Fernando Zarif: temporada-relâmpago

17/fev

Treze obras e uma performance compõem a temporada-relâmpago de mostra dedicada a Fernando Zarif (1960-2010). Trata-se de criações do artista que vão ocupar o MAM-RIO, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, de quinta (20) a domingo (23). Morto em 2010, aos 50 anos, Fernando Zarif nunca se preocupou muito em divulgar sua obra. Realizou apenas nove individuais, pouco diante de intensa vida intelectual: sua casa foi ponto de encontro de artistas como Tunga, Lenora de Barros e Jac Leirner, entre muitos outros. Sua rica produção, de cerca de 2 000 obras, nos mais variados suportes e técnicas, está sendo catalogada pela família. Trezentas delas compõem o livro “Fernando Zarif – Uma Obra a Contrapelo”, organizado pelo artista José Resende, que será lançado na abertura, quinta (20), no Museu de Arte Moderna. No mesmo dia, a instituição inaugura a temporada-­relâmpago de uma mostra com treze criações de Zarif, entre desenhos, telas, colagens e objetos, no foyer. Na abertura, entre 18h e 21h, e no sábado (22), das 16h às 18h, o espaço será ocupado por uma reconstituição da última performance do artista, realizada no Rio há cinco anos – agora conduzida pela atriz e diretora Bia Lessa, sua filha, Maria Borba, e amigos de Zarif. Nela, os espectadores são convidados a folhear os cadernos que o artista recheou de textos, ilustrações e colagens.

 

Fonte: Rafael Teixeira-VEJA-Rio

Nuno Ramos na Caixa Cultural/Rio

As obras de Nuno Ramos costumam provocar reações variadas, mas nunca indiferença. Assim aconteceu com “Bandeira Branca”, na 29ª Bienal de São Paulo, trazia três urubus em um enorme viveiro e despertou a fúria de defensores de animais. Ainda em 2010, o artista levou ao MAM-Rio “Fruto Estranho”, instalação de 10 toneladas na qual restos de árvores sustentavam dois aviões revestidos de sabão. Na individual em cartaz na Caixa Cultural, Galeria 4, Centro, Rio de Janeiro, RJ, a surpresa da vez é “Hora da Razão”, resultado de doze horas de árduo expediente repetido por treze dias. O trabalho reúne três estruturas de vidro cobertas por cerca de 300 quilos de breu derretido. Sob as formas geométricas vazadas, além da massa de aspecto orgânico, vivo, que escorre, monitores de vídeo exibem o músico Rômulo Fróes, o artista plástico Eduardo Climachauska e a cantora Nina Becker interpretando o samba “Hora da Razão”, do baiano Batatinha (1924-1997). Completam a mostra 78 belos desenhos inéditos da série Munch. Criados com folhas de ouro, prata e bronze, tinta a óleo e carvão sobre papel, inspirados na produção do pintor norueguês Edvard Munch, os quadros homenageiam a mãe do autor, a historiadora Dulce Helena Pessoa Ramos, falecida em 2011.

 

 

Até 09 de março.

 

Fonte: VEJA-Rio

IWAJLA KLINKE EM SÃO PAULO

14/fev

Coerente em sua proposta de apostar em projetos de artistas residentes, que desafiam pelas temáticas e limites da representação, além de iluminar a questão do gênero, o Transarte, São Paulo, SP, realiza sua segunda exposição com obras de Iwajla Klinke.

 

A artista alemã, que nasceu em 1976 e mora em Berlim, reúne nesta mostra alguns trabalhos de suas expedições pela Europa, Canadá e Brasil realizados em 2013. O núcleo brasileiro – inédito – apresenta séries de retratos e composições de elementos da natureza que a surpreenderam. Usando a fotografia pura, sem luz artificial e sem manipulação digital, ela evidencia a sua lente Cult. “Iwajla negocia, com o delírio e a fantasia, sua maneira realista e despudorada de transgredir”, afirma Maria Helena Peres, idealizadora e diretora do espaço Transarte.

 

Sua obra, tão particular quanto a sua figura, já que Klinke é andrógina, estabelece relações do humano e da natureza com o sagrado. Sua forma de retratar pessoas, como a realizada no Brasil, conforme escreve Jorge Colli, “faz com que as imagens cheguem ate nós como vindas de um sonho embebido em espiritualidade”. Já nas chamadas “naturezas mortas” que produziu também por aqui, ela lança mão de pedaços de frutos, alimentos e plantas ao redor, para ali mesmo retirar toda a exuberância destas formas orgânicas que a provocaram. “Elas se organizam como as de Eckhout, um Eckhout convertido, católico, e tomado pela mística de Zurbarán”, escreve o crítico.

