Primeira exibição em museu

09/jul

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand  (MASP), Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta até 17 de novembro, a primeira exposição individual de pinturas da artista Lia D Castro rm um museu. Seus trabalhos mostram momentos de intimidade e afeto em um processo de investigação sobre preconceitos, masculinidade, racismo e estruturas de poder.

É impossível refletir sobre a obra da artista e intelectual Lia D Castro (Martinópolis, São Paulo, 1978) sem falar de encontros, contrastes, fricções e transformações. O público pode encontrar na exposição Lia D Castro: em todo e nenhum lugar, que reúne 36 trabalhos, sendo a maioria pinturas de caráter figurativo. As obras selecionadas exploram cenários onde o afeto, o diálogo e a imaginação se tornam importantes ferramentas de transformação social. O título da exposição parte da constatação da ausência histórica de grupos minorizados em posições de poder e decisão – em nenhum lugar -, enquanto sua presença e força de trabalho compõem as bases que sustentam a sociedade – em todo lugar. Com curadoria de Isabella Rjeille e Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, a mostra apresenta trabalhos que abrangem toda a produção da artista.

Lia D Castro utiliza a prostituição como ferramenta de pesquisa e desenvolve sua produção a partir de encontros com seus clientes – homens cisgêneros, em sua maioria brancos, heterossexuais, de classe média e alta – para subverter relações de poder ou violência que possam surgir entre eles, aliando história de vida e história social. Temas como masculinidade e branquitude, mas também afeto, cuidado e responsabilidade, são abordados nessas ocasiões e resultam em pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e instalações criadas de modo colaborativo. Nesses momentos, ela conversa com esses homens e os convida a refletir: quando você se percebeu branco? E quando se descobriu cisgênero, heterossexual? “Perguntas sobre as quais a artista não busca uma resposta definitiva, mas sim provocar um posicionamento dentro do debate racial, sobre gênero e sexualidade”, afirma a curadora Isabella Rjeille. As conversas de Lia D Castro com esses homens são permeadas por referências a importantes intelectuais negros como Frantz Fanon, Toni Morrison, Conceição Evaristo e bell hooks. Frases retiradas dos livros desses autores, lidos pela artista na companhia de seus colaboradores, são inseridas nas telas e misturam-se aos gestos, cenas, cores e personagens. O trabalho de Lia D Castro torna-se um lugar de encontro, embate e fricção, no qual ações, imagens e imaginários são debatidos, revistos e transformados. Com frequência, a artista insere referências a outros trabalhos por ela realizados, incluindo-os em outro contexto e, consequentemente, atribuindo novos significados e leituras a essas imagens. “Partindo da visão de Frantz Fanon de que o racismo é uma repetição, eu proponho combatê-lo com a repetição de imagens. Como a imagem constrói cultura e memória, ao colocar uma obra dentro da outra, busco criar novas referências estéticas”, comenta a artista.

Pinturas e metodologia artística

A produção de Lia D Castro é organizada em séries, sendo a maior delas “Axs Nossxs Filhxs”, presente nesta exposição. Desenvolvida na sala de estar e ateliê de Lia D Castro, um lugar de encontro e trocas, comerciais, intelectuais e afetivas, a série apresenta um processo criativo marcado por escolhas coletivas, da paleta de cores à assinatura das obras. A repetição é uma característica central: por meio desse recurso é possível reconhecer gestos, personagens e situações, assim como outras obras da artista que aparecem representadas nas telas, acumulando significados. A utilização do “x” no título da série se refere à diversidade de formações familiares e vínculos afetivos para além do parentesco consanguíneo ou da família heterossexual monogâmica. O uso do “x” também é utilizado para abarcar diferentes gêneros. Lia D Castro também se retrata em pinturas dessa série. Enquanto os homens estão nus, ela encontra-se vestida. Seu corpo é coberto por esparadrapos colados sobre a tela formando um longo vestido branco, na contramão da tradição histórica da pintura ocidental, em que a grande maioria dos nus são femininos. A artista subverte também pintando esses personagens em momentos de pausa, descanso, lazer, leitura e contemplação. “O caráter político da obra de Lia D Castro questiona o imaginário social que vincula violência e subalternidade a corpos não hegemônicos na arte ocidental”, afirma a co-curadora Glaucea Helena de Britto.

