Marcel Giró na Galeria Bergamin

05/nov

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, exibe 40 fotografias vintage (ampliadas na época), feitas pelo artista catalão Marcel Giró, nos anos 1950. Giró foi um dos principais representantes do Modernismo da Escola Paulista e integrou o Foto Cine Clube Bandeirante.

 

A dupla de curadores, Iatã Cannabrava e Isabel Amado, elegeu imagens que evidenciam o crescimento da metrópole naqueles anos e deixam escapar a preocupação desta geração de fotógrafos em documentar as transformações das cidades, a industrialização e a modernidade, assim como o fizeram Paulo Pires, José Yalenti, Ademar Manarini, Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian e outros participantes do FCCB. São fragmentos como andaimes, antenas, muros riscados e construções, fotografias quase sem a presença da figura humana, que valorizam a arquitetura local, e incluem uma série menos literal, em que a geometria e as experimentações do Modernismo Paulista são ainda mais presentes.

 

“Com um olhar apurado de esteta, suas melhores fotografias têm origem de fato no banal e cotidiano”, diz Iatã Cannabrava. Para Isabel Amado, “nas sombras mais duras, na geometria mais fria, nos contrastes menos cadenciados: sempre há uma delicadeza que perpassa suas fotografias”.

 

Apesar da pouca atenção ao Modernismo da Escola Paulista, na última década importantes trabalhos como o livro de Helouise Costa, a circulação de coleções como a de fotografia modernista brasileira do Itaú e a inclusão no circuito de galerias de arte de alguns desses autores fizeram com que as obras guardadas pelas famílias viessem a aparecer. É o caso desta exposição, composta por obras mantidas sob a guarda de Toni Ricart, sobrinho do artista. Além de fotógrafo, Giró praticou montanhismo, tendo cruzado os Pirineus a pé. Antes do Brasil, esteve na Colômbia, e, ao passar por São Paulo, encontrou no FCCB o que havia de mais questionador na época, ou, pelo menos, o que havia de mais revolucionário na fotografia naquele momento de retomada da vida cotidiana após duas longas guerras.

 

 

Sobre Marcel Giró

 

Filho de industrial do setor têxtil, o catalão Marcel Giró foi um aficionado pela fotografia, praticou montanhismo e viajou o mundo como poucos. Alistou-se como voluntário no exército republicano durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), o que já anunciava seu espírito político, questionador, observador. No final dos anos 40, mudou-se para São Paulo, onde renasceu sua vocação para fotografia, se tornando um dos principais membros da Escola Paulista de Fotografia, com origem no Foto Cine Clube Bandeirante.  Seu trabalho se caracteriza pela interpretação das formas abstratas de seu entorno e pela experimentação com a luz e sombra, acompanhando o movimento da fotografia moderna. Giró é citado mais de uma vez no livro seminal Fotografia Moderna no Brasil de Helouise Costa, e é dele o Estúdio Giró, o pioneiro da fotografia publicitária no Brasil. Viveu até os 98 anos de idade, morrendo em Mirassol, Barcelona, em 2011.

 

 

Sobre a Galeria Bergamin

 

Sem elenco fixo e com o objetivo de atender a arte e disseminar cultura no coração do Jardins, na Rua Oscar Freire, em São Paulo, a Galeria Bergamin, dos sócios Antonia Bergamin e Thiago Gomide, abriu sua primeira exposição no novo espaço em agosto de 2013, já com grandes nomes como Adriana Varejão, Hélio Oiticica, Nelson Leirner e Waltercio Caldas. A mostra coletiva apresentou obras onde os autores prestavam homenagens, correspondências e referências a outros artistas plásticos, como Lucio Fontana e Piet Mondrian, por exemplo. Com foco em arte do período pós-guerra, o espaço pretende se tornar referência também em prestação de consultoria para a criação de novas coleções ou aprimorar as já existentes.

 

De 05 de novembro a 15 de dezembro.

Paulo Vieira na Galeria Movimento

O pintor Paulo Vieira apresenta na Galeria Movimento, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de janeiro, RJ, a exposição “Depois de Hoje“. Esta é a segunda mostra individual do artista no Rio de Janeiro – a última foi realizada em 2011 – com mais de 30 anos de carreira. Rigoroso, obsessivo e profundo estudioso da pintura, Paulo Vieira apresenta 41 trabalhos, entre eles, 31 óleos sobre tela e 10 em papel com acrílica, grafite e lápis de cor. O trabalho do artista foge da figuração tradicional e apresenta imagens evocativas e aleatórias como o verso de Paulo Leminski que batiza a exposição. “Quando a gente olha o conjunto pronto, pensa que ele nasceu assim. Mas esses trabalhos não foram feitos imaginando uma exposição. Eu queria voltar a pintar com óleo, o que não fazia há muito tempo”, revela. Como preferiu trabalhar com telas de pequeno formato, o conjunto de imagens adquiriu um caráter fragmentário e, paradoxalmente, uma forte coesão.

