Cristina Canale em Ribeirão Preto

30/ago

O Instituto Figueiredo Ferraz, Alto da Boa Vista, Ribeirão Preto, SP,  recebe a exposição “Protagonista e Domingo“, com obras de autoria da artista plástica Cristina Canale. São, ao todo, sete pinturas sobre tela e seis sobre papéis, que têm em comum o foco em uma figura centralizada, que protagoniza cenas cotidianas com um clima de still cinematográfico. Com curadoria da própria artista, a exposição tem apoio cultural da Galeria Marcelo Guarnieri.

 

Cristina Canale apresenta uma técnica que revela traços bastante singulares, com paisagens que retratam um mundo líquido, misturando cores de maneira harmônica.  Segundo a artista, “…esta exposição, assim como o meu trabalho atual, lida com noções de presença e ausência, com obras que oscilam entre a pintura pura e a narração figurativa”. Atualmente, a artista vive e trabalha em Berlim, na Alemanha, mantendo seu ateliê na capital carioca para longas temporadas de produção.

 

Sobre o Instituto

 

O Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) é um espaço concebido para difusão de arte e cultura. Localizado na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, busca trazer à cidade e região discussões e debates sobre as mais importantes manifestações artísticas no cenário nacional e internacional. Com vocação para as artes plásticas, o Instituto tem como ponto de referência a coleção Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz, em caráter permanente, e se propõe a trazer exposições temporárias, através de parcerias com as mais importantes instituições culturais do País. Para aproximar o público ao debate e estimular reflexões, o IFF oferece, além das exposições, um calendário de cursos e palestras com artistas, críticos, curadores e outros agentes das mais diversas áreas culturais.

 

Até 14 de Setembro.  

 

A arte de Pietrina Checcacci

29/ago

A exposição “Pietrina Checcacci – Nuvem” está em cartaz na Galeria BNDES, Centro Rio de Janeiro, RJ. Trata-se de um momento singular na carreira da artista que, através desta exposição, exibe uma panorâmica de seus trabalhos distribuídos entre pinturas, desenhos e esculturas. Desde o início de sua vida profissional a artista manteve o corpo humano como signo referencial de sua obra e o momento atual é uma reflexão absoluta sobre seus últimos trabalhos cujo título claramente indica ser uma passagem, uma nova fase, seja de balanço e/ou novos caminhos pictóricos.

 

A palavra da artista

 

Fazem 6 anos desde a última exposição que fiz no Rio de Janeiro na qual completei o meu depoimento ao mundo em 50 anos de labor. O tema principal e sempre: o ser humano: vida/morte – prazer /dor. Desde 2012, graças à casualidade mágica que impulsiona os artistas, comecei a trabalhar em branco e preto numa sequência que chamo NUVEM. E como nuvens seguiam aleatórias na direção que elas exigiam, além de qualquer racionalidade. Deixei que me levassem aonde quisessem ir. Só agora descobri que com elas debrucei-me sobre os 55 anos do meu trabalho de arte onde coerência, liberdade e meticulosos cuidados artesanais foram a diretriz. O que faço necessita de silêncio e solidão para germinar refletir e comentar o mundo: tarefa da arte.

 

Texto de André Seffrin

 

A TÚNICA INCONSÚTIL DE PIETRINA CHECCACCI

 

