Singular & plural

28/jul

O Instituto Moreira Salles, Higienópolis, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Araújo Porto-Alegre: singular & plural”, com trabalhos de Manuel de Araújo Porto-Alegre. A exibição consta de quase 90 obras, com destaque para a sua produção gráfica. Foram reunidas aquarelas, esboços, caricaturas, esboços, rascunhos e desenhos feitos a grafite e a nanquim. Artista múltiplo, Porto-Alegre atuou também como arquiteto, cenógrafo, crítico, historiador, escritor, jornalista e diplomata. A exposição também apresenta textos, poemas e projetos de arquitetura e cenografia.

 

A curadoria é de Leticia Squeff, professora do departamento de História da Arte da Unifesp e de Julia Kovensky, coordenadora de Iconografia do Instituto Moreira Salles. O projeto partiu da intenção de levar ao público um álbum composto por desenhos e documentos que pertenceram ao autor e que hoje integra o acervo do IMS. A maioria das obras abrange o período em que Araújo Porto-Alegre esteve na Europa pela primeira vez (1831-1837), acompanhando seu mestre Jean-Baptiste Debret, que definitivamente voltara para a França.

 

 

Sobre o artista

 

Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879) nasceu em Rio Pardo-RS e, em 1827, seguia para o Rio de Janeiro. Araújo Porto-Alegre é uma das figuras mais desconcertantes da história da cultura e das artes no Brasil. Entre suas diversas atividades, atuou como arquiteto; fez trabalhos de cenografia e decoração para teatro e para festas da monarquia; é considerado autor das primeiras caricaturas realizadas no país; foi idealizador da estátua equestre de d. Pedro I, no Rio de Janeiro; escreveu novelas, peças para teatro e poemas; esteve em cargos de poder em instituições de cultura importantes da época, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (ihgb) e a Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), para a qual concebeu um projeto de reformulação pedagógica, com desdobramentos na arte brasileira da segunda metade do século XIX.

 

 

Até 21 de setembro.

Leonilson: Truth, Fiction

25/jul

A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta, no quarto andar da Estação Pinacoteca, Largo General Osório, Santa Ifigênia, São Paulo, SP, a mostra “Leonilson: Truth, Fiction”. Com curadoria de Adriano Pedrosa, a exposição reúne mais de 150 obras de José Leonilson, entre pinturas, desenhos, bordados, objetos e uma instalação. A seleção concentra-se na produção “madura” do artista, com trabalhos realizados a partir de 1987, e inclui a última peça concebida pelo artista: a instalação montada na Capela do Morumbi em 1993.

 

Para Adriano Pedrosa, esse período assinala a intensificação das qualidades sintéticas, ou “minimalistas”, na obra do artista – como em desenhos e bordados feitos com poucas linhas (para representar figuras diminutas e grafar textos breves, valorizando os vazios e as grandes áreas de cor) ou, ao contrário, em papeis e tecidos preenchidos por conjuntos de um mesmo elemento (que pode ser uma sequência numeral ou um punhado de botões).

 

Como sugere o título da exposição, a curadoria também investiga as maneiras pelas quais a obra do artista se compõe tanto da apropriação ou de referências do real como dos exercícios de fabulação. Por exemplo, quando justapõe conteúdos autobiográficos e ficcionais; quando mistura a agenda pública dos noticiários com episódios da vida privada, etc. O nome da mostra, a propósito, vem dos escritos presentes em um desenho de 1990, intitulado “Favorite game”.

 

Ainda segundo o curador, a exposição não deve se distribuir pelo espaço em ordem cronológica, mas dividida em sete módulos, que consideram aspectos formais, temáticos, técnicos ou temporais: “Mapas”, “Diário”, “Matemática e Geometria”, “Brancos”, “Capela do Morumbi” e “1991”, além de um núcleo dedicado às ilustrações que Leonilson publicou no jornal “Folha de S. Paulo” entre 1991 e 1993. Acompanha a mostra, ainda, um livro com entrevista inédita realizada por Adriano Pedrosa com Leonilson, em 1991, e reproduções das obras presentes na Estação Pinacoteca. Nesta entrevista, o artista fala de sua formação artística, do início da trajetória profissional, da arte e da música por que se interessa e do meio artístico no Brasil, entre outras coisas. A edição deste volume, a ser publicado pela Cobogó, é também de Adriano Pedrosa, com a colaboração de Isabel Diegues.

 

 

De 09 de agosto a 09 de novembro.

Trabalhos de Leonilson na Galeria Superfície

22/jul

A segunda exposição da mais nova galeria da cidade, a Galeria Superfície, Jardins, São Paulo, SP, está centralizada na produção dos 10 últimos anos de vida do artista José Leonilson Bezerra Dias (1957-1993), conhecido apenas como Leonilson. Intitulada “Leonilson: Verdades e Mentiras”, a mostra, que conta com texto e curadoria da artista Leda Catunda, amiga pessoal do artista, reúne obras de diferentes formatos, como desenhos, pinturas, aquarelas e esculturas. São obras garimpadas em coleções particulares, entre elas, algumas nunca exibidas ao público.