 

Toda a exposição gira em torno do conceito de autorretrato. “Toda minha pintura é autorretrato”, reitera, a começar com um impressionante trabalho em grafite e lápis de cor de grandes dimensões que ancora a exposição. Imagens que sugerem lembranças e sonhos povoam as telas cuidadosamente articuladas em torno das ideias de isolamento, incomunicabilidade e vida interior. “Elas falam pra dentro. Cada uma conta uma história, mas é cada espectador que a completa com suas experiências individuais”, acrescenta Paulo.

 

Segundo o curador Mauro Trindade, o retrato é um tema caro à pintura, gênero que Baudelaire notou ser de aparência tão modesta e que necessita de uma imensa inteligência. “Sem a grandiloquência da pintura histórica ou os efeitos da paisagem, o retrato permitiu a construção de uma certa identidade hoje solapada pela personalidade errante do sujeito na atualidade. Nesse contexto a exposição Depois de Hoje pode ser entendida como um grande autorretrato”, finaliza.

 

 

De 12 a 30 de novembro.

Dois na Galeria Laura Marsiaj

04/nov

A Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta através de mostra individual em sua sala principal as inusitadas esculturas de Barrão. O texto de apresentação traz a assinatura de Jorge Emanuel Espinho e a mostra denomina-se “Barrão: Arrumação“.

 

O Verdadeiro Lugar das Coisas: Sua Natureza Interior, Exteriorizada

 

Seria interessante conseguirmos descobrir a inventar a verdadeira natureza animada dos objetos: a essência viva mais funda que os habita, bem escondida e disfarçada por trás da firme máscara do imobilismo e da aparente não ação, não vida. (Pre)Sentir a história que  povoam e que os seguirá, congelados que estão e ficam, num momento rígido de emoção e aventura. Mas estamos bem distantes da invenção/consciência libertadora e fantasiosa das infâncias, e sentimos amarrados na relação estreita e objetivada com o que criamos e nos rodeia. Assim – condicionados na rigidez egocêntrica do ser adulto – parece ginástica impossível o alargar, através desse animismo mágico, uma interação criadora com o que nos envolve. (Alargando-nos logo então também, nesse criar imaginado: aprofundando-nos, projetando-nos; tudo reinventando e fazendo viver, vivenciando.)
Será este o luminoso privilégio que nos é partilhado e encorajado, na obra literalmente e profundamente fantástica de Barrão. Aqui, testemunhamos deslumbrados esse mundo mágico que se esconde subtil dentro das coisas; e que assim se espraia e se manifesta, se exprime e se relaciona, numa animada reunião ruidosa de gestos e movimentos: em momentos fugazes mas cruciais, parados num tempo; numa soltura comunicativa e aberta; em forte união e relação. Aqui, os protagonistas – quer representem objetos funcionais ou animais – revelam finalmente a sua essência e força, em libertada e estimulada interação e fantasia.  À origem/natureza kitsch e de produção massificada dos objetos – distintos e orgulhosos símbolos representativos da cultura de massa – o artista aplica uma abordagem mais intuitiva que decidida, mais de procura que de encontro, mais de improvisada libertação que de estudada reconfiguração. Na busca disponível pela vida em que lhe vão surgindo, ele os identifica e acolhe; no atelier lhes retira formatação e algum limite primeiro, depois lhes reconhece e encoraja expressão e expansão, reunião com semelhantes e avanço. E assim vai, a partir desse ambicioso relacionamento, construindo uma irônica obra, em que – saído da reprodução fabril, seriada e estéril – o objeto vem assumir agora um caráter/manifestação único e próprio. E que jamais poderia ambicionar ou conseguir sozinho.

Mas aqui a fronteira entre a leve ironia e a carga crítica da obra está bem clara. Pois esta também incorpora, e fortemente, uma séria reação à ordem fabricada das coisas: à formatação da beleza e ausência de critérios próprios; à predefinição, por outrem, das curvas da nossa própria emoção, vida e ousadia. Estas peças, de origem decorativa e funcional linear, transformam-se, às mãos do artista, no resultado/objeto da sua própria mutação e transcendência. (Isto é feito, sobretudo, através da exploração livre e intuitiva de outras direções e vontades possíveis, que habitam o seu interior cerâmico: subterrâneas, escondidas,vibrantes, infinitas.) Assim, saídas altivas de um envelhecido mundo decorativo – e já enriquecidas com um pendor animista e psicológico; sincrético e resolvido, mas agora realmente em vida e vividas; renascidas no capricho significativo de um acaso criativo e reconstruídas numa coabitação onírica e maravilhosa, vivenciando e incorporando a sua verdadeira natureza – estas coisas manifestadas gritam ruidosas da redução tonta que fazemos de todos os objetos, mesmo de nós, e também, claro, de todo um mundo diverso e pleno. Em complot retalhado e místico com outras de enriquecedora natureza, nestas obras acontece uma transcendente decisão e causa: a manifestação corporificada do espírito, em barro envernizado, que habita os animais todos e tudo, e todas as coisas. O que o artista aqui faz é escolher – dar forma, reproduzir, partilhar – a fabulosa energia viva que reside, em expectativa morna e mirabolante, adormecida, no todo e em todos. E claro, este manifestar uno ri-se, grave, alto e ruidoso, da separação ácida e constante que impomos às coisas, à nós, a um inteiro e descomunal planeta.

