Krajcberg na CIGA 2016

17/maio

O escultor e fotógrafo Frans Krajcberg, de 95 anos, se notabilizou por seus retratos da natureza que, muitas vezes, são utilizados como matéria-prima para seus desenhos e relevos moldados em papel.

 

A Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta no próximo dia 20 de maio, o livro-arte do artista, com fotos assinadas, durante o CIGA 2016, Circuito Integrado das Galerias de Arte, organizado pela Art Rio.

 

Este livro-objeto – “Outra Natureza” – oferece aos colecionadores, pela primeira vez, uma fotografia original de Krajcberg, com sua assinatura gravada a fogo. São 12 imagens diferentes com tiragem de 6 cada uma, num total de 72 unidades.  “Outra Natureza” contém um estojo, a foto emoldurada e um álbum artesanal com as imagens e os textos escolhidos para este projeto.

 

O livro-arte encontra-se a disposição na galeria Marcia Barrozo do Amaral, no Rio de Janeiro. Contatos pelo telefone (21) 2267-3747.

 

Duas mostras na Lume

13/maio

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, exibe, simultaneamente, as individuais “Sentidos da Pele” de Gal Oppido e “A Bahia e seus sentidos” de Akira Cravo com curadoria dos próprios artistas. Em “Sentidos da Pele”, Gal Oppido apresenta 32 trabalhos onde os ensaios exploram o corpo humano como uma fonte geradora de significados quando sob interferências externas, sejam elas alegóricas, cirúrgicas, ou comportamentais. Nos registros da série “Bahia e seus sentidos” de Akira Cravo, as 14 fotografias exibem a “poesia” da Bahia, que ultrapassa e desafia qualquer paradigma, retratando um povo belo e plural.

 

Gal Oppido em sua individual, constrói suas obras com a pele – maior órgão humano que traduz em sua topografia o que um corpo deseja – em elemento base dando ênfase à capacidade do homem de “transformar a matéria e como essa ação transfigura seu corpo”. Buscando explorar diferentes padrões e suas identidades, o artista procura, através de seu olhar, as particularidades que deles emana como espaço, luz e cromatismo e a partir dessas premissas, que representam o par gerador dos trabalhos, Gal determina seus suportes – fotografia, desenho, performances ou imagens cinéticas. Um dos destaques de “Sentidos da Pele” são as peças escultóricas de vidro formando duas obras vitreopercussivas que provocam sons quando do contato entre performer e pingentes de cristal. Para o artista, “a manifestação autoral que se vale da imagem como suporte e das inquietudes de seu emissor, necessita da cumplicidade entre forma e conteúdo, sem perímetros que constranja seu objeto estético, conduzindo a técnica e seus instrumentos a favor da integridade de seu discurso“.

 

Em sua primeira individual na galeria, Akira Cravo expõe 14 fotografias da série inédita “A Bahia e seus Sentidos” construindo uma visão poética fidedigna do povo da Bahia, suas crenças no sagrado e profano, festas de largo, religiosidade, sincretismo do candomblé com o catolicismo e, especialmente, na luminosidade, que segundo o artista, existe apenas na Bahia. A proposta conceitual de Akira Cravo é possibilitar um contato mais próximo com o universo da magia que revela uma Bahia antiga, um povo belo por natureza que transmite poesia no olhar, a vaidade natural, a beleza do cenário natural e com especial ênfase, o povo. “A Bahia cheia de mistérios, mitos e sentidos”, declara. A sensibilidade do artista ao retratar seus personagens advém se sua busca pela beleza do simples. Ao externar sua visão no registro obtido, Akira Cravo cria uma marca que perdura através do tempo. Sua preocupação com os parâmetros de enquadramento são sua assinatura. “Trago o torso, o corpo e o rosto. Junto e separado em imagens pulsantes, coloridas, cheias de vida, de força e de fé”, define o artista.

