Primeira individual no Rio

08/nov

 

Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 10 de novembro, a exposição “Depois que entra ninguém sai”, com obras recentes do artista Thiago Barbalho, que faz sua primeira individual no Rio de Janeiro. Até 28 de janeiro de 2023. Com curadoria de Raphael Fonseca, a mostra reúne desenhos sobre papel em grande formato e sobre tela, e ainda a escultura “Gônadas” (2022), com cerca de 2 metros de altura, feita em isopor estrutural, fibra de vidro, impressão 3D, resina cristal, pigmento e pintura automotiva. Na abertura da exposição, o artista fará uma visita guiada às 19h.

Thiago Barbalho tem despontado no cenário nacional e internacional – fez uma individual em 2018, no Kupfer Project Space, em Londres – com seus desenhos em grandes folhas de papel completamente cobertas por intrincadas formas, feitas com lápis de cor, grafite, pastel, caneta esferográfica, marcador permanente, acrílica, tinta óleo, bastão oleoso, spray e resina. A trama de suas histórias é composta pelo olhar do público. No final do ano passado a Pinacoteca do Estado de São Paulo adquiriu uma obra sua, e também no circuito internacional o artista tem sido reconhecido: ele foi o único artista brasileiro a integrar o compêndio de desenho contemporâneo “Vitamin D3 – Today Best in Contemporary Drawing” (Phaidon, 2021), um conceituado indicador das futuras estrelas da arte.

“Depois que entra ninguém sai” mostra o resultado da pesquisa desenvolvida por Thiago Barbalho nos últimos dois anos, em que dá prosseguimento ao seu interesse pelas relações entre desenho, pintura e cor, em trabalhos que se caracterizam pelo horror vacuum – horror ao vazio – conceito que atravessa a história da humanidade, percorrendo filosofia, arte, religião e até psicanálise. Thiago Barbalho nos convida a contemplar imagens cheias de detalhes. “Sobre as superfícies de diferentes folhas de papel, ele cria aglutinações de situações, figuras, manchas e traços que se acoplam umas às outras. Vistas de longe, essas imagens se destacam pela presença vibrante da cor, ao passo que, vistas de perto, são como uma trama onde prazer, humor, violência e nonsense se irmanam na justaposição de imagens ricas em possíveis interpretações”, escreve o curador Raphael Fonseca no texto que acompanha a mostra.

 

Desenhos sobre tela

Esse período mais recente da produção de Thiago Barbalho é marcado pela sua mudança de São Paulo – cidade em que viveu por uma década após deixar Natal, em 2010 – para o interior do estado, onde está em maior contato com a natureza. É nesse momento que surgem os desenhos em tela que compõem a exposição. Apesar do suporte, esses trabalhos não são pinturas. Thiago Barbalho segue utilizando os mesmos materiais empregados nas obras sobre papel, por vezes acrescentando à tela tecido tingido com pigmento natural. Significativamente menores do que estes últimos, os trabalhos sobre tela mantêm a noção de intimidade do gesto de desenhar.

Ainda sobre este conjunto de desenhos, Raphael Fonseca afirma: “Vemos figuras individuais que, por meio de formas orgânicas e um expressivo uso da cor, se apresentam como retratos ou estudos anatômicos de seres fantásticos. Como em toda a sua pesquisa, os limites fictícios entre figuração e abstração, representação e exploração formal se bagunçam e se plasmam em uma coisa só”.

 

Escultura

“Gônadas”, uma escultura inédita coberta por desenhos, é um desdobramento de “Leite derramado”, obra que o artista expôs em “Rocambole”, exposição coletiva em que suas obras estavam em diálogo com as das artistas Yuli Yamagata e Flora Rebollo, e que foi apresentada em duas ocasiões: em São Paulo, em 2018, e em Lisboa, em 2019. Nesta escultura, Thiago Barbalho experimenta as possibilidades de construção sobre um espaço tridimensional cuja topografia é oposta àquela da planaridade do papel.

A exposição “Depois que entra ninguém sai” é um convite ao público para entrar em contato com o universo visual de Thiago Barbalho. Para Raphael Fonseca, o próprio título da mostra é uma metáfora não apenas do processo de criação do artista, mas também para sua recepção. “Depois que o artista insere algumas formas sobre a amálgama de elementos de suas composições, lá estão elas se relacionando com outros elementos e abertas para o deleite de nossos olhos. De forma semelhante, depois que nosso olhar e corpo adentram o universo proposto por Thiago Barbalho, fica difícil nos esquecermos dele.”

 

Sobre o artista

Thiago Barbalho nasceu em 1984, em Natal, e vive e trabalha em São Roque, São Paulo. Escritor e artista visual, Thiago Barbalho encontrou no desenho um modo de expressão que suplantou uma crise com a palavra. Trabalhando em diferentes dimensões e com diversos materiais – lápis de cor, grafite, spray, óleo, pastel oleoso e marcador sobre papel – suas composições trazem aos olhos do público universos intrincados, em que formas e cores se entrelaçam e embaralham em narrativas psicodélicas capazes de abolir a relação entre figura e fundo. Thiago Barbalho entende o desenho como uma tecnologia ancestral, que atravessa eras e culturas. Sua pesquisa visual vê no desenho o rastro de uma presença e da relação entre a mente – a imaginação -, e o corpo – o gesto -, entre a consciência e a realidade.

