Galeria Pilar comemora 2 anos

10/set

A Galeria Pilar, Santa Cecília, São Paulo, SP, comemora seus dois anos de atividades com exposição panorâmica da artista argentina Marta Minujín. A mostra tem curadoria do argentino Rodrigo Alonso e reúne importantes obras da carreira da artista, desde sua produção efêmera e pioneira em instalações de ambiente dos anos 1960 até trabalhos mais recentes, da última década.

 

Na exposição, constam documentações e croquis de performances e instalações históricas, como “Obelisco Acostado”, realizada na Bienal de São Paulo, em 1978; e a ação “Repollos”, realizada em 1977, no MAC-USP. A mostra traz ainda a celebrada série de seis fotografias da ação “O pagamento da Dívida Argentina”, realizada com Andy Warhol, em 1985, em Nova York, desdobramentos dos famosos colchões do anos 1960, além da escultura “Catedral para o Pensamento vazio”.

 

No mesmo período da mostra em São Paulo, a artista recria um de seus mais importantes trabalhos na 9a Bienal do Mercosul 2013, que ocorre entre 13de setembro e 10 de novembro de 2013 em Porto Alegre. Apresentada originalmente em 1966, no Instituto Torcuato de Tella, em Buenos Aires, a obra “Simultaneidad en Simultaneidad”, trata-se de um projeto internacional denominado “Three Countries Happening”, concebido em colaboração com os artistas Allan Kaprow (desde Nova York) e Wolf Vostell (desde Berlim). De Buenos Aires, Minujín usava todos os meios de comunicação (tv, telex e rádio), para criar uma invasão de mídia instantânea.

 

Sobre a artista

 

Marta Minujín é uma figura emblemática na história da autogestão de projetos na Argentina. Incansável “projetista”, Minujín transitou por múltiplas experiências durante sua produção. No início dos anos sessenta, realizava performances de caráter efêmero, como “La destruccíon”, realizada em Paris em 1963. Essa sua primeira obra autodenominada Happening, na qual convocou os artistas Alejandro Otero, Carlos Cruz Diez e Christo, para queimar e destruir seus trabalhos expostos

 

Até 26 de outubro.

 

Cristina Canale em Ribeirão Preto

30/ago

O Instituto Figueiredo Ferraz, Alto da Boa Vista, Ribeirão Preto, SP,  recebe a exposição “Protagonista e Domingo“, com obras de autoria da artista plástica Cristina Canale. São, ao todo, sete pinturas sobre tela e seis sobre papéis, que têm em comum o foco em uma figura centralizada, que protagoniza cenas cotidianas com um clima de still cinematográfico. Com curadoria da própria artista, a exposição tem apoio cultural da Galeria Marcelo Guarnieri.

 

Cristina Canale apresenta uma técnica que revela traços bastante singulares, com paisagens que retratam um mundo líquido, misturando cores de maneira harmônica.  Segundo a artista, “…esta exposição, assim como o meu trabalho atual, lida com noções de presença e ausência, com obras que oscilam entre a pintura pura e a narração figurativa”. Atualmente, a artista vive e trabalha em Berlim, na Alemanha, mantendo seu ateliê na capital carioca para longas temporadas de produção.

 

Sobre o Instituto

 

O Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) é um espaço concebido para difusão de arte e cultura. Localizado na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, busca trazer à cidade e região discussões e debates sobre as mais importantes manifestações artísticas no cenário nacional e internacional. Com vocação para as artes plásticas, o Instituto tem como ponto de referência a coleção Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz, em caráter permanente, e se propõe a trazer exposições temporárias, através de parcerias com as mais importantes instituições culturais do País. Para aproximar o público ao debate e estimular reflexões, o IFF oferece, além das exposições, um calendário de cursos e palestras com artistas, críticos, curadores e outros agentes das mais diversas áreas culturais.

 

Até 14 de Setembro.  

 

Correspondências. Mostra inaugural

23/ago

Com a exibição da mostra coletiva “Correspondências”, a Galeria Bergamin, realiza sua estreia no circuito de arte contemporânea. O espaço situa-se à rua Oscar Freire, 379, loja 01, Jardins, São Paulo, SP. A mostra é apresentada por Felipe Scovino. Para o evento inaugural foi selecionado expressivo elenco de nomes pontuais da arte brasileira. Entre os participantes da exposição constam obras em técnicas diversificadas como pinturas, objetos, esculturas e fotografias, assinadas por Adriana Varejão, Alair Gomes, Cildo Meireles, Emanuel Nassar, German Lorca, Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, José Bento, José Resende, Lygia Pape, Mauro Restiffe, Miguel Rio Branco, Montez Magno, Nelson Leirner, Paulo Roberto Leal, Raymundo Colares, Sérgio Camargo, Thiago Rocha Pitta, Vik Muniz, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel, Luciano Figueiredo e Marcelo Cidade.