Nas sucessivas séries de pinturas, serigrafias, esculturas ou múltiplos de Pietrina Checcacci nos defrontamos com a bela aliança entre domínio técnico e arte de amar, algo limítrofe ao que Carlos Drummond de Andrade soube dizer, e com ironia subjacente, no poema “A paixão medida”. Paixão sensual que, em Pietrina, pode eventualmente transformar-se em visceral e agônica, nesse caso mais próxima talvez da poesia de Jorge de Lima. O que equivale a dizer que a obra plástica de Pietrina se desenvolve às vezes em águas turbulentas, em territórios eruptivos, em espaços de inesperados e recônditos esplendores. Não por acaso, como se pode concluir, seu universo se mantém tão próximo da poesia e dos poetas. E ao erigir corpo e cidade numa única e vária paisagem metafísica, Pietrina acaba por assumir um caminho não só estético mas também ético, à beira das tantas descobertas científicas que em medidas iguais nos fascinam e fragilizam. Em cada linha ou escala cromática, em cada sugestão alegórica ou simplesmente jocosa, Pietrina cria suas formas profusas que ora se auto-referem, ora se desdobram a partir de uma única proposta, de memória ancestral e labor obsessivo. Nos rastros de um título famoso de Roland Barthes, é como se o artista andasse sempre e sem descanso em busca dos fragmentos de um discurso amoroso. Variações sobre o mesmo tema que, ao longo dos anos, cambiantes e crescentes, mantiveram-na incorruptível e adepta de uma arte realizada sem amarras, medos ou eventuais fugas. E é claro que esse universo bem nutrido e dinâmico, impulsionado pela raiz dos símbolos do viver, do amar e do criar, é seara de poucos artistas. Agora, em outro desdobramento não menos telúrico de sua vastíssima obra, e como antes, na série “A criação hoje”, de 2007, Pietrina novamente evoca nossa gênese de modo um tanto insólito e inquietante.  Como na série anterior de tenuíssimas rosas ou rostos estranhos, o acento dramático se tornou mais impactante. Vultos suspensos em sombras uterinas, seres semoventes em improvável solidão, início e fim de retorcidos périplos terrestres. E aqui a aproximação se dá com um dos títulos seminais de outro grande poeta, Cecília Meireles – Solombra. Sol e sombra ou, quem sabe, o inominável. Como se, ao se afastar um pouco da sensualidade e do erotismo que a notabilizaram nos anos 70 e 80, Pietrina de repente se defrontasse com um mundo mais áspero e enigmático. E é mesmo um mundo estranho às festas humanas que se entremostra nestas telas cheias de luz e sombra. Como tatuagens de um inframundo, sem antes e sem depois, à mercê do acaso, esvaindo-se em distâncias. Diz Cecília: “Há mil rostos na terra: e agora não consigo recordar um sequer”. Um mundo de essências e pouca transparência, que não se sabe dentro ou fora, e sem nenhum conforto. Como se deu no final da série “Rosas”, em 2009, o DNA como reflexo ou duplicidade (espelhos líquidos), possíveis fetos ou nuvens sugerindo a anatomia humana, arco-íris ou amebas, tudo sem os véus da alegoria, espécie de errância amorosa ou catarse. No insulamento do corpo na paisagem, no seu exílio, temos o sangue que se faz bruma e sombra. Ventres, óvulos, montanhas, águas, panos, frutos, planetas, estrelas, pulsações celestes, sem princípio nem fim. Preponderam o preto e o branco nestas inesperadas nebulosas, formas primordiais do cosmos ou da gênese humana, amplamente analisada ou sugerida em tudo que Pietrina compôs desde sempre. Vermelho sanguíneo, negro e cinza são cores estabilizadas em suas incessantes mobilidades plásticas, desde os recortes de corpo fossilizados do final dos anos 70 ou mesmo antes, desde a fase Evaterra, por volta de 1973. No começo foi o pop, o ânimo fotográfico, a vinculação a um certo expressionismo, e o breve comprometimento político, habitado aqui e ali pelo lúdico, o humorístico e até o kitch da cultura de massa que aos poucos desapareceu em favor de um denso comprometimento humano, pleno e soberano. E foi esse comprometimento humano que a encaminhou para uma exuberante (e exaltada) sensualidade erótica ainda muito pouco estudada pela crítica. Um mundo anônimo (de corpos geralmente sem rosto) criado aos pedaços e que mais se revelou, a caminho da abstração, no sinuoso de frestas, pregas e fossos, angulosidades, sugestão de volumes que acabou por fim desembocando na tridimensionalidade. Em 1977, em entrevista a Antonio Hohlfeldt, Pietrina admitiu que existe em sua pintura um sentido escultórico de massas e volumes, aquela “inevitável dimensão escultórica” que Roberto Pontual capturou em 1978. No entanto, aqui e agora, o artista alcança o grau zero de suas pesquisas, uma lição das cores de serenidade quase cruel. O tênue rosa, o cinza fugidio e certos azuis profundos da série das rosas “escandalosamente” eróticas já anunciavam delicadas superposições de galáxias, buracos negros, confins do universo que pulsam dentro de cada um de nós, no que somos em nossos corpos e em nossa luz. Sim, como disse certa vez outro poeta, Lêdo Ivo, “somos corpos, somos os nossos corpos”, seja nos longes da paisagem que se faz corpo ou no corpo que a sugere, à flor da pele. Uma paisagem inaugural porque são inaugurais todas estas descobertas imediatamente transpostas ou traduzidas numa arte que se manifesta coesa, inteiriça como um continuum vital, uma túnica inconsútil.

 

Até 18 de outubro.

Correspondências. Mostra inaugural

23/ago

Com a exibição da mostra coletiva “Correspondências”, a Galeria Bergamin, realiza sua estreia no circuito de arte contemporânea. O espaço situa-se à rua Oscar Freire, 379, loja 01, Jardins, São Paulo, SP. A mostra é apresentada por Felipe Scovino. Para o evento inaugural foi selecionado expressivo elenco de nomes pontuais da arte brasileira. Entre os participantes da exposição constam obras em técnicas diversificadas como pinturas, objetos, esculturas e fotografias, assinadas por Adriana Varejão, Alair Gomes, Cildo Meireles, Emanuel Nassar, German Lorca, Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, José Bento, José Resende, Lygia Pape, Mauro Restiffe, Miguel Rio Branco, Montez Magno, Nelson Leirner, Paulo Roberto Leal, Raymundo Colares, Sérgio Camargo, Thiago Rocha Pitta, Vik Muniz, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel, Luciano Figueiredo e Marcelo Cidade.

