No studio 512

10/nov

O Studio 512, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Por acaso…”, exposição individual de fotos dos anos 70 assinadas por Chico Mascarenhas. Inicia sua carreira de fotógrafo em 1970 como free lancer da revista Manchete em Portugal e, a partir de 1971, integra a equipe da sucursal da revista em Paris, até 1975. Neste ano cobre a Revolução dos Cravos para a agência Sipa Press. De volta ao Rio em 1976, trabalha novamente como fotógrafo free lancer para diversas publicações, dedicando-se também à fotografia de Arquitetura. Em 1981, deixa a fotografia profissional e funda o restaurante Guimas. A curadoria é de Milton Guran.

 

 

Dias 12, 13 e 14 de novembro.

Sete artistas na Anita Schwartz

04/nov

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Silêncio impuro”, com 16 obras dos artistas Artur Lescher, Cadu, Carla Guagliardi, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Tatiana Blass e Waltercio Caldas. Com curadoria de Felipe Scovino, serão apresentadas esculturas, instalações, fotografias e vídeos, onde “o som é um índice, pois as obras operam com o seu lado negativo no qual ele (som) é silenciado. O que existe, ou melhor, aquilo que se expande pelo espaço é a imagem do som, isto é, as mais distintas suposições que podemos ter sobre qual som poderia ser ouvido se finalmente aquilo que o impede (uma amarra, uma solda, ou ainda o livre entendimento de que a obra possa ser compreendida também como uma partitura) fosse revelado ou reinterpretado”, explica o curador.

 

Da artista Carla Guagliardi estarão as esculturas “O lugar do ar” (2015), e “Partitura” (2012), em que “tudo parece ruir ou estar prestes a desabar, mas por outro lado as obras evidenciam uma dinâmica que é própria da natureza do som: querem o ar”, diz o curador, que vê uma ligação direta desses trabalhos com as fotografias da série “Partitura” (2010), de Artur Lescher: “Estão lá o ruído, o som, a música, mas acima de tudo o silêncio como vibração”. Ele vê esta mesma ligação com o trabalho “Hemisférios” (2015), de Cadu, onde “a condição de partitura também se faz presente”. Esta situação é semelhante à obra da série “Pagão” (2010), de Nuno Ramos, em que objetos musicais estão fixados no meio de uma pedra-sabão. Também estará na exposição o relevo sobre papel “Für Elise” (2006), de Cadu. Da artista Tatiana Blass estará o vídeo “Metade da fala no chão – Piano surdo” (2010), no qual o piano é coberto por uma mistura de cera e vaselina que vai impedindo, progressivamente, que ele produza sons. Já a instalação “Lá dentro” (2010), de Waltercio Caldas, feita com aço inox, granito, vinil e fios de lã. “Como os intervalos de uma partitura, ele constrói silêncios, dita ritmos, auxilia na compreensão da vibração”. Do artista Otavio Schipper estarão quatro trabalhos em bronze da série “Empty Voices” (2011). “A obra de Schipper, em especial, assim como a de Guagliardi, pertencem ao ar, porque é nesse lugar que se constrói uma superfície vibrátil, virtual e potente. As obras da exposição revelam uma potência sem igual: um inesperado sussurro que não para de vibrar em suas estruturas”, diz o curador.

 

 

Até 06 de fevereiro de 2016.

Comunicado Casa Daros

30/out

A Coleção Daros Latinamerica, sediada em Zurique, Suíça, informa que o imóvel neoclássico localizado em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, que abriga desde 2006 a Casa Daros, será vendido para o grupo Eleva Educação.

 

Até 13 de dezembro de 2015, a Casa Daros segue com sua programação normal, de quarta a domingo, com as exposições “Cuba – Ficción y fantasia” e “Nada Absolutamente Nada”, o Cine Daros, as atividades de arte e educação, e o restaurante-café Mira!

 

 

Histórico  

 

Comprado no início de 2006 pela Daros Latinamerica, uma empresa de sociedade anônima, o prédio projetado por Francisco Joaquim Bethencourt da Silva (1831-1912) passou por uma monumental e minuciosa obra de restauro e modernização. Construído em 1866 para ser um internato, o prédio tem mais de 11 mil metros quadrados em dois pavimentos, em um terreno de 12 mil metros quadrados, com pátios internos e um jardim frontal de palmeiras imperiais.

