SP-Arte

06/abr

A 12ª SP-Arte sedimentou seu lugar como uma das mais importantes feiras da América do Sul, trazendo neste ano cerca de 120 galerias ao deslumbrante Pavilhão da Bienal desenhado por Oscar Niemeyer no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

 

A Feira reúne mais de 120 das principais galerias de arte do Brasil e do mundo, além do novo setor dedicado ao Design e a continuidade de projetos curatoriais consagrados.

 

Chegou a semana das artes mais badalada do ano. Em paralelo, diversas galerias e museus da cidade inauguram exposições e promovem eventos que tornam o calendário artístico da cidade ainda mais agitado.

 

A feira começa na quinta-feira , dia 07,  e vai até 10 de abril. De visitas noturnas a apresentações de performances, o evento também inspira uma movimentada agenda pela capital.

Erika Verzutti no Pivô

O Pivô, Edifício Copan, loja 54, Avenida Ipiranga, 200, Centro, São Paulo, SP, apresenta a exposição individual “Cisne, Pepino, Dinossauro” de Erika Verzutti, dentro de seu Programa Anual de Exposições. Trata-se da primeira exposição individual da artista em uma instituição brasileira. Serão exibidos quatro trabalhos, sendo duas obras inéditas concebidas especialmente para o espaço do Pivô.

 

Verzutti exibe um conjunto enxuto de trabalhos, acentuando a aridez do espaço expositivo do Pivô, ao mesmo tempo em que oferece uma síntese de seu pensamento escultórico. Ao observar juntos nesse espaço dois trabalhos mais antigos – “Tarsila com Novo”, de 2011 e “Nessie”, de 2008 -, e os monumentais “Cisne Bambolê” e “Cisne Passarela”, produzidos na ocasião dessa exposição, o visitante entra em contato com importantes momentos dos seus mais de dez anos de produção.

 

O gesto de puxar verticalmente a argila para cima, testando possíveis pontos de sustentação, é recorrente na obra de Erika Verzutti e resulta em formas que, segundo a artista, referem-se diretamente à pintura “Sol Poente”, de 1929, de Tarsila do Amaral. A artista toma emprestada essa forma da pintora modernista com a mesma fluência com que manuseia o material mole, transformando o que Tarsila descrevia como um tronco que via da janela da fazenda* em pescoços de cisnes e dinossauros, pepinos, pés engessados e todo um léxico de associações formais que a acompanham há muitos anos.

 

O primeiro cisne, “Cisne com Pincel”, de 2003, modelado em argila crua pintada, encontra seu ponto de sustentação em um pincel – talvez o próprio pincel com que foi constituído -, num gesto metalinguístico que anunciava há mais de uma década as palavras citadas pelo ator que contracena com a escultura “Cisne com Palco”, de 2015, em uma espécie de monólogo tragicômico e autorreferente escrito pela artista e realizado recentemente no Sculpture Center em Nova Iorque.

 

As obras de Erika Verzutti nunca são assépticas: admitem o erro e associam, sem cerimônia, objetos banais e escalas domésticas a referências canônicas da história da arte, incorporando elementos mágicos e misteriosos. Suas formas guardam rebarbas, respingos, amassados mas essas marcas de manufatura não escondem o rigor conceitual e de execução empregados em cada uma de suas peças.
Nos novos trabalhos que se moldam a partir do espaço do Pivô, os pescoços gigantes dos cisnes encontram e respondem à escala e às curvas improváveis de sua arquitetura. As pesadas chapas de ferro que acompanham os cisnes, modelados em isopor, papel e fibra de vidro, são como uma espécie de versão “adocicada” – ou “caseirinha”, nas palavras da artista -, das viris chapas de metal dobradas industrialmente de Richard Serra ou Amílcar de Castro. A longa passarela sustentada pelo “Cisne Passarela” e o palco redondo insinuado no “Cisne Bambolê”, aguardam altivos e um tanto melancólicos, a presença do público, esperando quem queira ativá-los, como uma espécie de esfinge que se insinua, mas não esconde o seu perigo: decifra-me ou devoro-te.

