Série Crua apresenta Marcelo Conceição.

19/set

O terceiro episódio da série Crua, que será lançado dia 23 de setembro, às 12h, traz o artista Marcelo Conceição, que apresenta sua casa-ateliê em Niterói. Nascido em uma família com 11 irmãos, o escultor autodidata passou mais de uma década vivendo nas ruas do Rio de Janeiro, depois de perder parentes no trágico desabamento do Morro do Bumba. Desde então, o artista, que se autodenomina garimpeiro urbano, passou a criar esculturas com materiais reciclados e orgânicos, como madeira de caixotes, bambu, rolha e barbante. No terceiro episódio da série Crua, podemos acompanhar a produção de uma de suas esculturas, com reaproveitamento de materiais coletados nas ruas e gravetos de bambu.

Série idealizada e dirigida por Ana Pimenta e João Marcos Latgé. O projeto é apresentado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Política Nacional Aldir Blanc.

Sobre o artista.

Os movimentos da geometria.

“As obras devem ser concebidas com fogo na alma, mas executadas com uma frieza clínica”

Joan Miró

Volumes tridimensionais, contraposição de planos, texturas, linhas simétricas que exploram cores primárias com precisão. Bastante frequentes no trabalho de Marco Figueiredo, essas características se fazem ainda mais presentes na nova série apresentada ao público em exposição no icônico Santa Teresa MGallery, Rio de Janeiro, RJ, a partir do dia 09 de outubro. “Marco Figueiredo: (In)Congruências do Imaginário” é a segunda individual do artista no Brasil exibindo cerca de 30 trabalhos em diferentes suportes, utilizando colagem, recortes em papel e pintura a óleo sobre tela, em grandes, médios e pequenos formatos (alguns polípticos, trípticos e dípticos). Explorando os movimentos da geometria, ele mantém coesão na forma como ocupa os planos, sem deixar de conduzir o espectador em uma imersão fluida através dos elementos que povoam o seu imaginário.

Sobre o artista.

Autodidata, Marco Figueiredo reside atualmente entre Miami e o Rio de Janeiro, dividindo quase todo seu tempo entre a produção artística e a pesquisa de novas técnicas e processos. Ao longo dos anos, frequentou cursos de aprimoramento: no New York Art Center Studies e no Ateliê Gonçalo Ivo, em Paris. Entre as exposições realizadas, destacam-se uma coletiva no Miami Art Center e as individuais na Miriam Fernandes Art Gallery, em Miami, e no Centro Cultural Correios do Rio, em 2019. Suas obras estão expostas em espaços públicos e integram coleções privadas em países como Estados Unidos, Japão, Holanda, França e Suíça.

Natureza e Ordem

por Gonçalo Ivo

O meticuloso trabalho de Marco Figueiredo me remete a tempos imemoriais. Passeio por abstrações de origem árabe e geometrias inesperadas, como se pisasse em folhas outonais no solo de Alhambra ou do Alcazar de Sevilha. Há obras que se irmanam com a tradição concreta e neoconcreta brasileira dos anos 1960 e 1970. Outras transcendem uma estrada vicinal da Op Art. Mas essas são apenas referências trazidas da história recente da arte. O que está diante de nossos olhos é a realização do desejo de um artista que quer e concretiza sua intuição e seu labor. Vê-se aqui uma de suas inúmeras séries, composta de pequenas flores a desabrochar do plano e a revelar cores que se escondem entre pétalas finamente recortadas pelas mãos deste obreiro da luz. Engastada em rigorosa geometria, nos faz pensar em azulejos, cristais e até mesmo no nascimento de estruturas sustentando um mundo que deve, por sobrevivência, sair do caos e mirar a ordem e a harmonia.

Até 08 de dezembro.

Exposição do artista português José Pedro Croft.

