Rochelle Costi na Anita Schwartz

15/set

A celebrada artista Rochele Costi vai ocupar a Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, com trabalhos inéditos, desenvolvidos a partir de uma instalação apresentada recentemente na 20ª Bienal de Arte Paiz, na Guatemala. A exposição denominada “Contabilidade”, é a nova mostra de Rochelle Costi, artista nascida em 1961, em Caxias do Sul, RS, e radicada em São Paulo. Os trabalhos ocuparão todos os espaços expositivos da galeria, no térreo e no terceiro andar, na maior individual de Rochele Costi na cidade. O texto crítico é de Bernardo Mosqueira.

 

Em mais de trinta anos de trajetória, com presença em exposições importantes como o Panorama da Arte Brasileira (1995), VI e VII Bienal de Havana (1997, 2000), II Bienal de Fotografia de Tóquio (1997), XXIV e XIX Bienal de São Paulo (1998 e 2010), II Bienal do Mercosul (1999), Bienal de Pontevedra (2000) e Bienal de Cuenca (2009), Rochelle Costi só fez duas mostras individuais no Rio de Janeiro.

 

Nesta exposição, sua primeira individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, Rochelle Costi optou por retomar a instalação homônima elaborada no início de 2016 para a 20ª Bienal de Arte Paiz, na Cidade de Guatemala, além de reunir um conjunto de trabalhos inéditos formado por um tríptico fotográfico, um vídeo, a ser projetado na grande parede do térreo da galeria, com onze metros de comprimento e mais de sete metros de altura, um GIF e uma instalação de parede formada por mais de 200 corações de diversos materiais e origens, coletados pela artista nos últimos 23 anos.

 

A instalação “Contabilidade”, que é composta por um vídeo, cinco fotografias em grande formato e dezenas de bolas de borracha feitas artesanalmente, nasce exatamente da fascinação da artista pela cultura popular. Nesse caso, a instalação foi desenvolvida a partir de uma vivência na Cidade de Guatemala. Nos trabalhos de Rochelle Costi podemos perceber um interesse recorrente sobre a diversidade das “formas de mostrar” da cultura popular. Bernardo Mosqueira destaca que “muitas vezes, suas obras são a transposição para o contexto institucional da arte contemporânea das soluções expositivas do repertório popular”. “No caso de ‘Contabilidade’, não apenas a diversidade dos objetos da cultura tradicional local pode estar fadada ao fim ou à adequação ao gosto dos turistas consumidores diante da globalização, mas também a forma singular de expor os objetos pode ser transfigurada. Mais uma vez, está presente a pesquisa da artista sobre a relação entre a representação e a ação do tempo sobre as identidades, mas essa série de fotos nos faz lembrar, também, que o trabalho de Costi é muito ligado ao interesse na experimentação das formas de expor e de ocupar o espaço”, destaca ele.

 

O crítica explica que “o interesse de Rochelle Costi pelo humano, e por aquilo que ele escolhe para lhe cercar, se manifesta não apenas nos resultados de seus trabalhos, mas, também, na importância do colecionismo para a dinâmica de seu processo criativo”. “A artista, desde a infância, coleta objetos do mundo, organizados em conjuntos definidos por complexidades das mais variadas, e permite que eles a cerquem até o dia em que se transformam em outras coisas, outros grupos, ou em trabalhos”. Foi assim que nasceu “Coleção de artista”, o conjunto de corações presente na exposição “Contabilidade”, em construção há mais de 23 anos. “Há algo muito singular sobre este trabalho: o coração, que todo humano carrega dentro de si, é provavelmente o símbolo mais prolífica e diversamente representado. A força dessa coleção está no fato de que, ao mesmo tempo em que cada um deles pode representar a unidade humana, pode representar também aquilo que nos une uns aos outros”, observa Bernardo Mosqueira.

