Vera Reichert exibe Espelhos D’Água

03/mai

Em um convite à contemplação e à reflexão sobre a relação entre a água e seus diferentes biomas, Vera Reichert apresenta a exposição “Espelhos D’Água” na Caixa Cultural, Praça da Sé, São Paulo, SP, com curadoria do artista e gestor cultural André Venzon. A mostra mergulha nas profundezas dessa temática, explorando novas narrativas e perspectivas poéticas sobre esse elemento essencial à vida. A abertura ao público será no dia 03 de maio, com vernissage no dia 4 de maio, às 10h.

Ao longo de mais de três décadas de imersão na poética da água, Vera Reichert tem investigado e expressado sua visão singular por meio de diversas mídias, como fotografia, vídeo, instalação e escultura. Sua jornada artística é marcada por uma profunda conexão com os ambientes aquáticos, inspirando-se nas nuances e na beleza dos oceanos, rios, lagos e lagoas ao redor do mundo.

As obras exibidas em “Espelhos D’Água” revelam a habilidade da artista em capturar a essência da água em suas mais diversas formas. Fotografias subaquáticas transportam o espectador para um mundo raro, onde a luz dança sobre as superfícies e as cores se mesclam em harmonia. Instalações imersivas proporcionam uma experiência sensorial única, convidando-nos a explorar os mistérios e as maravilhas dos ecossistemas aquáticos. Foram produzidas mais de 30 obras, entre imagens do fundo do mar dentro de escotilhas espelhadas, imagens de superfícies de lagoas emolduradas e em forma de gotas moldadas em calotas de acrílico. Um curta-metragem, selecionado no canal Arte1 sobre seu trabalho, uma gota espelhada e um backlight da lua complementam a exposição, oferecendo ao público uma experiência visual e sensorial única.

Vera Reichert, exibe também criações inéditas, especialmente concebidas para este evento: instalações interativas que convidam o público a mergulhar literalmente na arte e no pensamento da artista, proporcionando uma experiência imersiva e transformadora. “Espelhos D’Água” não apenas encanta visualmente, mas também convida à conscientização sobre a importância da preservação e do uso responsável das fontes e mananciais de água em nosso planeta. Por meio de sua pesquisa visual, Vera Reichert nos lembra da fragilidade e da beleza desse recurso hídrico, instigando-nos a refletir sobre nossa relação com a natureza e as futuras gerações. Não perca a oportunidade de mergulhar nessa experiência única!

Até 16 de junho.

Exposição de Juan Cerón no Brasil

25/abr

 


Exposição de fotografías do espanhol Juan Cerón inaugurada  no Instituto Cervantes de São Paulo faz uma abordagem ao romance “Dom Quixote” em comemoração ao mês do livro. A exposição recebeu o título de “Anaqronías”. Após um longo processo de conceitualização e diferentes trabalhos que lhe permitiram avançar artisticamente,  “Anaqronías” é seu segundo projeto pessoal, cujo percurso o levou a expor em vários países de três continentes, como Espanha, Itália, Reino Unido, Alemanha, China, México, República Dominicana chegando, finalmente, ao Brasil.
Trata-se de uma interpretação fotográfica contemporânea baseada em um estudo documentado do romance “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, como explica Juan Céron: “Tentei resgatar dos recantos mais profundos da obra aqueles personagens de caráter secundário, terciário, imaginário…e trasladá-los para a realidade fotográfica, dotando-os de uma anacronia, de um elemento anacrônico sempre relacionado ao papel do personagem no romance, que nos leve da imagem pictórica inicialmente pretendida a uma imagem atual, de nosso tempo, brincando assim com a anacronia como um erro estético necessário e intencional”. Sob esquemas de luz e composição inspirados nos mais destacados pintores do realismo barroco do século XVII – Caravaggio, Bernini, Rembrandt, Vermeer, Ribera – “Anaqronías” assume o duplo desafio de confrontar, por um lado, o romance mais importante de todos os tempos com o rigor e o respeito que merece e, por outro, dar forma e figura a uma série de personagens dos quais, em alguns casos, não há nenhuma evidência documental através de pinturas, desenhos ou gravuras e que permaneceram encerrados no romance, esperando pacientemente por mais de 400 anos.