 

A produção de Leonilson é um verdadeiro arquivo sobre sua vida, uma incansável busca de intensidade poética individual, onde a obra é o suporte e registro. Os últimos anos de sua vida foram marcados por um sentido de vulnerabilidade humana e na possibilidade de transcendência.

 

O despojamento e a simplicidade característicos de sua obra, particularmente aos desenhos desse período, são tensionados pela morte anunciada e pela busca de sentido para a travessia da vida para o estado espiritual.

 

“…A energia do desejo encontra sua realização amorosa, agora conscientemente, na sublimação, que forja os interstícios da linguagem. O seu trabalho, em grande parte, sempre esteve envolvido com o sentido do ser, com sua identidade e com o exercício pleno da vida como únicos valores a serem procurados. Nesta etapa final da carreira, no entanto, seu interesse concentra-se na questão do corpo, do seu próprio corpo feito metáfora, buscando, através da arte, alguma possibilidade de transcendência. Leonilson se transforma no observador de seu próprio processo, revelando-se publicamente: o corpo é assumido em sua condição de máquina desejante, que contém mente e espírito e está em permanente embate com o mundo”, escreveu o curador Ivo Mesquita, no livro “LEONILSON: use, é lindo, eu garanto”, de 1997.

 

 

De 22 de julho a 30 de agosto.

Guillermo Kuitca na Pinacoteca – SP

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Luz, São Paulo, SP, uma instituição da Secretaria de Estado da Cultura, apresenta a exposição “Guillermo Kuitca: Filosofia para princesas”. Com cerca de 50 obras, entre pinturas, desenhos e uma instalação, a mostra reúne trabalhos produzidos durante toda a sua trajetória artística, desde os anos 1980 até 2013. Kuitca, nascido em Buenos Aires, Argentina, 1961, é considerado um dos mais importantes pintores latino-americanos e sua obra trata de temas como deslocamento, isolamento, solidão e representações abstratas de espaço, como mapas, planos de teatro e plantas arquitetônicas.

 

Com curadoria de Giancarlo Hannud, curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo, os trabalhos exibidos na mostra integram coleções públicas e privadas na Europa, Estados Unidos, Argentina e Brasil. Um dos destaques da mostra fica por conta da instalaçao “Le sacre”, (A sagração), de 1992, que ocupará o Octógono, espaço central da Pinacoteca. Formada por 54 camas, sobre as quais foram pintadas mapas de diversos lugares do mundo, “Le sacre” pertence ao Museum of Fine Arts de Houston, e já foi apresentada em museus como IVAM Centre del Carme, Valencia, em 1993, Fondation Cartier, Paris, em 2000 e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri, em 2003. “Le sacre, obviamente é um desenvolvimento do meu trabalho com colchões, retomando a primeira obra que fiz com esse objeto, uma série de três colchões que foi mostrada na Bienal de São Paulo de 1989. As camas de Le sacre são menores do que camas de verdade, por isso às vezes são chamadas de “camitas”. Eu queria brincar com a perspectiva e o tamanho das coisas; não estamos tão próximos delas quanto pensamos. Eu queria um olhar ampliado de algo, como a cama, um objeto tão próximo quanto nosso próprio corpo, para então visualizá-la dentro da casa, a casa dentro da cidade, e a cidade dentro do mapa. Um zoom que se aproxima cada vez mais, ou se afasta cada vez mais”.

 

 

Sobre o artista

 

Guillermo Kuitca é um dos principais artistas argentinos e começou seus estudos artísticos na década de 1970, no ateliê de Ahuva Szlimowicz. Radicado em Buenos Aires, tem uma carreira internacional de grande projeção, já tendo representado a Argentina na Biennale di Venezia, 2007. Também participou da Documenta IX, em 1992, e mais recentemente, em 2010, seu trabalho foi tema de uma retrospectiva intitulada “Guillermo Kuitca: Everything, Paintings and Works on Paper, 1980-2008″, que passou pelas seguintes instituições norte-americanas, Miami Art Museum, o Albright-Knox Art Gallery, em Buffalo, o Walker Art Center, em Minneapolis, e o Smithsonian Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington, D.C.

 

 

Até 02 de novembro.

Duas mostras na Emma Thomas

18/jul

A Galeria Emma Thomas, Jardins, São Paulo, SP, promove a abertura de duas exposições individuais. A saber: na Sala 1, Luiz Ernesto exibe “Pintura Muda”  e na Sala 2, Susana Bastos comparece com “Eixo”.

 

 

 

Sobre a pintura de Luiz Ernesto

 

Inventário dos objetos sós | Agnaldo Farias

 

 

À Má,

que ama

os objetos

 

Prato, espelho, copo, guarda-chuva, despertador, garrafa, lápis… Luiz Ernesto prossegue em seu inventário de objetos comuns, particularmente os que povoam nossas casas, membros imprevistos da nossa família, que vão chegando trazidos por nós mesmos ou presenteados ou ainda esquecidos por aqueles que nos visitam, vai saber como, quais são as rotas que eles traçam pelo mundo. Mas vão chegando e permanecendo, às vezes em razão de um interesse nosso por uma atividade qualquer, uma tarefa urgente que nos obriga a comprar matéria prima e instrumentos, e há também os que restam de gostos abandonados, produto dessa inexplicável ternura que em certos momentos da vida devotamos por uma determinada classe de coisas, um desejo de apego que também é a manifestação de uma vontade de estender nossos domínios. O elenco desses objetos é virtualmente infinito, a começar pelas roupas, nossa pele portátil mais à mão, que não mais usamos e que sempre nos esquecemos de dar, que se quedam quietas, suspensas e encerradas nos armários tendo aos pés o couro suado dos sapatos, enchendo-se de pó e da morrinha que inutilmente tentamos minimizar pelo recurso as flores secas que recheiam os sachês acetinados.

