Formas de Maria Vasco

06/out

Maria Vasco é uma artista multimídia. Passeia pela poesia e música, mas é nas artes plásticas que sua criatividade transborda, há 49 anos. No dia 13 de outubro, às 19h, numa celebração do seu aniversário, ela apresenta a exposição “INCONES”, na HRocha Galeria, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Os cones, forma geométrica que desde 2002 é peça de resistência em seu trabalho, já deram origem a obras lúdicas de planeta e bichos. Desta vez, confeccionados em tecido pintado e imantados, os cones caminham sobre 13 esculturas geométricas em ferro, produzindo uma obra dinâmica que permite total interatividade do público com as peças.

 

“A obra não é estática. Ela convida o espectador a participar da criação, instiga o olhar. “Volpiniando”, no lugar das bandeirinhas, pirei no cone e criei uma brincadeira que pode agradar crianças de 1 a 100 anos”, explica, com muito humor, a artista. Maria Vasco, que foi a primeira porta-estandarte da Banda de Ipanema, compôs com Luiz Brasil e Ary Dias a música “Tandan” que embala a performance que será apresentada no dia da vernissage, numa interação da atriz Renata Matos com uma instalação de fios elétricos e cone de tecido e já compôs com Paulinho da Viola, Paulo Moura, Armandinho, Moraes Moreira, além de ter lançado um livro de poemas eróticos com capa de Chico Caruso.

 

A mostra é composta por 13 esculturas que permitem uma interatividade do público com as obras. Na vernissage haverá uma performance na qual a atriz Renata Matos irá interagir com uma instalação de fios elétricos e cone de tecido. E a música que embala a performance foi idealizada pela própria artista, em parceria com Luiz Brasil e Ary Dias.

 

 

Sobre a artista

 

Maria Vasco começou sua carreira há 49 anos, pelas mãos de Djanira e estudou composição e desenho com Frank Sheaffer. Seu primeiro trabalho com cones aconteceu por acaso, a partir de um coador de pano, transformado em uma grande escultura. Sua exposição individual mais recente aconteceu no ano passado, na Galeria Cândido Mendes, em Ipanema. Como compositora, é parceira de Paulinho da Viola, Paulo Moura, Armandinho, Moraes Moreira, Luiz Brasil, Ary Dias e Toni Costa, além de já ter lançado um livro de poemas eróticos com capa do amigo Chico Caruso, que, aliás, se intitula “freguês” antigo e escreve sobre a nova exposição: “Maria Vasco, escultora, cada vez melhor.

 

 

De 13 de outubro a 19 de novembro.

Individual de JulioVillani

A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, abriu ao público sua segunda exposição individual de Julio Villani com a mostra intitulada “Collapsible Structures”. Nela, o artista apresenta cerca de 20 obras inéditas de sua produção mais recente (2015- 2016), entre elas pinturas em técnica mista (carvão, acrílica e caulim sobre tela), colagens sobre papel e duas esculturas em alumínio com diversas dimensões.

 

Sua escolha deliberada por esse desdobramento, e a forma construtiva que lhe imprimiu, confere na sua obra uma dimensão dinâmica, que se determina paradoxalmente, pela unidade. Fio, linha, risco, laço, rede, nó, a arte de Julio Villani é habitada pela ideia de vínculo. Ela estrutura todos os trabalhos do artista, lhe é consubstancial. Seu trabalho se caracteriza a partir de polos e contrapontos, se construindo a partir da organização de um ir e vir. É entre os dois – no entre-dois, como diz o artista – que tudo se dá.

 

 

Até 29 de outubro.

Regina Silveira no “Respiração”

O Respiração tem por objetivo criar intervenções de arte contemporânea no acervo de arte clássica da casa-museu Eva Klabin, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, criando uma ponte entre a arte do passado e as manifestações da atualidade; entre a preciosa coleção de obras dos grandes mestres da história da arte, como Tintoretto, Boticelli, Reynolds, Pisarro, Govaert Flinck, entre outros, e os mais importantes artistas contemporâneos brasileiros. A curadoria é de Marcio Doctors.

 

Regina Silveira, artista da Luciana Brito Galeria, é a convidada da 21ª edição com a intervenção “INSOLITUS”, que criará uma situação insólita/inusitada, como o próprio nome diz. A fachada da Fundação será ocupada pela obra “Mundus admirabilis”, que é uma infestação de insetos gigantes; na Sala Renascença a obra “Darks

wamp” (nest) dominará o espaço, nos surpreendendo com um ovo negro de 1.80m de altura, confrontando-se com as obras Renascentistas da coleção; na Sala de jantar, a mesa e as cadeiras se transformarão em mesa e cadeiras peludas, desencadeando uma estranheza no ambiente requintado e ordenado da casa-museu.

