Mostra de Antanas Sutkus

12/nov

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP e o Consulado Geral da Lituânia no Brasil inauguram a exposição inédita do fotógrafo lituano Antanas Sutkus que obedece ao título geral de “Pessoas da Lituânia”. Serão exibidas cerca de 35 imagens inéditas em preto e branco que revelam o talento de Sutkus, considerado um dos maiores fotógrafos do século XX. Grande parte da coleção será apresentada pela primeira vez em âmbito mundial, fruto de um intenso trabalho do fotógrafo em seu arquivo que comporta cerca de um milhão de negativos.

 

Durante toda a sua carreira Antanas Sutkus prestou uma homenagem ao seu povo com a série “Pessoas da Lituânia”, onde o cotidiano dos seus co-cidadãos é o sujeito principal: cada indivíduo é fotografado com um senso da humanidade e sem nenhum efeito dramático. Ao contrário, o seu olhar traz amor e esperança para a vida destas pessoas. Como diz o próprio artista: “O meu credo é amar as pessoas”. A exposição “Pessoas da Lituânia” apresenta ao público paulistano imagens restauradas e ampliadas durante os últimos anos, resultado de um intenso trabalho de pesquisa e restauração do fotógrafo nos seus arquivos.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

 

O fotógrafo lituano Antanas Sutkus, 74 anos, cresceu em uma difícil realidade. Em 1940, quando ele tinha apenas um ano, a União Soviética anexou o seu país ao bloco comunista, em plena Segunda Guerra Mundial. Entretanto, mesmo diante de condições tão adversas, o artista tornou-se um dos maiores fotógrafos de sua época. Antanas ignorou os ideais totalitários impostos pelo regime soviético e acumulou, em pouco mais de 40 anos, uma obra vasta que retrata o cotidiano simples do seu povo. Foi a partir de 1991, ano em que a independência do seu país foi, enfim, oficializada e reconhecida, que Antanas passou a trabalhar com tranquilidade em seus arquivos. Com quase de um milhão de negativos guardados, só agora sua obra começa a ser de fato revelada deforma completa para o mundo.

 

 

Até 05 de janeiro de 2014.

Duas vezes Nelson Felix

11/nov

Nos últimos 20 anos, Nelson Felix vem realizando uma série de trabalhos a partir de coordenadas geográficas, que passaram a determinar os locais de suas exposições. Em decorrência disto, o artista está há quase nove anos sem expor na cidade de São Paulo. Seu retorno acontece agora em novembro, quando apresenta “Verso (meu ouro, deixo aqui)”, Instituto Tomie Ohtake e “Verso, na Galeria Millan. Juntas, compõem a segunda parte de um trabalho realizado em dois lugares distintos, que se rebatem e, assim, complementam-se. A primeira parte, “4 Cantos”, foi realizada em Portugal, em 2008, sob a tutela do Museu de Serralves e do Ministério do Turismo de Portugal.

 

O trabalho, em seu conjunto, aborda, primeiramente, um pensamento poético sobre o espaço, na sua estrutura mais simples – os cantos, o centro e o verso – e o que seriam estes locais na nossa atual percepção multifacetada do espaço. Em um segundo momento, explora a relação ambígua que existe na língua portuguesa nas palavras canto e verso, ora com sentido espacial, ora com sentido poético. O primeiro trabalho, “4 Cantos”, prima pela relação espacial; o segundo, “Verso”, pela poética.

 

Em “4 Cantos” o artista viajou, em um caminhão munck, aos quatros extremos de Portugal – Bragança, Viana do Castelo, Sagres e Faro – carregado com quatro blocos cúbicos de pedras. Em cada um destes cantos do país, o artista colocava as pedras no solo e desenhava até se sentir impregnado do espaço local. Na última cidade, Faro, já em espaço interno, o artista tombou as pedras de encontro aos quatro cantos do espaço expositivo e as fixou com oito ponteiras de bronze, nas quais estavam inscritos os oito versos do poema “Casa Térrea”, de Sophia de Mello Breyner.

 

Em “Verso”, como o título indica, Nelson Felix rebate o primeiro trabalho, formando um amálgama das duas obras e, em consequência, um trabalho único, em dois atos. O atual trabalho nasce da observação de que a cidade de São Paulo, o principal centro econômicocultural brasileiro, encontra-se equidistante e sobre uma linha imaginária que liga duas pequenas ilhas, uma no Oceano Pacífico e outra no Atlântico. O artista viaja às duas ilhas, estes dois versos criados pela estrutura poética do trabalho no globo terrestre. Nelas, olha na direção de São Paulo, onde irá expor, e finca no solo três peças de latão, que constituem as três partes da letra A. Uma homenagem ao poeta catalão Joan Brossa, através de um dos seus poemas, intitulado “Desmuntatg e”. Esta  homenagem se faz outra vez presente quando o artista torna a fincar esta letra na Galeria, em São Paulo. “Verso” remete à sensação poética de um local central, construído totalmente por centros, se assim podemos falar – uma cidade, que aglutina e centraliza, e duas pequenas ilhas, pontos em meio a oceanos.