 

Imagina-se aqui uma verdadeiramente fenomenal aventura: reunir num só enorme espaço/tempo todas as esculturas vivas do artista, e logo mergulhar a descobrir essa imensa galáxia colorida de mil seres que se lançam e conversam, se fundem e se separam, se reproduzem e se acalmam, numa liberdade anárquica e fantástica, que jamais e sempre se (re)inventa e se recria. Partindo de novo sempre em tudo, e em tudo sempre de novo se reunindo. (Muito fica sempre por dizer num texto assim tão curto, mas sublinhamos): Estas nossas obras nascem cozidas no calor de um fogo sem formatação ou mentira; e bem nos ensinam: que por detrás da cortina de fumo que é a forma rígida predefinida, habita expectante e adormecida toda a possibilidade infinita! Uma brincadeira a ser levada a sério, como bem mostra o efeito final desta alquimia em vida que nos é aqui exemplificada, sublinhada, demonstrada. Assim, aprendamos.

 

Jorge Emanuel Espinho

 

 

Até 21 de novembro.

 

 

 

Já a artista plástica Gabriela Machado apresenta série inédita de pinturas no Anexo as quais denominou “Histórias que eu quero contar“.  A apresentação é de Marcelo Campos.

 

Gabriela Machado

 

“Histórias que eu quero contar”, assim Gabriela Machado denomina esta vontade conceitual de buscar a pintura, sua companheira diletante, em pequenos relatos, crônicas, por assim dizer. Com isso, vemos três instâncias de observação sobre este engenho: a história, o querer desejante e a vontade narrativa. Ao observarmos as pinturas, nos confrontamos com assuntos marginais, quase não-narráveis. Fomenta-se, aqui, um volta da história narrativa exercitada como uma compreensão instantânea dos acontecimentos. Pintura de instantes, alguns instantâneos de pintura. Esta possibilidade é capitaneada pelo uso de máquinas produtoras de imagens instantâneas, as polaróides. Gabriela Machado acentua o desejo curioso, tátil, infantil, até, de produzir cliques que acompanham-na em viagens pelo mundo. Assim, vemos uma paisagem estrangeira, o detalhe do mobiliário de hotéis, uma cortina, um gato, um por do sol. A artista se concentra no minúsculo, criando um destaque desproporcional, pois não estamos diante de uma história factual, mas, antes, de uma história biográfica não-factual.

 

Também poderíamos observar um elogio ao uso da narrativa popularizada, os instantâneos de uma vida que só pode ser grandiosa pela soma dos acontecimentos ordinários. Neste “instante” compartilhado resplandece o desejo. Aquele que nos faz seguidores do que não sabemos. Exercita-se um certo delay, um certo intervalo entre a imagem observada, a câmara escura e sua revelação em slow motion, etapas próprias da máquina de polaróide.  O historiador Eric Hobsbawm destaca que numa “história narrativa popular”, “o evento, o indivíduo, não são fins em si mesmos, mas meios de esclarecer alguma questão mais ampla, que ultrapassa em muito o relato particular e seus personagens”. Perde-se o interesse pelo que o historiador chama de “grandes porquês”. Ao mesmo tempo, o fait diver, os acontecimentos noticiosos, próprios do advento da cultura de massa, passam a ganhar protagonismo. Como estamos diante do ordinário, percebemos uma certa negação do compromisso ideológico. Ativa-se a via de todas as imagens, de todas as pessoas, de quaisquer luzes. Tudo é pictórico, tudo é pitoresco. E a imagem é forçosamente pintada, gravada, num quarto momento, numa quarta geração. Depois da visão, do registro fotográfico, da revelação, temos a pintura.

