Iole de Freitas lança livro no Paço Imperial.

05/mai

Neste sábado, dia 10 de maio, às 15h30, será lançado o livro da exposição “Fazer o Ar”, da artista Iole de Freitas, na Sala dos Archeiros, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Para marcar o lançamento, será realizada, às 16h30, uma conversa gratuita e aberta ao público com a artista, o curador e poeta Eucanaã Ferraz e o artista visual e poeta João Bandeira, que assinam textos inéditos no livro. A mostra foi prorrogada e poderá ser visitada até o dia 18 de maio.

Com 120 páginas, o livro, organizado por Eucanaã Ferraz e Rara Dias, traz imagens inéditas da exposição, em um ensaio fotográfico feito por Vicente de Mello, e também fotos de Ricardo Miyada, Maria Camargo, Sérgio Zalis, Jaime Acioli, Iole de Freitas e Helena Makun. Além de textos do curador e poeta Eucanaã Ferraz e do artista visual e poeta João Bandeira, a publicação também terá a transcrição de uma conversa inédita entre eles e Iole de Freitas, realizada no ateliê da artista. No Paço Imperial, o livro será vendido pelo valor promocional de R$ 90,00 e após o lançamento estará disponível na livraria Blooks.

Lançamento do Catálogo Casa Própria.

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta no dia 08 de maio o lançamento do catálogo Casa Própria, da artista Ana Hortides.  Mais do que um simples registro visual, a publicação oferece um levantamento crítico sobre a obra de Ana Hortides, aprofundando-se nas questões materiais e simbólicas que permeiam sua produção artística. Com contribuições dos curadores Daniela Avellar, Lucas Albuquerque e Renato Menezes, o catálogo traz ensaios que discutem a relevância da pesquisa de Ana Hortides no contexto da arte contemporânea brasileira. Além disso, uma entrevista exclusiva de Pollyana Quintella com a artista oferece uma visão íntima de seu processo criativo e de sua trajetória.

Questões do feminino e da natureza.

30/abr

Os caminhos trilhados por Sandra Felzen perpassam as questões femininas, as causas ambientais e suas várias vivências culturais. Seus instrumentos são a arte, a natureza, o estudo da língua hebraica, tudo imerso no contexto da cultura brasileira.

Em “O Tempo, O Feminino, A Palavra”, que abre no dia 08 de maio, na Galeria do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, Humaitá, Rio de Janeiro, RJ, a artista constrói artesanalmente um caderno, um útero e inúmeros potes, feitos a partir de tiras de vários tecidos afetivos que coletou ao longo da vida.  O conteúdo do caderno mostra os desdobramentos de sua trajetória artística, suas reflexões sobre a passagem do tempo, sobre o feminino e sua conexão com a Natureza, representada pela árvore. Ela ressalta a importância da palavra como geradora de conteúdos e de sentidos.

Para a artista, a árvore possui uma grande ligação com o feminino. Além da palavra ser feminina em português, ela simboliza o equilíbrio. Ela é o elo entre a terra e o céu. Enraizada, com uma potencialidade de crescimento, doa flores e gera frutos. É a Árvore da Vida.  Árvore da Vida é um conceito na cultura judaica que significa tanto sabedoria como a integralidade do Ser e todas as suas manifestações. As obras de Sandra Felzen contam histórias dos saberes ancestrais e revelam uma visão integrada da experiência humana. Reforçam a ideia de que arte, memória e natureza estão entrelaçadas em um diálogo contínuo com a vida. Esses temas se estendem do caderno, do útero e dos potes até às paredes da galeria, onde suas pinturas se apresentam. Nas telas, a artista se aprofunda nas nuances da cor, da composição e das texturas.

A palavra da artista.

“Meus temas principais, o Feminino e a Árvore, estão entrelaçados e dialogam entre si. Na verdade, são um grande tema único. Ao longo da minha carreira, pintei Umbuzeiros, Umburanas, Bacuris, Bambus, Monjolos, Carnaúbas, Veredas. As árvores representam nossas raízes, que nos dão sustentação. Elas nos fincam na história, em nossas ancestralidades. Ao mesmo tempo, nos dão o sentido de direção e nos remetem às alturas”.