15/set

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro inaugura, no dia 24 de setembro, a grande exposição “José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios”, com cerca de 170 obras. Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra, que ocupará todo o primeiro andar e a rotunda do CCBB RJ, será composta, principalmente, por gravuras e desenhos, apresentando também esculturas e instalações, que ampliarão o entendimento sobre o conjunto da obra do artista e sobre os temas que vem trabalhando ao longo de sua trajetória, como o corpo, a escala e a arquitetura. Esta será uma oportunidade de o público ter contato com a obra do artista, que já realizou exposições individuais em importantes instituições, como no Pavilhão Português na 57ª Bienal de Veneza, Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, Capela do Morumbi, São Paulo, Paço Imperial e MAM Rio, entre muitas outras.

“José Pedro Croft é um dos principais artistas portugueses da geração que se formou logo após a Revolução dos Cravos (1974). Ou seja, teve sua trajetória artística toda vinculada aos ideais de liberdade, cosmopolitismo e experimentação. Trata-se de uma poética visual que se afirma no enfrentamento da própria materialidade das linguagens plásticas: a linha, o plano, a cor, o espaço. Sempre levando em conta sua expansão junto à arquitetura e ao corpo (inerente aos gestos do artista e à percepção do espectador)”, conta o curador Luiz Camillo Osorio.

A exposição é composta a partir da potência plástica das gravuras e dos desenhos que se articulam com a vertigem espacial das esculturas, com seus vazios e espelhos. As gravuras, suporte com o qual o artista trabalha desde a década de 1990, ocuparão a maior parte da exposição, incluindo obras em grandes escalas. “A gravura é um trabalho de grande ciência física e artesanal, com muito rigor e entrega. Não é algo secundário. Para mim, é uma âncora do meu trabalho. Há coisas que fiz em gravura, que vão me dar soluções para o meu trabalho em escultura”, afirma José Pedro Croft. Diversas séries, de anos distintos, sendo muitas feitas sobre a mesma chapa de metal, aguçarão a percepção do público. “Ver não é reconhecer. As muitas variações no interior das séries gráficas conduzem o olhar para dentro do processo em que repetição e diferença se potencializam. A atenção para o detalhe é uma convocação política em uma época de dispersão interessada”, diz o curador.

A gravura é tão importante na obra do artista que muitos desenhos que serão apresentados na mostra foram feitos sobre as provas das gravuras. “Eu as uso como uma memória e desenho por cima com linhas de nanquim super finas, com 0,25 milímetros cada, criando volumes. Faço os desenhos à mão, trazendo esse mundo de imagens de pixels para a nossa realidade, que é física ainda. É uma maneira de resistir a velocidade de estarmos sempre ligados a um excesso de estímulos”, ressalta José Pedro Croft.

Em cartaz até 17 de novembro.

Três artistas na Galeria de arte do IBEU.

Até 05 de dezembro, a Galeria de Arte do IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, recebe a exposição coletiva “Parque”. A mostra reúne pinturas, desenhos e esculturas de Bernardo Magina, Bruno Miguel e Pedro Varela e convida o público a mergulhar em paisagens fantásticas, onde realidade e imaginação se entrelaçam.

Pensada como uma travessia sensorial, a exposição leva os visitantes a experimentarem cores, formas e símbolos que evocam memórias familiares, mas que rapidamente se transformam em convites para viagens únicas e pessoais. Mais do que contemplar obras, “Parque” oferece uma experiência imersiva que questiona a paisagem como algo natural e a apresenta como uma construção cultural.

Ex-alunos e professores da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, os três artistas fazem uma homenagem direta ao espaço que marcou suas trajetórias. O título da mostra remete ao palacete e seus jardins, território onde natureza e cultura se misturam a ponto de apagar fronteiras entre o real e o inventado. Assim como o Parque Lage, com seus cenários improváveis e atmosfera quase mágica, as obras de “Parque” estimulam o público a criar suas próprias narrativas, em que memórias, desejos e fantasias se fundem.