 

 

Os objetos contam com a nossa desatenção para continuarem por ali, coabitando nosso espaço; sobrevivem a nossa volta em parte porque nunca lhes deitamos a vista mas também porque adiar é uma prática doméstica. Por outro lado, há que se considerar sua notável habilidade no exercício da fuga e ocultamento, o quanto se esgueiram por debaixo e detrás dos móveis, no fundo das gavetas, como se refugiam cômodos nas prateleiras mais altas, como se prestam ao contato íntimo e promíscuo com outros objetos, transformando-se em tralha triste, socada e amafumbada no interior das caixas empilhadas nos porões, sótão, garagens e nos quartos denominados, a propósito, quartos de despejo.

 

 

Há anos Luiz Ernesto vem pensando os objetos, colocando-os em suspensão. Toma coisas comuns, um prato de porcelana com a borda ornamentada por um relevo; dois guarda-chuvas pendurados lado a lado na parede, a espera de serem utilizados; um copo de plástico, desses cuja textura canelada sequer consegue impedir que se deforme quando o pegamos para beber água; um despertador de corda azul, de pé e de costas, ostentando as pontas achatadas das engrenagens com as quais acertamos seu funcionamento; uma folha de papel pautado, arrancada do caderno espiral e levemente amassado; um espelho que parece refletir uma cortina, que em lugar de abrir uma passagem, veda-a.

 

 

Os objetos são, como se vê, simples, mas o artista trata-os como se não fossem, ao contrário, como se fossem magníficos, resultado de uma operação longa e calculada, que principia sempre com uma fotografia, vale dizer, a escolha de um objeto, a construção de um ângulo e de uma pose, o retrato. A imagem sempre sofre uma edição: o objeto é eviscerado de seu contexto, separado da mesa, parede etc, em que foi fotografado. Embora a nitidez da imagem seja preservada, ela é fixada numa superfície turva constituída de fibra de vidro e resina epóxi. Sai assim do espaço real para ocupar o espaço pictórico, o espaço da linguagem, o espaço de produção da realidade.
Do objeto à imagem, da imagem à pintura, cada objeto selecionado por Luiz Ernesto, subtraído de seu contexto, sobra solitário. Somente ele e a luz que acusa sua presença. Pousado num lugar quase abstrato, um quadrilátero com pretensões de neutralidade não fora os rumores que atravessam seu corpo leitoso, manchando-o, desmentindo sua aparência atmosférica, deixando-o palpável o suficiente para que os objetos se acomodem nele e possam deitar suas sombras. Sob a luz, cada objeto é uma fábrica de produzir sombras.

 

 

O que são, afinal, os objetos? o que trazem consigo, embutidos? que sorte de enigmas? o quê e o quanto revelam? Indagações como estas flutuam sobre cada uma dessas pinturas.

 

 

Os objetos estão em repouso, estáticos, reluzentes em sua solidão montada sobre uma superfície que oscila entre nuvem e pedra, parede caiada e céu pesado, quase chão. Daí enigmáticas, daí magníficas. Esse lugar que as imagens ocupam paira acima de onde estamos, e converte-se em território propício a sugestões e devaneios, que o artista fertiliza através da inclusão de textos.

 

 

Luiz Ernesto vem abrindo um caminho singular no âmbito da pintura. Antes exclusivamente dedicada a representação de objetos, a partir do começo da década passada sua pintura passou a incluir palavras isoladas, verbos e substantivos. A incorporação da linguagem verbal, de natureza abstrata, coincidiu, como forma de compensação, com o tratamento cada vez mais “objetual” que ele passou a dar a sua pintura, trocando a tela de tecido convencional por planos realizados a partir de fibra de vidro, construídos a partir de sucessivas camadas de resina. Ao invés do suporte clássico, o tecido de linha à lona esticada no chassis, tema final das investigações pictóricas pertencentes ao alto modernismo, expresso nas pinturas monocromáticas, nas telas cortadas por Lucio Fontana, o artista optou por uma matéria-prima própria a indústria, amplamente utilizada em automóveis, pranchas de surfe, ainda que passível de ser trabalhada artesanalmente.