 

A artista exercita, em contrapartida, uma “leitura íntima”, na associação de formas, blocos, empilhamentos, fato já presente na produção de Gabriela. “Não há nada de novo em preferir olhar o mundo por meio de um microscópio em lugar de um telescópio”, afirmará Hobsbawm. Ao que podemos responder com a constatação de Arthur Danto que afirmara: “perguntar pela significação de um acontecimento no sentido histórico do termo, é perguntar algo que só pode ser respondido no contexto de um relato (story)”. Vemos, então, Gabriela Machado testar, brincar, corromper esta ambivalência, grandes relatos, pequenas escalas, fotos domésticas, acontecimentos relevantes. Aqui subverte-se a noção de que a “autêntica história considera a crônica como um exercício preparatório”. O exercício preparatório é uma finalidade ambiciosa, ainda que sem fins grandiosos. Ativa-se, de outro modo, o sentido de colecionar, acumular, fazer museus de tudo, atlas imagéticos. Quais são os acontecimentos significativos, nos perguntamos? A narração como ensaio, como crônica, liberta os recursos narrativos para se concentrar numa suposta liberdade de gerar relações significativas por dentro das micro-histórias. E as histórias são aquelas que nos acompanham na vida, como contos prosaicos. Gabriela, em outra medida, assume: “quero contar”, trazendo a imagem para uma relação direta com a pessoalidade. Qualquer coisa, qualquer fato, qualquer vazio torna-se pictórico. E, assim, “a mera crônica” é a “autêntica história”.

 

Marcelo Campos

 

 

Até 21 de novembro.

Na galeria de Roberto Alban

Chama-se “Conversa Tranquila na Praia da Paciência” o título da exposição individual do artista plástico Paulo Whitaker a realizar-se na Bahia. A mostra – inédita – dá prosseguimento a programação da Roberto Alban Galeria de Arte, Ondina, Salvador. É a primeira vez que Salvador recebe uma mostra significativa do trabalho pictórico de Paulo Whitake, com 21 óleos sobre tela que refletem sua produção atual. O artista já vem sendo exposto, premiado e elogiado pela crítica em diversos lugares do Brasil e do mundo. Além de integrar o acervo de diversas coleções privadas e públicas, como o Instituto Cultural Itaú e o Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Whitaker foi prêmio de aquisição da Pinacoteca de São Paulo neste ano de 2013 e do MAC- USP em 1993, através do Prêmio Gunther de Pintura. Também em 2013, outra obra do artista foi doada ao acervo do MAC-USP a partir da escolha de seu atual diretor, Tadeu Chiarelli.

 

Paulo Whitaker tem uma presença expressiva no cenário nacional desde a década de 1980, afirmando-se internacionalmente como um dos expoentes do abstracionismo brasileiro. Participou da 3ª Bienal do Mercosul, 2001, em Porto Alegre; da 25ª edição da Bienal Internacional de São Paulo, 2002 e da Biennale de Montreal, 2007, no Canadá. Ainda na década de 1990, foi artista residente na Alemanha, E-Werk Freiburg, e duas vezes no Canadá, Plug In e The Banff Centre for the Arts. Sua obra despertou a merecida atenção de nomes importantes da crítica e curadoria brasileira e internacional, como Ivo Mesquita, curador e diretor da Pinacoteca de São Paulo, Frederico Morais, figura central na crítica e curadoria brasileira e um dos criadores e curador geral da 1ª Bienal do Mercosul, Jacopo Crivelli Visconti, curador italiano de atuação internacional residente em São Paulo, e Wayne Baerwaldt, curador da Alberta College of Art + Design.

 

A obra de Paulo Whitaker desafia o próprio universo da pintura e a composição tradicional de seus elementos: cores, formas, manchas, linhas, planos que não têm o compromisso de representar o mundo; alfabetos que não se deixam decodificar. Sua pintura põe em cheque os limites entre abstração e figuração e convida o público para uma conversa mais intrigante do que tranquila. Apenas diante de sua pintura, ao vivo, os olhos mergulham em toda sua matéria, mas nunca atingem o fundo do seu mistério. Segundo o próprio artista: “A espinha dorsal do que é hoje o meu trabalho vem de 1989, quando criei um alfabeto próprio de formas e conteúdos. Desde então as minhas construções e formas vêm se desenvolvendo. É como se fosse a criação de uma música instrumental, por exemplo”.

 

 

Sobre o artista

 

O artista plástico vive e trabalha em São Paulo, cidade onde nasceu em 1958. Pintor e desenhista, Paulo Whitaker formou-se em Educação Artística na Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – Udesc/SC, em 1984. Com uma sólida carreira nacional, suas obras estão em acervos de importantes instituições e museus como: Museu de Arte de Santa Catarina – MASC; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC/USP; Museu de Arte Contemporânea do Paraná – MAC/PR; Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado – MAB/Faap e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Entre diversas exposições, participou da 25ª edição da Bienal Internacional de São Paulo em 2002. Entre 1991 e 1992, foi artista residente no Plug In, em Winnipeg, no Canadá, em E-Werk Freiburg, na Alemanha, e, em 1999, no The Banff Centre for the Arts, também no Canadá. Naquele mesmo ano participou da exposição Arte Contemporânea Brasileira sobre Papel no MAM, em São Paulo, e, em 2001, participou da 3ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre. Já em 2007, ele participou da Biennale de Montreal, no Canadá. Paulo Whitaker recebeu, em 1993, o Prêmio Gunther de Pintura do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e, em 1998, no VI Salão Nacional Victor, o Grande Prêmio no Museu de Arte de Santa Catarina.

