Tobinaga em roupagem pop

16/ago

A vida é bem mais feliz no Instagram e Facebook e todos sabem disso. Partindo dessa cultura de exposição em redes sociais, o artista Claudio Tobinaga apresenta sua primeira individual “Colapsos”, na galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Cezar Bartholomeu, a exposição reúne cerca de 30 pinturas em pequenos e grandes formatos, inspiradas em fotografias coletadas da internet e pautadas no subúrbio carioca. Neste cenário, as fotos se transformam em uma mise-en-scène, explorando uma narrativa quase cinematográfica. A atmosfera do ordinário toma contornos de um existencialismo barato, com uma superfície que seduz e ao mesmo tempo engana. As imagens ganham um novo significado aberto a diversas interpretações, com uma roupagem bastante pop.

 

“Gosto de olhar a relação midiática existente nesse contexto. As pessoas passaram a produzir suas próprias fotos como uma capa de revista, como se fossem celebridades. É uma exposição ‘fake’, uma relação de construção de mito, de imagem”, analisa Tobinaga.

 

O artista utiliza signos que colocam o espectador nas situações retratadas nas telas, cheias de iconografias de lugar e elementos pop. A intenção é “colapsar” estes elementos presentes nas obras com a relação que o espectador tem com a imagem, eliminando estereótipos. “As imagens se deformam porque quero tangenciar esse lugar que é, ao mesmo tempo, muito próximo e muito distante. A pintura tenta olhar para a imagem que vai se desfazendo enquanto forma e cor”, explica.

 

Segundo o curador Cezar Bartholomeu, o título da exposição se refere a uma tentativa de desarticular o que Tobinaga entende como uma sucessão de imagens. Para o artista, as imagens digitais e analógicas configuram um espaço e uma velocidade. Assim, há um colapso no sentido estrutural e, também, temporal.

 

“Quando as imagens se encontram sem que possam se encontrar, até certo ponto, entram em um colapso que permite que a pintura aconteça. É o que sustenta a pintura. Na obra ‘Encruzilhada’ por exemplo, o colapso da estrutura das imagens faz parte de um sacrifício de fé para que a pintura passe a existir”, avalia Bartholomeu.

 

“Há uma parte da arte que acredita que o fato de tematizar mídias digitais é o suficiente para que a obra de arte seja contemporânea. O contemporâneo em arte é mais complexo que isso. Diria que é mais do que simplesmente se apropriar do contemporâneo nas mídias digitais como uma imagem. É preciso lidar, de fato, com essa imagem”, completa o curador, que conheceu o trabalho do artista na Escola de Belas Artes da UFRJ.

 

 

Sobre o artista

 

Formado na Escola de Música Villa Lobos (UFRJ), frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e foi monitor de modelo vivo (EBA-UFRJ) e desenho de observação (Parque Lage – EAV) junto ao professor Frederico Carvalho. Desde 2012 é assistente no Ateliê da artista Lucia Laguna. Atualmente tem se dedicado a livre docência em pintura e desenho. Participou das exposições coletivas “Visão de emergência” na Luhda Gallery (Rio de janeiro, 2014) e “Territórios” no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2013) e do Kassel Documentary Film and Video Festival (Kassel, 2011).

 

 

Sobre o curador

 

Vive e trabalha no Rio de Janeiro. É artista plástico e doutor em linguagens visuais pela UFRJ (Rio de Janeiro) / EHESS (Paris) nas áreas de Teoria e História da Fotografia. Trabalha prioritariamente as relações entre fotografia e arte, em particular fotografia contemporânea e conceitualismo. É professor do Departamento de História da Arte da Escola de Belas Artes da UFRJ (Rio de Janeiro), na área de Teoria da Imagem.

 

 

Até 03 de outubro.