 

 

A presença de sentenças organizadas em desenhos próprios a poesia, algumas semelhantes a haikais, significou uma alteração substantiva de seu projeto original, transformando sua pintura em pintura-poesia, algo aparentado com o projeto “verbivocovisual”, nascido na esteira de James Joyce, responsável pelo termo, aqui instaurado pelos poetas Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari, José Lino Grunewald e Ronaldo Azeredo, e que visava garantir a integração entre som, sentido e visualidade. Em Luiz Ernesto, contudo, a imagem é mantida, prova de sua força e irredutibilidade e, conquanto suas poesias sejam cuidadosas no que se refere à forma e conteúdo, sua novidade consiste em confrontar os dois, ícone e símbolo, imagem e palavra, fazendo com que do entrechoque os sentidos se proliferem. Colocando-os juntos – justapostos, lado a lado, um sobre o outro etc, fica-se sem saber o que nasce antes, o que equivale a dizer que o trânsito entre ambas linguagens, entre imagem e texto, fecunda-as. Como prova, basta o exemplo do copo frágil, matéria branca sobre campo branco, parcialmente tomado pela sombra que se prolonga numa lâmina, por efeito da luz que incide sobre ele, e o jogo de palavras produzido pelo vocábulo “ínfimo”, com seu primeiro “i” retraído, grave, em contraposição a claridade de “dia”, contida no interior da palavra que fecha o verso.

 

 

O apuro em calibrar os poemas, garantindo que não se reduzam a legendas das imagens, espraia-se na série de fotografias que o artista apresenta nessa sua nova exposição, um benvindo desdobramento dessa pesquisa poética fundada no despojamento, na eloquência do silêncio e da solidão.

 

 

O amontado de lápis remete a queda e desarranjo do feixe em que anteriormente estavam organizados. Um acidente e, consequentemente um embaralhamento de cores, todas elas comedidas em seus corpos longilíneos exatos. Texto e imagem enlaçam-se na construção de um resultado que, não obstante sua fixidez, reconduz ao movimento ocorrido, a dança compreendida como a fonte de um arco de cores que jorra pelo ar.

 

 

Em várias dessas fotografias os objetos não estão a sós com as palavras, mas apresentados na situação em que estavam quando de seu registro. Os corpos e cores dos textos, dos objetos retratados e dos lugares em que estavam, chegam-nos juntos, e a tudo isso, a essa interpenetração de dimensões basculantes, ensina-nos Luiz Ernesto, chamamos espaço. Como acontece com o corpo liso e reflexivo da garrafa que condensa e expande o azul para o alto, em direção ao céu, para os lados, parede e mesa, fazendo desta a borda de um mar no qual flutua, horizontalmente exata, o verso hendecassílabo que afirma a poder dos objetos, por pequenos que sejam.

 

 

 

Sobre os trabalhos de Susana Bastos

O estágio de ser  por Luciana Garcia-Waisberg

 

 

Uma muda não é uma planta. Ela é o estágio de ser uma planta. Uma muda não se apreende, pois o que ela é agora já não será no próximo instante. Nem sempre é bela, pois seu desenho não possui um contorno definido. Sua forma poderia representar perfeitamente a esperança, na medida em que ela abrange a liberdade do começo de um ciclo e o frescor do futuro em aberto.

 

 

Em sua exposição Eixo, Susana Bastos apresenta um conjunto escultórico resultante de um processo de investigação de formas e espaços que evocam o limiar entre natural e artificial, entre perfeição e imperfeição, entre pureza geométrica e sensualidade orgânica.

 

 

Bagos de sementes, mudas de plantas e galhos secos fazem parte deste conjunto, onde cada instalação apreenderá um tempo contido no estágio de ser alguma coisa: De ser forma, de ser ideia, de ser matéria. E também de ser sonho, de ser esperança, de ser história.

 

 

Do sonho em ser semente, da esperança em ser muda e da história escrita por um galho seco, o tempo passa incessantemente em torno de eixos. O relógio conta o tempo, o planeta percorre o tempo e o homem define seu tempo. Em torno de eixos, o tempo passa e dá forma à história de todos os tempos. Em torno de eixos, ciclos se renovam.
Dos sete mil carvalhos semeados por Joseph Beuys às casas partidas ao meio por Gordon Matta-Clark, o estágio de ser é lidar permanentemente com algo novo, ora substituindo o passado, ora fissurando o presente, ora lançando esperança ao futuro, para poder trazer de volta (ao eixo) uma nova ordem que constrói, destrói e renova o ciclo espaço-temporal das coisas. E viver será sempre existir de novo, pois o que é agora será outra coisa daqui a pouco.

 

 

 

Até 21 de agosto.

Investigações formais na Marcelo Guarnieri

17/jul

A exposição “Estrutura Quadro: Revisão e Desdobramentos”, exposição individual de Marcus Vinicius pode ser conferida na Galeria de Arte Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP.

 

Em sua primeira exposição na unidade de São Paulo da Galeria de Arte Marcelo Guarnieri, Marcus Vinícius exibe seu recente trabalho de pesquisa “Estrutura Quadro: Revisão e Desdobramentos”. Num total de 34 obras, divididas em 06 séries diferentes – “Listrados”, “Arrimados”, “Emendados”, “Acidados”, “Alumínio” e “Constructos”, o artista reafirma a característica e urgência de seu trabalho autoral: a investigação da “Estrutura Quadro”. O conceito nasce do processo do artista em retrabalhar o objeto quadro, a partir de sua estrutura e funcionalidade conhecidas, mas investindo-o em diversas possibilidades estéticas, com o uso de novos materiais.

