Fotografias de Eggleston

16/mar

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta “William Eggleston, a cor americana”, maior exposição individual do fotógrafo norte-americano já realizada no mundo. A mostra apresenta 172 obras, pertencentes a coleções prestigiosas como a do Museu de Arte Moderna de Nova York, Museum of Fine Arts de Houston, acervo pessoal do artista e das galerias Cheim & Read e Victoria Mir.

 

William Eggleston é um dos maiores nomes da história da fotografia do século XX. Suas famosas imagens coloridas apresentam o cotidiano e a paisagem das pequenas cidades e subúrbios do sul dos Estados Unidos, a região natal do fotógrafo, durante os anos 1960 e 1970. Eggleston abriu novos caminhos para a fotografia ao mirar suas lentes nos elementos que simbolizavam a modernização americana (carros, estradas, supermercados, outdoors, shopping centers, estacionamentos, motéis), ao apresentar essa realidade em cores vibrantes, e ao registrar o próprio dia a dia, apresentando amigos, familiares e outros personagens em imagens que combinam intimidade e estranhamento. Nos anos de Elvis Presley e Martin Luther King, o sul dos Estados Unidos ainda vivia as cicatrizes do passado escravocrata, com intensos conflitos raciais e uma classe média interessada em usufruir dos novos padrões de consumo.

 

William Eggleston descobriu o sucesso em 1976, quando o influente John Szarkowski, na época diretor do departamento de fotografia do MoMA/NY, organizou uma exposição de suas fotografias coloridas na instituição. Até então, o preto e branco dominava a fotografia de arte. A exposição, que apresentava cenas prosaicas, uma liberdade na composição das imagens e apostava na sedução da cor – até então mais presente na fotografia amadora e publicitária –, tornou-se objeto de intenso debate entre a comunidade fotográfica, e foi duramente criticada. Ao longo dos anos, no entanto, a mostra se transformou num marco.

 

Hoje, as imagens de Eggleston estão entre as mais célebres da história da fotografia, com uma lista de admiradores que vai da fotógrafa Nan Goldin ao músico David Byrne, do cineasta Wim Wenders ao brasileiro Karim Aïnouz. Filmes como “Elefante”, de Gus Van Sant, foram notoriamente inspirados no universo visual do fotógrafo. Tanto Van Sant quanto David Byrne convidaram Eggleston para colaborar em seus projetos.

 

“William Eggleston, a cor americana” é uma das maiores exposições já realizadas sobre o artista e traz ao Brasil, pela primeira vez, uma extensa seleção de fotografias produzidas durantes as décadas de 1960 e 1970, considerados os anos de ouro do fotógrafo. Um dos núcleos da mostra reunirá boa parte das fotografias presentes na lendária exposição de 1976, no MoMA. Outras duas salas reunirão as imagens da série “Los Alamos”, resultado de diversas viagens de carro pelo sul dos Estados Unidos, do Delta do Mississippi à Califórnia, entre 1965 e 1974. Os dois conjuntos são formados por cerca de 150 raras e delicadas fotografias feitas através do processo de dye-transfer, uma técnica de impressão fotográfica quase extinta, que se tornou marca registrada do artista por permitir um controle preciso das cores e intensa saturação.

 

Mesmo os fãs de Eggleston se supreenderão com a exposição, que também trará obras menos conhecidas, mas não menos importantes, do período. É o caso do formidável conjunto de retratos feito com uma câmera de grande formato em 1974 e conhecido como 5×7, em referência ao tamanho das chapas usadas. É também o caso de um conjunto de cinco fotografias em preto e branco, feitas antes que Eggleston abraçasse definitivamente a cor. O filme experimental “Stranded in Canton” (Encalhado em Cantão), rodado em preto e branco entre 1973 e 1974, com registros íntimos e de noitadas com amigos nos bares de New Orleans será exibido em uma das salas da casa da Gávea.

