Exposição de Cinthia Marcelle

22/out

A terceira mostra individual de Cinthia Marcelle, “em-entre-para-perante”, próximo cartaz da galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, abriga uma instalação com pinturas e objetos.

 

Nas paredes, uma série de tecidos listrados, cujas linhas pretas foram pintadas de branco, ficam pendurados bem ao alto, remetendo à imagem de um pátio central de um presídio.

 

No chão, um conjunto de objetos encobertos por cadarço negro, instrumentos que sugerem, em sua maioria, ferramentas utilizadas em situações de fuga. O público caminha em um estreito corredor, em um jogo de oposições entre o que está em cima e o que está embaixo, o que está descoberto e encoberto, solto e atado.

 

 

O conceito da artista

 

Interessa à artista pensar os conceitos de cárcere e fuga, investigando o espaço simbólico (e histórico) dos presídios brasileiros de um ponto de vista de quem vê de fora, de quem experimenta os confinamentos (econômico-sociais e psicológicos) do fora, os limites do dia-a-dia, projetando, ao mesmo tempo, de dentro de seu exercício estético, uma linha de fuga.

 

 

Sobre a artista

 

Cinthia Marcelle nasceu em 1974, Belo Horizonte, Brasil. Graduada em Belas Artes na Universidade Federal de Minas Gerais (1997-1999). Seu trabalho tem circulado em significantes exposições incluindo Bienal de Havana, Cuba (2006), Bienal de Lyon, França (2007), Panorama da Arte Brasileira, São Paulo e Madri (2007 – 2008), Bienal de São Paulo, Brasil (2010), No Lone Zone, Tate Modern, Londres (2012), Triennial of New Museum, Nova York (2012), Sala de Arte Publico Siqueiros, Cidade do México (2012), Dundee Contemporary Art, Escócia (2012), Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2013), Bienal de Istambul, Turquia (2013), Bienal de Sharjah, Emirados Árabes (2013 e 2015), Secession, Viena (2014). Vencedora de prêmios como o International Prize for Performance, Trento, Italy (2006), Annual TrAIN Artist in Residency award at Gasworks, Londres (2009) e The Future Generation Art Prize, Kiev (2010). Vive e trabalha em São Paulo.

 

 

Até 28 de novembro.

Diogo Reis na Q.Guai

20/out

Figura querida e lançador de tendências na noite carioca, o produtor cultural Diogo Reis inaugura na Q.Guai, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, sua primeira exposição individual. O artista exibirá série inédita de desenhos. Nesta primeira investida como artista plástico, – ele é sócio, criador e DJ do selo MOO  – traz referências simbólicas extraídas das Fábulas de Esopo — onde animais, deuses, homens e coisas inanimadas dialogam entre si —, passando por manuais de Tarô e Dicionários de Gírias Urbanas. São registros de situações esdrúxulas e surrealistas: personagens que surgem de dentro uns dos outros, objetos banais que viram símbolos fálicos ou derretem como nas pinturas de Dalí, uma de suas influências.

 

 
De 21 de outubro a 12 de novembro.

Herbert Baglione no Rio

19/out

Expondo pela primeira vez no Rio de Janeiro, Herbert Baglione, realiza seu debut na cena carioca através da Galeria Movimento, Copacabana. A exposição denomina-se “Rito”, e traz obras inéditas que refletem a sua fase transitória desde que começou, no ano de 1999, a pintar as famosas sombras, considerada uma fase negra e pesada no início de sua carreira. São nove telas e dez fotografias que transportam as mais conflitantes emoções, – que ficam claras nas cores e traços de seus trabalhos -, mas desta vez, coloridos e plenos de luz.

 

Nos últimos três anos e meio Herbert Baglione fez exposições individuais em lugares muito especiais e que concentram muita energia, como Colômbia e México. O artista, sensível, e em busca de respostas profundas, viu coisas que não mais revisita em seus trabalhos: a angústia, o lado negro, o lado que provocava discussões relativas à religiosidade, o sexo e a violência de uma forma geral. O artista encontra-se em outro momento e no processo atual a sensibilidade é notória por isso foca e traz luz e alegria nos trabalhos, como se fosse um processo de limpeza em obras com leveza e sentido mais abstratizante. Nos trabalhos anteriores, destacam-se a série “1000 Shadows”. A primeira “sombra” foi pintada em 1999 no Brasil e, a partir, daí o artista apaixonado – e estudioso autoditada – pela Arquitetura e Fotografia, começou a utilizar a interferência urbana. Ele está entre os poucos que usam calçadas, telhados e até mesmo os gramados como tela. Já o “EQM (Estado quase morto)”, também importante, nada mais é do que a visão que se tem entre vida e morte. Um trabalho muito mais espiritual.

