Novo espaço expositivo da Millan

06/mar

“Pintura nasce de pintura”, diz Paulo Pasta sobre a nova série de trabalhos que desenvolveu de maneira sistemática nos últimos dois anos e que inaugura, no dia 16 de março, a partir das 18h, o novo espaço expositivo da Millan em Pinheiros, São Paulo, SP. São 90 telas, medindo 10 x 15 centímetros, nas quais revisita questões caras a sua produção nas últimas quatro décadas e, a partir desse processo de síntese e pesquisa, abre novas possibilidades de experimentação. Como diz o escritor e crítico literário Davi Arrigucci Jr. em texto – também conciso e preciso – publicado no livro que acompanha a exposição, a busca de todo artista é que “o ilimitado caiba no mínimo”. As pinturinhas que Pasta vem realizando têm exatamente essa capacidade de condensação entre a desmesura e a concisão.

A nova exposição coincide com um marco importante na trajetória de Paulo Pasta: foi há exatos 50 anos que ele iniciou – na prática – a sua relação com a pintura, aos treze anos de idade. “Desde criança sempre quis ser pintor e prometi para mim mesmo que seguiria esse caminho. E o que fiz desde então foi cumprir essa promessa. O adulto que me tornei presta contas a esse menino que fui, exatamente como acontece com um dos personagens de (Jean-Paul) Sartre no livro Idade da Razão.” Em 2024, completam-se 40 anos da sua primeira mostra individual.

Trabalhando em paralelo às pinturas de grandes dimensões, que mostrou recentemente em Londres e Nova York – respectivamente em junho e novembro do ano passado – e que algumas vezes chegam a consumir três meses de trabalho, Paulo Pasta encontrou no espaço reduzido uma forma de revisitar as principais questões de seu trabalho em pouco tempo e em quantidade. “Tenho uma certa obsessão em me mapear”, confessa.

Em “Pintura de Bolso” o artista ampliou meios e repertórios, encontrou novas formas de organização espacial e cromática, ousou deixar pedaços da tela em branco, adotou em diversos momentos uma pincelada mais fluída e contrastes de cores um tanto inusuais. A adesão ao pequeno formato tem uma forte dose de acaso. “Vi as telinhas, achei bonitas e comprei”, conta. “Percebi que poderia resolver as questões muito rapidamente, adotando caminhos diferentes”, complementa. Você nunca faz duas pinturas iguais, diz o pintor parafraseando Heráclito, e sublinhando que há sempre uma diferença mínima que aparece no aparentemente igual, testemunhando assim o valor do tempo.

“Nessas pequenas telas, Pasta resolve imensuráveis problemas da pintura que não se limitam à questão do tamanho: continuariam a seguir o pintor caso ele fosse escrever um pequeno poema ou um longo romance. Centra-se em questões estruturais, como luz, cor, tempo, memória, atmosfera, síntese e indeterminação, pontos que independem das dimensões da plataforma”, afirma o pesquisador e curador Mateus Nunes em texto crítico sobre a nova série.

A montagem da exposição deverá evidenciar a força individual desses trabalhos ao mostrá-los isoladamente ou em pequenos agrupamentos, como manchas de cor distribuídas no ambiente da galeria, evocando conversas ou notações musicais.

O novo espaço que a galeria inaugura agora tem, como as pinturas de bolso, uma vocação mais intimista. Somando-se ao anexo aberto pela Millan em 2015 – também com uma mostra de inéditos de Paulo Pasta -, a nova área foi reformada para abrigar mostras experimentais e esporádicas, sem a obrigação de seguir o calendário fixo de eventos. A terceira casa da galeria na rua Fradique Coutinho viabilizou uma ampliação das áreas de trabalho, com novos escritórios no segundo andar do prédio, e a expansão da praça que conecta o espaço da rua à área interna da galeria. O projeto ficou à cargo do trio de arquitetos Tomás Millan, Victor Oliveira e Clara Werneck. O imóvel tem 180 m², sendo 71 m² a área para as exposições.

No dia da abertura, também será lançada uma publicação com o mesmo nome da exposição, “Pintura de Bolso”. O livro traz reproduções das obras que compõem a mostra, além do texto de Davi Arrigucci Jr.