 

No Instituto Tomie Ohtake, “Verso (meu ouro, deixo aqui)” traz seu processo de criação, com mais de cem desenhos que o artista realiza durante o desenvolvimento do trabalho, e uma instalação com mármore de carrara, ouro e projeção. Acompanha as exposições um vídeo, realizado em maio deste ano, de uma conversa do artista com o crítico Rodrigo Naves. Já na Galeria, “Verso” formaliza-se na apresentação de uma instalação com dois grandes anéis de mármore de carrara, objetos de latão, ouro, dois desenhos e duas fotografias.

 

 

Sobre o artista

 

Nelson Felix nasceu no Rio de Janeiro, 1952. Escultor, desenhista e professor. Iniciou seus estudos de pintura com Ivan Serpa, em 1971, e se formou em arquitetura, em 1977. Dedicou-se inicialmente ao desenho e, posteriormente, à escultura. Em 1989, recebeu bolsa do Ministério da Cultura da França, por exposição ocorrida na Galeria Charles Sablon, em Paris. Recebeu, em 1991, a bolsa Vitae de Artes Plásticas. A partir da década de 1990, realiza esculturas de mármore com base em órgãos ou aspectos do corpo humano. Em 1994, foi artista residente na Curtin University (Perth, Austrália) e no Karratha College (Karratha, Austrália). No mesmo período, idealizou as Mesas, esculturas em granito nas quais faz referências às interações entre a natureza e os objetos culturais. Ao retornar ao Brasil, realizou, em 1995, com Luiz Felipe Sá, o vídeo O Oco, sobre sua produção artística. Sua obra é analisada nas publicações Nelson Felix, com texto de Rodrigo Naves, Cosac & Naify, 1998; Nelson Felix, com textos de Glória Ferreira, Nelson Brissac e Sônia Salzstein, Casa da Palavra, 2001; Trilogias: Conversas entre Nelson Felix e Glória Ferreira, Pinakotheke, 2005; e Concerto para Encanto e Anel, com textos de Ronaldo Brito e Marisa Flórido Cesar, Editora Casa 11, 2011.

 

Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP

 

Até 09 de fevereiro de 2014.

 

 

 

Galeria Millan

 

Até 21 de dezembro de 2013.

Beatriz Milhazes: O Círculo e seus amigos

06/nov

Chama-se “O Círculo e seus amigos”, a nova exposição individual de Beatriz Milhazes em São Paulo, SP, para a qual o Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda será o espaço exibidor.  A artista apresenta nove pinturas inéditas que enfatizam a vibração ótica e cromática da Op Art, e padronagens e cores de origem tribal africana, entre outras.

 

Nesta série de trabalhos, as cores cítricas e o uso particular de dourados se rende a uma tonalidade mais escura, com a introdução do marrom e das cores de pigmentos naturais peruanos. A referência à Op Art, que em trabalhos anteriores aparecia de forma indireta, reaparece aqui em papel principal, num uso objetivo de recursos óticos, onde linhas e círculos saturam o plano em uma audaciosa justaposição de padrões geométricos. Na tela “Potato Dreaming”, dominada por tons de rosa, vinho e ocre, padrões em listras sobrepostos emprestam inquietação e movimento à uma estrutura que de outra forma seria rígida. Em “Flores e Árvores”, esta mesma sobreposição é radicalizada com a introdução de elementos vazados que confundem figura e fundo, sem que o olhar consiga estabelecer uma hierarquia.

 

Em outras composições a artista apresenta novas flores como um elemento central, cuja forma e estrutura são resultantes da observação da arte tribal. Em “Wild Potato”, a flor central se desfaz em listras orgânicas e algo psicodélicas de alto contraste, sobre um fundo de geometria precisa em cores igualmente contrastadas.” Igrejinha” traz a figura totêmica de um copo-de-leite ativado por tons elétricos, por sua vez preenchidos por um padrão de círculos irregulares recorrente nessa exposição.

 

Beatriz Milhazes consagrou-se como uma das maiores artistas da atualidade, desenvolvendo em trinta anos de carreira um vocabulário pictórico único, onde elementos da ornamentação se enredam com a tradição da pintura abstrata. Questões de um repertório visto muitas vezes como secundário –  das artes decorativas, da arte popular e do Carnaval – permeiam sua obra, em que a cor e a geometria são os elementos estruturantes. A artista desenvolveu uma técnica particular em que a tinta é aplicada primeiro sobre folhas de plástico que depois são transferidos para a tela, eliminando assim o gesto da pincelada. Esse modus operandi possibilita à artista uma enorme capacidade de experimentação aliada a um rigor formal.

