Seminário Internacional

06/abr

O “Seminário Internacional Cidade em Transe”, que terá a participação de artistas, fotógrafos, curadores, geógrafos, assistentes sociais, historiadores, entre outros profissionais, o seminário discutirá a cidade sob diferentes perspectivas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Salão de exposições 2.3 – segundo anda, nos dias 06 e 07 de abril. A organização é de Laura Burocco e MAM Rio com o patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, através da Superintendência de Museus. O seminário apresentará ainda diálogos estabelecidos por alguns artistas em diferentes cidades onde tiveram ocasião de trabalhar, com uma atenção especial à cidade do Rio de Janeiro.

 

O seminário terá a participação dos artistas Pablo Ares, Guga Ferraz e Pedro Victor Brandão, do fotógrafo Mauricio Hora, do historiador Claudio de Paula Honorato, da curadora Beatriz Lemos, da assistente social Evelyn Serra Parente, entre outros.

 

“Perspectivas desafiadoras sobre a questão urbana, para além da esfera acadêmica, têm surgido nos últimos anos em trabalhos de numerosos artistas. Essas práticas, que acabam se envolvendo na concepção e na espacialidade da vida urbana, criam um diálogo entre o material e o imaterial, o objetivo e o subjetivo, o sujeito e o objeto, as ideologias e as representações, procurando formas diferentes de comunicar a experiência urbana”, afirma Laura Burocco.

 

“A partir do entendimento do espaço que incorpora o quadro físico, e também o mental e o social, os trabalhos apresentam as próprias práticas de ocupação. Nesse sentido, interessa revelar a mútua interferência entre a cidade e o artista; o trabalho e o espectador; entre a realidade e sua representação”, diz Laura Burocco.

 

No dia da abertura do seminário, foi lançado o livro “Trajetória: cursos e eventos MAM Rio”, de Elizabeth Catoia Varela, curadora do Departamento de Documentação e Pesquisa MAM Rio. A publicação traz os cursos e eventos realizados pelo MAM Rio ao longo dos 67 anos de existência do museu, que tiveram grande importância no cenário artístico carioca e nacional. A documentação foi tratada e inventariada a fim de que sua divulgação reforce a missão do museu e também contribua para futuras pesquisas sobre o cenário cultural da cidade e do país.

 

Programa:

 
DIA 06 DE ABRIL DE 2016 – CIDADE MUNDO

 
14h – Abertura – Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, presidente do MAM; Mariana Várzea, Superintendente de Museus, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro; Elizabeth Catoia Varela, curadora do Departamento de Documentação e Pesquisa MAM; e Luiz Pizarro, artista plástico e curador de Educação do MAM.

 

14h20 – O território da cidade: um convite à ação • A cidade e suas transformações: Produção alienadora e indícios de insurgência, por Álvaro Ferreira; • Mapeamento coletivo: o uso de dispositivos gráficos para ativação de práticas colaborativas e relatos críticos sobre os territórios, pelo coletivo Iconoclasistas/ Pablo Ares.

 

16h30 – Diálogos entre Espaços Outros • A garantia de direitos das pessoas em situação de rua, por Evelyn Parente / Secretaria do Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro • Cidade e estéticas marginais, por Stanley Vinicius • Apologia à bagunça: Rastros de contramemória na metrópole especulada, por Raphael Soifer.

 

 

DIA 07 DE ABRIL DE 2016 – CIDADE RIO  

 

14h – Práticas de Ocupação da Cidade • Arte e esfera pública. Arte como gatilho sensível para a produção de novos imaginários, por Brigida Campbell • Projeto Pedregulho: uma experiência de residência, por Beatriz Lemos • O projetor como ferramenta de ação direta, por Coletivo Projetação / Ernesto Fuentes Brito • Imagem e desvios na paisagem, por Pedro Victor Brandão • Arte-intervenção, suportes inusitados, diálogo com equipamentos urbanos e a gentrificação do grafite, por Mario Band’s.

 

 

16h40 – Entre realidade e representação: a região portuária do Rio de Janeiro • História, memória, patrimônio, escravidão e reparação na pequena África: O caso do cemitério dos Pretos Novos, por Claudio de Paula Honorato • Zona Imaginária, por Mauricio Hora • O Corpo do Processo, por Guga Ferraz.

 

 

17h30 – Debate | Encerramento Fernando Cocchiarale

 

 

Sobre os participantes:

 

Laura Burocco – Formada em Direito pela Universidade de Milão, tem especialização em Políticas Internacionais e Desenvolvimento pela Universidade de Roma; pós-graduação em Sociologia Urbana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e um Master in Building Environment em Habitação pela Universidade de Witwatersrand WITS, de Johannesburg. Sua área de pesquisa: políticas urbanas e desenvolvimento, criatividade, vigilância, ações coletivas e cidadania insurgente, intervenções políticas em arte pública.