“Lia D Castro: em todo e nenhum lugar” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. Este ano a programação também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Catherine Opie, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.

Sobre a artista

Artista e intelectual, Lia D Castro nasceu em 1978, em Martinópolis, São Paulo, atualmente, vive e trabalha na capital paulista. A artista realizou exposições individuais no Instituto Çarê (2022), em São Paulo, e na Galeria Martins&Montero (2023), em São Paulo e na Bélgica. Dentre as exposições coletivas, destacam-se a 10ª Mostra 3M de arte – Lugar Comum: travessias e coletividades na cidade, no Parque Ibirapuera, em São Paulo (2020); A verdade está no corpo, no Paço das Artes, São Paulo (2023); Middle Gate III, no De Werft, na Bélgica (2023); Hors de l’énorme ennui, no Palais de Tokyo, na França (2023); e Dos Brasis: arte e pensamento negro, no Sesc Belenzinho, em São Paulo (2023). Sua obra integra o acervo da Galeria Martins&Montero (São Paulo e Bélgica) e S.M.A.K., Stedelijk Museum voor Actuele Kunst (Bélgica).

Catálogo

Foi publicado um catálogo bilíngue, inglês e português, composto por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra de Lia D Castro. A publicação, organizada por Adriano Pedrosa, Isabella Rjeille e Glaucea Helena de Britto, inclui textos de Ana Raylander Mártis dos Anjos, Denise Ferreira da Silva, Glaucea Helena de Britto, Isabella Rjeille e Tie Jojima. Com design do PS2 – Flávia Nalon e Fábio Prata, a publicação tem edição em capa dura.

Na Sala de vidro do MAM São Paulo

04/jul

Os avanços tecnológicos da corrida espacial entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, que culminou com a chegada do homem à Lua em 1969, estão no imaginário de Emmanuel Nassar. Mas o título de sua instalação Lataria Espacial, além dos aspectos científico e político, traz também um termo informal, que se refere a estruturas metálicas de veículos motorizados. Para o artista, lataria está associada ao termo “lata velha”, geralmente usado para designar o estado precário de grandes máquinas deterioradas. O trabalho aproxima opostos: a lataria envelhecida e com sinais de desgaste, o que há de primitivo e popular nas funilarias do subúrbio às missões espaciais e altamente tecnológicas que colaboraram para o desenvolvimento das comunicações via satélite. Há, nessa justaposição, algo do sonho e da fantasia de voar. Mas se o voo está ligado à imagem da liberdade que tanto aviões quanto pássaros evocam, uma das asas de Lataria Espacial está decepada, como se estivesse incrustada na parede. Dentro da Sala de Vidro do MAM São Paulo, a obra parece tratar mais da impossibilidade de levantar voos do que da completa realização do desejo de liberdade. O artista projetou e construiu seu próprio jato particular, que se assemelha aos aviões de brinquedo, mas é inspirado no modelo Phenom 300, da Embraer, que está entre os jatos executivos mais vendidos no mundo. Mas, em vez de fazer um elogio à alta performance e ao poder que uma aeronave de pequeno porte carrega, o artista aponta de modo irônico para as contradições sociais do país e para o contraste entre o imaginário da elite e do povo, justamente mostrando que essa separação já não é tão clara. Emmanuel Nassar valoriza as cores das chapas metálicas publicitárias e o que há de popular na periferia de centros urbanos, em especial de Belém do Pará. Embora, no presente trabalho, ele não se aproprie das placas descartadas, recorrendo ao zinco galvanizado, o conjunto de pinturas que formam o avião ecoa o improviso das soluções inventivas. Entre as marcas da poética de Emmanuel Nassar está o reconhecimento das gambiarras, as engenhocas provisórias, realizadas com poucos recursos, que resolvem problemas práticos do cotidiano. Lataria Espacial permite que os diversos públicos do MAM se divirtam ao serem recebidos com o prestígio e status de um tapete vermelho, brinquem, tirem selfies com a bagagem, como se estivessem prestes a embarcar num sonho que, embora não decole de modo literal, realiza-se na experiência única e generosa que a obra proporciona.