 

Sobre o artista

 

Movido por uma curiosidade e desejo de provocação ímpar, com 20 anos de carreira, Herbert Baglione, começou a desenhar aos três anos de idade. Seu estilo distinto e a complexidade dos temas explorados, visíveis em suas ilustrações, pinturas, fotografias e intervenções, fazem de Baglione um nome respeitado no cenário da arte contemporânea.  O artista já foi publicado inúmeras vezes, inclusive na capa, da Revista Juxtapoz, uma das principais no segmento de arte e cultura urbana no mundo. Além disso, seu trabalho também está presente no livro premiado de um estudioso londrino, Rafael Schacter, o The World Atlas of Street Art and Graffitti, e uma de suas pinturas (Um minuto de silêncio) se mantém viva em São Paulo, sendo a única da Binneale (evento que trouxe artistas para fazerem intervenções na cidade) que não foi apagada pela prefeitura. Seus trabalhos estão em importantes coleções como no Museu de Arte Contemporânea de Bogotá, Eugênio Sidoli (Itália), Rik Reinking (Alemanha), Fernando Abdalla, Joshua Liner (NY), Steve Lazarides (Inglaterra), entre outras. Herbert, que já participou de exposições individuais no México, Colômbia, França, Espanha, EUA, Itália, Inglaterra, Canadá, Tunísia, Dinamarca, SP e Porto Alegre. Baglione foi convidado para a Coletiva Street Art – Um Panorama Urbano, que aconteceu ano passado, na Caixa Cultural, onde ao lado de suas obras estavam trabalhos de Banksy.

 

Os principais contatos com a pintura, o desenho e a fotografia, se deram na década de 80, quando Herbert ainda era uma criança, fazendo intervenções nas fotos de família, desenhando amigos da escola e depois reproduzindo logotipos de bandas de Rock.

 

Fã assumido de The Jam, Justin Sullivan e principalmente do folk cinematográfico de Tom Waits, o trabalho de Herbert tem forte influência musical. No início dos anos 90, por conta da necessidade de maior espaço para suas criações e experimentações, começou a usar a rua como seu atelier e teve como escola a contracultura, consumia quadrinhos e tocava bateria em banda punk. Esta bagagem lhe possibilitou conhecer, reconhecer e interceder no espaço urbano de forma a extrair o melhor da arquitetura, pintura, instalações e fotografia, linguagem que o artista incorpora com sabedoria pois leva o expectador a um outro olhar sobre a produção artística. Seus trabalhos extraem do universo urbano a fluidez e liberdades presentes da prática da street art e combina forte carga conceitual, que é incorporada às suas referências de movimentos artísticos, da Art Noveau e Minimalismo ao Expressionismo abstrato, e Pop Art. Levanta questões pessoais à discussões sobre o papel do homem na sociedade, armado pela ideia do consumismo imediato, tecnologia e tabus. Em 2001 e 2002 aconteceram as exposições Urban Discipline em Hamburgo – Alemanha, com alguns dos principais artistas do mundo naquele momento. Representando o Brasil tinha o grupo formado por Herbert, OsGemeos , Vitché e Nina. Os trabalhos de Banksy também estavam na mostra. Em 2001 Baglione foi convidado para uma individual nos EUA e a carreira internacional segue até hoje.

 

 

De 22 de outubro a 19 de novembro.

Rogerio Reis na Marsiaj Tempo

15/out

A exposição individual de Rogerio Reis é o próximo cartaz na Marsiaj Tempo galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Serão apresentados dois trabalhos distintos mas que de uma forma irônica se relacionam intimamente com o Rio de Janeiro de hoje. Na galeria será exibido o trabalho “Microondas”, no qual o fotógrafo faz um relato de ações de violência que ele documentou.