 

 

Sobre a artista

 

Beatriz Milhazes nasceu no Rio de Janeiro em 1960 onde vive e trabalha. Na última década a artista teve importantes exposições individuais das quais podemos destacar: “Quatro Estações”, Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal e Panamericano, MALBA, Argentina, 2012; Fondation Beyeler, Suíça, 2011; Fondation Cartier pour l’art contemporain, França, 2009; Beatriz Milhazes – Pinturas e Colagens, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil, 2008; 21st Century Museum of Contemporary Art, Japão, (2004; Domaine de Kerguéhennec-Centre d’Art Contemporain, France, 2003. A artista representou o Brasil na 50ª Bienal de Veneza em 2003, participou da Bienal de Shangai, China, em 2006 e das 24ª e 26ª Bienais de São Paulo em 1998 e 2004. Suas obras figuram nas mais importantes coleções do mundo, como MoMA, Nova York; Museo Nacional Reina Sofia, Madrid e  Metropolitan Museum of Art, Nova York, entre outros. “Meu Bem”, grande exposição panorâmica da artista, esteve recentemente em cartaz no Paço Imperial, Rio de Janeiro, e ainda em 2013, será apresentada no Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR.

 

De 23 de novembro a 21 de dezembro.  

 

Multiarte: Fortaleza exibe Tomie Ohtake

No próximo dia 21 de novembro, Tomie Ohtake completará 100 anos. A Galeria Multiarte (leia-se Max Perlingeiro), Aldeota, Fortaleza, CE, foi convidada por Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake, a integrar o conjunto de instituições e galerias em torno desta grande homenagem a Tomie apresentando obras recentes da artista. Convém assinalar que a ligação afetiva de Tomie Ohtake com Fortaleza data dos anos 1990. Nesta ocasião a artista visitou a cidade e lá fez bons amigos e voltando com regularidade.

 

A presente exposição apresenta um conjunto de obras da sua última produção datada de 2013. São pinturas monocromáticas que mostram a grande capacidade da artista em busca da criação. Entretanto o seu processo criativo, gesto e cor continuam de forma marcante. Nove gravuras em metal de grandes dimensões, constituindo um conjunto raro de uma série praticamente esgotada. E uma escultura de grande formato.

 

 

Sobre a artista: palavras de Agnaldo Farias

 

“Tomie Ohtake, como sempre perseverando na busca da depuração, preparou ao longo dos últimos meses de trabalho contínuo, filtrado por sua costumeira insatisfação, três conjuntos de telas, cada um deles focados numa única cor, ou quase isso. Dois grupos compostos por cores primárias – amarelo e azul -, e o terceiro por uma cor secundária, verde, resultante da soma das outras duas. Os três conjuntos são praticamente monocromáticos, a exceção corre por conta da presença, em algumas das telas verdes e azuis, do vermelho, ou seja, da terceira cor primária. A inclinação imediata é dizer que o vermelho entra de forma discreta, como se ele fosse capaz disto. Pois não é, ainda mais tendo por fundo cores tão intensas, como o azul e o verde empregado pela artista. Qualquer aprendiz sabe que o simples contato entre cores primárias e secundárias, por adjacência ou, pior ainda, sobreposição, é conflitivo. Embora cada conjunto apresentado nesta exposição concentre-se numa cor, todos três têm como denominador comum o mesmo gesto, isto é, a mesma pincelada curta e circular, cuja justaposição e sobreposição combinadas produz o mesmo efeito, a mesma atmosfera cromática arejada como um tecido cuja trama é mais ou menos densa mas sempre esgarçada, deixando ver, ou melhor, atraindo o olhar para dentro de si, convidando-o a mergulhar em suas profundezas, flutuar nas formas enunciadas, devolver-se à luz exterior que incide sobre ela, sobre a porções de branco que lhes constitui. Esses gestos não são guiados pelo acaso, não se justificam pelo puro prazer de existir, como uma ação sem finalidade que se completa em si mesma…”

 

 

A palavra de Ricardo Ohtake

 

“Essas obras são marcadas por texturas resultantes de rápidas pinceladas, cujas curvas remetem à geometria característica de Tomie. São “pinturas para ver”, segundo o crítico Agnaldo Farias, em referência ao cuidadoso e aprofundado olhar que esses trabalhos exigem. Contemplar a exposição torna-se, então, um processo de descoberta e imersão no gesto construtivo da artista”.

 

 

Atividade complementar

 

Como atividade complementar a Multiarte convidou o crítico de arte Agnaldo Farias, curador do Instituto Tomie Ohtake, para proferir uma palestra sobre a produção atual da artista, dia o2 de dezembro às 19h.

 

De 07 de novembro  20 de dezembro.

Marcel Giró na Galeria Bergamin

05/nov

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, exibe 40 fotografias vintage (ampliadas na época), feitas pelo artista catalão Marcel Giró, nos anos 1950. Giró foi um dos principais representantes do Modernismo da Escola Paulista e integrou o Foto Cine Clube Bandeirante.