 

A educação sempre foi um dos pilares do projeto Casa Daros, e ao decidir encerrar as atividades deste espaço, a Coleção Daros Latinamerica tinha como meta encontrar uma instituição dentro da área de cultura ou educação que zelasse pelo patrimônio arquitetônico tão cuidadosamente restaurado. E encontrou no grupo Eleva Educação este compromisso.  As duas instituições formalizaram a venda do imóvel, que passará efetivamente para as mãos do grupo brasileiro, sediado na cidade do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2016.

 

Inaugurada em março de 2013, a Casa Daros realizou emblemáticas exposições com  obras da Coleção Daros Latinamerica, como “Cantos Cuentos Colombianos”, “Le Parc Lumière – Obras cinéticas de Julio Le Parc”, “Fabian Marcaccio – Paintant Stories”, “Ilusões”, “Made in Brasil”, e “Cuba – Ficción y fantasia”, em cartaz. Além dessas, foram realizadas mais de quinze outras mostras, assim como numerosas performances, conversas abertas com artistas, oficinas e encontros criativos, entre outras atividades, recebendo até o momento um público de 270 mil pessoas.

 

A partir de 2016, a Coleção Daros Latinamerica se dedicará, exclusivamente, a dar visibilidade à excelência de suas 1.200 obras – de mais de 120 artistas nascidos ou que vivem na América Latina –, por meio de exposições em importantes museus e espaços de arte, em todo o mundo.

 

 

Sobre a Eleva Educação

 

Controladora de uma rede que oferece educação de excelência a mais de 25 mil alunos nas escolas que opera, e a outros 30 mil, por meio de sua plataforma de ensino, a Eleva é uma empresa do grupo Gera Venture Capital, focado 100% em educação. Desde a criação do Gera, Jorge Paulo Lemann é atuante em seu Conselho, como parte da sua crença de longo prazo no avanço da educação no Brasil. Com a compra do imóvel, a Eleva Educação assume com a população da cidade do Rio de Janeiro o compromisso de manter uma das suas mais belas edificações, com a garantia de futuro para a histórica tradição do espaço com a educação.

Desenhos e bronzes

29/out

O artista e escultor mineiro Leo Santana estreia na Galeria Scenarium, Centro Antigo, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Do Outro Lado do Desenho”. Mundialmente conhecido por sua obra “Drummond no Calçadão”, instalada desde 2002 em Copacabana, o artista escolheu o Rio de Janeiro como ponto de partida para apresentar a diversidade da sua obra em uma nova trajetória.

 

Em 25 anos de criação, a escultura em bronze tem sido a manifestação principal do seu trabalho em diversos espaços públicos do Brasil e do exterior. Eternizadas em bronze, figuras importantes das artes e da história brasileiras foram homenageadas pela contribuição inestimável que deram à nossa cultura. A principal característica das esculturas em bronze de Leo Santana, figuradas em tamanho natural, é o fato de se relacionarem no mesmo nível do chão, sem pedestal, com o público circundante. Talvez por isso, Drummond no Calçadão seja, atualmente, um dos monumentos públicos mais visitados, fotografados e abraçados do Rio de Janeiro.

 

Na obra de Leo Santana, a vivência do tridimensional amadureceu e ele vem encontrando, em sua trajetória criativa, “grande satisfação em experimentar o outro lado do objeto desenhado”.  Para essa nova exposição, serão apresentadas peças em bronze, de dimensões variadas, que dialogam com desenhos especialmente criados a partir da observação do artista destas mesmas esculturas. Do outro lado do desenho está o vulto pleno, a tridimensionalidade, o movimento. O jogo entre claro e escuro, presente tanto no desenho quanto nas esculturas, será explorado em toda a exposição. “Os volumes são feitos de claros e escuros. No desenho, o artista desenha a sombra. Na escultura, a sombra surge pelo volume criado pelo artista. Essa inversão do processo, de criar desenhos utilizando esculturas como modelos, poderá ser percebida pelo público durante a exposição”, explica o artista. Ao todo, estarão expostos na Galeria 16 desenhos e 28 esculturas em bronze, algumas delas com o tamanho quase real de uma pessoa.

 

O histórico casarão do século XIX, totalmente restaurado e situado no coração do Rio Antigo, foi escolhido por Leo Santana para expor suas obras em razão da riqueza de contrastes presentes no lugar. A Galeria Scenarium é um espaço multicultural.