Espaço independente

15/ago

Abrirá nesta sexta feira, dia 24 de agosto, a exposição “Experiência n.16 – Mesa de Cabeceira”, n’A MESA. Espaço independente localizado no Morro da Conceição, recebe os artistas Aline Besouro, Alexandre Colchete, Camilla Braga, Elian Almeida, Mariana Paraizo, Rafael Amorim e Rafael Lima numa exposição que se desdobra a partir de publicação homônima. O espaço propõe exposições temporárias, intituladas Experiências, com duração de dois dias, nos quais é ocupado com programação intensivas às sextas e sábados. A “Experiência n.16” conta com trabalhos de múltiplas linguagens que carregam traços de virtualidade, precariedade e relações diretas com o próprio mote da publicação: esboços, projetos e croquis. 

 

Na abertura, além de karaokê aberto até as 22h, haverá distribuição gratuita da publicação do grupo. No sábado 25/08, haverá um encontro de poetas Pós-Flip, com curadoria de Jessica DiChiara.

 

A exposição ficará aberta no dia 24 de agosto, das 18h às 22h, e no sábado 25, de 16h às 22h. Rua Jogo da Bola, n.119 – Centro, Rio de Janeiro.

Recortes de paisagens

O pintor Fernando Leite descobriu a fotografia como “campo de atuação”, ao trabalhar com photoshop para editar reproduções para livros de arte na sua também atividade de designer gráfico. A constatação levou-o a colecionar imagens, fotografadas por ele ou não, que se tornaram e se tornarão pinturas a óleo, como os 12 trabalhos inéditos que apresenta na individual “VER TE”, a partir de 16 de agosto na Marcia Barrozo do Amaral Galeria de Arte, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. São telas a óleo de recortes de paisagens, detalhes de florestas e jardins, datadas de 2015 a 2018, que têm em comum a origem fotográfica. O conjunto de pinturas maiores (160x130cm), intitulado “Jardins”, tem base em fotografias clicadas pelo artista, assim como “Parques” e flores – cada uma tem um título e as pinturas batizadas “Igapós” têm matriz na série de mesmo nome do fotógrafo francês Marcel Gautherot, feita na Amazônia nos anos 1950 e pertencente ao acervo do Instituto Moreira Salles.

 

 

 

Origem

 

Fernando Leite conta: “Em 2007 comecei a fotografar para atender algumas demandas do meu trabalho em design gráfico. A fotografia digital mudou minha relação com imagem fotográfica. A edição em photoshop, que comecei a realizar para os livros de arte, me apresentou a fotografia como um campo de interferência, em que eu poderia editar, manipular, fazer cortes, mudar perspectivas, alterar cores, enfim, um vasto campo de construção visual.”

 

Nas telas desta mostra, a fotografia orienta a estruturação da pintura. Não se trata de fazer uma pintura fotográfica, um “engana-olho”, uma imitação, mas de fazer uma pintura com suas especificidades, que conversa a fotografia, que conversa com a história, que conversa com a natureza. A estruturação da imagem na pintura vem de uma linguagem de construção pela mancha que é específica do fazer pictórico, das matérias e dos materiais e da caligrafia|gestualidade do pintor.

 

 

 

Paisagem e ponto de vista

 

A tradição da paisagem subentende um observador que vê o mundo sob um ponto de vista, de um lugar, separado do espaço apresentado. Isso se aplica à pintura e também à fotografia: o fotógrafo está aqui, o objeto está lá.

 

 

Qual é o ponto de vista do artista ao fotografar a cena para fazer as pinturas? No conjunto “Jardins”, o observador|fotógrafo|pintor está fora e, portanto, ele escolhe um recorte da grande paisagem que é uma floresta. Já as pinturas de “Parques” têm como fonte fotos feitas em um dia nublado em um parque nacional em que observador|fotógrafo|pintor estava dentro da floresta que estava dentro da nuvem, como esteve Gautherot em seu barco dentro da floresta amazônica quando fotografou os igapós.

 

 

Fernando Leite explica que aprendeu com as fotos de Gautherot a diferença entre o observador dentro da cena, em meio à cena. O barco do fotógrafo francês estava dentro da floresta. Portanto “não há ponto de vista. Naquele momento, ele é parte do todo, um organismo dentro de outro organismo”, descreve.