Como explica Bernardo Magina: “No Parque Lage tem uma gruta construída com direito a estalactites onde foram filmadas as célebres cenas da Cuca no Sítio do Pica-pau Amarelo, e os desavisados vão crer que ali estava a gruta desde sempre. Ou as jovens que vão ao parque para ensaios fotográficos, muitas vezes vestidas de princesas da Disney. Não é mentira, de fato não é um parque temático de Orlando, mas é um lugar mágico o suficiente para fantasiar. É a noção de paisagem se apresentando como uma construção cultural e não como algo dado. Cada um vai achar um lugar na sua mente para lugares físicos outrora experimentados. Abre-se espaço aí para novas histórias: ficções”.

Exposição inédita de Hugo França.

“Natureza, Escultura, Sustentabilidade” é o título da exposição de Hugo França que está em cartaz na Esplanada da Fundação Getúlio Vargas Arte, Praia de Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, até 13 de outubro de 2025. A mostra, gratuita e aberta ao público, apresenta a obra do artista que utiliza materiais naturais, como madeira, para criar esculturas que refletem a relação entre a arte, o meio ambiente e a sustentabilidade.

A mostra, com duração de dois meses, reúne obras que marcam a trajetória singular do artista, e o público que passar pelo local terá a experiência de interagir ativamente com peças de grandes dimensões. Com uma abordagem ecológica e poética, as obras expressam a presença da natureza e dão ao espectador uma ideia do conceito e do processo de produção de cada uma delas.

“O fato de as pessoas interagirem com as obras é um grande diferencial, pois possibilita uma experiência sensorial muito maior. O público pode esperar um grande show das formas orgânicas que a natureza proporciona, que tem, entre outras coisas, um valor arqueológico e escultórico que reverencia a floresta”, conta Hugo França.

Reconhecido internacionalmente por suas esculturas mobiliárias monumentais, o artista utiliza resíduos florestais da Mata Atlântica, ressignificando troncos e raízes em obras que combinam arte, design e consciência ecológica. Sua prática é muito influenciada por saberes tradicionais, sobretudo os do povo Pataxó.

Hugo França desenvolve seu trabalho, em especial, a partir de dois tipos de resíduos florestais: o Pequi-Vinagreiro e a Braúna – duas árvores que são exemplares da Mata Atlântica e se destacam pela sua morfologia. Na criação de suas obras, o designer propõe um pacto amoroso entre o mundo humano e o natural, em que até mesmo a motosserra, um objeto frequentemente associado à destruição, ganha novo sentido como um instrumento de produção simbólica.

“As esculturas nascem da observação das formas orgânicas das árvores mortas (resíduo florestal) e, a partir daí, são esculpidas seguindo a orientação da estrutura original da árvore, que é incorporada à obra. A natureza é a primeira a esculpir a obra, eu sigo o que as formas orgânicas e a textura da árvore já tinham”, explica Hugo França.

O artista afirma que seu interesse por esse método de trabalho surgiu no início dos anos 1980, quando se mudou para Trancoso, no sul da Bahia, e se deparou com a intensa exploração predatória da floresta tropical, em particular da Mata Atlântica, um dos biomas mais importantes do planeta. O curador da galeria, Paulo Herkenhoff, enfatiza a linguagem simbólica das obras, que propõem uma resistência por meio da suavidade: “Os móveis uterinos de Hugo França são esculturas que acolhem. Você se senta e fica”, pontua o crítico.

Reabertura da Galeria de Moldagens 2.

12/set

 

As inúmeras variações contidas entre o oculto e o visível envolvem a temática da primeira individual do premiado fotógrafo Vicente de Mello no Museu Nacional de Belas Artes/Ibram, até 16 de jabeiro de 2026. O evento marca a reabertura da Galeria de Moldagens 2 ao público (somente este espaço, e em horário de visitação reduzido).

Na exposição Breu, o público vai ter contato com fotografias capturadas na icônica Galeria do Museu e que ficarão ao lado de moldagens recém-restauradas, propiciando um diálogo entre as obras. Estas imagens foram editadas ou passaram por tratamento digital, resultando no curioso aspecto final de “imagem em negativo”. O artista apresenta 8 fotografias e se inspira na ideia da velatura de monumentos e estatutárias, que são um “efeito ótico” recorrente na história da arte, como uma ação desestruturante das formas originais.

