Despedida de curadoria

11/jan

 

Com a abertura da exposição “M’Kumba”, que reúne fotografias de Gui Christ, no dia 14 de janeiro, às 10h, deixa o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, o pesquisador, jornalista, curador e ativista social Marco Antonio Teobaldo, que esteve à frente da instituição desde 2010.

Desde então, o IPN se tornou referência em escravidão no Brasil, se consolidando em um importante pólo de resistência cultural, afirmação da Negritude, da arte e da memória. Ao todo, sob sua curadoria, foram realizadas três exposições permanentes – no Museu Memorial Pretos Novos, criado em 2011 – 37 exposições na Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, instituída em 2012, e uma exposição no Espaço Tia Lúcia, aberto em 2019 em homenagem à artista local, com o objetivo de ser um espaço exclusivo para exibição de arte bruta, design e artesanato.

Marco Antonio Teobaldo deixa a instituição a que é tão ligado para se dedicar ao mestrado em Museologia na UniRio, onde já está mergulhado em um tema que ainda não foi estudado: Museologia de Terreiro. Ele vai também colaborar mais intensivamente com o Museu de Imagens do Inconsciente, onde faz parte do Conselho Consultivo da Sociedade Amigos do Museu; continuar o seu trabalho no Comitê de Gestão Compartilhada da Coleção Nosso Sagrado, do Museu da República; partilhar suas experiências na Rede de Museologia Social, da qual faz parte e a representa na Comissão Consultiva do Sistema Estadual de Museus, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro; e seguir a curadoria do Museu Memorial Iyá Davina, onde vem desenvolvendo o seu trabalho desde 2018.

A curadora Evangelina Seiler comenta que Marco Antonio Teobaldo é “um pesquisador que sempre apoiou e investigou a produção artística contemporânea, principalmente no que se refere à arte de terreiro, indígena e das raízes africanas da nossa história. Seu trabalho como curador no Instituto Pretos Novos foi pioneiro, se iniciou muito antes deste segmento artístico ganhar a atenção que recentemente se vê nas instituições no Brasil e no mundo. Sua contribuição para a cultura ficou registrada como de excelência”.

Clara Gerchman, cofundadora e gestora do acervo do Instituto Tunga e fundadora e diretora do Instituto Rubens Gerchman, diz: “O que vale destacar entre as muitas conquistas e feitos, muitas primeiras vezes, ações inaugurais, é que Marco Antonio Teobaldo musealizou aquele espaço, conseguindo com sua equipe e com Mercedes Guimarães mostrar e formar a apropriação daquele local. É claro que qualquer instituto, sua missão e visão, pode mudar com o passar do tempo, se redimensionar, mas foi muito importante nessa primeira grande fase, durante mais de uma década, esse papel dessa consciência, de fincar essa bandeira territorial, de existência. Isso aqui existe. Vamos botar no mapa, na cidade, no entorno, no país, vamos dar uma noção de pertencimento, vamos estruturar. Outras fases virão, e o IPN irá amadurecer, mas essa primeira etapa de vida foi muito fecunda por sua existência, como um legado, um lugar de memória, de pensamento, de exposições. A questão de musealização passa por aí. Tenho muito orgulho de ter acompanhado essa belíssima trajetória”.

Sobre ele, conta Heloisa Buarque de Hollanda – escritora e diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (Letras/UFRJ): “Desde 2010 sou testemunha do trabalho de Teobaldo para criar e transformar o IPN em uma referência nacional sobre a escravidão no Brasil. Em 2011, Teobaldo prosseguiu, criando o Museu Memorial Pretos Novos, com janelas arqueológicas e vestígios das escavações. Em 2012, criou a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, tudo isso no período de três anos. A galeria atraiu novos artistas ligados às questões daquele histórico território preto e da escravidão e da diáspora africana enquanto constituintes da nossa sociedade e da persistência estrutural do racismo entre nós. A galeria apresentou uma programação diversificada e libertária, oferecendo aos artistas possibilidades de desenvolver trabalhos inéditos e desafiadores. Simultaneamente, era criado um fluxo de visitação entre os dois espaços expositivos, ou seja, o Museu Memorial Pretos Novos e a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, atraindo e formando um público novo para a arte e para a memória do Brasil. Alguns artistas que se apresentaram no espaço da Galeria foram Rosana Paulino, Lidia Lisboa, No Martins, Heberth Sobral, Moisés Patrício, Tia Lúcia e Mel Duarte. Hoje, todos conhecidos no circuito de arte, talvez pelo gosto do novo e do emergente na cultura,  que define o trabalho e o sonho de Teobaldo. Um amigo, um parceiro e um profissional competente e criador”.