Outros dois temas recorrentes em seu trabalho, inter-relacionados com o todo de sua obra e retratados nas páginas do caderno são os receptáculos (o útero, inclusive) e as janelas/espelhos, que são, segundo a artista, “Portais no Tempo e no Espaço”.

 Sobre a artista. Sandra Felzen

Carioca, Sandra Felzen graduou-se em Química com Mestrado em Ciências Ambientais. Iniciou seus estudos de pintura e desenho durante os anos 1980 em Nova York. Participou de vários cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e MAM, no Rio, entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Realizou várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior ao longo dos 40 anos dedicados à arte.

Até 29 de junho.

A investigação metafísica de Alberto Saraiva.

A Galeria Patrícia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abre individual de Alberto Saraiva, que apresenta pinturas em diálogo com o pictórico e a investigação metafísica. Usando acrílica e óleo sobre tela, Alberto Saraiva vai construindo uma narrativa própria em nuances coloridas capazes de revelar sutilezas, entre planos e figuras, ao olhar mais atento.

“Sobre Pintura”, exibição individual do artista que ocorre entre maio e 16 de junho, na Galeria Patrícia Costa, apresentará um conjunto com cerca de 20 pinturas. A curadora, Daniele Machado, selecionou um recorte que vai de 2009 à produção recente, de 2025 – algumas obras foram produzidas para esta exposição, como o díptico “Chuvinha de outono”. Segundo Daniele Machado, a pintura de Alberto Saraiva é construída por partes, com centros de gravidade coexistentes, que ora disputam, ora desorientam, ao tensionarem a perspectiva clássica que tanto educou o olhar ocidental. O conjunto reflete a investigação do pintor sobre a metafísica em diálogo com a tradição pictórica.

“Eu busco a presença humana no horizonte, no desconhecido, ainda que ela não esteja dentro da tela, mas fora dela”, afirma Alberto Saraiva.

Ao se interessar por arte aos 7 anos de idade, quando passou a desenhar, foi aos 21 anos que Alberto Saraiva teve seu real encontro com a pintura, tendo Katie van Scherpenberg como a sua grande mestra, durante dez anos, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (onde anos mais tarde ele mesmo viria a se tornar professor). Katie van Scherpenberg foi, para ele, uma referência que o ensinou a compreender a pintura como realidade física e, igualmente, como pensamento. “Costumo sempre relembrar o “paradoxo da Katie”, que dizia que a pintura não é algo que você ensina, no entanto algumas pessoas aprendem. A pintura, na verdade, é um pensamento que parte da matéria, que são os pincéis, as tintas, os lápis; a partir daí criamos uma imagem que se torna um pensamento claro que pode se desenvolver ou não. Pintura é um processo, passa pelo refinamento do pensamento”, diz o artista, que destaca a contribuição de Katie van Scherpenberg em uma das telas a ela dedicada.    A todo tempo, olhar para as pinturas é questionar sobre o que está ali e o que extrapola os limites do mundo físico. Ele vai deixando pistas para que esse movimento seja conduzido e descoberto pelo espectador, alternando a extrema habilidade técnica naturalista com as referências do universo gráfico. É uma obra “sobre pintura” e sobre a condição do homem contemporâneo: o que vive no tempo oportuno, suspendendo o cronos.

Sobre o artista.