 

Com as individuais, existe a possibilidade de retratar uma mesma sensação de formas únicas, transformando a arte em infinitas possibilidades de resultados únicos. Nos trabalhos apresentados tem-se tanto fotografias que “são inspiradas na poesia, que supera qualquer paradigma”, de Akira Cravo como criações onde “o fazer estético exclui sua inclusão a priori a uma ordem estabelecida” de Gal Oppido. Nessa combinação a Galeria Lume mantém sua proposta de proporcionar ao público conceitos, técnicas e estilos diversificados, porém complementares, no sentido de contribuir para a formação cultural dos espectadores. Coordenação: Felipe Hegg, Paulo Kassab Jr. e Victoria Zuffo

 

 

De 17 de maio a 18 de junho.

Gilberto Freire, forma e cor

11/maio

Uma paixão quase oculta do mestre Gilberto Freyre, sua relação com as artes visuais, pode ser vista na exposição “Gilberto Freyre: vida, forma e cor” que depois de ser exibida no Recife, chega a Caixa Cultrural São Paulo, Centro, São Paulo, SP. Proposta pela Fundação Gilberto Freyre, não tem o objetivo de atribuir ao autor o título de artista, e sim mostrar a associação entre arte e ciência em sua reflexão, uma dimensão pioneira de sua obra, que o escritor, morto em 1987, demonstra já no prefácio da primeira edição do livro Casa Grande e Senzala, em 1933. Para Freyre a sensibilidade era tão importante quanto a razão na análise da vida social brasileira.

 

“Mais do que dizer se Freyre era ou não artista – questão secundária inclusive para ele próprio, que se definia como escritor – o que queremos mostrar é como esse pioneirismo de Freyre de misturar arte e ciência – já identificado em seus textos, que são considerados excessivamente literários por alguns cientistas sociais –foi uma característica duradoura e que se espraiou por toda a sua produção, atingindo o ápice na sua parceria com alguns artistas que ilustraram seu livros”, esclarece Clarissa Diniz, que assina a curadoria da mostra, com Fernanda Arêas Peixoto, Jamille Barbosa e Leonardo Borges.

 

A exposição está dividida em quatro módulos: “Mundo de imagens” exibe documentos que ilustram sua relação ordinária, familiar e corriqueira com a imagem, como caricaturas, cadernos de desenhos para os netos, cartas ilustradas e cartões de natal que Freyre fazia com os filhos para o natal da família. Na sequência, “Escritor de formas e cores” procura explorar os sentidos da frase “eu pinto escrevendo e acho que um pouco escrevo pintando”, ao exibir telas e desenhos, além de excertos de textos que tratam de alguns dos principais temas de Freyre, como a cidade e arquitetura, a chamada cultura popular e as relações étnicas-raciais.

 

Em “Contaminações criativas”, por sua vez, é possível observar como a relação de Freyre com os artistas que ilustraram seus livros foi mais do que “serviços prestados”, constituindo antes diálogos profícuos entre formas sensíveis e modos de pensar questões às quais ele e seus parceiros-artistas estiveram dedicados. Neste espaço da mostra, o painel de Cicero Dias para a abertura de Casa Grande e Senzala é tomado como um estudo de caso, sendo exibidas as cartas trocadas entre ambos e o desenho de Freyre que orienta Cícero Dias na feitura da obra. Por fim, em “Ecos” são reunidas reflexões de Gilberto Freyre sobre a arte brasileira, assim como registros dos encontros de seu pensamento com as artes visuais brasileiras de modo mais amplo. Neste núcleo estão contemplados também outros artistas, como Telles Júnior e os irmãos Rego Monteiro que foram objetos da reflexão de Freyre no campo da arte, e não apenas parceiros na elaboração dos livros, como indicado no núcleo anterior.

 

“É importante destacar que não temos a pretensão de esgotar o assunto. Pensador versátil e multifacetado como foi Gilberto Freyre, com um conhecimento vasto e amplo, é lógico que a sua relação com as artes visuais não se encerra nessa mostra. Queremos apenas descortinar esse novo horizonte de análise do pensamento freyreano que, esperamos, repercuta tanto entre os estudiosos de sua obra quanto entre os que tomam contato com ela pela primeira vez”, diz Fernanda Arêas Peixoto, curadora da mostra.