 

William Eggleston, a cor americana tem curadoria de Thyago Nogueira, editor da revista ZUM e coordenador de fotografia contemporânea do IMS. O projeto expográfico é de Martin Corullon, do escritório Metro Associados, e a identidade visual é da artista gráfica Luciana Facchini.

 

 

Até 28 de junho.

Fórmulas abstratas

Abrindo a temporada de mostras da Sala dos Pomares em 2015, a Fundação Vera Chaves Barcellos apresenta, de 21 de março a 18 de julho 2015, a exposição “Nelson Wiegert I Fórmulas Abstratas”.

 

Com organização e expografia de Vera Chaves Barcellos e do próprio Nelson Wiegert, a exposição individual do artista destaca sua mais recente produção: fotografias de grande formato, em preto e branco, que reproduzem intervenções sobre fórmulas matemáticas, gerando imagens de grande força e rigor. A esse conjunto de trabalhos, o artista denominou de “Fórmulas Abstratas”.

 

A ideia da obra surgiu em uma visita ao Instituto de Mineralogia e Física de Munique no momento em que o artista observou fórmulas deixadas em um quadro negro. O trabalho é uma espécie de acerto de contas do artista com a matemática, campo do conhecimento humano que nunca antes havia despertado seu interesse.

 

A execução da obra revelou ao revelou ao artista um novo método de desenho rápido  sem a utilização do papel. “Por permitir apagar e refazer, o desenho a giz sobre o quadro é um ótimo método de trabalho, ágil e constante. Os desenhos selecionados são fotografados e computadorizados, podendo ser reproduzidos. As reproduções são igualmente selecionadas e, posteriormente, impressas como peças únicas. Com essa breve exposição, espero que este trabalho chegue ao espectador com o mesmo impulso livre que despertou em mim” – diz o artista.

 

A série ocupará toda a galeria do térreo da Sala dos Pomares. Desenhos, fotografias e  colagens que esclarecem sobre o processo de construção da obra de Nelson Wiegert poderão ser vistas pelo público no mezanino. A mostra exibirá trabalhos da coleção do artista e do Acervo da FVCB.

 

A exposição contará com uma programação paralela constituída por palestras com teóricos e visitas mediadas que integram o Programa Educativo da FVCB, que segue apostando no poder socialmente transformador da arte.

 

 

Até 18 de julho.

Rubem Grilo no Recife

A Prefeitura da Cidade do Recife, Secretaria de Cultura, Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM (Rua da Aurora, Boa Vista), Art.Monta Design e Artepadilla apresentam a exposição “RUBEM GRILO 1985 – 2015″. A mostra, já apresentada nas unidades Rio de Janeiro (2009), Salvador e São Paulo (2010), Brasília (2011) e Fortaleza (2012) da CAIXA Cultural, e em João Pessoa, na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes (2014), chega agora ao Recife, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães.

 

A exposição, que tem curadoria do próprio artista, um dos mais importantes xilogravadores brasileiros vivos, é um passeio pelos trabalhos realizados nos últimos 30 anos, com foco na produção realizada desde 2005. Apresenta 172 obras: 127 xilogravuras em diferentes formatos, 6 matrizes e 39 trabalhos realizados com colagens e desenhos.

 

Os desenhos e colagens, realizados entre 2009 a 2015, reúnem importante vertente do trabalho de Rubem Grilo presente na exposição. A mudança de tratamento e de visualidade, bem como o diálogo entre diferentes mídias, estabelecido pela síntese gráfica no pensamento da imagem, motivam o espectador a estabelecer sua própria leitura do universo visual criado pelo artista.

 

 

A palavra do artista

 

Como explica o próprio Rubem Grilo, o componente temporal da mostra reforça a ideia de um processo que inclui a busca de afirmação de identidade e, ao mesmo tempo, transformações em aberto: “Escolhi a xilogravura pelo fato de ela ser simples, direta, quase rudimentar, e me permitir o envolvimento com duas experiências básicas e complementares, o desenho e a gravação. Não se trata de uma escolha nostálgica. Tem a ver com uma visão de mundo, a concentração em mim mesmo, propiciada pela intensidade da prática manual e do olhar, em busca do aprimoramento e autoconhecimento por meio da dilatação da experiência”.