 

Diálogos com cor e luz

“Diálogos com cor e luz” é uma exposição voltada para a difusão da coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, que apresenta exclusivamente trabalhos desse acervo. Aqui, reunimos um pequeno recorte de obras com ênfase nas relações entre a cor e a luz na arte brasileira da segunda metade do século 20. Vale destacar que, no século passado, o MAM São Paulo desempenhou um papel significativo na introdução e na propagação das tendências abstracionistas no Brasil. Dois exemplos merecem ser citados: a mostra inaugural do museu, Do Figurativismo ao Abstracionismo, realizada em março de 1949 por Léon Degand (1907-1958), e a exposição Ruptura, em dezembro de 1952, que deu início ao movimento concretista na arte brasileira, com a publicação de seu manifesto.

Agrupamos no espaço várias gerações de artistas, sem privilegiar tendências nem estabelecer uma ordem cronológica. Misturamos tempos e linguagens, para incentivar nosso olhar à percepção de semelhanças e diferenças entre as várias poéticas visuais nos diversos tratamentos da luz e da cor. A museografia distribuiu no espaço os painéis radiais, numa referência ao disco de cores – ou seja, ao experimento óptico de Isaac Newton (1643-1727), publicado em 1707 em seu livro Opticks. Nele, o físico inglês demonstra, por meio de um disco de sete cores (vermelho, violeta, azul índigo, azul ciano, verde, amarelo e laranja), sua teoria de que a luz branca do Sol é formada pelos matizes do arco-íris. Ao girarmos o disco com velocidade, as cores se sobrepõem em nossa retina e nos fazem enxergar o branco.

A seleção de obras, ao enfatizar os diálogos com a cor e a luz em diversos suportes, chama atenção para a luz como elemento fundante da percepção. Trabalhar com a luz significa que temos de lidar também com a sombra, a escuridão ou a ausência de luz. E nos interessa justamente o primeiro contato que temos com a cor, anterior às teorizações e aos sentidos que acrescentamos a ela. A cor é indissociável daquilo que ela expressa. Ela mesma já é expressão, não apenas a tradução de uma ideia ou sentido preconcebido.

Fundamental é nos livrarmos dos sentidos já instituídos e sedimentados no campo da cultura, de conceitos anteriores ao vivido, para aí podermos ter a experiência com a duração da cor. Em vez de pensarmos a cor e a luz como elementos idealizados, o contato direto com a arte nos ajuda a restituir o vínculo originário com o mundo. Os diálogos entre luz e cor na arte nos mostram que o mundo pode ser surpreendente e nossa relação com ele, inesgotável.

 

Fábio Magalhães e Cauê Alves

Curadores

Diálogos com cor e luz

Coletiva com Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Almir Mavignier, Amelia Toledo, Arthur Luiz Piza, Cássio Michalany, Hermelindo Fiaminghi, Lothar Charoux, Luiz Aquila, Lygia Clark, Manabu Mabe, Marco Giannotti, Maria Leontina, Maurício Nogueira Lima, Mira Schendel, Paulo Pasta, Rubem Valentim, Sérgio Sister, Takashi Fukushima, Thomaz Ianelli, Tomie Ohtake, Wega Nery e Yolanda Mohalyi.

Até 28 de maio.

Registro de viagem

 

A Roda de Saberes no Pontal Instituto Cultural recebe o artista viajante Alex Flemming em Marabá, PI. É mais uma etapa que se cumpre no alongado caderno de vaigens do renomado artista.

