Museu da República exibe Yoko Nishio

08/dez

 

A Galeria do Lago, no Museu da República, Catete, Rio de Janeiro, RJ, exibe – até 10 de março de 2024 – a exposição “Corpo Formoso”, com 11 pinturas inéditas da artista carioca Yoko Nishio, que faz sua primeira exposição individual, depois de ter participado de diversas coletivas no próprio Museu da República, no Centro Cultural Correios de Niterói e no Sesc Teresópolis, entre outros reconhecidos museus e galerias.

Com cores fortes e vibrantes, em tinta a óleo sobre tela, as pinturas, têm como tema a relação entre o corpo e a cidade, destacando os ornamentos que a artista vê nas pessoas e nos lugares, combinados às suas memórias e fabulações. Estão retratados nas obras a feirante de Vila Isabel, com sua tatuagem no braço; pai e filho arrumados para uma festa em Cabuçu, em Nova Iguaçu; corpos que caminham na multidão de Calolé, na Bahia; as senhoras que conversam no bairro do Encantado, no Rio de Janeiro, com estampas combinando com os ornamentos das fachadas; o bar em Madureira, cujos azulejos ornam com as roupas dos frequentadores; o homem que mostra orgulhoso a tatuagem com nome de seu filho no pescoço, entre muitos outros.

“O olhar interessado e atento de Yoko encontra nos anônimos que percorrem as ruas de cidades também sem identificação alguma, o objeto de seu interesse. O corpo se faz formoso porque é essencial. É necessário que a beleza e o cuidado prevaleçam sobre tudo que pode nos derrotar. Encontrar o prazer de enfeitar muros, casas, corpos ou vestimentas é uma maneira de dizer ao empobrecimento, às perdas diárias que sofremos, às muitas faltas na vida, que nada é mais forte do que a vontade de superar. Procurar a alegria das cores e estampas faz parte de uma cultura de sobrevivência que o olhar da artista captura e compartilha com a mesma alegria”, afirma a curadora Isabel Portella.

Yoko Nishio sempre teve na vida urbana, nas cidades e nas pessoas a inspiração para o seu trabalho artístico. “Minha pesquisa tem esse aspecto de campo, de andar, procurar, fotografar, conversar, o ateliê é só mais uma etapa de uma construção que começa muito antes”, conta a artista, que também é professora e pesquisadora. Desta forma, os trabalhos sempre surgem na rua. E não foi diferente com esta nova série. Em Belém do Pará, ao ver uma pessoa ornamentada com diversas estampas, iniciou a pesquisa que deu origem aos trabalhos que são apresentados na atual exposição. Apesar de ter começado a partir de uma estampa, a série fala sobre os ornamentos de forma geral. “Não é só estampa, também está na pele, na tatuagem, nos acessórios, como brincos, colares, pulseiras, e também nas cidades, nas superfícies das casas, dos bares, nos pisos, nas grades”, explica a artista, que completa: “São muito corpos, é o meu corpo, o corpo do outro e o corpo da cidade”.

Os títulos das obras são os nomes dos locais onde os ornamentos foram encontrados, que inclui muitos bairros do Rio de Janeiro e vários outros estados brasileiros, mostrando a diversidade dos corpos, das cores, dos ornamentos, nas pessoas e nas cidades. Para realizar os trabalhos, a artista vai para as ruas de diversas cidades, fotografa o que chama a sua atenção, tanto de maneira mais posada, como também colocando a câmera mais baixa, na altura do seu corpo, de forma a mostrar o que seu corpo está vendo. “As faces nem sempre me interessam tanto, mas sim estar entre os corpos, por isso às vezes há alguns cortes, pois coloco a câmera mais baixa, de maneira que não pareça uma fotografia e sim meu corpo andando e captando todos aqueles ornamentos”, diz.

Durante a pesquisa, a artista lembrou do famoso livro “Ornamento e crime”, escrito em 1908 pelo arquiteto austríaco do início do século XX Adolf Loos, que afirmava que a ornamentação era uma prática de povos primitivos, de criminosos e de outros degenerados. Nos seus termos, as sociedades mais desenvolvidas e modernas deveriam rejeitar os usos da ornamentação na produção de suas roupas, casas e instrumentos. “Hoje, seu argumento é compreendido como uma fala impregnada por preconceitos social-darwinistas, racistas e coloniais. Ornar nos faz ver profundamente o cotidiano e onde está a resistência a ele; ornar desobedece a essas normatizações; ornar é in.corporar o agir. E essa expressão do movimento do corpo atravessa a cidade. Eis um convite: azulejos, grades, tatuagens, vestidos florais, enfeites, chão, piso, pele. A cidade também é corpo e caminhar pelas ruas faz com que o corpo ganhe contornos, já que a vida urbana é feita das relações corpo-cidade”, afirma Yoko Nishio. Para não associar seus trabalhos à teoria de Loos, de quem discorda totalmente, a artista optou por usar no título da mostra a palavra “formoso” ao invés de ornamento. “Quando comecei a pensar o que seria este corpo ornamentado, entendi que é um corpo que quer sorrir e cheguei na palavra formoso, um adjetivo que está na boca das pessoas mais velhas e está associado à beleza, a estar bem, a estar feliz. O corpo formoso é um corpo que sorri, que vibra, decora, para produzir alegria, felicidade. Isso não quer dizer que não tenha precariedade, dificuldade, luta, tristeza, mas apesar disso tudo a gente vai botar o ornamento para tentar sorrir”, diz a artista.