 

 

De 18 de março a 03 de maio.

Expoente da arte contemporânea argentina abre mostra no MAM Rio

13/mar

 

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Mutações” de Matías Duville. Primeira individual no Rio de Janeiro de um dos mais destacados artistas contemporâneos argentinos surgidos na última década. Detentor de grande visibilidade internacional, Duville colocou a arte argentina recente em posição de destaque tanto no circuito de exposições quanto no mercado. Suas obras estão presentes na coleção do Museu de Arte Moderna de New York – MoMA, Fundação Patricia Cisneros (New York), Fundação Arco (Espanha), Museo de Arte Latino Americana de Buenos Aires  – Malba, Tate Modern, entre outros.

 

Sob a curadoria do crítico Santiago Navarro, a mostra reúne 103 obras obras realizadas a partir do ano 2000. O curador propõe uma interpretação iconográfica de uma seleção de desenhos, pinturas e instalações nas quais aparecem recorrentemente quatro imagens-idéias estruturantes da produção do artista: mutação, abrigo, intempérie e imaginário, que mapeiam o percurso de sua poética e oferecem uma perspectiva complexa e abrangente dessas questões.

 

O trabalho de Duville “ao elaborar quase que sistematicamente imagens de casas, cabanas, lareiras, troncos ocos, interiores de corpos, animais, carros, aviões etc, sempre sob ameaça ou após uma devastação, explora assuntos ligados à intempérie contemporânea: o que significa o hábitat, o que é a proteção, o que é o território, o que é o limite, o que é o estado da matéria, e qual é a relação entre tudo isso com o primitivo e o ancestral. Em sua obra, distintas dimensões do subjetivo, aparentemente ausentes, são traduzidas a figurações de espaço, corpo e objeto. As imagens de paisagens, objetos na paisagem (ou no vazio), estruturas arquitetônicas e de engenharia, formas se deslocando, situações de observação, poderiam ser interpretadas como a espacialização de um ponto de vista peculiar sobre os territórios de instabilidade que impactam nos afetos e emoções do nosso presente”, explica Santiago Navarro.

 

A realização da exposição “Mutações” de Matias Duville busca consolidar o intercâmbio artístico entre Brasil e Argentina e intensificar as trocas e debates que extrapolam fronteiras territoriais e mostram a arte e sua multiplicidade. Com Adrián Villar Rojas, Eduardo Navarro, Eduardo Basualdo, Diego Bianchi, Pablo Acinelli, Tomás Espina e Leandro Tartaglia, Duville integra uma geração de artistas argentinos que ganhou visibilidade internacional a partir da primeira década de 2000.

 

 

Sobre o artista

 

