Antônio de Dedé: Esculturas

12/set

Com curadoria de Roberta Saraiva, a Galeria Estação, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta 38 esculturas na individual do artista alagoano Antônio de Dedé que, em 2012 participou da coletiva “Histoires de Voir”, organizada pela Fundação Cartier, em Paris, e do projeto “Teimosia da Imaginação”, livro, documentário e exposição no Instituto Tomie Ohtake. Autodidata, Antônio de Dedé aprendeu a arte observando o pai trabalhar a madeira na carpintaria e diz ter uma relação “transparente com a sua criação”. Segundo ele, sua habilidade é um dom que surgiu da vontade de recriar o trabalho do pai. O resultado deste talento herdado pode ser visto neste conjunto de peças inusitadas, mas que fazem parte da sua realidade, como animais, santos e figuras humanas, com cores e tamanhos variados até dois metros de altura.

 

Antônio de Dedé começou a talhar aos 8 anos, criando brinquedos como carrinhos, aviões e peões que vendia pela vizinhança. Na adolescência, a sua obra se desenvolveu quando passou a trabalhar em uma olaria, onde usava o barro para “queimar os bonequinhos junto com as telhas” e, com isso, começaram a surgir patos, bonecos e cavalos modelados, queimados e pintados. “No meu trabalho, eu tava descobrindo o ouro”, conta o artista. Com o tempo, a olaria foi se extinguindo e de Dedé começou a usar a madeira como matéria prima principal para suas esculturas.

 

Sempre com muita cor, é possível encontrar peças de pequena escala com membros de proporção naturais, no entanto, o trabalho do artista é característico por suas esculturas geralmente verticais, com extremidades comprimidas, nas quais o corpo alongado com pés pequenos e os braços sem fim com mãos encolhidas geram um contraste particular. Para a curadora Roberta Saraiva, “as peças ganharam corpo e tamanho e se estabeleceram numa verticalidade de proporções curiosas, de expressão e colorido ricos, que fazem lembrar as carrancas que outrora se erguiam à proa dos barcos do rio São Francisco.” Com dentes, olhos arregalados, bigode, sobrancelha e unhas pintadas, cada detalhe dos personagens esculpidos por de Dedé é extremamente marcado.

 

A expressividade do entalhe e a dramaticidade de cada peça são características marcantes na obra de Antônio de Dedé. Um trabalho que, segundo a curadora, “se encaixa perfeitamente no conceito de arte popular, sobretudo se essa marca estiver ligada ao sentido da origem rural do artista e de sua magnitude com relação ao mercado da arte – mas também se encaixa em outros rótulos, se observada a complexidade de uma cosmogonia própria em primeiro plano.”

 

 

Sobre o artista

 

Antônio de Dedé nasceu em Lagoa da Canoa, AL, 1957. Seu nome civil é Antônio Alves dos Santos, filho de Dedé Lourenço, mora com os cinco filhos em sua cidade natal. Começou esculpindo seus brinquedos na infância. Assim como muitos artistas populares, migrou para a madeira por conta da escassez do barro. Seus primeiros trabalhos ainda eram de pequeno porte. Depois vieram as figuras do touro e do tigre, longilíneas e com os membros reduzidos, anunciando a proporção “esticada” dos trabalhos futuros do artista.

 

De 12 de setembro a 31 de outubro.

 

 

Ana Michaelis – ILLUSION

11/set

A artista plástica Ana Michaelis é a primeira brasileira selecionada para participar do prêmio Artprize 2013, que ocorre durante o mês de Setembro em Grand Rapids, Michigan, USA. Na quinta edição do evento, – a única representante do Brasil na mostra -, cria com sua delicada pintura, um site specific intitulado “ILLUSION”, obra que ocupará três grandes paredes do Grand Rapids Art Museum – GRAM.

 

Durante os últimos anos, Ana Michaelis tem visto na pintura de paisagem seu principal interesse. A artista constrói pinturas inabitadas, imaginárias, sobre os quais aplica inúmeras camadas de branco, no intuito de fazer sobressair a luz e diluir os traços, sugerindo uma paisagem que instiga no observador a sensação única de ilusão, de lembrança. Criada a partir de recordações da artista, “ILLUSION” proporciona a reflexão do observador, para estabelecer o diálogo entre memórias: “Acredito que a consciência da paisagem é baseada na memória, muitas vezes filtrada através de recordações de algum momento da vida. Minha intenção é evocar assim uma conversa entre memórias, aquelas que o observador traz consigo e a minha memória apresentada através da pintura.”