 

Com fundo neutro, preto ou marron, Klinke usa luz natural para criar efeito sépia remetendo a uma pintura de Vermeer, conforme ressaltou o crítico e colaborador da Art News e do Wall Street International, David Galloway, sobre a mostra da artista em cartaz até março, na galeria Voss, em Dusseldorf. “O que também parece irradiar em suas sobras é uma luz interior, espécie de epifania profundamente enraizada nos rituais cujas origens podem ter sido esquecidas, mas cuja energia espiritual persiste”, destaca Galloway.

 

Sobre a artista

 

Fotógrafa e cineasta baseada em Berlin, Iwajla Klinke estudou Ciência Política, Estudos Judaicos e Estudos Islâmicos na Universidade Livre de Berlim e trabalhou como jornalista durante muitos anos antes de dirigir seu primeiro filme, “Moskobiye”, em 2004. Seu segundo filme, “The Raging Grannies Anti Occupation Club” (o clube anti-ocupação das vovós enfurecidas), foi lançado para aclamação da crítica em 2007. Com obras no acervo da Saatchi Gallery, em Londres, Klinke, graças a seu interesse pela internet, tem um grande número de seguidores em suas redes sociais.

 

 

De 20 de fevereiro a 11 de junho.

Larry Bell na White Cube/SP

Importante nome da arte contemporânea norte-americana, o artista Larry Bell terá pela primeira vez uma mostra dedicada exclusivamente ao seu trabalho no Brasil na White Cube, Vila Mariana, São Paulo, SP. A mostra, denominada “The Carnival Series”, apresenta séries de  pinturas e esculturas inéditas, além de outros trabalhos produzidos nas décadas de 80 e 90.

 

Bell iniciou sua carreira no começo dos anos 60, quando a cena de artes plásticas americana fazia a transição do Expressionismo Abstrato e o Pop Art para o Minimalismo, e fez parte do movimento “Light and Space” (Luz e Movimento), formado por um grupo seleto de artistas renomados, como Robert Irwing – com quem chegou a ter aulas de pintura em aquarela -, James Turrell, Peter Alexander, Craig Kauffman, John McCracken, Doug Wheeler e Maria Nordman, entre outros. O artista deu os primeiros passos na pintura, mas logo passou a criar colagens usando vidro e espelho, materiais que obtinha em seu trabalho diurno numa loja de molduras. Essas assemblages foram o embrião das chamadas “caixas de sombra”, pequenas instalações que, por sua vez, evoluíram para as “Esculturas em Cubo”, talvez a sua série mais icônica. Durante o processo de produção das faces parcialmente refletivas destes cubos, Bell descobriu uma técnica de revestimento industrial metálica, com a qual conseguia cobrir uniformemente uma superfície de vidro, um tipo de acabamento que subvertia visualmente o volume espacial e a translucidez da escultura. O artista aprimorou ainda mais o método que inventara ao adquirir o seu próprio tanque a vácuo, uma máquina de grandes proporções que possibilitou novas explorações e diferentes maneiras de manipular esse procedimento.

 

Dez obras da famosa série de Bell conhecida como “Mirage Paintings” (Pinturas de Miragem), que consiste em trabalhos compostos por camadas de papéis de origens diversas, películas e tinta acrílica aplicada, integram a mostra em São Paulo. Concebidas a partir do final dos anos 80, as colagens continuam a brincar com temas de ambiguidade espacial e ilusão ótica. As obras ganham suas formas não apenas através da interferência do alumínio na superfície dos materiais, mas também na compressão, absorção e aderência das películas à tela, por meio de um processo de laminação aquecida. A exposição inclui “Spider Web”, a primeira “Mirage Painting” criada por Bell, “Second Chance” e “Leon”, todas de 1988, além de trabalhos mais recentes da série, como “Chequered Demon #193” (1990) e “The Vertical Landscape #192” (1990), nas quais aprofundou a sua experimentação com materiais, a pintura gestual e passou a usar uma palheta de cores mais clara, fatores que elevaram o nível de complexidade das obras.