 

 

 

Texto de Felipe Scovino

 

Nessa exposição, que inaugura o novo espaço e momento da Galeria Bergamin, o que se apresenta são estratégias de correspondência. Para além da heterogeneidade de discursos, propostas e suportes, estão diante de nós diálogos, associações e afinidades. Em alguns casos, regidos por uma ironia (como nas obras de Emmanuel Nassar e Nelson Leirner) ou associações livres e poéticas que nos fazem pensar na ampliação do suporte feito por quem homenageia (como são os casos das obras de German Lorca, Miguel Rio Branco e Thiago Rocha Pitta, nas quais a fotografia transita em direção a pintura, ganhando texturas, luz, elementos táteis, pulsantes que a faz estar em uma situação fronteiriça). As oposições também existem, seja através das formas, técnicas, linguagens e assuntos, sem, entretanto, formar um sentido geral definitivo ou hierarquizá-los prematuramente, isto porque a abrangente condição artística na sua atualidade não se fixa em parâmetros históricos e critérios artísticos precisos e definitivos. As homenagens a Lucio Fontana são um exemplo disso. O seu romântico corte abrupto, seco e libertador sobre a tela transforma-se na obra de Leirner em um abrir e fechar zíperes. Passamos a rasgar o tecido numa atitude explicitamente dadá. Por outro lado, na obra de Adriana Varejão a tela se transforma numa epiderme na qual os azulejos se revelam como um corpo violentado.

 

As correspondências não estão somente apresentadas nas homenagens feitas pelos artistas a seus colegas, mas conseguimos perceber nessa correspondência livre e direta, as predileções, argumentos e diálogos que acontecem entre homenageado e quem homenageia.  A diversidade e heterogeneidade não estão só nos temas, assuntos ou conteúdos, mas também – e aqui é outro ponto de qualidade da exposição, a sua capacidade de revelar a multiplicidade de pesquisas na contemporaneidade – nas linguagens e nas mídias nas quais as obras podem aparecer ora como pintura, escultura ou fotografia, ou ainda como algo de indefinida e incerta sistematização.

 

 

De 08 de agosto a 28 de setembro.

MARISCAL NO TOMIE OHTAKE

Reafirmando seu compromisso de realizar mostras de artes plásticas, arquitetura e design, o Instituto Tomie Ohtake , Pinheiros, São Paulo, SP, traz, em parceira com a Tok&Stok, a exposição “Todas as cores de Mariscal” apresentando o universo multidisciplinar e irreverente de Javier Mariscal, um dos designers mais criativos e versáteis da atualidade. A mostra é construída a partir do desenho e das cores, ferramentas básicas com as quais trabalha o designer catalão, que ganhou fama mundial ao criar o bonequinho “Cobi”, mascote dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.

 

Responsável pela curadoria da exposição, o Estúdio Mariscal traz cerca de 60 obras, entre mobiliário, objetos, luminárias, pinturas, desenhos, brinquedos e projetos gráficos do criador da animação “Chico & Rita”, ambientada na Havana dos anos 40, que concorreu ao Oscar de 2012. A produção de Mariscal guarda como identidade a forte gestualidade do traçado à mão, o desenho – sempre seminal em todo o seu processo criativo –, que resulta numa variada gama de imagens e objetos que aludem a um universo único. “Mariscal joga com as formas e as cores para criar esse universo tão pessoal e artístico onde teima em celebrar a alegria de viver”, destaca a curadoria.

 

Com mais de trinta anos de intensa atividade, Javier Mariscal desenhou objetos para as mais prestigiadas empresas. Moroso, HP, Camper, Uno, Absolut, H&M, e Magis são algumas das marcas que apostaram no estilo versátil do designer espanhol. A exposição pretende submergir o espectador no universo da “fábrica Mariscal”, e assim introduzi-lo ao coração do seu processo criativo e fazê-lo perceber, através dessa experiência, o impulso vital gerado por Javier Mariscal e sua equipe.

