Marcos Duarte no MAC/Niterói

04/jun

A instalação VOCÊ JÁ VIU UM?, de Marcos Duarte, será exposta na área externa do MAC, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, durante o período de realização da Copa do Mundo de 2014. A obra nos remete à dimensão lúdica e híbrida da materialidade do tatu-bola, um ser estranho, hábil no curvar-se em si mesmo para se defender, adotando forma de bola. Esta singular forma de defesa, paradoxalmente, facilita sua captura e contribui com sua condição de vulnerabilidade na natureza.

 

Nas 11 peças que se distribuem no espaço, bola e bicho mesclam seus atributos híbridos. São sólidos, múltiplos, em escala ampliada, que exaltam a singularidade daquele que, como mascote da Copa do Mundo de 2014, se destina a desaparecer no fluxo de um evento espetacular. A intenção é de resgatar, simbolicamente, o tatu-bola do vácuo que acompanha sua popularidade repentina e fugaz, no momento singular de interferência em uma paisagem que expressa seu acolhimento através de sua natureza essencialmente curva, em contraponto ao ícone arquitetônico de Oscar Niemeyer, às margens da Baía de Guanabara. O artista é um dos representados da MUV gallery, o novo espaço de Camila Thomé e Stephanie Afonso.

 

 

De 07 de junho a 24 de agosto.

Pelé por José Dias Herrera

A galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, abre a exposição “Pelé: A Construção de um Rei”, com curadoria de Paulo Kassab Jr, composta por 12 fotografias, em preto e branco, feitas por José Dias Herrera, algumas inéditas, e um vídeo que mostram a elegância, versatilidade e o encanto do atleta do século, dentro e fora dos gramados. Em parceria com o Museu Pelé, a exposição conta como ocorreu a construção do mito que conhecemos hoje, como ele transformou Edson Arantes do Nascimento em Pelé.

 

Acompanhado pelo fotógrafo José Dias Herrera entre 1956 e 1966, Pelé foi retratado em imagens que ficariam guardadas para a eternidade, como o primeiro dia do jogador no Santos Futebol Clube – logo após vestir a camisa do time -, alguns lances que mostram toda sua destreza na prática do esporte, bem como situações de sua vida pessoal, ainda muito jovem. O público também terá acesso a um vídeo com alguns momentos em que o Rei brilha ao balançar a rede, fazendo gols que ficaram marcados no imaginário mundial.

 

Além da indiscutível marca deixada na história do esporte, o ex-jogador sempre foi distinto no que se refere ao contato com as pessoas. “Entre celebridades, jornalistas, políticos, artistas e fãs, desde os tempos de jogador até hoje, Pelé se eternizou com simpatia e carisma, dignos de um rei”, comenta Paulo Kassab Jr. Seu lado humano e dedicado é o mote central da exposição, reunindo os principais registros do início de uma carreira estrondosa que o levaria, anos mais tarde, ao indiscutível título de “Rei do futebol”. A coordenação é de Felipe Hegg.

 

 

De 10 de junho a 26 de julho.

MUV, novo espaço

A MUV Gallery, galeria virtual dedicada à arte contemporânea, projeto de Camila Tomé e Stéphanie Afonso, abre mais uma frente, além do virtual. O projeto, que já completou um ano, funcionou muito bem e a tal ponto que clientes, parceiros e artistas não se contentaram com o movimento inovador na internet e com o showroom no espaço da casa no Joá. Por conta disso as galeristas buscaram um espaço onde possam realizar exposições individuais e ampliar o conceito MUV Gallery, que tem como objetivo aproximar o público da arte contemporânea e apresentar novos artistas. Na inauguração, será realizada a exposição individual de Piti Tomé, que apresenta seis obras inéditas, titulada de modo bastante original: “entre uma e outra coisa todos os dias são meus”.

 

O novo espaço situa-se em Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, no burburinho artsy, na galeria ao lado da Livraria da Travessa. A grande novidade será o monitor touch screen, onde o visitante poderá ver os trabalhos dos artistas, preços das obras, e currículo/Biografia dos artistas, ou seja, se aproximar da arte sem se intimidar com perguntas. “Sabemos que faz parte perguntar na galeria detalhes sobre as obras, e isso vai continuar acontecendo, mas tivemos essa ideia do monitor para que o astral seja o mais informal possível”, conta Stephanie Afonso. Até o fim do ano, a galeria que representa hoje 13 artistas, entre eles Bob N, Felipe Fernandes, Cláudia Porto e Eloá Carvalho, pretende abrir mais duas exposições individuais, um dos motivos que fez com que a galeria nascesse e agora será possível trabalhar os artistas por inteiro, com uma quantidade maior de obras e realizar um trabalho mais aprofundado em cada exposição. A mostra tem curadoria de Marcelo Campos.