 

Sobre a artista

Yoko Nishio vive em Vila Isabel, leciona na Escola de Belas Artes da UFRJ e no seu ateliê, no Santo Cristo, zona portuária do Rio de Janeiro. Suas pinturas discutem cidade e violência e suas últimas exposições coletivas incluem “Nem Sempre Dias Iguais”, no Museu da República (Rio de Janeiro, 2022), “No (Entre) Tempo das Imagens”, no Sesc Teresópolis (Rio de Janeiro, 2022), “Brasil Delivery” e “Primavera Tua”, ambas no Espaço Travessia, do Instituto Municipal Nise da Silveira (Rio de Janeiro, 2022), “Salão Ver-Ão”, na Galeria Oasis, (Rio de Janeiro, 2022), “Nas águas que se escondem”, no Espaço Cultural dos Correios Niterói (Rio de Janeiro, 2019), “9º Salão dos Artistas Sem Galeria”, nas galerias Zipper e Sankovsky (São Paulo, 2018) e Orlando Lemos (Minas Gerais, 2018), “Abre Alas 14″, na galeria A Gentil Carioca (Rio de Janeiro, 2018). Atualmente é representada pela Diáspora Galeria, localizada em São Paulo.

 

Sobre a curadora

Isabel Sanson Portella é graduada em museologia pela UNI-RIO (1989-1992), com especialização em História e Arquitetura do Brasil pela PUC-RJ (1995-1996), Mestrado (1998-2000) e Doutorado (2006-2010) em Crítica e História da Arte pela Escola de Belas-Artes/UFRJ. Atualmente é Coordenadora e curadora da Galeria do Lago Arte Contemporânea do Museu da República (IBRAM). Crítica e curadora independente desde 2005, com textos e entrevistas em várias publicações (catálogos, periódicos e livros), elaborou textos de diversas exposições, entre elas: Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio 2015 e 2016 e da exposição “Aquilo que nos une”, no Centro Cultural da Caixa Federal-SP. Em 2022, foi co-curadora do Projeto Decorporeidade: poéticas artísticas da deficiência selecionado no apoio às artes da DGArtes, Portugal e 2023 foi autora de um artigo sobre acessibilidade no livro “Hackeando o Poder”, de Pamnella Castro.

 

Acessibilidade 

Com o objetivo de promover a acessibilidade, a exposição contará com mediação acessível e todas as obras terão audiodescrição, disponibilizada através de QR Code. A ideia é proporcionar uma paisagem sonora e uma vivência com a obra para todos os públicos. A produção é de Camilia Oliveira e da antropóloga Bárbara Copque, com narração de Ana Paula Conde e Yoko Nishio.

 

Destaque para Anna Bella Geiger

07/dez

A artista plástica Anna Bella Geiger ganha mostra especial de seu trabalho com pinturas e “macios” e integra coletiva “Abstrações Utópicas”, na Danielian Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.

Ativa aos 90 anos, Anna Bella Geiger é a única artista remanescente da histórica “1ª Exposição de Arte Abstrata”, no Brasil, em 1953, no Quitandinha, em Petrópolis, RJ. Por isso, ela ganha uma homenagem especial na Danielian Galeria, com uma mostra dedicada a sua produção de telas e “Macios”, em que vem desenvolvendo suas experiências no campo da pintura nos últimos 30 anos. A exposição de Anna Bella Geiger inaugura o segundo andar do pavilhão recém-construído atrás da casa principal na Danielian Galeria.

Anna Bella Geiger também é consultora e integra a exposição “Abstrações Utópicas”, que a Danielian Galeria apresenta em sua casa principal, com aproximadamente 80 obras de mais de 50 importantes artistas, que exploraram o universo da abstração e criaram as bases desta vertente artística, presente até hoje em nosso cenário cultural, e berço da arte contemporânea brasileira.

A curadoria das duas mostras é de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto. As exposições ficarão em cartaz até 17 de fevereiro de 2024.

Conversas entre Coleções

06/dez

Em “Conversas entre Coleções” contamos com seis dos mais importantes acervos particulares. Propusemos-lhes o desafio de estabelecer conexões entre suas obras e aquelas da Coleção Roberto Marinho.