 

No processo contínuo de investigação, a partir de problemas que surgem durante o caminhar, Marcus desenvolve soluções técnicas, formais e conceituais, que apontam desdobramentos. “Antigamente os trabalhos partiam de projetos prévios, mas agora os projetos são posteriores ao início do trabalho. O projeto vai acontecendo para resolver um trabalho iniciado, quando necessário”, aponta o artista.

 

Para a exposição “Estrutura Quadro: Revisão e Desdobramentos” – com obras com dimensões que variam de pequenos a grandes formatos, Marcus Vinícius retoma três séries desenvolvidas ao longo dos últimos 10 anos, os “Emendados” de 2001, os “Arrimados” de 2003 e os “Listrados” de 2004, além de sua produção experimental recente.

 

Entre as novidades para a exposição, destaque para os trabalhos acidados, alumínio, emendados e listrados. Nos “Acidados”, ácido sobre vidro transparente que recebe jateados e adesivos coloridos. Pequenos espaços criados pelos adesivos enfatizam a capacidade da obra em criar uma relação de fosco e reflexo; uma sensação ambígua de espaço e de interferência da cor do adesivo no vidro transparente. Nas obras em “Alumínio”, estruturas construídas com chapas de forro de alumínio escovado e vidro conferem importância ao material; a propriedade do material incorpora reflexos de cor e do entorno, ativando um espaço interno da obra.

 

Nos “Emendados”, quadros independentes juntam-se para compor uma única obra. A montagem horizontal do quadro cria um dinamismo entre as partes, formando uma unidade que só pode ser percebida através do deslocamento do olhar e do observador. Obras construídas em MDF, os quadros “Listrados” recebem vidros incolores apoiados, que são projetados para frente. Além do contraste entre o MDF pintado e os vidros coloridos, os projetados refletem o ambiente que circunda a obra.

 

Ao utilizar a cartela de cores de catálogo, as obras do artista refletiram a sua preocupação com uma linha de abordagem industrial e construtivista.

 

 

De 26 de julho a 23 de agosto.

09/jul

Em sua quarta edição, o Prêmio EDP nas Artes, parceria entre o Grupo EDP no Brasil e o Instituto Tomie Ohtake, com o apoio do Instituto EDP, anuncia os 10 finalistas para concorrer aos três primeiros lugares e participar da exposição no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP: Bruno Rios e Sara Não Tem Nome, de Belo Horizonte/MG; Daniel Lie, Gabriel Torggler, Janaína Wagner e Pedro Galego, de São Paulo/SP; Felippe Moraes e Rodrigo Martins, do Rio de Janeiro/RJ; Flavio Yoshida, de Goiânia/GO e Ismael Monticelli, de Cachoeirinha/RS.

 

Dos 153 inscritos, foram selecionados 23 artistas. Após entrevistá-los via skype, o júri indicou a lista dos 10 finalistas. Os jovens artistas plásticos que se inscreveram para esta edição são provenientes de 13 Estados brasileiros: 100 de São Paulo; 18 do Rio de Janeiro; 08 de Minas Gerais; 07 do Rio Grande do Sul; 04 do Distrito Federal; 04 do Espírito Santo; 03 do Paraná; 02 de Goiás; 02 do Rio Grande do Norte; 01 do Mato Grosso do Sul. 01 de Pernambuco; 01 do Ceará; 01 da Bahia, além de um holandês residente no Brasil.

 

Compuseram o corpo de jurados: Ana Luiza Bringuente (Coordenadora da Ação Educativa do Instituto Tomie Ohtake); José Augusto Ribeiro (Curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo); José Spaniol (Artista e Professor Universitário); Juliana Freire (Galerista da Galeria Emma Thomas); Olívia Ardui (Curadora do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake) e Virgílio Neto (Artista e 1º Lugar da 3ª Edição do Prêmio EDP nas Artes).

 

Os três vencedores, que serão anunciados na abertura da mostra, terão sua produção acompanhada por críticos durante um ano. Caberá ainda ao primeiro colocado uma bolsa de dois meses no The Banff Centre, no Canadá, ao segundo uma viagem ao exterior, pelo programa Dynamics Encounters, e ao terceiro cursos no Instituto Tomie Ohtake. Na edição anterior, em 2012, os vencedores foram o brasiliense Virgílio Neto (1º lugar), seguido pelo sergipano radicado em São Paulo Alan Adi (2º lugar) e pelo paulista André Terayama (3º lugar), enquanto a carioca Fernanda Furtado recebeu a menção honrosa. O vencedor Virgílio Neto ressalta o avanço que o Prêmio EDP nas Artes proporcionou à sua carreia:

 

“Quanto ao Prêmio EDP, há duas coisas que são importantes destacar. Uma é ter o seu trabalho exposto para um júri, para pessoas que estão no sistema da arte, mostrar e conversar com essas pessoas. A outra é participar de uma exposição, principalmente no Instituto Tomie Ohtake, um lugar muito importante para o circuito e que dá visibilidade nacional. Além disso, tem a troca e o diálogo com outros colegas artistas. Já Banff foi a primeira grande residência que fiz, nunca tinha ido para a América do Norte. Foram dois meses de contato íntimo com o meu trabalho, porque lá você fica isolado e com toda uma infra-estrutura disponível para produzir e pensar sobre a sua obra. Há um grande respeito ao artista. A exposição que fiz depois, pela Funarte, surgiu, em grande parte, a partir dessa residência, dessa experiência”.