 

 

Sobre a artista

 

Piti Tomé é artista visual e trabalha com fotografia, vídeo e instalação. Seu interesse pela fotografia começou os 16 anos quando ganhou sua primeira câmera. É formada em cinema, pós-graduada em direção de fotografia pelo CECC e pela ESCAC, respectivamente, ambas em Barcelona, e começou seu percurso pela arte contemporânea participando de diversos cursos livres na EAV – Parque Lage, com professores como Fernando Cochiarale, Guilherme Bueno e Denise Cathilina.  Participou de duas exposições coletivas na Muv Gallery, uma com curadoria de Daniela Labra, e fez residência artística em Berlim, quando foi selecionada para o 4o prêmio Belvedere de arte contemporânea e para o Salão de Artes de Fortaleza, em Abril de 2014. Sua pesquisa gira em torno de questões sobre a memória, a infância e o tempo. Seus trabalhos são uma constante tentativa de costurar o passado e uma luta contra o esquecimento. Na mostra que apresentará seis obras inéditas, Piti fala da infância, do desaparecimento e luta contra o esquecimento da memória. A artista trabalhou em cima de fotos que vem de diversos lugares e feiras de antiguidades, dando para este material um novo significado. São impressões sobre as folhas, com folhas desmembradas de livros médicos, dicionários estrangeiros, fazendo um jogo de palavras com as imagens, introduzindo objetos tridimensionais, sempre lembrando ausência e a memória, ou falta dela nas pessoas. “Esta série narra pequenas biografias a partir de questões em torno da formação de identidade. São narrativas sobre uma infância perdida, sobre o abandono, a solidão, o esquecimento e, em última instância, a morte. Me aproprio de imagens e objetos para construir a história desses personagens, reiterando ou dando novo sentido a esses materiais. Através dessas vidas inventadas, construo um universo contra o esquecimento e tento dar conta do meu próprio passado”, finaliza Piti Tomé.

 

 

Sobre o nome da galeria

 

O nome – MUV Gallery – é inspirado na sigla de Movimento Uniformemente Variado da física. MUV é todo movimento com aceleração constante. Nossa galeria nasce desse conceito e já surge em movimento, sempre acompanhando as possibilidades que a internet proporciona e as novas mudanças que a vida contemporânea apresenta.

 

 

De 05 de junho a 08 de agosto

Mauro Restiffe no Instituto Moreira Salles/Rio

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inicia junho seu programa anual de exposições de fotografia contemporânea brasileira. Durante três meses de cada ano, o centro cultural do Rio de Janeiro abrigará uma exposição inédita desenvolvida em parceria com um artista ou fotógrafo, seja através de um trabalho comissionado ou de apoio a um trabalho em andamento.

 

A primeira exposição do novo programa é “São Paulo, fora de alcance”, do fotógrafo paulista Mauro Restiffe. A pedido da revista ZUM, Restiffe já havia fotografado o bairro da Luz em 2012. Para esta exposição, o fotógrafo foi convidado a estender seu trabalho sobre a cidade de São Paulo, realizando caminhadas por outros bairros, centrais e periféricos, como Brás, República, Pinheiros, Vila Congonhas e Itaquera. Esses deslocamentos aconteceram quase diariamente por três meses e deram origem a centenas de fotografias, feitas com a câmera Leica e o filme preto e branco de alta sensibilidade que fazem parte da poética do artista. Mauro Restiffe é conhecido pelas séries fotográficas que desenvolve em torno de questões urbanas de relevância histórica, política e arquitetônica. As 18 obras escolhidas para a exposição apresentam a cidade, o espaço urbano e seus habitantes. Muito longe de cartões-postais, as fotografias atualizam o repertório visual de São Paulo ao olhar para espaços públicos e construções importantes como o Itaquerão, a praça do Relógio, o Templo de Salomão, a praça Roosevelt, o vão livre do Masp e o Museu do Ipiranga. Ampliadas em formatos que variam de 60 centímetros a mais de dois metros de largura, as imagens ganham escala monumental.