 

 

 

Texto de Felipe Scovino

 

Nessa exposição, que inaugura o novo espaço e momento da Galeria Bergamin, o que se apresenta são estratégias de correspondência. Para além da heterogeneidade de discursos, propostas e suportes, estão diante de nós diálogos, associações e afinidades. Em alguns casos, regidos por uma ironia (como nas obras de Emmanuel Nassar e Nelson Leirner) ou associações livres e poéticas que nos fazem pensar na ampliação do suporte feito por quem homenageia (como são os casos das obras de German Lorca, Miguel Rio Branco e Thiago Rocha Pitta, nas quais a fotografia transita em direção a pintura, ganhando texturas, luz, elementos táteis, pulsantes que a faz estar em uma situação fronteiriça). As oposições também existem, seja através das formas, técnicas, linguagens e assuntos, sem, entretanto, formar um sentido geral definitivo ou hierarquizá-los prematuramente, isto porque a abrangente condição artística na sua atualidade não se fixa em parâmetros históricos e critérios artísticos precisos e definitivos. As homenagens a Lucio Fontana são um exemplo disso. O seu romântico corte abrupto, seco e libertador sobre a tela transforma-se na obra de Leirner em um abrir e fechar zíperes. Passamos a rasgar o tecido numa atitude explicitamente dadá. Por outro lado, na obra de Adriana Varejão a tela se transforma numa epiderme na qual os azulejos se revelam como um corpo violentado.

 

As correspondências não estão somente apresentadas nas homenagens feitas pelos artistas a seus colegas, mas conseguimos perceber nessa correspondência livre e direta, as predileções, argumentos e diálogos que acontecem entre homenageado e quem homenageia.  A diversidade e heterogeneidade não estão só nos temas, assuntos ou conteúdos, mas também – e aqui é outro ponto de qualidade da exposição, a sua capacidade de revelar a multiplicidade de pesquisas na contemporaneidade – nas linguagens e nas mídias nas quais as obras podem aparecer ora como pintura, escultura ou fotografia, ou ainda como algo de indefinida e incerta sistematização.

 

 

De 08 de agosto a 28 de setembro.

Dois livros de arte

Marta Martins: Narrativas ficcionais de Tunga

 

O lançamento do livro da Marta Martins, lançamento da Editora Apicuri, será lançado com palestra da autora no Salão Nobre do Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, às 18 horas do dia 06 de setembro.

 

O livro “Narrativas ficcionais de Tunga” é adaptação da tese de Marta Martins, professora de desenho, artista, teórica e crítica, e, mais recentemente, fotógrafa. Marta se debruça sobre as obras de Tunga, artista que “mantém um alto nível de qualidade formal em seus trabalhos, não importando a natureza dos materiais utilizados, e (que) conquistou amplo espaço de atuação, tornando-se um dos nomes mais reconhecidos da arte brasileira no exterior”. A proposta da autora “ao incursionar por suas obras de distintos modos” é mostrar que o trabalho do artista, por meio de diversas experimentações estéticas, gera toda sorte de enigmas, introduzindo-se também noutras instâncias teóricas, como a psicanálise e as ciências sociais. Suas esculturas, instalações, vídeos, textos, desenhos, fotografias e até as pessoas utilizadas como mais um material de trabalho em suas instaurações, permitem configurações abertas em cada montagem. O espaço de tensão formal relacionado com questões próprias das artes visuais abriga ao mesmo tempo, em sua obra, uma série de desvios e licenças de cunho alegórico e ficcional, além de um explícito hibridismo nas suas formas e conceitos. Assim, materiais como seda, lâmpadas, cobras, metais, ossos e agulhas, somados a corpos humanos, textos e filmes, formam o vertiginoso e mutante universo narrativo do artista. Nada parece ser definitivo, nem mesmo neutro ou vazio, pois a peculiar rasura com a qual a natureza da linguagem se constitui é dobrada e disposta em camadas ao longo de seu inesgotável processo. Precisão teórica, abordagem aguçada e, principalmente, admiração pela produção de Tunga se combinam e nos proporcionam, por meio de um texto inteligente, uma reflexão perspicaz e apaixonada a respeito das “narrativas ficcionais” do artista plástico.

 
Sobre a autora

 

Marta Martins é ensaísta e fotógrafa. Nasceu em Santana do Livramento, RS, em 1962, vive e trabalha desde 1983 em Florianópolis, SC. Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1988), mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1995) e doutorado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Atualmente é professora–titular da Universidade do Estado de Santa Catarina. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes Plásticas, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenho, Teoria da Modernidade, Literatura, Arte Contemporânea, Teoria da Imagem, História e Crítica da Arte, e Fotografia.

 

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Lygia Pape e Hélio Oiticica por Fernanda Pequeno

 

A curadora e crítica de arte Fernanda Pequeno lança no dia 07 de setembro, no Armazén 1, Pier Mauá, Praça Mauá, Rio de Janeiro, RJ, livro com o selo da Editora Apicuri sobr a obra dos artistas Lygia Pape e Hélio Oiticica.

 

Fernanda Pequeno parte de conversações e fricções entre as poéticas dos artistas Hélio Oiticica e de Lygia Pape para frisar semelhanças, acentuar diferenças e apontar aproximações e divergências entre as duas linguagens. Uma das questões que permearam toda a análise foi a existência de conflitos políticos e sociais — por conta do momento político dos anos 1960-70 no país — que inter­feriram e nortearam a produção de ambos os artistas, que introjetaram certa contradição ou ambiguidade. Pape e Oiticica optaram por um viés de produção altamente experimental, e seu caráter político e trans­gressor configurou-se pela negação do que estava instituído e por uma confiança no engajamento da jovialidade brasileira abrindo possibilidades de escrita de uma ou mais histórias, mesmo que fosse necessário herdar e deglutir influências estrangeiras.