 

 

Sobre a artista

 

Uma das mais respeitadas do cenário contemporâneo, Rochelle Costi tem forte presença em mostras no Brasil e no exterior, sendo bastante atuante no circuito artístico internacional. Alguns destaques dessas mostras foram a individual “Reprodutor”, realizada este ano paralelamente à exposição “Double Take: Drawing and Photography”, na The Photographers’ Gallery, em Londres, e suas participações em diversas edições de Bienais: 20ª Bienal de Arte Paiz, Ciudad de Guatemala (2016); 29ª Bienal Internacional de São Paulo (2010); X Bienal de Cuenca, Equador (2009); I Bienal del Findel Mundo, Ushuaia, Argentina (2007); Rede de Tensão: Bienal 50 Anos. Fundação Bienal de São Paulo (2001); VII Bienal de La Habana; XXVI Bienal de Pontevedra, Espanha; Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 anos. Fundação Bienal de São Paulo; Bienal Internacional de Fotografia da Cidade de Curitiba (2000); II Bienal do Mercosul, Porto Alegre (1999); XXIV Bienal Internacional de São Paulo; II Tokyo Photography Biennale, Metropolitan Museum of Photography, Tóquio e  VI Bienal de La Habana, Havana (1998). Em 2010 foi premiada com uma residência artística na WBK Vrije Academie, em Gemak, Holanda, e seu trabalho integra importantes coleções, como Caixa Geral de Depósitos, Lisboa; Centro Gallego de Arte Contemporáneo, Santiago de Compostela, Espanha; Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA; Coleção Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brumadinho, Minas; Coleção Itaú, São Paulo; Fonds National d’Art Contemporain, Marselha, França; Fundación Arco, Madri; Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig, Viena; Museum of Latin American Art, Long Beach, EUA; San Diego Museum of Contemporary Art, La Jolla, EUA; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand; Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

 

 

De 21 de setembro a 03 de dezembro.

Marcone Moreira no Paço Imperial

14/set

A primeira exposição individual de Marcone Moreira, em uma instituição cariocareúne conjunto representativo de sua obra. Azuis, vermelhos, amarelos, verdes, brancos desbotados, prata. Lado a lado, empilhados ou formando ângulos retos. Uma explosão de vida no pátio do Paço Imperial, Centro, Praça XV de Novembro, Rio de Janeiro, RJ. É “Visualidade Ambulante”, trabalho impregnado de histórias e significados, a obra que inicia o percurso da mostra de Marcone Moreira, como um cartão de visitas anunciando uma de suas principais características: a ressignificação de objetos do cotidiano.

 

A curadoria é de Moacir dos Anjos e configura um recorte preliminar de cerca de dezanos da carreira do artista, incluindo projetos dos anos 2000 até sua mais recente produção,“Território”, trabalho feito especialmente para a mostra. Na obra inédita, Marcone reúne quatro porteiras de fazendas, de quatro diferentes regiões do Brasil, promovendo o encontro delas para que juntas delimitem um novo espaço.

 

– Nessa exposição, o artista reafirma as questões que o inquietam desde o início da carreira:o antagonismo entre o local e o global, o popular e o erudito, o poder econômico e a desigualdade social – revela o curador. Moacir destaca ainda que as obras de Marcone lançam um olhar sobre as tensões do Brasil de hoje, desigual e conflituoso, com marcantes oposições como o direito de propriedade e o direito do trabalho.

 

As características apontadas pelo curador estão evidenciadas logo no espaço anterior à primeira sala da exposição, onde dois porretes detrabalho estão pendurados por uma corda. São instrumentos profissionaiscoletados no Rio de Janeiro e no interior do Maranhão. O primeiro, de borracha, usado para bater em peixe nas feiras urbanas; o segundo, de madeira, indispensável para a extração do babaçu.

 

– Para Marcone não é necessário fazer; ele se apropria de formas de objetos existentes e nos reapresenta de outra maneira. Com seu filtro artístico, nos leva a olhar objetos com que nos deparamos no diaadia como se fosse pela primeira vez – ressalta o curador.

 

Um barco fatiado, estendido ao longo do piso, exibe a visualidade amazônica do artista na primeira sala expositiva. Essa estrutura horizontal traz uma das marcas mais identificáveis da obra de Marcone, as peças em madeira de embarcação apresentadas com um conceito ambíguo de meio de transporte e labuta. As obras com madeira de carrocerias de caminhão também estão na exposição: pedaços regulares e muito semelhantes compõem uma variedade gráfica e pictórica, como uma grande grade vertical, que também faz referência ao mundo do trabalho.