 

A dupla de curadores, Iatã Cannabrava e Isabel Amado, elegeu imagens que evidenciam o crescimento da metrópole naqueles anos e deixam escapar a preocupação desta geração de fotógrafos em documentar as transformações das cidades, a industrialização e a modernidade, assim como o fizeram Paulo Pires, José Yalenti, Ademar Manarini, Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian e outros participantes do FCCB. São fragmentos como andaimes, antenas, muros riscados e construções, fotografias quase sem a presença da figura humana, que valorizam a arquitetura local, e incluem uma série menos literal, em que a geometria e as experimentações do Modernismo Paulista são ainda mais presentes.

 

“Com um olhar apurado de esteta, suas melhores fotografias têm origem de fato no banal e cotidiano”, diz Iatã Cannabrava. Para Isabel Amado, “nas sombras mais duras, na geometria mais fria, nos contrastes menos cadenciados: sempre há uma delicadeza que perpassa suas fotografias”.

 

Apesar da pouca atenção ao Modernismo da Escola Paulista, na última década importantes trabalhos como o livro de Helouise Costa, a circulação de coleções como a de fotografia modernista brasileira do Itaú e a inclusão no circuito de galerias de arte de alguns desses autores fizeram com que as obras guardadas pelas famílias viessem a aparecer. É o caso desta exposição, composta por obras mantidas sob a guarda de Toni Ricart, sobrinho do artista. Além de fotógrafo, Giró praticou montanhismo, tendo cruzado os Pirineus a pé. Antes do Brasil, esteve na Colômbia, e, ao passar por São Paulo, encontrou no FCCB o que havia de mais questionador na época, ou, pelo menos, o que havia de mais revolucionário na fotografia naquele momento de retomada da vida cotidiana após duas longas guerras.

 

 

Sobre Marcel Giró

 

Filho de industrial do setor têxtil, o catalão Marcel Giró foi um aficionado pela fotografia, praticou montanhismo e viajou o mundo como poucos. Alistou-se como voluntário no exército republicano durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), o que já anunciava seu espírito político, questionador, observador. No final dos anos 40, mudou-se para São Paulo, onde renasceu sua vocação para fotografia, se tornando um dos principais membros da Escola Paulista de Fotografia, com origem no Foto Cine Clube Bandeirante.  Seu trabalho se caracteriza pela interpretação das formas abstratas de seu entorno e pela experimentação com a luz e sombra, acompanhando o movimento da fotografia moderna. Giró é citado mais de uma vez no livro seminal Fotografia Moderna no Brasil de Helouise Costa, e é dele o Estúdio Giró, o pioneiro da fotografia publicitária no Brasil. Viveu até os 98 anos de idade, morrendo em Mirassol, Barcelona, em 2011.

 

 

Sobre a Galeria Bergamin

 

Sem elenco fixo e com o objetivo de atender a arte e disseminar cultura no coração do Jardins, na Rua Oscar Freire, em São Paulo, a Galeria Bergamin, dos sócios Antonia Bergamin e Thiago Gomide, abriu sua primeira exposição no novo espaço em agosto de 2013, já com grandes nomes como Adriana Varejão, Hélio Oiticica, Nelson Leirner e Waltercio Caldas. A mostra coletiva apresentou obras onde os autores prestavam homenagens, correspondências e referências a outros artistas plásticos, como Lucio Fontana e Piet Mondrian, por exemplo. Com foco em arte do período pós-guerra, o espaço pretende se tornar referência também em prestação de consultoria para a criação de novas coleções ou aprimorar as já existentes.

 

De 05 de novembro a 15 de dezembro.

Paulo Vieira na Galeria Movimento

O pintor Paulo Vieira apresenta na Galeria Movimento, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de janeiro, RJ, a exposição “Depois de Hoje“. Esta é a segunda mostra individual do artista no Rio de Janeiro – a última foi realizada em 2011 – com mais de 30 anos de carreira. Rigoroso, obsessivo e profundo estudioso da pintura, Paulo Vieira apresenta 41 trabalhos, entre eles, 31 óleos sobre tela e 10 em papel com acrílica, grafite e lápis de cor. O trabalho do artista foge da figuração tradicional e apresenta imagens evocativas e aleatórias como o verso de Paulo Leminski que batiza a exposição. “Quando a gente olha o conjunto pronto, pensa que ele nasceu assim. Mas esses trabalhos não foram feitos imaginando uma exposição. Eu queria voltar a pintar com óleo, o que não fazia há muito tempo”, revela. Como preferiu trabalhar com telas de pequeno formato, o conjunto de imagens adquiriu um caráter fragmentário e, paradoxalmente, uma forte coesão.