 

Sobre o artista

Alex Flemming nasceu em São Paulo, SP, em 1954. Multiartista, fotógrafo, pintor, escultor e gravador. De ascendência patrilinear alemã, freqüentou o curso livre de Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado, entre 1972 e 1974. Cursou serigrafia com Regina Silveira e Julio Plaza, e gravura em metal com Romildo Paiva, nos anos de 1979 e 1980. Na década de 1970 realizou filmes de curta-metragem, participando de festivais. Em 1981 viajou para Nova Iorque, onde desenvolveu projeto no Pratt Institute Manhattan, com bolsa de estudos da Comissão Fulbright, com permanência até 1983. Foi professor da Kunstakademie de Oslo, na Noruega, entre 1993 e 1994. No começo dos anos 1990, realizou algumas séries de pinturas com caráter autobiográfico, que tinham como suporte suas próprias roupas. Posteriormente, passou a recolher e pintar cadeiras, poltronas e sofás usados, nos quais posteriormente aplicava letras, que formavam textos retirados de notícias de jornais, deslocando assim a relação preestabelecida com esses objetos. Já em Body Builders (2001/2002), fotografou corpos jovens e esbeltos para em seguida desenhar, sobre essas imagens, mapas de áreas de conflitos e de guerras, como, por exemplo, as do Oriente Médio ou da região de Chiapas, no México. A fotografia, como meio em si ou como propiciadora de acesso a outras médias, é usada por Flemming desde o início de sua carreira. O uso de caracteres gráficos sobre fotografias de pessoas também está presente em um dos seus mais destacados trabalhos: os painéis da Estação Sumaré do Metrô de São Paulo. Compostos por fotos de pessoas comuns, a cada uma delas foi atribuído um poema, escrito em letras meio borradas, com alguns trechos invertidos ou ausentes, o que não impossibilita totalmente a compreensão do texto. São particularmente interessantes as gravuras executadas nos anos 1970, de forte conteúdo político, reproduzidas em livro editado pela Editora da Universidade de São Paulo. Alex Flemming realizou diversas exposições individuais no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Vive em Berlim.

Arte em Ouro Preto

 

Estes são detalhes de algumas obras de “Sofrência”, que ocupa o Paço da Misericórdia, em Ouro Preto, MG. A exposição integra o projeto “Arte nas Estações”, que leva para as cidades mineiras o acervo incrível do Museu de Arte Naïf, que infelizmente fechou suas portas em 2016.

Com curadoria de Ulisses Carrilho, a mostra fala sobre apaixonamento e separação por meio de uma narrativa com início, meio e fim. Inspirada nas novelas, essa história apresenta ao público cenas de convívio social, flerte, festas e jogos de sedução, permeadas por poesias e poemas populares. (Texto de Fábio Schwarzwald no Facebook).

A nova série de Vik Muniz

03/mar

 

As obras do mega artista-fotógrafo estão na individual “Dinheiro Vivo” que inaugura na sede paulistana da Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, no próximo sábado 04.

Depois de desconstruir, ressignificar e interrogar ícones os mais variados da nossa cultura material, o artista se debruça sobre um elemento absolutamente reconhecível, corrente e prenhe de significados: as cédulas de real emitidas pelo Tesouro Nacional.

A partir de uma quantidade grande de restos de papel-moeda que iriam para o descarte e que lhe foram cedidos pela Casa da Moeda, ele reconfigurou elementos indiciais dessas notas em novas composições profundamente instigantes, que provocam o espectador, gerando simultaneamente familiaridade e estranheza.

A partir desses fragmentos de papel com alto teor simbólico, Muniz reorganiza e recria dois tipos de imagem. No primeiro grupo estão reconstituições muito fiéis, porém em tamanho agigantado, dos animais que ilustram as notas da moeda nacional, como a onça, a tartaruga ou o lobo guará. Animais que muitas vezes estão em risco de desaparecer e que circulam de mão em mão, de forma banalizada, que adquirem majestade na leitura de Muniz.

O segundo conjunto reúne uma série de recriações de obras clássicas de pintores viajantes que percorreram e retrataram a paisagem brasileira no século 19, como Rugendas e Taunay. Nestas últimas obras ocorre uma pequena subversão, pois o artista alterou as referências cromáticas de origem pela gama de cores mais restrita e contrastante das cédulas, o que gera um maior estranhamento, deslocando as imagens já clássicas para um tipo de representação menos naturalista da natureza.

O verde das araucárias torna-se, assim, cor de vinho e as diferentes tonalidades azuis dos céus assumem um tom mais esbranquiçado, deixando entrever ainda alguns sinais gráficos que parecem ter escapado propositalmente nos recortes.

