados de Schendel e trabalha em papel da década de 1960 até a década de 1980. Entre eles, está “Untitled (série Sarrafinhos)”, um trabalho delicado de quatro partes em papel da década de 1960, com composições que antecipam as rígidas projeções de madeira dos Sarrafos. Também estão à vista os precursores de Brancos e Pretos, uma série sem título de obras em torno de 1986 sobre o papel de arroz japonês – um material que se tornou uma característica da obra de Schendel, dada pela primeira vez pelo crítico de arte e físico brasileiro, Mário Schenberg. Para esses trabalhos, Schendel organizou e coloriu folhas de papel de arroz translúcido para criar planos distintos e monocromáticos, cruzados por marcas negras únicas de lápis de cera.

 

As séries “Aquarelas, Aguadas e Toquinhos” de Schendel iluminam seu fascinante fascínio pelos materiais e suas aplicações técnicas. Em seus tratamentos de tinta e tinta, que vão desde marcas densas e escuras a planos liquefeitos de cor neutra, entre opacidade e transparência, primeiro plano e fundo, desenvolvendo uma gama expressiva que atuaria como forragem criativa nas próximas décadas.

 

“Mira Schendel. Sarrafos e Black and White Works” é organizado com a colaboração da Bergamin & Gomide, São Paulo, e o apoio de colecionadores.

 

 

Até 21 de outubro.

Individual de Amelia Toledo

Um dos principais nomes da arte brasileira dos anos 1960, Amelia Toledo, 91 anos, ganhará exposição na Galeria Marcelo Guarnieri, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir do dia 11 de setembro. Na mostra, serão apresentadas obras da série “Horizontes”, produzidas nas duas últimas décadas, sendo três esculturas e quatro pinturas. Em setembro, a artista também participará da exposição “Radical Women: Latin American Art, 1960 – 1985”, no Hammer Museum, em Los Angeles, que seguirá para o Brooklyn Museum, em Nova York, no próximo ano.

 

Serão apresentadas na Galeria Marcelo Guarnieri, obras da série “Horizontes”, iniciada nos anos 1990, com pinturas e de onde descendem esculturas. A série é resultado da investigação da artista sobre a paisagem, tanto do espaço pictórico, quanto do espaço físico. A linha do horizonte tem uma presença marcante na tradição da pintura ocidental figurativa, servindo como ponto de referência na construção da imagem e da relação que nosso corpo estabelece com ela. “Fatia de Horizonte”, escultura formada por uma chapa de aço inox em formato retangular, sendo ¼ dela polido e os outros ¾ oxidados, é uma peça que parece embaralhar categorias da dimensão espacial no momento em que produz uma espécie de elevação da linha do horizonte. A faixa espelhada da peça vertical alcança uma altura que a permite refletir aquilo que está acima de nossas cabeças, levando-nos a reorganizar nosso senso de direção no espaço. Podemos também circular por um conjunto de “Fatias de Horizonte” e nos perder entre elas: a experiência imersiva é uma frequente na produção de Amelia Toledo.

 

As pinturas são compostas por duas faixas de cores que ocupam, cada, uma metade da tela. O formato paisagem de alguns quadros – esse que tem a forma retangular onde a altura é menor que o comprimento – nos leva a associar os dois campos de cor às faixas do céu e da terra de uma pintura figurativa. O que vemos nas telas de Amelia Toledo, contudo, é uma investigação sobre a própria pintura, pelo uso e extroversão de seus padrões esquemáticos que se dá pela cor. O tensionamento entre tons de cores tão próximas dividindo o mesmo retângulo produz um tipo de vibração que, embora cause um efeito mais imediato à visão, mobiliza também, a um olhar mais demorado, outros sentidos.