 

– A ideia é reunir um conjunto significativo e representativo da diversidade de meios que venho explorando nos últimos anos, além das peças mais reconhecíveis da minha carreira, como as esculturas em madeiras de embarcações, e um conjunto de peças com madeiras de carroceria de caminhão, material que volto a usar depois de uma experiência no interior de Goiás ano passado. Vídeo e fotografia também fazem parte da mostra – diz o artista.

 

No vídeo “Horizonte de ferro”, 2014, Marcone revela imagens antagônicas do homem e da máquina, onde a estrutura de poder rasga a paisagem – a linha férrea que escoa a produção de minério de Carajás é também peça fundamental no constante fluxo migratório entre os estados de Maranhão e Pará.

 

O díptico fotográfico “Ausente presença”, na última sala, é a obra mais contundente da mostra. De um lado, imagem de pés esculpidos em barro dentro da lama; do outro, texto memorial com os nomes dos 19 trabalhadores mortos pela Polícia Militar do Pará, na chacina de Carajás, em 1996.

 

A exposição Marcone Moreira tem o patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura, através do Programa de Fomento à Cultura da Prefeitura do Rio – Viva a Arte! 2015.

 

 

 

De 21 de setembro a 20 de novembro.

Picasso na Caixa Cultural/Rio

09/set

O Instituto Tomie Ohtake, a CAIXA Cultural Rio de Janeiro, Arteris e IRB BRASIL RE, apresentam no Rio de Janeiro, Centro, RJ, nas Galerias 2 e 3, a exposição “Picasso: mão erudita, olho selvagem”, com 138 obras, entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, cerâmicas e fotografias pertencentes ao MuséeNational Picasso-Paris. Organizada pelo Instituto Tomie Ohtake em conjunto com o Musée National Picasso-Paris. A exposição tem curadoria de Emilia Philippot, também curadora da instituição francesa.

 

As obras traçam um percurso cronológico e temático em torno de conjuntos que seguem as principais fases de Pablo Picasso, nascido em Málaga, Espanha, em 25 de outubro de 1881, e morto em Mougins, França, em 8 de abril de 1973. A exposição percorre sua trajetória desde os anos de formação, com o óleo sobre tela “L’Homme à lacasquette” (1895), até os últimos de produção, como na gravura em metal “Couple: femme et hommechien. Avecfemme à lafleur” (1972). O patrocínio é da Arteris e IRB BRASIL RE, com apoio da CAIXA, da Prosegur e da Repsol Sinopec Brasil, realizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet).

 

 

 

A exposição

 

 

A exposição com mais de 130 obras do gênio da arte do século XX esteve em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, onde foi sucesso de público e crítica, possibilita uma rara imersão do público no universo do artista espanhol, que viveu grande parte de sua vida na França. Das 138 obras, 109 são de Picasso: 27 pinturas, 42 desenhos, 20 gravuras e 20 esculturas, incluindo 12 cerâmicas, em sua quase totalidade nunca vistas no Brasil. Também integram a mostra 22 fotografias feitas por AndresVillers (1930-2016) em parceria com Picasso, e três fotografias feitas por Pierre Manciet durante as filmagens de “La viecommencedemain” (1949), de Nicole Védrès, no ateliê do artista em Fournas, Vallauris, na França. O filme, de 89 minutos, também poderá ser visto pelo público, junto com dois outros: “Guernica” (1950), de Alain Resnais e Robert Hessens, com 13 minutos, que aborda a obra-prima de Picasso, entre pinturas, desenhos e esculturas feitas por ele entre 1902 e 1949; e “Le Mystère Picasso” (1956), de Henri-Georges Clouzot, com 78 minutos, que revela seu processo criativo.