 

A própria autora atribui a sua escolha por Lygia Pape e Hélio Oiticica quase que como uma intuição, espécie de “afinidades eletivas”. Apesar de Hélio e Pape já terem sido muito revistos pela história da arte moderna, não deixa de ser legítimo buscar possibilidades de novas leituras, principalmente na obra do Hélio. E foi isto que Fernanda conseguiu, ao rever a produção dos dois artistas.

 

Sobre a autora

 

Fernanda Pequeno é curadora, crítica de arte e professora de Artes Visuais e História da Arte do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp/Universidade do Estado do Rio de Janeiro — Uerj). Doutoranda em Artes Visuais, na linha de pesquisa História e Crítica da Arte, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi bolsista Capes/UFRJ. Realizou estágio de doutorado (bolsa-sanduíche Faperj) no Research Centre for Transnational Art, Identity and Nation (TrAIN — Chelsea College of Art & Design, Londres). É mestre em Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Uerj. Vem realizando curadorias e publicando textos em revistas acadêmicas, magazines, folders e catálogos de exposições desde 2002.

 

 

MARISCAL NO TOMIE OHTAKE

Reafirmando seu compromisso de realizar mostras de artes plásticas, arquitetura e design, o Instituto Tomie Ohtake , Pinheiros, São Paulo, SP, traz, em parceira com a Tok&Stok, a exposição “Todas as cores de Mariscal” apresentando o universo multidisciplinar e irreverente de Javier Mariscal, um dos designers mais criativos e versáteis da atualidade. A mostra é construída a partir do desenho e das cores, ferramentas básicas com as quais trabalha o designer catalão, que ganhou fama mundial ao criar o bonequinho “Cobi”, mascote dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.

 

Responsável pela curadoria da exposição, o Estúdio Mariscal traz cerca de 60 obras, entre mobiliário, objetos, luminárias, pinturas, desenhos, brinquedos e projetos gráficos do criador da animação “Chico & Rita”, ambientada na Havana dos anos 40, que concorreu ao Oscar de 2012. A produção de Mariscal guarda como identidade a forte gestualidade do traçado à mão, o desenho – sempre seminal em todo o seu processo criativo –, que resulta numa variada gama de imagens e objetos que aludem a um universo único. “Mariscal joga com as formas e as cores para criar esse universo tão pessoal e artístico onde teima em celebrar a alegria de viver”, destaca a curadoria.

 

Com mais de trinta anos de intensa atividade, Javier Mariscal desenhou objetos para as mais prestigiadas empresas. Moroso, HP, Camper, Uno, Absolut, H&M, e Magis são algumas das marcas que apostaram no estilo versátil do designer espanhol. A exposição pretende submergir o espectador no universo da “fábrica Mariscal”, e assim introduzi-lo ao coração do seu processo criativo e fazê-lo perceber, através dessa experiência, o impulso vital gerado por Javier Mariscal e sua equipe.

 

 

Sobre o artista:

 

Javier Mariscal nasceu em Valencia, 1950, atua em todas as disciplinas do design: mobiliário, interiores, gráfico, paisagismo, pintura, escultura, ilustração, multimedia e animação. Junto com a equipe do Estudio Mariscal, fundado em 1989, o designer realizou, entre muitos trabalhos, a criação do Mascote dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992; o design de interior e gráfico da H&M Barcelona; o décimo primeiro andar do Hotel Silken Puerta America, em Madri; a imagem gráfica da 32ª. Edição da America´s Cup; a identidade gráfica e campanhas de comunicação para a Camper for Kids; exposições sobre sua obra em La Pedreira de Barcelona e no Design Museum de Londres; a divulgação da nova Lei Infantil da Catalunha e ainda publicou os livros Mariscal Drawing Life e Sketches. Em 2010 estreou o longa-metragem de animação Chico & Rita, co-dirigido com Fernando Trueba, que concorreu ao Oscar em 2012. Em 2013 lançou seis versões completamente inovadoras e divertidas da famosa Hello Kitty.

 

Até 29 de setembro.

 

Lenora de Barros na Laura Alvim

Umas e Outras”, da artista paulistana Lenora de Barros, é a exposição que a Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, sob curadoria de Glória Ferreira.

 

Nela a artista apresenta 65 colunas de jornal realizadas na década de 1990, além de dois vídeos inéditos em preto e branco, intitulados “Jogo de Damas” e “Em si as mesmas”, e uma intervenção sonora, “Duplicar Imagens”. Entre 1993 e 1996, a artista assinou uma coluna experimental, publicada aos sábados, no “Jornal da Tarde”, de São Paulo, sob o título de “… umas”. Nesse espaço nasceram obras e ideias que se transformariam em vídeos e fotoperformances autônomos nos anos seguintes. Depois de mostrar 13 dessas colunas em uma vitrine, na Bienal de Lyon, França, em 2011, Lenora decidiu agora emoldurar e expor um conjunto maior, extraído de seu arquivo pessoal.