*(AMARAL, Aracy A. Tarsila: sua obra e seu tempo. 34. ed. São Paulo)

 

 

Sobre a artista

 

Erika Verzutti nasceu em 1971 em São Paulo. Entre suas principais exposições estão:, “Swan with Stage”, Sculpture Center, Nova Iorque, EUA (2015), 34º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP, São Paulo (2015), “Mineral”, Tang Museum at Skidmore College, Nova Iorque, EUA (2014), “Under the Same Sun: Art from Latin America Today”, Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque, EUA (2014), “Carnegie International”, Carnegie Museum of Art, Pittsburgh, EUA (2013), 9ª Bienal do Mercosul, Fundação Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2013), ), “Home Again”, Hara Museum of Contemporary Art, Tokyo, Japan (2012) e 11º Biennale de Lyon, Lyon, França (2011). Em 2016, a artista participará ainda da 32ª Bienal de São Paulo e do SITE Santa Fé (EUA).

 

Sobre o Pivô

 

Como uma ideia se transforma em um objeto de arte ou em uma exposição em nosso tempo? E qual é a relação desses objetos e exposições com seus entornos e a história da arte? Essas questões são fundamentais e se renovam a cada geração de espectadores de arte contemporânea. Em plena efervescência cultural do centro expandido de São Paulo – e com essas questões sempre em mente -, o PIVÔ nasce como um espaço de arte autônomo e sem fins lucrativos, que dedica mais atenção às particularidades de cada projeto e propicia possibilidades de atuação mais flexíveis aos artistas e pesquisadores convidados.

 

A programação do PIVÔ se articula através de exposições, projetos específicos, workshops, ateliês temporários, residências, atividades educativas e palestras divididas entre o Programa de Exposições Anual e o PIVÔ Pesquisa. Sua estrutura segue se desenvolvendo paralelamente à sua programação, num processo aberto e em constante mutação. E sua missão talvez seja justamente repensar um modelo institucional para as artes visuais no Brasil – que, ao mesmo tempo em que assegure a autonomia criativa dos artistas, assuma responsabilidades com seu entorno, para assim quem sabe estender essa autonomia de pensamento ao público visitante. Desde sua inauguração, o objetivo sempre foi proporcionar aos artistas, a todos os que trabalham na programação e aos frequentadores do espaço, um contexto para reflexões críticas além de experiências estéticas.

 

O PIVÔ busca novos modelos de gestão e financiamento, articulando parcerias e oferecendo alternativas de apoio a artistas, críticos, curadores e produtores culturais em esfera nacional e internacional. Em dois anos de existência, a instituição realizou cerca de 30 projetos, acolheu em seu espaço uma média de 210 artistas de 15 países diferentes e recebeu cerca de 30 mil visitantes desde sua inauguração.

 

 

Até 28 de maio.

Trânsito dos Infernos

O Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta a exposição individual “Trânsito dos Infernos – 2012/2015”, de Tiago Carneiro da Cunha, a primeira do artista desde sua participação na 30ª Bienal Internacional de São Paulo com “A Iminência das Poéticas”, em 2012, que destacou seu trabalho em escultura e vídeo. A mostra reúne cerca de vinte  pinturas a óleo sobre tela, como resultado de uma pesquisa inédita em sua carreira.  Dentre elas, está a que empresta o título à exposição, cujo cenário de carros sob um céu vermelho apocalíptico dita o tom crítico e dramático do que vem a seguir.

 

A fascinação pelo gesto, intensamente explorado nas esculturas, está de volta nesta série através do traço, que trabalha um humor corrosivo, porém marcadamente sentimental. Personagens e paisagens são totalmente reconhecíveis, embora distorcidos pela emoção, dotados de auras e intenções visíveis.  Sua abordagem iconoclasta evoca as qualidades do belo e do feio com igual sensualidade, até serem confundidas por completo. A utilização de uma paleta de cores puras, em contrastes marcados por uma ampla gama de densidades e intensidades, realça ainda mais a expressividade dramática dos trabalhos de Tiago Carneiro da Cunha.