 

A curadora EmiliaPhilippot destaca o fato de que as obras expostas revelam para o público a ligação íntima e pessoal que alimenta toda a produção de Picasso, presente nos retratos íntimos da mãe do artista ou de seu primeiro filho, Paul, na celebração apaixonada da sensualidade feminina de Marie-Thèrèse Walter, e nas denúncias intransigentes dos males causados pelos conflitos contemporâneos, da Guerra Civil Espanhola ou da Ocupação da França pelas tropas alemãs. “Escolhemos aproveitar o caráter específico da coleção para esboçar um retrato do artista que questiona sua relação com a criação, entre fabricação e concepção, implantação e pensamento, mão e olho”, afirma EmiliaPhilippot. Estão presentes nos trabalhos as experiências vividas por Picasso. “Os laços afetivos do amante, as dúvidas do homem, as alegrias do pai de família, os compromissos do cidadão: tudo se introduzia em sua arte”, completa.

 

Uma característica importante da exposição é que o acervo é composto por obras selecionadas e mantidas pelo artista ao longo de sua vida. São trabalhos que estiveram ao seu lado e pertencem ao MuséeNational Picasso-Paris, um dos mais importantes do mundo sobre o artista, formado por doações sucessivas dos herdeiros do pintor, em 1979 e 1990.

 

 

 

Percurso da exposição

 

 

As obras estão dispostas de acordo com um roteiro cronológico e temático, em dez seções: “O primeiro Picasso. Formação e influências (por volta de 1900)”; “Picasso exorcista. As senhoritas de Avignon (processo da geometrização das formas)”; “Picasso cubista. O violão (relação com a música)”; “Picasso clássico. A máscara da antiguidade (a maternidade, o teatro e a dança)”; “Picasso surrealista. As banhistas”; “Picasso engajado.Guernica (estudos da obra, fotos e foco na apresentação da tela em 1953 no Brasil/ 2ª Bienal de São Paulo)”; “Picasso na resistência. Interiores e vanitas (processo de trabalho durante a guerra, vida doméstica e vaidades)”; “Picasso múltiplo. A alegria da experimentação (da cerâmica ao fotograma)”; “Picasso trabalhando. O Mistério Picasso (a magia de seu processo criativo na pintura)”; e “O último Picasso: o triunfo do desejo (erotismo em todos seus estados)”.

 

 

 

Sobre EmiliaPhilippot

 

 

EmiliaPhilippot é diplomada pela Écoledu Louvre e especializada em conservação do patrimônio pelo Institutnational Du Patrimoine (Paris). Foi gerente de projeto na RéuniondesMuséesNationaux, Paris (2007 e 2009), onde organizou a exposição “Le grand monde d’Andy Warhol”, nas Galeriesnationalesdu Grand Palais (2009). Foi responsável pelas coleções de artes decorativas, artesanato e design industrial no Centre nationaldesArtsPlastiques (Paris), entre 2010 e 2012, coordenando a exposição “Liberty, EqualityandFraternity”, no WolfsonianMuseum (Miami), em 2011. Responsável pela segmento de artes gráficas e pinturas do MuséeNational Picasso-Paris desde 2012, Philippot preparou a reabertura do museu e organizou importantes mostras como “¡Picasso! L’expositionanniversaire no MuséeNational Picasso-Paris” (2015); “Picasso chez Delacroix no MuséeNationalEugéneDelacroix” (Paris 2015); “MiquelBarceló, Sol y Sombra”, no MuséeNational Picasso-Paris (2016), e está desenvolvendo a exposição “Histoires d’Olga – Filtres de l’Histoireauprès de Picasso”, no MuséeNational Picasso-Paris prevista para março de 2017.

 

 

 

Até 20 de novembro.

Manoel Novello no IBEU

08/set

A Galeria de Arte IBEU, Copacabana, Rio e Janeiro, RJ, apresenta “Copacabana”, exposição individual de Manoel Novello, artista selecionado através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra tem curadoria de Cesar Kiraly e reúne seis pinturas de grandes dimensões, fotografias, desenhos e instalação, explicitando o diálogo que Manoel Novello estabelece com a cidade que vivencia e aprofundando as relações entre sua pintura, a arquitetura, o espaço urbano e a orla marítima.

 

As pinturas de Manoel Novello são criadas a partir de um processo de construção e reconstrução de diagonais, horizontais e verticais: sobrepondo linhas coloridas compostas como se fossem música, evidenciando planos e criando a noção de profundidade. Ao longo da elaboração de uma tela, linhas e cores são apagadas, substituídas por camadas que as cobrem, assim como ocorre com os prédios, ruas e praças de uma cidade ao longo dos anos. Há dezenas de pinturas sob a pintura de Novello, infinitas paisagens soterradas por novas cartografias, fluxos e volumetrias. Na Galeria IBEU, as seis pinturas se referem à situação urbana do bairro de Copacabana, especificamente, o que destaca as conexões entre as obras.