 

Com a ocupação “Insolitus”, Regina Silveira radicaliza a ideia de intervenção da proposta do “Respiração”, desestabilizando os códigos de uma residência, onde a tranquilidade é perturbada pelo imaginário da artista, criando, dessa maneira, uma metáfora contundente dos tempos atuais.

 

O “Respiração” é um programa de longa duração, iniciado em 2004, e tornou-se referência cultural pelo inusitado e singularidade da sua proposta, que é a de trazer uma nova respiração para o museu, com o intuito de atrair novos públicos, criando um olhar diferenciado sobre o museu e sua coleção.

 

O “Respiração” foi se firmando pela qualidade dos 27 artistas que participaram ao longo de 12 anos e 20 edições. Podem ser citados alguns nomes como Anna Maria Maiolino, Anna Bella Geiger, Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, Ernesto Neto, Claudia Bakker, Eduardo Berliner, Rosangela Rennó, Marcos Chaves, Nelson Leirner e Daniela Thomas, entre outros.

 

 

A palavra do curador

 

Insolitus nos traz a crueza de uma realidade substantiva, que Regina Silveira explicita por meio das obras apresentadas no Respiração, que são como materializações na superfície do mundo das angústias de nossa sociedade atual. Com sua poética singular, a artista faz um raio X das incertezas e dúvidas que estamos atravessando e chama a nossa atenção para aquilo que nos incomoda hoje no mundo. São como pragas contemporâneas.

 

O projeto “Respiração”conta com o apoio de Klabin S/A, Itaú Cultural, Luciana Brito Galeria, DHBC advogados, Parceria ArtRio.

 

 

Até 29 de janeiro de 2017.

Escapando do Caos

Após inúmeras exposições individuais em diferentes galerias e museus de cidades do mundo, a holandesa radicada no Rio de Janeiro, Thera Regouin, realiza sua primeira exposição individual na cidade na Galeria Cor Movimento, no Leblon. A artista apresenta nove pinturas inéditas, em azul, com grandes superfícies brancas em seu interior, da nova série “Escapando do caos”, e outras com obras de diversos períodos, todos em óleo sobre tela. A curadoria é da respeitada escritora, crítica e historiadora de arte Gloria Ferreira, que também escreveu o texto do novo catálogo de Thera Regouin.

 

“As transparências desses brancos deixam aparecer camadas carregadas de tintas azuis ou de outras cores como vermelho e amarelo, frutos do processo de preparação da tela e de uma pintura, características da artista. Em toda sua pintura estão presentes linhas, qual sulcos, contornando ou criando espaços.”, explica a curadora Glória Ferreira.

 

TheraRegouin deixou a pintura figurativa no curso de seus estudos para abraçar o universo do abstrato. Nestas composições abstratas, às vezes, planos urbanos ou paisagens parecem esconder-se. “Meu desejo é expor, através da expressão abstrata, uma realidade que é para mim mais pura e mais real do que qualquer resultado ao qual eu possa chegar através da representação figurativa”, analisa.

 

Nessas pinturas azuis, as linhas contornam quase por inteiro essas superfícies interiores, deixando, no entanto, espaços para a respiração; delimitam espaços e se misturam com o próprio campo pictórico como matéria.”Tal como a crosta da terra a explodir, a tinta cobre a tela e não raro o espectador tem a impressão que a história geológica das pinturas seria guardada num registro momentâneo que está longe de acabar”, analisa Moritz Wullen, historiador de arte e diretor da Biblioteca de Arte dos museus de Berlim.

 

Segundo Gloria Ferreira, no trabalho de TheraRegouin, as bordas parecem tentativas de incorporar a moldura à própria pintura, em diálogo com a longa tradição de ruptura que podemos remontar aos impressionistas; ou a Seurat, com suas molduras pintadas de acordo com a luz desejada. Ou ainda ao início do século XX, em especial em Mondrian, mas também em Lygia Clark e outros. Nas telas de Thera, as “molduras” são igualmente constituídas pelas finas camadas de tinta colocadas sobre outras finas camadas, com as pinceladas visíveis em suas pinturas azuis. Molduras que, ao mesmo tempo, expandem a pintura para o espaço, sem deixar, contudo, de servir de proteção para as grandes áreas brancas do seu interior.