Para Mario Chagas, diretor do Museu da República, Marco Antonio Teobaldo “fez uma diferença significativa à frente do IPN porque aportou um conhecimento especializado, técnico, e, para além de tudo, isso um saber sensível, delicado, dinâmico. Ele conseguiu ao longo do tempo fazer coisas notáveis. Colocou o IPN na pauta da cultura do Rio de Janeiro, realizou exposições, promoveu debates, inseriu o IPN no âmbito da rede da museologia social do Rio de Janeiro, o que não é pouca coisa, onde tem dado contribuições notáveis. E tudo isso associado ao fato de que ele é uma pessoa de axé. É também vinculado ao Ilê Omolu Oxum, e conseguiu fazer uma articulação para raros: o IPN, Museu Memorial Iyá Davina, do Ilê Omolu Oxum, e o Museu de Imagens do Inconsciente. Ele articulou essas áreas diversas com delicadeza, sabedoria, amorosidade, aspectos importantíssimos que caracterizam Teobaldo”.

 

LIUBA no MUBE

20/dez

 

Bichos, plantas, bestas, deuses e personagens de mitos – apesar da origem europeia, LIUBA foi uma das esculturas que parece ter melhor entendido nosso imaginário ancestral, originário e popular. Mas, apesar de ter participado de três Bienais de São Paulo e ter apresentado uma individual importante no MAM RJ em 1965, ela é uma artista pouco conhecida pelo grande público e quase nunca citada nas aulas de história da arte. Uma grande falha.

Uma ótima oportunidade para mergulhar no universo dessa artista tão poderosa é visitar a exposição “LIUBA – Corpo Indomável”, curada por Diego Matos no MUBE, Jardim Europa, São Paulo, SP. Maior exposição panorâmica da artista desde 1996, quando Emanoel Araújo reuniu trabalhos da artista na Pinacoteca de São Paulo, a mostra apresenta 200 obras entre esculturas, relevos, gessos, desenhos e estudos e nos ajuda a compreender melhor como seu trabalho se desenvolveu ao longo de seis décadas.

Liuba nasceu na Bulgária onde cresceu envolvida por um cenário cultural e intelectual poderoso promovido pelos pais. Estudou música e literatura e, aos 20 anos, mudou-se para a Suíça, para fugir das invasões durante a Segunda Guerra, onde se envolveu pela primeira vez com artes visuais. Trabalhou com Germaine Richier entre os anos de 1943 a 1949, nos ateliês em Zurique e Paris, mantendo a amizade e as trocas intelectuais com ela até o fim da vida.  Seus pais escolheram São Paulo para se exilar. E, depois de passar pelos EUA e em alguns países da África, ela chegou ao Brasil em 1958 e permanceu.

É interessante notar como as esculturas vão mudando e sua primeira preocupação em representar o corpo feminino se transforma numa pesquisa instigante sobre a geometria de animais alados. E a preocupação com a figuração, muitas vezes influenciada pela representação egípcia, passa para estudos de figuras mais abstratas, revezando entre um acabamento mais polido e outros mais ásperos, deixando excessos e marcas pós-fundição.

Vale reparar, ainda, nas fotos que ela fez de suas esculturas usando as belíssimas joias que desenhou. Outro destaque é a uma madona em bronze, com mais de 3,20 m de altura, encomendada pelo arquiteto Franz Heep para o projeto da Paróquia São Domingos – ela está localizada na frente de uma faixa de vidro por onde entra uma luz quase divina no museu e de onde podemos ver o desenho do principal conceito de arquitetura de Paulo Mendes da Rocha quando idealizou o museu: uma pedra de concreto flutuando (dizem que essa era a vista preferida do arquiteto!)

Destaque especial para a expografia idealizada por Diego Matos que abriu a clarabóia do museu, resolvendo um problema crucial do MUBE: a iluminação. As posições das obras, umas olhando para outras, também ficou especial e criou diálogos formais e temáticos ao longo da carreira da artista. Outro gol marcado pela curadoria foi assumir as bases que a própria LIUBA usava para mostrar os trabalhos: blocos de tijolos do cimento e bancos cheios de tintas e marcas do tempo começaram a ser adotados pela artista como base das obras quando ela fez a individual no MAM – como o museu ainda não estava pronto, LIUBA pegou objetos e materiais da construção para fazer a expografia. Simples e chique como a mostra.

Até 05 de fevereiro de 2023.

 

 

Centelhas em Movimento

16/dez

 

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP,  visita a Coleção Igor Queiroz Barroso. Em exibição cerca de 190 obras de mais de 55 artistas do acervo cearense.