 

 

Sobre a artista

 

Amelia Toledo nasceu em São Paulo, SP, em 1926. Vive e trabalha em São Paulo. Sua produção é marcada pelo uso de materiais distintos como bolhas de espuma, líquidos coloridos, pedras, conchas, chapas de alumínio ou acrílico e evidenciam um interesse profundo pelas questões da matéria, seja ela orgânica ou industrial. Transitando constantemente entre o controle formal e a intuição, Toledo investiga as relações que construímos com o espaço a partir da nossa sensibilidade às cores, substâncias, volumes, texturas e dimensões. Há nisso uma reflexão filosófica sobre os aspectos da linguagem, e que passa também por uma curiosidade científica sobre as estruturas não só do pensamento e dos sentidos, como também da própria natureza. Seu envolvimento com a ciência vem desde muito pequena, quando aprendeu, ainda criança, a manipular microscópios com seu pai que era cientista. Amelia Toledo, no entanto, gosta sempre de lembrar: “Se meu trabalho tem algo com a ciência, é com uma ciência ligada à intuição e a outros enfoques que não o racionalista”.

 

 

Até 18 de outubro.

Adriana Varejão na Gagosian/LA

“O barroco sempre conecta dois extremos, como a luz e a sombra, em um corpo, uma pintura. História fora contra um corpo selvagem dentro, cultivado e não cultivado, cozido e não cozido, ganância e expressionismo, racionalismo e irracionalismo, frio e quente.”

 

 

Adriana Varejão

 

A Gagosian, Los Angeles, apresenta “Interiores”, exposição individual de Adriana Varejão, uma das artistas contemporâneos mais renomadas do Brasil. Um projeto colateral do Horário Padrão do Pacífico: LA / LA, esta é a primeira exposição da West Coast de Adriana Varejão e inclui importantes empréstimos do Brasil e da Europa em uma pesquisa selecionada dos últimos vinte anos.

 

Empreendendo o pluralismo cheio da identidade brasileira e as diversas implicações do intercâmbio social, cultural e estético, as formas artísticas sem precedentes de Varejão – que englobam pintura, escultura e instalação de vídeo – alcançam o tempo e o lugar, expondo a natureza multivalente da história, da memória, e representação cultural.

 

Em “Interiores”, o drama espacial do barroco assume muitas formas: do disfarce das geometrias legais do Minimalismo; à incerteza que interrompe a lógica perfeita da superfície pintada; às ruínas da arquitetura euclidiana, grossas de carne, sangue e gordura. Nas pinturas da sauna, Varejão inventa câmaras revestidas em grades monocromáticas intricadas e pintadas, lembrando as grades perspectivas subjacentes às obras-primas renascentistas, bem como as geometrias do reino digital moderno. Em O iluminado (The Shining) (2009), o amarelo vibra em todo o espectro de cores, sua energia brilhante é sublinhada por variações de tonalidade aparentemente infinitas. Os espaços abstraídos retratados nessas pinturas são ao mesmo tempo familiares e estranhos, recordando casas de banho, piscinas, matadouros e hospitais – lugares de rotina e lazer, vida e morte. Feixes de luz de uma fonte indetectável; sem saídas visíveis, os ambientes aparecem como labirintos psicologicamente carregados, limiares sedutores para o olhar do espectador. Na pintura singular intimamente dimensionada, The Guest (2004), pools de sangue em azulejos brancos, um traço forense do corpo e sua vulnerabilidade.

 

Parede com incisões á la Fontana (2000) mostra uma parede de azulejos azul claro, cortada verticalmente, como as telas de Lucio Fontana. No entanto, em vez de revelar vazios, a tela de Varejão sangra com seus cortes profundos, criando uma equivalência com o corpo humano, recorrendo à tradição barroca de pintar carne lívida. Para Varejão, a carne é uma ferramenta simbólica, infundindo o comum com um erotismo inerente para agitar a atração e a repulsão. Senta-se embaixo e entre as superfícies de azulejos de suas ruínas de charque, esculturas de paredes e pisos cujos títulos se referem a locais reais em Portugal, Brasil e Itália. Em Rome Meat Ruin (2016), seções de azulejos amarelo pálido, azul e branco se encontram ao longo de um fragmento de canto reto e alto, apenas para entrar em eretas em massas de vísceras vermelhas profundas. E em Açougue Song (2000), os pedaços de carne estão amarrados na tela, inteiramente revestidos com um efeito monocromático branco crepitante inspirado nas morfologias da cerâmica cintilante da dinastia Song.