 

“A cidade é uma das vias buscadas por Novello. Nisso, torna explícito que seu abstrato é impuro, disperso na experiência. Ele é paisagem íntima perdida nas amplitudes das sensações que o distraimento nos permite. Por isso, a abstração do Novello remete tão fortemente à vida comum”, afirma o curador  Cesar Kiraly.

 

Esta é a segunda vez que o artista apresenta, além das pinturas, fotografias e desenhos. Esses trabalhos colaboram no entendimento da visualidade. “Copacabana” se completa com uma instalação feita em fios coloridos de algodão, remetendo a uma paisagem marítima, próxima à galeria, que já se perdeu no crescimento urbano.

 

 

 Sobre o artista

 

Manoel Novello participou da Bienal de Curitiba de 2011 e Arte Pará 2010, e essa será sua 4ª exposição individual. Recentemente produziu um site specific para o Jardim do Museu da República, dentro do programa “Ocupa Coreto”, Galeria do Lago, com curadoria de Isabel Portella. É representado no Rio de Janeiro pelo Escritório de Arte Gaby Indio da Costa.

 

 

De 14 de setembro a 21 de outubro.

Ponto Transição

31/ago

O Centro de Artes Visuais da Funarte / MinC realiza, a exposição “Ponto Transição”, que reúne trabalhos de 30 artistas e coletivos contemporâneos de diversas linguagens e tendências, articulados em um circuito de espaços no interior da Fundição Progresso. As obras foram selecionadas pelos curadores artísticos Luiza Interlenghi, Sonia SalcedodelCastillo e Xico Chaves, do Centro de Artes Visuais da Funarte/MinC, a partir do grande universo de artistas que participaram nos últimos doze anos de editais da instituição, em um amplo processo de mapeamento da produção de artes visuais que envolveu críticos de todo o país. “Ponto Transição” integra a programação cultural dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro, e os trabalhos expostos compreendem intervenções urbanas, poemas visuais, fotografia, audiovisuais, videoinstalações, esculturas, objetos, trabalhos de coletivos artísticos e outras formas de múltipla expressão.  Haverá ainda uma intensa programação de performances e conversas abertas ao público, com artistas e pensadores.

 

Muitas obras foram feitas especialmente para esta exposição, como é o caso dos artistas Alex Hamburger, Alexandre Dacosta, Ana Muglia, Franklin Cassaro, Helena Trindade, Hugo Houayek, João Modé, Raul Mourão, Ricardo Basbaum, com João Camillo Penna, Thomas Jeferson, Coletivo Vade Retro Abacaxi, Valéria Costa Pinto, Victor Arruda e Wlademir Dias-Pino, com Regina Pouchain. Outros artistas irão recriar trabalhos emblemáticos, como Ana Vitória Mussi, Armando Queiroz, Chang Chi Chai, Eduardo Coimbra, Elisa de Magalhães, Irmãos Guimarães, Marcio Zardo, Marcos Bonisson, Marcos Chaves, Martha Niklaus, Ricardo Aleixo, Ronald Duarte, Suzana Queiroga, Tchellod`Barros e Tina Velho. A Galeria Transparente, projeto com curadoria de Frederico Dalton, terá um território na exposição para uma programação própria de performances, com os artistas Nivaldo Carneiro, TetsuoTakita, Rodrigo Munhoz, Pedro Paulo Domingues, Helena Wassersten, Crioulos de Criação, Coletivo S.T.A.R., Clarisse Tarran& Edu Mariz, Monica Barki, Lilian Amaral e André Sheik.