 

No Anexo, serão mostradas as fotografias da série “Ninguém é de Ninguém”. Estes dois trabalhos mostram uma cidade partida, dividida entre a violência dos arrastões e a beleza estonteante de suas paisagens. Como já cantou Fernanda de Abreu: “Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos”, nestes 10 anos que separam um trabalho do outro, de certa forma temos dois diagnósticos temporais da cidade, e tanto mudou… e tanto ficou na mesma..

 

 

“MICROONDAS, 2004″

 

Microondas é resultado da ressaca existencial, vivida por Rogerio Reis, devido a uma série de fatos que o aproximaram da barbárie: Tim Lopes foi assassinado, Marcelo Yuka virou cadeirante, e o fotógrafo, acompanhado de sua mulher, quase morreu num assalto seguido de disparo dentro do carro. Esses fatos o levaram a frequentar grupos de ação e reflexão sobre questões sociais como o Coletivo X com participação de ativistas e artistas como Yuka, Paulo Lins, alguns setores da polícia civil e moradores de favela .

 

Esse recesso criativo empurrou Rogerio para algumas rupturas formais como o desinteresse por quadros na parede , descoberta do chão como espaço expositivo, fotos documentais redondas, não mais quadradas e retangulares . “Microondas” são objetos em backligth com fotografias feitas em dois tempos: as coloridas são resultado de uma ação protagonizada por um amigo, vítima da violência da ditadura militar que, a pedido de Rogerio, incendiou pneus no alto de um morro. Já as fotos em preto e branco são testemunhais, cenas reais da experiência como repórter documentarista.

 

 

NINGUÉM É DE NINGUÉM, 2011- 2014

 

Uma crônica de hábitos e costumes de inspiração sensual e bem humorada. Aqui Rogerio encarna o personagem que criou, “Paparazi dos Anônimos” , que busca a liberdade para fotografar sem autorizações prévias e sem burocracia . Essa experiência gerou a “Cartilha de como tirar fotos espontâneas nas praias do Rio” onde inclui a frase de resistência que sustenta as suas ações e que vem do Banksy (artista de rua inglês): “ É sempre mais fácil pedir perdão do que permissão” . As tarjas utilizadas pela imprensa para proteger a identidade de menores e suspeitos remetem ao humor provocante do americano John Baldessari e dos primeiros mascaramentos com círculos flutuantes do húngaro Lászlo Moholy Nagy ( The Olly and Dolly Sisters, 1925). Um indivíduo com venda nos olhos pode estar protegido mas perde o poder de revidar o olhar, de produzir semelhanças e correspondências. Podemos nos divertir com uma sociedade que criou a propriedade da imagem no espaço público. Na ocasião, será lançado o livro “Ninguém é de Ninguém” , Edições de Janeiro e Olhavê.

 

 

De 17 de outubro a 14 de novembro.

O universo de Duval

14/out

A exposição “WASTHA – Universo imaginário de Fernando Duval” entra em cartaz – com curadoria geral de Antonio Torres Xavier – na Sala Multiuso do Marina Barra Clube, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. O artista que tem vida profissional com mais de cincoenta anos de atividades contínuas dentro e fora do país, é criador de incontáveis personagens que habitam um notável mundo paralelo contado através de inspiradas figuras que servem de imediata alusão à realidade cotidiana.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1937, em Pelotas, RS, Fernando Duval estudou inicialmente na Escola de Belas Artes de Pelotas. Aos 19 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde ingressou na turma de alunos comandados pelo pintor Ivan Serpa no MAM-Rio que ainda encontrava-se em construção e travou conhecimento com Aluísio Carvão, Fayga Ostrower e Edith Behring. Quando as vanguardas abstratas tomaram a cena artística brasileira, dividindo cariocas e paulistas, geométricos e informais, Duval influenciou-se pelas diferentes orientações, refletidas em uma fase marcada pelo uso do preto e branco. A seguir, passou a trabalhar com cores primárias em trabalhos mais figurativos e logo começou desenvolver seu universo fantástico. Primeiramente, em livros de edição única que mostrava apenas aos amigos. Após ter participado da 9ª Bienal do Mercosul em 2013, o artista lança um livro ambientado em seu universo, o Wasthavastahunn no qual narra (e ilustra) a história do Bivar, um animal que nunca foi visto.