 

Álvaro Ferreira – É pesquisador 1D do CNPq. Tem graduação em geografia pela Uerj (1996), mestrado em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ (1999) e doutorado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (2003). Fez Pós-Doutoramento com o professor Horacio Capel na Universitat de Barcelona (2009). É professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Professor Associado da Uerj.

 

Pablo Ares – Artista, designer gráfico e um dos fundadores do grupo Iconoclasistas. Desenha cartografias desde 2000 e criou diversos dispositivos gráficos e visuais apresentados em oficinas de mapeamento coletivo, realizadas na América Latina e na Europa. Com Iconoclasistas, participou de diversas mostras de arte em países como Espanha, Alemanha, Áustria, Estados Unidos, Chile, México, Brasil, Argentina, Líbano, Equador, Austrália, entre outros.

 

Evelyn Serra Parente – Assistente social formada pela UFF em 2002. Atualmente diretora do Centro Pop Barbara Calazans e do Centro Interprofissional de Apoio à Criança e ao Adolescente (Ciaca).

 

Stanley Vinicius – Formado em artes cênicas com habilitação em cenografia e indumentária pela Escola de Belas Artes/UFRJ. É mestre em aumstrategien – Arte em espaço público pela Kunsthochschule, Berlim. Desde 1991, vive na Alemanha, onde atua como cenógrafo e artista visual realizando trabalhos em artes cênicas, artes visuais e videoinstalação. Claudio de Paula Honorato – Mestre em História pelo PPH/UFF e doutorando em História pela PPGH/UNIRIO, é coordenador do Núcleo de Pesquisa do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, coordenador do Curso de Pós-graduação Lato-sensu em História da África e professor de História da África da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Duque de Caxias – Feuduc. Atuou como consultor na elaboração do dossiê de candidatura do Cais do Valongo a Patrimônio da Humanidade para o Comitê Cientifico da Unesco e membro efetivo da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil OAB/RJ.

 

Mauricio Hora – Nascido e criado no Morro da Providência, é fotógrafo de renome internacional, com mais de 20 anos dedicados à fotografia. Foi autor e fotógrafo do “Projeto Favelité”, que em 2006 cobriu as paredes da estação do metrô Luxemburgo, em Paris.

 

 
Guga Ferraz – Artista visual, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduado em escultura pela Escola de Belas Artes/UFRJ. A partir do ano 2000, passa a integrar o grupo “Atrocidades Maravilhosas”, realizando trabalhos de intervenção urbana na cidade do Rio de Janeiro. A intervenção é o meio mais utilizado pelo artista, questionando temas como a violência urbana, as relações entre indivíduo e cidade e a própria cidade como lugar.

 

Raphael Soifer – Performer e pesquisador norte-americano, radicado no Brasil desde 2007. Seu trabalho tem como foco a vida social e política das ruas, as estéticas de poder, a memória incorporada e a interatividade urbana. Suas performances incluem “Tradição é aquilo que diz que não acaba nunca” (2015); “Pesquisas lapianas: Pombagiras” (2011); e “Cada um no seu quadrado” (2010), explorações da crescente privatização e militarização do espaço público carioca.

 

Pedro Victor Brandão – Artista visual, trabalha com fotografia, performance e práticas sociais. É graduado em Fotografia pela Universidade Estácio de Sá (2007-2009) e atendeu aos cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2005-2010 e 2015). Desenvolve séries de trabalhos considerando diferentes paisagens políticas em pesquisas sobre economia, direito à cidade, cibernética social e a atual natureza manipulável da imagem técnica.

 

Mario Band´s – Formado em comunicação social, publicidade e propaganda, foi estudante da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É um comunicador, arte-educador e grafiteiro. Artista interventor urbano com obras marcadas pelo intenso uso da geometria e precisão no trabalho com luz, sombras e cores.

 

 
Brígida Campbell – Artista, pesquisadora e professora do curso de graduação em artes vsuais da Escola de Belas Artes da UFMG. Doutoranda em artes visuais na Escola de Comunicações e Artes da USP. Mestre em Arte e Tecnologia da Imagem pela EBA-UFMG.

 

Beatriz Lemos – Mestre em História Social da Cultura (PUC-Rio). Em colaboração com o MAM/Rio, coordenou o projeto de catalogação dos documentos e da obra de Márcia X (1959-2005). Atua como curadora especializada em artes e redes digitais. Durante o primeiro semestre de 2015, realizou a etapa de pesquisa Lastro pela América Central, viajando com 12 artistas e três curadores brasileiros, entre Panamá, Costa Rica, Guatemala e México. Desde setembro de 2015, integra o programa Curador Visitante da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, que desenvolve para a Biblioteca e Centro de Documentação e Pesquisa.

 

Coletivo Projetação – O Projetação é um coletivo autônomo de mídia-ativismo que luta pela democratização da cultura e dos meios de comunicação. Tendo o projetor como ferramenta e acreditando na força da ação direta, o grupo usa qualquer superfície da cidade para gerar reflexão e produzir contra informação, mostrando uma realidade que não é vista nos grandes meios de comunicação. Ao participar de manifestações, organizar cineclubes e fazer outras ações audiovisuais, tem como objetivo: divulgar as pautas daqueles que lutam contra o machismo, o genocídio indígena, a criminalização da pobreza, a violência e o genocídio do povo negro e da favela, pelo direito à moradia, pelas causas LGBT e pelo fim da militarização da PM, por exemplo.

