Nazareno apresenta obras inéditas

07/abr

O Oi Futuro, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Somos Iguais” do artista Nazareno, sob a curadoria de Tainá Azeredo. No primeiro nível, o artista apresentará instalação composta por 18 instrumentos musicais infantis restaurados, acompanhados de fotografias em grandes formatos registrando o estado em que foram encontrados. Uma trilha sonora criada pelo músico Paulo Beto a partir dos próprios instrumentos de brinquedo, especialmente para a mostra, completa a ambientação. O arranjo parte da tentativa de reprodução de músicas infantis e melodias harmônicas, mas acaba por criar sons inusitados produzidos pelos instrumentos defeituosos. Os pequenos instrumentos exibidos foram pinçados da coleção particular de Nazareno, formada desde o final dos anos 1990. O artista começou a restaurá-los no ano 2000 e enfrenta dificuldades em conseguir peças para completar os reparos. Para exibir sua visão sobre homens e instrumentos, as obras serão expostas com suas particularidades moldadas pelo tempo. Alguns foram completamente restaurados, outros apresentam mazelas e os danos causados pelo uso e o passar dos anos.

 

“Alguns foram fabricados há mais de 60 anos e as peças já não são mais produzidas”, conta Nazareno. “Este trabalho tem relação direta com os sentimentos humanos. A impossibilidade de consertar os danos se mostrou como uma metáfora: assim como os brinquedos, alguns sentimentos, depois de danificados, não podem ser reparados. Nesse ponto, acredito que nós ‘Somos Iguais’ aos instrumentos”, conclui.

 

No nível térreo, serão exibidas fotos autobiográficas inéditas da série de “De Onde (eu) Venho”, que ilustram o processo criativo do artista, registrando seu local de trabalho. Completam a mostra três vídeos do artista feitos especialmente para a ocasião. Munido de uma câmera, Nazareno foi a casas de amigos registrar particularidades de seus ambientes. Os vídeos foram designados pelos nomes dos proprietários das residências. A produção está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural.

 

 

Sobre o artista

 

Nazareno nasceu em São Paulo e passou sua infância e adolescência em Fortaleza. Em 1987, mudou-se para o Distrito Federal, onde concluiu bacharelado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília em 1998. A partir do ano seguinte, participou de diversas exposições de destaque pelo Brasil e exterior e foi premiado no Salão de Artes Visuais de Brasília de 2001. Em 2004, lançou o livro “São as Coisas que Você Não Vê que nos Separam” e em 2013 o livro “Num lugar não longe de você”. Possui obras em diversas coleções públicas e privadas. Nazareno é reconhecido por explorar aspectos relativos a memórias, perdas e superações. Também trabalha questões como a impossibilidade de transformação do sujeito frente ao mundo contemporâneo. “Entrar no trabalho de Nazareno é como abrir um álbum de família, em que cada página e cada imagem vem acompanhada de uma narrativa pessoal, transformada pelo tempo e pela memória. Buscando nas raízes profundas de sua própria história e escavando um passado familiar, o artista fala sobre a impossibilidade da recuperação de emoções que pertencem a um tempo antigo”, explica a curadora, Tainá Azeredo.

 

 

Sobre o Oi Futuro

 

O Oi Futuro é o instituto de responsabilidade social da Oi, que desenvolve e apoia programas e projetos nas áreas de educação, cultura e sustentabilidade. O Oi Futuro tem um compromisso com a transformação e com a inclusão social, tendo como missão promover o desenvolvimento humano por meio das tecnologias da informação e da comunicação. Desde 2001, suas ações visam democratizar o acesso ao conhecimento e reduzir distâncias geográficas e sociais, com especial atenção à população jovem.