 

Nas colunas, que eram uma espécie de blog “avant la lettre”, Lenora, entre outros experimentos, dialogou com trabalhos de diversos artistas. Posteriormente ela fez um recorte dessas “conversas” envolvendo temas femininos ou obras de artistas como Lygia Clark, Yoko Ono, Cindy Sherman, Annette Messager e Méret Oppenheim. Essa seleção deu origem a um livro, intitulado “Jogo de Damas – Crítica de Arte – Livro Primeiro”, ainda inédito, cujo protótipo estará exposto na Laura Alvim, em versão bilíngue, inglês e português.

 

O livro foi o ponto de partida para os dois vídeos inéditos, com direção de David Pacheco, que estão na exposição.
“Umas e Outras” é uma oportunidade de acompanhar o processo criativo da artista, ao longo de três anos, num espaço que funcionava como uma espécie de laboratório ou ateliê em pleno jornal. Segundo a curadora Glória Ferreira, esta individual “cria uma situação em que a artista se desdobra em lenoras, jogando em múltiplas posições, transitando em várias ‘elas’.”

 

As obras

 

No vídeo intitulado “Jogo de Damas” o livro de mesmo título serve de roteiro de leitura para performances vocais realizadas por Lenora e foi concebido em formato de tríptico para projeção simultânea em três paredes.

 

O vídeo “Em si as Mesmas”, situado à entrada da mostra, tem seu título pinçado de uma coluna onde a artista comenta uma fotografia de 1925, de autor desconhecido, das siamesas, as irmãs Hilton. Foi concebido para dupla projeção, em duas paredes opostas. Nele Lenora joga damas consigo própria. Em uma tela, ela move as pedras brancas e na outra, as pretas, em uma espécie de “jogo infinito, sem ganhador nem perdedor”, diz Lenora.

 

“Jogo de Damas” e “Em si as Mesmas” serão exibidos com o som aberto e também dialogam entre si no espaço expositivo. Eles têm um tratamento específico que faz ressaltar o som das peças no tabuleiro, os ruídos da movimentação corporal da artista, gerando atmosferas sonoras envolventes.

 

Voltada para a rua, em frente à Galeria Laura Alvim, está a intervenção sonora “Duplicar Imagens”, em que se ouve a artista oralizar, com voz infantil, a frase “Duplicar imagens é multiplicar ou dividir ideias?”, que se repete em looping, assim como os vídeos mencionados acima. O texto dessa performance vocal também nasce em “…umas”, em uma coluna de 1994, a partir de um autorretrato de Magritte. A performance vocal, gravada em 2011, tem tratamento sonoro de Cid Campos.

 

 

Sobre a artista

 

Lenora de Barros nasceu em São Paulo, em 1953. Formada em linguística pela FFLCH/USP, seus trabalhos se apropriam do vídeo, da performance, da fotografia e da instalação. Sua produção transita entre a palavra e a imagem, e explora os aspectos visuais, verbais e sonoros da linguagem. A fotografia e o vídeo são comumente utilizados como forma de documentar performances encenadas diante da câmera. Lenora de Barros tem obras em coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior: Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Daros-Latinamerica (Zurique e Rio de Janeiro) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Participou como artista-curadora da “Radiovisual”, na 7ª Bienal do Mercosul – Grito e Escuta (2009).  Entre as recentes mostras e atividades, destacam-se a 17ª Bienal de Cerveira, em Portugal, “Para (Saber) Escutar”, na Casa Daros Latinoamerica (Rio de Janeiro, 2013); III Mostra do Programa de Exposições 2012 (Centro Cultural São Paulo, 2013); “Circuitos Cruzados: o Centro Pompidou encontra o MAM” (Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2012); “Sonoplastia” (Galeria Millan, SP, 2011; 11ª Bienal de Lyon – “Nasce uma terrível beleza” (2011) – onde participou com a  instalação audiovisual  “O encontro entre Eco e Narciso”, e “Revídeo” (Oi Futuro, RJ, 2010).

 

Até 27 de outubro.

 

Sérvulo Esmeraldo no Rio

20/ago

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Sérvulo Esmeraldo – Pinturas, desenhos, gravuras, objetos, esculturas e excitáveis”, que reúne 70 obras, tanto históricas como inéditas e recentes, do artista cinético nascido no Crato, Ceará, em 1929, e que solidificou sua trajetória em Paris, onde residiu de 1957 a 1980. O artista participou recentemente da monumental exposição “Dynamo – A century of light and motion in art, 1913-2013” realizada de abril a julho último no Grand Palais, em Paris e ao lado de 150 artistas como, dentre outros, Le Parc, Morellet, Soto, Dan Flavin, Duchamp, Hans Richter, Calder, Rodtchenko e Anish Kapoor. A mostra na Pinakotheke ganha maior relevância pelo fato de nunca ter sido realizada na cidade uma grande antologia da obra do artista, e também por ter passado mais de 20 anos de suas individuais na cidade. A mostra também apresentará maquetes de esculturas inéditas do artista, além de vídeos, fotos, livros e documentos. A exposição, que tem curadoria de Max Perlingeiro, vem sendo planejada há mais de uma década. Sérvulo Esmeraldo tem sido homenageado em importantes museus no Brasil e no exterior.