 

As obras expostas foram selecionadas através de um processo intuitivo do artista, a partir de uma vasta produção realizada ao longo dos seus quatro últimos anos de pesquisa, nos quais utilizou do improviso para a abordagem de cada uma das telas, em poucas e rápidas sessões de trabalho, num longo (por vezes arriscado) jogo de erros e acertos.

 

 

Sobre o artista

 

Tiago Carneiro da Cunha nasceu em São Paulo em 1973 e atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre suas exposições recentes, destacam-se suas participações em: “Prospect 2013”, Museum of Contemporary Art San Diego, San Diego, EUA, 2013; “Sobrenatural”, Estação Pinacoteca, São Paulo, 2013; “A Iminência das Poéticas”, 30ª Bienal Internacional de São Paulo, 2012; Tiago Carneiro da Cunha & Klara Kristalova, SFMOMA, San Francisco, EUA, 2011; Bienal de Liverpool, 2002; Bienal de Sydney, 2002.Também atua como curador, tendo organizado as mostras: “Law of the Jungle”, Lehmann Maupin Gallery, Nova York, 2010; “ Drunkenmasters”, Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, 2004. Sua obra está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: MAM-Rio; MAR,  Rio de Janeiro;  Saatchi Collection,  Londres; SFMOMA, San Francisco, USA; TBA21, Áustria, entre outras.

 

 

Brunch SP-Arte: Sábado, 09 de abril de 2016, das 11h às 14h.

 
Exposição : até 07 de maio.

Para conhecer Benetazzo

A exposição “Antonio Benetazzo, permanências do sensível”, Centro Cultural São Paulo, Piso Flávio de Carvalho, SP, reúne cerca de 90 desenhos realizados por este artista e militante político, brutalmente assassinado pelo regime militar brasileiro em 1972. Autor de uma obra desconhecida do público, que ficou por décadas guardada nas residências de seus amigos e familiares, Benetazzo ressurge em uma mostra inédita dedicada inteiramente à sua trajetória artística, na qual, além da apresentação de seus principais trabalhos, estão presentes objetos pessoais e documentos de origem biográfica. A exposição é dividida em sete partes, nas quais revelam-se eixos temáticos e variedades estilísticas de uma obra pulsante produzida entre 1963 e 1972. A curadoria é de Reinaldo Cardenuto, uma realização da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Secretaria Municipal de Cultura e Centro Cultural São Paulo com apoio do Instituto Vladimir Herzog.

 

Haverá ainda exibição do curta-metragem “Entre imagens (intervalos)”, filme-ensaio em torno da vida e obra de Antonio Benetazzo; lançamento de um livro com textos e reproduções dos desenhos realizados pelo artista.

 

Para o crítico Silas Martí que recomenda uma visitação, “Quase desconhecida, a obra deste artista italiano radicado em São Paulo e assassinado de forma brutal por agentes da ditadura militar nos anos 1970 é alvo agora de uma grande exposição no Centro Cultural São Paulo. A mostra põe em evidência a potência de um trabalho de forte carga política e ao mesmo tempo de grande ousadia formal para a época, com um diálogo poderoso com os experimentos dos artistas pop do país, como Wesley Duke Lee”.

 

Até 29 de maio.

Rio Colors na New Creatrors

04/abr

Pela primeira vez, a Alpha’a, plataforma que tem à frente Manuela Seve e Renata Thomé, e que possibilita conexões diretas entre artistas e o público, apresenta em São Paulo, na New Creator´s, Cerqueira César, São Paulo, SP, uma exposição de artistas de sua comunidade. Esta mostra trás trabalhos de oito artistas brasileiros que colaboram com o projeto e que já tiveram os seus trabalhos selecionados e reproduzidos como múltiplos.