A ambiguidade da coisa representada sempre foi um ponto fundamental da obra de Muniz. Como afirma o jornalista e escritor Eduardo Bueno em texto de apresentação da exposição, ele passou a maior parte do tempo a “investigar a relação entre os objetos e sua representação”. Sua obra recria um círculo infinito de significados ao recorrer a gestos aparentemente simples, como recortar e colar. Agora, entretanto, alcança uma camada mais profunda, usando o próprio papel moeda como matéria e o transformando em “meio, mensagem e representação de si mesmo”.

Destituídas do valor financeiro, elas ainda são capazes de articular uma imagem. As aparas de papel já não valem mais nada enquanto moeda corrente, mas adquirem nova dimensão poética como obra de arte. Muniz nos conduz, assim, a uma reflexão sobre a ideia de valor e seus múltiplos sentidos. Afinal, o que dita o valor da arte? A matéria é mais importante do que a imagem? Ou seria o contrário?

Ao lidar com o dinheiro como matéria-prima, Vik Muniz se soma a um grupo de artistas de matriz conceitual que já se debruçou sobre essas relações de valor e fetiche da moeda, como Cildo Meireles, Jac Leirner e Barrão. E resgata outros aspectos importantes de sua reflexão e prática artística como a relação entre as coisas e suas representações e um foco atento a questões como a preservação ambiental, tema que já explorou no filme “Lixo Extraordinário” (2010).

Mais do que reciclar, ressignificar, seduzir e desconcertar a partir de elementos aparentemente simples, Muniz resgata por meio das obras de “Dinheiro Vivo” um debate em torno do ciclo de produção e abstração do valor, recuperando o que há de concreto no mundo real.

“No meio de todas essas crises ambientais que a gente tem sofrido eu comecei a pensar de novo dessa forma: a gente está cortando uma árvore para fazer dinheiro. Então, eu fico imaginando que essas obras todas são imagens da natureza, feitas com o que sobrou da natureza”, resume ele.

 

(Fonte:Ligia Kass-RG).

 

As gravuras de Santidio Pereira no Uruguai

02/mar

 

Exposição do brasileiro Santídio Pereira abre o calendário de 2023 no dia 10 de março (sexta-feira), da Galeria Xippas Punta del Este. Esta é a primeira exposição individual do artista Santídio Pereira no Uruguai.

“Da Mata ao Morro” apresenta quatro pinturas, seis xilogravuras e seis guaches, um trabalho centrado na grandeza da Natureza, provocando ecos de atenção e reflexões sobre um tema tão latente. Ainda este ano, a mostra segue para a sede da Xippas em Paris.

“À primeira vista, é difícil entender como um artista de 26 anos já expôs em importantes instituições no Brasil e no exterior. Entre eles, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP); a Pinacoteca do Estado de São Paulo; a Fundação Cartier pour l’Art Contemporain, de Paris; Power Station of Art, Xangai e agora em 2022 sua exposição individual no Iberê em Porto Alegre, Brasil. Além de fazer parte de coleções renomadas, como Cisneros Collection, EUA; Coleção de arte de SESC, São Paulo; Museu de Arte do Rio (MAR), entre muitos outros”, diz Emilio Kalil, diretor-superintendente da Fundação Iberê, que em maio do ano passado recebeu a primeira individual do artista em um museu, “Santídio Pereira – Incisões, recortes e encaixes”.

Nascido num pequeno povoado no interior do estado do Piauí, nordeste brasileiro, desde criança Santídio Pereira já demonstrava aptidão com as artes através das atividades socioeducativas do Instituto Acaia. O interesse pela xilogravura foi tomando corpo e, atualmente, é o principal suporte de sua pesquisa artística, cuja característica mais importante é a utilização de diversas matrizes em uma mesma composição, técnica ao qual ele denomina “incisão, recorte e encaixe”, o que subverte a função da multiplicidade tão característica da gravura. Dessa forma, as impressões sobrepostas acumulam camadas espessas de tinta em cores diferentes para recriar elementos da sua memória afetiva, como a fauna, flora, pessoas e objetos que fizeram parte de seu contexto. Dentre seus trabalhos mais emblemáticos estão os pássaros da Caatinga do Piauí e as bromélias da Mata Atlântica.