 

Erika Verzutti no Pivô

O Pivô, Edifício Copan, loja 54, Avenida Ipiranga, 200, Centro, São Paulo, SP, apresenta a exposição individual “Cisne, Pepino, Dinossauro” de Erika Verzutti, dentro de seu Programa Anual de Exposições. Trata-se da primeira exposição individual da artista em uma instituição brasileira. Serão exibidos quatro trabalhos, sendo duas obras inéditas concebidas especialmente para o espaço do Pivô.

 

Verzutti exibe um conjunto enxuto de trabalhos, acentuando a aridez do espaço expositivo do Pivô, ao mesmo tempo em que oferece uma síntese de seu pensamento escultórico. Ao observar juntos nesse espaço dois trabalhos mais antigos – “Tarsila com Novo”, de 2011 e “Nessie”, de 2008 -, e os monumentais “Cisne Bambolê” e “Cisne Passarela”, produzidos na ocasião dessa exposição, o visitante entra em contato com importantes momentos dos seus mais de dez anos de produção.

 

O gesto de puxar verticalmente a argila para cima, testando possíveis pontos de sustentação, é recorrente na obra de Erika Verzutti e resulta em formas que, segundo a artista, referem-se diretamente à pintura “Sol Poente”, de 1929, de Tarsila do Amaral. A artista toma emprestada essa forma da pintora modernista com a mesma fluência com que manuseia o material mole, transformando o que Tarsila descrevia como um tronco que via da janela da fazenda* em pescoços de cisnes e dinossauros, pepinos, pés engessados e todo um léxico de associações formais que a acompanham há muitos anos.

 

O primeiro cisne, “Cisne com Pincel”, de 2003, modelado em argila crua pintada, encontra seu ponto de sustentação em um pincel – talvez o próprio pincel com que foi constituído -, num gesto metalinguístico que anunciava há mais de uma década as palavras citadas pelo ator que contracena com a escultura “Cisne com Palco”, de 2015, em uma espécie de monólogo tragicômico e autorreferente escrito pela artista e realizado recentemente no Sculpture Center em Nova Iorque.

 

As obras de Erika Verzutti nunca são assépticas: admitem o erro e associam, sem cerimônia, objetos banais e escalas domésticas a referências canônicas da história da arte, incorporando elementos mágicos e misteriosos. Suas formas guardam rebarbas, respingos, amassados mas essas marcas de manufatura não escondem o rigor conceitual e de execução empregados em cada uma de suas peças.
Nos novos trabalhos que se moldam a partir do espaço do Pivô, os pescoços gigantes dos cisnes encontram e respondem à escala e às curvas improváveis de sua arquitetura. As pesadas chapas de ferro que acompanham os cisnes, modelados em isopor, papel e fibra de vidro, são como uma espécie de versão “adocicada” – ou “caseirinha”, nas palavras da artista -, das viris chapas de metal dobradas industrialmente de Richard Serra ou Amílcar de Castro. A longa passarela sustentada pelo “Cisne Passarela” e o palco redondo insinuado no “Cisne Bambolê”, aguardam altivos e um tanto melancólicos, a presença do público, esperando quem queira ativá-los, como uma espécie de esfinge que se insinua, mas não esconde o seu perigo: decifra-me ou devoro-te.

*(AMARAL, Aracy A. Tarsila: sua obra e seu tempo. 34. ed. São Paulo)

 

 

Sobre a artista

 

Erika Verzutti nasceu em 1971 em São Paulo. Entre suas principais exposições estão:, “Swan with Stage”, Sculpture Center, Nova Iorque, EUA (2015), 34º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP, São Paulo (2015), “Mineral”, Tang Museum at Skidmore College, Nova Iorque, EUA (2014), “Under the Same Sun: Art from Latin America Today”, Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque, EUA (2014), “Carnegie International”, Carnegie Museum of Art, Pittsburgh, EUA (2013), 9ª Bienal do Mercosul, Fundação Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2013), ), “Home Again”, Hara Museum of Contemporary Art, Tokyo, Japan (2012) e 11º Biennale de Lyon, Lyon, França (2011). Em 2016, a artista participará ainda da 32ª Bienal de São Paulo e do SITE Santa Fé (EUA).

 

Sobre o Pivô

 

Como uma ideia se transforma em um objeto de arte ou em uma exposição em nosso tempo? E qual é a relação desses objetos e exposições com seus entornos e a história da arte? Essas questões são fundamentais e se renovam a cada geração de espectadores de arte contemporânea. Em plena efervescência cultural do centro expandido de São Paulo – e com essas questões sempre em mente -, o PIVÔ nasce como um espaço de arte autônomo e sem fins lucrativos, que dedica mais atenção às particularidades de cada projeto e propicia possibilidades de atuação mais flexíveis aos artistas e pesquisadores convidados.