Cauê Alves (Curador-chefe do MAM São Paulo)

Sobre o artista

Emmanuel Nassar nasceu em 1949, em Capanema. Formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1975. Teve mostras retrospectivas, dentre as quais Lataria Espacial, Museu de Arte do Rio, (2022); EN: 81-18, Estação Pinacoteca, São Paulo, (2018); A Poesia da Gambiarra, com curadoria de Denise Mattar, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e Brasília, DF (2003); e Museu de Arte Moderna de São Paulo, (1998). Também realizou individuais em diferentes instituições, como: Galeria Millan, São Paulo, SP (2016, 2013, 2010, 2008, 2005, 2003); Museu Castro Maya, Rio de Janeiro, (2013); Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, (2012): Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo, (2009); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, (2003). Entre as mostras coletivas de que participou, se destacam I Bienal das Amazônias, Belém, Brasil; Brasil Futuro: as formas da democracia, Museu Nacional da República, Brasília, DF e Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, Belém, PA, em 2023; Desvairar 22, Sesc Pinheiros, São Paulo, (2022); Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio, (2021); Língua Solta, Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, (2021); Potência e Adversidade, Pavilhão Branco e Pavilhão Preto, Campo Grande, Lisboa, Portugal (2017); Aquilo que Nos Une, Caixa Cultural Rio de Janeiro, (2016); 140 Caracteres, Museu de Arte Moderna de São Paulo, (2014); O Abrigo e o Terreno, Museu de Arte do Rio, (2013); Ensaios de Geopoética, 8ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2011); VI Bienal Internacional de Estandartes, Tijuana, México (2010); Fotografia Brasileira Contemporânea, Neuer Berliner Kunstverein, Berlim, Alemanha (2006); Brasil + 500 – Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal de São Paulo, (2000); 6ª Bienal de Cuenca, Equador (1998); 20ª e 24ª Bienal de São Paulo, SP (1998 e 1989); representação brasileira na Bienal de Veneza, Itália (1993); U-ABC, Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; e a 3ª Bienal de Havana, Cuba (1989). Suas obras integram coleções como a Colección Patricia Phelps de Cisneros, Nova York e Caracas, Venezuela; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo; Museu de Arte do Rio; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, e University Essex Museum, Inglaterra.

Até 25 de Agosto.

Carlos Dias na Choque Cultural

03/jul

O multiartista Carlos Dias apresenta o happening “Desenho Cego” na Choque Cultural, sábado, dia 06 de julho, das 11 às 17hs, Alameda Sarutaiá, 206, Jardim Paulista, São Paulo, SP. Em 2024, comemorando duas décadas de parceria, Carlos Dias foi convidado para uma participação especial na exposição 2024 – Coletiva Choque 20 Anos! Além de pinturas inéditas, Carlos Dias apresentará um evento performático que tem desenvolvido nos últimos anos: o Desenho Cego – onde música e pintura se encontram em simbiose criativa.

DESENHO CEGO: ao som ambiente produzido também ao vivo pelo músico Kaue Garcia @lugardepala, Dias e Midi @midiyumi farão desenhos e pinturas com os olhos vendados.

Carlinhos Dias foi dos primeiros artistas a se apresentar na Choque em 2005, na emblemática exposição “Catalixo” – que mapeava as novas linguagens urbanas que estavam transformando a paisagem paulistana (e também o cenário artístico da cidade). Na época, Carlos Dias era um ativo participante do núcleo de artistas dedicados às imagens impressas (cartazes, flyers, sticker art e graphic design-art). Carlos Dias também experimentava outras linguagens (música, animação e se apresentava em shows com suas bandas). A partir de então, o artista passou a se dedicar com mais intensidade à pintura, mídia com a qual se projetou definitivamente nos círculos de colecionadores nacionais e internacionais.