Para a crítica e curadora Kiki Mazzuccheli: “Ao trabalhar essencialmente com desenho, Barbalho produz composições extremamente intricadas, porém não planejadas, nas quais uma multiplicidade de imagens, símbolos e campos de cor se fundem umas nas outras para criar superfícies vibrantes ininterruptas”. O aparente caos de suas imagens surge do vagar do gesto que traceja, recusando a submeter-se às lógicas formais ditadas pela racionalidade. De fato, deparamo-nos em seu trabalho com fragmentos diversos, uma profusão de referências de diferentes esferas, conjugando cultura popular nordestina, personagens de desenhos animados, assim como signos e símbolos advindos do universo do comércio e da cultura de massa. Somadas às leituras e pesquisas de Barbalho no campo da filosofia, da antropologia e da mística a partir de seu interesse pelas relações entre matéria e pensamento, seus desenhos instauram um universo visual cuja maior constante é a própria revolução. Dentre suas principais exposições individuais destacam-se: “Correspondência” (2019), na Galeria Marília Razuk, em São Paulo; e “Thiago Barbalho” (2018), no Kupfer Project Space em Londres. Suas principais coletivas recentes incluem: “Electric Dreams” (2021), na Nara Roesler Rio de Janeiro; “AVAF” (2018), na Casa Triângulo, em São Paulo; “Rocambole” (2018), no Pivô, em São Paulo, e na Kunsthalle Lissabon (2019), em Lisboa; “Voyage” (2017), na Galeria Bergamin; Gomide São Paulo; Shadows & Monsters (2017), no Gasworks, em Londres. Suas obras integram coleções como a da Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.

 

Sobre Nara Roesler

Nara Roesler é uma das principais galerias brasileiras de arte contemporânea, representando artistas brasileiros e internacionais fundamentais, que iniciaram suas carreiras na década de 1950, bem como artistas consolidados e emergentes cujas produções dialogam com as correntes apresentadas por essas figuras históricas. Fundada por Nara Roesler em 1989, a galeria tem consistentemente fomentado a prática curatorial, sem deixar de lado a mais elevada qualidade da produção artística apresentada. Isso tem sido ativamente colocado em prática por meio de um programa de exposições criterioso, criado em estreita colaboração com seus artistas; a implantação e estímulo do Roesler Curatorial Project, plataforma de iniciativas curatoriais; assim como o contínuo apoio aos artistas em mostras para além dos espaços da galeria, trabalhando com instituições e curadores. Em 2012, a galeria ampliou sua sede em São Paulo; em 2014 expandiu para o Rio de Janeiro e, em 2015, inaugurou um espaço em Nova York, dando continuidade à sua missão de oferecer a melhor plataforma para seus artistas apresentarem seus trabalhos.

 

 

Galeria de Arte Ibeu reabertura pós-pandemia

Foi um longo período de espera para Mario Camargo, que teve a individual adiada quando a crise pandêmica impôs suas normas, fazendo com que os estabelecimentos fechassem as portas ao público. Dois anos depois, o artista irá inaugurar a primeira exposição inédita da Galeria de Arte Ibeu, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, desde o início da pandemia: “No Campo das Beterrabas” que abre no dia 09 de novembro, às 17h, sob curadoria de Cesar Kiraly. Na ocasião, o Coral do Ibeu, apresentará algumas canções de seu repertório, às 19h.

 

Os trabalhos surgem como peles nas paredes, sustentadas por agulhas.

Em cerca de dez obras apresentadas, a tinta será a substituída pela costura industrial. Movimentos de encolhimentos e franzidos surgirão e substituirão a cor, de forma pictórica, deixando à mostra uma infinidade de buracos e rasgos, tais como arados, representados pelas costuras industriais, onde só faltam as sementes germinarem para revelar, futuramente as cores.

“São tantos os caminhos para esta germinação que quase perdermos o fôlego. A cor não é mobilizada na lógica dos pigmentos, mas do tingimento; a integridade da costura é a protagonista até o último momento. A despeito de todos esforços, a coloração não se sobrepõe à poética do acidente costurado e a abstração se pratica impura, provocando a imaginação a descobrir alternativas”, revela o artista.

Como quase todas as crianças, Mario Camargo demonstrou, desde sempre, interesse pelo desenho. Por convite de uma amiga pintora, fez sua primeira exposição e nunca mais parou. Esther Emílio Carlos, crítica de arte do Ibeu, se apaixonou pelo seu trabalho e abriu várias portas: ele chegou a expor em Santiago do Chile e depois em Paris. Quando participou da feira de arte MAC 2000, em Paris, foi o único brasileiro presente entre 100 artistas franceses. Chamou atenção neste evento sua forma de pintar, executada diretamente no chão, ao sol, usando tinta acrílica líquida. Mario interrompia a secagem com jato d’água e, neste processo de busca quase arqueológica, criava suas obras. Na ocasião, Pierre Restany, crítico de arte francês, profetizou: “você abandonará os chassis e sua pintura se tornará a pele das paredes”. Durante anos o artista conviveu com estas palavras, que se tornaram realidade há pouco tempo.