 

A programação do PIVÔ se articula através de exposições, projetos específicos, workshops, ateliês temporários, residências, atividades educativas e palestras divididas entre o Programa de Exposições Anual e o PIVÔ Pesquisa. Sua estrutura segue se desenvolvendo paralelamente à sua programação, num processo aberto e em constante mutação. E sua missão talvez seja justamente repensar um modelo institucional para as artes visuais no Brasil – que, ao mesmo tempo em que assegure a autonomia criativa dos artistas, assuma responsabilidades com seu entorno, para assim quem sabe estender essa autonomia de pensamento ao público visitante. Desde sua inauguração, o objetivo sempre foi proporcionar aos artistas, a todos os que trabalham na programação e aos frequentadores do espaço, um contexto para reflexões críticas além de experiências estéticas.

 

O PIVÔ busca novos modelos de gestão e financiamento, articulando parcerias e oferecendo alternativas de apoio a artistas, críticos, curadores e produtores culturais em esfera nacional e internacional. Em dois anos de existência, a instituição realizou cerca de 30 projetos, acolheu em seu espaço uma média de 210 artistas de 15 países diferentes e recebeu cerca de 30 mil visitantes desde sua inauguração.

 

 

Até 28 de maio.

Trânsito dos Infernos

O Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta a exposição individual “Trânsito dos Infernos – 2012/2015”, de Tiago Carneiro da Cunha, a primeira do artista desde sua participação na 30ª Bienal Internacional de São Paulo com “A Iminência das Poéticas”, em 2012, que destacou seu trabalho em escultura e vídeo. A mostra reúne cerca de vinte  pinturas a óleo sobre tela, como resultado de uma pesquisa inédita em sua carreira.  Dentre elas, está a que empresta o título à exposição, cujo cenário de carros sob um céu vermelho apocalíptico dita o tom crítico e dramático do que vem a seguir.

 

A fascinação pelo gesto, intensamente explorado nas esculturas, está de volta nesta série através do traço, que trabalha um humor corrosivo, porém marcadamente sentimental. Personagens e paisagens são totalmente reconhecíveis, embora distorcidos pela emoção, dotados de auras e intenções visíveis.  Sua abordagem iconoclasta evoca as qualidades do belo e do feio com igual sensualidade, até serem confundidas por completo. A utilização de uma paleta de cores puras, em contrastes marcados por uma ampla gama de densidades e intensidades, realça ainda mais a expressividade dramática dos trabalhos de Tiago Carneiro da Cunha.

 

As obras expostas foram selecionadas através de um processo intuitivo do artista, a partir de uma vasta produção realizada ao longo dos seus quatro últimos anos de pesquisa, nos quais utilizou do improviso para a abordagem de cada uma das telas, em poucas e rápidas sessões de trabalho, num longo (por vezes arriscado) jogo de erros e acertos.

 

 

Sobre o artista

 

Tiago Carneiro da Cunha nasceu em São Paulo em 1973 e atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre suas exposições recentes, destacam-se suas participações em: “Prospect 2013”, Museum of Contemporary Art San Diego, San Diego, EUA, 2013; “Sobrenatural”, Estação Pinacoteca, São Paulo, 2013; “A Iminência das Poéticas”, 30ª Bienal Internacional de São Paulo, 2012; Tiago Carneiro da Cunha & Klara Kristalova, SFMOMA, San Francisco, EUA, 2011; Bienal de Liverpool, 2002; Bienal de Sydney, 2002.Também atua como curador, tendo organizado as mostras: “Law of the Jungle”, Lehmann Maupin Gallery, Nova York, 2010; “ Drunkenmasters”, Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, 2004. Sua obra está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: MAM-Rio; MAR,  Rio de Janeiro;  Saatchi Collection,  Londres; SFMOMA, San Francisco, USA; TBA21, Áustria, entre outras.

 

 

Brunch SP-Arte: Sábado, 09 de abril de 2016, das 11h às 14h.

 
Exposição : até 07 de maio.

Para conhecer Benetazzo

A exposição “Antonio Benetazzo, permanências do sensível”, Centro Cultural São Paulo, Piso Flávio de Carvalho, SP, reúne cerca de 90 desenhos realizados por este artista e militante político, brutalmente assassinado pelo regime militar brasileiro em 1972. Autor de uma obra desconhecida do público, que ficou por décadas guardada nas residências de seus amigos e familiares, Benetazzo ressurge em uma mostra inédita dedicada inteiramente à sua trajetória artística, na qual, além da apresentação de seus principais trabalhos, estão presentes objetos pessoais e documentos de origem biográfica. A exposição é dividida em sete partes, nas quais revelam-se eixos temáticos e variedades estilísticas de uma obra pulsante produzida entre 1963 e 1972. A curadoria é de Reinaldo Cardenuto, uma realização da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Secretaria Municipal de Cultura e Centro Cultural São Paulo com apoio do Instituto Vladimir Herzog.