O grupo tem caráter heterogêneo, reúne indivíduos com formações, estilos e perspectivas diversas, como o advogado Felipe Bretz que participa de sua primeira exposição, até artistas mais experientes como Gabriela Noujaim, que participou da Bienal do Porto, Portugal, no ano passado.  No entanto, o que unifica este grupo é o talento incontestável de cada indivíduo, reconhecido não apenas por aqueles profissionais envolvidos na curadoria da exposição mas também através do voto popular.

 

O evento ocorre através de uma parceria firmada com o espaço conceito New Creators.

 

 

Sobre os artistas

 

Clara Diegues é arquiteta formada. Em 2013 começou a desenvolver outra forma de se expressar para além dos desenhos técnicos.  Com referências do ready-made e da Pop Art, seus registros do “efêmero, mutante e trivial” são a matéria prima de seu ainda recente trabalho, experimentações em constante autodescoberta.

 

Cynthia Dias é fotógrafa e ilustradora. Após passar pelo curso de História da Arte na Universidade de Coimbra, entre 2010 e 2012, se utiliza das bases firmada na artes clássicas e na cultura popular para produzir um imaginário que reflita uma visão de mundo em que o lúdico e o terreno se fundem.

 

Duca Bretz é advogado. Desde 2009 adotou a pintura “…como aparelho para desligar a mente do trabalho, após às 20h”. O dom surgiu nas reuniões de trabalho com “rabiscos” em papel. Hoje são mais de 400 obras de todo o tipo, diversificadas entre aquarela, pinturas com carvão vegetal, canetas e lápis.

 

 
Gabriela Noujaim e uma jovem artista que vem desenvolvendo o seu trabalho paulatinamente, desde o desenho, a gravura e objetos de cunho conceituais até a performance. Imagens, indumentária e força física são alguns ítens para os quais ela aponta e sobre os quais se debruça para reelaborar mensagens e resinificar as ações circenses.

Helio Mello Vianna tem uma formação multidisciplinar. Passou pelas áreas de Relações Internacionais, Produção Cultural, Cinema e é claro, Artes Visuais. Aluno bolsista da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, passou pelos programas de Fundamentação, Concepção e Desenvolvimento, dando ênfase em Pintura e Interfaces Contemporâneas.

 

Ju Martins fotografa por causa do seu desejo de congelar e eternizar momentos incríveis que a vida pode oferecer. Leva a vida sempre conectada a natureza, o que transparece na sua arte através do uso constante da luz natural. Ju Martins se diz”… apaixonada pelo abstrato, pelo movimento das coisas e pessoas e, principalmente, pelas cores fortes e contrastantes do mundo”.

 

Milton Antunes começou a se aprofundar mais e mais na fotografia, uma paixão antiga mas nunca levada a prática, após sofrer uma lesão medular quando tinha 17 anos. Hoje, quase duas décadas depois, usa o seu tempo para contemplar e refletir sobre as coisas ao seu redor, usando a sua arte para ajuda-lo a “construir (seu) castelo com as pedras que eu cat(ou) pelo caminho.”

 

Renato Wrobel é fotografo. Trabalha como freelancer para revistas e grandes empresas. Formado em jornalismo pela Universidade e em fotografia pelo Ateliê da Imagem, Escola da Imagem e London Media Academy.

 

Rodrigo Oliveira conta que é “…nascido e criado na vibrante cidade do Rio de Janeiro, desde pequeno me treinei à estar atento a tudo que acontecia ao meu redor. À partir do momento que adquiri meu primeiro aparelho fotográfico comecei a catalogar tudo que me chamava atenção. Minha missão como fotógrafo é encontrar beleza no despercebido e a compartilhar com o mundo. Aqueles momentos mágicos do dia-à-dia que são ignorados; desde as almas caridosas de pessoas à delicadeza da natureza. Tenho como missão agradecer ao Universo por ser tão generoso comigo eternizando em fotografias a magnificência de sua própria criação”.

 

 

De 02 de abril a 1º de maio.