 

 

De 27 de outubro a 21 de novembro.

Brasil Naïf no MIAN

27/out

“Brasil Naïf, Uma aventura na Alma Brasileira” é um convite do curador, Jacques Ardies, franco-belga radicado no Brasil há 40 anos (35 deles dedicados à arte naïf), a uma incursão pela alma de cada artista. Ele apresenta, no Museu Internacional de Arte Naïf (MIAN), Cosme Velho, 561, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, obras de alguns dos pintores mais representativos do estilo, trazidas do acervo que mantém na galeria em São Paulo, que leva seu nome. São ao todo 60 telas de mais de 50 artistas, entre eles nomes históricos que participaram do movimento naïf nacional, pintores atuantes até hoje. Na ocasião da abertura da mostra, o curador, Jacques Ardies, lança seu livro “Arte Naif no Brasil II”.

 

Segundo Jacqueline Finkelstein, diretora, do MIAN, é uma honra receber esta exposição: “Conhecendo o trabalho da Galeria Jacques Ardies com os artistas naïfs há mais de 30 anos, o MIAN acredita que ao realizar esta exposição estará somando forças em prol da divulgação e valorização da arte naïf brasileira”.

 

A estrutura da exposição segue a ordem cronológica do desenvolvimento da arte naïf no Brasil. Iniciando nos anos 40, quando os primeiros artistas são acolhidos em salões oficiais tais como a carioca Silvia Chalreo e o mundo fantástico de Chico da Silva. Seguida por José Antonio da Silva, apontado como o maior e mais autêntico artista naif brasileiro, cuja carreira foi intensa e polêmica. No começo dos anos 60, descobre-se um grupo de artistas que desperta atenção pela excepcional capacidade de se expressar de forma diferenciada. Aparecem então as primeiras obras da piauiense Elisa Martins da Silveira, os cenários narrativos do ator de teatro José de Freitas, a pintura intimista de Rosina Becker do Valle, com seu colorido quente e aconchegante. E assim vão surgindo as cenas paulistanas de Agostinho Batista de Freitas, o esplendor nordestino descrito com maestria por Ivonaldo Veloso de Melo, as histórias picantes do rio-grandense Iaponí Araújo, as pinturas encantadoras em madeira da goiana Mirian e a incrível mineira Maria Auxiliadora, com sua técnica em relevo e suas cenas tão brasileiras, as delicadas cenas de namoro de Julio Martins da Silva. O trabalho rude no Campo de Miranda, as festas folclóricas de Goiás de Antonio Poteiro,  o frevo e o samba da festeira Alba Cavalcanti, as evocações divinas com o degradé sofisticado de Crisaldo Morais, a delicada postura das moças de Elza O.S, os personagens universais e expressivos de Gerson, o mundo imaginário e encantado de Grauben e de Iracema, as baianas em trajes a rigor de Ivan Moraes, o legado iconográfico saboroso da cidade do Rio de Janeiro de Lia Mittarakis, a visão do Brasil pelo olhar do grande nome da tapeçaria brasileira Madeleine Colaço,  a arte sincera da alogoana Mirian e os casamento em carro de boi de Neuton de Andrade.

 

O grupo dos artistas atuantes é constituído de 27 nomes, alguns são cariocas, como Helena Coelho e Bebeth, outros são da cidade de São Paulo, como Rodolpho Tamanini Netto e Cristiano Sidoti ou do interior do Estado como Edivaldo, Malu Delibo, Edna de Araraquara, Luiz Cassemiro, Constância Nery, Ana Maria Dias, Edgar Calhado; diversos artistas de origem mineira como Isabel de Jesus, Lucia Buccini, Maria Guadalupe, Vanice Ayres, Ernani Pavaneli e Francisco Severino. Do sul, temos a riograndense Mara Toledo e os catarinenses Doval e Sônia Furtado. A Bahia está representada pelo casal Waldomiro de Deus e Lourdes de Deus e também pelo jovem Raimundo Bida. Participam duas artistas de origem polonesa que se transformaram em artistas brasileiras como Barbara Rochltiz e Magdalena Zawadzka e Dila, do Maranhão.