 

Para Xico Chaves, diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, “…a exposição traduz um momento de transição das artes visuais, que o Brasil representa bem”. “Estamos em uma transição mundial, global. As artes visuais estão acolhendo experimentações que não podem ser realizadas no campo de outras linguagens. Nas artes visuais essas manifestações encontram uma liberdade e um espaço de concepção e amplitude irreversíveis”, afirma. “Neste momento de transição, você vai encontrar uma diversidade múltipla, e não uma sequência de performances similares”. Ele destaca que a Funarte “tem como função estimular o que não está no mercado”. “Institucionalmente tem que atender a esses processos de experimentação”.

 

“Ponto Transição” também coloca em evidência o trabalho curatorial. Xico Chaves acentua que “esta é uma oportunidade de trazer a curadoria de volta à instituição, que conta com profissionais altamente qualificados”. “A Funarte criou um campo de expansão permanente, aceleradíssimo, em que foi tudo incorporado: poesia visual, performances, intervenções urbanas, coletivos, uma nova abordagem sobre o objeto, novas tecnologias, obras que não se classificam de uma forma só, sem excluir as expressões artísticas convencionais.

 

 

 

Arte em campo instável

 

Luiza Interlenghi situa a exposição em um recorte da arte em campo instável, área que pesquisa há quatro anos. “Buscamos mostrar as poéticas de artistas que se posicionam em uma transição, entre espaços tradicionais da arte e os não artísticos, galerias e ruas, subvertendo a relação do trabalho com as instituições”, explica. “Outra discussão que está presente em trabalhos de vários artistas é a liquidez de fluxo, de sociedade de transição, de uma cultura movente, que demanda sempre um posicionamento individual a cada momento”. Ela ressalta que esta é uma discussão já travada nas ciências sociais por ZygmuntBauman e Anthony Giddens, mas “que permite um olhar para esta produção contemporânea que lida com este fato de uma maneira poética, lúdica, às vezes crítica”. “A curadoria acolheu a transição, os processos, as linguagens dos artistas, e dialogou com o espaço da Fundição. Vai haver um espaço de reflexão, de conversa, de estar, uma sala multiuso, com vídeos, publicações de arte, disponíveis para o público”, destaca.

 

 

Poesia expandida

 

Sonia Salcedo acentua que as obras da exposição lidam com essa questão da arte fora do cubo hermético, branco. “Buscamos reunir elementos das artes visuais que tratassem desse aspecto, esta confluência dessas linguagens mais transitórias, que deu origem a esta proposta de ‘Ponto Transição’, ao invés de objetos de arte convencionais”. Ela acentua que a expografia não será apenas uma arquitetura expositiva, e sim “uma extensão, no espaço, do conceito curatorial”. “A exposição lida com essas camadas de um processo de hibridização da arte, no qual as categorias, os modos antes evocados para uma classificação, essas barreiras são destituídas, desmoronam, e nos estilhaços há uma migração de linguagem, meios, suportes, em que se encontra um terreno muito profícuo da poesia expandida, que é pra onde converge meu entendimento do fazer curatorial”, explica. Ela acrescenta que a curadoria buscou “familiarizar o espaço com a poética que cada artista está desenvolvendo”. “Não existe um roteiro, uma circulação linear”, diz.

 

 

De 1º a 18 de setembro.

13º ano da Gentil Carioca

Em sua quarta exposição individual na galeria A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, o artista Thiago Rocha Pitta exibe ao público os afrescos e vídeos da série “Mapas temporais de uma terra não sedimentada”, onde se vê o registro do desenvolvimento independente, exceto por ligeiras intervenções do artista, dos movimentos diversos de terrenos erodidos e variados. Estes registros são característicos do trabalho do artista que estimula a observação e reflexão dos elementos naturais.

 

A exposição conta ainda com “A Parede Gentil” que assinada pela artista Lenora de Barros apresentando a obra “XÔ DOR” e o lançamento da 68° edição da “Camisa Educação”, por Leonardo Lobão (Ateliê Gaia / Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea).Durante a abertura da exposição a galeria A Gentil Carioca comemora seu 13° ano prazerosamente ao lado dos parceiros, amigos, colecionadores e amantes da arte em geral que acompanham sempre e cada vez mais sua marcante trajetória cultural.

 

 

Sobre o artista

 

Formado em Pintura pela Escola de Belas-Artes da UFRJ, em 2003, frequentou diversos cursos livres na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage. Hoje com obras nos museus como MoMA em Nova York, Thyssen-BornemiszaArtContemporary em Viena e HaraMuseum em Tóquio.