Esta exposição da Coleção Igor Queiroz Barroso inaugura o programa “Instituto Tomie Ohtake visita”, que busca dar acesso ao grande público a obras de qualidade atestada e pouco exibidas, apresentadas sob diferentes leituras curatoriais. “Ao estar desobrigado de uma coleção permanente, por não ser um museu, o Instituto Tomie Ohtake tem flexibilidade para visitar múltiplos agentes do meio artístico, imergindo em seus repertórios, ações e acervos, e oferecendo aos públicos uma montagem articulada que atravessa a história da arte de modo único e temporário”, afirma Paulo Miyada, que assina a curadoria de “Centelhas em Movimento”, ao lado de Tiago Gualberto, artista e curador convidado para desenvolver a abordagem curatorial da coleção.

Baseada em Fortaleza, CE, a Coleção Igor Queiroz Barroso tem sido formada nos últimos 15 anos, ainda que suas raízes sejam mais antigas. Colecionar arte (em especial, colecionar arte moderna brasileira) é uma dedicação antiga na família de Igor Queiroz Barroso, remontando às iniciativas de seus avós paternos, Parsifal e Olga Barroso, e maternos, Edson e Yolanda Vidal Queiroz, e carregada até ele por seu tio Airton, e sua mãe, Myra Eliane. Essa herança implicou o convívio com a arte, a percepção do sentido do colecionismo e até mesmo a guarda de obras que até hoje estão entre os pilares de sustentação do conjunto que Igor tem reunido. A Coleção Igor Queiroz Barroso conta com cerca de 400 obras e destaca-se por selecionar não apenas artistas de grande relevância histórica, mas por buscar obras de especial significância na trajetória desses artistas.

No recorte realizado para a exposição – de uma coleção que abriga obras produzidas entre os séculos XVIII a XXI de nomes nacionais e estrangeiros – destaca-se a produção de artistas atuantes no Brasil ao longo do século XX, sob a ambivalência do modernismo, movimento tão discutido neste ano em que se comemora os 100 anos da Semana de Arte Moderna paulista.

As esculturas, pinturas e desenhos reunidos indicam a diversidade abarcada pela mostra.  Gualberto destaca obras conhecidas como Ídolo (1919) e Cabeça de Mulato (1934) de Victor Brecheret (1894-1955), Índia e Mulata (1934) de Cândido Portinari (1903-1962), além de trabalhos de Alfredo Volpi (1896-1988), Willys de Castro (1926-1988), Lygia Pape (1927-2004), Mary Vieira (1927-2001), Djanira da Motta e Silva (1914-1979), Chico da Silva (1910-1975) e Rubem Valentim (1922-1991). O curador acrescenta ainda nomes célebres da arte brasileira como Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964), Maria Martins (1894-1973) e um grande número de obras produzidas entre as décadas de 1950 e 1970. “Esse adensamento de produções também reflete um contingente bastante diverso de artistas, além de nos oferecer privilegiados pontos de observação das maneiras com que os valores modernos foram transformados e multiplicados na metade do século”.

Segundo a dupla de curadores, desde seu primeiro ambiente, a mostra compartilha enigmas sobre a formação da arte brasileira e seus profundos vínculos com o território e a nação. “São convites para que cada visitante encontre seus caminhos e hipóteses por essas montagens, encontrando o modernismo, suas consequências e desvios em estado de ebulição, com sua cronologia embaralhada, suas hierarquias em suspensão e com a constante possibilidade de encontrar retrocessos nos avanços e saltos adiante nos retornos. Uma forma de reacender o calor impregnado na fatura de cada uma das obras”, completam Tiago Gualberto e Paulo Miyada.

Foi neste contexto pensada a expografia de “Centelhas em Movimento”, construída com  painéis flutuantes e autoportantes, que colocam em relações de eco e contraste obras de artistas distintos, de momentos e contextos diferentes: retratos e fisionomias, com Ismael Nery, Di Cavalcanti, Brecheret, Da Costa, Segall; evocações cosmogônicas, com Antonio Bandeira e Antonio Dias, em contato com a Piedade barroca de Aleijadinho; paisagens, com Chico da Silva, Beatriz Milhazes, Manabu Mabe, Danilo Di Prete, Teruz; rupturas concretas ao lado de obras figurativas, com Volpi, Da Costa, Lygia Clark, Maria Leontina; parábolas conceituais que tangenciam sintaxes formais, com Sérvulo Esmeraldo, Mira Schendel, Sergio Camargo, Ivan Serpa; e cheios e vazios com Antonio Maluf, Luis Sacilotto, Ligia Pape, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Rubem Valentim. Como explica Tiago Gualberto: “Evitou-se a aplicação uniforme de organizações cronológicas dos trabalhos ou sua segmentação por autoria. O que certamente tornará a visita à exposição uma oportunidade de deflagrar nuances ou agitadas centelhas resultantes desses encontros”.