 

Os usos variados que os habitantes fazem da cidade e os diversos estágios de construção e conservação do patrimônio arquitetônico se combinam para narrar visualmente a experiência fragmentada que caracteriza a vida urbana. Nas imagens da exposição, os deslocamentos diários ao trabalho ou os passeios de fim de semana se misturam a fatos extraordinários, como o incêndio no Memorial da América Latina, ocorrido em novembro do ano passado, ou um dos vários protestos realizados este ano. Ao usar o preto e branco para fotografar acontecimentos recentes, o fotógrafo dá às obras uma ambiguidade temporal. O preto e branco e a alta granulação produzem uma unidade entre as pessoas e o variado tecido urbano, ao mesmo tempo em que serve de metáfora para a organização caótica e precária das cidades.

 

As obras de Mauro Restiffe serão afixadas em painéis espalhados pelo espaço expositivo, ao invés de estarem penduradas nas paredes, como numa exposição fotográfica tradicional. A montagem, que faz alusão ao percurso das cidades, obriga o visitante a confrontar-se com as obras e contorná-las, construindo planos, perspectivas e bloqueios conforme se caminha pela galeria. O título da exposição também sugere a impossibilidade de representar uma cidade grande e complexa como São Paulo. A exposição tem curadoria de Thyago Nogueira, coordenador de fotografia contemporânea do IMS. O projeto expográfico é de Martin Corullon, do escritório Metro Associados, e a identidade visual de Daniel Trench. A exposição será acompanhada de um livro com cerca de 50 imagens do projeto.

 

O novo projeto de exposições em fotografia contemporânea vem se somar às atividades que o IMS vem desenvolvendo nesta seara nos últimos anos e que incluem a publicação da revista de fotografia ZUM e o oferecimento da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS.

 

 

 

Sobre o artista

 

Mauro Restiffe nasceu em São José do Rio Pardo, em 1970. Formou-se em cinema pela Faap e estudou fotografia no International Center of Photography e na New York University. Suas obras foram expostas, entre outros lugares, no MAC-SP (2011) e na 27ª Bienal de São Paulo. Seu trabalho faz parte de coleções importantes, como as da Tate Modern, do MoMA de São Francisco, de Inhotim e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Foi indicado ao prêmio BES-Photo de 2011 e, em 2013, foi premiado pela Fundação Conrado Wessel. Expôs no Rio de Janeiro em 2006, na galeria Laura Marsiaj. Esta é sua primeira individual institucional na cidade.

 

 

De 07 de junho a 28 de setembro.

Felipe Barbosa na Sergio Gonçalves Galeria

Felipe Barbosa inaugura exposição individual na Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra, denominada “Quadrado Mágico”, cria um diálogo entre jogos matemáticos e a arte, subvertendo o sentido dos objetos ao ressignificá-los entre formas e signos geométricos, que inspiraram o artista nas 16 obras selecionadas. A curadoria é de Sergio Gonçalves.

 

Para Felipe Barbosa os quadrados mágicos possuem uma espécie de conexões ocultas com os números, nos quais busca fazer uma relação com os objetos escolhidos para trabalhar, cujo resultado surge através de diversas sobreposições que ganham formas geométricas. Assim como a série de painéis hexagonais com fichas e flâmulas dos anos 60, entre outros materiais, todos ganham status de arte nas obras do artista. “…acredito que os números e suas simetrias, entre as quais os quadrados mágicos, representam os estágios da criação, logo, procuro brincar com o abstrato e criar um novo mundo de possibilidades com a minha arte”, define o artista.

 

Para o inglês Keith Cricthlow, co-fundador da Academia de Temenos, “os quadrados mágicos são instâncias da harmonia dos números e servem como intérpretes da ordem cósmica que domina toda a existência. Eles aparecem para evidenciar algumas inteligências secretas, as quais, por um plano preconcebido, produzem a impressão de um desenho intencional”.

 

O quadrado mágico também já foi referência no futebol brasileiro e até mesmo o futebol se transforma em arte nas mãos do artista. Conhecido pela forma como desconstruía e depois recontextualizava bolas de futebol, agora Felipe Barbosa une camisas de times distintos, grandes rivais em campo, mas juntos através da arte. A obra “Camisa Brasileira” é a primeira dessa nova série do artista, que já desperta a cobiça dos colecionadores.