 

Na educação, os programas NAVE e Oi Kabum! usam as tecnologias da informação e da comunicação, capacitando jovens para profissões na área digital e criativa, fornecendo conteúdo pedagógico para a formação de educadores da rede pública e fomentando o desenvolvimento de modelos inovadores. Já na área cultural, o Oi Futuro mantém dois espaços culturais no Rio de Janeiro (RJ) e um em Belo Horizonte (MG), com programação nacional e internacional de qualidade reconhecida e a preços acessíveis, e o Museu das Telecomunicações nas duas cidades, além de apoiar festivais e projetos em todas as regiões Brasil por meio do Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados.

 

O programa Oi Novos Brasis reafirma o compromisso do Instituto no campo da sustentabilidade, com o apoio e o desenvolvimento de parcerias com organizações sem fins lucrativos para a viabilização de ideias inovadoras que utilizem a tecnologia da informação e comunicação para acelerar o desenvolvimento humano. O esporte completa o seu escopo de atuação apoiando projetos aprovados pelas Leis de Incentivo ao Esporte, tendo sido a Oi a primeira companhia de telecomunicações a apostar nos projetos socioeducativos inseridos na Lei Federal.

 

 

De 14 de abril até 1º de junho.

Isabel Ramil no Santander Cultural

Espaço que contribui há mais de década para a divulgação da arte contemporânea no circuito de Porto Alegre, RS, o Santander Cultural iniciou sua programação de exposições para 2014. Com a primeira das quatro mostras do “Projeto RS Contemporâneo”, que destaca a produção de jovens artistas, a instituição abre um calendário que ainda contará com Vik Muniz e uma homenagem à memória do escritor Moacyr Scliar.

 

A exposição “A Dimensão Lírica das Coisas” apresenta a produção recente de Isabel Ramil. O curador Gilberto Habib selecionou trabalhos que, ao mesmo tempo em que demonstram a diversidade de linguagens de uma artista em formação (fotografia, vídeo, gravura, desenho e áudio), têm em comum referências de infância e família. É o caso de “Implacável”, instalação composta por áudio e 25 fotos que a artista registrou nas ruas de Rosário do Sul, RS, cidade de seus avós. Nesse trabalho, Isabel Ramil compõe cenas a partir de uma série de lugares que são igualmente identificados por placas de sinalização, criando uma espécie de jogos de metalinguagem. O folder da exposição traz uma foto de Isabel Ramil em performance na qual representa o escritor Marcel Proust na pose que foi pintado por Jacques-Emile Blanche.

 

O RS Contemporâneo ainda apresentará a produção dos artistas Daniel Escobar, Romy Pocztaruk e Ismael Monticelli.  Seguindo com sua programação, em 21 de maio o Santander trará uma exposição que já se candidata a figurar entre as principais do ano em Porto Alegre: Vik Muniz, um dos nomes brasileiros mais requisitados no exterior, apresentará 45 trabalhos produzidos desde os anos 1980. O artista é conhecido por usar materiais e imagens de todo tipo, de lixo reciclável a recortes de revistas. Destacando colagens e fotografias, será a primeira individual de Vik em Porto Alegre.

 

 

Até 04 de maio.

José Guedes na Galeria Lume

04/abr

Galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, abriu a exposição “Amarcord”, individual de José Guedes, com curadoria de Paulo Kassab Jr. Composta por 10 obras entre esculturas, vídeos e uma intervenção, o artista mostra trabalhos de diferentes períodos de sua carreira, expondo uma história quase autobiográfica.

 

A obra de José Guedes se comunica pelo não dizer, no qual os acontecimentos persistem pela insinuação, e não a especificidade. Entre algumas obras expostas: balões de diálogos pintados em têmpera (sobre PVC) – onde a pintura oculta a linguagem e nos conta uma história diversa, no intuito de falar sentimentos ou expressar a imaginação do espectador -, um relógio – que marca as horas em uma ordem nunca vista, trazendo ao público o universo de Guedes, no qual as coisas seguem padrões distintos daqueles aos quais nos acostumamos -, um livro – que não se deixa abrir, encerrando-se em si mesmo e fazendo referência aos livros soltos em nossas prateleiras, à espera por serem lidos -, além da obra “Fábula de um Arquiteto” – por meio de uma estrutura de quadros, espaços geométricos pintados com tinta acrílica vermelha escondem frases do poema homônimo de João Cabral de Melo Neto.