 

Sobre Igor Queiroz Barroso

O empresário Igor Queiroz Barroso é, atualmente, presidente do Conselho de Administração do Grupo Edson Queiroz, do Instituto Myra Eliane e da Junior Achievement do Ceará. Também coordena o Conselho do Lar Torres de Melo. Atuou, ainda, na criação do Memorial Edson Queiroz, em Cascavel, no Ceará.

Até 19 de abril de 2023.

 

 

Exposição na Casa Roberto Marinho

15/dez

 

A mostra “Alegria aqui é mato – 10 olhares sobre a Coleção Roberto Marinho” conta com dez salas e ficará aberta até março de 2023. Fernanda Montenegro, Adriana Calcanhotto e Glauco Campello estão entre os nomes convidados a organizarem as salas com peças selecionadas.

Ao longo de seis décadas, a Casa Roberto Marinho, como residência do jornalista carioca, foi palco de manifestações de diversos setores da criação: peças de teatro, apresentações musicais, saraus literários e projeções de filmes. Ao seguir esta tradição festiva, o instituto cultural localizado no Cosme Velho, Zona Sul do Rio de Janeiro, apresenta a exposição “Alegria aqui é mato – 10 olhares sobre a Coleção Roberto Marinho”, com curadoria geral de Lauro Cavalcanti.

Reunindo cerca de 200 obras, a mostra é composta pelo olhar atento de dez personalidades de vertentes variadas, que se dedicaram por meses ao estudo da Coleção Roberto Marinho. A atriz Fernanda Montenegro, os músicos Adriana Calcanhotto e Paulinho da Viola, o cineasta Antonio Carlos da Fontoura, o fotógrafo Walter Carvalho, o arquiteto Glauco Campello, o designer Victor Burton e os artistas plásticos Gabriela Machado, José Damasceno e Marcos Chaves foram convidados a organizar suas salas com peças selecionadas a partir do acervo – que reúne cerca de 1.400 itens – dialogando, por vezes, com trabalhos de sua autoria e/ou de outras coleções particulares.

Lauro Cavalcanti, diretor da Casa, explicou que o título da mostra surgiu no processo de sua feitura. “Na seleção inicial da sala a cargo de Victor Burton, constava uma fotografia do norte-americano Hart Preston: um flagrante do carnaval carioca de 1942 em que um folião exibe um cartaz com a frase “Tristeza aqui é mato”. Ambíguo, ainda que festivo, sobressaía-se nele a palavra “tristeza'”, disse o diretor. “No lugar de “tristeza”, escrevemos “alegria”. Alegria de viver e de criar. “Mato”, na gíria antiga, significava abundância. Pois nesta exposição, pautada pela pluralidade e fortaleza da cultura brasileira, arte é mato”, ele afirma.

A mostra ficará aberta para visitação até o dia 19 de março de 2023.

 

Poteiro em exposição panorâmica

 

Exposição sobre Antonio Poteiro reúne trabalhos que contam a trajetória do pintor. O português filho e neto de ceramistas, nascido e criado em olarias, construiu um mundo de mitos e fantasias inspirados em questões sérias e reais, uma mistura cuja dimensão pode ser acompanhada com detalhes em “As matérias vivas de Antonio Poteiro: Barro, cor e poesia”. Em cartaz no Museu Nacional da República, Brasília, DF, a partir de 15 de dezembro, a exposição tem curadoria do também artista Divino Sobral e traz um percurso bastante completo sobre a trajetória do português que era também goiano e ganhou o Brasil com pinturas e esculturas naifs.

Antonio Poteiro morreu há 10 anos. Se estivesse vivo, estaria prestes a completar 97 anos. Pensando nessa trajetória que se estende por praticamente todo o século 20, Divino Sobral foi atrás de obras capazes de sintetizar os percursos do artista e contextualizá-lo em um tempo, em uma região e na própria família. “O grande volume de obras são do Poteiro, mas tem três gerações da família, que são três peças do pai, que era português e chegou ao Brasil um ano depois do nascimento de Poteiro. Ele era de uma família de ceramistas da região de Braga. Para mim, Poteiro carrega no sangue essa herança de arte, embora ele, durante grande parte da vida, não quisesse ser poteiro”, diz o curador.

Fonte: Correio Braziliense

 

Mostra panorâmica

13/dez

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Tomie Ohtake: seis décadas de pintura”. A mostra é uma parceria entre o Instituto Ling, Almeida & Dale Galeria de Arte e Studio Prestes. Até o dia 25 de fevereiro de 2023 – com curadoria de Cézar Prestes – , o público poderá conferir na mostra da galeria do centro cultural 12 obras a óleo e tinta acrílica sobre tela.