 

 

A palavra do curador

 

“Acompanho estes artistas há anos e posso afirmar que são dotados de um talento indiscutível. Constroem suas carreiras de maneira lenta, séria e consistente. Cada qual, imbuído de sua própria missão estética, transborda comumente a esperança por uma convivência mais harmoniosa das raças e crenças. Convencido de que sua arte está a serviço de um mundo melhor, cada artista nos convida para uma viagem na sua alma”.

 

 

Sobre o curador

 

O Brasil desperta paixões inexplicáveis em certas pessoas que vêm nos visitar e acabam ficando. Este é o caso de Jacques Ardies, há 35 anos no Brasil. Ardies, quando acabou seu curso de Administração em Bruxelas, teve vontade de conhecer o mundo, descobrir novas formas de cultura, abrir seus horizontes. Chegando a São Paulo conseguiu um estágio numa empresa e, consequentemente, seu visto permanente. O ano de 1979 foi um marco na sua vida. Jacques, sem emprego, estava em uma encruzilhada: ou arranjava outro emprego na administração ou partia para um negócio próprio. Ele escolheu a segunda opção, mas não na área de administração, seu novo negócio agora era a arte. Mais precisamente a arte Naif. Nascia, em agosto de 79, a Galeria Cravo Canela. Hoje, com 36 anos de trabalho dedicados à arte, Jacques é um respeitado especialista em arte naif, com um acervo de mais de 1.000 obras.

 

 

 

A arte naïf na visão de Jacques Ardies

 

Arte naïf define a produção de um grupo de pintores que expressa livremente suas memórias e emoções. Sem qualquer educação artística formal, conseguem superar suas dificuldades técnicas e criam uma linguagem inédita e pessoal, singular. A palavra francesa naif significa ingênuo e foi associada ao estilo apresentado por Henri Rousseau que se juntou aos revolucionários da arte moderna. Rousseau era uma pessoa sensível que vivia um pouco fora do seu tempo. Ele tinha o seu lado realmente ingênuo e sua pintura espontânea encantava pelo talento criativo e inédito.

 

 

De 29 de outubro a 24 de janeiro de 2016.

Cotidiano Radical CaixaRio

A Caixa Cultural, Galeria 4, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição inédita “Cotidiano radical”, do artista mineiro Marco Paulo Rolla. Com curadoria de Cristiana Tejo, a mostra reúne múltiplas linguagens artísticas, que buscam radicalizar a percepção do público sobre a relação com objetos e rotinas. Na abertura, o artista fará a performance “Café da manhã”.

 

“Cotidiano radical” revela um amplo espectro do trabalho de Marco Paulo Rolla. São objetos, pinturas e instalações que desafiam o público. Ambientes e situações familiares ao espectador surgem de maneira surpreendente, subvertendo ordens e questionando a dependência moderna de ferramentas, dispositivos, equipamentos e tecnologia.

 

Além da performance da abertura, serão apresentadas mais duas em vídeo durante toda a mostra: “Confortável” e “Canibal”. Nelas, o artista utiliza os limites do corpo para fazer uma constante provocação, buscando quebrar noções cristalizadas daquilo que é vivenciado no dia a dia.

 

Destaques ainda para a obra “Picnic”, de 2000, pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e já foi exposta na Bienal do Barro, em Caracas, e na Feira Arco, em Madri, e para a série de pinturas “Eletrodomésticos”, produzidas entre 1990 e 1992.

 

 

A palavra da curadora

 

“Toda a ambiência da obra de Marco Paulo Rolla é inspirada no barroco: cores quentes, dramaticidade e luz”, explica Cristiana Tejo. “E neste contexto, que remete ao clássico, ao erudito, é evidenciada a relação contemporânea do homem com os objetos, o desejo de possuí-los, a expectativa de felicidade contida neles. É ao mesmo tempo uma ironia e uma crítica ao fetiche capitalista do consumo”, finaliza a curadora.

 

 

Sobre a curadora

 

Cristiana Tejo fez a curadoria e cocuradoria de vários projetos no Brasil e no exterior, entre eles o Made in mirrors, que envolveu intercâmbio entre artistas brasileiros e estrangeiros. Autora de Paulo Bruscky – a Arte em todos os sentidos (2009) e Panorama do pensamento emergente (2011), hoje vive e trabalha entre Recife e Lisboa.