Sobre o artista
Juan Cerón (Bochum, 1973). O artista entra em contato com o mundo da fotografia no início de 2007, quando, tendo em suas mãos sua primeira câmera DSLR, entende a fotografia como um poderoso instrumento de comunicação visual e criação artística, com o qual, além de poder capturar o momento, ele pode ser abordado através de uma história para contar e compartilhar. De formação principalmente autodidata, desde 2015 tem realizado várias exposições individuais com seu primeiro trabalho fotográfico “Onde Habita o Esquecimento”, pelo qual foi pré-selecionado para fazer parte de uma representação de artistas no âmbito do PhotoEspaña. Participou como palestrante de diversas conferências e oficinas em muitos espaços culturais espanhóis e internacionais, bem como congressos de fotografia contemporânea. Fez parte do júri para a EGADE Business School de Monterrey (México).
Até 1º de junho.

Exposição no Sesc Pinheiros

19/abr

O livro “Um Defeito de Cor”, escrito por Ana Maria Gonçalves e lançado em 2006, tornou-se uma das principais obras da literatura brasileira contemporânea sobre a escravidão no Brasil e todas as mazelas advindas disso. Após ser homenageado pela escola de samba Portela, que fez da obra o seu samba-enredo de 2024, a publicação ganha uma exposição no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

A mostra, que recebe o nome do livro – “Um Defeito de Cor” – é fruto de uma parceria entre o Sesc São Paulo e a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), com a concepção original do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR). Por sua vez, a curadoria da exposição é da autora do livro, Ana Maria Gonçalves, em parceria com os pesquisadores Marcelo Campos e Amanda Bonan.

Brasil colônia

Por meio de obras de arte, a exposição faz alusão ao período do Brasil Império (1822-1889) para discutir os contextos sociais, culturais, econômicos e políticos do século 19 e seus desdobramentos em elementos contemporâneos. Ao todo, 372 peças entre arte têxtil, fotografias, instalações, cartazes, pinturas e esculturas de autoria de artistas do Brasil, da África e das Américas interpretam “Um defeito de cor”, ganhador do prêmio Casa de las Américas e considerado um dos mais importantes clássicos da literatura afro-feminista e nacional. Assim como o livro, a exposição faz um enfrentamento às lacunas e ao apagamento da história da população negra ao contar a jornada de uma mulher africana nascida no início do século 19, escravizada no Brasil, e sua busca por um filho perdido.

Na exposição em São Paulo, estarão presentes os figurinos e croquis das fantasias do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, assinados pelo artista e carnavalesco Antônio Gonzaga, que se inspirou no livro de Ana Maria para desenvolver o samba-enredo do Carnaval 2024, no Rio de Janeiro. O desfile impulsionou a procura em livrarias físicas e digitais e elevou “Um defeito de cor” para a categoria de mais vendidos do Brasil. Além disso, estarão em exibição, pela primeira vez, um “Retrato de Ana Maria”, quadro de Panmela Castro; “Bori – filha de Oxum”, do artista e babalorixá Moisés Patrício, e “romaria”, mural que será pintado por Emerson Rocha na entrada do Sesc Pinheiros, além de uma programação integrada, com ações educativas divulgadas ao longo do período expositivo.

A exposição “Um Defeito de Cor” está dividida em dez núcleos não-lineares, que se espelham nos dez capítulos do livro, a exposição não é cronológica nem explicativa. O objetivo é trazer uma visão do Brasil com momentos históricos e recortes sociais transmitidos por meio de uma produção intelectual e de imagem presentes na arte contemporânea. Dessa maneira, a mostra faz um mergulho na essência de temas como os levantes negros, o empreendedorismo, o protagonismo feminino, o culto aos ancestrais e a África Contemporânea, que reexaminam os caminhos da população afro-brasileira desde os tempos de escravidão até os dias atuais, e fazem uma interpretação dos conceitos apresentados no romance, principalmente as origens e as identidades africanas que constituem a população, das quais ainda pouco se sabe.