Artistas internacionais

31/mar

A mostra “O triunfo da cor. O pós-impressionismo: obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie”, que chega ao CCBB de São Paulo no dia 4 de maio, exibirá telas que sairão direto das paredes do Museu d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, ambos em Paris, e ocuparão o CCBB-SP até 07 de julho, seguindo depois para o CCBB-RJ, onde serão exibidas entre 20 de julho e 17 de outubro.

 
Serão reunidas 75 obras-primas, inéditas no Brasil, de uma geração de artistas que sucede aos impressionistas, e que recebe do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressionista. São obras de artistas como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat e Matisse, grandes mestres da pintura moderna, que promoveram uma verdadeira revolução estética por meio do uso da cor.

 

Considerado o período de transição entre o Impressionismo e o Expressionismo, o Pós-Impressionismo conecta-se ao trabalho de pintores que, entre 1880 e 1890, exploram as possibilidades abertas pelo impressionismo, em direções muito variadas.

 

“O Triunfo da Cor” se organiza em quatro módulos: “A cor científica”; “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a Escola de Pont-Aven”; “Os Nabis, profetas de uma nova arte”; e “A cor em liberdade”.

 

A entrada é gratuita e o acesso poderá ser agendado pelo aplicativo do CCBB, com o objetivo de evitar filas e aprimorar a experiência da visita.

 

Fonte: Touch of class

Baravelli, Os Sentidos

30/mar

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta “Os Sentidos”, exposição individual do artista Luiz Paulo Baravelli. Após exibir em 2015 uma série de exposições retrospectivas – “Objeto versus espaço, abstração versus empatia” no Instituto Figueiredo Ferraz e outras duas individuais nas unidades da galeria de São Paulo e Ribeirão Preto, o artista retorna ao espaço de São Paulo e apresenta uma terceira exposição com trabalhos produzidos nos últimos seis meses. Com esse método, a galeria cria um arco histórico que acompanha a produção do artista por um período mais estendido, tentando entender cada época e contexto. O que ficou perdido e que pode ser encontrado, o que não foi executado e pode ser encenado, o que foi descartado e que pode ser resgatado.

 

Na atual exposição, Baravelli não retoma o que foi produzido no começo da década de 1980 – já que a produção é um parente distante e mais novo das obras produzidas para a Bienal de Veneza de 1984 e para a individual no mesmo ano da Galeria São Paulo. O que se apresenta é um pulo de 31 anos, o que ficou para trás e o que só agora faz sentido.

 

As caras de Baravelli não possuem corpos, são autônomas e vivem dentro de sua lógica. Sem corpo a cabeça pode escolher a perna que bem entender, o pé que achar mais interessante, a vida que quiser seguir. Essa lógica se estende a construção das obras – materiais dos mais diversos usos – tinta acrílica, encáustica, crayon, esmalte e goma-laca. Os materiais são utilizados sobre compensado recortado, as curvas dos trabalhos sugerem as imagens que são completadas pela pintura – uma mão que é cabelo e um cabelo que também é mão.

 

A escala dos trabalhos é algo fundamental, um rosto sem corpo que encara o espectador impondo uma presença intimidadora – a escala é maior que o corpo humano. Tem algo aí que não segue uma lógica linear. São apresentados 8 trabalhos na dimensão de 220 x 160 cm e uma série de desenhos-estudos que serviram de apoio para a construção dos trabalhos da atual mostra.

 

Perguntamos a Baravelli se ele gostaria de fazer o texto de sua própria exposição – já que por muitos anos o artista escreveu de forma disciplinar – ele enviou o seguinte texto:

 

“Perguntei certa vez a um estudante de Filosofia: ‘Como eles tratam da questão da arte na sua faculdade?’

 

A resposta:

 
“Não tratam – na filosofia não há lugar para o sensível.”

Não sei se ele estava certo, mas na hora e desde então, fiquei com uma sensação boa de estar todos os dias funcionando além de um limite.”

Depois disso perguntamos se ele podia nos explicar melhor o contexto e o que queria de fato dizer com esse excerto, ele nos respondeu utilizando-se de uma charada.