 

Outra novidade nesta exposição são os volantes de Badminton, espécie de peteca usada neste esporte pouco praticado no Brasil, mas muito popular entre os ingleses, em que Felipe os aglomera como já havia feito com lápis, canetas, palitos de fósforos e guarda-sóis. Nessa obra, Felipe Barbosa cria novas formas de expressão em que a série de unidades, tomadas como banais, feitas, refeitas e colocadas de forma a darem forma a outros objetos, – totalmente disfuncionais -, resultam em nova apropriação entre o fazer industrial e o readymade.

 

A mostra “Quadrado Mágico”,  é a primeira individual do artista na Sergio Gonçalves Galeria, que o representa desde dezembro de 2013. Com exposições recentes na Way Cultural, no Rio de Janeiro, no Museu de Arte do Rio (MAR), na Galeria Murillo Castro em Belo Horizonte e em Nova Iorque, agora Felipe Barbosa apresenta seus mais recentes trabalhos ao público carioca.

 

 

Sobre o artista

 

Felipe Barbosa nasceu em 1978, no Rio de Janeiro, e graduou-se em Pintura pela UFRJ, e é mestre em Linguagens Visuais pela mesma instituição. Em seus trabalhos, conjuga elementos do cotidiano e faz referências à História da Arte, alterando os significados dos objetos que elege transformar, criando em seu expectador uma sensação simultânea de proximidade e desconforto. O artista expõe regularmente desde 2000, em diversos países ao redor mundo, entre eles México, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Croácia, Lituânia, França, Canadá, Holanda, Inglaterra, Argentina e Japão. Dentre suas mostras recentes, destacam-se Campo de las Naciones, na Galería Blanca Soto, em Madrid, na Espanha; The Record : Contemporary Art and Vinyl, no Miami Art Museum, nos Estados Unidos; Futbol Arte y Passion, no MARCO – Museo de Arte Contemporaneo de Monterey, no México; e Consuming Cultures – A Global View, 21C Hotel-Museum, em Kentucky, também nos Estados Unidos. A partir de dezembro de 2013, passou a ser representado pela Sergio Gonçalves Galeria.

 

 

De 07 de junho a 27 de julho.

Nuno Ramos na Fundação Iberê Camargo

30/mai

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, apresenta a mostra “Nuno Ramos – Ensaio sobre a dádiva”. Pensando o conceito antropológico de dádiva  – troca entre dois objetos distintos com base em valores simbólicos, e não econômicos  – o artista desenvolveu o trabalho especialmente para o espaço do 4º andar da Fundação, em diálogo com a arquitetura do edifício. Na exposição, que tem curadoria do crítico de arte e filósofo Alberto Tassinari, objetos se lançam no vão do espaço expositivo e ocupam o interior das salas, acompanhados por dois curtas-metragens intitulados “Dádiva 1 – copod’águaporvioloncelo”  e “Dádiva 2 – cavaloporPierrô”, desenvolvidos pelo artista e produzidos em Porto Alegre pela Tokyo Filmes.

 

Toda a instalação gira em torno dessas duas trocas, que se desdobram em três formas: escultura, vídeo e réplica da escultura. Na sala de “Dádiva 1”, um pedaço de barco – elemento recorrente na obra de Nuno – se projeta sobre o parapeito da sala, sustentando um violoncelo sobre o vão do átrio e fazendo a ligação entre ele e o copo d’água. Na parede oposta, é exibido o curta-metragem correspondente, que mostra uma mulher recolhendo o copo d’água na praia, trocando o objeto por um violoncelo em um bar e devolvendo o violoncelo para a água. No roteiro original de Nuno, um mar calmo remete à metáfora purificadora da água marinha, porém, durante a produção, o mar virou o rio Guaíba e a Lagoa dos Patos.

 

O espaço dedicado a “Dádiva 2” recebe um trilho de montanha russa que lança um cavalo de carrossel no vazio e o liga a Pierrô, aqui representado por um aparelho de som que toca o samba “Pierrô Apaixonado”, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres. O curta apresenta a história de um Pierrô, interpretado pelo artista plástico Eduardo Climachauska, que é sequestrado por motociclistas em Porto Alegre e preso em uma casa, sendo devolvido um cavalo em seu lugar. Segundo o curador, a personagem tradicional e carnavalesca da Commedia dell’Arte, que, pela mão de artistas do início do século XX,  vira Pierrô Lunar, encarnação do artista, repete sua transformação na mostra de Nuno.