 

  A palavra do curador

“Não são telas, não há molduras, nem esculturas, são entomologicamente presas por agulhas às paredes, há como ver que as partes das quais são feitas oscilam em origem, mais chegam à mão do artista do que o contrário, as costuras pouco têm de sutura, nem sempre o que costuram precisa ser costurado, apesar da feminilidade da linha e agulha, trata-se do uso não funcional da indústria e do trabalho, mais do que o carinho com o pano da roupa. Se o mundo não se tornar apenas um campo de beterrabas, arruinando a poética, é de tal endereçamento indeterminado que nasce sua beleza, porque é preciso sentir, na obra, as topografias sendo contornadas, aceitas, até certo ponto, o estabelecimento de sequências harmônicas que, depois, interrompidas, são retomadas, como numa frase cheia de apostos. Os tubérculos brotam, outras imagens germinam junto, concorrentes, mas elas não são arbitrárias, habitam o contexto, como ervas daninha. É um sonho, sim, no qual as acepções vizinhas tornam as demais fascinantes, não se esquivando delas”.

Cesar Kiraly é curador da Galeria de Arte Ibeu desde 2015, além de professor de Estética e Teoria Política da UFF.

 

Até 22 de dezembro.

 

 

Instalação no Museu Histórico Nacional

Mostra inédita – até 29 de janeiro de 2023 – no Museu Histórico Nacional, Centro, Rio de Janeiro, RJ, contará a História do Brasil a partir de uma instalação olfativa da artista multimídia Josely Carvalho contando ainda com uma caminhada olfativa com a artista nos dias 12 de novembro de 2022 e 28 de janeiro de 2023, às 15h.

A exposição “Entre os cheiros da história”, é uma instalação olfativa da premiada artista paulistana Josely Carvalho, que há mais de 40 anos se divide entre Nova York, onde mora e trabalha, e Rio de Janeiro, onde mantém ateliê. Criada especialmente para este local, a exposição pretende contar a história através dos cheiros, das sensações e lembranças que os odores nos remetem.

Invisível aos olhos, a instalação será feita em canhões datados entre os séculos XVI e XX. “Ao explorar o olfato, a artista transforma a boca do canhão em túnel do tempo. A arte de cheirar conduz, então, a histórias sensíveis do Brasil”, afirma o professor de história da UFF, Paulo Knauss, no texto que acompanha a exposição.

Pioneira na utilização de cheiros em obras de arte no Brasil, Josely Carvalho utiliza o olfato em suas obras desde a década de 1980, como um “resgate da memória”, mas esta será a primeira vez que a artista fará uma instalação totalmente olfativa, que terá sua visualidade emprestada da coleção histórica de canhões do museu. “É uma obra não para ser vista, mas sentida, que aborda o resgate da memória histórica, transitando pelo espaço-tempo e adentrando os túneis dos canhões, que armazenam vestígios dos poderes econômicos, bélicos, políticos e sexuais, vivenciados ainda hoje com intensidade”, afirma Josely Carvalho, que ressalta que olfato tem sido pouco inserido na arte contemporânea, que privilegia os sentidos da visão e da audição.

A exposição tem patrocínio da Granado,  por meio da Lei de Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro; e apoio da Givaudan do Brasil e Ananse. A produção é do Estúdio Sauá e a realização é do Museu Histórico Nacional.

 

Canhões e Cheiros

Em 20 dos 46 canhões do pátio do museu, a artista introduzirá cápsulas com 15 cheiros criados por ela em parceria com a Givaudan do Brasil, especialmente para esta mostra: da ausência à persistência; do medo à ilusão; do mar à invasão. Para o canhão mais antigo do museu, datado do século XVI e pelo qual os historiadores tem um grande apreço, a artista criou o cheiro “Afeto”, com uma fragrância agradável, com notas adocicadas, que lembram momentos familiares e de infância. Para os canhões que participaram de guerras, o cheiro “medo”, que traz um odor salgado, de transpiração e urina. O canhão da época de Getúlio Vargas, que foi feito com tubo de esgoto, ganhou o cheiro da árvore Abricó de Macaco, que tem lindas e perfumadas flores, mas, o seu fruto denominado “bola de canhão” ao cair no chão, exala um odor que é pútrido. Para o canhão que participou da sangrenta Guerra do Paraguai, conhecido como El Cristiano, que foi fundido a partir de sinos de igreja, foi criado o cheiro “Incenso”, que traz reminiscências da colonização religiosa. Junto a este canhão, haverá o som de um sino tocando de tempos em tempos. Para falar sobre questões ambientais, alguns canhões ganharam o cheiro “Oceano”, que traz a brisa do mar, e “Mata”, com cheiro de terra molhada, e assim por diante. Josely Carvalho sempre debateu questões do feminino em sua obra, mas, pela primeira vez, está usando o masculino para falar sobre o feminino, trazendo à tona questões sexuais e de poder. “Seu interesse pelos canhões tem justamente a intenção de colocar em questão as leituras da história dominadas pelo ponto de vista masculino. Os canhões de época de fina escultura e rica metalurgia são monumentos que celebram os feitos militares de homens guerreiros, mas ofuscam a lembrança da violência e do que ocorre com mulheres e crianças na guerra”, afirma Paulo Knauss. “Pensei em como lidar com esse poder sexual, masculino, militar, econômico, das guerras, que foram e ainda são predominantemente masculinas. O cheiro é o feminino; é a poesia, e eu me sinto o cheiro penetrando nos canhões em busca das memórias vividas, porém, esquecidas nas paredes internas destas formas fálicas”, ressalta Josely. Em cada canhão onde a artista introduziu cheiros, um QR Code levará o público à história daquela peça e também ao nome do cheiro criado, às fragrâncias contidas nele e à relação do cheiro com aquela história. Uma história que vem desde a época da fundição de cada canhão, mas é atualizada pela artista para os dias de hoje, refletindo como questões do passado ainda reverberam nos dias atuais.