Nasceu em 1974 em Buenos Aires, Argentina. Estudou na Escuela de Artes Visuales Martín Malharro, Mar del Plata (1995-1998). Entre 1999 e 2002, como bolsista da Fundação Antorchas, estudou com Daniel Besoytaorube em Mar del Plata e com Jorge Macchi em Buenos Aires. Participou do programa TRAMA (Mar del Plata, 2004) e dos “Talleres de Artes Visuales para artistas”, dirigidos por Guillermo Kuitca e organizados pelo Centro Cultural Rojas, da Universidade de Buenos Aires (2003-2005). Em 2013, o Drawing Center (Nova York) editou seu livro “Alaska”, com a totalidade dos desenhos do projeto homônimo. No mesmo ano, foi finalista do “Prix Canson” (Paris). Em 2011, ganhou a John Simon Guggenheim Memorial Foundation Fellowship. Foi artista residente em Flora (Honda, Bogotá, 2014), SAM Art Projects (Paris, 2013), Skowhegan (Maine, Estados Unidos, 2011), Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2010), Revolver (Lima, 2008), Civitella Ranieri (2007, Umbria, Itália) e RIAA (Ostende, Buenos Aires, 2005). Suas exposições individuais mais recentes foram: “Escenario, proyectil” (Galeria Luisa Strina, São Paulo, 2015), “Precipitar una especie” (Galeria Barro, Buenos Aires, 2014), “Karma-Secuencia-Deriva” (Galeria Revolver, Lima, 2014), “Life in an Instant” (Galeria Georges-Philippe & Nathalie Vallois, Paris, 2014), “Discard Georgaphy” (École des Beaux-Arts, Chapelle des Petits-Augustins, Paris, 2013), “Safari” (MALBA, Buenos Aires, 2012), “Los martes menta” (Galeria Revolver, 2012) e “Whistle” (Galeria Nueveochenta, Bogotá, 2011). Anteriormente, fez as individuais “Cover” (MUSAC, León, Espanha, 2007) e “Autocine” (MACRO, Rosário, Argentina, 2005). Possuem obra suas as seguintes coleções: MALI (Lima), MALBA (Buenos Aires), MAMBA (Buenos Aires), MUSAC (León), Jack S. Blanton Museum (Austin, Estados Unidos), MACRO (Rosário), MoMA (Nova York), CIFO (Nova York), Tate Modern (Londres) e Fundação ARCO (Madri). Vive e trabalha em Buenos Aires, Argentina.

 

 

De 14 de março a 10 de maio.

Inéditos de Fabio Innecco

A Galeria Modernistas, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Coleção Urbanidade”, assinada pelo pintor Fabio Innecco. Depois de passar pela Escola de Belas Artes, o artista recebeu o Prêmio Esso de Pintura, e outro concedido pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC, Isenção de Júri no Salão de Arte Moderna, além de ter participado de uma coletiva na Alemanha, entre outras individuais no Rio de Janeiro e São Paulo.

 

A exposição trata da idéia de renovação, misturando as linguagens visuais do moderno e contemporâneo. Na mostra atual, o artista apresenta doze trabalhos inéditos baseados em investigações gráficas de tintas e raspas de jornais. Sempre atento às questões referentes à forma, tamanho e geometria, Fabio costuma transparecer em seus trabalhos uma busca incessante da textura e superposição de cores. Fabio coloca seus temas de forma livre. O contexto urbano e ícones colhidos no cotidiano aparecem nesta exposição, que entre suas cores também agrega textos manuscritos, símbolos, signos, números e letras, causando a curiosidade de um discurso estético em uma tela plana.

 

Segundo Wilson Lázaro, diretor artístico da Galeria Modernistas, “…é possível fazer arte com todo e qualquer material, e Fabio consegue demonstrar isso na tela”, afirma.

 

 

De 14 de março a 26 de abril.

Made in Brasil

11/mar

Chama-se “Made in Brasil” a exposição inédita que reunirá na Casa Daros Rio, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, mais de 60 obras de alguns dos mais importantes artistas brasileiros da contemporaneidade. São instalações, fotografias, objetos, vídeos e desenhos de Antônio Dias, Cildo Meireles, Ernesto Neto, José Damasceno, Miguel Rio Branco, Milton Machado, Vik Muniz e Waltercio Caldas, todos pertencentes à Coleção Daros Latinamerica.

 

 

De 21 de março a 09 de agosto.

Gonçalo Ivo na Espanha

O pintor Gonçalo Ivo, radicado há 15 anos em Paris, realiza exposição individual na Galeria Materna y Herencia, Calle Ruiz de Alarcon 27, em Madrid, Espanha. Para esta ocasião, o artista selecionou 20 obras distribuídas entre pinturas em diversas dimensões e um conjunto de objetos pintados. Durante o evento, será lançado um livro de autoria de Martin Lopez-Vega sobre o trabalho recente de Gonçalo Ivo, com o selo da editora Papeles Mínimos, de Madrid.