Até 1º de dezembro.

Nova Diretora de Operações

17/abr

A Galatea anuncia a nomeação de Anita Pastonesi como Diretora de Operações. Anita faz parte da história da Galatea mesmo antes dela existir, contribuindo decisivamente para o processo de fundação da galeria. Desde sempre, demonstrou profunda dedicação aos nossos projetos nacionais e internacionais e aos artistas que representamos. O seu senso apurado de liderança e compromisso garante o sucesso das diversas operações que se encontram sob sua responsabilidade.

Antes de integrar a Galatea, Anita trabalhou em outras duas galerias e estudou Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, seguida de uma especialização em Crítica de Arte e Curadoria na EAV Parque Lage com a Universidade Cândido Mendes.

Esta nomeação reflete a sua importante contribuição para as conquistas da Galatea. Transmitimos os nossos mais sinceros parabéns à Anita e estamos entusiasmados para continuar dando juntos os nossos próximos passos!

Cruzando Carmela Gross com Lina Bo Bardi

Chama-se “Quase Circo” a exposição de Carmela Gross no Sesc Pompeia, São Paulo, SP. A mostra estará em cartaz até 25 de agosto e compreende 13 obras, em grande escala, que ocupam diferentes espaços da antiga fábrica. Com curadoria de Paulo Miyada, a exibição reúne uma convergência do trabalho de Carmela Gross com a arquitetura de Lina Bo Bardi. Carmela Gross realiza trabalhos em grande escala que se inserem no espaço urbano e que assinalam um olhar crítico sobre a arquitetura e a história urbana. O eixo comum, para além da diversidade dos contextos e das propostas elaboradas em cada caso, é o conceito básico de trabalhar-na-cidade. O conjunto de operações que envolvem desde a concepção do trabalho, passando pelo processo de produção, até a disposição no lugar de exibição, enfatizam a relação entre a obra e o espaço, entre a obra e o público.

A exposição propõe uma leitura panorâmica das obras da artista, pautada no diálogo com a fábrica projetada por Lina Bo Bardi.  Esta exposição apresentará trabalhos de grandes dimensões, como a instalação “Roda Gigante”, de 2019, e “Escadas Vermelhas”, de 2024.  Painéis luminosos, vídeos, e desenhos também compõem o espaço da área de convivência, além de duas obras expostas anteriormente no Sesc Pompeia, intituladas “Rio Madeira” (1990) e “Estandarte Vermelho” (1999). Destaca-se ainda, a obra “Gato”, realizada especialmente para a exposição, que será instalada nas passarelas do complexo esportivo, inspirada em um desenho de Lina Bo Bardi.

Sobre a exposição, diz o curador Paulo Miyada

“Esta exposição é uma convergência. De uma parte, a obra da paulistana Carmela Gross, que há quase seis décadas produz arte como uma forma peculiar de observar, deslocar e recombinar as coisas do mundo, muitas vezes fazendo dos despojos do crescimento urbano a matéria de suas obras. De outra parte, a arquitetura da italiana Lina Bo Bardi, que encontrou no Brasil lições sobre o trabalho, arquitetura e design populares, que ela estudou e incorporou em sua própria arquitetura de princípios modernistas”.