Sua participação no ambiente artístico sempre foi múltipla e não-convencional – seja nos ambientes alternativos ou regulares, em museus, galerias, no rádio, na TV ou no showbizz. Carlos Dias participou de importantes exposições nacionais e internacionais promovidas pela Choque: coletivas na Inglaterra, França e Estados Unidos, como Ruas de São Paulo em Londres em 2007, Choque em Basel 2008, São Paulo Streets em Los Angeles em 2008, Dentro e Fora no MASP em 2009 e a exposição individual um Passo Ao Seu Alcance no Paço das Artes em 2012.

Exposição Coletiva Diadorim

01/jul

A NONADA SP, Praça da Bandeira, Centro, São Paulo, SP, exibe até 21 de agosto a mostra  coletiva “DIADORIM”, sob curadoria de Guilherme Teixeira reunindo 17 artistas em torno de 19 obras que exploram temas como corpo, inadequação, pertencimento e gênero, utilizando diversas técnicas e suportes, incluindo pintura, escultura, fotografia, desenho, objetos, videoarte, performance e instalações, atualizando questões conceituais do clássico “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa, obra da qual a galeria retirou seu nome e conceito. A exibição permanecerá em cartaz até 31 de agosto.

Diadorim, um personagem que se veste como homem para acompanhar os cangaceiros e proteger-se, traz à tona discussões contemporâneas sobre construção de gênero e performance social. Esta narrativa literária oferece um ponto de partida para a reflexão sobre identidades de gênero e seus desdobramentos na sociedade atual.

Guilherme Teixeira, o curador, é reconhecido por seu trabalho que atravessa temas de identidade, sexualidade e pertencimento. A seleção de um grupo diversificado de artistas possibilitou a exibição de suas próprias perspectivas e experiências para o evento. Esta abordagem pluralista permite uma ampla gama de interpretações e provocações sobre as temáticas abordadas. Andre Barion, Andy Villela, Ana Matheus Abbade, Ana Raylander Martís dos Anjos, Amorí, Bruno Magliari, Rafaela Kennedy, Santarosa, Juno, Ode, Diambe, Daniel Mello, Domingos de Barros Octaviano, Linga Acácio, Flow Kontouriotis, Wisrah C. V. da Celestino e Nati Canto trazem uma diversidade de estilos e abordagens. A pluralidade de técnicas e temas reflete o compromisso da NONADA em proporcionar um espaço para a diversidade artística e cultural.

NONADA, cujo nome deriva de um neologismo criado por João Guimarães Rosa, tem como missão preencher lacunas na cena artística contemporânea, promovendo um espaço inclusivo e de experimentação. Seus fundadores, João Paulo, Ludwig, Luiz e Paulo, destacam que a NONADA é um espaço híbrido que acolhe, expõe e dialoga, oferecendo uma plataforma para trabalhos de alta qualidade que abordam temas políticos, identitários e de gênero, entre outros.

Por dentro da paisagem

A exposição coletiva de arte cubana com Alejandro Lloret, Alexis Iglesias e J. Pável Herrera está em cartaz no Instituto Cervantes de São Paulo.

O Instituto Cervantes de São Paulo, Avenida Paulista, inaugurou a exposição “Por dentro da paisagem”, com pinturas e desenhos que mostram manifestações da arte cubana contemporânea, rica em simbolismo e reflexão, tem revelado uma tendência na ressignificação da paisagem e dos objetos do cotidiano através de um olhar singular dos artistas insulares. Na mostra, Alejandro Lloret (1957) Alexis Iglesias (1968), e J. Pável Herrera (1979) se destacam neste movimento, cada um trazendo uma perspectiva única e profunda sobre os espaços da paisagem e suas possibilidades significativas.

