A Cara do Rio 2018 

23/fev

Tudo começou em 2003, quando 25 artistas se reuniram pela primeira vez na mostra “A Cara do Rio”, na galeria Matias Marcier. Agora, em sua 11ª edição, o curador Marcelo Frazão registra a passagem de 323 artistas pela exibição coletiva, com 743 trabalhos realizados ao longo dos anos para o evento. Revelando talentos e dando sequência a trajetórias, depois de quatro verões, a mostra “A Cara do Rio” está de volta ao Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

A Cara do Rio 2018 vai reunir algumas das varias tribos plásticas espalhadas pela cidade, dialogando com o público e apresentando diversas possibilidades técnicas e estéticas através das obras de 90 artistas dentre eles, Paulo Villela,  Denise Araripe, Edineusa Bezerril, Luiz Behring, Marina Vergara, Umberto França, Solange Palatinik, Newton Lesme,  Clare Caulfield, Diana Doctorovich, Fabio Borges, e a jovem Clara Miller (16 anos), além do próprio curador.

 

Neste ambiente plástico de ampla liberdade, o público vai poder apreciar pinturas, fotografias, esculturas monumentais, instalações, cerâmicas, incluindo a ocupação da área externa, entre o prédio do Centro Culural dos Correios e o da Casa França Brasil, com uma obra da escultora Marina Vergara.

 

Os 90 trabalhos apresentados traduzem no seu cerne a visão metalinguística de uma cidade observada através de si própria, contendo abordagens multifacetadas, onde os artistas convidados expressam críticas, declarações, denúncias, ou o descaso. Com um olhar esperançoso, o curador da mostra, – também gravador e professor -, Marcelo Frazão, comenta alguns dos objetivos da exposição: “tentar resgatar a autoestima do carioca, que há anos vem se desgastando, lembrando que o Rio de Janeiro reflete a aura do pais”.

                   

 

De 28 de fevereiro a 22 de abril.

Vergara no Rio Open Arte

Criador do pôster oficial do Rio Open 2018, o artista Carlos Vergara apresentou a obra que deu origem ao cartaz, e também a escultura “3D Rio Open”, derivada do seu trabalho de criação. Vergara recebeu convidados no Rio Open Arte, espaço inédito criado para a 5ª edição do maior torneio da América do Sul.

 

Entre os que prestigiaram o evento estavam a curadora Vanda Kablin, o artista plástico Antônio Bokel, Sylvia e Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, Juliava Silveira e João Vergara, filho do artista.

 

Para conceber o pôster, Vergara se inspirou em mais de 100 fotografias tiradas durante três dias no Jockey Club Brasileiro.

 

“Eu queria uma imagem à altura do torneio e da sua relevância. Que de cara fosse possível identificar o tênis. Por isso usei o saibro. Eu também adoro o “Desafio”, quando conferem se a bola foi dentro ou fora, então procurei retratá-lo. Sem falar que a quadra é abençoada pelo Cristo Redentor, então ele precisava estar presente. Com as sombras e as marcas na rede busquei a realidade da modalidade”, comentou.

 

Carlos Vergara, um dos maiores artistas contemporâneos do Brasil, gostou de ver um espaço de arte no ATP 500 do Rio. “Fiquei contente e orgulhoso com o convite para fazer o pôster, e acho maravilhoso ter um espaço de arte em um torneio desse porte. A arte tem que estar onde as pessoas estão”, disse.

 

O Rio Open Arte recebeu também alguns dos novos artistas que criaram obras exclusivas para a competição. As obras estarão à venda (através de leilão mudo) e o valor arrecadado será destinado aos projetos sociais apoiados pelo Rio Open. A curadoria de arte do foi realizada por Rafael Lacerda, responsável pelo RL Escritório de Arte, galeria cujo foco principal são novos artistas. O espaço tem obras do desenhista Isaias Klein, do artista plástico Luiz D’orey, do fotógrafo Pedro Peracio e do designer Thainan Castro.