 

A série de colagens “The Mardi Gras” ou “The Carnival Series”, modo como Bell se refere a elas, são suas mais coloridas e festivas montagens até o momento. Nestes trabalhos, o artista revisita a forma feminina clássica, apresentando a figura sentada de maneira audaciosamente Pop, que ele descreve como carnaval, daí o nome da mostra. Em suas colagens mais recentes, ele apoia-se na linguagem do Cubismo com montagens de bordas sinuosas cortadas que se assemelham à figura feminina ou, talvez, o formato curvado de um violão. Bell repetiu estas formas em três esculturas, suspensas por fios de nylon, feitas com Mylar, uma película de poliéster, revestidas em ambos os lados para criar uma superfície espelhada. Em seguida, ele faz uma espécie de nó com o próprio filme, criando um objeto cinético multidimensional que constantemente reflete e refrata a sempre variável luz natural do espaço que o cerca.

 

 

Sobre o artista

 

Larry Bell nasceu em Chicago, em 1939, e hoje vive e trabalha entre Los Angeles e a cidade de Taos, no Novo México. Suas obras já percorreram diversos museus dos EUA, em mostras individuais, que incluem o Pasadena Art Museum, Califórnia (1972); Oakland Museum of Art, Califórnia, 1973; Fort Worth Art Museum, Dallas, 1975 e 1977; Washington University, Missouri, 1976; Detroit Institute of Arts, Michigan, 1982; Museum of Contemporary Art, Los Angeles, 1986; Denver Art Museum, Colorado, 1995 e o Albuquerque Museum, Novo México, 1997. Mais recentemente, o artista realizou exposições solo no Kunstmuseum Bergen, Noruega, 1998, e no Reykjavik Municipal Art Museum, Islândia, 1998, além de uma retrospectiva no Carré d’Art Musée d’art Contemporain de Nimes, France, (2011. Em 2012, Bell participou da grande mostra coletiva ‘Pacific Standard Time: Art in LA 1945-1980’, sediada no Getty Center, em Los Angeles, que celebrou a arte contemporânea da Costa Oeste americana daquele período. Em outubro de 2014, o Chinati Foundation, em Marfa, Texas, inaugura uma exposição dedicada exclusivamente às grandes instalações de vidro de Larry Bell.

 

 

De 18 de fevereiro a  22 de março.

Krajcberg em Paris

12/fev

Uma escultura de Frans Krajcberg, denominada “Fragmento Ecológico nº5”, datada 1973/1974, faz parte da Coleção Permanente do Centre National d´Art et de Culture George Pompidou, em Paris, desde o final da década de 70. O acervo tem um sistema de rodízio e, atualmente, a escultura encontra-se em exposição. A imagem do espaço expositivo do Centro Pompidou, que ilustra esta nota, é de autoria do próprio Krajcberg. O artista é representado no Brasil pela Galeria Márcia Barrozo do Amaral, Copacabana, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ.

 

A Cara do Rio 2014

11/fev

Depois de sucessivas edições que ocuparam o Centro Cultural Correios com grande sucesso de público,  a coletiva “A Cara do Rio 2014/Qual é a cara do Rio?” mudou de endereço e inaugurou a Villa Olívia Artes – a primeira Galeria da Zona Portuária, no charmoso Morro da Conceição.

 

O desafio proposto pelo curador Marcelo Frazão aos quarenta expositores foi responder, em linguagem artística,  a  pergunta:  QUAL É A CARA DO RIO? Agora o público vai poder conferir o resultado de todo este processo criativo, englobando  pinturas esculturas, desenhos, fotografias, vidro, cerâmica e gravuras.  Os 40 trabalhos são assinados por Fernando Duval, Solange Palatnik,  Paulo Villela,  Sonia Madruga, Carlomagno, Clare Caulfield, Mauricio Barbato, Paula Erber,  Newton Lesme, Regina Guimmarães, Ana catarina Hallot entre vários outros.

 

O conjunto dos trabalhos expostos na mostra “A Cara do Rio”,  marcada pela diversidade e por ser multifacetada, oferece ao espectador uma pequena mas significativa  representação de ângulos de nossa cidade,  a partir da memória afetiva ou visual  de cada artista.  Já o catálogo da exposição,  reunindo  o perfil dos artistas integrantes da exposição,  vai além de fornecer dados sobre os autores,  funcionando  também como um anuário dos artistas que estão em atividade na cidade e nem sempre tem espaço para levar seus trabalhos ao público,  como explica Frazão.