Além da qualidade dos trabalhos apresentados temos a oportunidade de observar seus critérios de reunião: diálogos em duplas; estabelecimento de parentescos e entornos de artistas reconhecidos com outros ainda em pouca evidência; diálogos de tempos diversos, intencionais ou reunidos pelo acaso; a trajetória brasileira de dois artistas judeus com migração provocada pela eclosão de guerras e perseguições na Europa da primeira metade do século XX; paisagens, geografias, mapas, ações afirmativas e questionamentos étnicos.

Uma rara reunião que é um convite ao prazer, à educação visual e à reflexão. Um momento mágico no qual produções de tempos e geografias tão díspares vivem juntas em nossa presença e sensibilidade. Tesouros e incentivos na construção diária de nossas vidas: um hoje composto de pretérito e futuro.

Lauro Cavalcanti

Diretor-Executivo da Casa Roberto Marinho

 

Exposição comemorativa no Quitandinha

30/nov

“Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos”, no Centro Cultural Sesc Quitandinha, revela fatos e artistas apagados da história oficial. O Sesc Rio de Janeiro tem o prazer de convidar, no dia 1º de dezembro de 2023, a partir das 10h, para a inauguração da exposição “Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos”, que abre as celebrações dos 80 anos do espaço inaugurado em 1944 como hotel-cassino, e que hoje sedia o Centro Cultural Sesc Quitandinha. A grandiosa exposição tem curadoria geral de Marcelo Campos, e é composta por seis núcleos. O público é recebido por um mapa do século 18, e pelas primeiras referências da presença de negros na Freguesia de Nossa Senhora de Inhomirim, base do povoamento da região, por meio da navegação do rio Piabanha e das fazendas que exploravam o trabalho escravizado, que deu origem à cidade que hoje conhecemos como Petrópolis. A mostra será acompanhada por uma programação cultural gratuita.

“Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos” irá destacar inicialmente as tecnologias trazidas pelos africanos, suas lideranças, e a quitanda-assentada no local onde está o Quitandinha – operada por mulheres pretas, e responsável por parte expressiva da economia do século 19. A palavra é derivada de kitanda, “feira”, e kutanda,”ir para longe”, no idioma quimbundo, falado em Angola, origem de muitos africanos que formam a grande população afro-brasileira.Vários artistas contemporâneos participam deste núcleo. Em outro segmento, Anna Bella Geiger (1933) ocupa um lugar central, com um documentário sobre ela feito especialmente para a exposição, e com obras que participaram da 1ª Exposição de Arte Abstrata, em 1953. Para se ter uma ideia do ambiente glamuroso do local em sua época de cassino, de 1944 a 1946, vários itens do mobiliário e da decoração foram recriados, além de uma galeria com reproduções de fotografias de época, pertencentes ao Instituto Moreira Salles. Bailes Black, de carnaval, funk, jambetes, Furacão 2000, nos anos 1970, também terão registros na exposição.

Dois importantes artistas negros, que tiveram forte presença no antigo hotel-cassino, ganham visibilidade e são homenageados. Tomás Santa Rosa (1909-1956), pintor, ilustrador, responsável pela inovação no design de capas de livros – “Cacau” (1934), de Jorge Amado, e “Caetés” (1933), de Graciliano Ramos, são exemplos – e importante cenógrafo – a peça “Vestido de Noiva” (1943), de Nelson Rodrigues, em 1943, marco no teatro brasileiro – e autor dos murais da piscina e do café-concerto, e da pintura decorativa de biombos do Quitandinha. Em outros dois espaços do CCSQ serão reproduzidas as decorações de carnaval do Rio, feitas por ele em 1954. Ativista dos movimentos étnico-raciais, trabalhou de 1947 a 1949 no Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias Nascimento (1914-2011). Já o gaúcho Wilson Tibério (1920-2005) fez nos salões do Quitandinha, em 1946, uma exposição com cerca de 130 obras. Militante político e antirracista, foi viver na França, fez constantes viagens à África, onde pesquisou o cotidiano das populações e ritos afro-brasileiros, criando várias pinturas, e participando de eventos sobre artes negras, como o 1º Congresso de escritores e artistas negros na Universidade de Sorbonne, Paris, em 1951, e do 1º Festival Mundial de Artes Negra, em Dacar, em 1966, hoje em dia um evento emblemático.

“Pensar e celebrar os 80 anos do Quitandinha, focando em arte e cultura, é rever uma história, sublinhar fatos, em sua maioria, desconhecidos, e cuidar para que uma sociedade desigual não permaneça”, afirma Marcelo Campos. “O Quitandinha foi protagonista nas relações da paz mundial, com a assinatura, em 1947, do tratado que se tornaria, anos depois, na Organização dos Estados Americanos, a OEA. Dois importantes artistas brasileiros, Tomás Santa Rosa e Wilson Tibério, realizaram murais e exposições neste local. A primeira mostra de arte abstrata do Brasil aconteceu lá. Portanto, a exposição “Da Kutanda ao Quitandinha” atravessará parte dessa história sob um olhar atual. Levantamos imagens de imprensa importantes e raras. Entrevistamos Anna Bella Geiger, uma das participantes da exposição de Arte abstrata”, assinala. “Realizar esta exposição é evidenciar a centralidade do Quitandinha, hoje, Centro Cultural Sesc, na realização de ações culturais”.