Alberto Saraiva naceu em Manaus, em 1967, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É artista-curador e pintor, graduado em Arte Educação e Museologia, com pós-graduação-especialização em Arte e Filosofia pela PUC-RIO e mestre em museologia pela UNI-RIO. Estudou desenho e pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro com Katie van Scherpenberg com quem aprendeu a pintar; estudou cor com o pintor José Maria Dias da Cruz e videoarte no Parque Lage nos anos 1990 com Adriana Varella onde fez parte do grupo de produção de vídeo que se reconectou aos artistas da produção de videoarte dos anos 1970. Fez sua primeira exposição individual na Galeria Candido Mendes no ano 2000, a segunda no Castelinho do Flamengo em 2008 e a terceira individual na Galeria do Lago em 2014. Dentre suas coletivas destacam-se a Bienal do Recôncavo-Bahia onde ganhou o segundo lugar no prêmio aquisição – Coleção Dannemann em 2000; 7a Bienal do Mercosul – Radiovisual com curadoria de Lenora de Barros em 2009. Imagens Paradoxais no Parque Lage em 2000; Rio Trajetórias: Ações Transculturais: Funarte em 2001; Obranome no Museu Nacional de Brasília em 2008; O corpo – entre o público e o privado com curadoria de Christine Mello no Paço das Artes em São Paulo em 2004; Rumos da Videodança – Itaú Cultural São Paulo em 2003; Ensaio sobre a beleza com curadoria de Bruno Miguel na Galeria Movimento em 2025.

Exposição de colagens e esculturas.

29/abr

Colagens de Roberto Scorzelli e esculturas de Marcos Scorzelli na Galeria Evandro Carneiro, Gáves, Rio de Janeiro, RJ. Roberto Scorzelli (PB, 1938 – RJ, 2012) foi um importante arquiteto e artista plástico. A Galeria Evandro Carneiro já realizou duas exposições de suas pinturas, em 2019 e 2022. Agora, apresenta seus inéditos trabalhos de colagens em papeis de seda e papeis de origami japoneses.

Texto de Laura Olivieri Carneiro.

Em conversa com sua viúva e mãe de seus dois filhos, um dos quais também presente nesta mostra (Marcos, de quem falaremos adiante) Rosa Bernstein Scorzelli me contou toda a história por trás dessas maravilhosas formas coloridas que ora se apresentam. Assim, usamos a metodologia da memória oral (entrevista gravada em áudio, transcrita e referenciada aqui) na pesquisa para escrever o texto que se segue.

No finalzinho da década de 1960 e início dos anos 1970, Roberto Scorzelli se interessou pelas colagens, desde que se tornou amigo da escultora Mary Vieira, quando ele era arquiteto do Itamaraty e ela estava em Brasília para instalar no palácio dessa instituição a icônica obra Ponto de Encontro (1969-1970). Nessa ocasião, a escultora presenteou o arquiteto com algumas peças de papeis de seda suíços.

Mary viveu muitos anos na Europa e fixou residência em Basel, Suiça. Roberto foi algumas vezes à Berna para reuniões sobre o projeto da embaixada do Brasil que seria construída nesta cidade e era assinado por ele. Foi quando aprofundou suas pesquisas sobre os papeis coloridos de excelente qualidade que ali pôde comprar e trazer para o Brasil.

Rosa lembra que o processo era complicadíssimo à época: primeiramente porque não havia a diversidade de colas que existem hoje. Roberto usava cola de sapateiro para o trabalho pois era mais adequada à lisura dos papeis. Aquilo exalava um cheiro tóxico e ele precisava interromper a produção de quando em vez para não prejudicar a saúde dele e de sua família. Neste momento, Isabella era pequena e Marcos acabara de nascer. Não bastasse isso, em alguns trabalhos, ele desejou criar um efeito diferencial e precisava queimar controladamente os papéis. Para tal, punha-se com o material dentro do box do apartamento para, se preciso, abrir as torneiras d´água e não incendiar a casa. Em conversas de casal, Rosa e Roberto concordaram que aquele processo era demasiadamente arriscado. O artista, então, continuou se dedicando à pintura a óleo e tinta acrílica e aos desenhos. Seguiu uma sólida carreira, com exposições em galerias consagradas, como a Bonino e a Saramenha, abriu uma loja de design na badalada Ipanema e seu escritório de arquitetura “bombava”. Situado em uma casa com quintal em Botafogo, seus filhos têm uma doce e lúdica lembrança da fase das colagens: Roberto enchia uma piscina inflável e com uma mangueira e seus papeis de seda, fazia cachoeiras coloridas com a tinta que o material soltava na água. Passados muitos anos, na década de 1990, Rosa que é física, estudava os meteoritos da Antártica e ia muito a Congressos realizados no Japão. Roberto adorava a cultura japonesa, o Zen-budismo, os monumentos sagrados e acompanhava a esposa. Certa vez ela precisou trabalhar um mês em um laboratório em Kyoto e, nos tempos vagos e andanças pela cidade, Roberto encontrou lojas especializadas em papéis: de seda em coloridos especiais como os dourados, com texturas e ranhuras, cortados geometricamente para origamis. Passava as tardes por ali, experimentando ideias para, no retorno ao seu país, voltar a criar colagens.