Com suas abordagens distintas, os três artistas convergem em uma visão que transcende o mero aspecto visual das paisagens. Eles convidam o espectador a uma contemplação mais profunda, onde cada espaço vazio, cada recorte da paisagem e cada objeto abandonado revelam histórias ocultas e significados transcendentais. Através de suas obras, nos oferecem uma ressignificação do olhar, uma oportunidade de enxergar o mundo com uma percepção mais aguçada, sensível e atemporal, conectando o material ao imaterial e o cotidiano ao permanente.

Rocket na Alma da Rua I

A Galeria Alma da Rua I, Vila Madalena, São Paulo, SP,  inaugurou a exposição “Antigos Agoras” do artista Rocket. A mostra fica em cartaz até 31 de julho, oferecendo ao público uma perspectiva única sobre a evolução da arte urbana e as influências que moldaram o trabalho do grafiteiro.

“Antigos Agoras”, sob curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap,  propõe uma reflexão sobre cenas e ideias que evocam memórias e experiências passadas, muitas vezes despercebidas no cotidiano. Este conceito dialoga com a história da arte urbana, que sempre buscou capturar e refletir as dinâmicas sociais e culturais das cidades. A técnica de Rocket, que utiliza humanoides como elemento central, propõe uma nova interpretação da figura humana e suas interações com o espaço e as cidades. Seu estilo se alinha à tradição da arte de rua, que historicamente tem sido uma forma potente de expressão e resistência cultural.

A exposição na Galeria Alma da Rua I oferece uma oportunidade valiosa para explorar a trajetória do grafite e sua influência na cultura contemporânea. A galeria, conhecida por seu apoio à arte urbana e seus criadores, reafirma seu compromisso com a promoção e valorização deste movimento cultural.

Sobre o artista

Rocket, nascido no bairro Jardim São Pedro, no extremo leste de São Paulo, iniciou sua prática no grafite em 2006. Suas primeiras influências vieram do movimento Hip-Hop, dos amigos e da rebeldia típica da adolescência. Integrante da crew de grafite OTM, Rocket desenvolveu um estilo distintivo que se concentra na criação de personagens humanoides, caracterizados por traços respingados, cores vibrantes e anatomias não convencionais.

MASP apresenta Catherine Opie

27/jun

Artista norte-americana faz primeira mostra individual no Brasil e exibe seus retratos nos icônicos cavaletes de cristal em diálogo com obras do acervo do museu desde 05 de julho até 27 de outubro.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Catherine Opie: o gênero do retrato”, com obras de um dos principais nomes da fotografia internacional contemporânea. Catherine Opie (Sandusky, Ohio, EUA, 1961) foi uma das precursoras na discussão sobre questões de gênero entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990. Sua produção dialoga com a tradição do retrato – um dos mais tradicionais gêneros da pintura ocidental – de modo a dar legitimidade a novos corpos, subjetividades e experiências que emergem na sociedade contemporânea. Em suas fotografias, Catherine Opie retrata diversas expressões e subjetividades de indivíduos e coletivos que se identificam com gêneros e orientações sexuais diversas, especialmente pessoas queer.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, a mostra reúne 63 fotografias de suas séries mais emblemáticas, desenvolvidas ao longo de mais de três décadas. Os retratos de Catherine Opie figuram ao lado de 21 importantes pinturas da coleção do MASP, entre elas, de Pierre-Auguste Renoir, Hans Holbein, Anthony van Dyck e Van Gogh. As obras são apresentadas em diálogo com o objetivo de acentuar os diálogos, tensões e reformulações aos quais o trabalho de Catherine Opie se propõe, além de desdobrar a predileção pela arte figurativa, marca da coleção do museu.