Prêmio na Arco

A Galeria Cavalo, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, recebeuprêmio de melhor stand do setor Opening, destinado a jovens galerias, na feira de arte Arco Madrid 2018. Com obras de Marina Weffort e Pablo Pijnappel, a galeria carioca foi escolhida entre 19 espaços internacionais no setor que conta com curadoria de Stefanie Hessler e Ilaria Gianni. O prêmio foi entregue aos galeristas Ana Elisa Cohen e Felipe Pena por um júri de curadores e profissionais da arte. Com apenas dois anos de existência, essa é a segunda vez que a galeria recebe um prêmio em uma feira internacional, após o de melhor stand no setor New Entries da feira italiana Artissima em 2016.

 

O projeto desse ano conta com a video instalação “Exercícios Sensuais” de Pablo Pijnappel baseada em dois best-sellers americanos de 1968 e 1971 que ensinam homens e mulheres como seduzir seus parceiros, resultando em situações frustrantes quando adaptadas para o Rio de Janeiro atual. Estabelecendo um diálogo com a sensualidade desses vídeos, Marina Weffort exibe obras de sua série “Tecidos”, parte de sua pesquisa na elaboração de composições que se movimentam organicamente no ambiente em que são expostas.

Enredos para um corpo

Sob a curadoria de Raphael Fonseca, Paulo da Mata e Tales Frey, apresentam a partir de 01 de março, “Enredos para um corpo”, nas Galeria do 1º andar do Centro Cultural da Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

Paulo da Mata e Tales Frey desenvolvem suas pesquisas em parceria há cerca de uma década. Mais do que cocriadores, os dois também são parceiros no campo dos afetos e possuem uma relação em que amor e trabalho se conectam. Desse encontro nasce a Cia. Excessos e essa mistura possibilita a experimentação entre as artes visuais e performativas. Porém, como se nota nessa exposição, estas metades têm pesquisas individuais que, mesmo dialógicas, demonstram suas peculiaridades. Distribuída em duas salas, “Enredos para um Corpo” parte do elemento mais investigado pelos dois: o corpo humano.

 

Na pesquisa de Paulo da Mata, a figura humana aparece de modo virtual em registros fotográficos e em vídeo. As tatuagens e a possibilidade de escrever palavras e imagens em seu próprio corpo são formas recorrentes para se refletir, por exemplo, sobre a sexualidade, os relacionamentos amorosos e questões de gênero. O vídeo “Romance Violentado” e o cartão postal impresso em série para “El Minotauro” testam o público quanto aos seus limites perante o som e a visão que insinuam o sexo ou a nudez masculina. Já em “Eu Gisberta” o artista aciona o seu interesse no estudo da História e, por meio de uma tatuagem em seu rosto, escancara o nome e o caso de Gisberta, transexual brasileira assassinada de forma brutal em 2006, no Porto, em Portugal – a mesma cidade em que os dois artistas vivem há dez anos.

 

Enquanto isso, a pesquisa de Tales Frey advém de sua experiência com as artes cênicas. O artista está interessado na sua presença física perante o olhar do público e seus trabalhos muitas vezes acontecem de maneira efêmera. As fotos que compõem “O Outro Beijo no Asfalto” trazem essas relações desde o seu título, uma citação à peça “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues. Duas pessoas se beijam no espaço público; o homem está vestido de noiva e seu par é uma mulher vestida de noivo. As fotos trazem um pouco do incômodo gerado quando algo foge, mesmo que sutilmente, da heteronormatividade. Enquanto isso, em “Re-banho” novamente a sexualidade é abordada, porém em relação à religião cristã. Um grupo de pessoas lava suas partes do corpo perante uma igreja e lembramos dos atos de censura e cerceamento impostos por diferentes religiões quanto à potência libertadora do sexo.