Até 25 de fevereiro de 2024.

Paço Imperial exibe Ana Holck

29/nov

Neste sábado, dia 02 de dezembro, o Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Entroncados, Enroscados e Estirados”, com obras inéditas da artista carioca Ana Holck, que marcam uma nova fase na sua reconhecida e destacada trajetória de 22 anos nas artes. Com curadoria de Felipe Scovino, serão apresentados oito trabalhos, pertencentes às três séries que dão nome à mostra. As obras, que foram produzidas este ano, em porcelana e aço inox – materiais até então nunca utilizados pela artista -, transitam entre a ideia de pintura e escultura.

“Os objetos criam uma situação transicional, variam entre serem bidimensionais e tridimensionais, colocando-se de maneira duplamente vetorizada, ou seja, tem uma proximidade com a pintura – não só pelo fato de estarem presos à parede, mas especialmente pela grafia destes trabalhos – e, ao mesmo tempo, não deixa de ser uma escultura”, afirma o curador Felipe Scovino.

Os novos trabalhos se aproximam muito dos temas sobre os quais a artista já vem se debruçando desde o início de sua trajetória: a cidade, o urbano, a arquitetura e a construção civil. No entanto, se nas obras anteriores Ana Holck utilizava materiais pré-fabricados, industrializados, como blocos de concreto, tijolos e vinis adesivos, nesta nova fase a artista resolveu experimentar, pela primeira vez, materiais mais maleáveis. “Não sou ceramista, a porcelana para mim é um meio a mais para fazer escultura e por isso mesmo sempre quis juntá-la com outros materiais”, conta a artista, que usa uma fita de aço inox maleável, com mola, para essa combinação com a porcelana. Formada em Arquitetura e Urbanismo, a artista utiliza em suas obras muitas questões ligadas a sua formação, mas de forma diferente. “Minha percepção do espaço com base na temporalidade da experiência vem da arquitetura, mas procuro desconstruir o que aprendi, aceitando o improviso, o acaso, o acidente”, diz. Apesar do encanto pelo novo material, Ana Holck encontrou na cerâmica um desafio às suas obras monumentais, que marcam sua trajetória. A solução para aumentar a escala veio a partir de peças que se encaixam, com módulos e repetições. O aço inox entrou como um elemento de ligação. “Este metal que utilizo tem uma mola, que dá estrutura, o que me atraiu bastante. Os “arranjos” dos tubos de porcelana geram um núcleo a partir do qual o metal se expande no espaço, gerando um desenho que não é muito controlado, no qual há um dado de surpresa”, conta a artista que, apesar de utilizar um material bruto e maleável, ela o subverte, transformando a porcelana em tubos de bitolas regulares, pré-estabelecidas, através de uma prensa chamada extrusora. “A passagem pelo equipamento apaga as digitais deixadas pela manipulação do barro, tornando-o impessoal, indo contra sua natureza moldável e imprimível”, ressalta. Além disso, os materiais são afastados de sua funcionalidade original: a cerâmica, que em seu uso cotidiano costuma conter algo, em potes, vasos e louças, aqui torna-se passagem para o metal, que cria desenhos no espaço.

Esses desenhos, por sua vez, criam um jogo de luz e sombra. “A incidência da luz sobre os trabalhos projeta uma sombra que, por sua vez, reforça a ideia de dinâmica e de velocidade das três séries e causa também uma sensação de prolongamento desta grafia no ambiente, criando desenhos no espaço”, afirma o curador Felipe Scovino, que destaca, ainda, que, apesar de não serem trabalhos cinéticos, a ideia de dinamismo e velocidade explora esse aspecto. Além disso, ele ressalta que há, nestes trabalhos, uma referência ao construtivismo russo e ao minimalismo norte-americano.

Séries em exposição

Na mostra serão apresentadas as séries: “Entroncados”, “Enroscados” e “Estirados”.

“Entroncados”, série composta por esculturas feitas a partir da junção aleatória de partes de tubos de porcelana, que são previamente produzidos pela artista. Em seguida, são passadas, por dentro deles, uma única fita de aço inox, gerando um inesperado desenho no espaço. “Antes frágil, a porcelana é agora testada pela força da mola da fita de inox, que percorre e tensiona o tubo de cerâmica, a parede, o ar. A passagem de uma única fita de metal que percorre os tubos gera um segundo desenho, não premeditado”, conta a artista, que vê neste título a questão urbana, sugerindo vias que se entroncam.