 

Estas fraturas de superfície tornam-se mais profundas, chegando à geologia, nas pinturas de Azulejão (“big tile”) de Varejão, feitas pela aplicação de uma espessa camada de gesso viscoso em tela e permitindo secar naturalmente durante um longo período de tempo. Em curso desde a primeira iteração em 1988, as pinturas baseiam-se na tradicional praça, azulejos vitrificados (azulejos) que foram a forma de decoração mais utilizada na arte nacional portuguesa desde a Idade Média. Absorvendo influências de artesãos mouros, pintura renascentista italiana, porcelana chinesa e decoração holandesa, o azulejo é uma metáfora para a mistura de culturas, seja pela força ou pelo desejo. Anteriormente, Varejão organizou suas pinturas em vastas grades, ecoando o uso tradicional do azulejo na arquitetura, mas com interrupções visíveis nos esquemas narrativos; ou criou grandes obras individuais cujas imagens – seja um padrão geométrico, um florescimento sinuoso ou um motivo figurativo – se movam para a abstração. Os monocromos mais recentes – cada uma variação de porcelana “branca” – com suas superfícies abertas, são tão sísmicas quanto sublimes.

 

Durante o Horário Padrão do Pacífico: LA / LA, Transbarroco, a única instalação de vídeo multi-canal de Varejão até à data, também estará em exibição pela primeira vez nos EUA, após apresentações recentes no Brasil, Portugal e Itália. Este trabalho convincente, filmado no local no Brasil, capta em varrendo, leva detalhes específicos dos notáveis ​​interiores de igrejas barrocas que relacionam a história de intercâmbio cultural e assimilação, sublinhado por um intercalamento de colagem de som ambiente com recitações de escritos-chave sobre a identidade brasileira.

 

 

Até 25 de outubro.

Maiolino em LA

Esta primeira retrospectiva sobre o trabalho da artista brasileira Anna Maria Maiolino nos EUA, reúne em cinco décadas, pinturas, desenhos, vídeos, performances, esculturas e instalações em larga escala para traçar o caminho de uma artista extraordinária.

 

O MOCA – Museum of Contemporary Art, Los Angeles, apresenta a primeira grande exposição de pesquisa de Anna Maria Maiolino, uma das mais influentes artistas brasileiras de sua geração. Anna Maria Maiolino nasceu na Itália – em 1942 – e emigrou com sua família, na adolescência, para a Venezuela. Em 1960, mudou-se para o Brasil para participar da Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, onde começou a desenvolver um corpo de trabalho em diálogo com abstração, minimalismo e a arte conceitual. Seu trabalho foi profundamente influenciado pelo rescaldo da Segunda Guerra Mundial, a Ditadura Militar no Brasil e sua experiência como artista durante o período em que o que poderia ser chamado de arte mudou drasticamente. A exposição abrange toda a carreira da artista, desde a década de 1960 até o presente, reunindo impressões, desenhos, filmes, performances e instalações experimentais, incluindo suas recentes instalações efêmeras em grande escala, feitas com argila não cozida e laminada à mão. O trabalho de Anna Maria Maiolino é exclusivamente capaz de traçar o curso dos movimentos que definem a História da Arte Brasileira, canalizados através de uma prática pessoal, psicologicamente carregada que traça seu próprio caminho introspectivo, tanto quanto abre sobre grandes questões filosóficas de repetição e diferença, o transitório e os problemas permanentes e estéticos como o sólido e o vazio e a relação íntima entre o Desenho e a Escultura.

 

 

 

Até 27 de novembro.