 

 

Produção inédita

 

Aos 84 anos, Sérvulo Esmeraldo continua ativo. “Seguindo a velha tradição dos grandes escultores, produziu ao longo do tempo centenas de maquetes de esculturas que, um dia, seriam executadas. A partir de 1976 suas esculturas monumentais saem do ateliê para o espaço urbano. De volta ao Brasil, fixa residência em Fortaleza em 1980 e lá permanece, até hoje, produzindo, com o mesmo vigor da juventude, suas novas esculturas e objetos, obstinado pela “invenção” e pelo desenho”, conta o curador Max Perlingeiro.

 

 

Texto do curador

 

A trajetória do artista Sérvulo Esmeraldo seguiu um padrão adotado pela maioria dos grandes artistas que têm a sua origem fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Do Ceará, a partir da primeira metade do século XX, vieram: o pintor e professor Raimundo Cela (1890-1954), prêmio de viagem à Europa no Salão Nacional de Belas Artes em 1917 e introdutor do ensino da gravura em metal no Brasil; o paisagista Vicente Leite (1900-1941) – o melhor amigo de Candido Portinari na Escola Nacional de Belas Artes -, também prêmio de viagem à Europa em 1940, porém não usufruído devido à guerra; e Antonio Bandeira (1922-1967), que vem para o Rio de Janeiro e, logo em seguida, em 1946, vai residir em Paris, como bolsista do governo francês, lá permanecendo até a sua morte, em 1967. Naquela época Paris era o centro das atenções dos artistas e intelectuais. Nas décadas de 1950 e 1960, a arte brasileira passa por grandes transformações. Nesse período, os artistas saem do Brasil em busca de formação e vivência em um novo ambiente. A maioria tem como seu destino final a capital francesa, e alguns, Nova York. Por questões políticas ou artísticas, estavam em Paris, nesse período: Lygia Clark (1920-1988), Sergio Camargo (1930-1990), Flavio-Shiró (1928), Rossini Perez (1932), Arthur Luiz Piza (1928) e Sérvulo Esmeraldo (1929), entre outros. Sérvulo, após uma breve experiência no meio artístico em São Paulo (1951-1956), viaja para Paris em 1957, como bolsista do governo francês, e lá reside até 1980, sempre participando ativamente da vida artística no Brasil. Exímio gravador, participa de inúmeras exposições individuais e coletivas, em instituições públicas e privadas. Participa também da V Bienal Internacional de São Paulo com grande destaque. Em 1976 é editado por Guy Schraenen o manual Método prático e ilustrado para construir um excitável, volume 8 da Série ColleXion, hoje objeto de desejo dos grandes colecionadores. Em 2010 é convidado para uma grande exposição, Les Excitables, apresentada na Maison Européenne de La Photographie com texto de Matthieu Poirier. Seguindo a velha tradição dos grandes escultores, produziu ao longo do tempo centenas de maquetes de esculturas que, um dia, seriam executadas. A partir de 1976 suas esculturas monumentais saem do ateliê para o espaço urbano. Em 1980 fixa residência em Fortaleza e lá permanece, até hoje, produzindo, com o mesmo vigor da juventude, suas novas esculturas e objetos, obstinado pela “invenção” e pelo desenho.

 

Esta exposição, planejada por mais de uma década para ser apresentada no Rio de Janeiro, tem caráter retrospectivo, mas não pretende esgotar o assunto. Complementam a exposição maquetes de esculturas inéditas, livros de artista, os originais para a publicação Suíte Catalana/Courbes, variações sobre uma curva, com texto-poema de Jean-Clarence Lambert, além de imagens e documentos sobre a sua vida artística. Vídeos e fotografias, executadas entre os anos 1960 a 2011, cabendo destacar a série de fotos, algumas inéditas, feitas em Paris por Alécio de Andrade (1938-2003), e o vídeo Excitable, de autoria de André Parente e Katia Maciel.

 

 

Sobre o artista

 

Sérvulo Esmeraldo já recebeu homenagens em espaços como a prestigiosa Maison Européenne de la Photographie, em Paris, em 2010, e na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2011. Possui obras em importantes coleções privadas e públicas do Brasil e do exterior, como Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; Fundación Cisneros, Caracas, Venezuela; Maison Européenne de la Photographie, Paris, França; MAC-USP, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza, CE; MAM-RIO; MASP, SP; MAM, Bahia; Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba; Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outras. O artista também possui diversas obras públicas, principalmente no Ceará.

 

 

De 04 de setembro a 13 de novembro.

 

No Galpão Fortes Vilaça

15/ago

Chama-se “O problema de Molyneaux”  a segunda individual de João Maria Gusmão e Pedro Paiva em São Paulo, cartaz no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. Destaque na atual edição da Bienal de Veneza, os artistas apresentam fotografias, esculturas em bronze e filmes em 16mm, todos recentes ou inéditos.