Sabemos que o universo de Baravelli é um lugar habitado por muitos outros seres e referências: recortes de jornais, História da Arte, humor, trabalho constante, uniforme, madrugadas etc etc etc. Tudo forma uma grande cena, um mundo vivido à parte e construído pelo próprio artista. As obras atuais funcionam como um resumo desses personagens: uma mulher recém-casada, um Armênio, um rapaz azul, uma jovem senhora, um estrangeiro, um turista, um padeiro e um ser rosado de difícil identificação.

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1942 na cidade de São Paulo, SP, onde vive e trabalha, Luiz Paulo Baravelli estudou arquitetura na FAU-USP, desenho e pintura na Fundação Armando Álvares Penteado e mais tarde, com o pintor Wesley Duke Lee, o qual exerceu grande influência em sua carreira. Sempre explorou diversos materiais e técnicas em suas obras as quais frequentemente aparecem em “suportes não-suportes” com formatos irregulares (recortes) e se transfiguram como a própria natureza humana e a natureza das coisas em geral. São imagens-objeto. Aborda um “consciente virtual” que mistura impulsos humanos, espaço, tempo e referências culturais e se torna uma representação que desafia a realidade aparente, uma mise en scène da sociedade contemporânea ao estilo do artista.

 

De 02 de abril a 21 de maio.

Projeto Parede – MAM/SP

28/mar

Para o “Projeto Parede” do primeiro semestre de 2016, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São paulo, SP, convidou o artista Nicolás Robbio, que apresenta a instalação “Ciclos”, concebida especialmente para ocupar o corredor de acesso entre o saguão de entrada do público e a Grande Sala do museu.  O trabalho consiste numa instalação feita com canos de água, uma pia e uma bomba hidráulica, que formam um circuito hídrico ao longo do corredor. O objetivo da obra é criar uma metáfora com o uso e reuso da água ao reproduzir um circuito em pequena escala, mas que faz pensar sobre todo um grande sistema que também abrange outras esferas como a econômica, política e social.

 

No processo de concepção de Ciclos, litros de água caem na pia e escorrem pelo ralo para entrar novamente no circuito, sendo reenviado à torneira pela bomba d´água. Todo processo é mostrado claramente para os visitantes e exibido no corredor em que se encontram os sanitários públicos do museu, aumentando a reflexão sobre o consumo. Na obra, o elemento em movimento não pode ser consumido, pois o sistema de canalização não permite que o líquido se regenere, como aconteceria num sistema aberto. Também fazem parte do esquema um motor que consume energia para circular a água, e um relógio que contabiliza as voltas ou consumo.

 

“O projeto faz parte de uma série de trabalhos que examina normas e preceitos existentes para questionar o funcionamento de sistemas enraizados que o nosso cotidiano nem enxerga ou encara como natural”, afirma Nicolás Robbio. A instalação pode ser vista como um sistema reduzido em escala, uma espécie de maquete experimental para que o público entenda melhor a engrenagem de um aparelhamento muito maior. “Creio que a obra seja como uma pequena célula que permite pensar no organismo todo, o que faz com que o público veja com lupa o círculo redundante e questione sistemas habituais em diferentes instâncias, mas que se tornam intrínsecas ao questionar sistemas das áreas política, social e econômica, ” conclui.

 

Segundo o artista, a obra ainda traz à tona outros questionamentos como: quando começamos a pagar pela água e pela energia que movimenta o circuito hídrico? Por que o sistema que abastece alguns bairros não funciona em outros? Por que não são criadas outras formas para captação de novos recursos? E, por fim, por que parece que se fatura mais na falta d’água do que na abundância? O objetivo do artista é indagar sobre o uso da água como negócio, além de elemento de subsistência, refletindo sobre quem lucra com a necessidade de muitos. “Será que o problema da água começou com a utilização do relógio de consumo? Analisar sistemas em pequena escala permite ver o problema também de forma macro para tentarmos entender e repensar nos sistemas atuais, ” esclarece Robbio.

 

 

Até 05 de junho.