A exposição “Da Mata ao Morro” pode ser visitada até 30 de abril.

Galeria Xippas

Ruta 104, km 5 – Manantiales

Punta del Este – Uruguai

A qualidade que ilumina

01/mar

 

O “Dia do Design Italiano no Mundo” é celebrado com eventos sobre sustentabilidade ambiental. Exposição “Triennale Milano. Uma história em cartazes”, abre no dia 9 de março, é destaque e estende-se até o dia 14 de maio no Solar Grandjean de Montigny, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.

Em sua sétima edição, o “Italian Design Day” ou “Dia do Design Italiano no Mundo” – uma iniciativa promovida pelo Ministério Italiano das Relações Exteriores através da rede diplomático-cultural no mundo inteiro – será celebrado no Rio de Janeiro com uma série de eventos realizados pelo Instituto Italiano de Cultura, em parceria com o Consulado da Itália, a Fundação Triennale di Milano, a PUC-Rio e o Instituto Europeu de Design-IED.

Depois do sucesso das edições anteriores, com o envolvimento de mais de 450 especialistas italianos de design – escolhidos entre designers, artistas, curadores, arquitetos, acadêmicos e jornalistas – com cerca de 1.000 iniciativas em mais de 200 cidades no mundo, a edição 2023 do “Dia do Design Italiano” – que, pela primeira vez depois da Pandemia, volta à modalidade presencial – será dedicada à temática da sustentabilidade ambiental, tendo como título: “A qualidade que ilumina. A energia do design para as pessoas e o meio-ambiente”. A iniciativa também será uma oportunidade para promover o encontro entre profissionais da área (designers, universidades, empreendedores) e instituições italianas.

“Design e indústria criativa constituem dois setores de ponta da economia e da cultura italiana. A eles é associada frequentemente a imagem da Itália no exterior”, afirma a diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, Livia Raponi. “O Dia do Design Italiano constitui um momento importante de diálogo e troca de experiências entre especialistas do design de ambos os países”.

Convidada especial deste ano, a especialista italiana de design Nina Bassoli, arquiteta, pesquisadora, curadora de exposições e professora do Politécnico de Milão, além de “Embaixadora” oficial do design italiano no Brasil em 2023, abrirá as comemorações. Nina Bassoli conduzirá um bate-papo com os alunos no Hall do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio, no dia 09 de março, das 15h às 17h. A seguir, será inaugurada, no Museu Universitário Solar Grandjean de Montigny, a exposição “Triennale Milano. Uma história em cartazes”, realizada pelo IIC Rio em colaboração com a Triennale Milano, sob curadoria do Diretor da instituição italiana, Marco Sammicheli.

No dia anterior, na quarta-feira, 08 de março, às 18h, Nina Bassoli participará de outro bate-papo, desta vez com os alunos do IED (Instituto Europeu de Design). O encontro acontece no Instituto Italiano de Design, localizado no 3º andar do prédio do Consulado Italiano, para onde recentemente o IED transferiu sua sede.

 

Sobre a Triennale Milano

Entre as disciplinas nas quais a Itália e o Brasil mantiveram e mantêm um diálogo particularmente frutífero, se encontram sem sombra de dúvida a arquitetura, a arte e o design. A Triennale Milano, instituição italiana de excelência, desde a sua criação, sempre incentivou o confronto dialético entre esses três campos, bem como estimulou suas relações mútuas com a indústria e a sociedade.

Desde a primeira edição em Monza, em 1923, foram realizadas, até 2022, cerca de 23 edições da Exposição Internacional, com a participação de 66 países dos cinco continentes. A exposição apresentada na PUC pelo Instituto Italiano de Cultura do Rio traça a trajetória das exposições internacionais através de obras icônicas da arte gráfica criadas para promover e divulgar o evento.

A inauguração contará com a presença da arquiteta urbanista Nina Bassoli, o Cônsul Geral da Itália no Rio, Massimiliano Iacchini, e a Diretora do Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro, Livia Raponi.