Partindo desta premissa, as imagens produzidas pelo artista convidam à imaginação: o envelopamento das moldagens confere “uma nova percepção e aparência ao objeto, envolvendo efeito fantasmático e sedutor, de certa aparência etérea e irreal”, como aponta o curador da mostra, Aldones Nino.

A simbologia das esculturas e a interferência efêmera provocada por Vicente de Mello oferecem ressignificações desses elementos, como ideia de desaparecimento e invisibilidade. Em outra leitura, os registros feitos pelo artista das esculturas veladas da Galeria de Moldagens 2 por tecidos protetores, antes da reabertura da Galeria de Moldagens,  ampliam o sentido do primoroso trabalho de restauração de obras icônicas da galeria à arte e também o da representação.

Com a exposição de Vicente de Mello, o MNBA passa a abrir parcialmente ao público, porém em horários reduzidos, lembrando que a Instituição estava fechada para obras de requalificação de seus espaços desde março de 2020.  A exibição faz parte da série de eventos intitulados “Um olhar pela fechadura”, visando preparar o terreno para a devolução total do Museu ao público, no final de 2026. A mostra “Breu” conta com patrocínio do banco Itaú através da Lei de Incentivo à Cultura.

Sobre o artista.

Vicente de Mello Vicente de Mello, nasceu em 1967, é uma voz central na fotografia brasileira contemporânea, contando com reconhecimento internacional. Desde 1992, ele constrói um universo visual lúdico que desmonta e reconfigura, transitando da topografia imaginada para a metafísica da luz. Apresentou em 2006 a mostra moiré.galáctica.bestiário/ Vicente de Mello – Photographies 1995-2006, no Oi Futuro, RJ e na MEP-Maison Européenne de la Photographie, Paris, França. Em sua vasta trajetória destacam-se as séries: Topografia Imaginária, Moiré, Vermelhos Telúricos, Galáctica, Lapidus, Silent City, Brasília utopia lírica, Monolux e Limite Oblíquo. As exposições individuais recentes foram: Encanto, curadoria Aldones Nino e Yago Toscano (Casa del Concejo/ Mirador del Adaja, Arévalo, Espanha, Monolux, curadoria de Eucanãa Ferraz (MAM RJ, SESC Niterói, e Toda Noite, panorama de 30 anos de sua obra, com curadoria de Marilia Panitz e Aldones Nino (Farol Santander, Porto Alegre, CCJF, RJ. Na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2007, foi laureado com o prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – de Melhor Exposição de Fotografia do Ano. Com a instalação Ultramarino foi laureado com o Prêmio Centro Cultural Banco do Brasil Contemporâneo, em 2015. Sua obra ganhou livros como Áspera Imagem, editado pela Aeroplano e Parallaxis, da Editora Cosac Naify. Trabalhos de Vicente de Mello integram acervos de instituições como: Coleção Gilberto Chateaubriand – MAM/RJ; Coleção Joaquim Paiva, RJ; Fondation Cartier pour l´art contemporain, Paris; Itaú Cultural/SP; Maison Européenne de la Photographie, Paris; MASP/SP – Coleção Pirelli; MAR/RJ; MAM/Brasília, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SESC 24 de Maio/SP; The Museum of Fine Arts, Houston, entre outros.

Manobras Contemporâneas.

11/set

Antecipando as comemorações da a.thebaldigaleria, que faz 40 anos em 2026, exposição propõe diálogo entre as obras de Armarinhos Teixeira, Evandro Soares, Marcelo Solá e Rafael Vicente, sob curadoria de Vanda Klabin.

Com pesquisas artísticas completamente distintas e naturais de diferentes estados do Brasil, Armarinhos Teixeira, Evandro Soares, Marcelo Solá e Rafael Vicente estarão reunidos no dia 11 de setembro, quando inauguram a coletiva “Manobras Contemporâneas”, com curadoria de Vanda Klabin, na a.thebaldigaleria, Casa Shopping, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.