 

Toda a exposição gira em torno do conceito de autorretrato. “Toda minha pintura é autorretrato”, reitera, a começar com um impressionante trabalho em grafite e lápis de cor de grandes dimensões que ancora a exposição. Imagens que sugerem lembranças e sonhos povoam as telas cuidadosamente articuladas em torno das ideias de isolamento, incomunicabilidade e vida interior. “Elas falam pra dentro. Cada uma conta uma história, mas é cada espectador que a completa com suas experiências individuais”, acrescenta Paulo.

 

Segundo o curador Mauro Trindade, o retrato é um tema caro à pintura, gênero que Baudelaire notou ser de aparência tão modesta e que necessita de uma imensa inteligência. “Sem a grandiloquência da pintura histórica ou os efeitos da paisagem, o retrato permitiu a construção de uma certa identidade hoje solapada pela personalidade errante do sujeito na atualidade. Nesse contexto a exposição Depois de Hoje pode ser entendida como um grande autorretrato”, finaliza.

 

 

De 12 a 30 de novembro.

Dois na Galeria Laura Marsiaj

04/nov

A Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta através de mostra individual em sua sala principal as inusitadas esculturas de Barrão. O texto de apresentação traz a assinatura de Jorge Emanuel Espinho e a mostra denomina-se “Barrão: Arrumação“.

 

O Verdadeiro Lugar das Coisas: Sua Natureza Interior, Exteriorizada

 

Seria interessante conseguirmos descobrir a inventar a verdadeira natureza animada dos objetos: a essência viva mais funda que os habita, bem escondida e disfarçada por trás da firme máscara do imobilismo e da aparente não ação, não vida. (Pre)Sentir a história que  povoam e que os seguirá, congelados que estão e ficam, num momento rígido de emoção e aventura. Mas estamos bem distantes da invenção/consciência libertadora e fantasiosa das infâncias, e sentimos amarrados na relação estreita e objetivada com o que criamos e nos rodeia. Assim – condicionados na rigidez egocêntrica do ser adulto – parece ginástica impossível o alargar, através desse animismo mágico, uma interação criadora com o que nos envolve. (Alargando-nos logo então também, nesse criar imaginado: aprofundando-nos, projetando-nos; tudo reinventando e fazendo viver, vivenciando.)
Será este o luminoso privilégio que nos é partilhado e encorajado, na obra literalmente e profundamente fantástica de Barrão. Aqui, testemunhamos deslumbrados esse mundo mágico que se esconde subtil dentro das coisas; e que assim se espraia e se manifesta, se exprime e se relaciona, numa animada reunião ruidosa de gestos e movimentos: em momentos fugazes mas cruciais, parados num tempo; numa soltura comunicativa e aberta; em forte união e relação. Aqui, os protagonistas – quer representem objetos funcionais ou animais – revelam finalmente a sua essência e força, em libertada e estimulada interação e fantasia.  À origem/natureza kitsch e de produção massificada dos objetos – distintos e orgulhosos símbolos representativos da cultura de massa – o artista aplica uma abordagem mais intuitiva que decidida, mais de procura que de encontro, mais de improvisada libertação que de estudada reconfiguração. Na busca disponível pela vida em que lhe vão surgindo, ele os identifica e acolhe; no atelier lhes retira formatação e algum limite primeiro, depois lhes reconhece e encoraja expressão e expansão, reunião com semelhantes e avanço. E assim vai, a partir desse ambicioso relacionamento, construindo uma irônica obra, em que – saído da reprodução fabril, seriada e estéril – o objeto vem assumir agora um caráter/manifestação único e próprio. E que jamais poderia ambicionar ou conseguir sozinho.

Mas aqui a fronteira entre a leve ironia e a carga crítica da obra está bem clara. Pois esta também incorpora, e fortemente, uma séria reação à ordem fabricada das coisas: à formatação da beleza e ausência de critérios próprios; à predefinição, por outrem, das curvas da nossa própria emoção, vida e ousadia. Estas peças, de origem decorativa e funcional linear, transformam-se, às mãos do artista, no resultado/objeto da sua própria mutação e transcendência. (Isto é feito, sobretudo, através da exploração livre e intuitiva de outras direções e vontades possíveis, que habitam o seu interior cerâmico: subterrâneas, escondidas,vibrantes, infinitas.) Assim, saídas altivas de um envelhecido mundo decorativo – e já enriquecidas com um pendor animista e psicológico; sincrético e resolvido, mas agora realmente em vida e vividas; renascidas no capricho significativo de um acaso criativo e reconstruídas numa coabitação onírica e maravilhosa, vivenciando e incorporando a sua verdadeira natureza – estas coisas manifestadas gritam ruidosas da redução tonta que fazemos de todos os objetos, mesmo de nós, e também, claro, de todo um mundo diverso e pleno. Em complot retalhado e místico com outras de enriquecedora natureza, nestas obras acontece uma transcendente decisão e causa: a manifestação corporificada do espírito, em barro envernizado, que habita os animais todos e tudo, e todas as coisas. O que o artista aqui faz é escolher – dar forma, reproduzir, partilhar – a fabulosa energia viva que reside, em expectativa morna e mirabolante, adormecida, no todo e em todos. E claro, este manifestar uno ri-se, grave, alto e ruidoso, da separação ácida e constante que impomos às coisas, à nós, a um inteiro e descomunal planeta.