 

“Já nas pinturas quase monocromáticas, as texturas fazem as composições em cores telúricas emitirem energias luminosas”, analisa Gloria Ferreira.

 

O Dr. Axel Rüger, diretor do Museu Van Gogh de Amsterdam, no seu discurso de abertura da exposição de TheraRegouin na galeria da Sotheby’s de Amsterdam, em 2010, analisou: “E por fim, algo que me toca – sendo o diretor do Museu Van Gogh e lembrando que Vincent van Gogh foi um dos artistas que também lidou com a textura da tinta – eu acho que nas pinturas de Thera, possivelmente, de uma maneira mais tímida, nós podemos também ver – este é uma palavra grandiosa – aquela qualidade táctil, aquela linda estrutura de superfície que é tão instigante e que acrescenta uma dimensão adicional à experiência (…de mergulhar nestas obras)”.

 

 

Até 12 de novembro.

Piza, nova exposição

27/set

Gustavo Rebello Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ,  inaugurou a exposição “Piza”, exposição individual do artista plástico Arthur Luiz Piza. Nessa ocasião, o público terá a oportunidade de conhecer um pouco do ateliê do artista em Paris. A mostra, que é um panorama da produção do artista e apresenta trabalhos de diversas  épocas, desde as colagens em madeira e cartão dos anos 1960, passando pelas aquarelas, os corte e recorte, as cerâmicas de Sèvres, os relevos em metal s/sisal, as tramas em aço galvanizado, até os mais recentes, elementos no espaço.

 

Consagrado internacionalmente, sendo um inventor de linguagens e técnicas, em pintura e gravura, Piza fez sua brilhante carreira na capital francesa, desde o início dos anos 1950, sem nunca perder o contato e as raízes com o seu Brasil natal.Nas últimas cinco décadas, seu ateliê fez parte do roteiro de gerações de artistas, historiadores de arte, museólogos e intelectuais brasileiros. Foi neste espaço, imantado por uma força criativa poderosa, que concebeu e consolidou uma obra singular, densa e provocativa: e se transformou – para uma legião de admiradores como Lygia Clark e Sergio Camargo, de quem foi interlocutor privilegiado no conturbado cenário parisiense dos anos 1960/1970.

 

Aluno nos anos 1940 de Antonio Gomide importante nome do Modernismo brasileiro, Artur Luiz Piza, na qualidade de um dos grandes herdeiros dessa tradição, foi personagem chave nos inúmeros embates que marcaram a arte brasileira nas décadas seguintes, para os quais ofereceu brilhantes respostas, como superação entre o impulso libertário do informalismo e o sentido ordenador do construtivismo, que configuraria sua produção daquele período. Incansável explorador de materiais os mais distintos – do papel tradicional à refinada porcelana, dos nobres metais a inusitados capachos – é responsável por uma produção que se estende de diminutos formatos a generosas estruturas em espaços públicos. Em toda sua obra – Piza foi, e continua sendo no presente, um mágico criador de espaços.

 

Por meio da multiplicidade de linguagens utilizadas ao longo dos mais de sessenta anos de sua carreira, o artista instalou um dialogo entre todas as unidades produzidas, quais notas de uma sinfonia em permanente elaboração, que se articulam, e reverberam incessantemente. Seus mais recentes trabalhos são construções engendradas a partir de diferentes sistemas de redes e molas metálicas, muitas delas exibindo as marcas de uso, e que se revelam como constelações gravitando em um território sem limites, definido não pela extensão, mas pelo tempo. Por um tempo de poéticas construídas por delicadas relações cromáticas, que condensam, qual energia pura, todas as sutilezas da alma humana.

 

“No auge dos seus oitenta anos, Artur Luiz Piza continua, com uma generosidade única, a nos presentear com experiências estéticas fascinantes, que guardam o vigor e uma radicalidade próprios da juventude, ao mesmo tempo em que se distinguem por uma depuração e uma concisão que só a maturidade conquistada é capaz de forjar. Seu compromisso ético com a arte é uma referência inspiradora que nos revela, a cada dia, novos espaços”, descreve Marcelo Mattos de Araújo no prefácio do livro sobre a vida de Piza.