 

Sobre a artista

Japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake (1913-2015), é reconhecida como um dos principais expoentes do abstracionismo no Brasil. Nascida em Kyoto, Japão, Tomie Ohtake chegou ao Brasil em 1936 e, impedida de voltar devido ao início da Guerra do Pacífico, acabou permanecendo no país. Começou a pintar com quase 40 anos, incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano. Participou de 20 Bienais Internacionais, 120 exposições individuais e quase 40 mostras coletivas, entre o Brasil e o exterior, além de receber 28 prêmios. A abertura será nesta quarta-feira, 14 de dezembro, com um encontro com o curador para uma visita mediada, às 19h30min.

 

 

Premiação para Elizabeth de Portzamparc

 

O Prêmio IAB-RJ – “Arquiteta do Ano: Elizabeth de Portzamparc A visão inovadora e comprometida com o meio ambiente” e a inclusão de Elizabeth de Portzamparc, em projetos na França e na China

Elizabeth de Portzamparc, carioca radicada em Paris há muitos anos, tem ganhado muitos prêmios na Europa por sua atividade destacada em arquitetura e urbanismo, principalmente à frente de projetos de grande porte, na França e na China – em que constrói bairros inteiros, centros de ciência, museus, e uma monumental torre de 262 metros de altura em Taiwan, entre muitos outros. Ela estará no Brasil para receber, a convite de Igor de Vetyemy, na segunda-feira dia 12, do IAB-RJ o prêmio de Arquiteto do Ano. No dia 15, às 17h, fará a palestra magna em uma solenidade no MAR (Museu de Arte do Rio) do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, em homenagem ao dia do Arquiteto e Urbanista. Após sua fala, haverá um debate com Sérgio Magalhães e mediação de Nádia Somekh.

O que tem destacado Elizabeth de Portzamparc no cenário atual da arquitetura, e talvez seja a chave do sucesso para vencer tantos concursos internacionais – em que os participantes são identificados por números, e não nomes – é sua ousadia e a profunda conexão com a natureza. No projeto vencedor em 2021 na China, “Living in the leaves”, em Huizhou, uma região de árvores milenares do distrito de Guangdong, para a construção de casas, cabanas, e um SPA, em uma área de 43 mil metros, ela faz um “manifesto contra o desflorestamento”. Além de todo o desenho que se mimetiza com a natureza, serão usados materiais locais como madeira, pedra e terra. “Ao lidar com uma zona virgem, precisamos fazer como os povos indígenas, e em vez de construir coisas que podem agredir, devemos propor um modo de viver completamente integrado, em respeito total à floresta, co-habitando, inserindo um novo elemento no ecossistema, enriquecendo este ecossistema sem agredir. Nós temos que conviver com a natureza, com delicadeza, e fazer parte dela”, afirma.

No recentemente concluído Palácio da Ciência em Pudong, Xangai – Science Hall of Zhangjiang – com área de 120 mil metros quadrados, o parque urbano se integra à construção ascendendo suavemente, em um plano inclinado até o teto, onde além da área verde estão barzinhos e espaços para exposições e eventos.

Elizabeth de Portzamparc é casada com o prêmio Pritzker Christian de Portzamparc, com quem tem dois filhos e três netos, e não perde sua ligação com o Brasil.

 

Carlos Zilio na Fundação Iberê Camargo

05/dez

 

Artista carioca celebra 60 anos de trajetória com exposição inédita na Fundação Iberê Camargo. Aluno de Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes, “Carlos Zilio: Pinturas” constituiu uma importante oportunidade de tomarmos contato com a produção de um artista fundamental da arte brasileira que soube, como poucos, traçar com rigor e coerência os vínculos entre vida, arte e política no Brasil e, ao mesmo tempo, trazer uma significativa reflexão sobre as contradições e os dilemas da pintura contemporânea

 

Carlos Zilio e Ibere Camargo – Arquivo Pessoal

No dia 10 de dezembro, a Fundação IberêCamargo, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Carlos Zilio: Pinturas” que permanecerá em cartaz até 23 de fevereiro de 2023. Com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura “Cerco e Morte” (1974) adquirida em 2014 para fazer parte do acervo do MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.