 

Na sala central, são colocadas réplicas em tamanho real das duas esculturas das salas anteriores, uma em latão e outra em alumínio, interligadas por tubos de vidro em que circulam dois líquidos diferentes, representando o sono e a vigília. Além das esculturas, são expostas gravuras produzidas pelo artista no Ateliê de Gravura da Fundação, com auxílio técnico de Eduardo Haesbaert.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1960, Nuno Ramos tem formação em Filosofia pela USP e se debruça sobre diversas formas artísticas, como pintura, desenho, escultura, vídeo, instalação, poesia, prosa e ensaio.  Na juventude, participou do ateliê Casa 7, integrando a Geração 80, responsável pela volta à pintura e fortemente influenciada por Iberê Camargo. Em “Ensaio Sobre a Dádiva”, o público porto-alegrense terá a oportunidade de conferir de perto o trabalho de Nuno Ramos.

 

 

Até 10 de agosto.

Instalações com luz solar

A Galeria Deco, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta, a primeira exposição individual do artista japonês Koji Munemasa em São Paulo. Intitulada “Viewing the Same: Pôr do Sol de São Paulo e Nascer do Sol de Tokyo”, a mostra reúne uma série de instalações que utilizam a luz solar e espelhos para tratar da sensação de felicidade.

 

Sombras, reflexos, autorreconstrução e imagens projetadas são usadas com maestria pelo artista que tem como intuito levar o especador a refletir sobre a pequenez dos problemas cotidianos, a partir de uma experiência sobre a luz. O comparativo da distância solar exige do conhecimento científico de Koji Munemasa um cálculo de posicionamento e ângulos que é um ato lúdico de estruturação do espaço, tratando a luz solar não só como fonte energética, mas uma existência que engendra graça e sensação de felicidade. O artista também mostra uma série de mensagens de paz refletidas com luzes e espelhos em muros e paredes de construções ao redor da galeria.

 

O destaque da mostra é a instalação “Viewing The Same”, na qual Koji Munemasa ocupa uma das salas da galeria com uma janela voltada ao lado oeste, representando um ponto de vista do sol nascente no Japão em uma parede.  A obra deve ser visitada no entardecer, mais precisamente ao pôr do sol. São Paulo e Tóquio se encontram em posições opostas nos meridianos do globo terrestre, o pôr do sol daqui é o sol nascente de lá. Participa ainda da mostra uma instalação que projeta uma silhueta humana que, através de um espelho mecanizado, desenha na superfície da parede a imagem do modelo com luz incidente sobre a sombra. Além de sua produção e pesquisa, Koji Munemasa atua como escultor de objetos para a renomada artista japonesa Yayoi Kusama.

 

 

Até 15 de junho.

Gonçalo Ivo expõe na Laura Marsiaj

O pintor Gonçalo Ivo  tornou-se conhecido quando de sua participação, em 1984, da grande exposição organizada por Marcus Lontra no Parque Lage, “Onde está você geração 80?”. Agora, o artista apresenta sua nova produção na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Esta exposição revelou importantes nomes que se tornaram figuras pontuais na pintura contemporânea brasileira como Luiz Zerbini e Beatriz Milhazes, entre outros. Oriundo dessa geração, Gonçalo Ivo aprofundou e ampliou sua pesquisa no campo da pintura, interrogando continuamente a experimentação no ato de pintar em um fazer rudimentar  incrementado pela tecnologia, buscando refletir sobre as relações que abarcam imagens, suportes, técnicas, estilos, materiais, gestos, formas, cores, figuras, etc., em síntese: uma extensa gama de possibilidades.

 

Residindo em Paris há 14 anos, Gonçalo Ivo nunca deixou de expor no Brasil mesmo cumprindo uma intensa agenda internacional. O artista exibirá no espaço da galeria quatro telas de grande formato e no ANEXO, cinco aquarelas. Trabalhos inéditos com a apresentação de Raphael Fonseca e Vera Pedrosa.

 

 

Um texto por dia – Texto de Rafael Pedrosa

 

Lembro de que durante a graduação um professor disse uma frase que nunca esqueci. Após a leitura de uma entrevista dada por Arthur Danto, iniciamos um debate sobre a importância da prática da escrita no campo da história da arte. Ao final da aula, como uma espécie de resumo das discussões, esse professor virou para a turma e disse: “É essencial que todo dia se escreva um texto. Não necessariamente um texto crítico ou fruto de uma pesquisa que diga respeito à arte, mas ao menos um e-mail pessoal com mais de três linhas deve ser feito por dia”.