 

 

De 03 de setembro a 08 de outubro.

Vergara exibe fotografias

30/ago

Na Galeria Marcia Barrozo do Amaral

26/ago

Wilson Piran costuma destacar a riqueza visual da geometria, cuja simplicidade não elimina a intensidade e o encantamento. O artista costuma impactar o visitante fazendo-o refletir sobre a necessidade de recuperar o lúdico e a alegria na arte. Com a série “Volúpias”, Piran comemora 40 anos no cenário da arte contemporânea em mostra inédita na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Copacabana, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, com abertura marcada para o dia 13 de setembro. O dicionário define “Volúpia” como o grande prazer dos sentidos e sensações, formas e cores, e é o que Piran vem buscando através de esculturas em aço inox, produzidas com corte a laser, que vem sendo estudadas por ele há alguns anos. Em cores primárias e em aço inox aparente, as 14 peças permitem explorar possibilidades, sem uma posição definitiva.

 

 

Ao longo desse percurso o artista realizou sucessivas pesquisas de materiais, tais como papel, decalques, madeira, tecidos, purpurinas, acrílico, entre outros, apresentando trabalhos de caráter conceitual, mas sempre aliados à matéria. Com estes trabalhos participou de várias exposições coletivas e individuais, recebeu prêmios e tem obras incluídas em coleções importantes, tais como a coleção Gilberto Chateaubriand, coleção Luiz Chrysostomo de Oliveira e a coleção Randolfo Rocha. “Constelação”, obra que integra a coleção Gilberto Chateaubriand no MAM RJ, é emblemática desse período e apresenta nomes dos principais artistas brasileiros, realizados em madeira recoberta de purpurina, num verdadeiro work in progress, pois vem ao longo dos anos incorporando nomes de artistas das novas gerações. “Constelação” foi exposta pela primeira vez, na sua forma original, em 1982, na galeria de Marcia Barrozo do Amaral.

 

 

Novas pesquisas levaram o artista a explorar o papel cartão e o plástico poliestireno, com recortes, dobras e curvas que se entrelaçam em formas sinuosas e sensuais. “Senti a necessidade de procurar um material mais resistente que me permitisse realiza-los de forma mais estruturada. Surgiu o aço inox, e através dele venci o desafio de realizar formas maleáveis, apropriadas para o jogo visual pretendido, de exploração das sinuosidades, dos volumes, dos espaços vazios, das cores”, conta Wilson Piran.

 

 

A palavra do crítico

 

“Artista com forte influência da pop art, Piran acrescenta sensualidade, comunicação e encantamento nessa trigonometria provocante; seus objetos se deslocam diante do nosso olhar, brincam, dançam, tremulam repletos de musicalidade. Curvas niemeyerianas, bichos e trepantes, farfalhantes, eles abraçam o universo popular, cestarias, fuxicos, alma barroca popular brasileira. E assim eles se apresentam ao público: retratos do Brasil, sofisticados e simples, concretos e misteriosos, prenhes de beleza e sedução, brinquedos encantados que traduzam a nossa formação mestiça. E se, hoje, a arte não se proclama mais como a voz da transformação, esses recentes trabalhos de Wilson Piran colaboram para a realização de um presente mais sensível, bonito e verdadeiro”, destaca Marcus de Lontra Costa, que assina o texto da mostra.

 

 

De 13 de setembro a 15 de outubro.

Abaporu, até o dia 30

 

A célebre obra de Tarsila do Amaral, “Abaporu”, está na exposição “A cor do Brasil”, no MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro, Centro, Rio de Janeiro, RJ, que apresenta percursos, inflexões e transformações da cor na história da arte brasileira. A cor é apresentada como projeto nos pintores viajantes dos séculos XVIII-XIX, nas investigações acadêmicas, nas experimentações modernas, nos projetos construtivos, nas radicalizações da forma dos anos 1960/70, nas explosões de cor dos anos 1980 e da atualidade. A curadoria traz a as assinaturas de Paulo Herkenhoff e Marcelo Campos.