 

Por fim, “Estar a Par” é o trabalho mais recente mostrado e também executado em parceria. Assim como os outros trabalhos refletem, a partir do corpo, sobre sexualidade, homoafetividade e violência, nessa conjunção entre vídeo, objeto e performance, os artistas trazem essa discussão para uma interseção com sua própria relação afetiva. Dois pares de sapatos são transformados em uma única peça que, calçada pelos dois, possibilita uma dança que envolve cautela para que ambos performers não caiam.

 

O ato de se envolver em uma relação tão duradoura – assim como a opção por pinçar temas tão cautelosos nos tempos recentes – é certamente um balanço entre construção e queda, confiança e precaução. Esses são alguns dos enredos compostos por Paulo da Mata e Tales Frey para os seus corpos. Fica o convite à fruição por parte do público e o desejo de que os espectadores também sejam capazes de relacionar esses enredos com os seus próprios – independentemente de credo.

 

 

Obs: o artista Tales Frey fará uma visita orientada no dia 03 de março.

 

 

 

De 01 de março a 29 de abril.

Arthur Chaves na Anita Schwartz

21/fev

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Arthur Chaves – Tem uma bruxa no quintal”, com trabalhos inéditos do artista carioca nascido em 1986, e que vem se destacando no cenário da arte contemporânea com suas obras feitas com uma mistura de materiais e técnicas, como pintura, desenho e costura em peças de tecido, mas sem forma definida em suas peças. A mostra dá continuidade ao programa de individuais de artistas que estão se destacando no circuito de arte, realizadas no segundo andar da galeria. O crítico Agnaldo Farias é o autor do texto que acompanha a exposição.

 

De 2007 a 2017, Arthur Chaves participou de exposições no Jacarandá, na Casa França Brasil, na EAV Parque Lage, no Rio de Janeiro; na The School for Curatorial Studies, em Veneza; e no Ateliê Subterrânea, em Porto Alegre. É professor do curso Procedência e Propriedade, no Ateliê Novo Mundo, Rio de Janeiro.

 

Na Anita Schwartz o artista apresentará uma série nova, diferente de sua produção recente. Lá, reunirá dois grupos de trabalhos: os feitos em dois planos – embora contenham colagens que extrapolam uma ideia de superfície reta – e os compostos por aglomerados de tecido, mais fluidos. Todas as obras estarão penduradas na parede, mas o artista ressalta que ele vê os aglomerados de tecido “quase uma roupa sem corpo, um casulo, como se algo tenha passado por ali e não sabemos o que é”.

 

Um dos trabalhos conterá uma grande placa espelhada que se relaciona com as várias superfícies dos tecidos, como “um portal para outro espaço”, embaralhando a percepção do público, e criando um clima de confusão e mistério, onde as imagens vão se revelando. “Meu trabalho se vale deste ambiente meio nebuloso”, diz o artista.

 

No contêiner, no terraço da galeria, Arthur Chaves complementará a exposição com um site specific, praticamente transferindo seu ateliê para lá, e produzindo a instalação durante uma semana, contendo todos os elementos que envolvem seu processo de criação. “É uma tentativa de dar conta de uma ordem mais conceitual do trabalho”, comenta.

 

 

Obras em tecidos como desenhos

 

A imagem de pinturas acompanha o artista desde a infância, “tanto na bíblia ilustrada da família, como em um livro de história da escola”, e são uma referência importante. Entretanto, Arthur Chaves diz que ainda que várias pessoas digam que seu trabalho é pintura, não é desta forma que ele vê. “Não uso tanto a fatura do pintor, a ideia da execução de uma imagem”, observa. “As obras feitas apenas com tecidos são uma espécie de combustível no meu trabalho, e penso neles como desenhos, embora não saiba se esta é a nomenclatura mais correta, mas sem dúvida partem do raciocínio do desenho, que envolve massa, linha…” “São desenhos com limites mais formais e geométricos, misturados com a falta de controle que os tecidos trazem”, explica. “Têm a natureza do desenho, mais verdadeiro. É o osso, a estrutura, o que acontece antes”. Ele conta que “a partir desse raciocínio, as coisas foram se expandindo, principalmente para os trabalhos que estão em dois planos, ainda que não envolvam apenas papel”. Trabalho sobre uma placa plástica leve, e uso basicamente tecidos e papeis, de várias naturezas. Desde os mais simples, comprados na Saara, até um linho nobre que pertenceu à família de uma amiga”, conta.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no dia 1º de março de 1986 no Rio de Janeiro, mas criado em Seropédica, região rural do estado, Arthur Chaves é formado em design de moda pela Universidade Veiga de Almeida, 2007, Rio de Janeiro. Ele se dedica ao desenho em suas múltiplas acepções. Suas últimas obras conciliam pintura, desenho e costura em peças de tecido sem forma definida.