Com curadoria de Vanda Klabin, a mostra apresenta 33 trabalhos do acervo do próprio artista e de coleções particulares, que contextualizam e refletem sobre uma série de obras produzidas entre 1979 e 2022 com o propósito de discutir problemas específicos da própria pintura. Submete o seu olhar contemporâneo à diversidade da experiência cultural, a determinadas formulações plásticas e códigos visuais extraídos da iconografia histórica, realocando-os transfigurados em suas telas. Zilio reconfigura o passado recente fazendo uma espécie de arqueologia da memória da pintura universal e desestabiliza o olhar, pondo em xeque a linha evolutiva das imagens e, consequentemente, a história da arte, na mesma acepção proposta pelo filósofo francês Didi-Huberman, em “Devant le Temps”.

“Essa mostra revê a importante produção de Zilio ao longo de sua trajetória artística, que foi inicialmente marcada, nos anos 1960, pela investigação conceitual, pela experimentação e pela presença de objetos com contextualizações políticas. Após atravessar um longo período em que a sua arte engajada tinha como foco uma produção estética investida de um alto teor político, ele abandona o contexto experimental para se entregar ao exercício livre da pintura. O seu embate com a história da pintura como uma permanente indagação, com as suas tensões e contradições, fazem parte das questões fundamentais que delineiam o desenvolvimento interno de sua linguagem pictórica. A formação multidisciplinar com doutorado em arte na Universidade de Paris VIII, a fina erudição visual e o virtuosismo crítico consolidaram a sua efetiva presença na arte brasileira e fundamentaram conhecimento de um viés significativo no pensamento contemporâneo de arte no Brasil”, destaca Vanda Klabin, que por muitos anos trabalhou como coordenadora-adjunta de Carlos Zilio no curso de pós-graduação em História da Arte e Arquitetura na PUC-Rio.

Para Carlos Zilio, o que mais o atrai em seus antecessores é a maneira como eles captaram e sintetizaram toda a tradição da pintura universal: “Pintar passou a ser, para mim, pintar a pintura”. O gesto pulsante que emerge dessa pintura reflexiva confirma tanto a autonomia criativa quanto o amadurecimento de um pensamento lentamente gestado e exercitado pelo artista em seu ateliê no Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Ele transita pela história da pintura, apropriando-se de códigos, estilos e gramáticas visuais que, por diversas razões, o instigam, como as cores orquestrais e elementos geometrizados de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard; as questões plásticas de Paul Cézanne e Jasper Johns, determinados arabescos de Henri Matisse; a disjunção da pintura frontal de Henri Rousseau; a pintura planar de Piet Mondrian; a organização espacial de Barnett Newman; o minimalismo de Robert Ryman; a exuberância cromática de Mark Rothko, entre tantos outros.

Seus trabalhos recentes têm como tema central e recorrente a figura do tamanduá. Por conta de uma história familiar, a figura do tamanduá, animal de estimação de seu pai quando criança, tem uma natureza intrínseca, pois sempre aparece em queda nas suas representações e adquiriu um aspecto vivencial que sublinha a afetividade e a nostalgia. Mas também, segundo explica o artista, o tamanduá carrega o sentimento abismal da história, ou seja, uma representação à queda da história, das utopias. Os tamanduás rothkianos destacam uma outra camada de passado que se torna presente nesta arqueologia pictórica, explica Carlos Zilio. São uma espécie de laços inconscientes que se manifestam espontaneamente, cúmplices daquilo que quer expressar: uma modesta tentativa de estabelecer algum contato com as pinturas de Mark Rothko.

Carlos Zilio teve uma proximidade e intensa convivência com Iberê Camargo. Foi seu aluno de pintura no antigo Instituto de Belas Artes da GB (atual Escola de Artes Visuais do Parque Lage) de 1962 a 1964. Após um período de produção marcado pela Nova Figuração e a arte conceitual, o reencontro de Zilio com a obra do Iberê só ocorreu ao ver a exposição deste em 1979 na Galerie Debret, em Paris. Esse fato coincidiu com a data em que retomou a pintura como questão central da sua produção. Mais tarde, declarou que “a força e a atualidade de Iberê residem no aprofundamento de um antigo saber: a pintura”. Ele manteve um contato permanente com o pintor gaúcho mesmo após o retorno definitivo deste para Porto Alegre e ficou trabalhando no ateliê de seu antigo mestre em Laranjeiras por mais de duas décadas.

Conversa sobre a exposição – Ainda no sábado (10), acontece uma conversa sobre “Carlos Zilio: Pinturas”, com o próprio artista, a curadora Vanda Klabin e Ronaldo Brito, crítico de arte e professor do Departamento de História da PUC-Rio. O bate-papo ocorre às 17h, no auditório da Fundação.

 

Sobre o Artista

Carlos Zilio nasceu no Rio de Janeiro, 1944, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo e participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960, como Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e de mostras com repercussão internacional, entre elas as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição Tropicália, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Em seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais Arte e Política 1966-1976, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997); Carlos Zilio, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000) e Pinturas sobre papel, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006).