 

 
A palavra de Martin Lopez-Vega

 
“…há uma geografia em sua pintura, fragmentos de musica, sons da selva e das ruas de Paris, marcas da pintura de Zurbaran e Ribera como também todas as cores do mar grego. A obra de Gonçalo Ivo, apesar de abstrata, contém um ritmo interno sutil e dela emana uma partitura pictórica que sugere lugares, lembranças, fatos ligados ao inconsciente.”

 

 
Sobre o artista

 
Foi aluno do pintor  Aluísio Carvão no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro nos anos 70. Recentemente expos na prestigiosa Galerie Boulakia em Paris onde obteve grande repercussão na mídia, inclusive uma extensa matéria no jornal Libération. Baseado em Paris, Gonçalo Ivo desenvolve uma carreira com sólidos resultados na Europa.

 

 
Até 31 de março.

Mamute com Fernanda Valadares

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “DEPOIS:”, individual de Fernanda Valadares. A mostra, com curadoria de Gabriela Motta, propõe um encontro de espaços a partir de um percurso horizontal feito pela artista no trecho de mais de 1.000 km e apreendido em uma série de pinturas de encáustica sobre compensado naval e cubos/objetos em chapas de aço com áreas de horizontes oxidados.

 

 

 
Texto da curadora

 
Antes, durante e DEPOIS:

 
A cena que me assalta é a seguinte: a caminho do trabalho, ao cruzar uma ponte sob a chuva, um professor impede uma jovem de se jogar. Depois disso – e do livro que ele acha com a menina – nada será como antes(1). Tenho a sensação de ter encontrado a Fernanda – seguramente não à beira de um abismo – mas em uma dobra importante do seu caminho. Conheci primeiro seu trabalho em encáustica: largos horizontes, delicados, precisos, sutis. Dois dias depois, ela mesma: gesticulando, cabelos amarrados com uma larga faixa, inquieta. Se a urgência e a agitação da artista não estavam na contemplação e no tempo expandido da obra que eu havia visto, estavam no que ela iria me falar.

 
Nesse encontro, as Migrações, com suas respectivas coordenadas geográficas – assim ela nomeia esses trabalhos, indicando o ponto de vista preciso de cada horizonte – ao contrário do que eu pensava, não eram a pauta. Fernanda queria falar de um projeto urgente, ainda próximo à paisagem, ainda tóxico ou árduo em função dos seus suportes, porém um projeto que lhe pedia para mudar violentamente de posição em relação a sua própria produção. Ela estava diante de um risco e não recuou.

 
Na exposição Depois: o que se vê são alguns desses trabalhos em encáustica, alinhados em um único e contínuo horizonte, como se pudessem expandir-se indefinidamente, e cinco cubos em aço corten, em diferentes tamanhos e situações. Em todos esses cubos – um aberto em cruz sobre o chão da galeria, outro absolutamente soldado, dois em vias de se fecharem e outro retorcido após ter sido arremessado de um helicóptero! – Fernanda oxida aqueles mesmos horizontes que encontramos nos trabalhos em encáustica. Encapsular a paisagem em um sólido geométrico – o seu horizonte – e depois arremessar este objeto de um helicóptero é uma atitude radical, um gesto que permite uma vasta gama de interpretações e abordagens. A minha primeira leitura do trabalho – porque tudo é muito recente, a ação, a artista, o vôo – é de que tudo isso está impresso na obra. Ou seja, o aço corten, tão importante na arte contemporânea, a paisagem oxidada cuja referência não é mais o horizonte da natureza mas aquele da sua própria obra anterior, as negociações para carregar o objeto num vôo e depois arremessar esse peso do céu, tudo isso está impregnado no trabalho lhe conferindo densidade.  A expansão indefinida de horizontes na obra de Fernanda está acontecendo no momento presente. E isso envolve a contração literal da paisagem em segredos cúbicos, objetos que encontram o mundo cheios de verdade.   (Gabriela Motta)

 
(1)Trem Noturno para Lisboa. Direção: Bille August, 2013.