 

 

De 07 de novembro a 07 de dezembro.

Flying Houses de Chéhère na Inox

A Galeria Inox, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Flying Houses”, a primeira exposição individual do artista plástico francês Laurent Chéhère. Ao todo, são 6 composições fotográficas da série homônima, nas quais o artista apresenta uma Paris onírica e melancólica, através de imagens de construções da capital francesa em suspensão no céu.  A ideia que norteia a série “Flying Houses” surgiu em 2008, durante andanças do artista por Belleville e Ménilmontant, bairros localizados na região nordeste de Paris. “Meu interesse é mostrar a vida dessas pessoas e suas moradias. Essa parte da cidade é muito pobre e em cada metro quadrado é possível explorar uma rica diversidade cultural”, conta o artista.

 
As edificações que ilustram essas obras são diversas: uma casinha com floreiras à janela, um hotel velho e decadente, um trailer com um varal repleto de roupas, um cortiço, uma casa com placa anunciando venda, uma fábrica, um edifício comercial pichado e até um circo. Em todas essas imagens há presença de fios, como se fossem a linha de uma pipa ou o cordão de um balão. E isso não é à toa, já que a série é inspirada no filme “Le Ballon Rouge”, de Albert Lamorisse, de 1956.

 

O conceito imagético produzido por Chérère usa paleta cromática similar ao filme, com predominância de tonalidades frias, principalmente cinza e azul, e também marrom. As personagens principais desses trabalhos – as construções – são digitalmente criadas a partir de detalhes arquitetônicos fotografados nos subúrbios e periferias da cidade, justamente onde foi filmado “Le Ballon Rouge”. O resultado é um misto de realidade e ficção, temperado com um tanto de surrealismo.

 

Em “Flying Houses”, Laurent Chéhère exibe um lado esquecido da Cidade Luz, elevando essas moradias e demais espaços dessas regiões abandonadas da cidade numa tentativa de atingir a atenção para a situação em que esses locais se encontram. Enquanto o filme de Albert Lamorisse tem final feliz, a conclusão da narrativa proposta pelo artista permanece suspensa, como as construções de suas obras. A curadoria é de Gustavo Carneiro e Guilherme Carneiro.

 

 

O artista

 

Laurent Chéhère, nasceu em Paris, em 1972. Trabalhou no ramo publicitário, onde ganhou prêmios por campanhas para marcas como Nike e Audi. Após algumas viagens pelo mundo, acabou decidindo investir na carreira artística, com a qual combinaria suas duas paixões: a fotografia e as viagens. Chéhère explora localidades tão diversas – cidade, subúrbio, interior – quanto campos da fotografia, da reportagem à imagem conceitual. Seu grande interesse por arquitetura resultou na série “Flying Houses”, que ganhou o prêmio Prix Special du Docks en Seine: City of Fashion & Design.

 

 

 

De 13 de novembro a 07 de dezembro.

Raridades com Ranulpho

No ano em que comemora 45 anos de atividades, a Galeria Ranulpho, Bairro do Recife, Recife, PE, iniciou com um dos fatos mais importantes da sua existência, o lançamento do livro sobre o pintor Vicente do Rego Monteiro “Um olhar sobre a década de 60”. Além da sólida trajetória vinculada aos grandes pintores da tradição Modernista, a galeria decidiu cobrir suas paredes, pela primeira vez, com duas exposições de importantes artistas da Arte Contemporânea de Pernambuco. A garimpagem correu paralela aos eventos significativos realizados ao longo do ano. Entre as preciosidades, constam três telas de Lula Cardoso Ayres, uma delas raríssima, da década de 1940. Recentemente adquirido da família de Vicente do Rego Monteiro, da década de 1960 representando um colhedor de cacau. Reynaldo Fonseca, assina a “Anunciação”, datada de 1994. O trabalho de Cícero Dias, que está entre os melhores do artista, foi tirado da coleção particular do marchand Ranulpho. Outro destaque é o conjunto de três pinturas sobre o circo do pintor primitivo Alcides Santos; as obras são da década de 1970, período em que teve uma sala especial na 1ª Bienal Latino Americana, “Mitos e Magia” em São Paulo.

 

Entre outras raridades, uma escultura do Mestre Dezinho, retratando um anjo em madeira maciça de cedro. E de Francisco Brennand, um par de jarrões com 70 centímetros cada, pintados em 1971 em azul e branco, as cores utilizadas em toda azulejaria portuguesa e brasileira. Ainda em destaque, três pinturas representando São Francisco, de autoria de Aldemir Martins, Virgolino e José de Dome. O conjunto exposto apresenta ainda duas antigas obras de Mário Nunes; uma paisagem de Olinda assinada por Rebolo; pinturas de Ado Malagoli; uma ciranda, datada de 1968, de autoria de Orlando Teruz; uma Natureza-Morta de Carlos Scliar e uma pintura de Siron Franco.

 

 

A partir de 07 de novembro.