 

 

Embora não tenha transitado entre os igapós amazônicos, o pintor viu no conjunto de fotos de Gautherot um força pictória impressionante e uma correlação com a pintura que estava fazendo na época. Todas as fotos do francês pareciam pinturas.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Fernando Leite é paulista, radicado no Rio de Janeiro desde os 18 anos, quando começou a estudar pintura e desenho no MAM e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Como bolsista da Pollock-Krasner Foundation, em Nova York, entre 1999-2000, cursou Graphic Design na Parsons New School of Design, e Silkscreen Studio, na School of Visual Arts. Frequentou a oficina de gravura da Mason Gross School of the Arts – Rutgers University (New Brunswicck, Nova Jersey), sob orientação de Lynne Allen. A bolsa Pollock veio depois de o artista ter se graduado em pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Desde 2008, é diretor de arte da Verbo Arte Design, onde trabalha em colaboração com artistas e curadores na produção de livros, catálogos e exposições de arte contemporânea em diversas instituições. É professor-orientador em programação visual da Escola sem sítio, no curso Imersões curatoriais. Leite fez exposições individuais no Centro Cultural São Paulo, São Paulo, 2000, no Centro Cultural Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 1995, Galeria Centro Empresarial Rio, Rio de Janeiro, 1990 e Galeria Macunaíma, Funarte, Rio de Janeiro, 1987. O artista participou de várias exposições coletivas, entre elas, Novos Novos, Centro Empresarial Rio, Rio de Janeiro, 1987; Salão Carioca de Artes Plásticas, 1985 e 1988; Salão Paulista de Arte Contemporânea, 1989; Doze Caminhos, Galeria Montesanti-Roesler, Rio de Janeiro, 1990; Sechs Aus Rio, Maerz Gallery, Linz, Áustria, 1993; Suporte, Galeria Vilaseca, 2007, e Verdadeira Grandeza, Ateliê da Imagem, 2008.

 

 

 

 

Em cartaz de 16 de agosto a 11 de outubro.

Exposição de Márcia Lana

14/ago

Uma nova coleção de pinturas de Márcia Lana denominada “Send in the clowns”, será lançada no dia 14 de agosto no original espaço do foyer do Theatro Net Rio, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, surgiu de uma explicação que o diretor teatral Claudio Botelho fez ao apresentar a música de Stephen Sondheim, no seu espetáculo “Versão Brasileira”. Nesta ocasião, Márcia Lana exibirá 15 telas, com cores e pinceladas fortes – sua marca registrada -, inspiradas em palhaços, mágicos e personagens circenses.

 

“Adoro pintar retratos, transformar desconhecidos em personagens. E o circo me trouxe inúmeras possibilidades. O palhaço, principalmente. Tem um lado misterioso, outro doce, sacana, dramático… Ele me dá a liberdade de fazer um retrato que não é ninguém. Ele é o que o personagem que a gente cria”, diz  Márcia. Numa tradução livre, “Send in the clowns” quer dizer “Que entrem os palhaços!”: um suposto jargão do mundo circense e do teatro. A expressão era muito usada quando acontecia algo novo ou inesperado durante uma apresentação – normalmente desastres, como a queda de um acrobata ou um número excepcionalmente mal apresentado. Então, para distrair a atenção do público, enquanto o problema era resolvido, os palhaços entravam em cena!

 

“Em alguns quadros, saio do retrato e vou para os objetos. A verdade é que o circo sempre me rondou em várias fases da vida”, conta. Artistas circenses ajudarão a reforçar o clima circense. “O mais bacana é que o “Send in the Clowns” não precisa acabar nesta exposição. É uma ideia que pode continuar, se estender em outras mostras, rodar outros lugares, o país. O circo está tão perto de mim e da minha família o tempo todo. Meus filhos já trabalharam em montagens de musicais relacionados ao tema e até na cenografia de um circo. Por que não devo, então, aproveitar e mergulhar nesse universo tão rico? ”.   