 

Gusmão e Paiva exploram referências ao existencialismo na tradição filosófica, à literatura metafísica assim como ao proto-surrealismo de Alfred Jarry. O título da exposição é extraído de uma questão filosófica, proposta por William Molyneux a John Locke sobre a recuperação da visão. Um homem nascido cego, que sente a diferença entre formas, tais como uma esfera e um cubo, poderia também distingui-las pela visão caso pudesse começar a ver? O problema é comentado por Locke em seu Ensaio acerca do Entendimento Humano sobre as bases do conhecimento e dos mecanismos de cognição da mente humana.

 

Na primeira sala de exposição, oito esculturas de bronze propõem alegorias sobre a natureza das imagens, ilusões óticas e fenômenos físicos. Em Coisas Redondas, uma série de objetos circulares são conectados de forma que parecem ser quadrados sob certos ângulos. Bola de tênis reproduz o movimento de uma bolinha quicando sobre o pedestal. Cavaleiro é uma imagem distorcida que também cria uma ilusão de tridimensionalidade sob determinado ponto de vista. Uma vez que aludem com humor à linguagem científica, estes objetos revelam a natureza narrativa da ciência e da filosofia em suas tentativas de apreensão do mundo.

 

A segunda sala de exposição foi transformada numa grande sala de projeção com cinco filmes curtos em 16mm. Na grande tela as sequências se desenrolam em loop. Três sóis se põem entre rochedos, um homem cego devora um mamão papaia e frutos geometrizados rodopiam no ar como se fossem um sistema planetário. O ruído do projetor ⎯ os filmes não têm som ⎯ é uma lembrança permanente da materialidade das imagens.

 

Sobre os artistas

 

João Maria Gusmão, Lisboa, 1979 e Pedro Paiva, Lisboa, 1978, colaboram criando objetos, instalações e filmes em 16 e 35mm desde 2001. Já participaram de diversas Bienais, tais como: 8ª Bienal de Gwangju, Coréia do Sul, em 2010; 53ª Bienal de Veneza, 2009, na qual representaram Portugal; 6ª Bienal do Mercosul, Brasil, em 2007; 27ª Bienal de São Paulo, Brasil, 2006. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: em 2011, Alien Theory, no Frac Île-de-France, Le Plateau, Paris; There’s nothing more to tell because this is small, as is every fecundation, no Museo Marino Marini, Florença; Tem gwef tem gwef dr rr rr no Kunsthalle Dusseldorf; em 2010 e On the Movement of the Fried Egg and Other Astronomical Bodies, na Ikon Gallery, Birmingham.

 

De 10 de agosto a 14 de setembro.

“In Motion” na Raquel Arnaud

A Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta a exposição coletiva “Em Movimento” (“In Motion”) na qual destacam-se os mais significativos artistas em abstração cinética que a marchande Raquel Arnaud vem trabalhando ao longo dos anos. A exposição reúne 14 obras assinadas por nomes seminais como Carlos Cruz-Diez, Jesús Rafael Soto, Luis Tomasello e François Morellet dividem o espaço do primeiro piso da galeria com trabalhos dos artistas Dario Pérez-Flores e Hugo Demarco, da segunda geração e ainda com Elias Crespin e Wolfram Ullrich. A primeira exposição desta vertente artística na galeria foi do venezuelano Carlos Cruz-Diez, em 1987. Segundo Raquel Arnaud, a presente coletiva é uma homenagem ao artista, que em 2013 comemora 90 anos. A galeria também introduziu Jesús Rafael Soto no circuito brasileiro. Paralelamente, no segundo piso, a paulistana Silvia Mecozzi apresenta a individual “Branco de Si”, exposição que reúne trabalhos em mármore realizados pela artista no último ano.

 

 Sobre os artistas:

 

Carlos Cruz-Diez, 1923, Venezuela. É internacionalmente reconhecido pelas suas Fisicromias e Cromointerferências nos espaços e pelas suas obras esculturais em grande escala que exploram a teoria e a prática de cor.

 

Jesús Rafael Soto, 1923-2005, Venezuela. Tempo e movimento foram as principais preocupações nas obras de pintura e escultura e na arte cinética do artista venezuelano. Famoso pelos seus “Penetráveis”, esculturas em que o observador pode atravessar e interagir, Soto mudou para Paris em 1951, onde travou conhecimento com alguns artistas alemães e suíços, entre os quais Josef Albers, e passou a tratar a independência da cor para resolver conscientemente o que chamava de “a ambivalência especial da cor”.

 

Luis Tomasello, 1915, Argentina. Após seus estudos em Buenos Aires, mudou-se para Paris em 1957, onde se juntou a um grupo de artistas cinéticos e de OP arte. Tornou-se conhecido pelas suas “Atmosferas cromáticas”, esculturas fragmentadas que mudavam o padrão das cores, luz e sombra.

 

Dario Pérez-Flores, 1936, Venezuela. Sobre a influência de Jesús Soto e Carlos Cruz-Diez, Pérez-Flores se juntou ao movimento ótico de 1970. Criou trabalhos que sutilmente geram uma vibração ótica, uma atmosfera cromática mutante, atraindo o espectador ao centro da obra.