 

 

 

Fundação Gilberto Freyre

 

Gilberto Freyre e sua família resolveram instituir, na Vivenda Santo Antonio de Apipucos, uma Fundação que não apenas reunisse o seu patrimônio cultural, seus bens e acervos, mas que também pudesse estimular a continuidade dos seus estudos e de suas ideias. A Casa de Gilberto Freyre, transformada em Fundação no dia 11 de março de 1987, cumpre, assim, o seu objetivo: contribuir para o desenvolvimento político-social, científico-tecnológico e cultural da sociedade brasileira tendo como referencial a obra freyriana. Visa manter reunido, preservado e à disposição do público o acervo pessoal e intelectual de Gilberto Freyre.

 

 

 

Debates

 

Dia 04 de junho, às 15h. – “Gilberto Freyre, conhecimento entre ciência, arte e arquitetura”, com Fernanda Arêas Peixoto (professora de Antropologia da USP) e José T. Correia de Lira (professor da Faculdade de Arquitetura da USP)

 

Dia 25 de junho, às 15h. – “Gilberto Freyre e as artes visuais”, com Clarissa Diniz (crítica de arte e curadora do Museu de Arte do Rio –MAR) e com o artista Jonathas de Andrade.

 

A mostra acontece de 21 de maio a 10 de julho de 2016 e conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal.

Cartografia

10/maio

Rodrigo Torres está entre os artistas participantes da exposição coletiva “Mapas, Cartas, Guias e Portulanos”, Sala de Arte Santander, na Avenida Juscelino Kubitschek 2235, térreo, São Paulo, SP. A exposição traz um conjunto de mapas originais dos séculos XVI a XVIII do núcleo de cartografia da Coleção Santander Brasil, em um diálogo instigante com obras contemporâneas que se relacionam com questões como o mapeamento do espaço, das fronteiras, dos deslocamentos e fluxos territoriais, econômicos, culturais e subjetivos.

 

Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra ressalta o valor desse conjunto único que integra a coleção, ao mesmo tempo em que revela um olhar em sintonia com o contemporâneo, o que vem sendo uma preocupação do Santander em todas as suas ações culturais. Acreditamos que entender nossa trajetória histórica e refletir sobre o mundo em que vivemos contribui para desempenhar melhor nosso papel na sociedade, como organização e como indivíduos.

 

A cartografia dos séculos XVI a XVIII teve um papel fundamental para o conhecimento e domínio do território, bem como para difundir a imagem do Novo Mundo por toda a Europa. Hoje, é a arte contemporânea que dissemina, de modo poético e crítico, múltiplas ideias, visões e interpretações sobre o nosso país e nosso tempo.

 

A mostra apresentará 58 obras, sendo 10 mapas pertencentes à Coleção Santander Brasil, destacando-se o mais antigo de 1556, de autoria de Giacomo Gastaldi, que representa a costa brasileira.

 

 

Até o final de junho.

Virgilio Neves na Vila Nova

 

A definição da palavra “Volatilismos” não existe na língua portuguesa mas foi o termo que o artista plástico Virgílio Neves encontrou para definir a sua mais recente produção, composta por 11 telas, na Galeria Vilanova, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, com curadoria de Bianca Boeckel. Para ele, o desenho pode ter uma ação transformadora sobre o peso da tela e da pintura. Por isso, ao tentar redimensionar os diversos elementos que compõem uma pintura e intensificar a ação das linhas na superfície dela, Virgílio alcançou a sensação de leveza que buscava.

 

Entre 2013 e 2014 o artista usou canetas permanentes para criar sobre suas pinturas uma espécie de fragmentação visual com as linhas, gerando um certo efeito hipnótico que acabou dando nome à sua primeira individual:  “Hipnoses”. A partir de 2015, o trabalho ganhou um outro rumo. As canetas permanentes procuraram extrair da tela o peso imposto pelo pigmento, pela composição, pelas cores, pelas formas e pelos volumes. Foi um processo inusitado, que exigiu uma releitura e uma nova pesquisa de trabalho por parte do artista.

 

“As cores, por exemplo, tornaram-se menos vibrantes e mais densas do que nos trabalhos anteriores. As formas, mais volumosas e fechadas. Ao envolver as superfícies das telas com as linhas brancas das canetas permanentes, as formas se ‘ergueram’, criando uma espécie de volatilidade do todo. E ao modular ainda mais as linhas em curvas, interferi também na velocidade delas, proporcionando ao olhar uma nova relação com o tempo de observação”, define Virgílio Neves.