 

 

Sobre a artista

 

A artista plástica é formada pela Escola Nacional de Belas Artes e pelo curso de Cultura Visual Contemporânea do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participou do curso Creative Problem Solving, pela University of Buffalo, em Nova Iorque. Como Diretora de Arte, durante anos, trabalhou em diversas agências de Publicidade , entre elas J. W. Thompson, Standard Ogilvy & Mather,  Publicis Norton, entre outras. Atualmente, se dedica à pintura trabalhando em seu próprio estúdio, o Atelier Codorna.

 

Até 09 de setembro. 

 

ArtRio 2018 galerias selecionadas 

09/ago

 

 

A ArtRio apresenta as primeiras galerias selecionadas para o Brasil Contemporâneo, que estreia na feira este ano. A galerias que participam do programa apresentarão projetos solo de artistas fora do eixo Rio de Janeiro – São Paulo. O curador carioca Bernardo Mosqueira é diretor do Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, e estará à frente do Comitê Curatorial. A ArtRio 2018 acontece de 26 a 30 de setembro na Marina da Glória, Rio de Janeiro, RJ.

 

Brasil Contemporâneo 2018

  • Amparo 60 Galeria de Arte – Recife

 

Artista Bárbara Wagner. Nasceu em Brasília. Vive e trabalha no Recife

  • Galeria de Arte Mamute – Porto Alegre

 

Ío – duo de artistas formado por Laura Cattani (nasceu em Les Lilas-França) e Munir Klamt (nasceu em Porto Alegre). Vivem e trabalham em Porto Alegre.

  • Aura Arte Contemporânea – São Paulo

 

Artista Lilian Maus – nasceu na Bahia. Vive e trabalha em Porto Alegre

  • Galeria Mapa – São Paulo

 

Artista Valdeir Maciel – nasceu em Bacabal, no Maranhão. Faleceu em 2005.

  • OÁ Galeria – Arte Contemporânea – Vitória

 

Artista Rafael Pagatini. Nasceu em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Vive e trabalha em Vitória.

  • RV Cultura e Arte – Salvador

 

Artista Pedro Marighella. Nasceu em Salvador, onde vive e trabalha.

  • SOMA Galeria – Curitiba

 

Artista Gabriele Gomes. Nasceu em Curitiba. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

  • Luiz Fernando Landeiro Arte Contemporânea – Salvador
  • Sem Título Arte – Fortaleza

 

O Brasil Contemporâneo terá 10 galerias participantes em 2018.

A criação deste novo programa possibilitará destaque para uma visão mais ampla da produção artística nacional. Entre as prioridades da ArtRio está a valorização da arte brasileira e a divulgação dos artistas nacionais entre os colecionadores e curadores.

Individual de Paula Klien

07/ago

Chegou a vez do Rio de Janeiro ver de perto as obras de Paula Klien, que já passaram por importantes palcos no cenário da arte contemporânea. Em 2017, a artista carioca mostrou o trabalho seis vezes no exterior. Em Berlim, representada localmente, foram três vezes. Também em Nova Iorque, Buenos Aires e Londres, numa concorrida apresentação solo na Saatchi Gallery. Esse ano, expôs pela quarta vez em Berlim e no Brasil teve alguns de seus trabalhos exibidos em São Paulo, onde é representada pela galeria Emmathomas. A exposição individual “Extremos líquidos”, terá curadoria de Marcus de Lontra Costa e reúne mais de 20 trabalhos da artista na Casa de Cultura Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ.

 

De acordo com Marcus de Lontra Costa, Paula Klien trabalha dentro de uma imagem que não tem limites determinados e que não tem verdades absolutas. É uma pintura que, em certo momento, parece quase querer flutuar, quase querer sumir. Ao mesmo tempo em que é um desenho, é uma coisa que não se consegue precisar. É no conceito da modernidade líquida de Bauman que a artista parece oscilar.

 

“Eu lavo água preta”, diz Paula Klien. Em seu processo criativo, lava, inúmeras vezes, as marcas criadas por ela com o nanquim, procurando pela riqueza das cicatrizes que não conseguem ser apagadas. “O resultado tem uma relação com a beleza que o tempo traz”, revela a artista.