 

A Artprize é uma organização independente, e a escolha de Ana Michaelis para mostra no Grand Rapids Art Museum – GRAM é fruto de um concurso de arte aberto e internacional. Ao longo de 19 dias, três quilômetros quadrados no centro de Grand Rapids – Michigan, tornam-se uma enorme exposição de arte, com os trabalhos selecionados. Os espaços expositivos são abertos ao público e a entrada é gratuita, contando com uma premiação – decidida inteiramente por votação do público – que pode chegar a US$ 560,000.00. Este ano, o tema do GRAM é “Reimaginando a Paisagem e o Futuro da Natureza”, conta com 24 artistas instigados a exibir obras que exploram imagens e ideias tiradas não apenas do mundo que nos cerca, como também de discussões contemporâneas sobre o meio ambiente e as fronteiras da ciência natural.

 

 

De 11 de setembro a 06 de outubro.

Galeria Pilar comemora 2 anos

10/set

A Galeria Pilar, Santa Cecília, São Paulo, SP, comemora seus dois anos de atividades com exposição panorâmica da artista argentina Marta Minujín. A mostra tem curadoria do argentino Rodrigo Alonso e reúne importantes obras da carreira da artista, desde sua produção efêmera e pioneira em instalações de ambiente dos anos 1960 até trabalhos mais recentes, da última década.

 

Na exposição, constam documentações e croquis de performances e instalações históricas, como “Obelisco Acostado”, realizada na Bienal de São Paulo, em 1978; e a ação “Repollos”, realizada em 1977, no MAC-USP. A mostra traz ainda a celebrada série de seis fotografias da ação “O pagamento da Dívida Argentina”, realizada com Andy Warhol, em 1985, em Nova York, desdobramentos dos famosos colchões do anos 1960, além da escultura “Catedral para o Pensamento vazio”.

 

No mesmo período da mostra em São Paulo, a artista recria um de seus mais importantes trabalhos na 9a Bienal do Mercosul 2013, que ocorre entre 13de setembro e 10 de novembro de 2013 em Porto Alegre. Apresentada originalmente em 1966, no Instituto Torcuato de Tella, em Buenos Aires, a obra “Simultaneidad en Simultaneidad”, trata-se de um projeto internacional denominado “Three Countries Happening”, concebido em colaboração com os artistas Allan Kaprow (desde Nova York) e Wolf Vostell (desde Berlim). De Buenos Aires, Minujín usava todos os meios de comunicação (tv, telex e rádio), para criar uma invasão de mídia instantânea.

 

Sobre a artista

 

Marta Minujín é uma figura emblemática na história da autogestão de projetos na Argentina. Incansável “projetista”, Minujín transitou por múltiplas experiências durante sua produção. No início dos anos sessenta, realizava performances de caráter efêmero, como “La destruccíon”, realizada em Paris em 1963. Essa sua primeira obra autodenominada Happening, na qual convocou os artistas Alejandro Otero, Carlos Cruz Diez e Christo, para queimar e destruir seus trabalhos expostos

 

Até 26 de outubro.

 

Inéditos ou quase…

“Inéditos ou quase…”, é uma exposição que reúne exemplos de várias décadas da criação artística de Vera Chaves Barcellos. Esta visão panorâmica da produção da artista ocupa, pela primeira vez, a Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, e mostra cerca de 30 obras. A curadoria é de Ana Albani de carvalho e traz desde objetos inéditos dos anos 60, obras em xerografia e fotografia manipulada dos anos 70 e 80, até trabalhos mais recentes incluindo um vídeo e dois livros de artista.

 

Vera Chaves Barcellos foi uma das primeiras artistas gaúchas a problematizar a relação entre imagem fotográfica e texto através de sua série “Testartes”, iniciada na década de 1970, o que levou a artista a representar o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. No TESTARTE VII, o público poderá ver o caderno com o relato da pesquisa psico-social realizada com estudantes gerada a partir deste trabalho.

 

 

As obras da panorâmica

 

Muitos trabalhos inéditos da artista (em séries) são apresentados pela primeira vez, como: “Cadernos para Colorir”; “Cadernos de Leonardo”; “On ice”, 26 fotos p&b realizada em coautoria com Flávio Pons e Claudio Goulart, a partir de uma performance em um lago congelado em Amsterdã, em 1978; o selfportrait irônico, “Meus pés”, composto de 30 fotografias dos pés da própria artista; “Do aberto e do fechado”, trabalho dos anos 70, em imagens agora digitalizadas e em novo e grande formato; “Epidermic Scapes”, de 1977,  cópias fotográficas p&b, com impressões sobre papel vegetal, com 9 imagens originais da época; “Comparações”, 4 colagens com fotografias e desenhos; “Telegrama Planetário”, de 1974; “O Grito”, de 2006, e “Fêmme Aeroporto”, de 2002, inéditos no Brasil, apresenta imagens apropriadas da mídia; “Atenção II”, de 1980, uma fotografia reproduzida em dezenas de detalhes, em xerografia; “Arroio Dilúvio” e “Consum”, ambos de 2013, livros de artista com impressões digitais; completando a panorâmica, os inéditos “Auto-retrato no espelho”, fotografia digital colorida de 2013, com a imagem da artista duplamente refletida no espelho e “Falso Andy Warhol”, em xerografia, de 1987, obra irônica, uma apropriação de uma foto de Man Ray retratando Meret Oppenheim e, numa paródia de Andy Warhol, a artista exacerba a questão da apropriação de imagens.