 

Esse elogio ao fazer permanece na minha memória e muitas vezes foi debatido junto a amigos também escritores e/ou artistas. Algumas pessoas apontam para uma interpretação de certo estímulo a um trabalho incessante, isto é, onde está o espaço para o repouso nessa concepção do mundo? Para além de meu tendencioso caráter workaholic, ao lembrar o modo como essas duas frases foram proferidas, prefiro pensa-las a partir da necessidade de se ter um compromisso com o nosso ofício; dizendo de outro modo, creio que meu professor queria nos orientar quanto à necessidade de estarmos plenos em nossos compromissos, alinhados eticamente e existencialmente ao nosso fazer. Se havíamos escolhido (de modo objetivo ou não) a formação em história da arte, nessa área deveríamos estar com o corpo imerso – daí a importância de exercitarmos sempre a matéria expressiva que tradicionalmente compunha o nosso fazer, ou seja, a escrita.

 

Trabalho com arte contemporânea de modo enfocado há cerca de quatro anos e sou, assim como muitos colegas de profissão, rotulado pelo termo “jovem crítico” e/ou “jovem curador”. Não reclamo desta carga ainda leve que carrego, mas recentemente me dói um pouco viver em uma era em que se normalizam os excessos – das imagens, das mensagens, das ideias, das oportunidades e dos portfolios. Talvez nunca antes tivéssemos tantos jovens artistas efervescentes, mas, ao mesmo tempo, uma tecnologia digital que parece iludir que ser artista é realizar imagens e divulga-las aos quatro ventos pelo Facebook.

 

Qual não foi, portanto, minha surpresa e felicidade a aceitar um novo convite e refletir um pouco sobre a produção recente e a trajetória de Gonçalo Ivo. Se fui orientado para escrever diariamente, tenho a impressão que esse artista também o foi, porém no que diz respeito à sua capacidade de ser um produtor de imagens. Sendo sua primeira participação em exposição coletiva em 1978, podemos afirmar que seu percurso institucional já abarca mais de 35 anos. De lá para cá, foram diversas as participações em exposições desse momento histórico-artístico depois chamado por “geração 80”, além de projetos individuais que circularam as principais capitais do Brasil, além de museus e instituições pela Europa.

 

Se hoje advenho de uma geração de artistas em que as ideias se proliferam muito rapidamente e muitas vezes são movidas pelas fatídicas “curtidas” das redes sociais, Gonçalo me parece exemplar no que diz respeito à sua disciplina do fazer. Sim, estamos a falar de um profissional que poderia ser chamado pelo termo “pintor” – por mais que, claro, sua produção abarque também áreas afins como a gravura, o desenho e mesmo a escultura. De todo modo, mesmo que sua carreira ande junto ao fardo de se assumir enquanto pintor, não lidamos aqui com uma pessoa que nega ou rechaça técnicas que geralmente são interpretadas de modo imediato como sinônimo de certa ideia estilística de arte contemporânea; basta, por exemplo, ler suas reflexões recentes sobre a exposição do videoartista Bill Viola, no Grand Palais, em Paris.

 

Seu compromisso quanto ao fazer está para além da pintura – tem como alvo o campo fenomenológico das artes visuais. Mais do que um aficionado pela técnica, Gonçalo é comprometido com a potência da imagem e é a partir dela que se ergue uma pesquisa formal e poética que nunca estará terminada devido ao seu interesse, justamente, pelo processo diário. Mas de quais modos isso se faz perceptível nas suas obras? Por quais perspectivas podemos abordar a sua produção?

 

Poderíamos nos referir às suas pinturas fazendo um acréscimo de uma pequena palavra após o nome da técnica; “pintura abstrata”, alguns poderiam dizer. Porém, quando recorremos aos títulos dados pelo artista a algumas de suas produções recentes, como, por exemplo, “Aurora” (2014) e “Estrela do Norte” (2012), essa certeza é colocada em dúvida. Longe do lugar da representação figurativa de imagens que poderiam ser qualificadas como paisagem, a produção recente do artista diz respeito a uma resposta no campo da imagem para algo que o chama a atenção através do seu embate entre corpo e experiência ótica.