 

 

Sobre o artista

 

Arthur Luiz Piza nasceu em 1928, em São Paulo, onde teve seu primeiro contato com as artes. Nos anos 40, estudou pintura e afresco com Antonio Gomide, um dos grandes nomes da Primeira Geração de Modernistas. Mudou-se em 1951 para Paris, onde passou a trabalhar no estúdio do mestre da gravura Johnny Friedlaender. Piza logo se tornou um especialista em todas as suas técnicas. Abandonou as mais tradicionais e desenvolveu uma técnica exclusiva de gravar nas placas com martelos e cinzéis de diferentes formatos. Entre 1951 e 1963, participou das Bienais de São Paulo; em 1959, da Documenta de Kassel, e em 1966, da Bienal de Veneza, ganhando o prêmio de gravura. Seu trabalho encontra-se nos acervos dos principais museus do mundo, como o Museum of Modern Art (MoMA) e o Guggenheim Museum, em Nova York, a Bibliothèque Nationale de France e o Musée National d’Art Moderne Centre Georges Pompidou, em Paris. No Brasil, seus trabalhos estão no Museu de Arte Contemporânea e no Museu de Arte Moderna, ambos em São Paulo. Em 2002, a Pinacoteca do Estado organizou uma importante retrospectiva e a editora Cosac Naify lançou um catálogo de seus relevos. O artista vive e trabalha em Paris desde 1951.

 

 

Até 21 de outubro.

ArtRio!

21/set

Falta pouco para a sexta edição da ArtRio! A sexta edição da Feira Internacional de Arte do Rio de Janeiro que acontece de 29 de setembro a 02 de outubro, no Píer Mauá, Centro, Rio de Janeiro,  RJ. Participe.

 “Ponto Transição”, na Fundição Progresso

19/set

A exposição “Ponto Transição” do Centro de Artes Visuais da Funarte / MinC, na Fundição Progresso, foi prorrogada até o próximo dia 25 de setembro, domingo. Para marcar o encerramento haverá a palestra “Câmera inversa”, de Paula Trope, na Sala Multiuso, a performance “Atos escultóricos”, do artista Franklin Cassaro, e diversas outras ações performáticas da Galeria Transparente, no foyer do primeiro andar.

 

A mostra reúne trabalhos de mais de trinta artistas e coletivos contemporâneos de diversas linguagens e tendências, com intervenções, poemas visuais, instalações, vídeos, e outras formas de múltipla expressão artística, além de uma intensa programação de performances e conversas abertas ao público. A curadoria artística é de Luiza Interlenghi, Sonia Salcedo del Castillo e Xico Chaves, do Centro de Artes Visuais da Funarte/MinC, e a entrada é gratuita. A exposição está aberta diariamente, das 13h às 22h, transformou a Fundição Progresso no ponto das artes visuais durante os Jogos Paralímpicos. Estarão disponíveis ao público um folder e legendas das obras também com versão em braile.

Pequenas pinturas

 A artista Gabriela Machado passou 20 dias em uma residência artística nos Hamptons, em Nova York, em junho deste ano, onde se propôs a produzir uma pequena pintura a cada dia, inspirada na paisagem ao redor. O resultado deste trabalho será apresentado na exposição “Gabriela Machado – Pequenas Pinturas”, a ser inaugurada no dia 24 de setembro, na Galeria Marcelo Guarnieri, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Junto com os trabalhos produzidos em Nova York, estarão também dez obras da mesma série, feitas no Rio de Janeiro após a residência, mostrando como o lugar influencia no fazer artístico.

 
“As cores mudaram completamente. A luz aqui é mais estourada, então as pinturas possuem cores mais fortes, como o vermelho. Lá, os tons são mais pasteis, a luz é menos intensa e é possível ver mais os detalhes”, explica a artista. Todos os trabalhos são inéditos. Conhecida por suas pinturas em grandes formatos, em que coloca painéis no chão e pinta com movimentos rápidos, andando sobre a tela, em um forte trabalho corporal, Gabriela Machado sempre produziu pequenas pinturas, mas estas foram poucas vezes mostradas ao público. 
 
“A pintura grande é uma projeção do corpo, entender aquela área e ocupá-la. A pintura pequena é mais de observação, de pulso, onde a pincelada define a pintura. A tinta, o fazer, te levam para outro lugar, definem como será aquele trabalho”, explica a artista. 
 