 

 

De 18 a 25 de outubro.

Wanda Pimentel na Frieze Masters

09/out

A artista brasileira Wanda Pimentel é um dos destaques da Frieze Masters, feira que reúne mestres da história da arte contemporânea, que acontece de 14 a 18 de outubro, no Regent’s Park, em Londres. Segundo o site da feira, Wanda Pimentel possui uma importante e reconhecida trajetória artística de quase 50 anos. Ela apresenta na feira  de Londres nove pinturas produzidas nos anos 1960.

 

No Brasil, o trabalho da artista pode ser visto no Rio de Janeiro, na Anita Schwartz Galeria, na Gávea, onde ela apresenta, até o dia 17 de outubro, a exposição

 

“Geometria/Flor”, ocupando todo o espaço expositivo da galeria com pinturas, desenhos e esculturas inéditas. Os trabalhos da exposição têm a ver com um processo iniciado pelo artista em 2011, de rever o passado.

 

“Esses trabalhos tem um tom dramático, têm a ver com as minhas memórias, mas, ao mesmo tempo, é uma saudação à vida, rompendo com tudo que já fiz. Vou dissecando lembranças e construindo novas memórias”, afirma a artista.

Elifas Andreato nos Correios/Rio

06/out

A exposição Elifas Andreato, 50 Anos está em cartaz no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, reunindo alguns dos principais trabalhos elaborados pelo artista paranaense ao longo de cinco décadas de carreira. A Mostra traz obras que marcaram a fase áurea da música popular brasileira, a luta contra a ditadura e o teatro brasileiro. Depois, segue para o Museu dos Correios, em Brasília, e para o Centro Cultural Correios, em São Paulo.

 

A mostra tem início com uma linha do tempo narrando desde os primeiros trabalhos, realizados ainda nos tempos de operário, até as mais recentes produções, passando por alguns dos principais capítulos da história da música, do teatro e da política no Brasil. No campo musical, trabalhos feitos para alguns dos mais importantes nomes da MPB, como Elis Regina, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Tom Zé, Clara Nunes, Clementina de Jesus, Chico Buarque, Adoniran Barbosa, Carmen Miranda e Vinicius de Moraes, entre outros.

 

Em estações multimídia, os visitantes podem selecionar e assistir a depoimentos do artista sobre a realização de alguns de seus principais trabalhos para a música: capas de disco, coleções de fascículos, projetos culturais. Os visitantes podem ainda sentar-se em torno de estações digitais para ouvir discos que Elifas embalou, a partir de um aplicativo que reproduz as velhas vitrolas, seus característicos chiados e sua forma de operação. A obra do artista voltada para o universo infantil também está representada, com destaque para uma reprodução em grande escala da arca e dos bichinhos que compõem a capa do inesquecível LP “Arca de Noé”, de Vinicius de Moraes. Crianças e adultos podem se colocar dentro da capa, em uma proposta expográfica que desdobra os planos da obra, quase como em um livro pop-up.

 

A mesma experiência, de adentrar os trabalhos de Elifas, os visitantes têm através dos discos como Canto das Lavadeiras, de Martinho da Vila, e de cartazes para Elis Regina e para peça Rezas de Sol para a Missa do Vaqueiro. A contribuição para o teatro ganha espaço também com a reprodução de cartazes como A Morte de Um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, com direção de Flávio Rangel; Mortos Sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre, dirigida por Fernando Peixoto; e Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal, com direção de Paulo José.

 

A atuação política, sobretudo durante o regime militar, tem espaço com a reprodução de alguns dos trabalhos que ilustraram a resistência à ditadura no período, como capas para publicações alternativas que fundou e dirigiu: os jornais Opinião e Movimento e a revista Argumento. Como denúncias dos crimes cometidos pelos militares estão 25 de Outubro (1981), que escancarou em tela o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas instalações do DOI-CODI, e o majestoso painel A Verdade Ainda que Tardia (2012), encomendado pela Comissão da Verdade da Câmara. A exposição traz ainda um raro exemplar do Livro Negro da Ditadura Militar, com capa assinada pelo artista, além de outras reproduções e objetos valiosos que ajudam a recontar a trajetória de Elifas Andreato e seu compromisso com a cultura e a história do País.