 

Ainda segundo Lontra, as pinturas, quase sempre em grandes formatos e monocromáticas, são variações de cinzas. São cenários, são imagens, são paisagens poéticas que surpreendem pela ousadia, pela criatividade e pela capacidade da artista de dominar com precisão os seus meios técnicos, os seus meios expressivos, a sua própria linguagem.

 

“Em Extremos Líquidos teremos uma artista surpeendentemente madura e ao mesmo tempo tensa e provocativa. A obra de Paula Klien está num momento muito particular, onde ela se impõe subjetivamente pela sua verdade e pela sua beleza, mas ela também anuncia novos caminhos que a artista há de trilhar. É portanto, um compromisso de todos aqueles que se interessam por arte contemporânea, de conhecer essa produção estranha, sofisticada e bela”. Sugere o curador.

 

 

Até 02 de setembro.

Exposição de Fernando Campana

06/ago

Fernando Campana abre, pela primeira vez no Rio de Janeiro, seu laboratório individual na mostra “Macacos Robôs Furacões”. Uma imersão do designer no campo das artes, através de pinturas em aquarela, desenhos em grafite, colagens com peças automotivas, entre outras obras. A mostra conta com as séries “Macacos” e “Robôs” e a série “Furacões” que serão apresentadas na galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir do dia 07 de agosto.

 

O designer traz um método dinâmico para se expressar na arte e uma capacidade quase sistemática de coletar informações e conectar-se às histórias. Muitas vezes, ele estabelece uma conexão momentânea a episódios de sua infância para inspirar suas criações. A abordagem para sua série ‘Robôs’ está em sua mente desde pequeno. Fernando queria se tornar astronauta e este alter ego é sua máquina que está em constante produção. A expressão de sua criatividade começa a partir daqui e o caráter dualista do robô é colecionar informações, sensações e memórias. Ele se lembra e esquece, porque a memória volta e se torna uma história histórica, bem como uma sensação futurista. A série se origina a partir de desenhos em grafite, enquadrados em molduras feitas de sobreposições de EVA, e se expande a inéditas colagens com peças automotivas, nunca antes trabalhadas em seus projetos.

 

A série “Macacos” começou a ser criada um pouco antes da verdadeira tragédia da matança, a partir de sua relação ingênua com os macacos na infância. Naquela época, ele trazia consigo a esperança de domesticá-los ou de estabelecer um relacionamento humano, o que acarretou em um aprendizado de tolerar e respeitar o comportamento irracional. Os macacos acusados de transmitir febre amarela já estavam lá no papel em seu ateliê pessoal, exatos e precisos; e os belos retratos da humanidade desses primatas foram desenvolvidos com a intenção de comunicar o conceito sem sentido da diversidade. Esta tragédia foi usada como uma metáfora para ver nos macacos uma crítica social que colocou o dedo na pequena vontade burguesa de punir a diversidade. Os desenhos são feitos em aquarela, enquadrados em um patchwork de pedaços de molduras, desconstruindo o padrão clássico de molduras e propondo um novo DNA a um objeto conhecido.

 

A inédita série “Furacões” surge a partir de um outro processo criativo, mais intuitivo, que é maturado pelo tempo, pelas relações e por seu entorno. Os sentidos tornam-se mais apurados e buscam expressar, inconscientemente, o que está por vir, como seus primeiros desenhos que originaram essa série e que antecederam os recentes furacões que aconteceram nos Estados Unidos. “Arte não se define, mas se decifra de acordo com a evolução mental ou espiritual ou amplitude de visão do observador”, destaca Fernando.

 

 

Sobre o artista

 