 

 

Sobre o artista:

 

Javier Mariscal nasceu em Valencia, 1950, atua em todas as disciplinas do design: mobiliário, interiores, gráfico, paisagismo, pintura, escultura, ilustração, multimedia e animação. Junto com a equipe do Estudio Mariscal, fundado em 1989, o designer realizou, entre muitos trabalhos, a criação do Mascote dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992; o design de interior e gráfico da H&M Barcelona; o décimo primeiro andar do Hotel Silken Puerta America, em Madri; a imagem gráfica da 32ª. Edição da America´s Cup; a identidade gráfica e campanhas de comunicação para a Camper for Kids; exposições sobre sua obra em La Pedreira de Barcelona e no Design Museum de Londres; a divulgação da nova Lei Infantil da Catalunha e ainda publicou os livros Mariscal Drawing Life e Sketches. Em 2010 estreou o longa-metragem de animação Chico & Rita, co-dirigido com Fernando Trueba, que concorreu ao Oscar em 2012. Em 2013 lançou seis versões completamente inovadoras e divertidas da famosa Hello Kitty.

 

Até 29 de setembro.

 

No Galpão Fortes Vilaça

15/ago

Chama-se “O problema de Molyneaux”  a segunda individual de João Maria Gusmão e Pedro Paiva em São Paulo, cartaz no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. Destaque na atual edição da Bienal de Veneza, os artistas apresentam fotografias, esculturas em bronze e filmes em 16mm, todos recentes ou inéditos.

 

Gusmão e Paiva exploram referências ao existencialismo na tradição filosófica, à literatura metafísica assim como ao proto-surrealismo de Alfred Jarry. O título da exposição é extraído de uma questão filosófica, proposta por William Molyneux a John Locke sobre a recuperação da visão. Um homem nascido cego, que sente a diferença entre formas, tais como uma esfera e um cubo, poderia também distingui-las pela visão caso pudesse começar a ver? O problema é comentado por Locke em seu Ensaio acerca do Entendimento Humano sobre as bases do conhecimento e dos mecanismos de cognição da mente humana.

 

Na primeira sala de exposição, oito esculturas de bronze propõem alegorias sobre a natureza das imagens, ilusões óticas e fenômenos físicos. Em Coisas Redondas, uma série de objetos circulares são conectados de forma que parecem ser quadrados sob certos ângulos. Bola de tênis reproduz o movimento de uma bolinha quicando sobre o pedestal. Cavaleiro é uma imagem distorcida que também cria uma ilusão de tridimensionalidade sob determinado ponto de vista. Uma vez que aludem com humor à linguagem científica, estes objetos revelam a natureza narrativa da ciência e da filosofia em suas tentativas de apreensão do mundo.

 

A segunda sala de exposição foi transformada numa grande sala de projeção com cinco filmes curtos em 16mm. Na grande tela as sequências se desenrolam em loop. Três sóis se põem entre rochedos, um homem cego devora um mamão papaia e frutos geometrizados rodopiam no ar como se fossem um sistema planetário. O ruído do projetor ⎯ os filmes não têm som ⎯ é uma lembrança permanente da materialidade das imagens.

 

Sobre os artistas

 

João Maria Gusmão, Lisboa, 1979 e Pedro Paiva, Lisboa, 1978, colaboram criando objetos, instalações e filmes em 16 e 35mm desde 2001. Já participaram de diversas Bienais, tais como: 8ª Bienal de Gwangju, Coréia do Sul, em 2010; 53ª Bienal de Veneza, 2009, na qual representaram Portugal; 6ª Bienal do Mercosul, Brasil, em 2007; 27ª Bienal de São Paulo, Brasil, 2006. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: em 2011, Alien Theory, no Frac Île-de-France, Le Plateau, Paris; There’s nothing more to tell because this is small, as is every fecundation, no Museo Marino Marini, Florença; Tem gwef tem gwef dr rr rr no Kunsthalle Dusseldorf; em 2010 e On the Movement of the Fried Egg and Other Astronomical Bodies, na Ikon Gallery, Birmingham.

 

De 10 de agosto a 14 de setembro.