 

Imagina-se aqui uma verdadeiramente fenomenal aventura: reunir num só enorme espaço/tempo todas as esculturas vivas do artista, e logo mergulhar a descobrir essa imensa galáxia colorida de mil seres que se lançam e conversam, se fundem e se separam, se reproduzem e se acalmam, numa liberdade anárquica e fantástica, que jamais e sempre se (re)inventa e se recria. Partindo de novo sempre em tudo, e em tudo sempre de novo se reunindo. (Muito fica sempre por dizer num texto assim tão curto, mas sublinhamos): Estas nossas obras nascem cozidas no calor de um fogo sem formatação ou mentira; e bem nos ensinam: que por detrás da cortina de fumo que é a forma rígida predefinida, habita expectante e adormecida toda a possibilidade infinita! Uma brincadeira a ser levada a sério, como bem mostra o efeito final desta alquimia em vida que nos é aqui exemplificada, sublinhada, demonstrada. Assim, aprendamos.

 

Jorge Emanuel Espinho

 

 

Até 21 de novembro.

 

 

 

Já a artista plástica Gabriela Machado apresenta série inédita de pinturas no Anexo as quais denominou “Histórias que eu quero contar“.  A apresentação é de Marcelo Campos.

 

Gabriela Machado

 

“Histórias que eu quero contar”, assim Gabriela Machado denomina esta vontade conceitual de buscar a pintura, sua companheira diletante, em pequenos relatos, crônicas, por assim dizer. Com isso, vemos três instâncias de observação sobre este engenho: a história, o querer desejante e a vontade narrativa. Ao observarmos as pinturas, nos confrontamos com assuntos marginais, quase não-narráveis. Fomenta-se, aqui, um volta da história narrativa exercitada como uma compreensão instantânea dos acontecimentos. Pintura de instantes, alguns instantâneos de pintura. Esta possibilidade é capitaneada pelo uso de máquinas produtoras de imagens instantâneas, as polaróides. Gabriela Machado acentua o desejo curioso, tátil, infantil, até, de produzir cliques que acompanham-na em viagens pelo mundo. Assim, vemos uma paisagem estrangeira, o detalhe do mobiliário de hotéis, uma cortina, um gato, um por do sol. A artista se concentra no minúsculo, criando um destaque desproporcional, pois não estamos diante de uma história factual, mas, antes, de uma história biográfica não-factual.

 

Também poderíamos observar um elogio ao uso da narrativa popularizada, os instantâneos de uma vida que só pode ser grandiosa pela soma dos acontecimentos ordinários. Neste “instante” compartilhado resplandece o desejo. Aquele que nos faz seguidores do que não sabemos. Exercita-se um certo delay, um certo intervalo entre a imagem observada, a câmara escura e sua revelação em slow motion, etapas próprias da máquina de polaróide.  O historiador Eric Hobsbawm destaca que numa “história narrativa popular”, “o evento, o indivíduo, não são fins em si mesmos, mas meios de esclarecer alguma questão mais ampla, que ultrapassa em muito o relato particular e seus personagens”. Perde-se o interesse pelo que o historiador chama de “grandes porquês”. Ao mesmo tempo, o fait diver, os acontecimentos noticiosos, próprios do advento da cultura de massa, passam a ganhar protagonismo. Como estamos diante do ordinário, percebemos uma certa negação do compromisso ideológico. Ativa-se a via de todas as imagens, de todas as pessoas, de quaisquer luzes. Tudo é pictórico, tudo é pitoresco. E a imagem é forçosamente pintada, gravada, num quarto momento, numa quarta geração. Depois da visão, do registro fotográfico, da revelação, temos a pintura.

 

A artista exercita, em contrapartida, uma “leitura íntima”, na associação de formas, blocos, empilhamentos, fato já presente na produção de Gabriela. “Não há nada de novo em preferir olhar o mundo por meio de um microscópio em lugar de um telescópio”, afirmará Hobsbawm. Ao que podemos responder com a constatação de Arthur Danto que afirmara: “perguntar pela significação de um acontecimento no sentido histórico do termo, é perguntar algo que só pode ser respondido no contexto de um relato (story)”. Vemos, então, Gabriela Machado testar, brincar, corromper esta ambivalência, grandes relatos, pequenas escalas, fotos domésticas, acontecimentos relevantes. Aqui subverte-se a noção de que a “autêntica história considera a crônica como um exercício preparatório”. O exercício preparatório é uma finalidade ambiciosa, ainda que sem fins grandiosos. Ativa-se, de outro modo, o sentido de colecionar, acumular, fazer museus de tudo, atlas imagéticos. Quais são os acontecimentos significativos, nos perguntamos? A narração como ensaio, como crônica, liberta os recursos narrativos para se concentrar numa suposta liberdade de gerar relações significativas por dentro das micro-histórias. E as histórias são aquelas que nos acompanham na vida, como contos prosaicos. Gabriela, em outra medida, assume: “quero contar”, trazendo a imagem para uma relação direta com a pessoalidade. Qualquer coisa, qualquer fato, qualquer vazio torna-se pictórico. E, assim, “a mera crônica” é a “autêntica história”.