Fabiano Al Makul na Galeria Um

25/ago

A Galeria Um, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, realiza a exposição “Caderno de Anotações”, individual do artista paulistano Fabiano AlMakul, com séries inéditas de fotografias dentro de sua pesquisa de cor, agora dedicada aos tons de laranja, azul-marinho e lilás, além do preto e branco.Serão mostradas três séries de fotografias dentro de sua pesquisa sobre cor, que atua como elemento de conexão de diferentes assuntos, como detalhes arquitetônicos, paisagens, objetos, texturas, cenas urbanas, entre outros. O artista cria conjuntos em média com 16 pequenas obras – os “polípticos” – que têm a predominância de uma só cor. Os diversos tons e materiais fotografados, agrupados como se fossem um grande quadro, levam o espectador a criar um ritmo com o olhar, que se detém em um detalhe e a seguir é atraído por outro. Na exposição estarão polípticos nas cores laranja, azul-marinho e lilás, em um total de cerca de 50 imagens.

 

Outro interesse do artista, a fotografia em preto e branco, também será exposto em “Caderno de Anotações”, com o registro de cenas do cotidiano caracterizadas pela simplicidade, e ricas em sombra e luz.  Serão 17 fotografias agrupadas em três polípticos: “Conflito”, “Caminhos” e “Elos”. Outras sete fotografias da série “Minha alma” serão exibidas separadamente.

 

 

Economista de formação, graduado pela FAAP, Fabiano Al Makul normalmente fotografa com câmeras digitais, mas não hesita em utilizar o celular quando está sem elas, e vê algo que o atrai. Independentemente da ferramenta que tem à mão, é fiel ao impacto do primeiro olhar. “É difícil encontrar novamente o mesmo ângulo”, diz. Reconhece que seu comportamento é quase compulsivo, por estar sempre ligado no que vê, e ser atraído por cenas na cidade a ponto de se desviar do caminho.  “Alguém deixa um paninho amarelo pendurado em uma porta turquesa, em um horário em que a luz está especial, e, pronto! A cena com alma está formada. A isso eu chamo de poesia do gesto”, explica. Ele conta ainda que às vezes está com uma série pronta, mas depara com novas situações que muitas vezes são inseridas no conjunto, e até modificam o contexto da obra. À medida que fotografa, vai delineando seu trabalho. A seleção se dá depois, entre dezenas de fotografias.

 

O título da exposição vem da definição dada por um amigo, o também fotógrafo Lucas Lenci, sobre o processo criativo de Fabiano AlMakul. “O Lucas sintetizou de maneira brilhante a melhor definição que alguém já deu de meu trabalho”, diz o artista. Além disso, foi no registro de um texto de rua, de autor desconhecido, a quem chama de “Curador do Acaso”, que encontrou a surpreendente leitura deste “Caderno de Anotações”.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nasceu em 1973, na cidade de São Paulo, Brasil, onde vive e trabalha. Formado em Economia pela FAAP, em São Paulo, Fabiano Al Makul fez sua primeira exposição individual, “Elementos em Cor”, em 2013, onde mostrou sua pesquisa pela cor, a partir de elementos de cenas simples, cotidianas, ou mesmo em um espectro mais amplo. No mesmo ano, sua obra “Dona Tereza da Mangueira” se destacou na mostra coletiva “Mail ArtCupcake”, realizada no MuBE, em São Paulo, onde retrata outra de suas grandes paixões, a alma da velha guarda do samba. Em 2015, realizou sua segunda exposição individual, “A Riqueza da Cena Simples”, também em São Paulo, onde revelou em contexto poético a sutileza do detalhe de cenas que normalmente passariam despercebidas. Sua produção fotográfica, agrupada em polípticos, demonstrava então situações distintas conectadas pelas cores, e outras séries em que capturou com sensibilidade cenas do cotidiano ricas em sombra e luz. No final do mesmo ano, abriu em Belo Horizonte a exposição individual “Outros Olhos pra Ver”, uma seleção de seus trabalhos com curadoria do crítico Wilson Lazaro.Seu trabalho já integra coleções no Brasil e no exterior, como a CIFO – The CisnerosFontanalsArt Foundation, de Ella FontanalsCisneros.

 

 

De 01 de setembro a 15 de outubro.