 

As linhas continuam sendo o elo entre dois momentos artísticos de Virgílio, mas a temática ganhou uma outra intenção, em função desse novo percurso.  “Em “Hipnoses”, sua série anterior, o olhar se diluiu ao redor de todo o campo visual; na inédita “Volatilismos”, o olhar ganhou um percurso, uma direção ascendente”, explica Bianca Boeckel, curadora da mostra.   Para Virgílio Neves, a temática se desdobrou para um novo campo de ação: “a busca pela leveza do todo na superfície da tela, como se o objetivo maior fosse torná-la mais leve que o ar. E é engraçada a ironia de se chegar à impermanência das formas usando canetas permanentes”, completa o artista.

 

 

De 12 de maio a 11 de junho.

15 mil flores

O Museu Afro Brasil, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Parque Ibirapuera – Portão 10 (acesso pelo portão 3), São Paulo, SP, uma instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, abriu a exposição “A Luz do Mundo onde há Fronteiras” – uma instalação do artista japonês Nobuo Mitsunashi. Utilizando o Hanazumi, uma técnica centenária japonesa, o artista queima as flores em fornos em um processo delicado, onde elas são transformadas em peças de carvão, conservando a sua forma original.

 

Quem visita o Museu Afro Brasil, certamente já viu as esculturas situadas a entrada principal da instituição. Estas esculturas são de Nobuo Mitsunashi, que desde o início do mês está trabalhando em uma majestosa instalação composta por embarcações feitas de terra, madeiras, juta, folhas e bambus, além de flores carbonizadas, na técnica Hanazumi, uma tradicional técnica japonesa que surgiu como um modo de carbonizar flores para serem apreciadas na cerimônia do chá.

 

A exposição “A Luz do Mundo onde há Fronteiras” é um trabalho especialmente desenvolvido para o espaço do Museu Afro Brasil. Mitsunashi busca estabelecer uma rede de intercâmbios com a cultura brasileira por meio de curadorias e projetos especiais. E, desta vez, o artista reuniu na cidade de Mogi das Cruzes, no famoso Casarão do Chá – um patrimônio cultural nacional – uma equipe de assistentes japoneses para auxiliá-lo na produção deste mais novo projeto que se destaca com as 15.000 rosas carbonizadas que eternizam o efêmero, ocupando um espaço de 20m x 30m. Para obter o enegrecimento das rosas que mantém sua forma original, elas são levadas ao forno a uma temperatura de 300ºC por 3 horas, descansando por mais 3 horas para resfriamento.

 

A prática do Hanazumi envolve um antigo costume, de aproximadamente 500 anos, quando frutos, flores e arbustos eram utilizados como ornamentos nas cerimônias do chá e entre samurais generais, traduzindo elegância e nobreza. Dependendo do clã, existiam pessoas especialmente incumbidas de produzir Hanazumis, sendo várias as técnicas secretas e peculiares. Neste cuidadoso processo contra o efêmero, o negrume das peças eterniza a perenidade das formas.

 

Para o artista, o diálogo com o local e sua arquitetura, bem como com as histórias que o Museu Afro Brasil comporta é fundamental. “Vou produzir a minha obra utilizando este ambiente como elemento da própria obra. Serão produzidos os navios que de leste se dirigem ao oeste, expressando desta maneira o fluxo da história. Perto da escada central serão expostas 15.000 Hanazumis de rosas que simbolizarão o descanso dos espíritos.” explica Mitsunashi.

 

Os assistentes japoneses de Mitsunashi, vindos especialmente para este projeto, são: Akari Karugane, Maho Habe, Masashi Ishikawa, Motofumi Aoki, Taku Akiyama, Takuma Asai, Tomoko Mitsunashi e Yumi Arai.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nobuo Mitsunashi (1960) graduou-se na Universidade de Arte de Musashino, em Tóquio. É um artista, de origem japonesa, bastante conhecido no cenário brasileiro. Já realizou inúmeras mostras coletivas e individuais em São Paulo. Destacam-se a participação na 21ª Bienal de São Paulo, em 1991; a mostra realizada na Pinacoteca do Estado, em 2002, onde possui obras expostas no acervo permanente da instituição e a exposição “Hanazumi”, mostra individual realizada no Instituto Tomie Ohtake em 2005.