Assim, surgiu uma nova série nos anos 1990, com motivos semelhantes aos de vinte anos antes, mas utilizando papéis japoneses e não mais suíços. A amizade com Mary Vieira sempre foi constante e Roberto a presenteou com algumas dessas novas colagens. Mary se casara com Carlo Belloli, crítico de arte e galerista em Milão que quando viu o trabalho, quis realizar uma exposição em sua galeria. A mostra aconteceu em 2000. Depois disso, as colagens não mais foram apresentadas ao público até a presente data. Reunimos aqui 30 colagens dos dois tempos, 1970 e 1990. Guardadas com o primor dos princípios norteadores da conservação de obras de arte, os exemplares da produção foram acondicionados em mapotecas e chegaram até aqui intactos. Ainda inéditos no Brasil, expomos agora estes lindos trabalhos de papeis de seda e papeis de origami colados sobre cartão.

Inspirado na obra do pai, foi a partir dos desenhos de bichos de Roberto que Marcos Scorzelli, designer e artista, criou em 2018, a sua série de esculturas em chapas de aço representando animais brasileiros. Seguindo a premissa de somente dobrar as chapas, sem cortes nem colas ou soldas, o escultor desenvolveu uma técnica genial, com resultado colorido, lúdico e de uma beleza que encanta a todos que entram na galeria e percebem a originalidade do trabalho. Expusemos os Bichos em 2019 e, depois disso, ele seguiu trabalhando com o mesmo conceito em uma série Botânica, com vários espécimes da nossa flora, sobretudo a nordestina e do cerrado. Expusemos essas novas peças em 2022 e agora trazemos 30 exemplares de ambas as séries para complementar, na tridimensionalidade do espaço na galeria, as obras na parede de seu pai Roberto. O diálogo entre os conjuntos escultóricos e das colagens é evidente. Geométrico, colorido, impactante.

A exposição ficará em cartaz na Galeria Evandro Carneiro de 03 a 24 de maio.

 

Arte óptica e cinética.

A Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro convida para a abertura – em 29 de abril – da exposição “Logo as sombras desaparecem”, com obras recentes e inéditas do artista suíço Philippe Decrauzat. Nascido em 1974 em Lausanne, é um dos principais nomes da nova geração da arte óptica e cinética. Vivendo entre sua cidade natal e Paris, seu trabalho integra numerosas coleções institucionais na Suíça e na França, além de estar no MoMA de Nova York e no MACBA, em Buenos Aires. Às 19h, haverá uma visita guiada com o artista.

No dia 30 de abril, às 18h30, será exibido na Cinemateca do MAM o filme “Gradient” (2021), no qual Philippe  Decrauzat aborda as propriedades da luz no cinema a partir de um filme canônico: “Aurora” (1927), do cineasta alemão Friedrich Wilhelm Murnau. Nesta apresentação única na Cinemateca do MAM, Philippe Decrauzat conversará  com Jonathan Pouthier, responsável pela coleção e programação de filmes do Centre Pompidou, em Paris.

Na Nara Roesler Rio de Janeiro, estarão 18 pinturas em acrílica sobre tela, das quais treze criadas especialmente para a exposição. Cinco obras – inéditas no Brasil – foram mostradas em individuais do artista em Genebra, Madri e Salzburg, em 2024. Os trabalhos pertencem a duas séries – “Screen” e “Gradient”, desdobramentos de sua pesquisa sobre percepção visual.