 

 

Sobre o artista

 

Marco Paulo Rolla é natural de São Domingos do Prata, MG, 1967. Vive e trabalha em Belo Horizonte, é criador, coordenador e editor do CEIA (Centro de Experimentação e Informação de Arte). Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil, Alemanha, Argentina, Holanda, Finlândia e Itália. Mestre em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG em 2006, é professor da escola Guignard UEMG desde 2009, onde criou e implementou a disciplina de Performance. Seus trabalhos encontram-se em coleções no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Instituto Itaú Cultural de São Paulo, no Museu de Arte da Pampulha, de Belo Horizonte, no Centro Cultural Inhotim, em Brumadinho, MG, e na Funarte, no Rio de Janeiro.

 

 

Até 20 de dezembro.

Centenário de Milton Dacosta

23/out

O Espaço Cultural Correios, Niterói, RJ, apresenta a exposição “Milton Dacosta, 1915–2015”. A mostra, com curadoria de Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos e produção executiva da Artepadilla, traça um panorama sucinto da obra do pintor, com ênfase em inter-relações que podem ser tecidas com base nos diferentes momentos de sua trajetória artística e marca o centenário de nascimento do artista niteroiense.

 

Entre as 100 obras exibidas, destacam-se um pequeno núcleo de paisagens urbanas do Rio de Janeiro dos anos 1930; diversos autorretratos, entre os quais Interior de ateliê, com o qual ganhou o Prêmio de Viagem ao Exterior em1944, pertencente ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC; naturezas-mortas; figuras e cabeças; construções dos anos 1950; guaches da série Variações de formas lunares, da mesma década; pinturas e gravuras da série Vênus; e mais de uma dezena de desenhos e estudos inéditos. Completam o conjunto apresentado ao público o curta-metragem “Milton Dacosta: íntimas construções”, de Mário Carneiro, e uma série de pinturas e gravuras que pertenciam ao casal Milton Dacosta e Maria Leontina, entre as quais obras de Alfredo Volpi, José Pancetti, Giorgio Morandi, Maria Helena Vieira da Silva e Jacques Villon.

 

 
Sobre o artista

 

Milton Dacosta nasceu em Niteroi, RJ, em 1915. Após iniciar seus estudos em 1929 e participar da fundação do Grupo Bernardelli em 1931, Milton Dacosta começa a traçar um percurso singular e rigoroso, no qual pouco a pouco mostra seu trabalho em galerias e museus. Passa alguns anos nos Estados Unidos e na Europa, e participa de diversas exposições importantes, entre as quais o Salão Nacional de Belas Artes e a Bienal Internacional de São Paulo. Em 1961, a edição da VI Bienal Internacional de São Paulo dedica-lhe uma Sala Especial. Duas décadas depois, é a vez do Museu de Arte Moderna de São Paulo organizar uma exposição retrospectiva de sua obra. Após a morte de Maria Leontina em 1984, o artista deixa de pintar. Falece em setembro de 1988.

 

 

Até 19 de novembro.

Singularidades/ Anotações

Depois de apoiar a produção de mais de mil artistas e pesquisadores de todas as regiões do Brasil, o Itaú Cultural, por meio do Rumos Itaú Cultural, plataforma de fomento do Itaú Cultural à produção artística brasileira, faz uma homenagem aos selecionados desde o primeiro edital até a 16ª edição, quando o programa passou por uma reformulação. O resultado é a mostra “Singularidades/Anotações: Rumos Artes Visuais 1998-2013”, em cartaz no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

Com equipe curatorial formada por Aracy Amaral, Regina Silveira e Paulo Miyada, a exposição, apresentada ano passado em São Paulo, reúne cerca de 50 trabalhos de 35 artistas contemplados de 1998 a 2013 nos editais de Artes Visuais, Arte e Tecnologia, Transmídia e Novas Mídias. O público poderá conferir um conjunto bastante heterogêneo de obras, parte delas inédita, entre pinturas, gravuras, fotografias, instalações, vídeos, performances e projetos interativos. “É uma mostra muito rica em termos de linguagens e abordagens, dispositivos e recursos”, explica Regina Silveira. A expografia é do escritório Álvaro Razuk Arquitetura. Entre os artistas selecionados estão representantes de todas as regiões do país. “Focamos naqueles que construíram um lugar próprio para a sua obra. A arte contemporânea pode qualquer coisa, é verossímil que tenha qualquer formato. É a trajetória de cada artista que vai delimitar o que o trabalho dele pode ser”, diz Paulo Miyada.