Individual de Luiz Hermano

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, inaugura a mostra “Geometria Invertida”, primeira exposição individual do artista plástico Luiz Hermano em seu espaço, com 16 obras da série homônima, inédita e sob a curadoria de Paulo Kassab Jr., onde “o artista analisa a geometria na arte, invertendo seus conceitos e percepções”, define o curador. Trabalhos com formas mais limpas, desprovidos de intervenções pictóricas, iniciam a fase “branca”, onde a inexistência da cor o branco influi na questão ótica.

 

Com base em cálculos matemáticos precisos e uma extensa pesquisa visual, o artista simula sensações reais de movimento e profundidade através de um jogo geométrico. “Um cubo se contorce e transforma-se em distintas formas, mantendo sempre uma proporção harmônica que explora os efeitos visuais por meio dos movimentos do espectador”, declara Paulo Kassab Jr.

 

No início da carreira, o artista trabalhou objetos e esculturas em materiais filiformes, depois disso a figura do cubo passa a merecer destaque em sua obra. Nela, a lógica associada a esse formato geométrico é subvertida pela fragilidade construtiva. Com as estruturas vazadas, enredadas no espaço, suas séries exploram questões ligadas ao equilíbrio e desequilíbrio, discutindo temas ligados a religião, consumismo e tecnologia, de forma delicada, não explícita, onde os temas são entrelaçados nos fios de arame, no aço e no alumínio.

 

Com articulação metódica, Luiz Hermano impressiona pela habilidade manual para exercer a conexão entre objetos pré-existentes no mundo, que ele coleta para agregar ao seu trabalho. A fragilidade aparente das obras advém tanto dos materiais utilizados como do processo de construção. Segundo Paulo Kassab Jr, “o artista busca nas diferentes culturas, as estruturas para suas composições intrincadas, forjadas à mão, pensando as tramas com diferentes materiais”. A criatividade de Luiz Hermano busca, e encontra a transcendência no próprio cotidiano. Coordenação: Felipe Hegg e Victoria Zuffo.

 

 

De 05 de abril a 06 de maio.

Giovani Caramello, obras inéditas

24/mar

Após um ano recluso, em processo produtivo, Giovani Caramello está de volta apresentando ao público e convidados somente obras inéditas, na OMA | Galeria, Centro, São Bernardo do Campo, São Paulo, SP. A exposição é um marco, pois apesar de ter participado de outras mostras coletivas, esta é a primeira individual do artista no espaço que o representa. Segundo Thomaz Pacheco, galerista da OMA, nesta oportunidade vai ser possível conhecer uma outra nuance de seu trabalho. “A grandeza dele vai além de detalhes que denotam a quase perfeição. Vai ser interessante mostrar este novo momento de sua carreira, muito mais maduro e consciente da sua produção”, comenta.

 

Aos 25 anos e inserido no circuito de artes há cerca de três, Giovani Caramello, escultor hiper realista brasileiro, vem assumindo pouco a pouco a sua identidade, que será possível ver nessa mostra. Além disso, ele que é tímido, de poucas palavras, mas com um olhar muito observador, ao longo de sua carreira vem encantando colecionadores com suas obras carregadas de sentimentos universais, como a introspecção que cria um canal afetivo direto com o público. Para Giovani Caramello, nesta nova exposição, os seus admiradores poderão conhecer muito além da técnica que rendeu elogios para sua poética, que se encontra cada vez mais evidente. “Creio que as novas peças representam meu amadurecimento e da minha forma de esculpir. E, apesar de possuírem uma temática muito pessoal, sempre busco apresentar uma poética de fácil identificação. É justamente isso que as pessoas vão ver na mostra e espero que a receptividade seja positiva”, comenta.

 

O texto curatorial é assinado pela crítica de arte e curadora, Ananda Carvalho.  Para ela, “ao contrário das esculturas tradicionais que congelam um fragmento do tempo, os trabalhos do Giovani, expandem esse tempo, ele esculpe algo que todos reconhecem: as emoções”, adianta.

 

 

De 01 de abril a 25 de maio.