O diálogo proposto entre seus trabalhos, no entanto, revela particular conexão através de uma sinuosidade contemporânea: cada artista introduz sua própria investigação, questionando o espaço e os materiais em suas produções. Seja através da pintura, escultura ou instalação, cerca de 40 obras revelam um tensionamento poético entre forma, matéria e conceito, convidando o espectador a refletir sobre as fronteiras da arte atual.

“A arte contemporânea protagoniza experiências que estabelecem o nervo das suas inquietações que ela apresenta no seu interior, com seus descompassos, atritos e ambiguidades. A exposição coletiva “Manobras Contemporâneas”, composta por quatro artistas em diálogo, fazem parte desse mapeamento poético. Seus trabalhos são direcionados para um universo de práticas artísticas multidirecionadas e interrogativas, na qual cada artista anuncia o seu embate entre o modo de ser e de fazer. Está presente um acidentado percurso entre as obras, dado que as fronteiras entre os diferenciados trabalhos se fluidificam, se entrelaçam e perdem as suas linhas demarcatórias, pois estão situadas num lugar intervalar, com suas infinitas modulações”, afirma a historiadora e curadora Vanda Klabin.

Sobre os artistas.

Armarinhos Teixeira vive e trabalha em São Paulo. Nos anos 1980, deu início às oficinas de arte no Centro Cultural São Paulo e, mais tarde, aprimorou-se nas oficinas de arte da USP-SP. Desde os anos 1990, estuda a morfologia dos elementos que estão entre a cidade, a mata e as áreas áridas. Numa via de expressão de intensidade, a construção de novos amparos que se espalham como uma miragem contemporânea. A partir daí, cria em extensão esculturas, instalações, desenhos e interrogativas em outras mídias apresentando Bioarte. Armarinhos Teixeira cria pontes entre a arte e a ciência. Ocupando o território da Bioarte, busca a incorporação de uma compreensão do mundo vivo, ambientalmente sustentável e potencialmente regenerativo. A integração de processos artísticos e naturais determina o conceito da Bioarte.

Evandro Soares nasceu no sertão de Piritiba (1975), no povoado Largo do Piritiba da região da Chapada Diamantina, na Bahia. Aos dois anos de idade, Evandro Soares se muda para o Morro do Chapéu com sua família e por lá conclui os seus estudos fundamentais, iniciando vida profissional como aprendiz de serralheiro. Aos dezenove anos, já habilidoso em seu ofício, vai para Goiânia, cidade que muito contribuiu para que se encontrasse como o artista que já era. Foi frequentando  exposições, conhecendo artistas da cidade e visitando museus e ateliês que evoluiu em seu processo de criação. Em 2012, é premiado na Bienal Naïfs do Brasil em Piracicaba, São Paulo, e no ano seguinte participa do Salão de Arte Contemporânea de Jundiaí, onde também é premiado. Este foi o começo de uma longa trajetória que o projetaria no circuito nacional e internacional de arte.

Marcelo Solá nasceu em Goiânia (1971), onde vive e trabalha. Possui sua obra orientada para a nova área limítrofe do desenho, um desenho-pintura, às vezes desenho-instalação, ou com a inserção de objetos, sempre como atividade ampliada, quase obsessiva, e que vem adquirindo características fora do gênero. Sua produção vem atraindo a atenção da crítica mais inteligente, e o artista possui obras em coleções públicas tais como do MAM – SP, MAR – RJ e Museu de Arte de Recife – PE.