 

Para esta exibição a artista plástica Marina Vergara, numa ode à mulher,  preparou uma monumental escultura com 4 metros de altura  para a fachada do antigo sobrado da Ladeira João Homem, número 13, onde se localiza a Villa Olivia.

 

Tendo iniciado em 2003,  a mostra “A Cara do Rio” chega a sua décima edição  apostando  na renovação e na continuidade do talento dos artistas.

 

 

Até 03 de abril.

Registro: Lúmen na Casa Daros

A Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresentou a performance “Lúmen”, do artista João Penoni, dentro da exposição “Le Parc Lumière – Obras cinéticas de Julio Le Parc”. O artista convidou o público a percorrer o circuito da exposição, e na última grande sala escura, onde está suspensa no teto a obra cinética e luminosa “Continuel-lumière au plafond”, realizou a performance “Lúmen”, na qual movimentava-se com o corpo inteiramente coberto por lâmpadas de LED. Há nove anos João Penoni investiga o corpo, e sua relação com o espaço e a luz, e para isso utiliza sua experiência em acrobacia aérea, atividade que pratica desde antes de seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e de design na PUC Rio, onde se graduou. Em 2012 fez residências e exposições em Londres, e participou do festival Rio Occupation, também na capital inglesa.  No Brasil, tem feito exposições individuais e participado de coletivas.

 

Em “Lúmen” o corpo incorpora a luz e passa a ser “um corpo iluminante”, em um desenvolvimento da pesquisa do artista que antes usava, ao contrário, a claridade externa. Dessa maneira, a “presença viva do artista fica registrada no espaço escurecido da performance”, desenhando e esculpindo em movimento, na penumbra, com a luz de seu próprio corpo, em um diálogo com a obra de Julio Le Parc, que usa a luz, também em movimento. O corpo do artista passa a “iluminar o olhar do espectador”.

A linguagem múltipla de João Machado

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição “Atlas”, individual com 20 obras do artista plástico João Machado. Sob a curadoria de Antônio Cava, a mostra apresenta trabalhos produzidos entre 2008 e 2013, como esculturas, desenhos, gravuras, fotografias e uma videoinstalação. “Atlas” é a primeira grande individual brasileira do artista que tem carreira consolidada em Paris, onde viveu até o ano passado.

 

A curadoria optou por uma montagem panorâmica que permite ao expectador participar da “viagem” do artista. “O que me atrai no trabalho do João, além da contemporaneidade dos temas abordados e da experimentação em diferentes suportes, é a sua natureza espiritual na conjugação de tempo e espaço. Sua obra é ao mesmo tempo autobiográfica e universal. Possui uma brasilidade intrínseca, principalmente no que diz respeito a natureza”, afirma o curador Antonio Cava.

 

 

Sobre João Machado:

 

Filho do também artista Juarez Machado, João mudou com o pai para Paris aos oito anos. Formou-se em arte pela École de Beaux Arts, de Paris, e em cinema pelo Art Center College, de Los Angeles. Com uma sólida carreira como artista plástico na Europa e Estados Unidos, também realizou alguns filmes como, Sons of Saturn (2006) e The Champagne Club (2001).

 

 

Até 09 de março.

Graphos:Brasil apresenta Lippe Muniz

A galeria Graphos:Brasil, Copacabana, Rio de janeiro, RJ, inaugurou a exposição “História da Melancolia”, individual do artista plástico Lippe Muniz. A mostra reúne cerca de 50 obras produzidas desde 2010, apresentando diferentes séries cuja temática aborda a condição humana.  A partir de imagens coletadas em feiras de antiguidades, em velhos álbuns de fotografia ou em revistas antigas, o artista trata com uma ótica ultra contemporânea de temas recorrentes no imaginário humano: “Falo da morte usando imagens do passado. Logo, a memória e a história tornam-se elementos chaves em minha problemática. Toda a minha poética é baseada na ideia de uma arte trágica. Colagem, desenho, pintura, instalação e performance se entrecruzam, se contaminam e criam uma obra única. Talvez uma Gesamtkunstwek (obra de arte total),” diz o artista. Na obra de Lippe Muniz cenas de conflitos e do cotidiano sob a ótica da opressão social e da construção de utopias, criam uma atmosfera onde passado e presente, memória e atualidade convergem de forma incisiva.  A exposição apresenta telas impregnadas de tinta negra, instalações, assemblages e apurados desenhos em grafite. As obras são marcadas por textos escritos à mão e por detalhes pictóricos que flertam com o surrealismo, na medida em que a incorporação de objetos do dia a dia e sua consequente resignificação por meio da colagem reforçam a poética metafórica dos trabalhos. Para a crítica literária Lívia Letícia “os muitos negros que saem da palheta de Lippe se entrelaçam à poesia da palavra-tinta em diferentes línguas, para invadir e dilacerar as tramas históricas e as cavernas da memória, deslocando sentidos, pelo riso melancólico e nervoso que macula e tatua com cicatrizes a História e a história. Marcas na memória: arte suja, bela e feia”.