 

A mostra conta com nomes de carreira internacional já consolidada, como a paraense Berna Reale, que representa o Brasil na Bienal de Veneza deste ano. A artista apresenta a série “MMXIII”, produzida durante as manifestações de rua de 2013. São cinco fotografias sobre
alumínio em que ela aparece vestida com a farda da Tropa de Choque e elementos do cotidiano. O manauaense Rodrigo Braga, que já expôs em lugares como a Maison Européenne de La Photography, em Paris, mostra fotos da natureza densa do litoral de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Já o artista paulistano Laerte Ramos apresenta o trabalho “Acesso Negado & Acesso Negrado”, série de 46 esculturas de cerâmica (23 em branco e 23 em negro).

 

Caio Reisewitz, de São Paulo, utiliza fotos que mesclam realidade com subjetividade na obra Autoridade. A paulistana Raquel Kogan apresenta “O.lhar”, de 2012, instalação interativa com três câmeras em forma de monóculo dispostas em pedestais pretos de diferentes alturas. O mineiro João Castilho aposta na videoinstalação “Emboscada”. Na obra, quatro TVs passam imagens de estradas de terra bucólicas no sertão de Minas, mas a quietude e o silêncio são quebrados por tiros e explosões. O trabalho cria a ilusão de um tiroteio alternando momentos de calma e tensão.

 

Graças ao Rumos Itaú Cultural, inúmeros artistas conseguiram divulgar seus trabalhos nacionalmente. “A importância do programa e sua vigência por tantos anos reside sobretudo na acolhida desse projeto por artistas de regiões distantes de grandes centros do Brasil. A aceitação de seus trabalhos traz a possibilidade de sua visibilidade em outras regiões” diz Aracy Amaral.

 

Artistas participantes: Alexandre Vogler, André Komatsu, Bárbara Wagner, Berna Reale, Cadu, Caio Reisewitz, Carla Zaccagnini, Cinthia Marcelle, Ducha, Fabrício Lopez, Gilbertto Prado, Gisela Motta e Leandro Lima, Grupo EmpreZa, João Castilho, Katia Maciel, Laerte Ramos, Lucas Bambozzi, Luiz Roque, Marcellvs L., Marcelo Moscheta, Marcius Galan, Marcone Moreira, Nicolás Robbio, Paulo Vivacqua, Raquel Kogan, Raquel Stolf, Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, Rodrigo Braga, Rodrigo Paglieri, Rommulo Conceição, Sara Ramo, Sofia Borges, Tatiana Blass, Thiago Martins de Melo e Vitor Cesar.

 

 

Até 29 de novembro.

Formas incandescentes

O artista Mauricio Bentes foi saudade como um dos grandes nomes da escultura brasileira da década de 1980 até o ano 2000. Com curadoria de Marcus Lontra, sua obra ganha uma mostra panorâmica no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra “Mauricio Bentes: formas incandescentes”, apresenta 35 obras que buscam sintetizar a trajetória curta – porém dinâmica e espetacular – do artista falecido precocemente em 2003, aos 45 anos.

 

Discípulo de Celeida Tostes na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio e de Haroldo Barroso nas Oficinas do Museu do Ingá, em Niterói, Bentes tem uma produção caracterizada pela criação de artefatos de extrema potência artística, que ultrapassam os limites da escultura e envolve outros sentidos além da visão. Sua obra tridimensional transita por esculturas, instalações, videoinstalações, monumentos públicos, intervenções, cenografias para cinema, espetáculos teatrais e balés. Inicialmente em cerâmica e depois em ferro e aço, suas obras caracterizam-se por uma ação incisiva do fogo que molda e transforma os materiais. Utilizando a solda, o artista produziu uma “metalurgia poética” onde as formas surgem “em pleno estado de suspensão”. A introdução do néon e de outros recursos de luminosidade, sugerem ora elementos vindos do interior da terra ora estranhos e belos meteoritos de espaços distantes do universo. Ao mesmo tempo, o artista realizou trabalhos de grandes dimensões, produzindo elementos cenográficos e de integração arquitetônica, como no caso das criações para os prédios públicos da cidade de Palmas, no Tocantins. Em 1989, assumiu a direção da Oficina de Escultura do Ingá, onde permaneceu até 2002.