 

 

A palavra da curadora

 

O uso da fotografia e a exploração das qualidades intrínsecas da imagem técnica são procedimentos recorrentes na produção de Vera Chaves Barcellos, desde o início de sua trajetória artística. Alinhada com a vertente conceitual desde o final dos anos 1960, a importância concedida pela artista ao plano das ideias nunca se dá em detrimento da materialidade ou do apuro formal. Dito de forma mais precisa, o interesse de Vera Chaves pela imagem e pela fotografia passa pela atenção à forma, ao lugar e ao contexto de apresentação, assim como é direcionado ao exercício da linguagem e às referências ao próprio campo da arte e à sua história. A investigação sobre as relações entre pensamento e percepção constitui outro fundamento para a abordagem dos trabalhos reunidos nesta exposição, na medida em que a conduta perceptiva ou imaginativa do receptor/espectador é um dos focos de pesquisa da artista. O recurso à série, por sua vez, é outro ponto de conexão entre vários trabalhos apresentados em Inéditos ou Quase, por sua recorrência na produção de Vera Chaves ao longo destas quatro décadas de atividade. Mais do que um desejo de elaborar um tipo de narrativa visual, o trabalho com séries de imagens sinaliza o caráter processual da produção de uma obra artística, conectando o momento de sua concepção ao seu destino. Destino que se manifesta ao propiciar o compartilhamento de uma experiência estética que desestabilize as certezas e os lugares-comuns da vivência cotidiana. Ao atingir este caráter emancipador pouco importa se vemos uma obra pela primeira ou pela milésima vez.

 

 

Até 14 de dezembro.

A FEIRA ARTRIO

A ArtRio, Feira Internacional de Arte do Rio de Janeiro, Pier Mauá (armazéns 1, 2, 3, 4 e 5 e Anexo 4), Centro, Rio de Janeiro, RJ, é reconhecida por artistas, marchands e colecionadores como um dos mais importantes eventos de arte na América Latina. Nas duas primeiras edições, recebeu 120 mil visitantes de todo Brasil e do mundo, e consolidou a posição da Cidade Maravilhosa como um dos roteiros do calendário internacional das artes visuais. Este ano, para a terceira edição, a ArtRio contará com mais de 100 galerias de todo o mundo (de 13 países: Alemanha, Argentina, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, México, Reino Unido, Peru, Portugal, Suíça, Uruguai), selecionadas por um comitê formado por nomes de excelência e relevância no meio das artes visuais: Alexandre Gabriel, Anita Schwartz, Cecília Tanure, Greg Lulay e Matthew Wood.

 

Além do PANORAMA, que reúne galerias atuantes no mercado de arte, dois novos programas integram a ArtRio 2013. O VISTA, que traz galerias jovens com projetos experimentais e o LUPA, novo programa de arte monumental, que ocupará o Anexo 4 do Pier Mauá com obras de grande-escala curadas por Abaseh Mirvali. Entre as galerias selecionadas para o programa PANORAMA, algumas fazem a sua estreia na ArtRio como a Gladstone (Nova Iorque / EUA), Marian Goodman (Nova Iorque / EUA, Paris / França), Massimo de Carlo (Milão / Itália, Londres / UK), Pace (Nova Iorque / EUA, Londres / UK) e Victoria Miro (Londres / UK), entre outras.

 

O programa SOLO chega a seu terceiro ano. Nele Pablo León de La Barra e Julieta Gonzalez selecionaram artistas para uma intervenção de acordo com o tema “Visão do Paraíso” de Sergio Buarque de Holanda.

 

No programa VISTA, serão 17 galerias apresentando projetos exclusivos, desenvolvidos para a feira. Entre as galerias que participam pela primeira vez da ArtRio estão Curro & Poncho (Guadalajara / México), Emannuel Hervé (Paris / França), Société (Berlim / Alemanha) e Thomas Brambilla (Milão / Itália).