 

 

São apresentadas três séries e um conjunto de objetos e uma instalação:

 

“Weltwehmut” – desenhos que tem por base imagens fotográficas combinadas com novos elementos, objetos, estranhas formas negras e fragmentos textuais, denotam impressões do absurdo, solidão, tristeza, opressão e morte.

 

“História da Melancolia” – série de pinturas negras que explora as possibilidades de criação pictórica sem a presença marcante da cor. São vestígios de rabiscos, respingos e as camadas de tinta preta (e branca) cortado por linhas vermelhas finas semiprecisas que formam estruturas geométricas e desenham um espaço quase que gráfico. As estruturas geométricas nos remetem ao desejo construtivo de ordem e de utopia e em meio a massa pictórica escura da obra, evocam lucidez.  A colagem de imagens do passado, imagens fotográficas de anônimos e figuras históricas, achadas nas gavetas da memória trazem consigo nostalgia e melancolia. A visão de um passado trágico, da história traumática de um homem que gravita entre o incerto e a finitude.

 

“Homens Carregam Homens Desde Que Eu Me Conheço” – Pinturas negras sobre papel feitas sob o impacto visual, sensível e intelectual das manifestações políticas que povoaram as ruas do mundo nos últimos anos.

 

“Objetos e instalação” – objetos (assemblages) e instalações criados a partir da combinação de imagens e objetos coletados ao acaso, mas que carregam uma memória, uma história, e que quando combinados (muitas vezes de forma precária) exprimem uma condição frágil, de equilíbrio precário, numa metáfora da própria condição humana.

 

Repletas de referências históricas, literárias e filosóficas, as obras desdobram-se em muitas camadas, proporcionando um convite à reflexão – nem sempre fácil, mas necessária – de temas humanos, demasiado humanos.

 

 

Sobre o artista

 

Lippe Muniz nasceu em Duque de Caxias, RJ, em 1986. Estudou Gravura na Escola de Belas Artes da UFRJ, frequentou os cursos Arte Hoje, Performance: O Corpo Como Linguagem e o Aprofundamento na EAV Parque Lage, e o curso Pósmodernidade:  A arte na Contemporaneidade na Escola de Belas Artes da UFRJ. Participa do Programa de residência Master der Fremde=Master der Heimat – Wortwedding Lade für Kunst und Poesie, residindo por um ano em Berlim na Alemanha. Participou de diversas exposições coletivas no Brasil e na Alemanha. Na Alemanha apresentou as individuais: A Minha Euforia Eu Carreguei Para um Canto Longe, Wortwedding Lade für Kunst und Poesie, Berlim, Alemanha, 2012; e Bühne für Kohle, Stöcke und Schweigen, Kunsthof Jena, Jena, Alemanha, 2010.

 

Até 1º de março.

Luigi Ghirri no IMS-Rio

06/fev

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, exibe – após temporada em São Paulo -, a primeira grande retrospectiva do fotógrafo italiano Luigi Ghirri. Dono de uma vasta produção e de um talento incomum para explorar a linguagem fotográfica, Ghirri foi uma figura fundamental da cena artística italiana, mas apenas depois de sua morte começou a ser redescoberto e consagrado no mundo todo. Essa nova fase da exposição ganha quase 100 novas obras e documentos do artista e sua passagem por São Paulo a colocou entre as cinco exposições mais bem avaliadas de 2013 da Veja São Paulo e mereceu a terceira colocação de melhor exposição do ano segundo o jornalista Silas Martí.

 

A exposição “Luigi Ghirri. Pensar por imagens. Ícones, Paisagens, Arquitetura” é uma das maiores exposições já realizadas sobre o fotógrafo e foi organizada segundo três caminhos centrais ao seu universo: a investigação dos ícones visuais que povoam o mundo contemporâneo; uma releitura da paisagem italiana, baseada num profundo conhecimento da história da arte; e uma indagação sobre os modos de viver, habitar e perceber o espaço.