 

 

Sobre o artista

 

Elifas Andreato nasceu no Paraná em 1946. O marco inicial da sua carreira é 1965, quando abandonou o trabalho de aprendiz de torneiro mecânico na fábrica da Fiat Lux, em São Paulo, para dar os primeiros passos em sua trajetória artística profissional. Nos anos 1960, na Editora Abril, participou da equipe de criação de inúmeras revistas, fascículos e coleções, como Placar, Veja e História da Música Popular Brasileira. Durante o regime militar, fundou órgãos da imprensa alternativa como Opinião, Argumento e Movimento. Iniciou também o trabalho como programador visual e cenógrafo para peças teatrais memoráveis. Ainda nesse período, destacou-se como criador de capas de discos para os mais importantes nomes da MPB. Ao longo da carreira, calcula que tenha produzido em torno de 400 trabalhos – capas antológicas de praticamente todos os grandes nomes da nossa música. A partir dos anos 1990, seu trabalho voltou-se para a área editorial, tornando-se responsável pelas históricas coleções MPB Compositores e História do Samba, ambas lançadas pela Editora Globo, e pelo Almanaque Brasil, publicação mensal que circula nos vôos da TAM. Em 2011, pelo conjunto da obra, recebeu o Prêmio Especial Vladimir Herzog, concedido a pessoas que se destacam na defesa de valores éticos e democráticos e na luta pelos direitos humanos. O reconhecimento, assim como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, se junta a diversos prêmios que recebeu ao longo da carreira pela contribuição ao País, seja no campo artístico, político ou social.

 

 

Até 29 de novembro.

Prêmio CCBB Contemporâneo

02/out

O artista paulistano Jaime Lauriano, 30 anos, intitula sua primeira individual no Rio de Janeiro com uma das frases atribuídas a Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, na carta-relato ao rei Dom Manuel, sobre a chegada dos portugueses ao Brasil: “Nesta terra, em se plantando, tudo dá”. A exposição entra em cartaz no CCBB Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Um dos dez contemplados pelo Prêmio CCBB Contemporâneo, o projeto de Jaime Lauriano para esta mostra se fundamenta na pesquisa do artista sobre a formação do Estado brasileiro, a partir das violências que este impõe sobre o corpo da sociedade civil, com foco na disputa de terras, entre a iniciativa privada e o Estado e a população. Ele leva em conta não só a violência física, mas também a simbólica, a do discurso, e aí, inclui a mídia.

 

O artista avalia que a arte contemporânea é uma ferramenta de produção de conteúdo e de crítica, se estende para as áreas de História, Antropologia e Sociologia e potencializa essas relações interdisciplinares para apresentar um olhar artístico contemporâneo sobre o processo de formação do Brasil como nação.

 

– A disputa de terras foi gestada na primeira invasão dos portugueses e segue até nossos dias. Em momentos de crise intensa, instala-se uma situação de exceção, como no Brasil Colônia, no Brasil Império, na ditadura militar e na ascensão conservadora do Congresso Nacional hoje, argumenta Lauriano.

 

O trabalho que intitula a exposição é um objeto, no qual uma muda de pau-brasil cresce dentro de uma estufa, até que suas raízes e galhos destruam a estrutura que a contém. Ao romper seu suporte a planta está fadada à  destruição, condicionando, assim, sua existência ao aprisionamento.

 

– A violência imposta pela arquitetura da estufa alude à violência impingida aos povos nativos da Terra Brasilis durante o processo de colonização, compara o artista.

 

 

“Nesta terra, em se plantando, tudo dá”

 

Além da estufa com pau-brasil plantado, a mostra apresenta ainda os seguintes trabalhos inéditos:

 

– “Calimba”: manchetes de jornal pirografadas e impressas a laser sobre placas de madeira. Todas se referem a pessoas amarradas e espancadas na rua, entre 2013 e 2015. Calimba é o instrumento usado para marcar os escravos com o brasão de seu dono. A palavra só é encontrada em dicionários da diáspora negra;

 

– “Suplício nº3”: o artista pesquisou em jornais de todo o país os elementos mais usados em ataques a cidadãos por preconceito religioso, principalmente contra as práticas afro-brasileiras – pedras portuguesas, vidros, entulho de construção e peças de madeira, e os reuniu em uma vitrine de museu;

 

– “Quem não reagiu está vivo” é um conjunto de 11 textos curtos ilustrados, impressos sobre papel, sobre disputa de terras, desde o descobrimento do Brasil até 2015;

 

– “Ordem e progresso” é um desenho de chão, em que a frase, desenhada com arame incandescente, acende e apaga, acionado por um transformador.