Até 05 de novembro

 

A Missão Artística Francesa

15/set

A Pinakotheke Cultural Rio, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “A Missão Artística Francesa e seus discípulos”, que comemora o bicentenário da chegada Missão Artística Francesa (1816-2016) ao Brasil. Com curadoria de Maria Eduarda Marques e Max Perlingeiro, a mostra reúne pinturas, desenhos, gravuras esculturas, documentos, além de peças de Numismática. São obras raramente vistas, produzidas por artistas que integraram a “Missão”, seus discípulos e também de seu antecessor Nicolas Poussin (1594-1665), cuja pintura em óleo sobre tela “Himeneu travestido assistindo a uma dança em honra a Príapo, 1634-1638”, da coleção do MASP é vista, pela primeira vez, em exposição no Rio de Janeiro.

 

Como sempre nas exposições da Pinakotheke Cultural, a mostra será acompanhada de uma publicação, com as imagens das obras e textos dos dois curadores, e ainda do filósofo, sociólogo e crítico francês Jacques Leenhardt, que recentemente publicou o livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil – Jean-Baptiste Debret” (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), resultado de mais de dez anos de pesquisa.

 

A vinda da “Missão Francesa ao Brasil”é o fato fundamental da história da pintura no século XIX. A corte portuguesa, fugindo à invasão das tropas francesas de Napoleão, sob o comando do general Jean-AndocheJunot (1771-1813), aportou na Bahia no início de 1808, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro. O fato é que a “Missão Francesa” – o grupo de artistas e artífices reunidos por seu líder Joachim Lebreton (1760-1819) – chegou ao Rio de Janeiro a bordo do brigue de três mastros “Calpe”, de bandeira norte-americana, na data de 20 de março de 1816.

 

Um dos destaques da mostra é o quadro de Nicolas Poussin (1594-1665), um dos mestres da pintura francesa, que pertenceu à família real espanhola. O painel de grandes dimensões da coleção MASP, que mede 167cm x 376cm.  A grande surpresa do processo da restauração foi a aparição de um falo ereto na figura central do quadro, o “Príapo”, deus da fecundidade e dos jardins, que sofreu, em séculos anteriores, “repinte de pudor”. A tela “Himeneu travestido assistindo a uma dança em honra a Príapo” mostra o deus grego do casamento, vestido de mulher, em uma dança para Príapo, que costuma ser representado com o falo em perpétua ereção. Sua pintura repercutiu nos pintores neoclássicos dos séculos XVII ao XIX. Considerado fundador do classicismo francês, Poussin influenciou todo o classicismo europeu, em especial a arte de Jacques Louis David, que adotou o rigor formal de suas composições. David acrescentou o sentido da virtude revolucionária ao ideal clássico de Poussin. Os artistas franceses que integraram a chamada “Missão Artística” de 1816, formados nos cânones do neoclássico, e contemporâneos de David, eram filiados à arte de Poussin, que lhes serviu de referência estética.

 

A exposição terá, ainda, obras de artistas da Missão Francesa, como Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), Jean Baptiste Debret (1768-1848), Auguste Taunay (1768-1824), Auguste Grandjean de Montigny (1776-1850), Charles-Simon Pradier (1783-1847), Marc Ferrez (1843-1923), ZépherinFerrez (1797-1851), Hippolyte Taunay (1793-1864), Adrien Taunay (1803-1828), Félix Émile Taunay (1795-1881). Completam a mostra pinturas feitas pelos discípulos da Missão Francesa, como August Muller (1815-1883), Charles-Simon Pradier (1783-1847), Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879) e Simplício Rodrigues de Sá (c. 1800-1839).

 

As obras que compõem a exposição pertencem a importantes coleções públicas e particulares do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Ceará, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Instituto Moreira Salles, o Museu Dom João VI, e o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, Museu Imperial, em Petrópolis, Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza, o Instituto São Fernando, em Vassouras, no Estado do Rio, e a Coleção Hecilda e Sergio Fadel, no Rio de Janeiro.

 

 

Sobre Max Perlingeiro

 

Editor e empresário no setor cultural. Nasceu no Estado do Rio de Janeiro, em 1950, graduando-se em Engenharia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1973) e Engenharia de Segurança pela Escola de Engenharia da Universidade do Brasil (1974). Organizou diversas exposições de arte no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília, Londres, Lisboa, Buenos Aires e Paris. Em 1980, criou a primeira editora especializada em livros sobre arte brasileira no país – Edições Pinakotheke, cujas publicações têm conquistado premiações nacionais como o Prêmio Jabuti (Câmara Brasileira do Livro), Prêmio Gonzaga Duque (Associação Brasileira de Críticos de Arte), Prêmio de Literatura (Instituto Nacional do Livro) e Prêmio Triomus (Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus). As publicações educacionais voltadas para o público infantil recebem a chancela de “altamente recomendável”.