 

O prêmio replica a experiência do Grupo EDP em desenvolver talentos nas artes plásticas. As edições anteriores nos mostraram que há jovens com grande potencial, mas sem oportunidades para projeção neste cenário.

 

 

 

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Sobre o Instituto EDP

 

Instituição sem fins lucrativos responsável pelo desenvolvimento e coordenação das ações ambientais e sócio-culturais da EDP e suas controladas.
Sobre a EDP Energias do Brasil

 

EDP Energias do Brasil, que adota a marca EDP, é a holding que consolida ativos de energia elétrica nas áreas de geração, comercialização e distribuição (EDP Bandeirante e EDP Escelsa). É controlada pela EDP Energias de Portugal.

 

 

Sobre o Instituto Tomie Ohtake

 

O Instituto Tomie Ohtake, inaugurado em 2001, em São Paulo, é referência na América Latina por seu espaço diferenciado para exposições e por sua forte atuação no campo das artes no Brasil e no exterior. Suas exposições já conquistaram vários prêmios, entre os quais: ABCA – Associação Brasileira dos Críticos de Arte, como a melhor do Brasil de 2004; APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, como melhor exposição de 2007; ABCA – Associação Brasileira dos Críticos de Arte pelo conjunto da programação, em 2007; APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte melhor iniciativa cultural pela programação, em 2008; APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte melhor exposição obra gráfica e indicação Prêmio Bravo melhor programação cultural, em 2009.

 

 

 

Inauguração da exposição e anúncio dos vencedores: 03 de outubro.

 

 

Exposição: Até 26 de outubro.

 

Retrospectiva de Palatnik

04/jul

 

A exposição “Abraham Palatnik – A Reinvenção da Pintura”, com curadoria de Felipe Scovino e Pieter Tjabbes, é a maior mostra já realizada do artista, consagrado pela criação de obras marcadas pela fusão entre o movimento, o tempo e a luz; na Sala Paulo Figueiredo, Scovino apresenta obras do acervo do museu que ampliam o conceito de pintura de diversos artistas em Diálogos com Palatnik. Pinturas, desenhos, estudos, objetos, móveis e esculturas compõem a exposição “Abraham Palatnik – A Reinvenção da Pintura”, que o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, apresenta com curadoria de Felipe Scovino e Pieter Tjabbes, e patrocínio do Banco Safra.

 

Ao unir estética à tecnologia, Palatnik utiliza movimento, luz e tempo como instrumentos para a criação de obras com grande potencial visual e poético, lançando os fundamentos de uma corrente artística que ficou conhecida como arte cinética, na qual as fronteiras entre pintura e escultura se confundem e se ampliam. Na Sala Paulo Figueiredo, Scovino apresenta a mostra Diálogos com Palatnik, reunindo 39 obras de 26 artistas do acervo do museu que repensam o conceito de pintura. Apresentada no CCBB, de Brasília, e no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, Abraham Palatnik – A Reinvenção da Pintura chega ao MAM com 97 obras, onze a mais que suas antecessoras: a mostra traz quatro trabalhos adicionais do artista, um pôster produzido pelo pintor e artista gráfico Almir Mavignier e uma série de seis obras do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, de dois internos do Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, em Engenho de Dentro (RJ), que influenciaram diretamente a carreira de Palatnik. São duas pinturas em guache sobre papel de Emydio de Barros e quatro desenhos de Raphael Domingues, produzidos com nanquim e bico de pena sobre papel.

 

Aos 86 anos, o artista residente no Rio de Janeiro é um dos pioneiros e a maior referência em arte cinética no Brasil, corrente que explora efeitos visuais por meio de movimentos físicos e ilusão de ótica, utilizando pesquisa visual e rigor matemático em obras com instalações elétricas que criam movimentos e jogo de luzes. Do homenageado são expostas 90 obras, desde óleos sobre tela do início da carreira a trabalhos recentes como da série W, de acrílica sobre madeira. Estão presentes as séries mais célebres: Aparelhos Cinecromáticos, Objetos Cinéticos e Objetos Lúdicos, além de móveis dos anos 1950, Relevos Progressivos e as Progressões, em que o jacarandá é o meio e o tema para pintura. Em São Paulo, são exibidos exclusivamente obras do artista que pertencem ao acervo do MAM: Objeto Cinético (1986), Progressão K-40 (1986), Mobilidade IV (1959/99), Aparelho Cinecromático (1969/86) e o pôster produzido por Almir Mavignier, em 1964, para uma exposição do Palatnik na Alemanha.