Já “Enroscados” são caracterizados pela repetição de módulos curvos, onde a fita de metal completa os desenhos circulares sugeridos pelos tubos em porcelana. “Nesta série temos um movimento repetitivo e obsessivo do metal percorrendo os tubos como calhas, que cumpre este papel de errar, desviar, sair do eixo. Me interessa a repetição dos elementos e sua organização no espaço”, afirma Ana Holck.

A última série, “Estirados”, se relaciona com a primeira, mas é composta por elementos lineares, criando uma tensão maior entre a rigidez da cerâmica e a maleabilidade do metal. A mostra será acompanhada de um catálogo em formato e-book a ser lançado ao longo do período da exposição.

Sobre a artista

Ana Holck (Rio de Janeiro, 1977) é formada em Arquitetura e Urbanismo pela FAU/UFRJ (2000), com Mestrado em História pela PUC-Rio (2003) e Doutorado em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ (2011). Inicia sua trajetória nos anos 2000, com instalações de grande formato, entre as quais, Elevados, no Paço Imperial (2005), Bastidor, no CCBB RJ (2010) e Splash, no SESC Pinheiros (2010). Entre suas principais mostras individuais estão Perimetrais, MdM Gallery, Paris (2013); Perimetrais, Zipper Galeria, São Paulo (2012); Ensaios Não Destrutivos, Anita Schwartz Galeria, Rio de Janeiro (2012); Os Amigos da Gravura. Museu da Chácara do Céu (2010). Entre as coletivas estão: Coleção Edson Queiroz, Fortaleza (2016), Edital Arte e Patrimônio, Paço Imperial (2014), Mulheres nas coleções João Sattamini e MAC Niterói (2012)  Lost in Lace, no Birmingham Museum and Art Gallery, Inglaterra (2011); 1911-2011 Arte Brasileira e depois na Coleção Itaú Cultural. Paço Imperial (2011); AGORA simultâneo, instantâneo. Santander Cultural, Porto Alegre (2011); Trilhas do Desejo, Rumos Artes Visuais 2008/2009. Itaú Cultural (2009); Borderless Generation: Contemporary Art in Latin America. Korea Foundation, Coréia do Sul (2009); e NOVA ARTE NOVA. CCCBB RJ e SP (2008/2009). Possui obras nos acervos do Itaú Cultural, Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAM Rio, MAM São Paulo, MAC Niterói, entre outros. A artista está no recém-lançado livro “Remains – Tomorrow: Themes in Contemporary Latin American Abstraction”, organizado por Cecília Fajardo-Hill.

Sobre o curador

Felipe Scovino é professor Associado do Departamento de História e Teoria da Arte e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ. Foi curador de exposições como Lygia Clark: uma retrospectiva (cocuradoria com Paulo Sérgio Duarte, Itaú Cultural, São Paulo, 2012), Cao Guimarães: estética da gambiarra (Cavalariças, Parque Lage, Rio de Janeiro, 2012), Emmanuel Nassar: estes nortes (Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012), Barrão: Fora daqui (Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, 2015), Narrativas em processo: Livros de artista na coleção Itaú Cultural (Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2019), Franz Weissmann: o vazio como forma (Itaú Cultural, São Paulo, 2019) e Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura (co-curadoria com Pieter Tjabbes, CCBB, Brasília, 2013; CCBB, Rio de Janeiro, 2017), que recebeu o prêmio de melhor exposição pela APCA em 2014. É organizador de diversos livros e ensaios sobre arte brasileira para catálogos e periódicos nacionais e internacionais. Foi professor visitante no Departamento de Artes da Universidad de Chile, em 2014, e da University of the Arts, Londres, em 2021. Escreve regularmente para Artforum desde 2017 e escreveu para a Folha de S. Paulo entre 2015 e 2016. Entre 2017 e 2020 foi curador do Clube de Gravura do MAM-SP.

O Carnaval no IBEU

17/nov

Carlos Vergara, um dos expoentes da história da arte brasileira, é o convidado para celebrar a retomada das atividades da Galeria de Arte IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. O artista inaugurou a exposição individual “Devassos no Paraíso”, com curadoria de Ulisses Carrilho. Na exposição, o público conhecerá uma série de fotografias produzidas durante a década de 1970, além de pinturas e monotipias recentes relacionadas ao tema do Carnaval do Rio de Janeiro.

A mostra permanecerá em cartaz até 09 de fevereiro de 2024.

Conversa com artistas

13/nov

Na próxima quinta-feira, dia 16 de novembro, às 19h, será realizada, na Galeria Athena, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, uma conversa, gratuita e aberta ao público, entre o artista Jonas Arrabal, a curadora Fernanda Lopes e a artista Julia Arbex em torno da exposição “Ensaio sobre uma duna”, individual de Jonas Arrabal, que pode ser vista até o dia 02 de dezembro na galeria.