 

 

De 1º a 31 de março.

Fotos na Galeria da Gávea

07/fev

A Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou com a exposição “Vadios e Beatos”, a primeira de uma trilogia relacionada ao Carnaval brasileiro. Em cada ano galeria terá um curador convidado e a exposição será sempre inaugurada uma semana antes do sábado de Carnaval. A mostra “Vadios e beatos” reúne cerca de 47 obras, entres eles dois vídeos (Bárbara Wagner e Benjamim Búrca/ Karim Aïnouz e Marcelo Gomes), e 45 fotografias de tamanhos variados, em cor e em preto e branco, em impressões de papel algodão e cópias vintage em gelatina de prata (impressas pelo artista na época em que as imagens foram feitas). As obras abrangem o período dos anos de 1970 até 2018. Participam, Antonio Augusto Fontes, Arthur Scovino, Bina Fonyat, Bruno Veiga, Carlos Vergara, Celso Brandão, Cláudio Edinger, Evandro Teixeira, Guy Veloso, Miguel Rio Branco, Rafael Bqueer, Ricardo Azoury, Rogério Reis, Shinji Nagabe e Walter Carvalho.

 

A curadoria de Marcelo Campos tem como ponto de partida a afirmação de um dos primeiros teóricos da arte brasileira, Gonzaga Duque, do final do século XIX, que demonstrava desencantamento com o futuro para as artes no Brasil. O critico observava personagens sociais, capadócios de importância que viviam “à boêmia” , “tocando viola nos fados”, jogando capoeira. Assim, foi-se criando uma análise que, anos depois, configuraria uma das mais importantes compreensões sobre os modos como o Brasil lidava com ritos identitários, como o carnaval.

 

 

Até 17 de abril. 

Bienal de Arte Digital

O Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, sedia a primeira edição da Bienal de Arte Digital, que contará com exposições e performances de mais de 30 artistas de diferentes países, incluindo Brasil, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, México e Suécia, explorando o tema “linguagens híbridas”. A proposta do evento é se tornar uma agenda nacional de arte digital e mostrar a cada dois anos obras e exposições que reflitam temáticas sociais importantes, evidenciando que a arte possibilita à tecnologia exibir suas experiências sociais. Entre os trabalhos, estão temas como o uso da tecnologia de célula de combustível microbiana para obter eletricidade de bactérias anaeróbicas e componentes orgânicos na água, experimento do cientista e artista brasileiro – radicado na Holanda – Ivan Henriques. Constam também na programação um simpósio internacional, com a presença do americano Joe Davis, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, além de oficinas e palestras. Depois do Rio, a Bienal seguirá para o Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte. Promoção: Festival de Arte Digital (FAD) e a idealização e curadoria é de  Tadeus Mucelli.

 

Terça a domingo, 11h às 20h | Térreo e Níveis 2, 4 e 5

Entrada franca | Classificação etária: livre

Importante:

*No dias 10 e 11 de fevereiro não haverá espetáculo

*Dia 17 de fevereiro, sábado, logo após o espetáculo, lançamento do livro “Isaac no mundo das partículas.

 

 

De 05 de fevereiro a 16 de março.