A artista explora o gênero clássico do retrato assumindo algumas de suas características, – fundo neutro, os gestos com as mãos, as expressões e os enquadramentos – e adiciona novos elementos, como a diversidade de gênero, as práticas sexuais, os corpos distintos e os relacionamentos familiares homossexuais. “É fundamental que todos os seres humanos sejam legitimados, isso é necessário para a inclusão de todas as pessoas, para a humanidade. Ao utilizar a estética tradicional do retrato, conforme a minha visão sobre a retratística, busco manter o espectador envolvido na obra durante a observação. Além disso, é uma forma de redefinir o corpo queer dentro de uma formalidade conhecida, e não tratar apenas de uma fotografia documental”, comenta Catherine Opie.

Obras e referências

A fotógrafa tem como uma de suas principais referências o pintor Hans Holbein (1497-1534), inspirando-se nos elementos formais que compõem os retratos do pintor alemão, como o uso da cor chapada ao fundo, especialmente o azul. Suas produções também se assemelham por se tratar de conjuntos de retratos que carregam um sentido de comunidade. Em Holbein, tal recorrência reafirma a ascendência ou a aliança familiar. Já em Catherine Opie, as conexões se sustentam por amizade, identificação e proteção, como em uma galeria de retratos de uma espécie de nobreza queer. Na exposição, a fotografia JD da série Girlfriends (Color) (2008) da artista, é apresentada ao lado da pintura O poeta Henry Howard, conde de Surrey (Circa 1542), de Holbein, o que dá destaque às suas semelhanças e particularidades. “Trata-se da apropriação da tradição e de marcadores associados às elites para dar a mesma condição de visibilidade a gêneros que muitas vezes não fizeram parte do universo de possibilidades da representação”, reflete Guilherme Giufrida.

Being and Having (Ser e ter) (1991) foi a primeira série de retratos de Catherine Opie apresentada em uma exposição individual. A série é composta por 13 fotografias que retratam performances de figuras masculinizadas por seus atributos, como bigodes ou bonés, denominadas drag kings. Ao invés do nome oficial da pessoa retratada, Catherine Opie optou pelo nome fictício, de identificação coletiva e afetivo dentro do grupo de amigas do qual faz parte. O título é uma paródia das teorias de Jacques Lacan (1901-1981) sobre o lugar do falo na construção da sexualidade. Essa série inaugurou no trabalho de Catherine Opie um conjunto de retratos em estúdio que se estende até hoje, sendo que alguns deles possuem referências internas, como a cor de fundo vermelha, as roupas, a pose e o banco que se repetem propositalmente em Pig Pen (1993) e Elliot Page (2022). A fotografia do ator, produtor e diretor canadense Elliot Page, conhecido por produções de sucesso como o filme “Juno”, ilustra a capa de sua biografia Pageboy, que conta a história do seu processo de transição de gênero.

Sobre a artista

Catherine Opie nasceu em Sandusky, em Ohio, USA, em 1961. Atualmente, vive e trabalha em Los Angeles, onde foi também professora no departamento de Artes da Universidade da Califórnia (UCLA). Desde o fim dos anos 1980, realizou diversas exposições individuais em instituições de reconhecimento internacional, como o Guggenheim Museum (Nova York), Los Angeles County Museum of Art (Los Angeles), Regen Projects (Los Angeles), Thomas Dane Gallery (Londres), Institute of Contemporary Art (Boston e Canadá). Seu trabalho integra o acervo de instituições internacionais como Guggenheim Museum, Institute of Contemporary Art, J. Paul Getty Museum, Museum of Contemporary Art, Museum of Fine Arts, National Portrait Gallery, Tate e Whitney Museum.

Catálogo

Serão publicados dois catálogos, em inglês e português, compostos por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra de Catherine Opie. A publicação é organizada por Adriano Pedrosa e Guilherme Giufrida, e inclui textos de Ashton Cooper, David Joselit, Guilherme Giufrida, Jack Halberstam e Vi Grunvald. Com design do Estúdio Permitido, a publicação tem edição em capa dura.

A exposição “Catherine Opie: o gênero do retrato” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+ que também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Lia D Castro, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.