O título da exposição tem origem nos estudos realizados pelo médico e cientista tcheco Jan Purkyne (1787-1869) na década de 1820 sobre a anatomia e a fisiologia do olho humano. Philippe Decrauzat se interessa particularmente pelas descobertas de Purkyne sobre o fosfenos, fenômeno visual caracterizado pela percepção de flashes ou manchas de luz gerados por estímulos internos, como pressionar as pálpebras fechadas.

Na série “Screen”, Philippe Decrauzat faz alusão tanto à tela digital e às imagens virtuais presentes em nosso cotidiano, como aos fosfenos. A ideia é tratar a tela como uma superfície que produz brilho, seja ela um monitor, seja um olho. Seus trabalhos discutem a cultura visual contemporânea, o mundo pop, o cinema, a tecnologia e a ciência. Philippe Decrauzat afirma: “O observador está sempre no centro de meus dispositivos”.

A fotografia espanhola nos tempos da Movida.

O Instituto Cervantes, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta até 30 de maio uma exposição com cerca de 40 registros inéditos no Brasil, sob curadoria de Pablo Sycet.

“A fotografia espanhola nos tempos da Movida”, faz um pequeno recorte do movimento contracultural que surgiu em Madrid, Espanha, nos anos 1970. Entre os registros destacados pelo curador estão: Pedro Almodóvar posando no estúdio do fotógrafo Paco Navarro para uma matéria promocional do filme “Mulheres à beira de um ataque de nervos” (1988); a pintora  surrealista Maruja Mallo, egressa do exílio, retratada por Jaime Gorospe; Andy Warhol, clicado por Antonio Zafra em janeiro de 1983, quando expôs na Galería Fernando Vijande; Javier Porto, famoso por cobrir a noite madrilenha nos anos 1980, pela foto de Pedro Almodóvar & McNamara feita na sala Rock-Ola de Madrid, onde grupos musicais de vanguarda se apresentavam em concerto.

Mesmo sendo uma exposição sobre a fotografia gerada pela disruptiva Movida Madrilenha e, portanto, centrada em seus protagonistas (tanto de um lado da câmera quanto do outro), “A fotografia espanhola nos tempos da Movida” tem como proposta ir além e reunir a obra de outros fotógrafos madrilenhos que coexistiram na mesma época com esse fenômeno social e artístico, mas que não tiveram conexão com ele por razões geracionais ou simplesmente de enfoque e temáticas. Assim, não apenas se enriquece a visão de conjunto daqueles anos, mas também se estabelece um diálogo entre os que viveram de perto a noite madrilena e seus desafios, convertendo-a em matéria-prima de seu trabalho, e aqueles que deram as costas a esse movimento urbano para se concentrar em outros temas.

“De fato, embora a existência da Movida possa ser discutida até à exaustão, embora possa ser negada de um extremo ou de outro, é perfeitamente verificável que naqueles anos houve uma mudança muito importante – radical, poderíamos dizer – no tecido social e cultural de Madrid, e de algumas outras das nossas cidades, e que sem dúvida esse entusiasmo e os traços de uma nova cultura urbana vieram das suas mãos, com a fotografia como uma disciplina então emergente mas predestinada a ocupar um lugar de destaque, não só pela consolidação que a sua entrada massiva representou nas galerias e nos museus, mas também porque se encarregou de documentar todas as mudanças que ocorriam porque era, de todas as disciplinas artísticas, a que estava mais sintonizada com o pulsar das ruas”, avalia o curador Pablo Sycet. Além disso, uma vez que a proliferação de uma nova imprensa, alternativa e muito vinculada aos interesses da Movida, mudou totalmente a correlação de forças entre os meios, e essas novas publicações alternativas se voltaram para opções mais visuais, com muita presença de imagens captadas por esses fotógrafos que atuavam como cronistas da Movida, a exposição é complementada com uma ampla seleção dessas publicações para explicitar o papel do papel – e do trabalho analógico, por sua vez – e poder mostrar os pequenos tesouros sem os quais não teria sido possível o mundo hoje conhecido: Terry, Hélice, Madriz, Kaka de Luxe, La Luna de Madrid, Rockocó, Estricnina, Man, Total, Nigth, Dezine, Sur Exprés, que tiveram uma vida mais efêmera e que, justamente por essa circunstância, acabam por se unir no tempo com o imediato lambe-lambe de cartazes de rua da época, também representado nesta mostra pela notável presença fotográfica nesses cartazes que agora retornam para encontrar seu lugar em nossa memória e diante de nossos olhos. É, portanto, um caleidoscópio de imagens raras que suspenderam no tempo uma época fascinante.