 

Até 10 de julho.

O triunfo da cor

A exposição denomina-se “O triunfo da cor”, abordando o pós-impressionismo: obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, em cartaz no CCBB, Centro, São Paulo. A mostra é uma realização em parceria com Musée d’Orsay e a Fundación Mapfre, a mostra conta com apoio do MinC, por meio da lei de incentivo à Cultura, e patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, BB DTVM e Banco do Brasil.

 
A exposição ocupa o térreo, subsolo, 1º, 2º, 3º e 4º andares do CCBB e apresenta 75 obras de 32 artistas que, a partir do fim do século XIX, buscaram novos caminhos para a pintura. O grupo formado por ícones do movimento impressionista, como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat, Matisse, recebeu do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressionista, por promoverem uma nova linguagem estética, baseada no uso intenso da cor, mostrando os caminhos de uma geração de artistas que ficou conhecida como pós-impressionistas, aqueles que promoveram uma revolução estética pelo uso da cor.

 
A exposição está dividida em quatro módulos: “A cor científica”, com uma seleção de obras inspiradas nos estudos de Michel Eugene Chevreul, cuja técnica consistia em aplicar na tela pontos justapostos de cores primárias e que se tornou muito conhecida nas mãos de Van Gogh.

 
O segundo módulo, “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a escola de Pont-Aven”, inclui obras de Paul Gauguin e Émile Bernard a partir de uma pintura sintética, com cores simbólicas e a presença de desenhos nos contornos e silhuetas, refletindo um mundo interior e poético.

 
No módulo 3, “Os Nabis, profetas de uma nova arte”, o tema é a ideologia de um grupo de artistas que defendiam a origem espiritual da arte, utilizando a cor como um elemento transmissor dos estados de espírito.

 
Já o quarto e último módulo, chamado “A cor em liberdade”, apresenta obras de artistas do final do século XIX e início do século XX, com inspirações que vão da Provence à natureza tropical. A curadoria é de Guy Cogeval, presidente do Musée d’Orsay, Pablo JimenézBurillo, diretor cultural da Fundación MAPFRE, e Isabelle Cahn, curadora do Musée d’Orsay. As obras expostas oferecem ao público a oportunidade de conhecer alguns ícones de um importante momento da história da arte e de poder ver de perto algumas das obras mais emblemáticas dos últimos tempos.

 
“O triunfo da cor” é mais uma exposição histórica sobre arte moderna, e que ficará em cartaz no CCBB de São Paulo até 07 de julho, e depois irá para o CCBB RJ, podendo ser visitada de 20 de julho até 17 de outubro.

Barrão: Paleotoca

06/maio

O Galpão Fortes Vilaça, apresenta a exposição individual “Paleotoca” de Barrão. Paleotocas são labirintos gigantes escavados por animais já extintos, como as preguiças. Essas tocas rementem-se a construções precárias, utilizadas por esses animais como proteção e abrigo para o clima hostil que havia há 10 mil anos. Para essa ocasião, as 20 esculturas em resina, com as quais o artista carioca dá continuidade a sua trajetória por entre o universo dos objetos e do colecionismo, procuram estabelecer uma relação direta com espaço físico que as acolhem, além de travar um dialogo com a questão do tempo e ritmo estabelecidos com o processo de produção e criação do artista.

 

Conhecido por sua produção escultórica dedicada à montagens com peças de cerâmica prontas, no último ano Barrão passou a investir num novo processo investigativo, que parte do gesso para chegar na resina como material elementar. Enquanto as colagens fazem com que os objetos percam suas qualidades primárias, as peças de resina monocromáticas (todas na cor branca) vão ainda mais além e demonstram uma qualidade de total disfunção da própria existência e adquirem uma nova atribuição. O artista inicia, dessa forma, uma pesquisa voltada para não fragmentação, por meio de uma coleção de objetos muito mais enxuta e econômica.