“In Motion” na Raquel Arnaud

A Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta a exposição coletiva “Em Movimento” (“In Motion”) na qual destacam-se os mais significativos artistas em abstração cinética que a marchande Raquel Arnaud vem trabalhando ao longo dos anos. A exposição reúne 14 obras assinadas por nomes seminais como Carlos Cruz-Diez, Jesús Rafael Soto, Luis Tomasello e François Morellet dividem o espaço do primeiro piso da galeria com trabalhos dos artistas Dario Pérez-Flores e Hugo Demarco, da segunda geração e ainda com Elias Crespin e Wolfram Ullrich. A primeira exposição desta vertente artística na galeria foi do venezuelano Carlos Cruz-Diez, em 1987. Segundo Raquel Arnaud, a presente coletiva é uma homenagem ao artista, que em 2013 comemora 90 anos. A galeria também introduziu Jesús Rafael Soto no circuito brasileiro. Paralelamente, no segundo piso, a paulistana Silvia Mecozzi apresenta a individual “Branco de Si”, exposição que reúne trabalhos em mármore realizados pela artista no último ano.

 

 Sobre os artistas:

 

Carlos Cruz-Diez, 1923, Venezuela. É internacionalmente reconhecido pelas suas Fisicromias e Cromointerferências nos espaços e pelas suas obras esculturais em grande escala que exploram a teoria e a prática de cor.

 

Jesús Rafael Soto, 1923-2005, Venezuela. Tempo e movimento foram as principais preocupações nas obras de pintura e escultura e na arte cinética do artista venezuelano. Famoso pelos seus “Penetráveis”, esculturas em que o observador pode atravessar e interagir, Soto mudou para Paris em 1951, onde travou conhecimento com alguns artistas alemães e suíços, entre os quais Josef Albers, e passou a tratar a independência da cor para resolver conscientemente o que chamava de “a ambivalência especial da cor”.

 

Luis Tomasello, 1915, Argentina. Após seus estudos em Buenos Aires, mudou-se para Paris em 1957, onde se juntou a um grupo de artistas cinéticos e de OP arte. Tornou-se conhecido pelas suas “Atmosferas cromáticas”, esculturas fragmentadas que mudavam o padrão das cores, luz e sombra.

 

Dario Pérez-Flores, 1936, Venezuela. Sobre a influência de Jesús Soto e Carlos Cruz-Diez, Pérez-Flores se juntou ao movimento ótico de 1970. Criou trabalhos que sutilmente geram uma vibração ótica, uma atmosfera cromática mutante, atraindo o espectador ao centro da obra.

 

Hugo Demarco, 1932-1995, Argentina. Demarco começou cedo a expandir sua prática na pintura, explorando novos materiais que permitiram sua diferente abordagem com a cor. Mesmo declarando nenhuma afiliação, seus trabalhos combinam a herança do construtivismo e a ampla tradição da Bauhaus, a autonomia da arte e sua natureza experimental. Focando a cor e o movimento, ele pinta telas e cria relevos e objetos motorizados que desafiam a percepção do espectador.

 

François Morellet, 1926, França. Para o artista francês um trabalho de arte basta por si só. Seus títulos são sofisticados e descrevem as condições da produção da obra. Em sua extensa carreira trabalhou com inúmeros materiais, mas determinado a encontrar um novo modo de expressão, começou a usar o neon em 1963, material cujas especificações como luminosidade e o fato de ser manufaturada, o interessavam.

 

Elias Crespin, 1965, Venezuela. Suas esculturas – eletrocinéticas – são composições simples de figuras geométricas, que suspensas por fios invisíveis e animadas mecanicamente por complexas formas matemáticas computadorizadas, geram movimentos de extrema leveza e harmonia.

 

Wolfram Ullrich, 1961, Alemanha. Trabalha com abstrações geométricas tridimensionais. Suas obras lidam com o ambiente espacial da instalação, dinamizando as relações entre espaço e movimento como variáveis constantes.

 

 Até 14 de setembro.

Suzuki no Espaço Citi

14/ago

O Espaço Cultural Citi, Paulista, São Paulo, SP, inaugurou exposição “Yukio Suzuki – O Exato Momento da Inefável Aparência das Coisas”, mostra póstuma de pinturas e desenhos. A curadoria é do crítico Jacob Klintowitz. Trata-se de uma exposição de rara oportunidade, pois o artista sempre foi muito discreto no seu convívio público. E é uma mostra de imensa delicadeza pois este é o perfil de sua obra.

Yukio Suzuki por Jacob Klintowitz
Yukio Suzuki.

 

O exato momento da inefável aparência das coisas.