 

Sobre a artista

A paulistana Josely Carvalho apresenta, desde a década de 1960, a mulher como protagonista de sua obra. Suas pesquisas ligadas ao olfato datam dos anos 1980. Há 13 anos iniciou, com o apoio da Givaudan do Brasil, a criação de cheiros conceituais. Nos quatro últimos anos, apresentou exposições com essa abordagem nos museus de Arte Contemporânea da USP, Nacional de Belas Artes, no Rio, no centro Harvestworks, em Nova York e na Olfactory Art Keller Gallery, também em Nova York. Nos últimos anos, além dos cheiros, também utilizou vidro soprado em suas obras de arte. Como um desdobramento desta pesquisa, na atual exposição no Museu Histórico Nacional, encapsula os cheiros nos canhões. Além da exposição “Entre os cheiros da história”, este ano também participa da coletiva “The Difference we’ve Made: New Work by Women Artists of the 70s”, de outubro a novembro, na Carter Burden Gallery em Nova York, e “Art for the Future: Artists Call and Central American Solidarities ”, de setembro a dezembro na University of New Mexico Art Museum, no Novo México, EUA, e de fevereiro a agosto de 2023, no DePaul Art Museum, em Chicago, EUA. Este ano recebeu o prêmio trianual Lee Krasner Award for Life Achievement, da Pollock Krasner Foundation, onde foi a única brasileira contemplada até hoje. Em 2019, recebeu na Holanda o prêmio internacional Art and Olfaction Sadakichi Award na categoria Obra Olfativa Experimental, com cheiros desenvolvidos para a obra Teto de Vidro com a colaboração de Leandro Petit, perfumista da Givaudan do Brasil com quem tem trabalhado nos últimos anos.

 

 

 

Artistas reunidos

03/nov

 

Coletiva de artistas instiga questionamentos através de trabalhos apresentados em técnicas, escalas e suportes diversos.

O Consulado Geral da República Argentina, Botafogo, Rio de Janeiro, apresenta a exposição “Territórios Insustentáveis”. Artistas oriundos de países distintos, como a Argentina e a França, em conjunto com artistas brasileiros, convergem ao lidar com um vasto horizonte de relações – sejam elas referentes à história da arte, aos diversos saberes que incidem sobre os seus trabalhos ou às questões concernentes ao tempo histórico. A coletiva foi inaugurada no dia 04 de novembro, na Sala Antonio Berni, sob curadoria de Aline Reis, e reúne 26 artistas: Adriana Nataloni, Albarte, Bernar Gomma, Beth Ferrante, Beatriz Calmon, Camila Morgado, Daniela Barreto, Graça Pizá, Isadora F., Jack Motta, JaquesZê, Jannini Castro, Jeni Vaitsman, Julia Garcia, Katia Politzer, Marcelo Palmar Rezende, Mario Camargo, Nando Paulino, Nora Sari, Regina Dantas, Reitchel Komch, Ricardo Laranjeira, Sandra Sartori, Solange Jansen, Tathyana Santiago e Verônica Camisão. Os trabalhos possuem diferentes formatos e vão da pintura à fotografia, passando pela escultura, instalação, objeto, vídeo e intervenção.

“Os trabalhos de arte não repetem mundos, mas criam mundos. Os artistas vivem num momento histórico sempre muito próprio e isso aparece na visualidade de suas obras. Não como ilustração de um tempo, mas como uma força propositiva frente aos desafios que sentem na própria carne, produzindo diferenças que são fruídas pelo espectador”, diz a curadora.

A guerra das narrativas incide sobre todos os conceitos que são utilizados na curadoria: a globalização – desde as grandes navegações e as ideias iluministas modernas até a discussão se há ou não integração econômica, social e cultural no espaço geográfico em escala mundial, no que tange aos fluxos de capitais, mercadorias, pessoas e informações, proporcionada pelo avanço técnico na comunicação e nos transportes numa mesma condição ética -, o pensamento descolonial (opção pela grafia portuguesa da palavra não desconsiderando a diferença entre o termo Decolonial e Descolonial, mas assumindo tanto a importância de falar sobre o colonialismo referente à dominação social, política, econômica e cultural dos europeus sobre os outros povos do mundo quanto à colonialidade que diz respeito à permanência da estrutura de poder até os dias de hoje) e o antropoceno, referente à época em que as ações humanas começaram a provocar alterações biofísicas em escala planetária e uma crise definitiva da natureza.

 

Sobre a curadora

Aline Reis é carioca, formada em Comunicação Social, pós-graduada em Crítica e Curadoria de Arte Contemporânea pela Universidade Cândido Mendes-EAV, em Psicologia Clínica Fenomenológica-Hermenêutica e em História da Filosofia. Tem mestrado em Filosofia, lecionou por mais de vinte anos. É colunista semanal do BLOGDEARTE.art, participa do Grupo de Pesquisa Entre – Educação e arte contemporânea (CE/UFES), tem trabalhos de arte contemporânea expostos nas plataformas ArtMaZone e Acessoartecontemporanea e integra a oficina Antiformas de Intervenção sob a orientação do artista David Cury, no Parque Lage. Em sua formação filosófica e artística integrou vários grupos de estudo, fez cursos com curadores e artistas do circuito, tais como Paulo Sergio Duarte, Marcelo Campos, Daniela Labra, Clarissa Diniz, Ligia Canongia, Lia do Rio, Fernando Cocchiarale. Participou de exposições coletivas: “Ainda fazemos as coisas em grupo”, em 2020, no Centro Municipal de Arte Helio Oiticica, “Fixo só o prego”, em 2019, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, ambas exposições com curadoria de Ana Miguel, Brigida Balthar e Clarissa Diniz; “Uma afirmação da presença”, no Centro Cultural dos Correios, em 2018, no Acesso arte contemporânea – Qual é seu link?, em 2016, no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, ambas com as curadorias de Lúcia Avancini e Marilou Winograd, entre outras. Aline Reis vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

Até  05 de dezembro.