Bechara no MAM Rio

01/fev

 

A exposição “Fluxo Bruto”, no MAM Rio, com trabalhos inéditos do artista José Bechara foi prorrogada até o dia 06 de maio. A curadoria é de Beate Reifenscheid, diretora do Ludwig Museum, Koblenz, Alemanha. A mostra reúne trabalhos tridimensionais inéditos do artista, em grande escala, finalizados no próprio local,  em diversos materiais: vidros planos, mármore maciço, alumínio e madeira. “Fluxo Bruto” tem ainda duas pinturas inéditas sobre lona, e outras três pinturas pertencentes às coleções Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz e Gilberto Chateaubriand/MAM Rio.

 

No Centro Cultural dos Correios

31/jan

 

A arte ao alcance de todos. Seguindo este conceito, o Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição De Fotografia à Tactography, do fotógrafo Gabriel Bonfim. Unindo seu olhar único da fotografia à tecnologia de Tactography™, uma espécie de impressão em alto-relevo, o artista brasileiro radicado na Suíça assina essa mostra que pode ser apreciada tanto pelo público em geral como por pessoas com deficiência visual. Tecnologia suíça, a Tactography™ escaneia o objeto fotografado e mapeia as proporções e profundidade para criação de peças em 3D.

 

As obras desta exposição foram todas produzidas para serem “vistas” através do tato, com o toque das mãos. Para isso, logo na entrada do espaço, o público receberá vendas para cobrir os olhos. Assim, todos poderão ter a mesma experiência de visitação, e compreender também como os deficientes visuais fazem sua leitura do mundo e da arte.

 

“Meu intuito foi mostrar como uma mesma obra pode ser apreciada de formas diferentes – com a visão e com o tato. E como a acessibilidade, a interação e a leitura desta obra podem fazer com que todos os públicos tenham a oportunidade de interagir e dialogar com a arte”, indica Gabriel. “É importante destacar como a tecnologia, sem nenhuma interferência na visão no processo de criação artística, possibilita hoje essa grande transformação e quebra de barreiras”.

 

Para a visitação da mostra, serão possíveis dois movimentos diferentes, não convencionais para uma exposição tradicional de fotografias. Desta vez, os portadores de deficiência visual e os visitantes que optarem por vestir as vendas serão conduzidos por guias no chão para tocar as obras em Tactography™. As pessoas com visão que desejarem fazer a visita sem as vendas irão apreciar as obras um pouco mais de longe, como peças brancas em relevo, explica o artista.

 

A exposição foi dividida em duas séries. A primeira destaca o tenor italiano Andrea Bocelli, e a segunda sobre o jovem bailarino catarinense Denis Vieira, integrante do Ballet da Ópera de Zurique. Cada série apresenta sete imagens tridimensionais, num total de 14 obras.

 

“Nossa experiência com testes realizados em escolas de deficientes visuais de Zurique mostra que uma pessoa cega, com alguma prática, pode aprender a ler e a ver uma Tactography™ rapidamente”, afirma Gabriel Bonfim. “Um dos objetivos que motivou a realização dessa mostra é também motivar deficientes visuais a ler e, consequentemente, a vivenciar uma nova dimensão da percepção. A nova tecnologia de impressão de Tactography™ tridimensional cria uma oportunidade a mais para os deficientes visuais. Durante a exposição, iremos entrevistar visitantes cegos sobre suas experiências para melhorar ainda mais a técnica”, completa.

 

A exposição, que tem entrada gratuita, acontece de 25 de janeiro a 13 de março no Centro Cultural dos Correios, Centro do Rio de Janeiro.

 

 

Sobre o artista

 

Gabriel Bonfim nasceu em São Paulo em 1990. Desde cedo desenvolveu uma grande afeição pela arte. Depois de dedicar três anos à faculdade de Direito e de trabalhar em um escritório de advocacia, decidiu dedicar-se permanentemente à fotografia. Como fotógrafo de moda, desenvolveu sua habilidade profissional e técnica. Depois de anos de aprendizado e viagens pela Holanda, Alemanha e Bélgica, mudou-se para a Suíça, onde conheceu Thomas Kurer atualmente gerente de seu acervo.