 

Nascido em Natal (RN), filho de russos, Palatnik passou a infância em Tel-Aviv (então Palestina), onde fez curso de especialização em motores de explosão. Aos 20 anos, voltou permanentemente para o Brasil. O jovem artista mudou a forma de ver, fazer e entender arte quando conheceu o Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, coordenado pela Dra. Nise da Silveira, levado por Almir Mavignier, orientador do ateliê de pintura da instituição. Ao ver obras de pacientes esquizofrênicos, que apresentavam uma produção excepcional, mesmo sem estudos sobre arte, Palatnik percebeu que realizava algo inócuo frente àquela produção rica de artistas que na grande maioria desconhecia o significado da expressão “arte”. Assim, abandonou os pincéis e passou a ter uma relação mais livre entre forma e cor.

 

Aprofundando os estudos sobre psicologia da forma e usando os dotes como engenheiro, ele começou os experimentos com luz e movimento que deram origem aos Aparelhos Cinecromáticos – caixas com lâmpadas e telas coloridas que se movimentam acionadas por motores, um mecanismo que gera uma série de imagens de luzes e cores em movimento, que unem lirismo e jogo de percepção, e aos Objetos Cinéticos – aparelhos constituídos por hastes ou fios metálicos que possuem nas extremidades discos de madeira pintados de várias cores, além de placas que se movimentam lentamente, acionado por motores ou eletroímãs, dando à mecânica uma dimensão estética que provoca encantamento com os movimentos rotativos.

 

Esse uso inusitado que Palatnik faz da tecnologia e sua originalidade fez com que a classe artística e os júris especializados focassem e admirassem seus trabalhos. Durante a I Bienal de São Paulo, em 1951, a comissão internacional não sabia como qualificar a obra Aparelho Cinecromático Azul e roxo em seu primeiro movimento. A obra não era uma escultura, tão pouco uma pintura. Era algo que não se enquadrava nas categorias da Bienal. A solução encontrada para garantir o reconhecimento pelo trabalho original e inovador foi lhe dar uma menção honrosa.

 

 

Retrospectiva do trabalho

 

É importante destacar que a exposição pensa a obra de Abraham Palatnik como um trabalho pictórico, e como a pintura – na concepção múltipla e ampliada – pode ser vista e estudada mesmo em objetos tridimensionais. “Seja nos Aparelhos Cinecromáticos, nos Objetos Cinéticos ou nas pinturas, o artista não abre mão da artesania e de certa gambiarra, que ao longo dos anos foi desaparecendo” explica Scovino. “Hoje os cortes feitos na madeira para a execução da série W são produzidos a laser e não mais na casa do artista por meio de uma máquina cuja precisão era infinitamente menor que a do laser,” afirma.

 

Em 1954, Palatnik cria com o irmão Aminadav a fábrica de móveis Arte Viva, que funcionou até meados da década seguinte. A experimentação que guiava o trabalho no ateliê foi deslocada para a fábrica, onde foram produzidos vários tipos de mesa com tampos de vidro pintados pelo artista, além de poltronas, cadeiras e sofás. Na década de 1970, Palatnik e o irmão inauguram a Silon, produzindo em larga escala objetos de design, sempre em formato de animais. “A obra só adquiria sentido pleno se alcançasse a vida, a rotina e o uso mais comum do cidadão. Mais uma vez, percebemos a insatisfação com a estagnação, um desejo contínuo de pesquisa e de integração de distintas áreas como escultura, pintura, tecnologia, física, móveis e design”, explica o curador.

 

Nos Relevos Progressivos, realizados a partir dos anos 1960, o sequenciamento dos cortes na superfície do material – cartão, metal ou madeira – cria camadas que variam dependendo da profundidade e localização do corte, constituindo a própria dinâmica. Na década de 1970, Palatnik produziu a série Progressões, que são pinturas formadas por intervalos de jacarandá montados em sequências de lâminas finíssimas. Aproveitando a materialidade dos veios, nós e outras marcas naturais, percebe-se a estrutura de desenhos e gestos que demarcam um corpo vivo e dinâmico. Progressões também se desmembrou a partir dos anos 1990 na série W, em que sai o jacarandá e entra a tinta acrílica.

 

 

De 02 de julho a 15 de agosto.

Barrão na Fortes Vilaça

30/jun

A Galeria Fortes Vilaça, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta “Lugar nenhum”, a nova exposição individual do artista carioca Barrão. As cinco esculturas e a série de aquarelas que compõem a mostra revelam uma nova linha de pesquisa na prática do artista, onde os volumes são menos caóticos, mais sintéticos e geometrizados, ao passo que o figurativismo aparece de maneira mais sutil.

 

A produção escultórica de Barrão é dedicada à criação de assemblages com peças de cerâmica. Seu método começa na acumulação e na ordenação de variados objetos decorativos e utilitários, que são cuidadosamente seccionados pelo artista. Em seguida, são remendados com resina epóxi em composições que frequentemente tangenciam o kitsch e o surrealismo.

 

Em “Fogueira Geo”, múltiplas canecas são coladas para formar dez colunas que, montadas no chão, remetem à armação de uma fogueira. O fogo que poderia emanar daí não é outro senão o conjunto das diferentes histórias de cada caneca, que trazem estampadas em si variados motivos comemorativos, promocionais ou festivos. Ao mesmo tempo, a associação entre essas colunas com a linearidade orgânica de troncos e galhos – assim como em “Tora” (50 anos / Festa Alemã) e outros trabalhos desta mostra – revela a preocupação do artista para que a geometrização da forma seja tão mimética quanto os objetos que o inspira.