 

Essa nova investigação possibilitou ainda ao artista descobrir com mais liberdade as possibilidades estéticas, principalmente no que diz respeito ao gesto escultórico. Barrão explorou não só as vantagens da modelagem e suas possibilidades de repetição, mas também as diferentes formas de combinar, agrupar e empilhar objetos do uso cotidiano, como garrafas, galhos, isopor, caixas de som, fitas cassetes, etc., tudo replicado em composições aleatórias inusitadas. Em “Geo Milho”, de 2015/16, por exemplo, três espigas de milho adequam-se dentro do que seria uma moldura de isopor para compor um único objeto, ao passo que “Castelos de Cassetes – F.S. Torres”, 2015 traz cinco fitas cassetes acasteladas.

 

 

Sobre o artista

 

Barrão nasceu em 1959 no Rio de Janeiro, cidade onde vive e trabalha. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: “Fora Daqui”, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, 2015; “Mashups”, The Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield, USA, 2012; e “Natureza Morta”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, 2010. Em mostras coletivas, o artista também já participou, entre outras, do Panorama de Arte Brasileira em 2007 e de exposições no MAC, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Pinacoteca do Estado de São Paulo; além da antológica mostra “Como Vai Você, Geração 80?” no Parque Lage, Rio de Janeiro, 1984. Paralelamente, Barrão ainda integra desde 1995 o coletivo Chelpa Ferro, com Luiz Zerbini e Sérgio Mekler.

 

 

Até 18 de junho.

Performance

04/maio

Neste sábado, 07 de maio, o artista Stephan Doitschinoff realiza a performance “Marcha ao Cvlto do Fvtvrv”, que se relaciona com as três obras inéditas que apresenta na mostra “Educação como matéria-prima”, em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo, que discute processos pedagógicos na arte. Com a ação aberta ao público, o paulista junto com os membros do Cvlto do Fvtvrv aprofunda sua pesquisa sobre apropriação de estruturas simbólicas e instituições conservadoras como o exército e a igreja, por exemplo, sempre presentes na sua obra.

 

O percurso do trajeto começa às 15 horas na entrada do Museu de Arte Contemporânea (MAC), o antigo prédio do Detran. Os participantes e o público seguem em cortejo pela Passarela Ciccillo Matarazzo, atravessando por cima das movimentadas pistas da Avenida Pedro Alvares Cabral, entrando no Parque Ibirapuera pelo portão 3 e caminhando até o MAM. No auditório do museu, o artista junta-se a convidados especiais para apresentar o Hino dos Três Planetas e o Hino dos Fantasmas Neoliberais, ambos criados pelo artista em parceria com a cantora Lia Paris e a dupla Mixhell, formada por Iggor Cavalera e Laima Leyton.

 

Depois da apresentação, os membros do Cvlto e o artista convidam o público para participar do Balcão de Adesão, em que divulgam mais informações sobre a organização, além de exibir os Hinários, a Pirâmide, o Elucidário. “A obra desdobra-se em diferentes vertentes que incluem pintura, instalações, arte pública, vídeo, música e performance. Nessas abordagens, o trabalho é permeado pela linguagem criptografada e simbólica”, explica o artista, que realiza uma marcha por ano, sempre com atrações inéditas e diferentes, aberta ao público e com muitas adesões.

 

Para participar da ala frontal do cortejo e receber um broche do Cvlto do Fvtvrv, é necessário chegar no ponto de encontro com 30 minutos de antecedência vestindo camisa social branca fechada até o colarinho, calças e sapatos pretos. Para seguir a marcha e entoar os cânticos, a participação é livre.

 

Sobre o artista

Artista revelação pela Associação Paulista de Críticos de Arte, Stephan Doitschinoff realiza ações e exposições em espaços institucionais como o Museu de Arte Contemporânea de San Diego (EUA), a Fondacion Cartier (FRA), além de MAM, MASP, Museu Afro Brasil e o Centro Cultural Vergueiro. Atualmente, é representado pela galeria Jonathan Levine em NY, pela galeria LJ em Paris e está presente na coleção The Isabel and Agustin Coppel, no México. Doitschinoff tem dois livros publicados pela editora alemã Gestalten – CALMA: The Art of Stephan Doitschinoff (2008) e CRAS (2012), além do documentário TEMPORAL (2008).