 

 
Sobre a artista

 
Fernanda Valadares é Mestre em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais/UFRGS; Bacharel e licenciada pela Faculdade Santa Marcelina/São Paulo. Entre suas exposições individuais estão – À Beira do Vazio. Museu de Arte de Santa Catarina. Curadoria Paula Ramos (2014). O Sétimo Continente. Galeria Zipper São Paulo(Projeto Zip’Up). Curadoria Bruna Fetter (2014). Na Adega Evaporada. Museu de Arte Contemporânea do RS. Curadoria Paula Ramos (2014). Museu de Arte Extemporânea. Goethe Institut/Porto Alegre (2012). Exposições coletivas: De Longe e de Perto. Galeria de Arte Mamute. Porto Alegre. Curadoria Angelica de Moraes (2014). Gatomiacachorrolateegomata. Galeria Tina Zappoli. Porto Alegre/RS (2014). The War of Art: visions from behind the mind. The Safari, NYC. Curadoria Wyatt Neumann (2014). Poéticas em Devir. Galeria Mamute Porto Alegre/RS.  Curadoria Sandra Rey (2013). Um Novo Horizonte. Galeria Tina Zappoli. Porto Alegre/RS (2013). Contemporâneos Novos/ Diante da Matéria. 20 anos MAC/RS. curadoria Paula Ramos (2012). A artista participou de salões e premiações como o 65º Salão Paranaense, MAC/Curitiba. 42º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto/ Santo André. 64º Salão de Abril/CE. Fortaleza.Trabalho selecionado para o Acervo Museu de Arte Contemporânea do RS. XIII Concurso de Artes Plásticas Goethe Institut/Porto Alegre. I Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea. Ministério das Relações Exteriores. Fernanda Valadares é representada pela Galeria de Arte Mamute/Porto Alegre.

 

 

 
Sobre a curadora

 
É curadora, crítica e pesquisadora em artes visuais. Atualmente desenvolve pesquisa de doutorado sobre o artista Nelson Felix no Programa de Pós Graduação da Escola de Comunicação e Artes da USP. Faz parte do comitê de indicação do Prêmio IP Capital Partners de Arte – PIPA 2015. Em 2014, fez parte da comissão curatorial do prêmio Marcantonio Vilaça CNI-SESI/2014. Integrou, como curadora, a equipe do programa Rumos Itaú Artes Visuais, edição 2011/2013 e edição 2008/2010. Em 2012 desenvolveu projetos com as instituições MAC – USP, MAC Niterói e Fundação Iberê Camargo. Em 2010 foi contemplada com a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção Crítica em Artes Visuais. De 2008 à 2010, fez parte do grupo de críticos do Centro Cultural São Paulo. Como curadora realizou as exposições CANTOSREV, do artista Nelson Felix (Porto Alegre, 2014), Canto Escuro, do artista Luiz Roque (Porto Alegre, 2014), Um vasto Mundo, da artista Romy Pocztaruk (Curitiba, 2014), A invenção da Roda, da artista Letícia Ramos (Porto Alegre, 2013), as exposições coletivas Fio do Abismo (Belém, 2012); 41a Coletiva de Joinville (Joinville, 2011); Era Uma Vez um Desenho (Porto Alegre, 2010); Convivência Espacial ( Recife e Porto Alegre, 2010); O Corpo das Coisas (Jaraguá do Sul, SC, 2010); Terra de Areia (Florianópolis, 2009); Campo Coletivo (São Paulo, 2008); Linha Poa – Cxs (Caxias do Sul, 2007); entre outras. Integrou o projeto Arte e Identidade Cultural na Indústria, promovido pelo SESI-RS (2007-2008). É autora do livro “Entre olhares e leituras: uma abordagem da Bienal do Mercosul”, publicado pela editora ZOUK. Tem artigos publicados em diversas revistas especializadas e em catálogos sobre arte contemporânea.