A arte de Renato Gosling no Museu FAMA

26/jun

Giz de lousa, palito de fósforo e carteira escolar se tornam obras de arte em “A Verdade sobre a Nostalgia”, mostra que explora o imaginário do visitante e viaja entre passado e presente. A exposição convida o público a relembrar memórias de infância.

O Museu FAMA – Fábrica de Arte Marcos Amaro – juntamente com o artista Renato Gosling, inaugura a exposição individual intitulada “A Verdade sobre a Nostalgia”. Curada por Jhon Voese, a exposição terá início em 29 de junho e permanecerá em exibição até 29 de setembro, com representação de @nata_artdesign

“A Verdade sobre a Nostalgia” mergulha nas profundezas da memória e da emoção, convidando o público a explorar a intersecção entre o passado e o presente através das obras de Renato Gosling. Reconhecido por sua habilidade em capturar a essência da experiência humana, o artista apresenta uma série de trabalhos que evocam sentimentos de nostalgia, mas também questionam a natureza da memória e da Identidade Brasileira.

A exposição estará aberta ao público no Museu FAMA, localizado na Rua Padre Bartolomeu Tadei, 09 – Alto, Itu – SP. Os visitantes poderão desfrutar das obras de Renato Gosling de quarta a domingo, das 11h às 17h, na Sala 5.

Sobre o artista

Renato Gosling, nasceu em 1976, é natural de São Paulo, SP. Em sua obra apropria-se de um trabalho paralelo e sinérgico ao mundo contemporâneo através de micro-narrativas e gatilhos para os espectadores terem suas sensações e exprimentações. No mundo atual onde o 140 caracteres predomina, Renato Gosling  descarrega toda sua inquietude e ansiedade em objetos e fotos que transmitem o cotidiano popular Brasileiro, recorrendo a infância e a memória afetiva.

Sobre o curador

Jhon Voese nasceu em Guarapuava, interior do Paraná e trabalhou por mais de oito anos no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba – PR. Formado em História com Mestrado em Artes pela Unespar, onde escreveu sobre o Faxinal das Artes (2002). Atualmente cursa o doutorado em História na UFPR. Sua pesquisa atual trata da relação Arte e Ecologia e tem como objeto a mostra Arte Amazonas (1992) anunciada pelo MAM-RJ como contrapartida artística para a Eco-92.

Giz de lousa, palito de fósforo e carteira escolar se tornam obras de arte em “A Verdade sobre a Nostalgia”, mostra que explora o imaginário do visitante e viaja entre passado e presente. A exposição convida o público a relembrar memórias de infância.

O Museu FAMA – Fábrica de Arte Marcos Amaro – juntamente com o artista Renato Gosling, inaugura a exposição individual intitulada “A Verdade sobre a Nostalgia”. Curada por Jhon Voese, a exposição terá início em 29 de junho e permanecerá em exibição até 29 de setembro, com representação de @nata_artdesign

“A Verdade sobre a Nostalgia” mergulha nas profundezas da memória e da emoção, convidando o público a explorar a intersecção entre o passado e o presente através das obras de Renato Gosling. Reconhecido por sua habilidade em capturar a essência da experiência humana, o artista apresenta uma série de trabalhos que evocam sentimentos de nostalgia, mas também questionam a natureza da memória e da Identidade Brasileira.

A exposição estará aberta ao público no Museu FAMA, localizado na Rua Padre Bartolomeu Tadei, 09 – Alto, Itu – SP. Os visitantes poderão desfrutar das obras de Renato Gosling de quarta a domingo, das 11h às 17h, na Sala 5.