Sobre a artista

A artista visual Carmela Gross nasceu em São Paulo, em 1946. Suas primeiras obras, nos anos 1960, foram realizadas enquanto estudava no Curso para Formação de Professores de Desenho, na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo. Concluiu o mestrado em 1981, e o doutorado em 1987, na Escola de Comunicação e Artes da USP, ambos sob orientação do crítico de arte e curador Walter Zanini (1925-2013).  A artista participou de oito edições da Bienal de São Paulo (1967, 1969, 1981, 1983, 1989, 1998, 2002 e 2021); duas edições do evento Arte-Cidade (1994 e 2002); da 2ª Bienal de Arte Contemporânea de Moscou (2007) e da 5ª Bienal do Mercosul (2005), em Porto Alegre.  Algumas de suas obras públicas permanentes são: Grande Hotel (2017), no Sesc 24 de Maio, São Paulo;  Terra (2017), no Museu de Escultura e Ecologia – MuBE, São Paulo; Cascata (2005), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul; Fronteira, Fonte, Foz (2001), em Laguna, Santa Catarina; Painel Hans Staden (1997), no Hotel Renaissance, em São Paulo. Seus trabalhos fazem parte de diversas coleções: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da USP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte de Brasília, Fundação Padre Anchieta, Museu de Arte de São Paulo, Itaú Cultural, Biblioteca Luis Angel Arango de Bogotá, Museum of Modern Art, em Nova Iorque, Museum of Fine Arts, em Houston, entre outras.

Sobre o curador

Paulo Miyada é curador e pesquisador de arte contemporânea. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, tem mestrado em História da Arquitetura e Urbanismo pela mesma instituição. Foi assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo, em 2010, e fez parte da equipe de curadores do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural, entre 2011 e 2013. Em 2021, passou a atuar como curador adjunto do Centre Pompidou, em Paris, uma das mais renomadas instituições de arte da Europa. Miyada também foi curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo e do 34º Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP. Atualmente, é diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake.

Nova artista representada pela Fortes D’Aloia & Gabriel

16/abr

Tatiana Chalhoub

A produção de Tatiana Chalhoub é estruturada segundo os parâmetros técnicos e formais da pintura, expandidos por meio da cerâmica, em relevos de superfície acidentada ou fragmentada. A fusão entre imagem e matéria que tem lugar em seus trabalhos faz com que manchas de pigmento em acabamentos esmaltados ou oxidados ganhem contornos de paisagem ou natureza morta. Peças soltas, fragmentos e resíduos são processados em reinterpretações da natureza, da história da arte ou de anotações mentais, reunindo esses pedaços díspares num mundo marcado por matizes líquidos e tons aquáticos. Em peças suspensas entre ícones e atmosferas em pequena escala, Chalhoub abraça o acaso e a imprevisibilidade da prática de ateliê, projetando soluções pictóricas a partir de quebras, ruídos e desvios de processo.

Entre suas exposições individuais recentes estão Romper o dia, crack of dawn, Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo, Brasil (2024); Mais uma casa, Kubik Gallery + Espaço Cama, São Paulo, Brasil (2022); On the grass, 1111 Project Space, Budapeste, Hungria (2019) e O brilho do bronze, Galeria Ibeu, Rio de Janeiro, Brasil (2015). Entre suas últimas exposições coletivas estão Contra-flecha: gestos de amor, práticas de sedução, Almeida & Dale, São Paulo, Brasil (2024); Nunca só essa mente, nunca só esse mundo, Carpintaria, Rio de Janeiro, Brasil (2023); Desmanchar, desfaz, Quadra, São Paulo, Brasil (2022).

A arte urbana de Bruno Portella

12/abr

A Galeria Alma da Rua I, Vila Madalena, São Paulo, SP, espaço cultural dedicado à expressão artística contemporânea, dá início ao segundo trimestre de sua agenda expositiva de 2024 com a abertura da mostra “Héstia: A Deusa do Fogo”, do artista plástico Bruno Portella, sob a curadoria de Tito Bertolucci. Este evento é representativo na trajetória da galeria, que se destaca por sua propensão a abordar temáticas relevantes e atuais através da arte, especialmente da arte urbana. Com abertura no dia 13 de abril, a exposição, composta por 11 pinturas, permanerá em cartaz até 13 de maio.