 

 

 
A partir de  13 de março com visitação entre 16 de março e 30 de abril.

Bienal de Veneza

09/mar

Marcada para maio, a Bienal de Veneza acaba de anunciar a lista de artistas de sua mostra principal. Sônia Gomes, artista conhecida por sua obra delicada e a técnica do bordado, é a única brasileira no elenco da mostra organizada pelo nigeriano Okwui Enwezor.
Na lista de 136 artistas da mostra estão nomes polêmicos, como a performer cubana Tania Bruguera, mantida em prisão domiciliar em Havana desde a virada do ano pela tentativa de fazer uma performance na praça da Revolução, e o coletivo Gulf Labor, que denuncia abusos aos operários em obras como a filial do Guggenheim em Abu Dhabi.
Além de Sônia Gomes, outros quatro brasileiros estarão em Veneza: André Komatsu, Antonio Manuel e Berna Reale, no pavilhão brasileiro, e Tamar Guimarães, brasileira radicada em Copenhague, que terá uma obra no pavilhão belga.

 

Fonte: Silas Martí

Mostra de Christian Cravo

06/mar

Uma África plástica. Uma África inventiva. Uma África anti-clichê. O fotógrafo Christian Cravo revela sua visão do continente africano na exposição “Luz & Sombra” no Museu Afro Brasil, Portão 10, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, uma instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. A curadoria é de Emanoel Araújo, diretor curatorial do Museu Afro Brasil. A mostra é composta por 40 fotografias em preto-e-branco, resultado de várias incursões de Christian Cravo por seis países africanos: Namíbia, Botsuana, Zâmbia, Quênia, Uganda e Tanzânia.

 
A exposição já passou por Nova York, no ano de 2012, e por Salvador, onde ficou em cartaz entre setembro e novembro do ano passado, no Palacete das Artes.

 

 
A palavra do curador

 
“Há muito tempo apreciada em São Paulo, a fotografia de Christian Cravo é marcada pelo tratamento cuidadoso da luz e pela afro-brasilidade de uma Bahia, que ele soube celebrar, até mesmo pela influência de seu pai, Mário Cravo Neto.”

 
“Da Bahia vem este espírito solar em contraponto à sua cerebral ascendência nórdica.”

 
“As fotos nos revelam, em ângulos inesperados, animais e paisagem, de maneira insólita, importante e luminosa. Uma África que ele retrata com estes dois espíritos amalgamados, o baiano e o nórdico. Luz e sombra em contrastes, pretos, brancos e cinzas.”

 

 
A palavra do artista

 
“A minha proposta é mostrar uma África diversa daquela que estamos acostumados a ver. A África não é apenas o continente negro, berço da cultura baiana, mas também é o solo que deu origem à vida.”

 

 
Sobre o artista

 
Nascido em 1974, Christian Cravo foi criado num ambiente artístico, em Salvador, BA. Ele é filho do artista Mario Cravo Neto (1947-2009) e da dinamarquesa Eva Christensen; e neto do renomado artista Mario Cravo Jr. Christian Cravo começou suas experiências com a técnica fotográfica aos onze anos, na Dinamarca, onde passou grande parte da sua adolescência. Com vinte e dois anos, voltou ao Brasil e se dedicou ao aprendizado da arte fotográfica. Nos últimos 18 anos, Christian recebeu diversos prêmios, dentre eles a bolsa Mother Jones International Fund for Documentary Photography, a bolsa de pesquisa da Fundação Vitae e a mais importante premiação de arte do mundo, o John Simon Guggenheim Fellowship para sua pesquisa sobre a fé. É autor dos livros: “Irredentos” (Aires editora, 2000); “Roma Noire, Ville Métisse” (Editora Autrement, 2005); “Nos Jardins do Éden” (TFA, 2010); e “Christian Cravo” (Cosac Naify, 2014).

 

 
De 07 de março a 10 de maio.