 

Haverá ainda exibição do curta-metragem “Entre imagens (intervalos)”, filme-ensaio em torno da vida e obra de Antonio Benetazzo; lançamento de um livro com textos e reproduções dos desenhos realizados pelo artista.

 

Para o crítico Silas Martí que recomenda uma visitação, “Quase desconhecida, a obra deste artista italiano radicado em São Paulo e assassinado de forma brutal por agentes da ditadura militar nos anos 1970 é alvo agora de uma grande exposição no Centro Cultural São Paulo. A mostra põe em evidência a potência de um trabalho de forte carga política e ao mesmo tempo de grande ousadia formal para a época, com um diálogo poderoso com os experimentos dos artistas pop do país, como Wesley Duke Lee”.

 

Até 29 de maio.

Rio Colors na New Creatrors

04/abr

Pela primeira vez, a Alpha’a, plataforma que tem à frente Manuela Seve e Renata Thomé, e que possibilita conexões diretas entre artistas e o público, apresenta em São Paulo, na New Creator´s, Cerqueira César, São Paulo, SP, uma exposição de artistas de sua comunidade. Esta mostra trás trabalhos de oito artistas brasileiros que colaboram com o projeto e que já tiveram os seus trabalhos selecionados e reproduzidos como múltiplos.

O grupo tem caráter heterogêneo, reúne indivíduos com formações, estilos e perspectivas diversas, como o advogado Felipe Bretz que participa de sua primeira exposição, até artistas mais experientes como Gabriela Noujaim, que participou da Bienal do Porto, Portugal, no ano passado.  No entanto, o que unifica este grupo é o talento incontestável de cada indivíduo, reconhecido não apenas por aqueles profissionais envolvidos na curadoria da exposição mas também através do voto popular.

 

O evento ocorre através de uma parceria firmada com o espaço conceito New Creators.

 

 

Sobre os artistas

 

Clara Diegues é arquiteta formada. Em 2013 começou a desenvolver outra forma de se expressar para além dos desenhos técnicos.  Com referências do ready-made e da Pop Art, seus registros do “efêmero, mutante e trivial” são a matéria prima de seu ainda recente trabalho, experimentações em constante autodescoberta.

 

Cynthia Dias é fotógrafa e ilustradora. Após passar pelo curso de História da Arte na Universidade de Coimbra, entre 2010 e 2012, se utiliza das bases firmada na artes clássicas e na cultura popular para produzir um imaginário que reflita uma visão de mundo em que o lúdico e o terreno se fundem.

 

Duca Bretz é advogado. Desde 2009 adotou a pintura “…como aparelho para desligar a mente do trabalho, após às 20h”. O dom surgiu nas reuniões de trabalho com “rabiscos” em papel. Hoje são mais de 400 obras de todo o tipo, diversificadas entre aquarela, pinturas com carvão vegetal, canetas e lápis.

 

 
Gabriela Noujaim e uma jovem artista que vem desenvolvendo o seu trabalho paulatinamente, desde o desenho, a gravura e objetos de cunho conceituais até a performance. Imagens, indumentária e força física são alguns ítens para os quais ela aponta e sobre os quais se debruça para reelaborar mensagens e resinificar as ações circenses.

Helio Mello Vianna tem uma formação multidisciplinar. Passou pelas áreas de Relações Internacionais, Produção Cultural, Cinema e é claro, Artes Visuais. Aluno bolsista da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, passou pelos programas de Fundamentação, Concepção e Desenvolvimento, dando ênfase em Pintura e Interfaces Contemporâneas.

 

Ju Martins fotografa por causa do seu desejo de congelar e eternizar momentos incríveis que a vida pode oferecer. Leva a vida sempre conectada a natureza, o que transparece na sua arte através do uso constante da luz natural. Ju Martins se diz”… apaixonada pelo abstrato, pelo movimento das coisas e pessoas e, principalmente, pelas cores fortes e contrastantes do mundo”.

 

Milton Antunes começou a se aprofundar mais e mais na fotografia, uma paixão antiga mas nunca levada a prática, após sofrer uma lesão medular quando tinha 17 anos. Hoje, quase duas décadas depois, usa o seu tempo para contemplar e refletir sobre as coisas ao seu redor, usando a sua arte para ajuda-lo a “construir (seu) castelo com as pedras que eu cat(ou) pelo caminho.”

 

Renato Wrobel é fotografo. Trabalha como freelancer para revistas e grandes empresas. Formado em jornalismo pela Universidade e em fotografia pelo Ateliê da Imagem, Escola da Imagem e London Media Academy.

 

Rodrigo Oliveira conta que é “…nascido e criado na vibrante cidade do Rio de Janeiro, desde pequeno me treinei à estar atento a tudo que acontecia ao meu redor. À partir do momento que adquiri meu primeiro aparelho fotográfico comecei a catalogar tudo que me chamava atenção. Minha missão como fotógrafo é encontrar beleza no despercebido e a compartilhar com o mundo. Aqueles momentos mágicos do dia-à-dia que são ignorados; desde as almas caridosas de pessoas à delicadeza da natureza. Tenho como missão agradecer ao Universo por ser tão generoso comigo eternizando em fotografias a magnificência de sua própria criação”.