 

A feira ainda conta com a Livraria Blooks, onde são realizados lançamentos de livros de arte; auditório com capacidade para 100 pessoas participarem do ciclos de palestras gratuitas sobre o mercado da arte; e pólo de alimentação – com grandes nomes da gastronomia carioca- com vista para o mar. A ArtRio é realizada por Brenda Valansi, Elisangela Valadares, Alexandre Accioly e Luiz Calainho.

 

A palavra de Brenda Valansi

 

Em 2013, nosso foco está na qualidade das galerias, excelência em serviços prestados aos galeristas e visitantes, e uma proposta curatorial concisa e de acordo com o que o mercado brasileiro comporta. Teremos no evento galerias de forte prestígio e relevância internacional, assim como grandes colecionadores estrangeiros e curadores já confirmaram presença. O mesmo esforço que fazemos para atrair as principais galerias do Brasil e do mundo fazemos para trazer os grandes colecionadores internacionais e fora do eixo Rio-São Paulo. O mercado de arte no Brasil está em franco amadurecimento e entendemos que é importante neste momento estimular a formação de novos colecionadores e entusiastas da arte”..

 

Entre os dias 5 e 8 de setembro.

 

NA ARTRIO: RAQUEL, IOLE, ARTNEXUS

06/set

A marchande Raquel Arnaud escolheu a ArtRio, Pier Mauá, Centro, Rio de Janeiro, RJ, como palco para o início das comemorações de seus 40 anos de carreira, marcados por parcerias duradouras com vários artistas e pela abertura de caminhos para a arte contemporânea no Brasil. Um dos eventos comemorativos é uma visita VIP – para 50 pessoas – ao Ateliê Sergio Camargo, no Paço Imperial. Incluída na programação oficial da ArtRio, a visita acontece no dia 5 de setembro, às 10h e será guiada pelo curador Ronaldo Brito. O espaço, dedicado à memória do artista, falecido em 1990, reproduz seu último ateliê, que ficava em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A criação do Atelier Sergio Camargo no Paço Imperial foi iniciativa de Raquel Arnaud – que representa o espólio do artista desde a sua morte. Foi inspirado no atelier de Brancusi no Beaubourg/Centre George Pompidou, em Paris. Em paralelo, no stand da ArtRio, Raquel  Arnaud exibirá obras de Iole de Freitas, Waltercio Caldas, José Resende, Sérgio Camargo, Carla Chaim, Carlos Nunes, Carlos Zilio, Celia Euvaldo, Elisa Bracher, Frida Baranek e Geórgia Kyriakakis. Daniel Feingold e Frida Baranek terão individuais no MAM-Rio em setembro e outubro, respectivamente.

 

 

 Visão da arte

 

Segundo o historiador e crítico de arte Rodrigo Naves, a trajetória de Raquel Arnaud se confunde com o período em que o meio brasileiro de arte se diversificou e tornou-se mais profissional e relevante, ao mesmo tempo em que a produção artística ganhava regularidade e consistência. Sob a direção de Pietro Maria Bardi, a futura marchande viveu os primeiros momentos do Museu de Arte de São Paulo – MASP – , na Avenida Paulista, em 1968. Em 1973 inaugurou sua primeira galeria, o Gabinete de Artes Gráficas, em sociedade com Monica Filgueiras. Ao mesmo tempo, a convite da Rede Globo, dirigiu a galeria Arte Global, na qual estreitou relações com artistas como Iole de Freitas, Anna Maria Maiolino, Lygia Pape, Roberto Magalhães, Milton Dacosta e Maria Leontina, entre outros. Em seis anos à frente da Arte Global, organizou mais de cem exposições.

 

Nesses anos de intensa atividade, o trabalho de Raquel Arnaud nessas galerias contribuiu para a divulgação de importantes artistas, principalmente os ligados à arte conceitual e ao construtivismo brasileiro e internacional. Introduziu no Brasil artistas cinéticos como Carlos Cruz-Diez, Jesus Raphael Soto e outros. Em 1980, terminada a sociedade com Monica Filgueiras, fundou sua própria galeria, o Gabinete de Arte Raquel Arnaud, com os artistas Amilcar de Castro, Lygia Clark, Mira Schendel, Waltercio Caldas, Tunga, Carlos Cruz-Diez e Willys de Castro. Em 2011, após a mudança para uma nova sede o espaço tornou-se a Galeria Raquel Arnaud.