Viagem Astral na Marcia Barrozo do Amaral

31/out

Roberto Magalhães é a próxima exposição da Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. A mostra denomina-se “Viagem Astral”. Roberto Magalhães fala das imagens, da quantidade de imagens diferentes que costumam brotar initerruptamente em seu pensamento. De uma maneira inesgotável, segundo ele “…como uma torneira aberta no mundo, sem forma e sem tempo”. A série de desenhos inéditos que será apresentada, que reúne 30 trabalhos, foi iniciada no noroeste da Argentina e talvez, pelas circunstâncias vividas nessa região desértica e inóspita, muitos deles têm conotações místicas que parecem ressurgir de maneira simbólica de um passado experimentado há 40 anos, durante um período de introspecção e a descoberta do mundo interior do artista. Entre os desenhos místicos e espirituais, está a nave que manobra sobre a superfície de planetas e luas onde o artista pode então vislumbrar objetos pertencentes aos povos que ali habitam. São máquinas e aparelhagens de funcionamento desconhecido, medidores, monumentos, estruturas, cuja finalidade não é conhecida e que talvez sirvam apenas como sugestões da enorme quantidade de ideias que pretende futuramente concretizar no espaço tridimensional em que vivemos. Aparecem mapas, caminhos e roteiros dos mundos imaginários que visita. Em alguns desenhos são acrescentados textos, que, para o artista, é uma tentativa de mostrar com palavras que vai colhendo desordenadamente, frases explicativas  de que imagina e vislumbra.

 

 

O artista descreve seus trabalhos

 

“Nossa mente é mesmo surpreendente! E me deleito sempre quando viajo à bordo dela, com nossa capacidade de imaginar o que queremos, quando quisermos e do jeito que escolhemos”.

“São como ferramentas que me permitem construir o necessário para viajar com a mente, ou seja, módulos que reunidos me possibilitam compreender o que não vejo e proporcionar alguma coerência às referências que vou encontrando nesse vôo”.

“São como sínteses, clamores ou até mesmo êxtases proporcionados por essa imensidão impensável do invisível, que nos rodeia e interpenetra e do qual nunca teremos uma compreensão lógica e satisfatória”.

 

 

Sobre o artista:

 

Roberto Magalhães surgiu na cena artística brasileira no início da década de 1960. É um dos principais integrantes do grupo de jovens pintores que realizaram, no MAM-RIO, a exposição “Opinião 65”, iniciativa revolucionária por trazer uma nova linguagem visual para as artes plásticas no Brasil. Ganhou, em 1966, o cobiçado prêmio de viagem ao exterior no XV Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Fixou residência em Paris entre 1967 e 1969, desfrutando do prêmio recebido na IV Bienal de Paris e participou de exposições no exterior. Depois de oito anos sem expor – suas inquietações e questionamentos o tinham levado ao misticismo -, em 1975, Magalhães recomeçou sua vida artística, expondo e lecionando no Museu de Arte Moderna. Em variadas técnicas, Roberto Magalhães constrói uma longa trajetória, destacando-se como uma das referências nas artes plásticas no Brasil e consolidando-se no circuito internacional, incluindo entre os anos 1960 do século passado e 2013, passagens pela IV Bienal Internacional de Gravura; “Brazilian Art Today”/Royal Academy, Londres; VII Bienal Internacional de São Paulo; “Xilografia/Xilogravura”/Museu de Las Artes, Guadalajara, Mexico; “Retrospectiva”/MAM-RIO; “Roberto Magalhães – Pinturas, Dibujos y Grabados”/Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber, Caracas, Venezuela;“Desenhos”/Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro, 2001; “Otrebor – A Outra Margem”/Caixa Cultural, Rio de Janeiro e Brasília; “Preto/Branco 1963-1966 – Xilogravuras e Desenhos”/Parque Lage, Rio de Janeiro e “Roberto Magalhães- Pinturas e Desenhos”/Art Museum of Beijing Fine Art, China, 2011.

 

De 12 de novembro a 02 de dezembro.

No Oi Futuro, Ipanema

30/out

A solidão, mesmo (ou principalmente) nos formigueiros humanos; o isolamento voluntário, a segregação social em guetos, a dissolução na grande paisagem são os temas que norteiam a exposição “Nenhuma Ilha”, de Elisa de Magalhães no Oi Futuro, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ.  A mostra – que tem curadoria de Marcelo Campos –  foi criada,  a partir de imagens captadas da janela da casa de Elisa de Magalhães, que, como uma ilha, observa o que se passa à sua volta. A exposição, começa no saguão do elevador que conduz à galeria. Ali, ouve-se a narração de um estranho diálogo travado por dois religiosos, inspirado em personagens criados a partir de ficções de Lewis Carroll (Alice através do espelho) e de Umberto Eco (A Ilha do dia anterior). A narração é supostamente feita por um personagem da dupla Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares. Esse diálogo, que atravessa tempos (são livros escritos com muitos anos de diferença), já anuncia a suspensão temporal que a exposição vai provocar no visitante.  É a obra sonora – Catedral -, recentemente apresentada no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal, na exposição coletiva “ObraNome III”, com curadoria de Wagner Barja.