 

SERVIÇO :

07 de maio (sábado)

Horário: das 15h às 17h30

Ponto de Encontro: em frente ao MAC Ibirapuera (antigo DETRAN)
Concentração, distribuição de broches e adereços : 14h30
Saída da Marcha: 15h
Chegada ao MAM : 15h30
Início do culto no Auditório MAM: 16h
Balcão de Adesão:16h30

Dois : um dinamarquês, outro sueco

27/abr

A exposição “Veias”, na Caixa Cultural São Paulo, Centro, São Paulo, SP, exibe 105 imagens em preto e branco de dois grandes nomes da fotografia documental mundial – o sueco Anders Petersen, 1944, Estocolmo, e o dinamarquês Jacob Sobol, 1976, Copenhagen, que expõem juntos pela primeira vez. Com curadoria do sueco Imants Gross, os trabalhos têm em  comum um olhar íntimo sobre cenas cotidianas de pessoas marginalizadas na sociedade, como alcoólatras, viciados em drogas, prostitutas, travestis, criminosos e psicopatas. As imagens se tornam ainda mais impactantes com o grande formato das fotografias, que chegam a 2,5 metros de comprimento.

 

Para este trabalho na Caixa Cultural, os dois fotógrafos criaram uma espécie de diário pessoal onde anotaram reflexões pessoais sobre a vida, as pessoas e a forma como se encontra o mundo de hoje. “À primeira vista, as imagens de Petersen e Sobol podem parecer fortes e impiedosas para alguns, mas, indo além da superfície – ou da pele -, é uma representação intensa, quente e não tão semelhante com a realidade, mas que é sentida como real”, observa o curador Imants Gross.

 

Anders Petersen é considerado uma lenda da fotografia, e é conhecido pela capacidade de criar laços com as pessoas fotografadas, gente desconhecida que ganha um ar distinto. "As coisas que eu faço são uma espécie de fotografia documental privada. Esse é o verdadeiro desafio: estar presente, mas manter a distância", explica o sueco. Uma de suas imagens mais famosas foi usada na capa do álbum “Rain Dogs”, de 1976, do artista canadense Tom Waits.

 

Trinta anos mais novo, Jacob Sobol pode ser considerado um sucessor do mestre sueco, com seus registros repletos de imprevisibilidade do cotidiano. Sobol compara o ofício de tirar fotos ao de um caçador: "A relação que os caçadores estabelecem com a natureza ao seu redor é muito importante. É preciso estar interligado ao todo, e este sentimento tem deixado um grande impacto na minha vida e no trabalho.”

 

Artistas de gerações diferentes, possuem afinidades de linguagem, o que justificou esse encontro. Ambos pertencem à mesma escola de fotografia documental, em que o desafio do fotógrafo é estar presente o mais próximo possível de cenas privadas, mas com um distanciamento suficiente para registrá-las com olhos de voyeur. As suas preocupações os fazem observar muitas vezes o terrível, o compulsivo, o incontrolável e o sentimento de autodestruição que existe nas pessoas, mas ambos são fotógrafos, que destacam o “amor” em suas muitas e diferentes manifestações.

 

“As imagens que Petersen e Sobol nos oferecem, todas em preto e branco, podem parecer frias num primeiro momento, mas quando tomamos conhecimento dos universos retratados e dos personagens, conseguimos sentir o calor dos corpos, a intensidade das situações. É possível enxergar verdade e amor no olhar de quem está sendo revelado e também do seu revelador", conclui o produtor Luiz Prado.

 

Promovido pelo Instituto Cultural da Dinamarca, o projeto começou na Letônia, passou pela Rússia e China antes de vir ao Brasil com temporada já realizada também na Caixa Cultural de Curitiba, Salvador e Rio de Janeiro. ”É com grande satisfação que recebemos a arte de Petersen e Sobol, que têm em comum uma linguagem incomum. As imagens expostas trazem uma ausência de respostas, e revelam muitos questionamentos. Como dizem os dois fotógrafos: “Veias” não é sobre fotografia. É um documentário da vida abstrato, expressivo, emocionante e provocador”,explica Anders Hentze, diretor do Instituto Cultural da Dinamarca.

 

 

 

Até 08 de maio.