Inauguração do Corredor Cronológico Fábrica São Pedro

25/jun

Convidamos a todos para a inauguração da exposição Corredor Cronológico Fábrica São Pedro, no dia 29 de junho, no Centro Cultural Fábrica São Pedro, Fama Museu, em Itu-SP, que contará com detalhes como o espaço da antiga Cia Fiação e Tecelagem São Pedro funcionava no passado, mostrando o material em forma bruta sendo lapidado até alcançar o produto final, seguido de imagens históricas que, para além de parágrafos, também trabalham as questões visuais, e expande a cabeça do leitor na qual além de entender a história desenvolve uma habilidade de reviver o passado e ao adentrar nas salas de exposições se deparam com um choque de atualidade se misturando com o passado.

O corredor da Fábrica São Pedro, abrigará a exposição que compõe a contrapartida do Projeto Restauro do Telhado para a Habilitação de Novas Galerias do Fama Museu, contemplado pelo Programa de Ação Cultural – ProAC Editais 35/2023 da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, permitindo contar a narrativa da fábrica através da passagem e das paredes do seu tão famoso corredor, mantendo viva a história e a memória deste local. É mais um marco de nossa históri

Calder e Miró no Instituto Tomie Ohtake

21/jun

Com mais de 150 obras, Calder+Miró retoma a ligação entre os trabalhos de Alexander Calder e Joan Miró – assim como os desdobramentos dessa amizade na cena artística brasileira. “Calder+Miró” é uma exposição que reúne dois artistas incontornáveis para quem quer pensar com sensibilidade nos caminhos da arte moderna.

Ocupando quase todos os espaços expositivos do Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, até 15 de Setembro, a mostra contempla a amizade entre um dos principais escultores modernos e um dos mais famosos pintores surrealistas: o escultor norte-americano Alexander Calder (1898-1976) e o catalão Joan Miró (1893-1983). Os dois foram, cada um em sua trajetória, embaixadores da ideia de que a abstração poderia ser um canteiro aberto de experimentação dinâmica, permeado pelos modos de criação intuitivos, de artistas circenses, da mecânica e da poesia.

Com curadoria de Max Perlingeiro, acompanhado pelas pesquisas de Paulo Venâncio Filho, Roberta Saraiva e Valéria Lamego, a mostra traz cerca de 150 peças – entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, móbiles, stabiles, maquetes, edições, fotografias e jóias.

Acompanhando todo o período expositivo de Calder+Miró, o Instituto Tomie Ohtake oferece uma programação pública inteiramente gratuita e destinada a públicos diversos. Instigadas pelas obras e pelos processos criativos dos artistas, as diferentes atividades incluirão jogos e ativações lúdicas, oficinas práticas – como de desenho de observação em movimento e de construção de móbiles -, uma programação voltada à exploração sonora das obras, bem como cursos e rodas de conversa que exploram temas como a relação entre vanguarda brasileira e a abstração, o encontro entre a Arquitetura e artes visuais no Brasil, e a produção de artistas contemporâneos. Ainda, o Instituto promoverá uma série de ações voltadas especialmente à educação, oferecendo uma programação de abertura para professores da rede pública, um ciclo de conversas que discutirá a intersecção entre arte e educação, além das visitas mediadas e visitas ateliês oferecidas à escolas e outras instituições.

Ecos Nacionais

Uma seleção de trabalhos de nomes consagrados e influenciados direta ou indiretamente pelas produções de Calder e Miró – incluindo Tomie Ohtake – será colocada em diálogo com as obras dos dois artistas. Entram aí obras de Abraham Palatnik, Aluísio Carvão, Antonio Bandeira, Arthur Luiz Piza, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Ione Saldanha, Ivan Serpa, Mary Vieira, Milton Dacosta, Mira Schendel, Oscar Niemeyer, Sérvulo Esmeraldo e Waldemar Cordeiro.

No Brasil, as obras de Calder e Miró apresentam importantes desdobramentos nos debates estéticos e produções artísticas que, a partir da década de 1940, passaram a pautar a abstração de maneira mais enfática. A relevância das contribuições desses artistas no contexto nacional se mostra, ainda, na larga presença de seus trabalhos em coleções brasileiras – para esta exposição, todas as obras apresentadas são provenientes de coleções públicas e privadas do Brasil.