Um homem contempla a imagem de um homem projetada num espaço sem registro e parâmetros. Espaço no qual está ausente a gravidade. Um espaço na Terra que parece não pertencer à Terra. Nem a gravidade da atração dos corpos, nem a gravidade de comportamento do homem que sabe o que seja a realidade. Em Yukio Suzuki a verdade é um complexo sistema de aparências, reflexos da aparência e percepção de sombras.

 

Yukio Suzuki, 1926-2004, foi um artista único, inventor de visualidades sutis. Foi pioneiro da ideia de apropriação, que nele foi grandiosa: certo dia ele se apropriou da praia de Copacabana. Na foto lá está Yukio, sereno, e uma pedra com a sua assinatura pousada na areia mais conhecida do país. E, ao mesmo tempo, foi o mais silencioso dos artistas. Ele tinha a convicção de que a obra falava por si mesmo. Era assim que se movia.

 

Suzuki não sabia de realidade nenhuma que não fosse a de imagens existentes em dois planos, o físico e o pressentido. Ou, talvez, em três, o físico, o psíquico e o de uma sensação intuída, habitante em lugar desconhecido. E é esta intuição, além da categorização, distante da nomeação, o que se impõe no seu percurso. Yukio Suzuki é o artista que registra o sistema do que não está sistematizado, do existente apenas porque sentido por um ser humano.

 

A comprovação da existência desta intuição, o que lhe dá súbita corporeidade, é ter sido captada por este artista que se entrega à ela, que aceita o luminoso mundo, já distante das sombras, que se impõe a ele como um modelo absoluto e ao qual ele se submete e dedica a vida. Sentir é o objetivo do artista e com uma delicadeza infinita apesar de humana, ele assinala este sentimento do mistério. É uma arte do inefável e ele, de uma modéstia infinita apesar de humana, está a serviço do inefável e é o seu sacerdote.

 

Poucas vezes encontramos um artista tão disponível e que se deseja instrumento de seu sentimento do mistério. Talvez, em algum momento, este artista sorriu diante de seu continente descoberto, do imerso que emerge, mas este sorriso não aflorou e permaneceu, também ele, como um movimento interior, como o reconhecimento de que ele encontrara a sua verdadeira pátria, o lugar dos reflexos da aparência, o desfiladeiro das sombras, o horizonte do arco-íris, o continente do inefável, que parece o ter escolhido como porta-voz.
Até 11 de outubro.

Insólitos e Concretos na Arte Aplicada

13/ago

No mercado há mais de três décadas, a galeria Arte Aplicada, Jardins, São Paulo, SP, tem como principal foco a diversidade. A galeria marcou o início da carreira de artistas hoje renomados, como Guto Lacaz e Palatnik, entre muitos, e também do argentino León Ferrari no Brasil, e mantém ainda olhos abertos para o futuro, apostando sempre em novos nomes. O próximo cartaz da Arte Aplicada é o pintor Herton Roitman, com 20 obras das séries inéditas “Insólitos e Concretos“, curadoria de Sabina de Libman, com assamblage, colagens e pinturas. Na mesma ocasião, realiza o lançamento do livroIntensa Magia“, da jornalista, escritora e dramaturga portuguesa, radicada no Brasil, Maria Adelaide Amaral.

 

Seguindo uma constante em seu trabalho, Herton Roitman utiliza-se de objetos e materiais não inerentes à pintura na criação da série “Insólitos”. Com obras tridimensionais – feitas a partir de fragmentos pinçados na realidade urbana da cidade – Roitman transmite sua influência teatral, cenográfica. Já em “Concretos”, o artista exibe seu lado criterioso e perfeccionista, ao utilizar-se, organizadamente, de formas geométricas e de cores intensas, remetendo seu trabalho a um conceito, de certa forma, utópico. Sintonizado com o tempo e com o mundo que o cerca, Roitman define-se como um observador, imerso em um grande centro urbano caótico, porém inspirador: “Me encantam as grandes cidades….Tenho minhas defesas, como a musica que é minha grande paixão. Meu trabalho é minha interferência no meio deste caos”.
Livro
Por sua vez, Maria Adelaide Amaral retrata, em “Intensa Magia”, um lançamento da Giostri Editora, apresenta uma comédia dramática focada na relação familiar. O tema é discorrido a partir do aniversário do patriarca da família, Alberto, indivíduo descontente com a vida e amargo, que decide expor, de maneira inesperada, as insatisfações familiares acumuladas ao longo dos anos. As declarações ocorrem na mesma data em que Zezé, sua filha mais nova, faz o anúncio de seu noivado.
Sobre o artista