 

Ao olharmos de perto alguns de seus cadernos, é interessante perceber como que, mesmo que sua pintura recente lide com grandes campos de cor que dominam o espaço da tela e a fragmentam espacialmente, não estamos a contemplar imagens que são construídas de um modo espontâneo ou que se dão diretamente através de um contato imediato entre homem e tela em branco. É nesses cadernos de viagens que se percebe a importância que Gonçalo atribui para o estudo de suas composições futuras. Trata-se de pequenas arenas em que o artista se pergunta sobre as melhores articulações entre formas geométricas e opções cromáticas de modo que a tela posterior seja uma possibilidade de diálogo com algum elemento apreendido anteriormente e recodificado para uma linguagem que poderíamos chamar de abstrata. A abstração, porém, está apenas na incapacidade do espectador reconhecer elementos realistas. Melhor do que esse termo muito usado na história da arte, talvez fosse mais interessante ler as criações do artista pela perspectiva afetiva da memória capaz de possibilitar que uma igreja como a de Santa Maria de Taüll e suas nuances de cor sejam transfiguradas em listras que configuram de outro modo a potência das imagens religiosas.

 

Ao voltarmos o nosso olhar para “Aurora”, sua pesquisa formal se desvela. Busca-se trabalhar com tons ligeiramente diferentes de azul em contraponto a uma série de pequenas listras dotadas de cores diferentes. Joga-se, assim, com a ideia da justaposição entre as cores. Enquanto isso, qualquer certeza em torno de uma abordagem que lidasse com a ideia de simetria precisa ser revista já que ainda que as grandes áreas de cor se assemelhem a retângulos, quadrados e listras, elas apresentam, ao mesmo tempo, pequenos deslocamentos e transições planares que impossibilitam, novamente, um olhar mais catalográfico da análise da imagem. Não apenas no que diz respeito ao desenho dessas formas, mas a fatura e textura que cada polígono apresenta denota uma pesquisa da pintura que a coloca em princípios de uma busca também pelos diferentes efeitos tridimensionais proporcionados por suas pinceladas. Réguas, portanto, não são o bastante para se escrever sobre as telas de Gonçalo Ivo.

 

Essas características formais também se fazem presentes, mas de modo mais contaminado, na outra técnica que acompanha o artista desde o começo de sua carreira, ou seja, a aquarela. Em pequenos formatos, Gonçalo também propõe encontros geométricos, mas não necessariamente rígidos entre cores. Devido à espessura diversa que a técnica, por exemplo, do óleo sobre a tela possui, ao se praticar a aquarela sobre o papel, as cores se encontram e criam novas manchas em suas fronteiras fictícias. Os títulos aqui se fazem presentes dentro dos limites do papel e convidam o público, novamente, a pensar as relações entre imagem e texto em sua produção pictórica. “Acorde noturno – a luz do Parque do Retiro” remete, por exemplo, às recentes experiências do artista na Espanha, onde se encontra sempre atento tanto às tradições pictóricas locais, quanto às diversas luzes e paisagens proporcionadas pelo seu deslocamento por Madri. Talvez seja possível aproximar esses pequenos formatos de imagens dos cartões postais. Por mais que não vejamos uma paisagem explícita, são frutos de uma experiência da paisagem que não deve ser lembrada tal qual uma fotografia e sua mimese, mas sim ecoada através de sensações cromáticas.

 

Uma dessas aquarelas é intitulada “O véu da aurora – caminhando com Maria Leontina”. Ao fazer referência a essa pintora, penso também como poderíamos elencar diversos outros importantes nomes da arte moderna no Brasil e coloca-los em diálogo com Gonçalo Ivo: Alfredo Volpi, Iberê Camargo e José Pancetti. Parece-me interessante pensar, ao lado desses vínculos já estabelecidos por outros escritores, a possibilidade de ver sua produção caminhando com outras tradições de imagens.