 

“Amarcord” revela e reconstrói a realidade do artista, ajustando-a a seus critérios estéticos e criando novos significados, os quais são, comumente, críticas à nossa sociedade. Em toda sua obra, José Guedes nos propõe uma infinidade de possibilidades, em um mundo onde o tempo no relógio é outro, as formas de enxergar são diferentes, e as cores versam – sincronia entre a tinta e o verso. “Foram-se os sons, restaram as cores e as formas, das letras ficaram as referências, o tempo mudou de lugar. Mesmo onde não há a palavra, pode haver poesia.”, conceitua Paulo Kassab Jr. A coordenação é de Felipe Hegg.

 

Até 1º de junho.

Afinidades – Raquel Arnaud 40 anos

03/abr

Presente na arte nos últimos 40 anos, período em que o circuito foi se profissionalizando, a marchand Raquel Arnaud foi uma das pioneiras na descoberta e promoção de nomes e movimentos hoje icônicos na cena artística. Ela soube usar sua atuação no então tradicional mercado de arte para construir as transições da arte moderna, passando pelos seus descendentes, até vigorosa atividade com os contemporâneos. A exposição retrospectiva, no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, que comemora os 40 anos de trabalho de Raquel Arnaud, conta com 116 obras de 45 artistas diferentes que estiveram com a marchand nesses anos. Paralelamente, Raquel Arnaud abriu exposição “Trajetória” em sua galeria.

 

A mostra busca apresentar o seu percurso, por meio de obras provenientes de várias coleções capturadas por seu olhar afinado ao longo deste período, que se constituem hoje em trabalhos históricos e referências da produção atual. Muitas histórias estão contidas nestas obras, como a de Lygia Clarck, que até a sua morte trabalhou com Raquel. Em uma exposição da artista realizada em 1982 na galeria então situada na Av.9 de julho, Lygia apesar de elogiar a montagem, disse a Raquel que não se considerava mais artista, mas psicoterapeuta e, portanto, não iria nem à abertura. “Eu insisti, ela veio, entusiasmou-se e se esqueceu de que “não era mais artista”, lembra com humor a marchand.

 

Ainda neste mesmo endereço, Raquel fez, em 1981, a primeira exposição de jóias da “Marquesa de Sade “do Tunga e, em 1985, a “Xifópagas Capilares”, com as marcantes “tranças”, esculturas em cobre e latão que imitam cabelos. A localização da galeria permitia que as tranças conectadas, saíssem do espaço da exposição pela Avenida 9 de Julho, passassem pela Rua João Cachoeira e voltassem pela Joaquim Floriano. Foi um acontecimento tanto para os visitantes como para os transeuntes.

 

Assim muitas histórias saborosas se passaram desde quando Raquel começou, ao dirigir a Galeria Global, na década de 70, depois de trabalhar no MASP junto ao Professor Bardi. Nesta época, a marchand já celebrava a geração seguinte ao modernismo. Assim nomes como Mira Schendel, Ligia Pape e Amilcar de Castro, além de Lygia Clark, formavam o universo das exposições por ela aí organizadas, ou em seu Gabinete de Artes Gráficas, fundado em parceria com Mônica Filgueiras. Nesta época também obras como as de Sergio Camargo, Franz Weissmann, Tomie Ohtake, Willys de Castro, Hercules Barsotti, Arthur Luz Piza, Anna Maria Maiolino, Carmela Gross, Julio Le Parc e Leon Ferrari figuravam na programação dos dois espaços.