 

Herton Roitman nasceu em Porto Alegre, RS. Pintor e gravador, reside e trabalha em São Paulo, SP, desde 1968. Formou-se como ator pela Universidade Federal de Minas Gerais. Estudou desenho, tecnologia da cor e História da Arte em cursos de extensão universitária pela mesma Universidade. Foi coordenador cultural de artes cênicas da Fundação Itaú Clube de 1978 a 1987. De 1979 a 1984 foi professor de educação artística nos colégios Palmares e Galileu Galilei. Desde 1986 dedica-se exclusivamente às artes visuais realizando exposições individuais e coletivas em salões e galerias profissionais no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

 

 

Sobre a escritora

Maria Adelaide Amaral  é jornalista, escritora e dramaturga, sua primeira peça foi “A Resistência”, 1975, mas o primeiro texto montado foi “Bodas de Papel”, em 1978, em São Paulo. Publicado em 1986, “Luísa, Quase uma História de Amor”, deu-lhe o prêmio Jabuti de melhor romance daquele ano. O convite para a TV veio em 1990, quando Cassiano Gabus Mendes a chamou para escrever com ele a novela “Meu bem, meu Mal”. Autora de vários romances, adaptações e traduções de textos teatrais, sua biografia “A emoção libertária”, escrita por Tuna Dwek, foi publicada pela Imprensa Oficial.

 

 

De 17 a 31 de  Agosto.

 

RAQUEL ARNAUD EXIBE SILVIA MECOZZI

12/ago

Após um período sem expor na cidade, a última individual foi em 2005, na Pinacoteca do Estado, Silvia Mecozzi exibe na galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, a exposição “Branco de Si“. A exposição reúne uma instalação com placas em mármore que revestem o piso, uma escultura de cerca de 3 metros presa ao chão e outra com 70 cm fixa na parede, ambas produzidas no mesmo material. Em 2011 a artista realizou a série de fotografias “deserto das p_almas”, na qual retratava palmas das mãos de pessoas do seu círculo afetivo. Na série atual, a artista tratou de ampliar estes registros e esculpir no mármore as linhas das mãos fotografadas, criando relevos na pedra.

 

A plasticidade característica do mármore permitiu à artista gravar linhas e criar planícies e depressões, como numa mão. Em formato circular, a instalação deve ser sentida pelo público, que pode andar sobre as placas. Segundo Yuri Quevedo, que assina o texto sobre o trabalho de Silvia Mecozzi, o branco e o cinza do mármore e os sulcos que o trabalho fez nele, tornam-se matéria etérea e sensual, e intrigam pela luz. “Esses elementos guardam em si seu próprio segredo, e a relação entre eles parece ocultar uma história de relações que se expressa no relevo de um deserto […Espaço do afeto e não da história. Fronteira daquilo que cada corpo sabe de si mesmo]”, conclui.

 

 

Sobre a artista

 

Filha e neta de pintores, Silvia Mecozzi estudou com Carlos Fajardo e Sergio Fingermann e foi assistente de Luiz Paulo Baravelli. Em sua primeira individual, organizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1994, recebeu o Prêmio Revelação de Pintura da Associação Paulista de Críticos de Arte. Desde 2000, destacam-se as individuais “Mera Esfera Espera Espinho”, apresentada no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, e no Espaço Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, RJ, em 2003, e na Galeria Raquel Arnaud, em 2004. Em 2005, apresentou “Ouriças” na Estação Pinacoteca, São Paulo, SP, e em 2007, realizou individual na Galeria Sycomore Art, Paris. Em 2009, apresentou a obra “Libérer l’horizon, réinventer l’espace”, na Cité Internationale des Arts, Paris, e a videoinstalação “Olódòdó”, no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador. Participou também de importantes exposições coletivas desde a década de 1990: “O Traje como Objeto de Arte”, no Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, e na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, ambas em 1990; 5ª Bienal de Santos e 23º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, em 1995, obtendo neste o Prêmio Aquisição; “Temporada de Projetos”, no Paço das Artes, São Paulo, SP, 1997 e “Viagens e Identidades”, United Artists V, na Casa das Rosas, São Paulo, 1999. Entre 2000 e 2008, além de exposições coletivas, como “Ópera Aberta”, na Casa das Rosas, 2002, e “Natureza-morta/Still Life”, na Galeria de Arte do Sesi e no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, RJ, 2004, integrou “Arte Contemporânea: uma história em aberto”, 2004, “Transparências”, 2007, e “Entre o plano e o espaço”, 2008, organizadas pela Galeria Raquel Arnaud, que representa a artista desde 2002.