Rafael Vicente nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, RJ (1986). Realiza um trabalho artístico bastante influenciado pela paisagem urbana. Rafael Vicente faz uso notável das perspectivas e de uma paleta de cores que remete ao ambiente de grandes metrópoles.  Suas pinturas se iniciam em telas e se expandem pelas paredes, invadindo o espaço expositivo. É bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ, frequentou o curso de Análise e inserção na produção contemporânea com Iole de Freitas EAV,  Parque Lage, Rio de Janeiro. O artista também cumpriu residências em países como Paris (Pave D´Orsay pela Art San´s Lab), Espanha (Casa Brasil de Madri) e Moçambique, onde participou, em 2006, da Bienal Internacional realizada naquela capital, Maputo. E, em cada uma dessas mostras, sua produção teve a chancela dos mais importantes curadores do país. São nomes como os de Vanda Klabin, Fabiana de Moraes, Jorge Salomão e Marcus Lontra.

Vivian Caccuri lança livro e realiza exposição.

10/set

No sábado, 13 de setembro, a partir das 19h, Vivian Caccuri inaugura sua individual NOCETRA n’A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro. Na mesma ocasião, a artista lança o livro Criatura Som e seus Espectros (Act Editora).

A mostra, que ocupará os dois prédios da galeria, reúne um conjunto de obras inéditas e, segundo a curadora Marielsa Castro Vizcarra,”parte do desejo do artista de ir além da tendência de racionalizar cada gesto e desmantelar a falsa dicotomia entre corpo e mente, ou sentimento e pensamento. Por meio de paisagens sonoras imersivas, animações, sonogramas bordados, desenhos e esculturas, Caccuri retrata o momento fugidio em que a emoção exaltada dissolve a consciência – quando as fronteiras do eu se derretem em pura sensação e restauram um ritmo interior do tempo há muito perdido. Tais sons privados são amplificados e projetados no espaço, pareados com imagens de mulheres que se dissolvem em abstrações. Nocetra permeia o limite entre o público e o privado, e convida o público a ouvir e sentir junto.” A abertura celebra os 22 anos da Galeria com uma festa conduzida por PEKØ liveset (Vera Fischer Era Clubber), CRIS O. (Crizin da ZO, Equipe 7Rio) e Bia Marques. Na mesma ocasião, serão apresentados a Parede Gentil nº 44 (Área Indígena), de Xadalu Tupã Jekupé, e a Camisa Educação nº 92, de Ana Matheus Abbade. Para completar, teremos um bolo especial criado por Rose Afefé e Madah Sodré.

Nos últimos 15 anos, Vivian Caccuri vem desenvolvendo instalações, obras sonoras, performances, desenhos e bordados que investigam como o som pode desorientar a experiência cotidiana e inspirar novas formas de vida. Explorando a relação entre som e cultura, a prática artística de Caccuri busca destacar aspectos ativos, mas pouco reconhecidos, do som. Escreveu seu primeiro livro na Universidade de Princeton, “Music is What I Make”, publicado pela Bloomsbury NYC em “Making it Heard”, e pela editora 7 Letras como “O que faço é música”. Foi indicada para o Future Generation Art Prize e participou de exposições internacionais como a Bienal de São Paulo, a Bienal de Kochi, a Bienal de Veneza, o New Museum, o Museo Jumex e o Highline Art. Suas obras integram as coleções da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio; Instituto Inhotim, Brumadinho (MG); Pérez Art Museum Miami, EUA; ICA Miami, EUA, e Berggruen Collection, Berlim (Alemanha).

Arte moderna e contemporânea brasileira.

A Galatea participa da 15ª edição da feira ArtRio, que ocorre entre 10 e 14 de setembro, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, RJ. A galeria apresenta uma seleção de obras composta por nomes fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, além de artistas que exerceram influência na cena nacional ou que por ela foram influenciados, abarcando desde jovens talentos emergentes a nomes consolidados.

ArtRio 2025, Galatea | Estande B7.

A robusta lista de artistas reúne Alfredo Volpi, Allan Weber, Angelo de Aquino, Arnaldo Ferrari, Arthur Palhano, Ascânio MMM, Bruno Novelli, Carolina Cordeiro, Dani Cavalier, Edival Ramosa, Estela Sokol, Francisco Galeno, Franz Weissmann, Gabriel Branco, Gabriela Melzer, Georgete Melhem, Ione Saldanha, Israel Pedrosa, Joaquim Tenreiro, Julio Le Parc, Luiz Zerbini, Marilia Kranz, Max Bill, Mira Schendel, Montez Magno, Mucki Botkay, Raymundo Colares, Rubem Ludolf, Sarah Morris, Ubi Bava e Ygor Landarin.