 

Já no final dos 70 e começo dos 1980 as suas apostas em jovens como Tunga, Waltercio Caldas, José Resende e tantos outros são bons exemplos de sua sensibilidade em vislumbrar novas potências na arte. Uma resposta de Raquel a Rodrigo Naves em seu livro editado pela Cosacnaify já demonstra este seu olhar para o futuro: “O que conta para mim, é poder defender amanhã aquilo que vendi ontem”. A declarada admiração de Raquel pela marchand Denise René, fez com que ela estivesse muito ligada a esta última, precursora da difusão da arte cinética. Ao envolver artistas europeus e latino-americanos, este movimento fortificou a afinidade entre as duas, até a morte de René em 2012, trazendo para a galeria brasileira alguns nomes referenciais do cinetismo, como Cruz-Diez e Jesus Soto.

 

Raquel tinha a obstinação pela qualidade da arte, e na forma de atuação de um galerista – influir nas coleções e difundir os artistas. Foi com esta prática que colaborou para ampliar a gama de colecionadores brasileiros, inclusive se orgulha de ter colaborado com a formação de muitas coleções nacionais e internacionais.

 

A exposição será acompanhada de um catálogo bilíngue editado pela Cosacnaify. Com textos e imagens, tem tiragem de 3.000 exemplares.

 

 

Exposição: “Afinidades – Raquel Arnaud 40 anos”.

Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP.

Até 04 de maio.

 

Exposição: “Trajetória”

Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP.

Até 03 de maio.

Sala Permanente Tomie Ohtake

01/abr

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, passará a contar com uma sala constantemente dedicada a recortes da produção da artista que o empresta o nome. A série de exposições buscará renovadas análises, interpretações e possíveis arranjos expositivos das obras desses 60 anos de produção de Tomie Ohtake.

 

Para dar início a esse projeto, “Tomie Ohtake – Litogravuras”, curada por Agnaldo Farias e Paulo Miyada (Núcleo de Pesquisa e Curadoria), destaca o trabalho da artista na técnica que ela explorou durante poucos anos de sua carreira, no início da década de 1970, intercalando com a experimentação em serigrafia.

 

Ainda que na trajetória de Tomie a pintura tenha lugar de destaque por sua grande produção e constante renovação, a gravura tem sido uma constante na pesquisa da artista, que, com litogravuras, participou de duas importantes mostras que discutiram a técnica e seus métodos de impressão. Grafica D’Oggi, 1972, na ocasião da 36ª Bienal de Veneza e Bienal de Gravura de Tóquio, 1974/1978 contaram com conjuntos de gravura notáveis pela riqueza gráfica, pelo emprego inusual das cores e pela combinação de formas e texturas idiossincráticas.

 

Na presente exposição, essas gravuras foram reunidas e apresentadas junto aos estudos feitos pela artista para desenvolvê-las. Assim, alarga-se o campo de reflexão aberto na exposição “Influxos da Forma”, de 2013, primeira mostra pública dos processos criativos da artista. Entre estudos, projetos e resultados, estão a materialidade bruta da pedra de gravação e a contribuição do técnico gravador. Além desses resultados, estão os aprendizados e provocações que Tomie Ohtake leva da prática com a gravura para suas pinturas. Fica claro o compromisso com o projeto, a apropriação sutil de texturas e cores selecionadas em revistas e papéis coloridos e a delicadeza necessária para transpor para o papel da gravura as composições encontradas nas colagens de forma fluida e orgânica.

 

O público notará que a litogravura de Tomie Ohtake aproveita-se de todo o repertório gráfico disponível nessa técnica, que durante décadas foi vastamente explorada como método de reprodução em larga escala – criando soluções para abrandar as marcas das pedras, afinar acertos de registro e preparações cromáticas.

 

 

Até 11 de maio.