Paralelamente, no piso térreo da galeria, é exibida a coletiva “Em Movimento” com obras dos artistas cinéticos Carlos Cruz-Diez, Dario Pérez-Flores, Elias Crespin, Luis Tomasello e Jesús Soto.

 

 

De 15 de agosto a 14 de setembro.

 

 

Órbitas de Florian Raiss e Paulo von Poser

07/ago

A Galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, exibe a instalação conjunta “Órbitas”, resultado da parceria inédita entre Florian Raiss e Paulo von Poser. O projeto conta com esferas de cerâmica, pintadas “a quatro mãos”, com expografia pensada para dar efeito de flutuação no espaço da galeria. A obra foi concebida e desenvolvida especialmente para a edição deste ano da semana de design. Foram dispostas dezessete esferas de cerâmica esmaltadas e em suspensão no espaço físico da galeria, em referencia aos vários sentidos que a palavra órbita representa, especialmente na Astrologia.
 
O principal objetivo desta série inédita de Florian Raiss e Paulo von Poser, é estimular a potência do movimento do olhar dos espectadores, sua imaginação e suas diversas possibilidades. Todo o espaço da instalação é desenhado de forma a posicionar os globos numa superfície infinita, sem prumo, sem limites, o que tende a fortalecer o diálogo que há entre os traços dos artistas que dividem a autoria de cada peça.
 
Em princípio, os desenhos dos dois artistas podem parecer opostos e como definiu Paulo Kassab Jr., curador da exposição, “…após uma observação mais profunda, nota-se uma intensa complementaridade assinalada pela pesquisa do ser humano em suas subversões e pelas representações que retratam seus anseios.” Este encontro entre os dois artistas cria uma atmosfera imprevisível, onde a sobreposição gera uma dimensão ambígua e onírica. Pela própria forma da esfera, seus dois lados nunca estão dentro do mesmo campo de visão. Ou seja, apenas uma parte é revelada, enquanto a outra se projeta na mente do observador, o qual recria o cenário de acordo com sua realidade.
 
A propósito das inúmeras possibilidades de bem visualizar a instalação, Paulo Kassab Jr. reitera: “Assim voltamos aos assuntos estudados pelos dois artistas (Raiss e von Poser) durante mais de 30 anos: o homem como autor e revelador da sua própria condição e do seu entorno. A imaginação não como um estado, mas como a própria existência humana, como definiu William Blake”. A ação proposta pela Galeria Lume promove o design e suas relações com a arte. Trata-se de um evento aberto ao público, o qual é convidado a interagir em meio a esse universo de objetos “fora de órbita”. A coordenação é de Felipe Hegg.

 

Sobre os artistas
 

Florian Raiss atua no circuito de arte de São Paulo e Rio de Janeiro desde 1981. Estudou pintura na Academia de Belas Artes de Roma entre 1973 e 1975. Estudou desenho, entre 1975 e 1977, com Gilberto Aceves Navarro, na Academia de São Carlos da Universidade do México, na Cidade do México. Entre as exposições que participou, destacam-se: coletiva “Viva Brasil Viva”, no Kulturhuset, em Estocolmo, em 1989; Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP, São Paulo, 1991; “Barro em América”, Museu Sofia Imber, em Caracas, Venezuela, 1992; e MAM/RJ, Rio de Janeiro, 1994/1995.
 

Paulo von Poser nasceu em São Paulo e formou-se arquiteto pela FAU/USP em 1982. Iniciou sua relação com o desenho em 1978, ao ingressar na faculdade. A partir daí, se descobriu como artista plástico, fazendo em 1982 sua primeira exposição. Projetos gráficos, instalações, manifestações de arte pública, vídeos, cenários ilustrações, estampas, fotografias, cerâmicas, painéis de azulejos, aulas e exposições tem sido diferentes meios para o emprego de sua arte pop e gráfica. Paulo Von Poser expôs obras em diversas cidades brasileiras e em países como Alemanha, Peru, Bolívia e França. Lançou em 2010 seu primeiro livro, “A Cidade e a Rosa”.
 

 

De 13 de agosto a 27 de setembro.