 

 

Fotografias de Walter Firmo no CCBBRJ

01/nov

 

No dia 09 de novembro, chega ao Rio de Janeiro a grande exposição retrospectiva “Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito”, um panorama dos mais de 70 anos de trajetória do consagrado fotógrafo carioca. A mostra será apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, CCBB, RJ, depois de ter sido exibida com enorme sucesso no Instituto Moreira Salles de São Paulo (IMS Paulista), e marca o início da parceria – inédita – entre as duas instituições. O IMS fechará sua sede carioca para reforma em abril de 2023.

“Essa bela parceria não poderia começar de forma melhor. Inaugurá-la com uma mostra que tem tanta relação com a identidade carioca e que o público do Rio de Janeiro não poderia perder de forma alguma é muito significativo”  afirma Sueli Voltarelli, gerente geral do CCBBRJ. E complementa: “As imagens de Firmo despertam memórias de uma afetividade profunda, que certamente aumentam a conexão das pessoas com a produção cultural brasileira”. Marcelo Araujo, diretor-geral do Instituto Moreira Salles, ressalta a especial importância da parceria com o CCBB: “É um privilégio poder apresentar a exposição de Walter Firmo no Rio de Janeiro numa instituição de tamanho prestígio, e com uma relação tão forte com a cidade e sua população.”

Com curadoria de Sergio Burgi e Janaina Damaceno, “Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito” ocupará todas as salas do segundo andar do CCBB RJ com 266 fotografias, produzidas desde 1950, no início da carreira de Walter Firmo, até 2021. São imagens que retratam e exaltam a população e a cultura negra de diversas regiões do país, registrando ritos, festas populares e religiosas, além de cenas cotidianas. O conjunto destaca a poética do artista, associada à experimentação e à criação de imagens muitas vezes encenadas e dirigidas. “Acabei colocando os negros numa atitude de referência no meu trabalho, fotografando os músicos, os operários, as festas folclóricas, enfim, toda a gente. A vertigem é em cima deles. De colocá-los como honrados, totens, como homens que trabalham, que existem. Eles ajudaram a construir esse país para chegar aonde ele chegou.”, diz Walter Firmo.

O fotógrafo percorreu intensamente todo o país, mas sempre manteve um vínculo especial com o Rio de Janeiro, sua cidade natal, onde iniciou e construiu sua carreira e desenhou sua trajetória na fotografia, a partir da vivência de homem negro nascido e criado nos subúrbios e arrabaldes de Mesquita, Nilópolis, Marechal Hermes, Osvaldo Cruz, Vaz Lobo, Cordovil, Parada de Lucas, Vista Alegre e Irajá, territórios do samba de raiz e do permanente ronco da cuíca.

Dividida em núcleos temáticos, a mostra traz retratos memoráveis de grandes nomes da música brasileira, como Cartola, Clementina de Jesus e a icônica fotografia de Pixinguinha na cadeira de balanço, além de destacar a importante trajetória de Walter Firmo como fotojornalista e de dedicar uma seção à fotografia em preto e branco do artista, pouco conhecida e, em grande parte, inédita.

“Walter Firmo incorporou desde cedo em sua prática fotográfica a noção da síntese narrativa de imagem única, elaborada através de imagens construídas, dirigidas e, muitas vezes, até encenadas. Linguagem própria que, tendo como substrato sua consciência de origem – social, cultural e racial -, desenvolve-se amalgamada à percepção da necessidade de se confrontar e se questionar os cânones e limites da fotografia documental e do fotojornalismo. Num sentido mais amplo, questionar a própria fotografia como verossimilhança ou mera mimese do real”, afirma o curador Sergio Burgi, coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles, que assina a curadoria ao lado de Janaina Damaceno Gomes, professora da UERJ e coordenadora do grupo de pesquisa Afrovisualidades: Estéticas e Políticas da Imagem Negra.

A exposição é uma oportunidade para o público conhecer em profundidade a obra de um dos grandes fotógrafos do nosso país, que até hoje mantém seu compromisso pelo fazer artístico: “Aí está o meu relato, a história de uma vida dedicada ao fazer fotográfico, dias encantados, anos dourados. Qual a minha melhor imagem? Certamente aquela que em vida ainda poderei fazer. Emoções, demais”, afirma o fotógrafo. Com patrocínio do Banco do Brasil, a exposição segue para os Centros Culturais Banco do Brasil Brasília e Belo Horizonte.

 

Núcleos temáticos

A exposição está dividida em sete núcleos temáticos. No primeiro, o público encontra cerca de 20 imagens em cores, de grande formato, produzidas ao longo de toda a sua carreira. Há fotos feitas em Salvador (BA), como o registro de uma jovem noiva na favela de Alagados (2002); em Cachoeira (BA), como o retrato da “Mãe Filhinha” (1904-2014), que fez parte da Irmandade da Boa Morte durante 70 anos; e em Conceição da Barra (ES), onde o fotógrafo retratou o quilombola Gaudêncio da Conceição (1928-2020), integrante da Comunidade do Angelim e do grupo Ticumbi, dança de raízes africanas; entre outras.