Iberê: anos 80

Entrou em cartaz a mostra “Iberê Camargo: as horas [o tempo como motivo]”, na Fundação Iberê camargo, Porto Alegre, RS. Com curadoria do filósofo e crítico de arte Lorenzo Mammì, a exposição joga luz sobre a produção do artista durante a década de 1980, em um ponto de virada de sua produção, quando Iberê insere as primeiras figuras humanas em sua obra. Esses elementos passam a estabelecer novas dinâmicas em seus quadros, configurando o espaço pictórico como um lugar fora do tempo, de simultaneidade entre memórias e presente. Entre os carretéis e a produção tardia das idiotas e dos ciclistas, desponta um Iberê de cores fortes e de figuras abundantes, que reflete sobre o seu lugar no tempo e sobre o lugar do tempo na obra.

 

As figuras de Iberê, frequentemente autorretratos, olham ora para os objetos, ora para fora do quadro, estabelecendo novas tensões internas às telas. O gesto não está só na marca deixada na tinta, mas está ele também representado. Agora, o artista não pinta somente meras lembranças, pinta a si mesmo junto a elas, colocando-se também em cena. Essa é uma presença angustiada, como fica evidente nos nomes de algumas obras, como Grito (1984) e Medo (1985).
É nessa década que se dá também a consagração de Iberê Camargo como um dos grandes artistas brasileiros – ele alcança grande valorização no mercado e serve de referência para a geração de artistas responsáveis pela “volta à pintura”.  Por isso, a exposição também traz notícias de jornais pertencentes ao acervo documental da Fundação, mostrando como o artista era retratado pela mídia da época e contextualizando o recorte de obras apresentado.

 

Cabe ressaltar, ainda, o novo fôlego de produção literária que acompanha essa mudança na pintura de Iberê: o artista trabalha nas prosas autobiográficas reunidas posteriormente em Gaveta dos Guardados e publica, em 1988, No andar do tempo, em que resgata contos antigos e apresenta novos, colocados lado a lado como as figuras nos quadros, em uma revisão e atualização do passado em sincronia com o presente. O curador chama a atenção para o conto O relógio, de 1959, em que o personagem vasculha obsessivamente uma latrina, fascinado pelos objetos do passado que encontra e com a própria matéria em decomposição. Uma analogia aos quadros da época: os elementos do passado e do presente mesclados, sobrepostos, em uma massa de memória e de tempo.
A exposição acontece no 2º andar da Fundação Iberê Camargo.

 

 

Até 09 de novembro.

Krajcberg

Às vésperas de completar 93  anos de idade, Krajcberg continua criando e inovando sempre.  Tendência nas feiras de arte internacionais de levar apenas um artista para as feiras, ou seja, fazer uma individual, a Galeria Marcia Barrozo do Amaral levará para a SP Arte, obras impactantes de Frans Krajcberg, artista que a galerista representa com exclusividade. Entre eles, os relevos de parede da série “Sombra”, e esculturas que foram produzidas recentemente, entre os anos de 2012 e 2013. Marcia também apresentará papéis de diversas épocas, inclusive dos trabalhos produzidos em  Ibiza, nos anos 70, que receberam o Prêmio de pintura da Bienal de São Paulo, e, no ano seguinte, o grande prêmio da Bienal de Veneza.

 

 

De 03 a 06 de abril.

A NY de Ivan Pinheiro Machado

Ivan Pinheiro Machado, pintor, arquiteto e fotógrafo, abre a exposição “O Mundo Como Ele Não É”, no Espaço Cultural Citi, Avenida Paulista, São Paulo, SP, com curadoria de Jacob Klintowitz. A mostra conta com 28 telas que reproduzem cenas da cidade de Nova York com exatidão e realismo.

 

A precisão da fotografia e o fascínio pessoal por grandes centros urbanos representam as maiores inspirações de Ivan, levando-o a recriar, em suas pinturas, todos os “cacos” cotidianos que se manifestam em placas, avenidas, becos, sinais, etc. “É tão forte o realismo das cenas urbanas de Ivan Pinheiro Machado que podemos não sentir que se trata de ficção. A sua obra tem a particularidade de uma delicada luz que a percorre e é quase despercebida.”, comenta o curador da exposição. Com o tema urbano, o artista registra uma existência visível em detalhes da megacidade: “Gosto dos contrastes, como dos “yellow cab” novaiorquinos contra o cinza da cidade. Curto os outdoors, as pontes, os edifícios, os engarrafamentos, os semáforos agrupados…”, nas palavras do artista.