 

 

O texto do curador

Maurício Bentes Formas Incandescentes

 
As obras que integram a exposição “formas incandescentes” buscam sintetizar a trajetória curta – porém dinâmica e espetacular – de Maurício Bentes, caracterizada pela criação de artefatos escultóricos de extrema potência artística. Coerente com os ideais de sua geração, o artista entendia as práticas de seu ofício como instrumento fundamental em seu processo criativo. Ele era o homem do projeto, o arquiteto, mas era também o operário, o construtor. A escultura surge pelo domínio do fogo; primeiro pelo cozimento do barro e depois pela fundição, pela forja e pelas soldas dos metais. Aluno de Celeida Tostes e Haroldo Barroso, com a primeira aprendeu a ver a arte como processo, como gestação, compreendendo a arte como organismo vivo e dinâmico, e, com o segundo, a fundamental importância do método de construção, da clareza formal e da objetiva definição de seus propósitos. Maurício Bentes é o artista dos contrastes e nele habita o ímpeto da dualidade. A obra de arte nasce do embate de ações opostas: a organicidade e a construção, o opaco e a luminosidade, a tradição e o novo. O ferro é noite, silêncio e mistério; a solda sangra, é sede, cera e suor, e a luz é a imanência do ser, o útero encantado da verdade. Seus trabalhos dialogam com os móbiles de Calder, com os cinéticos de Palatnik, com a luminosa pop art de Dan Flavin, com a modulação construtiva de Franz Weissmann. Dessa diversa e variada fonte de referências surge uma obra vibrante e apaixonada, um espetáculo visual de grande impacto, luzes da escuridão. Essa é a estranha natureza que povoa o universo de Maurício Bentes. São pedras, rochas, cristais, superfícies e interiores, “meninos que comem luz”. A reunião de um conjunto expressivo de obras do artista no mesmo espaço físico permite aflorar a integridade e a coerência de suas ações e reafirma a importância da arte como estratégia de sobrevivência do espírito libertário e criativo do homem sobre a Terra. Marcus de Lontra Costa, curador.

 

 

Até 29 de novembro.

Not Vital no Paço Imperial

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a obra do célebre escultor suíço Not Vital na primeira exposição institucional do artista na América do Sul. Aos mais de 60 anos de idade e com uma carreira que perpassa quatro décadas, Vital surge como pensador singular e original, cuja prática artística envolve filosofias sobre habitação e vida material. Acostumado a um estilo de vida nômade, Not Vital é um incansável viajante e explorador curioso. Sua obra busca inspiração e admiração em muitos lugares distintos e díspares que, ao longo do tempo, chamou de lar. Criado no pequeno vilarejo de Sent, situado na região elevada e montanhosa do vale Engadin, na Suíça, Vital, desde então, viajou ao redor do mundo. Primeiro fixou residência em Nova York, durante a década de 1980, e, depois, internacionalmente, entre continentes, montou estúdios e construiu esculturas arquitetônicas como habitações transitórias em centros urbanos e vastas paisagens desde o Cairo, Patagônia, no Chile, até Agadez, em Níger, Pequim, na China, Flores, ilha da Indonésia, e no Rio de Janeiro. A mostra foiorganizada por Olivier Renaud-Clément.

 

Envolvendo-se com as impressões culturais locais e assimilando-as em sua prática artística mais ampla, Vital traz obras nesta exposição que exploram o relacionamento entre materialidade, forma e significado; elas apresentam temas familiares que o artista concebe de modos totalmente inesperados. “HEADs” de 2013-2015 é um novo conjunto de obras que traz outra concepção do retrato e atravessa o representacional com o abstrato. Vital buscou inspiração na forma do Buda, que encontrou durante uma viagem ao Laos, em 2013. Transformando a intensa espiritualidade e incrível beleza do ídolo em sua linguagem escultural especial, Vital reduz a representação figurativa a contornos sutis que negam qualquer conceito de expressão individualizada. Desse modo, tanto separadas como coletivamente, as esculturas de Vital evocam as formas mais antigas da arte pré-histórica. Contudo, confeccionada em aço monocromático altamente refletor, sua obra pertence enfaticamente aos avanços tecnológicos da sociedade atual. Desde 2008, quando instalou seu estúdio no distrito artístico de Caochangdi, em Pequim, Not Vital vem colaborando com artesãos chineses especializados para produzir esculturas em aço inoxidável. Para a série “HEADs”, a técnica de revestimento por deposição física de vapor foi empregada de forma a criar superfícies refletoras muito polidas e luminosas. Dominando a presença física dos próprios espaços que habitam, as silhuetas ameaçadoras das esculturas de Vital mobilizam o espectador em um remoinho de reflexõesfluidas.