 

 

O olhar de Raquel Arnaud em retrospectiva e livro

 

Dois grandes projetos serão destaque nas comemorações: uma mostra retrospectiva e o lançamento de um livro, previstos para 2014. Com extensa pesquisa iconográfica, a publicação abordará as montagens, obras e artistas que passaram pelas três galerias comandadas por Raquel Arnaud. Esses trabalhos foram decisivos para a compreensão de parte significativa da produção artística dos últimos 40 anos. E a retrospectiva apresentará o olhar de Raquel Arnaud através das obras dos artistas que participaram de sua trajetória.

 

 

Iole de Freitas na ARTRIO

 

Mergulhada em projetos novos, Iole de Freitas marca tripla presença na ArtRio 2013. O primeiro momento tem como alicerce a gravura criada especialmente para o projeto que a Escola de Artes Visuais realiza em parceria com a Galeria Múltiplo, e as inéditas esculturas “Casa França-Brasil”, “Fridericianum” e “Akademie der Künste”, de pequenas dimensões, que estarão no stand da Galeria Raquel Arnaud. Os quatro trabalhos formam o primeiro conjunto de obras que Iole desenvolveu dentro do novo conceito, “Eu sou minha própria arquitetura”.  Em paralelo, a artista exibirá, no estande da Galeria Silvia Cintra, outras três obras inéditas que retomam as tonalidades solares – com predominância dos tons vermelhos e inspiradas na estética de cores dos filmes dos anos 1970. Por último, apresenta um múltiplo criado especialmente para a revista ArtNexus, que lançará em seu stand na ArtRio a edição número 90 da revista, cuja matéria de capa é o projeto desenvolvido por Iole para a Casa Daros, “Para que servem as paredes do museu?”.

 

 

Revelações da gravura

 

No stand da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Iole de Freitas participa, ao lado de outros artistas, de um importante projeto de gravuras.  A artista lançará sua gravura no dia 5 de setembro, às 18h; durante a sessão de autógrafos, dará explicações sobre o processo de confecção da obra. O projeto, resultado de uma parceria entre a EAV e a Galeria Múltiplo, objetiva enriquecer o acervo de gravuras da entidade e viabilizar uma tiragem especial de gravuras de grandes artistas. O processo de criação dessa gravura foi mais revelador do que Iole de Freitas esperava. – Foi durante esse processo que me veio o conceito dessa nova fase do meu trabalho, “eu sou minha própria arquitetura” – conta Iole. – “Persegui a dobradura, dentro do conceito de “origami curvo”, e acabei me dando conta de que o formato era bem parecido com o fundo da piscina do Museu do Açude, sempre sem água”.

 

– “Em sua bidimensionalidade, a gravura passa toda a referência de volume e de espaço” – explica Iole. “A geometria bem marcada me lembra o fundo da piscina do Museu do Açude. O primeiro raciocínio foi a gravura, que resume a obra feita para o Açude.  É como se a água que não existe na piscina se refletisse na gravura. A obra do Açude, na escala real, não depende de paredes – e marcou o início do meu trabalho com aço e policarbonato” – conta.

 

 

Trio de novas esculturas no stand da Galeria Raquel Arnaud

 

As três esculturas que estarão na Galeria Raquel Arnaud aprofundam o conceito de uma arquitetura própria da obra. – As “paredes” internas do trabalho, em aço, criam uma arquitetura que reforça a independência de outros suportes – diz Iole, ao explicar que as novas esculturas remetem a trabalhos realizados de acordo com o ambiente e com um espaço determinado, os chamados site-specific. As esculturas receberam os nomes das instituições que abrigaram as obras originais, em escala maior: Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, Fridericianum, Kassel, Alemanha e Akademie der Künste, Berlim. Cada nome é gravado em uma das paredes internas de aço e “espelhado” na outra.  As três peças são feitas em aço e policarbonato.

 

Múltiplo para ArtNexus conclui ciclo

 

O número 90 da revista ArtNexus, que também terá stand na ArtRio, apresenta na capa a foto do múltiplo que a artista criou especialmente para a revista – e que representa, em escala reduzida, a obra exibida este ano na Casa Daros, no Rio. – “O múltiplo criado para a ArtNexus, do qual haverá apenas quatro exemplares na ArtRio, veio fechar o conceito “Para que servem as paredes do museu?”, no qual vinha trabalhando desde o início das obras da Casa Daros” – diz Iole de Freitas. – “Esse foi o trabalho de pesquisa que realizei durante minha residência na instituição. Acompanhei todas as fases da obra de reforma e cheguei a desenhar instalações para os espaços improváveis que via à minha frente: salas sem piso, sem paredes etc. Desenhava sabendo que nunca as realizaria” – conta a artista.

 

O múltiplo é feito em aço inox 316 e lâminas de policarbonato, ora foscas, ora espelhadas. A proposta do trabalho é a desconstrução do espaço arquitetônico e a manutenção do pensamento plástico da obra que está na Casa Daros.