 

Resultado de um desenvolvimento técnico que vive há quase 40 anos, Ivan Pinheiro Machado usa fotografias como ponto de partida para suas pinturas, seguindo uma estética realista, pautada em grafismos, e demonstrando domínio técnico singular. A temática de seu trabalho pode variar, mas sempre possui uma grande cidade como fundo, evidenciando as surpresas que as ruas e esquinas lhe oferecem. O essencial, para ele, são os detalhes da metrópole: a cor, a luz, o estranho, o inusitado, onde o ser humano atua como “presença ausente” na maioria das telas. “Eu gosto de partir de uma foto e transformá-la, propondo um ângulo intrigante, curioso e até dramático. Aí então o pintor é gratificado, pois as pessoas olham com espanto, como se fosse a primeira vez que estivessem vendo aquilo.”, conclui.

 

 

De 07 de abril a 06 de junho.  

Inéditas de Rogério Reis

31/mar

Fotografar na praia já foi fácil. Nos anos 70, 80, um fotógrafo era recebido de braços abertos pelas tribos que frequentavam as areias cariocas. O tempo passou e o que ficou difícil nos anos 90 virou quase impossível nos dias de hoje. Sacar uma Canon no calçadão é promessa de confusão. O direito de imagem é levado tão a sério atualmente que a solução do fotógrafo Rogério Reis, um apaixonado por personagens que habitam este cenário tão democrático da cidade, foi distribuir tarjas e formas geométricas coloridas sobre o rosto das pessoas. Portanto, da dificuldade surge o trabalho “Ninguém é de Ninguém”, um projeto iniciado há três anos, e que agora chega à Galeria da Gávea, Alto Gávea, Rio de Janeiro, RJ, com 20 fotografias, seis delas em série inédita, intitulada “Paisagens Humanas”.

 

Será a primeira oportunidade de apreciar, de forma panorâmica, este trabalho que encantou a Maison Européenne de la Photographie, a MEP, a ponto da instituição francesa comprar todas as 34 fotos, quando exibidas no “FotoRio 2011″. Ou seja, a fase com o nome de “Paparazzi do Anônimo” faz parte do acervo francês e o carioca pouco viu ao vivo este trabalho. No momento, algumas fotos estão em cartaz no CCBB-Rio, na mostra “Amor, Amor, Amor”.

 

A novidade em “Paisagens Humanas” é que Rogério Reis recorre a imagens mais abertas, com menos closes e mais pessoas, mas sempre com suas tarjas coloridas, criando harmonia entre personagens e a luz obtida nas fotografias. Rogério Reis sempre se interessou por temas urbanos. Investiu tempo e olhar sobre a violência em trabalhos como “Microondas” e “Travesseiros Vermelhos”. Passado este momento, seu assunto agora é a beleza dos beijos, dos corpos em roupa de banho, suor, cadeiras, barracas e tudo o mais que nos remeta ao universo praiano.

 

 

De 16 de abril a 23 de maio.

Mario Carneiro em livro

A belíssima edição do livro que apresenta a obra completa de Mario Carneiro contribui com valor inestimável para a memória das artes visuais do país e será lançado na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, dia 10 de abril. Os autores realizam bate papo com o público antes dos autógrafos. O livro será distribuído gratuitamente ao público presente.  Seu “olhar educado nas artes visuais” – como o próprio Mario Carneiro gostava de dizer – foi o diferencial na sua fotografia de cinema, imprimindo nas suas imagens uma sensibilidade e uma temporalidade características.