 

Os trabalhos “Morretão de 15″, “Morretão de 12″ e “Vara Pau”, também formados por colunas, têm como estrutura modular bases cilíndricas de pias de banheiro. Esse inusitado material permite ao artista trabalhar em escala diferente da que está habituado – aqui as obras ganham um aspecto mais monumental –, ao mesmo tempo que sua superfície lisa chama a atenção para a qualidade pictórica da composição, variando entre tons pastéis. As aquarelas que completam a exposição, por sua vez, apresentam mesma lógica cromática e traduzem em veladuras a sobreposição de volumes praticada na escultura.

 

A escolha de Barrão por criar com objetos prontos, geralmente associados ao cotidiano e à cultura doméstica, permite que sua obra seja lida como uma colagem com fragmentos de pequenas memórias. Ao mesmo tempo,  é curioso notar como a intervenção do artista sobre esses objetos os modifica também em sua natureza – canecas que não podem mais conter bebidas ou suportes de pia que não sustentam pia alguma. Esvaziados de função, mas carregados de histórias cotidianas, os trabalhos de Barrão são como totens de coisas banais que, por não apontarem a lugar nenhum, apontam também para todos os lugares.

 

 

Sobre o artista

 

Barrão nasceu em 1959 no Rio de Janeiro onde vive e trabalha. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: Mashups, The Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield, USA, 2012; e Natureza Morta, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, 2010. Em mostras coletivas, o artista também já participou, entre outras, do Panorama de Arte Brasileira em 2007 e de exposições no MAC, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Pinacoteca do Estado de São Paulo; além da antológica mostra Como Vai Você, Geração 80? no Parque Lage, Rio de Janeiro, 1984. Paralelamente, Barrão ainda integra desde 1995 o coletivo “Chelpa Ferro”, com Luiz Zerbini e Sérgio Mekler.

 

 

Até 16 de agosto.

osgemeos no Galpão Fortes Vilaça

Chama-se ” A ópera da lua”, a nova exibiçaõ individual da dupla OSGEMEOS no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. A exposição reúne cerca de trinta pinturas, três esculturas e uma vídeo-instalação 3D. Em sua maioria inéditas, as obras são apresentadas em um ambiente imersivo, no qual o universo narrativo dos artistas ganha nova dimensão.

 

A trajetória artística d’OSGEMEOS abarca uma multiplicidade de técnicas e suportes que convivem simultânea ou alternadamente: do desenho para o grafitti e os murais, da pintura para as imagens cinéticas, esculturas e instalações. Sua obra tem uma natureza fantástica, um caleidoscópio onde imagens de origens diversas, com elementos surreais, se sobrepõem e se rebatem em uma paleta multicolorida.

 

O estilo da dupla, imediatamente reconhecível, caracteriza-se por seus personagens singulares, que habitam um mundo onírico em contraponto com a cidade que lhes serve de suporte e estímulo. Em narrativas que podem ser poéticas, irônicas ou críticas os artistas trabalham com muitos detalhes em uma minuciosa construção das imagens.

 
Os excessos são elemento fundamental na transcendência do real para o imaginário. Nesse aspecto a obra d’OSGEMEOS se relaciona com outros artistas como Yayoi Kusama, por seu uso obsessivo de padronagens, e Takashi Murakami pela ênfase no detalhamento dos personagens. As suas esculturas cinéticas, tão repletas de detalhes quanto as pinturas, remetem aos experimentos de Tinguely e suas máquinas non-sense. Seus grandes painéis e murais ecoam os muralistas mexicanos com suas cores vibrantes e personagens da cultura popular.

 

O desenvolvimento do trabalho d’OSGEMEOS para museus e galerias permitiu a incorporação da luz, som e movimento nas obras, como visto em sua primeira individual em São Paulo, realizada em 2006 na Galeria Fortes Vilaça. Em A ópera da lua, os artistas dão enfoque especial às esculturas, levando a experiência da pintura para o tridimensional. Portas e janelas conectam as obras construindo um grande ambiente imersivo. As pinturas tomam formas e dimensões inesperadas, exploram novos contextos para os personagens, novas histórias, texturas e padrões em profusão.

 

 
Sobre os artistas

 

A dupla OSGEMEOS é formada pelos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, nascidos em 1974 em São Paulo, onde vivem e trabalham. Já participaram de diversas exposições importantes dentre as quais se pode destacar: ICA – The Institute of Contemporary Art, Boston, USA (2012); Fermata, Museu Vale, Espírito Santo, Brasil (2011); Museu Colecção Berardo, Lisboa, Portugal (2010); When Lives Become Form: Creative Power from Brazil, Hiroshima City Museum of Contemporary Art, Hiroshima, Japan (2009); Vertigem, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro; Vertigem, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil (2008). Entre projetos especiais destacam-se: Wholetrain, São Luís do Maranhão, Brasil (2012) e Street Art, Tate Modern, London, UK (2008). Suas obras estão presentes em grandes coleções como: Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museum of Contemporary Art, Tokyo Art Museum, Tokyo, Japan; The Franks-Suss Collection, London, UK, entre outras.

 

 

Até 16 de agosto.