 

Aproximação do vermelho na Silvia Cintra

 

Na stand da Galeria Silvia Cintra, três obras de tamanhos diferenciados retomam as tonalidades solares,  com predominância dos vermelhos e inspiradas na estética de cores dos filmes dos anos 1970. O uso do policarbonato em tons avermelhados e alaranjados denota um outro percurso, predominantemente solar, que vem sendo trilhado pela artista, presente na última exposição que realizou na Silvia Cintra. – “São peças bem distintas dos outros conceitos que venho desenvolvendo, apesar dos materiais serem os mesmos” – conta Iole. – “Os tons vermelhos e avermelhados iluminam as peças com um toque de cinema” – antecipa.

 

 

De 05 a 09 de setembro.

 

Três: Xico, Vasco e Iberê

03/set

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS,  abriga, no quarto andar de sua sede, a exposição “Xico, Vasco e Iberê – O ponto de convergência“, que propõe conexões entre as obras desses três artistas ligados por dimensões temporais e espaciais. Trabalhando simultaneamente na Porto Alegre dos anos 80, os três pensaram os mesmos temas e estabeleceram uma relação de coleguismo e amizade. A fim de ilustrar essa ligação, a mostra traz retratos feitos por Iberê Camargo de Vasco Prado e de Xico Stockinger, as cabeças de Iberê e de Xico esculpidas por Vasco e outras duas feitas por Xico retratando Vasco e Iberê. Esse triângulo formado pelos artistas tem curadoria do crítico de arte e professor da USP, Agnaldo Farias. Partindo da volta de Iberê a Porto Alegre em 1982, após 30 anos no Rio de Janeiro, ela apresenta uma seleção de obras que versam sobre a condição humana, a qual – seguida pelo desenho – é ponto de convergência entre as ideologias e poéticas próprias de cada um dos artistas.

 

Entre as principais obras de Xico Stockinger expostas, destacam-se os “Gabirus”, série de esculturas que ressalta as condições de vida do homem nordestino. Os corpos deformados e nus, com características animalescas que enfatizam o horror social, são uma espécie de denúncia à inércia e ao pouco caso nacional. Em oposição a eles e no mesmo espaço de tempo, encontram-se as “Magrinhas”, série de figuras femininas longilíneas de forte aspecto sensual.

 

Vasco Prado é representado por “Acrólito”, escultura em madeira e bronze na qual trabalhou durante quase trinta anos. Nela, o tempo se sobrepõe em camadas marcadas pelo buril do artista, evidenciando seu processo de trabalho com a madeira a cada pequena decisão tomada. Segundo Agnaldo Farias, a obra, carregada de certo aspecto mágico ou religioso, evoca não apenas esculturas tradicionais de tribos africanas, mas ainda máscaras mortuárias (representadas pela cabeça e pelos pés em bronze) que carregam as feições do morto através do tempo – promovendo um encontro entre presente, passado e futuro.

 

“Tudo te é falso e inútil V” e “No vento e na terra”, de Iberê Camargo, ressaltam a mudança ocorrida nessa época em seu trabalho – que passa de telas carregadas, com uma espessa camada de tinta, grande força gestual e um gradual afastamento da representação a figuras humanas  e uma camada mais fina de tinta sobre a tela. Aqui, o homem é representado  em toda sua desgraça e solidão, em telas amplas e cheias de espaço vazio; são postos em evidência os abismos humanos, que também são os abismos do artista.

 

Nesse sentido, a condição humana como ponto de convergência leva o espectador ao longo da exposição, evidenciando tanto as peculiaridades, semelhanças e relações entre os trabalhos dos três artistas gaúchos quanto ao coleguismo estabelecido por eles no ofício artístico. Dois escultores e um pintor ligados não apenas pelo contexto histórico e social, mas também por suas próprias inquietações e angústias.

 

 

De 05 de setembro a 17 de novembro.

Pinturas de Mateu Velasco

02/set

Abrigo é uma palavra que pode remeter a diferentes significados. Para quem se sente abrigado, essas letras podem proporcionar proteção e conforto. Não está ligado diretamente à casa, moradia, e sim à um processo de interiorização. E é seguindo este conceito que o artista plástico Mateu Velasco abre sua exposição individual de pinturas sob o título de “Abrigo” na Galeria Movimento, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Nas coloridas e expressivas oito telas de spray e tinta acrílica, o artista mostra que o ato de pintar e trabalhar a imagem se coloca como seu habitat natural e daí nascem os sentimentos de cada personagem que transcendem os traços. Mateu fala de refúgio, semântica do espaço, habitat silencioso. E de mais infinitas definições.