“Um cartaz é, antes de tudo, um suporte informativo, mas é também, e sobretudo, uma declaração pública que tem o escopo de atingir o maior número possível de pessoas e de comunicar no modo mais imediato possível temas e visões. Em vista do centenário da referida instituição, esta mostra pretende percorrer a história das Exposições Internacionais da Triennale através dos cartazes projetados para cada edição pelos maiores artistas gráficos italianos e internacionais”, afirma o curador, Marco Sammicheli.

Os 80 cartazes expostos – obras exemplares de arte gráfica – assinadas por grandes mestres do século XX italiano e por designers contemporâneos, expressam, tanto em suas constantes quanto em sua originalidade, um encontro sempre em movimento entre pensamento, conceitos éticos e estéticos, e práticas artísticas e produtivas. As peças provêm dos arquivos da Triennale e são assinadas por autores como Enrico Ciuti, Marco Del Corno, Eugenio Carmi, Roberto Sambonet, Giulio Confalonieri, Ettore Sottsass, Andrea Branzi, Italo Lupi, Bon Noorda e Studio Cerri Associati. Os pôsteres selecionados são exemplares muito valiosos tanto da história da Triennale quanto do desenvolvimento da gráfica italiana.

“A vocação para a sinergia interdisciplinar, em nome da criatividade e do know-how italianos, fazem da Triennale di Milano um exemplo particularmente inspirador nos dias de hoje; acreditamos que a Triennale e o Brasil têm muito a trocar e que podem, a partir dos desafios e encontros comuns que já aconteceram no passado, desenhar uma dialética e colaboração renovadas”, diz o Embaixador da Itália no Brasil, Francesco Azzarello.

Segundo Livia Raponi, Diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, “…a Triennale é um laboratório essencial de reflexão sobre a construção coletiva do presente e do futuro, sempre atento aos desafios do mundo contemporâneo como nos mostram os temas das edições mais recentes”.

 

Sobre Nina Bassoli

Arquiteta, pesquisadora e curadora, Nina Bassoli (1983) é responsável pelo projeto “Architettura, Rigenerazione urbana e Città” (Arquitetura, Regeneração urbana e Cidade) na Triennale Milano. Doutora pela Universidade IUAV de Veneza, formou-se no Politecnico de Milão, onde hoje dá aula de Projetação Arquitetônica. É redatora da revista “Lotus international” desde 2008, teve palestras e conferências em várias universidades e instituições internacionais. É curadora de numerosas publicações e exposições: entre elas “Arquitecture as Art” no Pirelli HangarBicocca e “City after the City. Street Art” no âmbito da XXI Exposição Internacional de Triennale Milano.

Nina Bassoli encontra os alunos do IED-RIO

Dia 08 de março, às 18h

Local: Instituto Italiano de Design

Av. Antônio Carlos, 40-2º andar (prédio do Consulado da Itália)

Entrada franca

Nina Bassoli conversa com os alunos da PUC

Dia 09 de março, das 15h às 17h

Local: Departamento de Artes e Design da PUC-Rio

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea-RJ

Entrada franca

 

Nova artista representada

 

A Simões de Assis, Curitiba e São Paulo, anuncia a representação da artista Lize Bartelli. Nascida no Rio de Janeiro, artista visual autodidata, Bartelli atualmente vive entre Londres e Los Angeles. A artista vem desenvolvendo seu trabalho pictórico com foco principal em retratos, visões intimistas, geralmente de mulheres, que se apresentam quase como uma meditação sobre a posição feminina na sociedade, explorando a representação dessa identidade e seus possíveis desdobramentos na história da arte e na cultura popular. Ela também sugere narrativas sobre autorreflexão, aparências enganosas, identidade e a passagem do tempo. Lize Bartelli nomeia seu trabalho como Fauvismo Pop, com um uso de cor figurativo, mas não realista, com personagens de peles verdes e azuis, e cenários criados a partir de uma pesquisa cromática muito singular e própria, marcada por tonalidades fortes misturadas pela própria artista.

 

 

Artistas de diversos estados no Memorial

 

Abrindo o calendário de exposições de 2023 do Memorial Getúlio Vargas, Glória, Rio de Janeiro, RJ, a exposição coletiva “Memória do Futuro” apresenta no dia 04 de março, das 12h às 17h, e exibe até o dia 16 de abril, pinturas, instalações, fotografias, desenhos, esculturas e objetos de 23 artistas de diferentes estados do Brasil, que refletem o lastro temporal da memória como condutor de um futuro possível e de suas subjetividades.