O segundo núcleo apresenta a biografia do artista, abordando os seus primeiros anos de atuação na imprensa, quando registrou temas do noticiário, em imagens em preto e branco. O conjunto inclui uma fotografia do jogador Garrincha, feita em 1957; imagens de figuras proeminentes da política nacional, como Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek; além de registros de ensaios de escolas de samba do Rio de Janeiro. Também há fotografias feitas para a reportagem “100 dias na Amazônia de ninguém”, publicada em 1964 no Jornal do Brasil, pela qual Walter Firmo recebeu o Prêmio Esso de Reportagem.

Nas próximas seções, a retrospectiva evidencia como, no decorrer de sua carreira, Walter Firmo passou a se distanciar do fotojornalismo documental e direto, tendo como base a ideia da fotografia como encantamento, encenação e teatralidade, em diálogo com a pintura e o cinema. Isso fica evidente no ensaio realizado em 1985 com seus pais (José Baptista e Maria de Lourdes) e seus filhos (Eduardo e Aloísio Firmo), no qual José aparece vestindo seu traje de fuzileiro naval, função que desempenhou ao longo da vida, ao lado de Maria de Lourdes, que usa um vestido longo, florido e elegante. O ensaio faz alusão às pinturas “Os noivos” (1937) e “Família do fuzileiro naval” (1935), do artista Alberto da Veiga Guignard (1896-1962).

Como destaque, a exposição apresenta, ainda, retratos de músicos produzidos por Walter Firmo, principalmente a partir da década de 1970. Nas imagens, que ilustram inúmeras capas de discos, estão nomes como Dona Ivone Lara, Cartola, Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Martinho da Vila, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Djavan e Chico Buarque. Nesse conjunto, está, ainda, a famosa série de fotografias de Pixinguinha feita em 1967, quando Firmo acompanhou o jornalista Muniz Sodré em uma pauta na casa do compositor. Após o término da conversa, o fotógrafo pegou uma cadeira de balanço que ficava na sala da residência, colocou no quintal, ao lado de uma mangueira, e propôs que Pixinguinha se sentasse nela com o saxofone no colo. Assim registrou o músico, em uma série de imagens que se tornaram icônicas.

A exposição traz também um ensaio com fotografias do artista Arthur Bispo do Rosário para a revista IstoÉ, em 1985, feitas na antiga Colônia Juliano Moreira, onde Bispo ficou confinado e criou seu acervo ao longo de cerca de 25 anos.

A retrospectiva apresenta diversos registros produzidos durante celebrações tradicionais brasileiras, como a Festa de Bom Jesus da Lapa, a Festa de Iemanjá e o próprio Carnaval do Rio de Janeiro. Há também um núcleo com fotos feitas em outros países, como Cuba, Jamaica e Cabo Verde.

Na mostra, o público poderá assistir, ainda, ao curta-metragem Pequena África (2002), do cineasta Zózimo Bulbul, no qual Firmo trabalhou como diretor de fotografia, e que trata da história da região que recebeu milhões de africanos escravizados. Também há um núcleo dedicado à fotografia em preto e branco, ainda pouco conhecida e em grande parte inédita, cujo destaque é a série de imagens feitas na praia de Piatã, em Salvador, entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000. Grande parte das obras exibidas provém do acervo do fotógrafo, que se encontra sob a guarda do IMS desde 2018, em regime de comodato.

 

Catálogo

A mostra é acompanhada de um catálogo, com imagens das obras da exposição, além de textos de autoria do próprio Walter Firmo, de João Fernandes, diretor artístico do IMS, e dos curadores Sergio Burgi e Janaina Damaceno. Há também uma entrevista do fotógrafo com os curadores e o jornalista Nabor Jr., editor da revista O Melenick. Segundo Ato, além de uma cronologia do fotógrafo assinada por Andrea Wanderley.

 

Sobre o artista

Nascido em 1937 no bairro do Irajá, no Rio de Janeiro, e criado no subúrbio carioca, filho único de paraenses – seu pai, de família negra e ribeirinha do baixo Amazonas; sua mãe, de família branca portuguesa, nascida em Belém -, Firmo começou a fotografar cedo, após ganhar uma câmera de seu pai. Em 1955, então com 18 anos, passou a integrar a equipe do jornal Última Hora, após estudar na Associação Brasileira de Arte Fotográfica (Abaf), no Rio. Mais tarde, trabalharia no Jornal do Brasil e, em seguida, na revista Realidade, como um dos primeiros fotógrafos da revista. Em 1967, já trabalhando na revista Manchete, foi correspondente, durante cerca de seis meses, da Editora Bloch em Nova York. Neste período no exterior, o artista teve contato com o movimento Black is Beautiful e as discussões em torno dos direitos civis, que marcariam todo seu trabalho posterior. De volta ao Brasil, trabalhou em outros veículos da imprensa e começou a fotografar para a indústria fonográfica. Iniciou ainda sua pesquisa sobre as festas populares, sagradas e profanas, em todo o território brasileiro, em direção a uma produção cada vez mais autoral.

 

Até 27 de março de 2023.

 

 

 

Galatea representará a obra de Marília Kranz

28/out

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia a representação do espólio da artista Marília Kranz (1937-2017). Marília Kranz nasceu e viveu na cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem é assunto recorrente em sua obra. Desenhando desde a infância, inicia aos 17 anos seus estudos formais em arte, cursando pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1956, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda durante três anos. Passa, ainda, pelos ateliês de Catarina Baratelli (pintura, 1963-66) e Eduardo Sued (gravura, 1971).