 

 

Sobre a tecnologia Tactography™

 

Tomando como base o princípio da impressora 3D – a confecção de objetos tridimensionais por meio de um arquivo digital – Gabriel Bonfim chegou a dois processos que considerou satisfatórios: reproduzir suas obras com acessibilidade para deficientes visuais. O primeiro deles foi pensado para as fotografias que Bonfim já tinha em seu acervo. Neste processo, a imagem digital tradicional foi enviada a um software e um programador apontava para o computador estimativas de proporções e profundidades – um trabalho bastante minucioso de marcação de profundidades ponto a ponto. A partir dessa técnica, foram impressas 12 imagens de uma série especial captada por Bonfim com o grande tenor italiano Andrea Bocelli durante uma turnê na Turquia, em 2014, que revelam os principais momentos do astro, inclusive com sua família.

 

O segundo processo, em conjunto com o estúdio Digitalwerkstatt, dos alemães Claudio Kuenzler e Daniel Koelliker, Bonfim chegou a uma solução em que a captação da foto tradicional já gerava a obra em 3D. Foi, então, que convidou o jovem bailarino brasileiro Dênis Vieira, integrante do Ballet da Ópera de Zurique, na Suíça, para este desafio. A sessão de fotos teve dois momentos. Primeiro, Bonfim fotografava Vieira com uma câmera digital. Em seguida, um scanner 3D fazia a leitura das mesmas informações visuais, criando a modelagem digital do bailarino. Enviada à impressora 3D, a fotografia era impressa em alto-relevo. Com este processo, foram produzidas mais 12 obras.

 

 

 

 

Até 12 de março.

Tantão, Eu sou o Rio

No dia 02 de fevereiro, a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, marca a sua reinauguração com a exposição “Eu sou o Rio”, do artista visual, músico e poeta Tantão. A curadoria é de Marco Antonio Teobaldo. A sua trajetória artística de Tantão começa pela criação do grupo pós-punk Black Future, que apresentava uma mistura de punk-rock, samba e os sons do sample. Desta forma eclética, apresentou mais tarde a música “Eu sou o Rio” e marcou um estilo que se tornou, sem exagero algum, referência para as gerações futuras. Desde então, a musicalidade veio pautando o seu trabalho como um todo, que envolveu os campos da poesia, performances e artes visuais.

 

O seu traçado lembra, por vezes, um plano geométrico e plantas baixas de algum projeto de engenharia, que não por acaso, vem de seus conhecimentos em estruturas navais adquiridos na escola técnica Henrique Lage, em Niterói e dos estaleiros por onde trabalhou. De acordo com o curador Marco Antonio Teobaldo, o artista cria seus próprios esquemas e metáforas, fruto de sua experiência como andarilho da cidade, tal qual fazia o novaiorquino Jean-Michel Basquiat, ao beber direto da fonte e ainda exercer um fascínio sobre os habitués da cena underground.

 

Materiais encontrados nas ruas ou doados por amigos se tornam terreno fértil para a criação do artista, que em alguns casos, ganham um “choro” com os desenhos e pinturas transpostas no verso das obras. Tido como artista marginal e provocador, Tantão é na verdade um pensador que está a dois passos a frente de seu tempo, cuja poesia visceral transborda em si mesma para diversas espécies de suportes.

 

A exposição “Eu sou o Rio” marca a nova fase de seu trabalho, realizado recentemente, que flerta com as composições de Piet Mondrian (cuja Fundação, em Amsterdã, acolheu Tantão duas vezes, em residências artísticas) e as pinceladas do uruguaio Joaquim Torres-García. O título da mostra é homônimo ao filme sobre a sua vida, que o levará para o 68º Festival de Berlim, no qual ele é anunciado como grande personagem da cena alternativa mundial.

 

 

Até 31 de março.