 

Sua concepção de iluminação foi identificada e celebrada por companheiros de trabalho e estudada por teóricos do cinema.   No entanto, sua extensa e rica obra visual, composta por desenho, pintura, gravura e fotografia ainda não haviam sido reunidas e estudadas. A publicação do livro “Mario Carneiro  Trânsitos”,  vem preencher esta lacuna, evidencia a dimensão da obra do artista e colabora para acrescentar informação à história da arte brasileira recente.

 

Os textos do curador, poeta e crítico de arte Adolfo Montejo Navas, do jornalista, escritor, pesquisador e crítico de cinema, Carlos Alberto Mattos e de Fabiana Éboli, artista plástica, professora e pesquisadora de artes visuais, respondem eficientemente ao conceito central do livro que é a ideia do trânsito do artista pelas diferentes linguagens. Dividido em sete capítulos com cerca de 300 imagens, a edição descortina a vasta produção visual do artista multimídia reconhecido como o grande fotógrafo do Cinema Novo. Sua atividade profissional nos meios cinematográficos dispensa apresentação. Contemplado com o Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais – 2010, o livro será distribuído gratuitamente às principais instituições culturais de todo o país.

 

 

Sobre Mario Carneiro

 

Mario Carneiro fez desenho, gravura, pintura, fotografia, cinema e se assumia como pintor. Sua formação universitária foi em arquitetura. Formou-se em 1955 na Faculdade Nacional de Arquitetura, no Rio de Janeiro, paralelamente ao estudo da pintura. O desenho foi uma constante, feito em casa ou no ateliê, nos sets de filmagem ou na prancheta. No período passado na França, fins da década de 1940 e início da de 1950, onde Mario Carneiro conhece Iberê Camargo e com ele estabelece uma amizade e há uma grande produção de gravura, ao lado do estudo da pintura. Nesta mesma época, junto com o pintor Jorge Mori, faz cópias dos grandes mestres no Louvre, exercita a fotografia e logo surge o cinema através de uma câmera presenteada pelo pai por sugestão da irmã. A fotografia em preto e branco atesta, já nos fotogramas da década de 40, um olhar agudo nos contrastes. Em 1953, Mario faz seus primeiros filmes amadores, alguns de caráter experimental e influência dadaísta, entre eles “A Boneca”, com colaboração de Mori. A obra de Mario Carneiro, a maior parte produzida na segunda metade do século XX, é marcada pela passagem da modernidade para a contemporaneidade. Mario fez parte de uma geração de artistas que criou pontes nessa transição, explorando várias linguagens artísticas e deixando uma obra diversa e coerente com seu momento histórico.

 

 

Sobre os autores

 

Adolfo Montejo Navas é poeta, critico e curador independente. Correspondente da revista internacional Lápiz, de Madri, desde 1998, e colaborador de diversas revistas culturais. Ganhou Premio Mario Pedrosa de Ensaio Arte e Cultura Contemporânea (2009, Fundação Joaquim Nabuco). Sua última produção bibliográfica inclui “Anúncios” (Katarina Kartonera, 2012), “O outro lado da imagem – A poética de Regina Silveira” (Edusp, 2012), “Poiesis Bruscky” (Cosac Naify, 2013).

 

Carlos Alberto Mattos é jornalista, crítico de cinema e escritor. Autor de livros sobre os cineastas Walter Lima Jr., Eduardo Coutinho, Carla Camuratti, Jorge Bodanzky, Maurice Capovilla e Vladimir Carvalho. Foi coordenador de cinema do CCBB-Rio e presidente da Associação de Críticos  de Cinema-RJ. Criou o DocBlog (extinto) em O Globo. É editor da revista Filme Cultura.

 

Fabiana Éboli Santos é Mestre em Linguagens Visuais – EBA- UFRJ, artista plástica, professora na Escola de Belas Artes UFRJ. Socióloga, curadora e pesquisadora em artes visuais, com diversos prêmios em seu currículo, exposições e textos publicados.