As mais recentes exposições coletivas que integrou foram Brazil Imagine, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, e Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Dentre as mais recentes exposições individuais estão as realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2010), no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo, 2010) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro Carlos Zilio, organizado por Paulo Venâncio Filho. Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

Sobre a Curadora

Vanda Klabin vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC-Rio (1967-1970) e em História da Arte pela Uerj (1975-1978) e pós-graduada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio (1980-1981), onde atuou como coordenadora adjunta do curso (1983-1992) e editora da revista Gávea, do Departamento de História PUC-Rio (1983-2002). Foi diretora-geral do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro (1996-2000), onde organizou diversas exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, como Alberto Guignard, Angelo Venosa, Alferdo Volpi, Amilcar de Castro, Antonio Bokel, Antonio Dias, Antonio Manuel, Carlos Zilio, Daniel Feingold, Eduardo Sued, Guillermo Kuitca, Hélio Oiticica e a Cena Americana, Henrique Oliveira, Iberê Camargo, José Resende, Luciano Fabro, Mel Bochner, Mira Schendel, Nuno Ramos, René Machado, Richard Serra, entre outros. Também foi coordenadora adjunta da Mostra Nacional do Redescobrimento – Bienal 500 anos (São Paulo, 1999–2000) e curadora do módulo A vontade construtiva na arte brasileira, 1950/1960” e integrante da exposição Art in Brazil, no Festival Europalia, apresentada no Palais des Beaux Arts – Bozar (Bruxelas, 2011-2012).

A Fundação Iberê tem o patrocínio de Crown Brand-Building Packaging, Grupo Gerdau, Renner Coatings, Grupo Iesa, Grupo Savar, Grupo GPS, Itaú, CEEE Grupo Equatorial, DLL Group, Lojas Renner, Sulgás e Unifertil, e apoio de Instituto Ling, Ventos do Sul Energia, Dell Technologies, Digicon/Perto, Hilton Hotéis, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS, Petrobras Cultural Múltiplas Expressões e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal.

Eliseu Visconti, uma imensidão

30/nov

 

Denise Mattar é a convidada do Instituto Collaço Paulo para falar sobre o pintor que é estruturante no pré-modernismo.

Professora que vive em São Paulo, SP, referência no universo da pesquisa e curadoria de artes visuais no Brasil, Denise Mattar é a convidada do Instituto Conversa, que ocorre de modo virtual, pelo Youtube, no dia 15 de dezembro, às 19h30. Ela falará sobre “O Pré-Modernismo de Eliseu Visconti”, encerrando o conjunto de quatro encontros dentro do programa público que amplia o Plano Educativo do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, inaugurado em julho, em Florianópolis (SC). Visconti (1866-1944), um dos mais importantes da Coleção Collaço Paulo e um dos 34 artistas da mostra “Mais Humano: Arte do Brasil de 1950-1930”, está representado com cinco trabalhos: “Raios de Sol”, “A Visita”, “Nu Masculino Sentado com Bastão”, “Retrato de Louise” e “Sem Título”. Aluno de Victor Meirelles (1832-1903) na Academia Imperial de Belas Artes, ele foi estratégico no entre séculos 19 e 20, despontando como precursor na transição do cânone acadêmico para as rupturas do modernismo. A exposição, que tem curadoria de Francine Goudel, fica aberta até 21 de janeiro de 2023. Gratuita, pode ser visitada de segunda a sábado, entre 13h30 e 18h30.

O currículo expressivo de Denise Mattar aponta atuações como curadora do Museu da Casa Brasileira (1985/87), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987/89), ambos em São Paulo, e do Museu de Arte Moderna (1990/97), no Rio de Janeiro. Como curadora independente realizou mostras de artistas como Visconti, Di Cavalcanti (1897-1976), Flávio de Carvalho (1899-1973), Ismael Nery (1900-1934), Pancetti (1902-1958), Iberê Camargo (1914-1994), Sacilotto (1924-2003), Anita Malfatti (1889-1964), Samson Flexor (1907-1971), Portinari (1903-1962), Alfredo Volpi (1896-1988), Guignard (1896-1962), Yutaka Toyota, algumas das quais premiadas pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

O programa Instituto Conversa se articula em uma fala do pesquisador convidado com duração aproximada de 40 a 60 minutos, seguida de uma conversa aberta com o público de mais 30 minutos. O programa público propõe reflexão e construção de sentidos em torno do próprio instituto, do conceito curatorial, do colecionismo e da história da arte brasileira. Em formato híbrido, presencial e virtual, a iniciativa conta com convidados do Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, que oferecem a possibilidade de aprendizagem e diálogo em torno da teoria e do sistema de arte. A intenção também é discutir sobre o sentido social na disponibilização de obras inéditas no contexto expositivo de Florianópolis, as possíveis conexões de acervos com o tempo presente e outras nuances reflexivas. O programa Instituto Conversa é gratuito e os interessados podem participar pelo canal do Instituto Collaço Paulo no Youtube.