A mostra apresenta trabalhos inéditos, em diversas mídias, reunidos em conjunto, como uma grande instalação pensada especialmente para ocupar a Sala Casa da Galeria Athena. Bronze, sal, chumbo, betume e resíduos orgânicos são alguns exemplos de materiais utilizados pelo artista nos últimos anos, traduzidos aqui entre objetos e desenhos. Em sua pesquisa poética há um interesse particular sobre o tempo e a memória, numa aproximação com a ecologia, meio ambiente e a história, propondo uma reflexão sobre a transformação constante das coisas, dos lugares e como isso nos afeta e nos permite novas percepções.

“Em seus trabalhos há uma operação que transita entre a invisibilidade e a visibilidade, transições e apagamentos concretos (conscientes ou não) numa aproximação com elementos da natureza, opondo materiais industriais com orgânicos, propondo novas mutações”, diz a curadora Fernanda Lopes.

A mostra é apresentada paralelamente à exposição “O que há de música em você”, que traz edições únicas das icônicas obras “Relevo Espacial, 1959/1986″ e “Parangolé P4 Capa 1, 1964/1986″, de Hélio Oiticica.

Sobre o artista

Jonas Arrabal, Cabo Frio (1984). Vive e trabalha em São Paulo. É artista visual, graduado em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e mestre em Artes Visuais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Começou sua produção em 2012 em diferentes linguagens, como vídeo, instalação e a escultura, em diálogo com o teatro, o cinema e a literatura. Em seus trabalhos há uma operação que transita entre a invisibilidade e a visibilidade, transições e apagamentos concretos (conscientes ou não) numa aproximação com elementos da natureza, opondo materiais industriais com orgânicos, propondo novas mutações. Há um interesse particular sobre o tempo e a memória, numa aproximação com a ecologia, meio ambiente e a história, propondo uma reflexão sobre a transformação constante das coisas, como isso nos afeta e nos permite novas percepções. Participou de exposições como 10ª Bienal do Mercosul, 1ª Trienal de Artes, The Sun teaches us that history is not everthing (Hong Kong, 2018), Os Vivos e o Mortos (Paço Imperial, 2019) e diversas coletivas e individuais em galerias e instituições no Brasil e no exterior. Em 2016 publicou Derivadores (com Luiza Baldan) pela AUTOMATICA e em 2021 foi indicado para o Prêmio PIPA.

Sobre a curadora

Fernanda Lopes é curadora e pesquisadora, doutora em História e Crítica de Arte pela UFRJ. Trabalhou como curadora adjunta do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2016-2020), e curadora associada em Artes Visuais do Centro Cultural São Paulo (2010-1012). Publicou os livros “Éramos o time do Rei” – A Experiência Rex (Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, Funarte, 2006); Área Experimental: Lugar, Espaço e Dimensão do Experimental na Arte Brasileira dos Anos 1970 (Bolsa de Estímulo à Produção Crítica, Minc/Funarte, 2012)  e Francisco Bittencourt: Arte-Dinamite (Tamanduá-Arte, 2016 – organizado com Aristóteles A. Predebon), além de diversos ensaios e artigos, especialmente sobre arte brasileira. Entre as curadorias que vem realizando desde 2008 está a Sala Especial do Grupo Rex na 29ª Bienal de São Paulo (2010) e a curadoria adjunta da exposição Maria Martins: Desejo Imaginante no MASP (2021) e na Casa Roberto Marinho (2022). Em 2017 recebeu, ao lado de Fernando Cocchiarale, o Prêmio Maria Eugênia Franco da Associação Brasileira dos Críticos de Arte 2016 pela curadoria da exposição Em Polvorosa – Um panorama das coleções MAM-Rio. Atualmente é Diretora Artística da galeria Athena (RJ) e colaboradora do Atelier Sanitário (RJ) e do Instituto Pintora Djanira (RJ).

Sobre a artista

Julia Arbex é artista, doutoranda em Artes Visuais na UFMG e mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Indicada ao Prêmio Pipa em 2023. Participou das exposições Salón Acme (Mexico 2023); The Silence of Tired Tongues (Framer Framed, Amsterdam 2022); Sol a Sol (ArtFasam, SP 2022); Drawing box Pop Up Show, (India; Irlanda e Estados Unidos, 2022); Mirantes (Galeria Anita Schwartz, RJ 2021); Até onde a vista alcança (Galeria Athena, Rio de Janeiro 2020).

Tempo do Olhar

A Galeria Paulo Branquinho, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, reúne 14 artistas com curadoria de Lia do Rio. No dia 18 de novembro, às 17h, abrirá a mostra coletiva “Tempo do Olhar”, encerrando a programação de 2023 e celebrando o que está por vir no ano que vem. A curadora Lia do Rio selecionou os trabalhos de Adriana Montenegro, Ana Biochini, Cláudio Bispo, Fernanda Lemos, Gilda Lima, Iraceia de Oliveira, Jarbas Paullous, Maria Ignes Peixoto, Marcia Cavalcanti, Regina Helene, Rosi Baetas, Sandra Fioretti, Sandra Macedo e Sonia Xavier. Serão mostradas esculturas, pinturas, instalação e fotografia, provando que a arte pode e deve abarcar todos os olhares.