Em 1983, Fernando Campana (1961) em parceria com seu irmão Humberto Campana (1953) fundaram o Estúdio Campana em São Paulo. O estúdio se tornou famoso pelo design de mobiliário, por criações de peças intrigantes – como as poltronas Vermelha e Favela – e, também, por ter crescido nas áreas de Design de Interiores, Arquitetura, Paisagismo, Cenografia, Moda, entre outras. O trabalho dos Campana incorpora a ideia de transformação, reinvenção e integração do artesanato na produção em massa; tornando preciosos os materiais do dia-a-dia, pobres ou comuns, que carregam não só a criatividade em seu design, mas também características bem brasileiras – as cores, as misturas, o caos criativo e o triunfo de soluções simples. Os irmãos foram homenageados com o prêmio “Designer do Ano” pela Design Miami, em 2008 e os “Designers do Ano” pela Maison & Objet, em 2012. Neste mesmo ano, eles foram selecionados para o Prêmio Comité Colbert, em Paris; homenageados pela Design Week, em Pequim; receberam a “Ordem do Mérito Cultural”, em Brasília, e foram condecorados com a “Ordem de Artes e Letras” pelo Ministério da Cultura da França. Em 2013, eles foram listados pela revista Forbes entre as 100 personalidades brasileiras mais influentes. Em 2014 e 2015 a Wallpaper os classificou, respectivamente, entre os 100 mais importantes e 200 maiores profissionais do design.

 

 

De 07 de agosto a 06 de setembro.

Alan Fontes – Exposição Nacional

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 07 de agosto, a mostra “Exposição Nacional”, do artista Alan Fontes, com obras que abordam as transformações no espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro. Para realizar os trabalhos, o artista mergulhou nos relatos documentais da “Exposição Nacional do Rio de Janeiro”, realizada em 1908, em comemoração ao 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, que tinha a intenção de mostrar a então nova capital federal – urbanizada pelo prefeito Francisco Pereira Passos e saneada por Oswaldo Cruz – para as autoridades nacionais e estrangeiras.

 

Serão apresentadas nove pinturas, em óleo e encáustica sobre tela, e quatro livros-objetos, em óleo e afresco sobre concreto, em que o artista dá continuidade ao projeto iniciado há três anos, em que pesquisa o espaço urbano do Rio de Janeiro, trabalhando nas lacunas de uma memória em constante mutação. “Uma pesquisa, entretanto, que não tem caráter documental e é aberta ao devaneio poético e o qual a pintura, com toda a imprecisão da mancha encarna com eficácia”, afirma o artista, que apresentou a primeira parte dessa pesquisa no CCBB Rio de Janeiro, em 2016, com o apoio do Prêmio CCBB Contemporâneo.

 

Na Luciana Caravello Arte Contemporânea, Alan Fontes apresentará obras inéditas, que serão divididas em três módulos. No primeiro, estarão pinturas que representam alguns dos palácios e pavilhões que fizeram parte da “Exposição Nacional”, de 1908, e dos quais só existem limitados registros fotográficos. As pinturas expressionistas reconstituem os prédios imersos em ruídos análogos aos que estão envoltos as lembranças e os documentos já desgastados pelo tempo.

 

O segundo módulo reúne pinturas da série “Black Lands”, que “situam os prédios da época em espécies de oceanos negros que simbolizariam um espaço poético da memória. Algo na fronteira da lembrança e do esquecimento”, conta Alan Fontes.  Algumas destas pinturas foram expostas este ano na semana de arte de Nova York, em projeto solo do artista na feira VOLTA.

 

O terceiro módulo é composto por livros-objeto de concreto, que servem como suporte para pequenas pinturas afresco compostas a partir de imagens do evento de 1908. “Tais objetos escultóricos relacionam simbolicamente as pinturas ao peso matérico que compõem as edificações que não existem mais”, ressalta o artista.

 

 

Sobre a Exposição Nacional de 1908

 

A Exposição Nacional foi realizada entre 28 de janeiro e 15 de novembro de 1908, no bairro da Urca, no Rio de Janeiro, foi organizada oficialmente para comemorar os 100 anos do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, e para se fazer um inventário econômico do Brasil na época. Mas, na realidade, a intenção da exposição era mostrar a então nova capital federal – urbanizada pelo prefeito Francisco Pereira Passos e saneada por Oswaldo Cruz – para as autoridades nacionais e estrangeiras que visitavam a cidade.

 

Governos de estados, do Distrito Federal e de associações comerciais, agrícolas e industriais participaram do evento, que teve pavilhões para os estados mostrarem os seus principais produtos nas áreas agricultura, pastoril, indústrias e artes liberais. Além dos estados brasileiros, Portugal participou do evento, sendo a única participação estrangeira.