 

 


SEIS TRABALHOS

 

O primeiro trabalho, dos seis que compõem a exposição é o vídeo que batiza o conjunto, exibido no saguão do Oi Futuro Ipanema. Projetado em uma tela de 4 metros, foi produzido em 2010 a partir da janela de sua casa/atelier, em Santa Teresa. Usando uma potente lente zoom, Elisa filmou o tráfego carioca no início da noite – carros nos viadutos que margeiam a Baía de Guanabara, a alguns quilômetros de distância, que parecem andar em círculos, como brinquedos, em viadutos que não levam a lugar nenhum. A janela como posto de observação é personagem importante – desse seu posto, Elisa produziu ainda outros olhares. A instalação “Mar Aberto” apresenta duas fotos – semelhantes, mas feitas  em dias diferentes – da paisagem da cidade vista do alto. Parece um mar, com rasgos de luz. O livro O Mar, de John Banville, completa a obra. Já “Iluminações” é a foto feita de uma escadaria vazia, na comunidade dos Prazeres, em Santa Teresa, iluminada por um poste de luz. A distância e a pouca luz corrompem a imagem e transformam a paisagem em volta numa mancha azulada. O vídeo “Escrita” foi produzido a partir da leitura do conto de Jorge LuÍs Borges “A Escrita do Deus”. O monitor é instalado no chão da galeria, simulando um buraco onde está a própria Elisa, que olha para cima a cada vez que um personagem oculto abre a tampa desse lugar. No quinto trabalho, “A Vida dos Outros: Passagens”, a janela da artista volta a ser protagonista – produzido especialmente para o videowall com uma câmera equipada com um potente zoom, mostra o registro de escadas e passagens das comunidades em seu entorno, de dia  e de noite, com gente ou sem gente. Elisa transforma o vIdeowall numa espécie de tabuleiro, onde dia e noite se opõem nas telas, num sobe e desce de escadas que não termina nunca. O último trabalho, a foto “O Olho da Ilha”, funciona como uma espécie de marca visual da exposição – a foto de uma gota d’água caindo na superfície de uma piscina natural, que fica na vizinhança do estúdio. “E chamei de Olho da Ilha, por se tratar de uma ilha de água cercada de floresta por todos os lados”, explica.  “Elisa de Magalhães observa, de um ponto de vista insular, a janela de seu apartamento, o que acontece em seu entorno. Assim, faz do acontecimento comum, um advento do memorável. Aqui nos colocamos a questionar, quaisquer ações, quaisquer gestos são passíveis de narração?”- Marcelo Campos, curador.

 
 
Até 22 de dezembro.

Le Parc Lumière

24/out

Obras cinéticas de Julio Le Parc encontram-se em cartaz na Casa Daros, Botafogo, Rio de janeiro, RJ. Julio Le Parc nasceu em Mendoza, Argentina, em 1928. Em1958 mudou-se para Paris, onde vive até hoje. A turbulência política e social dos anos 1960 ofereceu um ambiente fértil para o desenvolvimento de uma obra ampla e variada, que lhe deu gradualmente reconhecimento internacional, como demonstra o prêmio que recebeu na Bienal de Veneza em1966. Nossa exposição na Casa Daros enfoca um dos aspectos mais importantes da obra do artista: sua preocupação com as alterações da luz. As peças na Coleção Daros Latinamerica, a maioria datada dos anos 1960, somam-se para formar uma grande sinfonia de luz em movimento. Ao lado de seus colegas do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV), nos anos 1960, Le Parc rompeu radicalmente com a convenção artística, ao rejeitar as imagens estáticas em favor de um dinamismo que coloca as obras de arte em fluxo constante, eliminando a possibilidade de pontos de vista fixos. O animado jogo de luz em suas obras transforma o espaço, ao dissolvê-lo e recriálo continuamente, tornando o espectador parte integral de uma Gesamtkunstwerk (obra de arte total). A substância material dos vários aparelhos e máquinas luminosas é transposta,de forma elegante e completa, para um plano imaterial. O artista estabelece um conjunto de condições básicas, mas as sobreposições e outras características dos fenômenos luminosos resultam do acaso. Essa abordagem aleatória gera constelações sempre novas e surpreendentes, que não podem ser totalmente captadas. Experimentar esses fugazes acontecimentos luminosos nos incentiva a refletir sobre a natureza instável da realidade e o curso irregular da própria vida, com todas as suas interrupções e mudanças.