 

As inspirações do artista, que já participou de exposição individual em Paris, além de coletivas em Seattle e Nova Iorque, se renovam o tempo todo, pois o que coloca em seus trabalhos é o que vê no dia a dia. “Permaneço sempre atento, procurando enxergar o ambiente em que vivo e as pessoas com quem me relaciono direta e indiretamente. É possível extrair do nosso cotidiano inspirações inesgotáveis para diversos fins, basta estar atento e observar que nem tudo é o que parece”. Ele conta que desenho é uma das melhores formas de captar esse universo, e que o considera algo fundamental para viver, pois é através dele que se torna possível refletir sobre questões impossíveis de serem verbalizadas, e pensar em novas soluções para novos desafios.

 

 

Sobre o artista

 

Mateu Velasco nasceu em 1980, em Nova Iorque, mas desde pequeno vive no Rio de Janeiro. Em 2003 formou-se em desenho industrial pelo Departamento de Artes & Design da PUC-Rio. Tendo realizado cursos de gravura, ilustração, caligrafia experimental e computação gráfica, Mateu desenvolveu um estilo próprio de ilustração e grafite, que podem ser encontrados pelos muros e galerias do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Paris, Lisboa e EUA. O trabalho de Mateu discute com um processo de democratização da arte, ao ir além dos limites formais e culturais, convertendo o espaço público em opção de espaço estético. A arte de Mateu revela uma realidade que vivemos e não percebemos, ativando nossa memória e sensibilidade através de sua poética crítica e conceitual.

 

Repletos de referências do cotidiano urbano, seus grafites sinalizam uma insistente necessidade de humanização da cidade. Os tentáculos, quase sempre presentes no trabalho de Mateu capturam o espectador e o transporta para um mundo de superposições e signos gráficos recortados de elementos do mundo real com caráter lúdico: selos, cartas e manuscritos, gotas, nuvens, flores. O resultado é uma colagem de pedaços de memórias que despertam nosso olhar, afirmando sua qualidade etérea.  Com o grafite passando por uma fase de revitalização e rejuvenescimento, artistas como Mateu tornaram-se muito mais experimentais, com o uso de diferentes suportes e outras formas de aproximação do espaço público. O cruzamento da linguagem gráfica da street art com o mundo da publicidade comercial resultou num enorme incremento no design gráfico e na moda de inspiração urbana. Isto possibilitou a inserção da qualidade gráfica do traço de Mateu no repertório visual de diversos segmentos: estamparias, painéis e vitrines, na área editorial em revistas e capas de livros, entre outros. Desenvolveu projetos para marcas como Adriana Barra, Cantão, Clube Chocolate, Converse, Editora Abril, Editora Record, Brasil Telecom, Rede Globo, W/Brasil, Claro, PUC, entre outros.  Sempre aliando a produção artística ao design gráfico, de modo que não exista limite entre uma técnica e outra, Mateu reafirma a natureza do grafite como uma marca, uma inscrição no mundo.

 

 

De 05 a 26 de setembro.

 

Andre Griffo, primeira individual

A primeira exposição individual de André Griffo que recebeu o nome de “Reúso e Retardo”, apresenta três objetos, três desenhos e duas pinturas, e acontece na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria da expert Vanda Klabin. O artista utiliza troncos secos, crânios de boi e patas de porcos em seus trabalhos.  Isso se deve ao fato do crescimento na fazenda em Barra Mansa, onde convivia com animais e o vasto maquinário de seu pai, que colecionava ferramentas de todo o tipo, o que remetem a ele  e à Arquitetura. André vem se dedicando às artes plásticas em seu atelier em Barra Mansa e as recordações de sua infância são temas recorrentes em suas obras.  Arquiteto de formação, André Griffo cria uma mitologia individual ao se nutrir de sua própria experiência.  Utiliza um vocabulário muito expressivo no seu procedimento artístico através da adoção de objetos do cotidiano, construído em consonância  com materiais  industriais.  Seu trabalho  explora  temas que envolvem uma parceria complexa entre o homem e a natureza, objetos transfigurados  que se referem a experimentos pessoais impregnados de uma carga psicológica. Isso ocorre ao incorporar a subjetividade no seu plano visual  e utilizar uma fusão de diferentes elementos como animais,  grades, lanças e armas medievais,  colunas de ordem gregas, capacetes, entre outros.