Para Paulo Branquinho, a interação e abertura para novas linguagens curatoriais é fundamental: “Lia do Rio, além de ser uma artista de excelência, é conhecida por seus colegas artistas e alunos, como mestra, por sua grande generosidade”, diz ele, que se sente honrado por receber esta mostra para fechar o ano.

“Os artistas participantes dessa mostra atualizam relações entre forma, cor, espaço e tempo, atualizações essas realizadas dentro de um percurso individual. As obras, suportes para reflexões plásticas, solicitam um engajamento a quem se aproxima, a aqueles que se dão o tempo do olhar”, afirma Lia do Rio, curadora.

Sobre os artistas

Adriana Montenegro, poeta e artista, percorre caminhos em que a memória, o onírico e o real constroem-se e descontroem-se, gerando continuamente espaços que, por seu movimento, já deixam de aí estar, inaugurando outros, mas formando um itinerário de vestígios que reaparecem.

Ana Biolchini, com formação na área Biomédica, investiga as interseções e a integração de partes do corpo por meio de sua representação em diversas mídias a partir e um fio condutor que tudo conecta. Trabalha no espaço da arte com pesquisa de memória, ancestralidade, tradições religiosas, simbolismo das letras hebraicas e sistemas de arquétipos relacionados as dimensões do inconsciente coletivo.

Formado em Direito, com curso técnico em desenho de Máquinas e Tubulações, o trabalho tridimensional de Cláudio Bispo realiza-se através da desconstrução de caixas de papelão descartadas, não buscando a beleza, mas sim, a possibilidade de um visual significante e permanentemente instigante.

Fernanda Lemos designer e pós-graduada na COPPE/UFRJ. Trabalhou na Funarte e Fundacen. Cores, formas, risco e acaso, o qual muitas vezes se torna em aliado, fazem do processo um experimento, sendo o que mais a instiga e interessa.

Gilda Lima, com formação em psicologia, trabalha com foto e vídeo. Segue seus processos, que chama de “processos atravessados” sem direção definitiva, sempre perseguindo a ideia da impossibilidade de preencher vazios.

Iraceia de Oliveira, psicanalista, atualmente vive em Portugal. Utiliza-se de materiais reciclados os quais recorta e pinta, e também de madeiras ligadas por dobradiças para dar-lhes movimento e deslocamento. Trabalha com fotos e vídeos de animação e pesquisa a arte digital. É sempre levada a fazer algo por uma ideia que se define no material.

Jarbas Paullous, graduado em Comunicação Social e pós-graduação em Linguagens Visuais, trabalha com pintura, escultura, desenho, vídeo, instalação e performance. Voltado a pesquisa de situações cotidianas em suas pinturas e esculturas nas quais utiliza materiais reciclados e sucatas, já nas performances usa como referência obras de artistas da história da arte.

Maria Ignes Peixoto, mestra em Filosofia e formação em Psicanálise, desenvolve seu trabalho em arte com desenho contemporâneo, seu principal meio de expressão. Dele participam escritas intimistas, vestígios de memórias, movimentos espontâneos, traços ritmados em lápis grafiti, canetas, tintas, dentre outras matérias que livremente se insinuam no suporte.

Marcia Cavalcanti desenvolve seu trabalho a partir do desenho livre, incorporando técnicas como o nanquim, a aquarela, a gravura e a pintura. A partir do experimentar a linha e seu poder de recriação, de invenção através do desenho, surge como resultado um humor inusitado muito peculiar a sua percepção.

Regina Helene, formada em Direito, trabalha em grandes dimensões. Os materiais utilizados complementam-se aglutinados em diversas cores que se harmonizam e ganham ressignificação. A assemblage, linguagem mais utilizada por ela, dá-se pela junção dos mais inusitados materiais. A integralização das partes traduz mitos, arquétipos e a energia existencial criadora feminina.

Rosi Baetas, engenheira química, M.Sc, D.Sc, transmuta conhecimentos de base científica em linguagens visuais, à luz de conceitos inerentes à incompletude, à inconsistência, à imprevisibilidade e à transitoriedade. Elementos contrapostos – nano/macro, frente/atrás, dentro/fora, colagem/descolagem, além de espaços vazios, convidam à decifração. Explora desdobramentos e interações de expressões como pintura, desenho, fotografia, objeto e instalação.

Sandra Fioretti, artista visual com formação em design, traz para as artes visuais sua bagagem de estudos em artes gráficas. Através de pinturas, desenhos e fotografias digitais elabora contrapontos lúdicos criando composições em permanente evolução. Seu trabalho é fruto de observações e pesquisas que elabora há algum tempo referentes a natureza, colonização e brasilidade.