 

 

As obras cinéticas de Le Parc resistem à interpretação em termos específicos. É essa a intenção do artista. Em um mundo em que tudo e todos são organizados — o que não deixa de ocorrer no reino supostamente livre da arte —, Le Parc oferece com suas obras cinéticas uma saída de nossa existência regimental, libertando os espectadores de seu estado de dependência, ao permitir que se tornem parte de uma experiência luminosa total. Buscando dar um maior grau de autodeterminação aos espectadores-participantes, Le Parc seria o último a lhes impor uma visão determinada: “O que importa é o que as pessoas veem, não o que alguém diz”. O caráter profundamente humano de sua obra e sua dimensão política estão no rigoroso repúdio a afirmações absolutas. Esta é uma arte livre e democrática, cheia de respeito pela humanidade, antiautoritária e avessa ao culto da genialidade. Le Parc expressou essas atitudes em seus numerosos manifestos artísticos e políticos. Mas Le Parc é também um mago único, com poderes irresistíveis. Com alegria e leveza, ele nos transporta para um universo caleidoscópico de luz que tremula, brilha, dança, salta e ondula, um reino de irresistível elegância e beleza, que exerce fascínio hipnótico. No jardim de luz encantado de Le Parc, tornamo-nos crianças de novo, absortos em nossos jogos, esquecidos do resto do mundo.

 

 

 

Sobre a Casa Daros

 

A Casa Daros é uma instituição da Daros Latinamerica, uma das mais abrangentes coleções dedicadas à arte contemporânea latino-americana, com sede em Zurique, Suíça. Daros Latinamerica conta com cerca de 1.200 obras, entre pinturas, fotografias, vídeos, esculturas e instalações, de mais de 117 artistas, e segue em expansão. A Casa Daros é um espaço de arte, educação e comunicação, que ocupa um casarão neoclássico do século XIX, preservado pelo Patrimônio da cidade do Rio de Janeiro. Projetado pelo arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva (1831-1912), encontra-se em um terreno de mais de 12 mil metros quadrados, em Botafogo, Rio de Janeiro. O espaço apresenta exposições da Coleção Daros Latinamerica e tem forte foco em arte e educação – com diversas atividades para o público. Oferece, ainda, uma agenda de seminários e encontros com artistas no auditório, além da biblioteca especializada em arte latino-americana contemporânea, o Espaço de Documentação, o Espaço de Leitura com catálogos de exposições da coleção, restaurante/café e loja.

 

 

Até 23 de fevereiro de 2014.

John Graz Viajante

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de janeiro, RJ, apresenta a exposição “John Graz, Viajante”, uma seleção de desenhos, guaches, estudos em grafite, pinturas e outras peças desse artista nascido em Genebra e que se encantou com o universo de luzes e cores do Brasil, tendo se radicado no país desde os anos 1920. São 150 peças, selecionadas do acervo do Instituto John Graz, fundado em 2005, que reúne um total de 2.000 peças, além de realizar pesquisas, catalogação e reconhecimento de obras do artista. Trata-se da exibição de obras inéditas de um dos maiores representantes do modernismo brasileiro, em um passeio visual pelos países onde o artista viveu ou passou temporadas, como Brasil, Grécia, Espanha, Itália e Marrocos, além da terra natal, Suíça. Ao lado de Di Cavalcanti, Anita Malfatti e outros, o pintor, escultor, decorador, desenhista e artista gráfico John Graz expôs seu trabalho na Semana de Arte Moderna de 1922, contribuindo decisivamente para a renovação da pintura brasileira, influenciado pelos movimentos de vanguarda da Europa.

 

O curador da exposição, Sérgio Pizoli, relembra que John Graz era apaixonado por viagens desde a juventude. Logo após se formar na Escola de Belas Artes de Genebra, recebeu bolsa de estudos e viajou para Espanha; depois veio ao Brasil, onde se casou e se estabeleceu em São Paulo, tendo feito em seguida várias viagens pelo interior do país, destaque para o Amazonas, de onde retirou a inspiração para suas obras, como as anotações de índios e barcos dos rios amazônicos, um dos destaques da mostra.

 

O objetivo da exposição é levar ao público, através das imagens, a fazer esse passeio junto com o artista. Há desenhos feitos no Marrocos que serão expostos pela primeira vez, assim como anotações de motivos e deuses mitológicos (Diana era a sua preferida) feitos em sua temporada na Grécia. Pizoli explica que um dos traços da obra de John Graz é reunir às paisagens e elementos da natureza os elementos simbólicos de cada cultura.

 

A maioria das peças dessa mostra é de desenhos (a guache) – “uma técnica muito difícil e que poucos artistas ousam fazer” – acrescenta o curador. Conforme Pizoli, a escolha pelos desenhos, boa parte ainda em caráter de estudos a serem concluídos, é para demonstrar a impressionante qualidade de um lado ainda pouco conhecido do artista. “John Graz tem uma vasta obra ainda a ser resgatada. Quem não o conhece, terá agora uma ótima oportunidade. E para quem já o conhece, poderá apreciar obras inéditas”, afirma.

 

Até 24 de novembro.