 

Marcelo Campos

 

 

Até 21 de novembro.

Na galeria de Roberto Alban

Chama-se “Conversa Tranquila na Praia da Paciência” o título da exposição individual do artista plástico Paulo Whitaker a realizar-se na Bahia. A mostra – inédita – dá prosseguimento a programação da Roberto Alban Galeria de Arte, Ondina, Salvador. É a primeira vez que Salvador recebe uma mostra significativa do trabalho pictórico de Paulo Whitake, com 21 óleos sobre tela que refletem sua produção atual. O artista já vem sendo exposto, premiado e elogiado pela crítica em diversos lugares do Brasil e do mundo. Além de integrar o acervo de diversas coleções privadas e públicas, como o Instituto Cultural Itaú e o Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Whitaker foi prêmio de aquisição da Pinacoteca de São Paulo neste ano de 2013 e do MAC- USP em 1993, através do Prêmio Gunther de Pintura. Também em 2013, outra obra do artista foi doada ao acervo do MAC-USP a partir da escolha de seu atual diretor, Tadeu Chiarelli.

 

Paulo Whitaker tem uma presença expressiva no cenário nacional desde a década de 1980, afirmando-se internacionalmente como um dos expoentes do abstracionismo brasileiro. Participou da 3ª Bienal do Mercosul, 2001, em Porto Alegre; da 25ª edição da Bienal Internacional de São Paulo, 2002 e da Biennale de Montreal, 2007, no Canadá. Ainda na década de 1990, foi artista residente na Alemanha, E-Werk Freiburg, e duas vezes no Canadá, Plug In e The Banff Centre for the Arts. Sua obra despertou a merecida atenção de nomes importantes da crítica e curadoria brasileira e internacional, como Ivo Mesquita, curador e diretor da Pinacoteca de São Paulo, Frederico Morais, figura central na crítica e curadoria brasileira e um dos criadores e curador geral da 1ª Bienal do Mercosul, Jacopo Crivelli Visconti, curador italiano de atuação internacional residente em São Paulo, e Wayne Baerwaldt, curador da Alberta College of Art + Design.

 

A obra de Paulo Whitaker desafia o próprio universo da pintura e a composição tradicional de seus elementos: cores, formas, manchas, linhas, planos que não têm o compromisso de representar o mundo; alfabetos que não se deixam decodificar. Sua pintura põe em cheque os limites entre abstração e figuração e convida o público para uma conversa mais intrigante do que tranquila. Apenas diante de sua pintura, ao vivo, os olhos mergulham em toda sua matéria, mas nunca atingem o fundo do seu mistério. Segundo o próprio artista: “A espinha dorsal do que é hoje o meu trabalho vem de 1989, quando criei um alfabeto próprio de formas e conteúdos. Desde então as minhas construções e formas vêm se desenvolvendo. É como se fosse a criação de uma música instrumental, por exemplo”.

 

 

Sobre o artista

 

O artista plástico vive e trabalha em São Paulo, cidade onde nasceu em 1958. Pintor e desenhista, Paulo Whitaker formou-se em Educação Artística na Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – Udesc/SC, em 1984. Com uma sólida carreira nacional, suas obras estão em acervos de importantes instituições e museus como: Museu de Arte de Santa Catarina – MASC; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC/USP; Museu de Arte Contemporânea do Paraná – MAC/PR; Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado – MAB/Faap e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Entre diversas exposições, participou da 25ª edição da Bienal Internacional de São Paulo em 2002. Entre 1991 e 1992, foi artista residente no Plug In, em Winnipeg, no Canadá, em E-Werk Freiburg, na Alemanha, e, em 1999, no The Banff Centre for the Arts, também no Canadá. Naquele mesmo ano participou da exposição Arte Contemporânea Brasileira sobre Papel no MAM, em São Paulo, e, em 2001, participou da 3ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre. Já em 2007, ele participou da Biennale de Montreal, no Canadá. Paulo Whitaker recebeu, em 1993, o Prêmio Gunther de Pintura do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e, em 1998, no VI Salão Nacional Victor, o Grande Prêmio no Museu de Arte de Santa Catarina.

 

 

De 07 de novembro a 07 de dezembro.