 

 

De 02 de abril a 1º de maio.

Adriana Varejão em NY

01/abr

A partir de abril, a galeria nova iorquina Lehmann Maupin vai apresentar sua sexta exposição individual da artista brasileira Adriana Varejão. A exposição traz obras de suas duas séries mais recentes: “Kindred Spirits”, formada por 29 retratos da artista usando pinturas de rosto e ornamentações de tribos nativas mescladas com intervenções de artistas minimalistas e contemporâneos; e “Mimbres”, obras que fazem referência à cultura visual dos povos Mimbres, que habitavam o sudoeste americano no século 11. Juntos, estes trabalhos corroboram o interesse de longa data de Adriana Varejão pelos efeitos do colonialismo sobre a estética de identidade.

 

Esta exposição vem como uma continuação da individual da artista em 2015 no Dallas Contemporary, onde a artista voltou-se para a história da arte em busca de inspiração. Agora, reunindo obras destas duas séries, Adriana Varejão mostra como a abordagem dos povos nativos americanos sobre linhas, cores e formas influenciaram a arte do século 20, especialmente o Minimalismo. Ambos os corpos de trabalho tecem historias de tradições artísticas distintas para enfatizar a evolução constante e a troca de influências que moldam a cultura e a identidade.

 

Adriana Varejão e Pedro Alonzo recebem os visitantes na galeria no dia 22 de abril, a partir das 17hs, para um bate-papo com entrada gratuita e aberto ao público em geral. A exposição permanece até 19 de junho. Em seguida, o trabalho de Adriana Varejão terá um destaque especial durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. A reprodução de sua obra “Celacanto produz maremoto”, que lembra azulejos portugueses e está exposta em Inhotim, MG, vai revestir a fachada do Estádio Aquático, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca.

 

Fonte: Touch of class

Artistas internacionais

31/mar

A mostra “O triunfo da cor. O pós-impressionismo: obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie”, que chega ao CCBB de São Paulo no dia 4 de maio, exibirá telas que sairão direto das paredes do Museu d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, ambos em Paris, e ocuparão o CCBB-SP até 07 de julho, seguindo depois para o CCBB-RJ, onde serão exibidas entre 20 de julho e 17 de outubro.

 
Serão reunidas 75 obras-primas, inéditas no Brasil, de uma geração de artistas que sucede aos impressionistas, e que recebe do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressionista. São obras de artistas como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat e Matisse, grandes mestres da pintura moderna, que promoveram uma verdadeira revolução estética por meio do uso da cor.

 

Considerado o período de transição entre o Impressionismo e o Expressionismo, o Pós-Impressionismo conecta-se ao trabalho de pintores que, entre 1880 e 1890, exploram as possibilidades abertas pelo impressionismo, em direções muito variadas.

 

“O Triunfo da Cor” se organiza em quatro módulos: “A cor científica”; “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a Escola de Pont-Aven”; “Os Nabis, profetas de uma nova arte”; e “A cor em liberdade”.

 

A entrada é gratuita e o acesso poderá ser agendado pelo aplicativo do CCBB, com o objetivo de evitar filas e aprimorar a experiência da visita.

 

Fonte: Touch of class

Projetos de Alan Fontes

30/mar

Os trabalhos de Alan Fontes entram em exibição na Sala A do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. O projeto de Alan Fontes, artista mineiro, foi contemplado pelo Prêmio CCBB Contemporâneo tem como tema a paisagem do Rio de Janeiro, contrapondo vistas de satélite com seu olhar da cidade, onde passou dois meses para criar a instalação “Poética de uma Paisagem – Memória em Mutação”, composta por pinturas e objetos.

 

Definida por Alan Fontes como “instalação pictórica”, a exposição parte de uma visão aérea (satélite) do segmento do centro histórico do Rio onde está o CCBB. Panoramas dessa área captadas digitalmente foram reproduzidas em cinco pinturas – óleo e encáustica sobre tela: a maior de  500 x 300cm e a menor, 70 x 90cm.

 

A pintura maior é baseada em uma imagem do Google Earth de 2009 da Praça XV e Candelária. O artista quis reproduzir essa paisagem que hoje já não é mais a mesma para levar o espectador a perceber a velocidade da passagem do tempo. Em outra tela, a Ilha Fiscal aparece distante de forma fictícia do continente, como parte de uma paisagem que se afasta e se perde. O Palácio Monroe, inaugurado em 1906 e demolido em 1976, também no centro do Rio, aparece em outra pintura, como exemplo da administração do planejamento urbano através das décadas. Completando o conjunto, duas pinturas de casas em estágio de demolição foram baseadas em fotos e desenhos feitos por Fontes durante sua residência artística no ateliê temporário na Fábrica Behring em 2015.