 

O artista cria núcleos significativos que são incorporados ao seu trabalho, ao manipular imagens pré-existentes na busca  de  uma interlocução  incessante de  diferentes elementos, encontrados nas lojas de materiais  de construção  e de ferro velho. Suas  obras remetem aos vestígios do universo urbano e rural,  onde o artista acrescenta valores estéticos aos fragmentos e aos objetos, elementos essenciais para  a sua composição de trabalho.  André Griffo cria um repertório plástico que incorpora  uma subjetividade no plano visual ao reificar e  alterar  a forma da natureza dos objetos, A partir da moldagem de alguns objetos,  preservada no sal grosso  e devidamente  perfuradas, realiza a  edição de fragmentos de um corpo animal , que toma uma forma predominante  como uma matriz que o artista reproduz na forma  original, quase como um carimbo em série e  reativadas em outros territórios.

 

Na escala expansiva da superfície  da tela,  a sua pintura é concebida em várias camadas, sobreposições  quase monocromáticas e adquirem  uma opacidade onde o efeito da pincelada, pelo uso da tinta acrílica, vai sendo aos poucos apagada, esvanecida,  como algo prévio que precisa ser escondido. As imagens se acumulam na superfície da tela, sem hierarquia  ou unidade de tempo, mas com diferentes  significados entre si. Existe ainda  a presença de uma troca entre  diferentes linguagens e procedimentos  como o desenho,  a pintura e escultura.  A engenhosidade  dos desenhos prévios  é um elemento importante  para o resultado estético de sua obra.

 

A especialização em pequenos estudos minuciosos, evidenciam  trabalhos que saem uns dos outros e que adquirem caminhos diferentes. Nessa   ambiguidade existente nas superfícies planas  e no volume escultórico, predomina uma independência  dos elementos entre si, uma disjunção entre as partes, que se deslocam com acréscimos de novos elementos  na forma tridimensional, atrav;es de mecanismos duchampianos de apropriação de objetos existentes. Na  sua edição de fragmentos de um corpo,  seja de chifres  ou patas de porco suspensos sob tensão, calibradas e  chumbadas  por cabos de aço e bases de concreto – o artista tenta recuperar a intensidade da obra, o volume desse corpo dentro do espaço, e agora  exibe  o seu conflito de forças, interagindo na relação com o espaço da galeria  e seus componentes: desenha, disseca  e articula  a  relação  entre as peças,  traz uma linha de força que passa pela roldana  e pesos  como pontos de força que são devidamente distribuídos. O artista interage com o espaço da galeria e os campos de força ganham potência, tanto  no campo pictórico  como no espaço escultórico. Esses fragmentos  do corpo são o agente do  espaço, presença  enigmática,  que tecem um imprevisível diálogo visual, um sistema de signos que necessita ser ainda decifrados.

 

 

Sobre o artista

 

Admirador de Francis Bacon, Luiz Zerbibi e Adriana Varejão, André Griffo iniciou sua carreira profissional como arquiteto. Durante os cinco anos em que atuou na área, foi, cada vez mais, ouvindo seu feeling direcionando-o a trilhar o caminho das artes. O contato e conhecimento sobre o assunto durante a faculdade fez com ele repensasse o que gostaria de realmente de se doar.  Além disso, segundo Griffo, o trabalho como artista faz com que ele possa se permitir à uma abrangência de ideias muito superior e infinita, saindo do campo específico. André decidiu se especializar e foi atrás de cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage comandados por artistas consagrados como Anna Bella Gieger, além de ter sido aluno dos críticos e curadores Fernando Cocchiarale, Daniela Labra e Marcelo Campos. Durante seu crescimento como artista, Andre participou de uma série de salões de arte pelo Brasil.

 

 

 De 05 de setembro a 05 de outubro.

 

Beatriz Milhazes no Paço Imperial

Depois de 11 anos sem expor no Rio, sua terra natal, e após comprovada consagração internacional, a artista plástica Beatriz Milhazes, apresenta mais de 60 obras (pinturas, colagens e gravuras) na exposição denominada “Meu Bem”, atual cartaz do Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exposição, uma panorâmica de suas obras a partir de 1989, é composta por trabalhos cedidos por colecionadores e museus internacionais e obedece organizaçção cronológica sob a curadoria do crítico francês Frédéric Paul.

 

A mostra reveste-se numa boa oportunidade para apreciar os renomados arabescos, circulos, mandalas e flores harmonicamente criados pela artista nos últimos anos, formas e signos que estabeleceram e destacaram sua obra; uma festa de cores que evoca – sem folclore – o Carnaval e a luminosidade tropical. A artista exibe, ainda, um grande móbile concebido exclusivamente para esta ocasião. De acordo com o curador, Beatriz Milhazes “…reivindica laços fortes com a modernidade europeia e está em pé de igualdade na cena contemporânea, na qual abala os códigos muitas vezes pouco sábios da abstração”.

 

Até 27 de outubro