“Héstia: A Deusa do Fogo” surge como uma homenagem singular às mulheres que influenciaram de forma marcante a sociedade ao longo da história, comparando sua essência à do fogo, elemento que molda e ilumina o mundo ao seu redor. O título da exposição  Héstia – , que remete à divindade grega do lar e do fogo, evoca não apenas o calor e a luz emanados por estas figuras femininas, mas também sua capacidade transformadora, sua presença vital e reconfortante.

Bruno Portella, artista reconhecido por sua habilidade em retratar a energia e a vitalidade do fogo em seus trabalhos, utiliza a arte urbana como meio de expressão para destacar o legado dessas mulheres, sejam elas líderes visionárias ou figuras anônimas que, em sua simplicidade, deixaram uma marca indelével na História da Humanidade. Sua opção pela street art, como forma de expressão, não é por acaso: ela representa uma linguagem acessível e inclusiva, capaz de dialogar diretamente com o público e de transmitir mensagens profundas e impactantes. Ao adentrar a galeria, os visitantes estarão imersos em um ambiente que mescla elementos da arte urbana com a aura de reverência e respeito a essas figuras femininas. Cada obra servirá como uma janela para a alma dessas mulheres, revelando não apenas suas conquistas e realizações, mas também suas lutas, suas dores e suas esperanças. São retratos que capturam a essência da feminilidade em toda sua diversidade e complexidade, desde as mulheres comuns que desafiaram as convenções sociais até aquelas que se destacaram como líderes em seus campos de atuação. Em “Héstia: A Deusa do Fogo”, Bruno Portella propõe um convite à reflexão sobre seu próprio papel na sociedade e sobre sua capacidade de fazer a diferença. A mostra não se limita a ser um evento artístico; ela é também um espaço de encontro e de diálogo, onde as histórias das mulheres retratadas encontram eco nas experiências e vivências do público. É um convite à reflexão, à celebração e à ação, em um momento em que a luta pela igualdade de gênero e pelo reconhecimento do papel das mulheres na sociedade continua mais relevante do que nunca. Além de proporcionar uma experiência única de imersão na arte urbana, a mostra estabelece um diálogo inspirador com os visitantes, convidando-os a explorar e refletir sobre o legado das mulheres que incendiaram o mundo com sua presença e determinação. A Galeria Alma da Rua se oferece como espaço para que todos se juntem a essa jornada de descoberta e inspiração, celebrando a influência das mulheres na sociedade contemporânea através da expressão artísticande Bruno Portella.

Sobre a galeria

A Galeria Alma da Rua, idealizada e criada pelo empreendedor Tito Bertolucci em 2015 tem se destacado como um espaço dedicado prioritariamente à promoção da street art no Brasil. A essência da galeria reside na colaboração com artistas que atuam nas ruas, não apenas de grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, mas com abrangência nacional. Tito Bertolucci expressa sua intenção de ampliar ainda mais essa diversidade geográfica, buscando representantes da arte urbana de todas as regiões brasileiras e também no plano internacional. A street art, caracterizada pela expressão artística em espaços públicos, como muros, fachadas de prédios e viadutos, é uma manifestação cultural que reflete as dinâmicas e identidades das comunidades urbanas. Dentro das instalações da galeria, encontram-se obras de renomados artistas brasileiros como Binho Ribeiro, EDMX, Enivo, Onesto, Pato, Cris Rodrigues, Mari Pavanelli, Gatuno entre outros. Destaca-se também um espaço reservado ao movimento de pichação no Brasil, com obras de Dino e Cripta Djan. Tito Bertolucci enfatiza a postura inclusiva da galeria, que se destaca ao proporcionar visibilidade aos pichadores, oferecendo-lhes um espaço para expressar sua arte sem restrições. A Galeria Alma da Rua emerge como um ponto de encontro essencial para apreciadores e artistas da cultura urbana brasileira. Além de servir como plataforma expositiva, a galeria desempenha um papel fundamental na promoção e valorização da street art, contribuindo para sua consolidação e reconhecimento no contexto artístico nacional.