 

“Poética de uma Paisagem – Memória em Mutação” tem ainda itens achados e colecionados  durante os dois meses em que o artista andou pela cidade, como um sofá modernista, porta-retratos e molduras vazios, tapetes, um cabideiro, um aparelho de telefone,  azulejos copiados dos modelos hidráulicos da tradicional Confeitaria Colombo e um papel de parede geométrico, todos pintados de cinza, tirando-lhe a vida. “É como se “uma ‘morte’ ocorresse fora do campo pictórico”, define o artista.

 

O espaço expositivo está ocupado com o conjunto da pesquisa plástica realizada, contrastando duas formas de contato com a paisagem: o contato distanciado, possibilitado pelas ferramentas tecnológicas, e o contato vivenciado pelo sujeito estrangeiro que experimenta habitar um novo espaço urbano e criar uma forma particular de entendimento do novo contexto, na sua configuração histórica e nas suas regras cotidianas.

 

Bernardo Mosqueira, autor do texto de apresentação da mostra, resume: “… somos lembrados por Alan Fontes de que é preciso aprender constantemente formas originais de enxergar e de que tudo que há no mundo é capaz de produzir sentido para auxiliar a nos localizar no espaço e no tempo.”

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Belo Horizonte, MG, em 1980, Alan Fontes  vive e trabalha na capital mineira. É graduado em Belas Artes, com habilitação em pintura, pela UFMG e Mestre em Artes Visuais pela mesma instituição. Entre suas principais mostras individuais estão “Sobre Incertas Casas”, na Galeria Emma Thomas, São Paulo, 2015, “Desconstruções”, na Baró Galeria, São Paulo, 2014,  “La foule”, na Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, 2012, “Sweet Lands”, na Galeria de Arte Celma Albuquerque, Belo Horizonte, 2011 e “A Casa”, no Paço das Artes, São Paulo, 2008.

 

Participou de coletivas como Premiados Feira Internacional ArtRio, RJ, 2013, 10a Temporada de Exposições do MARP, Ribeirão Preto, SP, 2012, “Breve Panorama da Pintura Contemporânea em Minas Gerais”, Ouro Preto, 2010 e  “Pictórica”, Palácio das Artes, BH, 2006. Fez residências artísticas em “Pintura Além da Pintura” do CEIA, BH, 2006), 5ª Edição do Programa Bolsa Pampulha, Belo Horizonte, 2013 e Residência Baró, São Paulo, 2014, Recebeu o 1º Prêmio Foco Bradesco/ArtRio 2013, a Bolsa Pampulha 5ª edição em 2014 e o Prêmio CCBB Contemporâneo 2015.

 

Com patrocínio da BB Seguridade, a mostra abre na terça-feira, 5 de abril, às 19h30.

 

 

 De 06 de abril a 09 de maio.

 

 

 

Sobre o Prêmio CCBB Contemporâneo

 

O edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil de 2014 inclui, pela primeira vez, um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.

O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar esse espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou, entre 2010 e 2013, 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país.

 

A série de exposições inéditas, em dez individuais, começou com grupo carioca Chelpa Ferro, seguido das individuais de Fernando Limberger, Vicente de Mello, Jaime Lauriano, Carla Chaim, Ricardo Villa, Flávia Bertinato, Depois de Alan Fontes, virá Ana Hupe e Floriano Romano, até julho de 2016.

 

Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.

Baravelli, Os Sentidos

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta “Os Sentidos”, exposição individual do artista Luiz Paulo Baravelli. Após exibir em 2015 uma série de exposições retrospectivas – “Objeto versus espaço, abstração versus empatia” no Instituto Figueiredo Ferraz e outras duas individuais nas unidades da galeria de São Paulo e Ribeirão Preto, o artista retorna ao espaço de São Paulo e apresenta uma terceira exposição com trabalhos produzidos nos últimos seis meses. Com esse método, a galeria cria um arco histórico que acompanha a produção do artista por um período mais estendido, tentando entender cada época e contexto. O que ficou perdido e que pode ser encontrado, o que não foi executado e pode ser encenado, o que foi descartado e que pode ser resgatado.

 

Na atual exposição, Baravelli não retoma o que foi produzido no começo da década de 1980 – já que a produção é um parente distante e mais novo das obras produzidas para a Bienal de Veneza de 1984 e para a individual no mesmo ano da Galeria São Paulo. O que se apresenta é um pulo de 31 anos, o que ficou para trás e o que só agora faz sentido.

 

As caras de Baravelli não possuem corpos, são autônomas e vivem dentro de sua lógica. Sem corpo a cabeça pode escolher a perna que bem entender, o pé que achar mais interessante, a vida que quiser seguir. Essa lógica se estende a construção das obras – materiais dos mais diversos usos – tinta acrílica, encáustica, crayon, esmalte e goma-laca. Os materiais são utilizados sobre compensado recortado, as curvas dos trabalhos sugerem as imagens que são completadas pela pintura – uma mão que é cabelo e um cabelo que também é mão.