Em um primeiro momento de sua produção, até meados da década de 1960, Marilia Kranz se dedica ao desenho e ao estudo da pintura. Na sequência, começa a produzir relevos abstratos em gesso, papelão e madeira, que integraram a sua primeira exposição individual, em 1968, na Galeria Oca, no Rio de Janeiro. Em 1969, ao retornar de viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos, passa a produzir os relevos a partir da técnica de moldagem a vácuo com poliuretano rígido, fibra de vidro, resina e esmaltes industriais; além das esculturas com acrílico cortado e polido, chamadas de Contraformas

Marilia Kranz inova ao produzir quadros-objetos a partir da técnica de vacum forming, pouco difundida no Brasil naquela época, até mesmo no setor industrial. Além disso, o conteúdo dos trabalhos também guarda forte caráter experimental. Segundo o crítico de arte Frederico Morais, as formas abstratas e geométricas exploradas nestas obras e na produção de Marília Kranz como um todo se aproximariam mais de artistas como Ben Nicholson, Auguste Herbin e Alberto Magnelli do que das vertentes construtivistas de destaque no Brasil, como o Concretismo e o Neoconcretismo.

A partir do ano de 1974, Marilia Kranz retoma a prática da pintura, trazendo para o centro da tela elementos constituintes das suas paisagens preferidas no Rio de Janeiro. Comparada a artistas como Giorgio de Chirico e Tarsila do Amaral, os seus cenários e figuras geometrizados, beirando a abstração, contêm solenidade e erotismo ao mesmo tempo. Os tons pasteis, por sua vez, tornam-se a sua marca. “A cor cede diante da intensidade luminosa”, diz Frederico Morais. Ao observarmos as flores e as frutas que protagonizam com grande sensualidade várias de suas pinturas, pensamos também em Georgia O’Keeffe, considerada por Kranz sua “irmã de alma”.

A artista carioca é também conhecida pela defesa da liberação sexual feminina e da liberdade política durante a ditadura militar no Brasil, além da luta pelas causas ambientais, atuando como uma das fundadoras do Partido Verde em 1986.

Marília Kranz expôs em galerias e instituições nacionais e internacionais e recebeu inúmeros prêmios pelas suas pinturas e esculturas, entre eles: o prêmio em escultura do 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, em 1981, e o prêmio de aquisição do Salão de Artes Visuais do Estado do Rio, em 1973. Em 2007, contou com a exposição retrospectiva Marília Kranz: relevos e esculturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ocasião em que foi lançada a monografia Marília Kranz, escrita pelo crítico de arte Frederico Morais, que acompanhou a artista durante toda a sua carreira.

É com grande entusiasmo, portanto, que assumimos a missão de representar e difundir a obra de Marília Kranz e o seu legado para a arte brasileira. Iniciaremos esse trabalho com uma individual da artista em março de 2023, abrindo o programa de exposições do próximo ano.

 

 

Galeria Movimento comemora um ano na Gávea

26/out

 

A Galeria Movimento comemora um ano de sua sede na Gávea com a exposição “Oráculo” que reúne pinturas inéditas de Marcela Gontijo com abertura no dia 05 de novembro, às 14h. A artista nasceu em Belo Horizonte e está radicada em Brasília. Marcela Gontijo usou o tratado milenar chinês “I Ching” (o “Livro das Mutações”) para criar uma série de obras em que adiciona o acaso – os hexagramas resultantes do jogo de moedas – a seu processo de construção das tramas de linhas horizontais e verticais em cores fortes. Marcela Gontijo tomou contato com o “I Ching” quando morou em Hong-Kong, entre 2012 e 2015, e ao voltar ao Brasil começou a experimentar este sistema em seu trabalho, cujos resultados são agora apresentados ao  público. A exposição tem curadoria de Felipe Scovino.

A Galeria Movimento inaugurou seu espaço no Baixo Gávea com a exposição, “O Banquete”, também com obras de uma artista mulher, Viviane Teixeira, e curadoria de Victor Gorgulho. Desde então, já fez mais cinco exposições, entre coletivas e individuais, com os artistas Arthur Arnold, Edu Monteiro, Hal Wildson, Jan Kaláb, Marcela Gontijo, Marcos Roberto, Mateu Velasco, Paulo Vieira, Pedro Carneiro, Tinho, Viviane Teixeira e Xico Chaves.

 

 

Bienal de São Paulo no MAR

20/out

 

O programa de mostras itinerantes da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto chega ao Rio de Janeiro no Museu de Arte do Rio (MAR). A exposição, correalizada junto ao MAR com o apoio do Instituto Cultural Vale, fica em cartaz até o dia 22 de janeiro de 2023.

A mostra é organizada em torno do enunciado Os retratos de Frederick Douglass. Douglass foi um homem público, jornalista, escritor, orador estadunidense, e um dos  principais expoentes da luta pela abolição da escravidão. Até hoje seus retratos circulam pelo mundo como símbolo de justiça e liberdade. Assim, sob o olhar penetrante e desafiador de Douglass, este enunciado traz artistas e obras voltados aos processos de colonização, deslocamento, violência e resistência que marcaram e continuam marcando a vida de milhões de pessoas ao redor do planeta.