 
A exposição apresenta quase 300 fotografias, a maior parte delas cópias de época, além de provas de impressão, livros de artista e outros objetos que ajudarão entender a carreira fascinante do fotógrafo que foi também editor, curador e um grande pensador da fotografia.

 

Ghirri contribuiu, na década de 1970, para que a fotografia ganhasse importância artística na Itália. À tradição pictórica de seu país, uniu a sedução da fotografia colorida e da fotografia amadora. Neste ano, quando assumiu o cargo de curador-chefe de fotografia do MoMA, o francês Quentin Bajac declarou que Ghirri é o exemplo de gênio subestimado pelo museu, que recentemente o incorporou à sua coleção.

 

O trabalho de Ghirri se debruça sobre fontes variadas: as montagens espontâneas, os achados do cotidiano, as paisagens sublimes e também as mais banais, a arquitetura autoral e a anônima. Para Ghirri, o mundo é um espetáculo que o fotógrafo deve decifrar, interpretar e traduzir. Com influências tão distintas como o neorrealismo italiano, os pintores renascentistas, a fotografia americana e Bob Dylan, Ghirri reinventou os modos de olhar e expandiu os limites do fazer fotográfico. “Suas fotos impressionam por mostrar objetos cotidianos como se estivessem sendo vistos pela primeira vez ou paisagens banais como se fossem lugares oníricos, onde temos vontade de viver”, afirma a pesquisadora Marina Spunta em matéria publicada na revista ZUM #3.

 

O catálogo que acompanhará a exposição traz um longo portfólio de imagens, textos do próprio Ghirri, que era um escritor perspicaz, além de ensaios críticos dos curadores Francesca Fabiani, Laura Gasparini e Giuliano Sergio, e de Quentin Bajac (MoMA), do fotógrafo alemão Thomas Demand, de Bice Curiger (que apresentou Ghirri na Bienal de Veneza de que foi curadora), de Lorenzo Mammì e de Larissa Dryansky.

 

 
Sobre o artista

 

Luigi Ghirri nasceu em Scandiano, Reggio Emilia, no norte da Itália, em 1943. Começou a vida como topógrafo e designer gráfico, antes de se tornar fotógrafo no início dos anos 1970. Mais para fins da década, começou a ser conhecido no exterior: em 1979, foi convidado a expor na Light Gallery, em Nova York; em 1980, foi chamado para trabalhar no estúdio da Polaroid de Amsterdã; já em 1982, foi eleito um dos maiores fotógrafos do mundo na feira Photokina. Em alguns projetos, Ghirri colaborou com escritores como Geoff Dyer e o arquiteto Aldo Rossi. Morreu em 1992.

 

“Cada uma das fotografias do livro de Ghirri, explícitas e infinitamente misteriosas, não contém quase nenhum incentivo para avançarmos, para virarmos a página e ver a foto seguinte. Satisfazemo-nos com olhar e esperar, observar”. Geoff Dyer, ensaísta britânico e colunista do site da ZUM, sobre Kodachrome.

 

“Ghirri não se pauta pela poética do momento decisivo, pelo esforço de resumir no instante o significado inteiro de uma ação. É fotógrafo dos tempos longos, das permanências.” Lorenzo Mammi, crítico de arte.
“Ghirri fez muita coisa que eu não faço, e que provavelmente não farei – mas, sem dúvida, estou feliz que ele tenha feito.” William Eggleston, fotógrafo americano.

 

“No trabalho de Ghirri sempre há uma surpresa. As fotografias das maçãs na máquina de venda automática (Lucerna, 1971), por exemplo: é uma coisa tão comum, mas é também uma sensação e tanto. Transformar as coisas mais normais em sensações, e fazer isso repetidamente, é grande arte.” Thomas Demand, importante fotógrafo contemporâneo, sobre a obra do Ghirri.

 

A exposição “Luigi Ghirri. Pensar por imagens. Ícones, Paisagens, Arquitetura” é promovida por MAXXI Museo nazionale delle arti del XXI secolo, pela municipalidade de Reggio Emilia e pela região de Emilia Romagna, e tem curadoria de Francesca Fabiani, Laura Gasparini e Giuliano Sergio.

 

 

De 06 de fevereiro a 13 de abril.