Mostra de Tomie Ohtake

11/abr

A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar, em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, “Infravermelho”, com mais de quinze pinturas de Tomie Ohtake, artista nipo-brasileira, considerada um dos grandes nomes da arte contemporânea nacional.  A curadoria é de Paulo Miyada, diretor artístico do Instituto, e a exposição terá ainda uma escultura da artista, em tubo metálico pintado de branco, e um conjunto nunca mostrado ao público de pinturas de 30cm x 30cm, estudos de suas obras. O arquiteto e designer Rodrigo Ohtake, neto da artista e vice-presidente do Instituto Tomie Ohtake, fará uma intervenção expográfica, criando uma segunda pele nas paredes das duas primeiras salas, com um painel de chapas metálicas perfuradas, em um plano sinuoso que envolverá esses espaços. “Infravermelho” oferece uma oportunidade de aprofundar o olhar sobre uma importante etapa do trabalho da artista.

Tomie Ohtake é uma das artistas integrantes da 60ª Bienal de Veneza, “Stranieri Ovunque/Foreigners Everywhere” – entre 20 de abril a 24 de novembro, que tem como curador o brasileiro Adriano Pedrosa. Seu trabalho irá compor o núcleo histórico modernista latino-americano e diaspórico.

“Infravermelho” reúne trabalhos majoritariamente desenvolvidos ao longo da década de 1990, quando a artista consolida a transição, iniciada dez anos antes, do uso de tinta acrílica em detrimento da tinta a óleo. O uso dos pigmentos diluídos em água permitiu Tomie explorar as transparências, as veladuras, a fluidez, de uma forma que não teria sido possível com a tinta óleo, em que os solventes são mais espessos, além de altamente tóxicos. “A água é a própria noção de fluidez, e isso permitiu com que Tomie lidasse com texturas que são menos controladas, do que as da pintura a óleo”, observa Paulo Miyada. “Uma pincelada muda a cor e a densidade, e as obras caminham para uma composição mais sintética”.  Ele explica que nos anos 1960 as obras de Tomie Ohtake tinham o fundo mais claro, onde “flutuavam retângulos, quadrados de cor. Nos anos 1970 e 80, o fundo foi sumindo e os planos coloridos se expandiram, com bordas bem definidas”.

Esculturas na Galeria Marcelo Guarnieri

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP,  apresentará, entre 20 de abril e 24 de maio, a primeira mostra de João Bez Batti na unidade de São Paulo. O artista expõe regularmente desde a década de 1960. A exposição na Galeria Marcelo Guarnieri reúne esculturas em madeira, cerâmica, basalto e bronze realizadas ao longo de seus mais de 50 anos de produção e traz à São Paulo uma parte da sua coleção de seixos, formada por mais de mil unidades. As obras do artista revelam, em suas sinuosidades e protuberâncias, a relação que possui com o universo mineral, uma relação afetiva que se constrói em conexão com outros elementos da natureza como a fauna, a flora e o curso das águas.

O artista iniciou sua formação no ITD, Instituto Técnico de Desenho e ao completar 18 anos, dá continuidade aos estudos em arte no atelier de Vasco Prado e Zoravia Bettiol, conceituados artistas gaúchos. Durante as décadas de 1960 e 1970, dedica-se ao trabalho com a madeira, produzindo torsos e cabeças em nogueira, louro e canjerana. Já na década de 1980, expande seu vocabulário, experimentando o formato tridimensional através de materiais como o mármore, o bronze e finalmente o basalto, com o qual desenvolverá uma relação especial e duradoura. Bez Batti transita entre tempos, mas também entre espaços, investigando as formas da Terra como em “Floração”, “Bólido de Espinhos” e “Touro”, ou de outros corpos celestes como em “Relevo lunar” e “Planeta arrasado”. São contrastes que se traduzem visualmente em suas peças, cujas composições podem variar entre a pedra polida e a pedra bruta.