 

Hugo Demarco, 1932-1995, Argentina. Demarco começou cedo a expandir sua prática na pintura, explorando novos materiais que permitiram sua diferente abordagem com a cor. Mesmo declarando nenhuma afiliação, seus trabalhos combinam a herança do construtivismo e a ampla tradição da Bauhaus, a autonomia da arte e sua natureza experimental. Focando a cor e o movimento, ele pinta telas e cria relevos e objetos motorizados que desafiam a percepção do espectador.

 

François Morellet, 1926, França. Para o artista francês um trabalho de arte basta por si só. Seus títulos são sofisticados e descrevem as condições da produção da obra. Em sua extensa carreira trabalhou com inúmeros materiais, mas determinado a encontrar um novo modo de expressão, começou a usar o neon em 1963, material cujas especificações como luminosidade e o fato de ser manufaturada, o interessavam.

 

Elias Crespin, 1965, Venezuela. Suas esculturas – eletrocinéticas – são composições simples de figuras geométricas, que suspensas por fios invisíveis e animadas mecanicamente por complexas formas matemáticas computadorizadas, geram movimentos de extrema leveza e harmonia.

 

Wolfram Ullrich, 1961, Alemanha. Trabalha com abstrações geométricas tridimensionais. Suas obras lidam com o ambiente espacial da instalação, dinamizando as relações entre espaço e movimento como variáveis constantes.

 

 Até 14 de setembro.

Peças inéditas de Galvão

A Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Sopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abre sua sétima exposição em 2013 na qual exibirá 20 trabalhos inéditos de Galvão, executados em madeira de cedro e MDF, pintados em tinta acrílica ou na cor natural. Nesta mostra as obras chegam com mais cores, com mais aprofundamento.
Nesta exposição encontramos variações cromáticas da madeira. Como pinturas, essas obras possuem volume e textura, o que rapidamente faz com que se desloquem do plano para o espaço, ganhando uma condição objetual, pois problematizam a estrutura formal da pintura, quebram a moldura, e dialogam com a tridimensionalidade. São situações que fazem sua obra dialogar com Sergio Camargo, de quem foi assistente, ao mesmo tempo em que criam seu próprio caminho e história.

 

Com o eterno objetivo de melhorar, aperfeiçoar e transcender seu trabalho, Galvão mantém uma coerência em sua trajetória de mais de 40 anos, produzindo relevos em madeira, ora natural, ora pintada. Essas interferências na madeira causam luz, sombras, formatos e sensações no público. Ele sempre procura criar a estrutura e estruturar um tema em seu bucólico ateliê, em Nova Friburgo. O artista é um purista que introduz a poética da cor em uma linguagem ordenada, onde a razão-emoção permanece imbatível.

 

Nesta exposição encontramos variações cromáticas da madeira. Como pinturas, essas obras possuem volume e textura, o que rapidamente faz com que se desloquem do plano para o espaço, ganhando uma condição objetual, pois problematizam a estrutura formal da pintura, quebram a moldura, e dialogam com a tridimensionalidade. São situações que fazem sua obra dialogar com Sergio Camargo, de quem foi assistente, ao mesmo tempo em que criam seu próprio caminho e história.

 

Para Felipe Scovino, o desequilíbrio e a progressão dos seus blocos revelam um caráter de instabilidade e impermanência que faz com que sua obra adquira uma espécie de elasticidade orgânica. “São obras maleáveis para o olhar do espectador. Maleável para a sua fruição, o seu jugo e o seu prazer. O esforço para completar a ordem mobiliza o sujeito perante o desafio de uma obra íntegra, porém esquiva. Sua obra instala o transitivo ou o visível em constante alteração, pois seu compromisso é com a natureza infinita das coisas”, finaliza Felipe.

 

Sobre o artista

 

Galvão nasceu no Rio de Janeiro, 1941, começou seus primeiros estudos em pintura em 1951. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil, morou em Paris onde cursou na Sorbonne sociologia da arte com Jean Cassou e frequentou os ateliês de Sergio de Camargo, Vistor Vasarely e Yvaral. Entre suas exposições individuais estão a da Galeria Art to Desing, na Itália (2008), na Dan Galeria, em São Paulo (2008), Galerie Brasilia, Paris, 2007, Galeria Murilo Castro, BH, 2007, Galeria Syrus, Paris, 2004/05, e no MUbe, São Paulo, SP, 2004. O artista também participou de três Bienais em São Paulo, 1967, 1973, 1975. Desde 2004 participa anualmente do Realité  Nouvele, principal salão de arte de Paris.  Esta é a sétima vez que expõe na Galeria Marcia Barrozo do Amaral. Depois de alguns anos atuando como assistente do conceituado e inspirador Sergio Camargo, Galvão trilhou seu próprio caminho que fez com que suas obras estejam hoje nas principais coleções públicas e privadas no Brasil e exterior como no Centre Cultural I´Arsenal, França; Museu Satoru Sato, Japão; MOBIL MADI, Hungria; MAM-Rio; Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Museu de Arte Moderna de São Paulo. Museu de Arte da Pampulha, BH; Museu do Artista Brasileiro, Brasília; MuBE, SP e Museu MADI, Ceará.

 

De 20 de agosto a 20 de setembro.