Treze artistas de oito países diferentes compõem a mostra: Anna-Bella Papp (Romênia), Arjan Martins (Brasil), Daiara Tukano (Brasil), Daniel de Paula (Brasil/Estados Unidos), Deana Lawson (Estados Unidos), Frida Orupabo (Noruega), Gala Porras-Kim (Colômbia), Jaider Esbell (Brasil), Joan Jonas (Estados Unidos), Noa Eshkol (Israel), Paulo Kapela (Angola), Seba Calfuqueo (Chile) e Tony Cokes (Estados Unidos).

No dia da abertura, Daiara Tukano realiza uma performance, ativando sua obra Kahtiri Ēõrõ – Espelho da vida (2020), inspirada nos mantos tupinambás. A performance tem início às 11h30 e a artista percorrerá o caminho da exposição, no primeiro pavimento do Museu.

Além do fomento à produção artística, um dos focos principais da Fundação Bienal de São Paulo é a realização de ações de educação e difusão. No Rio de Janeiro, uma visita temática pela exposição está programada para o dia da abertura, 22 de outubro, às 12h30, com a equipe de mediação da Fundação Bienal. A atividade é gratuita, assim como a entrada na exposição na abertura, e não requer inscrição prévia.

 

 

 

Múltiplos encontros de arte

19/out

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Baixo Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta encontros na exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres”, Yolanda Freire, Waltercio Caldas, Paulo Vivacqua, Rosana Palazyan, Evangelina Seiler, Lilian Zaremba e Pedro Lago, entre outros convidados, estarão na programação gratuita de conversas, performances e filmes de artistas, entre 27 de outubro e 17 de novembro, sempre às quintas-feiras, às 19h.

Do dia 27 de outubro a 17 de novembro, participarão da programação Yolanda Freire, Waltercio Caldas, Paulo Vivacqua, Rosana Palazyan – artistas que têm obras na exposição -, Evangelina Seiler, Lilian Zaremba e Pedro Lago, entre outros convidados.

No dia 17 de novembro, será realizado um recital de poesia concreta com Pedro Lago e convidados em homenagem à publicação “Poetamenos” (1953), um conjunto de poemas de Augusto de Campos (1931), considerado um dos precursores do Concretismo no Brasil. Pedro Lago, poeta, editor e performer é presença confirmada para dar voz às poesias de autores desde Augusto de Campos e seu irmão Haroldo de Campos, até Arnaldo Antunes, passando por Décio Pignatari, Wlademir Dias-Pino, Ferreira Gullar e Paulo Leminski.

“Poetamenos” – que pode ser vista na galeria – é a obra que fundamenta a exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres”,com a apropriação feita por Augusto de Campos do conceito da técnica musical inaugurada por Arnold Schoenberg (1874-1951) em 1911, em que a coloração, a tessitura orquestral (os diversos timbres dos instrumentos) são usadas para compor uma linha melódica, horizontal, serial, vazada de silêncios e intervalos, e não mais sobreposta dentro de uma harmonia, rompendo assim com o sistema tonal vigente. No início da década de 1950, Augusto de Campos visitou o conceito da “Klangfarbenmelodie” de Schoenberg, e cria uma transcrição intersemiótica, inaugurando novas relações e procedimentos na construção e apresentação da poesia. Ao propor uma leitura de múltiplas vozes e cores, Campos cria o “Poetamenos”, publicação que em 2023 completará 70 anos. A exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres” apresenta obras de Lenora de Barros, Waltercio Caldas, Augusto de Campos, Yolanda Freyre, Cristiano Lenhardt, Antonio Manuel, Rosana Palazyan e Paulo Vivacqua.

De 27 de outubro até 19 de novembro.

 

A programação:

27 de outubro – Conversa com a artista Yolanda Freyre e a projeção de seu filme “A Hortência e a Galinha: luto e vida”;

03 de novembro – Conversa entre os artistas Waltercio Caldas, Paulo Vivacqua e a roteirista, artista e pesquisadora radiofônica Lilian Zaremba;

10 de novembro – Conversa da curadora e consultora de arte Evangelina Seiler com a artista Rosana Palazyan sobre seu trabalho;

17 de novembro – Recital de poesia concreta com Pedro Lago e convidados.

Recomenda-se a inscrição prévia pelo telefone 21.2274.3873.

 

 

osgêmeos no CCBB Rio

13/out

 

Depois da exibição em espaços como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, e pelo Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, PR, a exposição retrospectiva da dupla osgêmeos chega ao Rio de Janeiro. A mostra, que aborda a trajetória dos irmãos grafiteiros, encontra-se em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com o nome “Nossos Segredos”.

São mais de 850 itens, entre pinturas, instalações imersivas e sonoras, esculturas, intervenções em site specific, desenhos e cadernos de anotações. A exposição é a primeira retrospectiva de grande porte que examina a produção dos artistas desde o começo da década de 1980 até a atualidade. “Esta é a maior exposição já produzida por eles”, comenta o curador da mostra, Jochen Volz.

O objetivo da mostra é revelar novas visões do fazer artístico d’osgêmeos. Objetos pessoais, como cadernos, fotos, desenhos e pinturas que datam desde a infância dos dois irmãos até hoje são apresentados ao público pela primeira vez, incluindo estudos e obras de arte que precedem em muito seus famosos personagens e lançam luz sobre as raízes de seu surgimento. Influências artísticas e colaborações são expostas ao lado de pinturas e esculturas recentes.

A exposição fica em cartaz no CCBB do Rio até o dia 23 janeiro de 2023.