Participam da mostra os fotógrafos Colita, Marisa González, Mariví Ibarrola, Ouka Lele, Teresa Nieto, Alberto García Alix, Alberto Sánchez Laveria, Alejandro Cabrera, Antonio Zafra, Cesar Lucas, Ciuco Gutiérrez, Domingo J. Casas, Eduardo Momeñe, Gorka de Duo, Jaime Gorospe, Jaime Travezan, Javier Campano, Javier Porto, Javier Vallhonrat, Jesús Ugalde, Martin Sampedro, Miguel Oriola, Miguel Trillo, Nine Mínguez, Pablo Juliá, Paco Navarro, Paco Rubio, Pedro Guerrero, Ramón Gato.

Diferentes fases de Elizabeth Jobim.

24/abr

A Casa Roberto Marinho, inaugura duas exposições dedicadas à obra de Elizabeth Jobim: “A inconstância da forma” e “Entre olhares – Encontros com a Coleção Roberto Marinho”. A ocupação dos dois andares do instituto cultural marca as quatro décadas de carreira da artista carioca, apresentando as diferentes fases de sua produção e traçando relações visuais entre suas obras.

“No térreo, Elizabeth Jobim estabelece um diálogo único com o nosso acervo. Assim, seguimos com a tradição das exposições individuais contemporâneas do Cosme Velho, que promovem não apenas a exibição de trabalhos, mas novas leituras e interações entre passado e presente”, diz Lauro Cavalcanti, o diretor da Casa Roberto Marinho.

No andar superior, a curadoria de Paulo Venancio Filho opta por uma mostra panorâmica com mais de 50 desenhos e pinturas, revelando como, ao longo dos anos, a pesquisa artística de Elizabeth Jobim evoluiu de forma pendular, em constante relação com sua própria trajetória.

A palavra da artista

“As exposições pontuam os principais momentos do meu percurso. Com o Paulo, decidimos incluir trabalhos do início da minha carreira que há tempos não eram expostos. Já na seleção para o térreo, em que faço a curadoria a partir do acervo da Casa Roberto Marinho, entram artistas cujas obras dialogam diretamente com a minha produção”.

Reconhecida como um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira, Elizabeth Jobim integrou a icônica exposição Como vai você, Geração 80?, realizada no Parque Lage em 1984. Agora, ao ocupar os espaços da Casa Roberto Marinho, revisita sua obra marcada pela interseção entre pintura, escultura e instalação.

O Instituto Casa Roberto Marinho fica na Rua Cosme Velho, nº 1105, Rio de Janeiro.

Rio dos Pássaros Pintados e o Rio de Janeiro.

14/abr

 

Exposição coletiva no Instituto Cervantes, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, reúne artistas uruguaios e brasileiros, exaltando a cultura e as belezas naturais de cada um.

“Entre o Rio dos pássaros pintados e o Rio de Janeiro”, exibição coletiva que abre no dia 17 de abril, no Instituto Cervantes do Rio de Janeiro, vai além da exposição de obras de arte; é uma imersão num diálogo visual e emocional que liga o Uruguai e o Brasil. Artistas, cada um narrador em sua própria linguagem pictórica, convergem para explorar e celebrar os laços que constroem um rico elo entre essas duas nações. Esta exposição é um convite a uma viagem sensorial, onde cores vibrantes, formas evocativas e narrativas visuais se entrelaçam para criar uma ponte que ultrapassa fronteiras geográficas.