 

Germano Dushá fecha assim seu texto de apresentação da mostra: “Por meio de operações que inclinam sobre as possíveis relações do período colonial com as gravidades sociais que acometem os dias de hoje, o artista lida com lesões abertas que marcam impetuosamente nosso cotidiano. Podemos, então, com sorte, pensar criticamente a respeito do que se fez nesta terra e, sobretudo, como se tem contado suas histórias. O que foi que se plantou, e o que foi que deu.”

 

 

Sobre o artista

 

Jaime Lauriano (São Paulo, 1985) vive e trabalha em São Paulo. Graduou-se em Artes pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, em 2010. Entre suas exposições mais recentes, destacam-se as individuais: Autorretrato em Branco sobre Preto, Galeria Leme, São Paulo, 2015; Impedimento, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, 2014, e Em Exposição, Sesc Consolação, São Paulo, 2013; e as coletivas: Frente à Euforia, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, 2015; Tatu: futebol, adversidade e cultura da caatinga, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, 2014; Taipa-Tapume, Galeria Leme, São Paulo, 2014; Espaços Independentes: A Alma É O Segredo Do Negócio, Funarte, São Paulo, 2013; Lauriano tem trabalhos na coleção da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e na do do MAR – Museu de Arte do Rio.

 

Sobre o Prêmio CCBB Contemporâneo

 

 

Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro. O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a Sala A como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013.

 

A série de dez individuais inéditas, começou com o grupo  Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido das mostras de Fernando Limberger [RS-SP] e Vicente de Mello [SP-RJ]. Depois da de Jaime Lauriano [SP], vêm as de Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP], Flávia Bertinato [MG-SP], Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ], e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016. Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio, realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.

 

 

De 06 de outubro a 09 de novembro.

Palestra de Fernanda Feitosa

29/set

O novo projeto do Baretto Londra, Hotel Fasano, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, que promove palestras sobre o mundo das artes, realiza seu primeiro encontro, aberto ao público, na próxima quinta feira, 1º de outubro. Fernanda Feitosa é quem irá conduzir o “Alpha Talks”, ela é a diretora da SP-Arte – Feira Internacional de Arte de São Paulo, considerada o mais relevante evento do mercado de arte no hemisfério sul. Fernanda Feitosa irá tratar da SP-Arte e do mercado da arte no Brasil. A ideia do projeto é das jovens Manuela Sève e Renata Thomé.

 

“Semeando o campo de novas ideias e propostas inovadoras, acreditamos que colecionadores e interessados podem vir a fazer uma grande diferença no Brasil e no mundo. Vamos construir uma comunidade das artes para unificar e fortalecer o meio. Queremos realizar um aprendizado coletivo”, explicam as idealizadoras.

 

Para completar a noite e aguçar os sentidos, o chef Paolo Lavezzini prepara um apetitoso jantar para os participantes. A clássica caprese italiana – salada preparada com tomates frescos, selecionada mozzarella de búfala e carnudas azeitonas pretas – dárá início ao deleite. Em seguida, suculento risoto de funghi porcini será servido para os comensais. E como não poderia deixar de ser, vinho tinto acompanha o prato principal.

 

 

O Projeto

 

O “Alpha Beats + Alpha Talks” é uma parceria do Baretto-Londra com a Geração Alpha. O objetivo dos encontros musicais + palestras é contextualizar e aproximar o universo das artes de pessoas interessadas, integradas ou não, no mercado das artes visuais.

As “Alpha Beats” contemplarão o universo musical ligado ao mundo da arte. As festas serão momentos de confraternização e interação entre os participantes. As noites seguem com uma fantástica seleção de sucessos que proporcionam reflexão ao clima casual e artsy. Para completar, apresentações ao vivo também prometem surpreender o público.