 

Nessas três décadas à frente da Pinakotheke, planejou empresarialmente projetos culturais como “História da Pintura Brasileira no Século XIX” (Vera Cruz Seguradora e Fundação Roberto Marinho), “Seis Décadas de Arte Moderna – Coleção Roberto Marinho” (Fundação Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, Fundação Gulbenkian, em Lisboa, e Ministério das Relações Exteriores, em Buenos Aires), “Pintores alemães no Brasil durante o século XIX” (Siemens S/A, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte), “Portinari em Londres”, comemorativa do centenário de nascimento de Candido Portinari, “José Pancetti, marinheiro, pintor e poeta”, “Alberto da Veiga Guignard”, “Emiliano Di Cavalcanti”, “Bruno Giorgi”, comemorativa do centenário de nascimento do artista, “Antonio Bandeira”, “Lasar Segall, Corpo Presente”, Franz Weissmann”, comemorativa do centenário de nascimento do artista, e mais recentemente, “ManabuMabe – obras dos anos 1950 e 1960” e “Arte Contemporânea Brasileira dos anos 1950 aos dias atuais”.

 

Integrou o conselho curador da Coleção Roberto Marinho, da Coleção Cultura Inglesa, e o conselho consultivo do Museu Nacional de Belas Artes. Atualmente integra também o conselho das instituições Paço das Artes e Museu da Imagem e do Som de São Paulo, ligados à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, e o Instituto Lina e Pietro Maria Bardi, em São Paulo. Hoje, dedica-se com exclusividade à gestão da empresa Pinakotheke Cultural, que inclui três sedes: Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza. É especialista na administração de relevantes coleções particulares no Brasil. Tem participado de debates e conferências sobre Editoração (Bienal do Livro, em São Paulo), Direitos autorais (ECAD) e especialmente sobre seguro de obras de arte (Instituto de Resseguros do Brasil), área na qual tem prestado consultoria a seguradoras e museus oficiais. Em 1989 foi condecorado com o título de Cavaleiro da Ordem de Rio Branco, por relevantes serviços prestados à cultura brasileira, pelo Ministério de Relações Exteriores do Governo Federal.

 

 

 

De 22 de setembro a 26 de novembro.

OLHO : Vídeo arte

A mostra “OLHO video art cinema”, em sua segunda edição, que apresenta: Território não Mapeado / Uncharted Land, apresenta 16 obras de artes em vídeo de artistas brasileiros e internacionais. Com entrada gratuita, a Cinemateca Brasileira (SP), o Cine 104 (BH) e a Cinemateca do MAM (RJ) recebem mostra de artistas contemporâneos brasileiros e internacionais.

 

A segunda edição da mostra, “OLHO video art cinema”, acontece na Cinemateca Brasileira em São Paulo (nos dias 29, 30 de setembro e 01 e 02 de outubro), no Cine 104 em Belo Horizonte (nos dias 06, 07 e 08 de outubro) e no Rio de Janeiro (nos dias 17, 18 e 19 de outubro) trazendo uma seleção de filmes de artistas hoje relevantes para a Arte Contemporânea.

 

São eles (nome, país e número de títulos na Mostra): Ana Vaz (BR, três títulos), Anri Sala (AL, um título),Basim Magdy (EG, dois títulos), Ben Rivers (EN, três títulos), Graeme Arnfield (EN, dois títulos), Fiona Tan (RI, um título), Letícia Ramos (BR, um título), Mihai Grecu (RO, dois títulos), Shingo Yoshida (JP, um título) e Yael Bartana (IS, um título).

 

A mostra, que apresenta 16 títulos que abrangem o período de produção dos autores entre os anos de 2003 e 2016, tem curadoria de Alessandra Bergamaschi (graduada em Comunicação pela Universidade di Bolonha, doutoranda em História da Arte pela Puc-Rio) e Vanina Saracino (MFA em Estética e Teoria da Arte Contemporânea na Universidade Autônoma de Barcelona, UAB, curadora do canal de arte IkonoTV, Berlim, Alemanha), criadoras, em 2013, do coletivo cultural OLHO, projeto que pretende tornar-se uma plataforma criativa e crítica para os profissionais que estão refletindo sobre o estatuto da obra de arte a partir da imagem em movimento.

 

“Olho – video art cinema” busca apresentar ao público uma mostra internacional  que explora as possibilidades oferecidas pelo cinema como espaço de recepção para a videoarte.