“Além das diferenças estilísticas, as obras partilham um fio condutor na exploração de temas comuns que ressoam profundamente em ambas as culturas. Estes temas, longe de serem isolados, realçam a rica interligação entre as tradições de ambos os países, estabelecendo pontes que transcendem fronteiras ao refletirem as particularidades de cada contexto. As obras não só celebram a diversidade, mas também promovem um diálogo enriquecedor entre os universos de cada cultura, convidando a uma reflexão partilhada sobre o humano, o cultural e o natural. Cria-se assim uma união simbólica que, longe de dissolver as diferenças, as integra numa narrativa comum, o que fortalece a riqueza deste intercâmbio”, diz Carolina Laxalt, coordenadora da exposição.

O título é uma ode poética à essência dos dois países que ressoa com a beleza natural e a liberdade: “Río de los Pájaros Pintados”, tradução de “Uruguai”, evoca a serenidade de suas paisagens e a melodia de sua fauna. Sua história é um símbolo da identidade uruguaia, uma testemunha silenciosa da vida e da cultura do país, fonte de inspiração para inúmeros artistas e poetas. O “Rio de Janeiro”, por outro lado, é um turbilhão de vitalidade, um caldeirão de culturas onde a arte floresce em cada esquina. Música, dança e pintura se entrelaçam numa sinfonia de criatividade, refletindo toda a sua alegria e diversidade. O rio, na sua forma mais abstrata, constitui uma ponte metafórica, unindo estas duas terras através da linguagem universal da arte.

Entre os artistas participantes estão os uruguaios Mercedes Davison, Graciela Montedónico, Miriam Pereyra, Susana Gelbert, Virginia Armand Ugón, Carlos Barrera e Mauricio Borgarelli, e os brasileiros Norielem Martins, David Pedrosa e Paulo de Lira. Empregando ampla gama de técnicas, desde a pintura a óleo e acrílica a técnicas mistas experimentais, demonstram a versatilidade e expressividade da pintura. Eles apresentam uma rica paleta estilística, incluindo paisagens que capturam a essência da natureza, obras surrealistas que desafiam a realidade, abstrações que convidam à introspecção e composições panistas que brincam com forma e cor. Suas obras exploram temas universais, como a beleza da paisagem, a força da figura feminina, a riqueza das tradições (candombe, tango, murga) e do quotidiano do campo e da cidade, o mar, bem como temas que mergulham na identidade e na memória.

Até 27 de abril.

Celebrando uma trajetória no MAR.

O Museu de Arte do Rio (MAR), Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Dança Barbot!”, que celebra através de fotografias ilustrativas e vídeos, a trajetória do bailarino e coreógrafo Rubens Barbot (1949-2022).

A abertura acontece na terça-feira, dia 15 de abril, às 17 horas na galeria localizada no térreo do Pavilhão de Exposições do MAR. Às 18 horas haverá um coquetel para convidados.

A exposição “Dança Barbot!” apresenta a trajetória e as contribuições do bailarino e coreógrafo Rubens Barbot (1949-2022) para a dança contemporânea no Brasil. A exposição realizada em parceria com o Terreiro Contemporâneo é uma homenagem ao legado do renomado artista.

A curadoria é assinada por Marcelo Campos e Amanda Bonan, com os curadores assistentes Amanda Rezende, Thayná Trindade e Jean Carlos Azuos, além dos curadores convidados Gatto Larsen e Ricardo Brandão. Gatto Larsen foi parceiro de vida de Runens Barbot.

Nascido em Rio Grande (RS), Barbot iniciou seus estudos em dança com João Luiz Rolla, em Porto Alegre, em 1967. Com formação complementar na Escola de Ballet Contemporâneo de Buenos Aires, fundou no Rio de Janeiro, em 1990, a Cia. Rubens Barbot Teatro de Dança, a primeira companhia negra de dança contemporânea do país, voltada à valorização da cultura afro-brasileira.

A exposição apresenta fotografias, vídeos, figurinos e elementos cênicos que retratam os caminhos artísticos de Rubens Barbot. Entre os destaques estão registros de espetáculos, filmes e depoimentos de artistas que atuaram ao seu lado, além de imagens assinadas por fotógrafos como Renan Cepeda, Léo Aversa e Wilton Montenegro, que acompanharam sua trajetória.

“Dança Barbot!” ficará em cartaz no Museu de Arte do Rio de 15 de abril até 31 de agosto.