Obras de Gabriela Machado em exposição

09/abr

A Luciana Brito Galeria, Jardim Europa, São Paulo, SP, abriu a maior exposição da artista Gabriela Machado. A exibição de “Cadê o Abre Alas?” tem curadoria de Oswaldo Corrêa da Costa e essa é a primeira exibição da artista na galeria e a mais completa que já realizou ao longo da carreira reunindo mais de cem obras, entre pinturas de maior e menor escala, assim como esculturas em porcelana, ocupando todos os espaços da galeria.

“Uma grande exposição de pinturas pequenas. Uma pequena exposição de pinturas grandes. Uma estante que vai do chão ao teto com pequenas esculturas (…) Montagem sistemática, minimizando subjetividade, provocando combinações impensadas”, diz Oswaldo Corrêa da Costa. A montagem da exposição foi inspirada pela ideia da “Morte do Autor”, de Roland Barthes, onde este defende que o autor deve desaparecer no momento em que nasce o leitor (ou espectador, no caso), pois é a partir das reflexões desse último que novas ideias surgem. Aqui, essa ideia pode ser entendida como um apagamento do rastro do curador, ou a diminuição radical de seu protagonismo, parte da crítica contemporânea à autoridade do “homem branco ocidental”. Para por essa ideia em prática, a proposta curatorial dividiu as pequenas pinturas em três grupos, ou “enxames”, compostos de telas do mesmo tamanho. Dentro de cada enxame, o ordenamento nas paredes será por degradês que vão do mais claro ao mais escuro, ou vice versa. Transferir a responsabilidade para critérios mais objetivos aumenta o enfoque sobre a cromaticidade dos trabalhos e gera um ordenamento coletivo, ao mesmo tempo em que cada obra continua se sustentando individualmente.

Essas pequenas pinturas são realizadas por Gabriela Machado como quem escreve um diário de bordo. Por onde passa, registra suas impressões na tela. Sua percepção pontual das cores, formas, brilho e luminosidade ficam registrados a óleo nas telas pequenas, que carrega para todos os lados, e contam as histórias do seu caminhar. Desde 2017, elas guardam memórias de lugares onde a artista esteve para residências artísticas, ou apenas para a formação de um olhar para sua pintura, seja em diferentes regiões de Portugal, França e Estados Unidos, ou em cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, incluindo impressões e percepções pontuais, registradas em determinados momentos, e captadas com a ajuda de frases escritas, como “Aqui cabe tudo”, “O céu perto de mim”, “Queira ou não queira, esse é o meu lugar”, “Pulo do gato” e “Cadê o Abre Alas?”, título que dá nome à exposição; frases que são exteriorizadas como verdadeiros tiros certeiros no tocar de um relógio cuco. Como num acordo íntimo entre a artista e o relógio, a cada cantada do pássaro a artista escrevia uma frase na superfície da pintura que realizava no momento, compondo o “livro do cuco”. Muitas vezes, as pinturas de Gabriela Machado situam-se no limiar entre o figurativo e o abstrato, deixando o entendimento para o espectador.

A mostra também apresenta um conjunto de pinturas mais recentes, de maior escala. Diferentemente das pequenas, essas obras maiores carregam o peso do gesto da artista em uma escala corporal. Por meio da tinta acrílica, Gabriela Machado utiliza processos rápidos e orgânicos, exteriorizando sentimentos e estados de espírito em grandes desenhos abstratos. Enquanto as pinturas menores, a óleo, realizam um trânsito de fora para dentro, trazendo para a tela as percepções do entorno, as grandes, em acrílica, acontecem de dentro para fora, traduzindo sensações momentâneas.

Em um diálogo direto com as pinturas, Gabriela Machado também apresenta uma série de pequenas esculturas em porcelana esmaltada. Dispostas da mesma forma que costumam permanecer no estúdio da artista, as peças são apresentadas em uma grande estante de madeira. Os gestos intimistas de moldagem, em escala manual, ditam os movimentos dessas peças que, segundo o curador, são “informadas pelo conhecimento acumulado em uma longa estrada, por uma habilidade desinteressada em exibicionismo. A primazia é sempre da mão; sua pegada sempre visível”.