 

Já o “Alpha Talks” promoverá circuito de debates conduzidos por convidados especiais. Uma vez por mês, um artista selecionado, entre os maiores nomes da arte contemporânea internacional, será apresentado em formato TED, com os principais destaques de sua carreira. Após a compacta apresentação, um debate/estudo sobre o tema será estimulado entre os participantes.

 

 

Sobre as idealizadoras

 

Manuela Sève iniciou sua carreira como analista de empresas na Gávea Investimentos e, durante sua vivência no mercado financeiro, desenvolveu um amplo conhecimento de modelos de funcionamentos organizacionais. A família, por sua vez, sempre atuou no mercado de arte, tanto na ponta de produção como na de venda: seu pai é galerista desde a década de 1970. Cresceu, assim, em meio a artistas, obras de arte e galeristas – personagens fundamentais desse meio.

 

Renata Thomé trabalhou em algumas das mais respeitadas e tradicionais empresas de arte do mundo, como a casa de leilão Christie’s e a galeria David Zwirner. Antes de juntar-se ao time do Geração Alpha, Renata fundou a REN-ARTs, LLC, com sede em Nova Iorque; a empresa que visa facilitar a colaboração entre empresas de arte na América Latina e no mundo através de um serviço de consultoria e já realizou projetos com alguns do lideres no setor de arte e tecnologia, como por exemplo, a casa de leilão online Paddle8.

 

 

Sobre o Baretto Londra

 

Versão carioca do Baretto de São Paulo, o melhor Bar de Hotel do Mundo, segundo a revista inglesa Wallpaper, o Baretto Londra – localizado no Hotel Fasano Rio – oferece drinks exclusivos e receitas italianas. Sob o comando do restaurateur Rogério Fasano, a badalada casa oferece ambiente intimista e requinte na medida certa. No bar, o premiado barman André Paixão, assina a carta de drinks e o chef Paolo Lavezzini é o responsável pelos quitutes. Uma homenagem do restaurateur a sua cidade preferida, o Londra (Londres em italiano) mistura atmosfera rock and roll com clima de pub. No ambiente, duas enormes bandeiras da Inglaterra “italianizadas” em vermelho, branco e verde sobressaltam das paredes de tijolos. Para chegar ao bar, desfila-se por 18 metros de uma passarela de vidro iluminada, cercada por cortinas de veludo púrpura e linho branco. Ao entrar, depara-se com clima envolvente e decoração chique com charmosas mesas rústicas de madeira, poltronas e sofás de couro. Capas de disco de vinil emolduradas cobrem as paredes de tijolos. Os lps das melhores bandas inglesas são da coleção pessoal de Rogério Fasano, escolhidos a dedo pelo próprio.

A proposta da Índica

28/set

Inspirado na histórica Indica Galllery de Londres, que impulsionou a contracultura dos anos 1960, a Índica surge neste momento de turbulência e oportunidades como uma nova
plataforma de arte no Rio de Janeiro, englobando galeria de arte contemporânea, loja de design sustentável, publicações, rádio, intervenções urbanas, diálogos e eventos que pretendem pensar o país e os novos rumos da arte.

 

A galeria foi inaugurada no último dia 13 de setembro, com uma boiada e exposição de Ronald Duarte, com curadoria de César Oiticica Filho e texto de Renato Rezende. O terceiro sócio da Índica é Sergio Cohn, da Editora Azougue. O grupo de artistas e pensadores em torno do projeto, inclui dentre outros os nomes de Mariana Roquete Pinto, Gabriela Gusmão, Claudia Roquete Pinto, Dione Boy, Carlos Vergara, José Oiticica Filho, Gabriela Gusmão, Fernando Codeço, Hélio Oiticica e Neville de Almeida, Alex Cerveny e Lee Jaffe.

 

Como contrapartida sustentável além de trabalhar com a Tucum em fair trade e com várias
etnias indígenas a Índica traz coleções sustentáveis da Mameluca, Zerezes e terravixta que compõe essa rede de apoio às iniciativas sociais e ecológicas junto a outros designers, artistas, músicos, poetas que lutam por um mundo melhor e mais limpo.