 

 

Sobre o artista

 

Alan Fontes nasceu em Ponte Nova, MG, 1980. Vive e trabalha em Belo Horizonte, MG. É Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Suas últimas exposições individuais foram “The Book of the Wind”, na Galeria Emma Thomas, Nova York (2016); “Poéticas de uma Paisagem – Memória em Mutação”, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (2016); “Sobre Incertas Casas”, na Galeria Emma Thomas, São Paulo (2015); “Desconstruções”, na Baró Galeria, São Paulo (2014); “Sweet Lands” e “La Foule”, ambas na Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro (2012); “A Casa”, no Paço das Artes, São Paulo (2008), entre outras. Participou das mostras “Ao Amor do Público I”, no Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro (2016); Mostra Bolsa Pampulha do MAP, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2014); Prêmio FOCO Bradesco/Art Rio, Rio de Janeiro (2013), entre outras. Realizou as residências Pintura Além da Pintura, do CEIA, Belo Horizonte (2006); 5ª Edição do Programa Bolsa Pampulha, Belo Horizonte (2013); e Residência Baró, São Paulo (2014). Dentre as últimas premiações recebidas estão Bolsa Pampulha 5ª edição (2014); 1º Prêmio Foco Bradesco/ArtRio (2013) e o I Prêmio CCBB Contemporâneo.

 

 

De 07 de agosto a 06 de setembro.

# IN ÁFRICA “movimento de um continente”

30/jul

Uma construção de obras de arte com a simplicidade dos Povos Isolados do Leste, a garra dos Canibais, a diversidade das Comunidades Tradicionais e todo luxo da Metrópole Africana, de corpo, alma e movimento.

 

A Exposição “#InAFRICA” em cartaz no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro até 20 de agosto, retrata as marcantes cores e os costumes da África, dando visibilidade e protagonismo a obra de arte negra que são raras, mostrando a sua variedade artística e cultural através da fotografia. A arte está inserida no nosso cotidiano mesmo sem perceber, cada traço, cor ou forma que o artista Herik Wooleefer cria com base na sua pesquisa ao viajar para o continente Africano, tem nas suas raízes de inspiração as encantadoras tradições  africana, que representa os usos e costumes das tribos  com o  Abstracionistas por representar os sentimentos e emoções de uma forma não tão clara a princípio, e naturalistas pelo fato de animais e elementos da natureza serem primordiais na confecção dessa arte onde encontramos nas Tribos do vale do Omo que fica no leste da África, usam elementos da natureza para a pintar o corpo que faz parte do cotidiano que possui na sua região uma fabulosa  paleta de cores  que são extraídas de pedras em pó, barro, frutos e plantas e algumas tribos como – Afar, Éwés, Amhara, Árabes, Ashantis, Bacongos, Bambaras, Bembas, Berberes, Pigmeus, Samburus, Senufos, Tuaregues, Tútsis encontradas na região, formando a base inspiradora dos Artistas que une as cores e tradições em uma única Arte, fundindo-se na fotografia. Pouco se vê o negro sendo representado como obra de arte, autorretrato, paisagens ou até mesmo em museus, onde a exposição mostra incríveis obras de arte, para que o negro tenha a sua representatividade na História da Arte, construindo uma sociedade melhor para todos.

 

 

Artistas: Thiago Nunes, Allan Sampaio, Blinia Messias, Bru Hermenegildo

 

Artista Escultor Convidado

Thiago Mathias

 

Artista Africano Convidado

Abdoul-Ganiou Dermani

Traços Brasileiros  

27/jul

 