 

 

Numa instalação que ocupa uma parede inteira de uma galeria, Not Vital apresenta “750 Knives”, obra de 2004. Para esta obra, o artista fincou 750 lâminas de tamanhos variados na parede. Do outro lado, as pontas afiadas projetam-se para fora. Neste trabalho de minimalismo imbuído de poesia, Vital cria um relacionamento entre a obra de arte e o espectador que é ao mesmo tempo ameaçador e instigante. Embora desconcertante em sua devastadora violência, a parede possui uma energia tranquila e poderosa, oferecendo uma imagem de beleza surreal. Incitando a forma escultural da obra com uma surpreendente estética de pintura, as sombras criam desenhos em fluxo, um contrapeso para os óbvios atos de provocação.

 

Utilizando novamente a parede como tela, o artista cria uma obra site-specific para o Paço Imperial que traz uma grande semelhança com os vestígios explosivos de uma guerra de bolas de neve. Em “Snowball Wall”, obra de 2015, Vital emprega a arte performática, jogando contra a parede “bolas de neve” de gesso, cujas formas se rompem com o impacto. O artista usou gesso durante toda a sua carreira e explicou muitas vezes que a atração pelo material origina-se do fato que, por um curto período, o gesso toma a consistência da neve. Transformando e elevando formas corriqueiras em criações extraordinárias, ricamente imbuídas de sentido e significado, Not Vital combina uma diversidade de impressões duradouras e experiências pessoais de terras estrangeiras e populações locais que coletou ao longo de muitos anos. A gênese do trabalho de Vital explora com intensidade seu estilo de vida nômade, mas é igualmente influenciada por seu relacionamento, na infância, com a natureza e sua casa nos Alpes suíços. Essa tensão comanda relacionamentos líricos e contrastantes, que exploram temas de cultura e natureza, abstração e mutação, artifício humano e espécie animal, contextualizando também a beleza misteriosa e o jogo conceitual tão profundamente enraizados na essência da obra de Not Vital. Junto com a exposição no Paço Imperial, Not Vital está construindo uma “House to Watch the Sunset”, no Ji-Paraná, perto de Manaus.

 

 

Sobre o artista

 

 
Nascido em 1948 em Sent, na Suíça, Not Vital estudou em Paris e Roma antes de se mudar para Nova York em 1974. Escultor, Vital é também pintor, construtor de pontes, casas e torres, nômade e eterno explorador. Atualmente, mora e trabalha entre o Rio de Janeiro, Pequim e Sent. Not Vital realizou mostras institucionais individuais em: Museo d’Arte di Mendrisio, Mendrisio, Suíça (2015); Musées d’Art et d’Histoire, Genebra, Suíça (2014); Isola di San Giorgio Maggiore, Veneza, Itália (2013); Ullens Centre for Contemporary Art, Pequim, China (2011); Museo Cantonale d’Arte di Lugano, Suíça (2007); The Arts Club of Chicago, EUA (2006) e Kunsthalle Bielefeld, Alemanha (2005). Em 2001, participou da 49º Bienal de Veneza (com curadoria de Harald Szeeman). Sua obra compõe acervos públicos ao redor do mundo, tais como: Carnegie Institute, Pittsburg, EUA; Dallas Museum of Art, Dallas, EUA; Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA; Kunstmuseum Bern, Berna, Suíça; Kunsthalle Bielefeld, Bielefeld, Alemanha; Kunstmuseum Luzern, Lucerna, Suíça; Musées d’Art et d’Histoire, Genebra, Suíça; Museum of Fine Arts, Boston, EUA; Museum der Moderne, Salzburgo, Áustria; Philadelphia Museum, Filadélfia, EUA; The Museum of Modern Art, Nova York, EUA; The Ashmolean Museum, Oxford, Reino Unido; The Brooklyn Museum, Brooklyn, EUA; Toyota Municipal Museum of Art, Aichi, Japão.

 

 

Até 29 de novembro.