Sandra Macedo, com formação em antropologia, desenvolve trabalhos, por vezes, em escala reduzida e desenhos com fios de linha. Nestes trabalhos a atenção se volta para o frágil e para a ruptura de escala. O pequeno formato pode ser sentido como monumental e ter uma formidável potência de comunicação. Sua produção tem como eixo problemáticas sociais e tangencia questões ligadas à situação de opressão, fragilidade e luta das mulheres.

Sonia Xavier, formada em Pedagogia, utiliza no contexto de suas obras uma teatralização de emoções que remetem a diversificados instantâneos da condição humana usando seu próprio imaginário de modo intuitivo e que se transfigura em propostas ora irreverentes ora declamadoras de um inesperado porvir. Estabelece relações com a poesia, a literatura, a música, o tempo e a memória.

A arte tridimensional de André Barion

A NONADA ZS, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abre “Firulas”, exposição de André Barion, e texto de Pedro Köberle com 14 trabalhos resultantes de análises criteriosas dos últimos 7 anos onde o artista se aprofundou nas possibilidades pictóricas e esculturais dos materiais têxteis, combinando habilidades de costura, pintura e desenho para criar trabalhos verdadeiramente inovadores. Em sua primeira eexibição individual na NONADA,-de 18 de novembro até 27 de janeiro de 2024-, o artista apresenta uma exploração tridimensional de sua pesquisa, revelando um mundo de superfícies estampadas meticulosamente construídas com retalhos de tecidos previamente pintados. Seu processo criativo é caracterizado pelo uso de padrões intrincados, derivados de recortes minuciosos e intervenções pictóricas laboriosas. Esta abordagem cuidadosa é evidente tanto nas obras bidimensionais quanto nas tridimensionais, onde elementos figurativos se entrelaçam com contornos abstratos, desafiando a função meramente decorativa do trabalho.

Entre os trabalhos que compõem “Firulas”, pode-se destacar “Arco com pássaros” (2023), onde imagens de pássaros ganham vida dentro de uma estrutura acolchoada fazendo com que a simplicidade e forma do suporte contraste com a complexidade da superfície, criando uma dinâmica visual intrigante. Já em “Mergulho dos pássaros” (2023), a sobreposição de elementos figurativos e texturas abstratas confere profundidade e perspectiva ao todo, transformando o espaço expositivo em um viveiro de corpos moles, emblemas botânicos e revoadas passeriformes. As cores vibrantes e formas intrigantes de “FIRULAS” convidam a uma experiência sensorial, tátil e ótica.

Sobre o artista

André Barion (São Paulo, SP 1996) – Vive e trabalha em São Paulo. Graduado em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Sua pesquisa envolve objetos escultóricos, vídeos, instalações e pinturas construídas a partir da costura de tecidos diversos, abordando questões relativas à relação entre o objeto e o espectador, e uma consequente teatralidade nas instalações, bem como quais fatores e atributos de um objeto influenciariam esta relação. O interesse pela tapeçaria nos últimos anos ocasionou em um direcionamento das obras para a relação entre o fetichismo, o desejo, a sedução com a materialidade do objeto artístico. A manipulação de materiais ora nobres ora precários é recorrente nas tapeçarias, instalações, vídeos e nos projetos digitais. Entre as exposições recentes, destacam-se a 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas (2018), em colaboração com o grupo de pesquisa Pineal; 47º e 44º, 43º Salão de Arte de Ribeirão Preto no Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP – 2022, 2019, 2018), 47º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André, SP 2019). Participou das exposições coletivas À Sombra do Comum, com curadoria de José Spaniol e Sérgio Romagnolo (Galeria Andrea Rehder, SP) (2017) e da Imensa preguiça, com curadoria de Guilherme Teixeira (Galeria Sancovsky, SP) (2018). Em 2023 participou das exposições Doispontozero (Galeria C.A.M.A. SP); PAURA na (Era Gallery, Milão, Itália); Delirium Delirium, com curadoria de Ricardo Bezerra (Espaço Delirium, SP).

A Geometria em Rubem Valentim

09/nov

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Rubem Valentim – Sagrada Geometria”, exposição com curadoria de Max Perlingeiro, e consultoria de Bené Fonteles, artista plástico, poeta e amigo mais próximo de Rubem Valentim, e que o acompanhou por duas décadas, até sua morte.

A exposição celebra este extraordinário artista que fez do sagrado sua vida e obra. São 75 obras, em pinturas e desenhos, e ainda seus “objetos”, com pintura sobre madeira, e um ensaio fotográfico de Christian Cravo, dedicado ao celebrado conjunto com 20 esculturas e 10 relevos brancos chamado “Templo de Oxalá”. Este conjunto, feito por Rubem Valentim em 1974, e pertencente ao Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, é um dos destaques da 35ª Bienal de São Paulo.

Será exibido, em looping, o vídeo “Rubem Valentim (1922-1991) – Sagrada Geometria”, feito especialmente para a ocasião, com 28’15 de duração, Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, é um dos destaques da 35ª Bienal de São Paulo.

Até 16 de dezembro.