A exposição “Traços Brasileiros – A cultura brasileira pela ótica de artistas plásticos”, que acontece de 09 de agosto a 06 de setembro no Centro Cultural Light, Centro, é uma coletiva de artistas plásticos oriundos do Atelier Oruniyá (Rio de Janeiro) e do Grupo Casa Amarela (Barra Mansa), além de artistas formandos da Escola de Belas Artes da UFRJ e UFRRJ. A curadoria e coordenação da exposição é do designer e pesquisador Guilherme Lopes Moura. A exposição retrata o Brasil em sua ampla diversidade de manifestações culturais, lendas, hábitos, brincadeiras, ícones artísticos, enfim, os traços que compõem o imaginário brasileiro ao longo de sua extensão geográfica. Os suportes serão os mais diversos: desde a pintura a óleo, gravura e aquarela até oficinas de cerâmica, crochê, mosaico, bordado livre, entre outras técnicas e suportes que, assim como a nossa cultura, só enriquecem o modo de ser – e de se expressar – do brasileiro. Bumba meu boi, Saci-Pererê, Iara, Capoeira, Jongo, Folia do Divino Espírito Santo, Cordel e Festas Juninas são apenas alguns dos temas que serão retratados nesta exposição durante o mês do folclore. Além disso, na abertura da exposição, o artista cearense Cabral da Cabaceira fará declamação de poesia matuta.

 

 

O mês de agosto e o folclore

 

O tão conhecido termo folclore vem do inglês folklore, que é a junção de povo (folk) e sabedoria (lore), significando “sabedoria do povo”. Este termo foi criado pelo arqueólogo inglês William John Thoms em 22 de agosto de 1846 e em pouco tempo passou a ser adotado pelos estudiosos da cultura popular ao redor do mundo. No Brasil, 22 de agosto foi oficializado como o dia do folclore (e por conseguinte o mês) em 1965 por meio de decreto federal. A Carta do Folclore Brasileiro, elaborada no I Congresso Brasileiro de Folclore, em 1951, define que “Constituem o fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação e que não sejam diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam ou à renovação e conservação do patrimônio científico e artístico humanos ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica.”

 

 

Sobre o Atelier Oruniyá

 

O Atelier Oruniyá reúne cinco artistas – Ana Moura, Gilliatt Moraes, Lucas Moura, Nelson Macedo e Renato Alvim – que têm como propósito comum o processo de produção da imagem, investigando a construção do sentido abstrato e poético da forma visual e, a exemplo de tantos artistas que nos precederam, entendem que não há outro caminho senão o comprometimento com o legado da tradição. Acompanham também André Bombonatti, Anna Lívia Mohanan, Ayla de Oliveira, Enji fundão, Juliana Mizrahi, Laura de Castro, Letícia Martins, Maria Artemis, Monike Silva, Paula Siebra e Vitor Hara, formandos das Escolas de Belas Artes da UFRJ  e UFRRJ, onde alguns artistas do Atelier Oruniyá lecionam.

 

 

Grupo Casa Amarela

 

Grupo de Artistas e Artesãos oriundos do Espaço Atelier Escola, que buscam uma identidade Nacional, regional e local para sua produção artística e que tem na Arte Nacional e na Cultura do Médio Paraíba sua fonte de inspiração e pesquisa. Tem como objetivo criar um núcleo de Arte no interior do Estado do Rio de janeiro, criar uma pedagogia para criação de grupos artísticos para alavancar a fruição e o comércio das Artes e artesanato, constituir espaços de propagação da arte e do artista local/regional, tornar sustentável espaços culturais que não tem apelo massivos. Formado pelos artistas Alexandre Brante, Andreia Lima, Cristiane Albernaz, Francis Marques, Izabel Meloto, Lélis Maria, Marcelo Campos, Messias Jr, Niki Campos, Paulo Valério, Thaisa Moura, Vera Lúcia Pereira e Viviane da Silva.

 

 

Sobre o curador e coordenador geral

 

Formado em Comunicação Visual – Design na UFRJ, fundador da Folha Verde Design, realizadora da exposição. É fotógrafo e pesquisador da cultura popular brasileira, autor do livro Folia de Reis na Serra Fluminense e idealizador da exposição “Folia de Reis: Mensageiros dos Reis Magos”, que aconteceu em janeiro de 2018 no Centro Cultural Light. Desde 2009 já desenvolveu identidade visual de mais de 100 projetos, entre mostras de cinema, peças de teatro e identidade corporativa.