Flying Houses de Chéhère na Inox

A Galeria Inox, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Flying Houses”, a primeira exposição individual do artista plástico francês Laurent Chéhère. Ao todo, são 6 composições fotográficas da série homônima, nas quais o artista apresenta uma Paris onírica e melancólica, através de imagens de construções da capital francesa em suspensão no céu.  A ideia que norteia a série “Flying Houses” surgiu em 2008, durante andanças do artista por Belleville e Ménilmontant, bairros localizados na região nordeste de Paris. “Meu interesse é mostrar a vida dessas pessoas e suas moradias. Essa parte da cidade é muito pobre e em cada metro quadrado é possível explorar uma rica diversidade cultural”, conta o artista.

 
As edificações que ilustram essas obras são diversas: uma casinha com floreiras à janela, um hotel velho e decadente, um trailer com um varal repleto de roupas, um cortiço, uma casa com placa anunciando venda, uma fábrica, um edifício comercial pichado e até um circo. Em todas essas imagens há presença de fios, como se fossem a linha de uma pipa ou o cordão de um balão. E isso não é à toa, já que a série é inspirada no filme “Le Ballon Rouge”, de Albert Lamorisse, de 1956.

 

O conceito imagético produzido por Chérère usa paleta cromática similar ao filme, com predominância de tonalidades frias, principalmente cinza e azul, e também marrom. As personagens principais desses trabalhos – as construções – são digitalmente criadas a partir de detalhes arquitetônicos fotografados nos subúrbios e periferias da cidade, justamente onde foi filmado “Le Ballon Rouge”. O resultado é um misto de realidade e ficção, temperado com um tanto de surrealismo.

 

Em “Flying Houses”, Laurent Chéhère exibe um lado esquecido da Cidade Luz, elevando essas moradias e demais espaços dessas regiões abandonadas da cidade numa tentativa de atingir a atenção para a situação em que esses locais se encontram. Enquanto o filme de Albert Lamorisse tem final feliz, a conclusão da narrativa proposta pelo artista permanece suspensa, como as construções de suas obras. A curadoria é de Gustavo Carneiro e Guilherme Carneiro.

 

 

O artista

 

Laurent Chéhère, nasceu em Paris, em 1972. Trabalhou no ramo publicitário, onde ganhou prêmios por campanhas para marcas como Nike e Audi. Após algumas viagens pelo mundo, acabou decidindo investir na carreira artística, com a qual combinaria suas duas paixões: a fotografia e as viagens. Chéhère explora localidades tão diversas – cidade, subúrbio, interior – quanto campos da fotografia, da reportagem à imagem conceitual. Seu grande interesse por arquitetura resultou na série “Flying Houses”, que ganhou o prêmio Prix Special du Docks en Seine: City of Fashion & Design.

 

 

 

De 13 de novembro a 07 de dezembro.

Raridades com Ranulpho

No ano em que comemora 45 anos de atividades, a Galeria Ranulpho, Bairro do Recife, Recife, PE, iniciou com um dos fatos mais importantes da sua existência, o lançamento do livro sobre o pintor Vicente do Rego Monteiro “Um olhar sobre a década de 60”. Além da sólida trajetória vinculada aos grandes pintores da tradição Modernista, a galeria decidiu cobrir suas paredes, pela primeira vez, com duas exposições de importantes artistas da Arte Contemporânea de Pernambuco. A garimpagem correu paralela aos eventos significativos realizados ao longo do ano. Entre as preciosidades, constam três telas de Lula Cardoso Ayres, uma delas raríssima, da década de 1940. Recentemente adquirido da família de Vicente do Rego Monteiro, da década de 1960 representando um colhedor de cacau. Reynaldo Fonseca, assina a “Anunciação”, datada de 1994. O trabalho de Cícero Dias, que está entre os melhores do artista, foi tirado da coleção particular do marchand Ranulpho. Outro destaque é o conjunto de três pinturas sobre o circo do pintor primitivo Alcides Santos; as obras são da década de 1970, período em que teve uma sala especial na 1ª Bienal Latino Americana, “Mitos e Magia” em São Paulo.

 

Entre outras raridades, uma escultura do Mestre Dezinho, retratando um anjo em madeira maciça de cedro. E de Francisco Brennand, um par de jarrões com 70 centímetros cada, pintados em 1971 em azul e branco, as cores utilizadas em toda azulejaria portuguesa e brasileira. Ainda em destaque, três pinturas representando São Francisco, de autoria de Aldemir Martins, Virgolino e José de Dome. O conjunto exposto apresenta ainda duas antigas obras de Mário Nunes; uma paisagem de Olinda assinada por Rebolo; pinturas de Ado Malagoli; uma ciranda, datada de 1968, de autoria de Orlando Teruz; uma Natureza-Morta de Carlos Scliar e uma pintura de Siron Franco.

 

 

A partir de 07 de novembro.