 

Creio que faz sentido relacionar as suas cores à produção escultórica de Veio, um artista que Gonçalo possui em sua coleção. Nascido em Sergipe e com uma produção que articula as formas de madeiras, troncos e a cor, muito além do fardo de ser sempre lido pelo viés da “arte popular”, o modo como conjuga as cores e as texturas das madeiras que escolhe proporciona um diálogo muito interessante não apenas com a pintura de Gonçalo, mas também com os objetos tridimensionais em que ele explora as possibilidades da têmpera sobre madeira. Esses cruzamentos não precisam se manter geograficamente no Brasil, mas o quão potente não seria também caminhar junto com os objetos africanos também de sua coleção? Trazer a obra de Gonçalo Ivo para uma perspectiva mais global e menos eurocêntrica, mais da cultura visual e menos da história da arte, se trata de uma tarefa curatorial ainda por ser feita e capaz de proporcionar o encontro entre estandartes tribais da África, máscaras e sua larga experiência com a cor em diversas mídias e formatos.

 

Conhecer um pouco de seu fazer e de seu espaço de trabalho em uma tarde me fez relembrar daquelas palavras de meu professor. É preciso se manter imerso no nosso comprometimento para com isso que chamamos por arte. É preciso não ceder à fugacidade do veloz sistema da arte contemporânea que nos avassala em 2014. Tal qual a disciplina e insistência da pintura de Gonçalo Ivo, é necessário estar atento ao que nos rodeia e não necessariamente transformar todas as vivências em escrita, mas seguir a experimentar o mundo através da estesia para que sigamos a pensar uma pluralidade de narrativas para nossas existências e diferenças.

Se Gonçalo caminha com Maria Leontina, gostar-me-ia de caminhar um pouco com as suas formas rumo ao mundo desconhecido, mas fiel à minha meta textual diária.

 

 

 

De 03 de junho a 17 de julho.

Novo escritório de arte

29/mai

O Gris Escritório de Arte, Pinheiros, São Paulo, SP, dos sócios Bernard Leroux, Frederic Desmaret e Paulo Azeco, inicia suas atividades e inaugura seu espaço com exposição coletiva, composta por desenhos, pinturas, fotografias, gravuras, esculturas e grafites de artistas tanto com trajetória já consolidada quanto por novos talentos.

 

Resultado de uma longa amizade entre seus fundadores, os quais compartilham a mesma paixão pela arte, o Gris Escritório de Arte possui peculiar curadoria de sua coleção – a qual também é formada por itens de acervo pessoal -, guiada pelo olhar aguçado de Bernard, Frederic e Paulo. A proposta deste novo espaço é ser um instrumento de fomentação cultural, com a intenção de revelar artistas emergentes nacionais e internacionais através da apresentação ao mercado, exibição e comercialização de peças.

 

O Gris marca sua entrada no circuito cultural com trabalhos de qualidade, garantida pelo vasto conhecimento adquirido pelos sócios ao longo de suas carreiras em atividades que se complementam com a rigidez do direito internacional, a harmonia da arquitetura e a liberdade criativa do design. Sem se auto-denominar um escritório especializado em determinado tipo de arte, o intuito é manter a diversidade de períodos e estilos entre as obras disponibilizadas.

 

Nomes como Aecio Sarti, Barbara Wagner, Beto Riginik, Jesus Rafael Soto, Norma Grimberg, Sue Elie Andrade Dé, João Balsini. estão entre alguns artistas confirmados para expor no Gris.

 

 

A partir de 31 de maio.

Indicadores de gênero

Encontra-se em circulação e chama-se “Mulheres Gaúchas – Indicadores de Gênero”, a mais recente publicação da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, Porto Alegre, RS. A abordagem da publicação anterior constava com reproduções de pinturas de Iberê Camargo. Na edição atual, foi selecionado expressivo grupo de mulheres/artistas como Clara Pechansky, Magliani, Maria Tomaselli e Zorávia Bettiol, trazendo como homenageada especial a pioneira Tarsila do Amaral.

 

O projeto gráfico é de Nara Fogaça. A equipe técnica contou com as pesquisadoras Clitia Helena Backx Martins (coord.), Gabriele dos Anjos, Irene Galeazzi, Marilene Bandeira e Paula Caputo.

 

Na apresentação, a Secretária de Políticas Para as Mulheres do RS, Ariane Leitão, além de destacar as artistas convidadas, sintetiza  o trabalho da seguinte forma: “…Além de abordar a diversidade de temas referentes à situação da mulher no Rio Grande do Sul e no Brasil, que perpassam questões como sua inserção no mundo do trabalho e do conhecimento, este é mais um material enriquecedor, dando-nos subsídios para trabalharmos com a promoção da igualdade, através da garantia dos direitos humanos das meninas e das mulheres gaúchas.”