O conjunto propõe um diálogo entre a arte contemporânea e vertentes de destaque na arte do século XX, como a arte concreta, o construtivismo geométrico, a abstração informal, a arte têxtil e a chamada arte popular. A amplitude temporal abarcada pela seleção de artistas reflete e articula os pilares conceituais do programa da Galatea: ser um ponto de fomento e convergência entre culturas, temporalidades, estilos e gêneros distintos, gerando uma rica fricção entre o antigo e o novo, o canônico e o não-canônico, o erudito e o informal.

Gabriela Machado na Anita Schwartz.

09/set

Em cartaz na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, a exposição Para seu olhar, de Gabriela Machado, com curadoria de Bruna Costa, marca os 35 anos de trajetória da artista. A individual reúne uma série inédita composta por cinco pinturas de grande formato e três esculturas em cerâmica, obras que exploram a relação entre gesto, corpo e espaço arquitetônico. Essa nova série resgata uma memória afetiva fundadora: a casa de fazenda do século XVIII, pertencente ao pai da artista, cujas paredes eram revestidas por afrescos de pássaros e paisagens. “Essas imagens sempre estiveram comigo. Desde pequena eu ajudava um restaurador a retocar os afrescos e hoje percebo o quanto essa experiência moldou o meu olhar. Nesta série, a parede volta com força, como lugar de memória e de corpo”, afirma a artista.

Nas telas, descritas pela artista como “quase-paredes”, a densidade dos afrescos encontra a luminosidade dos vitrais. Transparências, cores cítricas e camadas de tinta acrílica aplicadas em gestos largos constroem superfícies que parecem irradiar luz própria, fundindo memória, técnica e experimentação. “A pintura me conduz, é o vetor do trabalho. Eu nunca parto de um projeto, a obra se faz no fluxo, no gesto, na surpresa do processo”, ela explica.

A expografia, desenvolvida por Birger Lipinski & Laercio Redondo, insere as obras no espaço expositivo como se fossem parte de uma casa – metáfora que acompanha a produção de Gabriela Machado e reforça sua visão da pintura como lugar de habitação e experiência sensível. As esculturas em cerâmica, por sua vez, funcionam como âncoras no espaço, ampliando o diálogo com as pinturas.

“Se nosso corpo conseguir ser provocado por essas grandes massas de cor, a pintura torna-se, a um só tempo, parte deste mundo e dispositivo para imaginar outros”, escreve a curadora Bruna Costa no texto crítico da mostra. “Existe uma qualidade na pintura que só se adquire no acúmulo de experiência, no cotidiano da prática. Em Gabriela, essa disciplina se traduz em gestos espontâneos que surpreendem e, ao mesmo tempo, detêm o olhar do espectador”, acrescenta.

 Sobre a artista.

Gabriela Machado nasceu em Santa Catarina, em 1960, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula, 1984. Antes de se dedicar exclusivamente às artes plásticas a partir de meados dos anos 1980, participou de trabalhos de restauração na Fundação Roberto Marinho. “Morava numa casa do século XVIII com afrescos pintados por José Maria Villaronga. Meu pai gostava muito do cuidado com a recuperação dos afrescos e da arquitetura da casa. Pude assistir de perto a riqueza desse trabalho detalhado, ao longo da minha infância.” Gabriela Machado estudou gravura, pintura, desenho e teoria de arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro). Frequentou cursos em História da Arte, ministrados pelos críticos Paulo Venâncio Filho (Da Antigüidade à Idade Média), Paulo Sérgio Duarte (Arte e Ciência, do século XV ao XIX), e cursos de Estética e História da Arte, ministrados por Ronaldo Brito, na PUC e UNIRIO (Rio de Janeiro).

Até 11 de outubro.