 

A escala dos trabalhos é algo fundamental, um rosto sem corpo que encara o espectador impondo uma presença intimidadora – a escala é maior que o corpo humano. Tem algo aí que não segue uma lógica linear. São apresentados 8 trabalhos na dimensão de 220 x 160 cm e uma série de desenhos-estudos que serviram de apoio para a construção dos trabalhos da atual mostra.

 

Perguntamos a Baravelli se ele gostaria de fazer o texto de sua própria exposição – já que por muitos anos o artista escreveu de forma disciplinar – ele enviou o seguinte texto:

 

“Perguntei certa vez a um estudante de Filosofia: ‘Como eles tratam da questão da arte na sua faculdade?’

 

A resposta:

 
“Não tratam – na filosofia não há lugar para o sensível.”

Não sei se ele estava certo, mas na hora e desde então, fiquei com uma sensação boa de estar todos os dias funcionando além de um limite.”

Depois disso perguntamos se ele podia nos explicar melhor o contexto e o que queria de fato dizer com esse excerto, ele nos respondeu utilizando-se de uma charada.

Sabemos que o universo de Baravelli é um lugar habitado por muitos outros seres e referências: recortes de jornais, História da Arte, humor, trabalho constante, uniforme, madrugadas etc etc etc. Tudo forma uma grande cena, um mundo vivido à parte e construído pelo próprio artista. As obras atuais funcionam como um resumo desses personagens: uma mulher recém-casada, um Armênio, um rapaz azul, uma jovem senhora, um estrangeiro, um turista, um padeiro e um ser rosado de difícil identificação.

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1942 na cidade de São Paulo, SP, onde vive e trabalha, Luiz Paulo Baravelli estudou arquitetura na FAU-USP, desenho e pintura na Fundação Armando Álvares Penteado e mais tarde, com o pintor Wesley Duke Lee, o qual exerceu grande influência em sua carreira. Sempre explorou diversos materiais e técnicas em suas obras as quais frequentemente aparecem em “suportes não-suportes” com formatos irregulares (recortes) e se transfiguram como a própria natureza humana e a natureza das coisas em geral. São imagens-objeto. Aborda um “consciente virtual” que mistura impulsos humanos, espaço, tempo e referências culturais e se torna uma representação que desafia a realidade aparente, uma mise en scène da sociedade contemporânea ao estilo do artista.

 

De 02 de abril a 21 de maio.

Projeto Parede – MAM/SP

28/mar

Para o “Projeto Parede” do primeiro semestre de 2016, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São paulo, SP, convidou o artista Nicolás Robbio, que apresenta a instalação “Ciclos”, concebida especialmente para ocupar o corredor de acesso entre o saguão de entrada do público e a Grande Sala do museu.  O trabalho consiste numa instalação feita com canos de água, uma pia e uma bomba hidráulica, que formam um circuito hídrico ao longo do corredor. O objetivo da obra é criar uma metáfora com o uso e reuso da água ao reproduzir um circuito em pequena escala, mas que faz pensar sobre todo um grande sistema que também abrange outras esferas como a econômica, política e social.

 

No processo de concepção de Ciclos, litros de água caem na pia e escorrem pelo ralo para entrar novamente no circuito, sendo reenviado à torneira pela bomba d´água. Todo processo é mostrado claramente para os visitantes e exibido no corredor em que se encontram os sanitários públicos do museu, aumentando a reflexão sobre o consumo. Na obra, o elemento em movimento não pode ser consumido, pois o sistema de canalização não permite que o líquido se regenere, como aconteceria num sistema aberto. Também fazem parte do esquema um motor que consume energia para circular a água, e um relógio que contabiliza as voltas ou consumo.

 

“O projeto faz parte de uma série de trabalhos que examina normas e preceitos existentes para questionar o funcionamento de sistemas enraizados que o nosso cotidiano nem enxerga ou encara como natural”, afirma Nicolás Robbio. A instalação pode ser vista como um sistema reduzido em escala, uma espécie de maquete experimental para que o público entenda melhor a engrenagem de um aparelhamento muito maior. “Creio que a obra seja como uma pequena célula que permite pensar no organismo todo, o que faz com que o público veja com lupa o círculo redundante e questione sistemas habituais em diferentes instâncias, mas que se tornam intrínsecas ao questionar sistemas das áreas política, social e econômica, ” conclui.

 

Segundo o artista, a obra ainda traz à tona outros questionamentos como: quando começamos a pagar pela água e pela energia que movimenta o circuito hídrico? Por que o sistema que abastece alguns bairros não funciona em outros? Por que não são criadas outras formas para captação de novos recursos? E, por fim, por que parece que se fatura mais na falta d’água do que na abundância? O objetivo do artista é indagar sobre o uso da água como negócio, além de elemento de subsistência, refletindo sobre quem lucra com a necessidade de muitos. “Será que o problema da água começou com a utilização do relógio de consumo? Analisar sistemas em pequena escala permite ver o problema também de forma macro para tentarmos entender e repensar nos sistemas atuais, ” esclarece Robbio.

 

 

Até 05 de junho.