Com curadoria de Shannon Botelho, “Memória do Futuro” tem a memória como construção de identidade, invenção de si, de coletividade, de singularidade e de sociedade. A mostra traz os artistas Consuelo Vezarro, Cristina Canepa, Danielle Cukierman, Débora Rayel Eva, Federico Guerreros, Gláucia Crispino, Leda Braga, Lili Buzolin, Lucy Copstein, Marcia Rosa, Michaela A F, Odette Boudet, Renata Carra, Riyosuke Komatsu, Rosa Hollmann, Rosana Spagnuolo, Rose Aguiar, Sandra Gonçalves, Sheila Riente, Suzana Barbosa, Tuca Chicalé Galvan, Vitória Kachar, Yohana Oizumi.

 

A intensidade luminosa de Marilia Kranz

28/fev

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a mostra que inicia o seu programa de 2023: “Marilia Kranz: relevos e pinturas”, com abertura no dia 09 de março, às 18h.

Marilia Kranz nasceu e viveu na cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem é assunto recorrente em sua obra. Desenhando desde a infância, inicia aos 17 anos seus estudos formais em arte, cursando pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1956, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda durante três anos. Passa, ainda, pelos ateliês de Catarina Baratelli (pintura, 1963-66) e Eduardo Sued (gravura, 1971).

Em um primeiro momento de sua produção, até meados da década de 1960, Kranz se dedica ao desenho e ao estudo da pintura. Na sequência, começa a produzir relevos abstratos em gesso, papelão e madeira, que integraram a sua primeira exposição individual, em 1968, na Galeria Oca, no Rio de Janeiro. Em 1969, ao retornar de viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos, passa a produzir os relevos a partir da técnica de moldagem a vácuo com poliuretano rígido, fibra de vidro, resina e esmaltes industriais; além das esculturas com acrílico cortado e polido, chamadas de Contraformas.

Kranz inova ao produzir quadros-objetos a partir da técnica de vacum forming, pouco difundida no Brasil naquela época, até mesmo no setor industrial. Além disso, o conteúdo dos trabalhos também guarda forte caráter experimental. Segundo o crítico de arte Frederico Morais, as formas abstratas e geométricas exploradas nestas obras e na produção de Marilia como um todo se aproximariam mais de artistas como Ben Nicholson, Auguste Herbin e Alberto Magnelli do que das vertentes construtivistas de destaque no Brasil, como o Concretismo e o Neoconcretismo.

A partir do ano de 1974, Kranz retoma a prática da pintura, trazendo para o centro da tela elementos constituintes das suas paisagens preferidas no Rio de Janeiro. Comparada a artistas como Giorgio de Chirico e Tarsila do Amaral, os seus cenários e figuras geometrizados, beirando a abstração, contêm solenidade e erotismo ao mesmo tempo. Os tons pasteis, por sua vez, tornam-se a sua marca. “A cor cede diante da intensidade luminosa”, diz Frederico Morais. Ao observarmos as flores e as frutas que protagonizam com grande sensualidade várias de suas pinturas, pensamos também em Georgia O’Keeffe, considerada por Kranz sua “irmã de alma”.

A artista carioca é também conhecida pela defesa da liberação sexual feminina e da liberdade política durante a ditadura militar no Brasil, além da luta pelas causas ambientais, atuando como uma das fundadoras do Partido Verde em 1986.

Marilia Kranz expôs em galerias e instituições nacionais e internacionais e recebeu inúmeros prêmios pelas suas pinturas e esculturas, entre eles: o prêmio em escultura do 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, em 1981, e o prêmio de aquisição do Salão de Artes Visuais do Estado do Rio, em 1973. Em 2007, contou com a exposição retrospectiva Marilia Kranz: relevos e esculturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ocasião em que foi lançada a monografia Marilia Kranz, escrita pelo crítico de arte Frederico Morais, que acompanhou a artista durante toda a sua carreira.

 

Até 29 de abril.