 

Em busca de relações com a comunidade

Iniciativa inédita que muda o panorama institucional de artes visuais da cidade, o novo equipamento cultural qualifica a agenda turística da capital de Santa Catarina. Instalado na principal rua do bairro Coqueiros, o Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que coloca a Coleção Collaço Paulo, de Jeanine e Marcelo Collaço Paulo, à disposição da comunidade para promover a arte e a cultura por meio de programas de cunho educativo. O acervo que se concentra na representatividade dos artistas brasileiros do século 19 e dos catarinenses do século 20, abrange trabalhos de distintos períodos históricos, diferentes escolas, movimentos e estilos.

As atividades abarcam exposições, ações educativas, palestras, ciclos de debates, cursos, grupo de estudos, um clube de colecionadores, encontros e parcerias com o bairro e à cidade. Em ambiente receptivo, a sede dispõe de espaço para exposições e um núcleo educativo. Para além das mostras, realiza ações que estimulam a reflexão, a vivência e o conhecimento.

 

Acervo de raridades

A Coleção Collaço Paulo abarca, ao mesmo tempo, peças de distintos movimentos e escolas, compreendendo pinturas flamengas e da Escola de Cuzco, peças de arte sacra e obras europeias do século 15 ao 19. Concentra representatividade em peças de artistas brasileiros, do século 19 e 20, como Weingartner (1853-1929), Eliseu Visconti (1866-1944), Georgina de Albuquerque (1885-1962), Victor Meirelles (1832-1903), Henrique Bernardelli (1858-1936), Belmiro de Almeida (1858-1935), Pedro Américo (1843-1905), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Martinho de Haro (1907-1885), entre outros.

A amplitude cronológica da coleção soma-se à diversidade de suportes e linguagens manifestas em pinturas, esculturas, desenhos, cerâmicas e objetos. A coleção se estabelece de forma orgânica, através da predileção do casal Jeanine e Marcelo Collaço Paulo que, no começo da década de 1980, começa o gosto pelo colecionismo no contato com obras de artistas catarinenses.

O casal de colecionadores já atendeu diferentes projetos expositivos. Desde 2016, o empréstimo de obras ajuda a dar consistência aos conceitos curatoriais. Entre outras mostras, parte do acervo integrou “Eliseu Visconti 150 anos”, na Galeria Almeida e Dale, em São Paulo, e “Iconografia 344”, na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis (SC), onde estiveram telas de Eduardo Dias e Weingartner. Em “Ismael Nery”, o Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, contou com duas obras do artista, um óleo sobre tela e uma sanguínea. Em 2017, “Sensos e Sentidos” reuniu 117 obras da coleção, entre pinturas, esculturas e desenhos, no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc). Entre 2018 e 2019, emprestou três obras para a exposição “Trabalho de Artista: Imagem e Autoimagem (1826-1929), na Pinacoteca de São Paulo, em São Paulo.

 

Rede de Sentidos

O Plano Educativo do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação aposta na formação a partir da visibilidade da Coleção Collaço Paulo com atividades, abertas e gratuitas, em torno de sete eixos voltados ao atendimento do público constituído para diferentes interesses e faixas etárias. As ações – visitas educativas, percursos, práticas imersivas, materiais educativos, formação com professores, sábados com arte e programas públicos – adotam uma série de recursos, de jogos e propostas lúdicas, de diálogos, reflexões e encontros que podem ocorrer em diferentes ambientes do instituto: no ateliê de imersão, nas áreas de convivência ou no próprio espaço expositivo.

Os programas públicos almejam estimular pesquisas e discussões em torno das propostas curatoriais com ciclos de debate, encontros abertos, lançamentos editoriais e apresentações de temas que articulem as problemáticas da coleção e das exposições. A intenção é amplificar a dimensão educativa do instituto ao conectar-se com outras instituições e pesquisadores, além de criar material de documentação e estudo. Os programas públicos ideados são o Instituto Conversa, Instituto Estuda, Instituto Homenagem, Instituto Entrevista e o Clube de Colecionadores de Arte de Coqueiros (CCAC).

 

Sobre os convidados do 1º Instituto Conversa – minibio

Ana Maria Tavares Cavalcanti – mestre e doutora em história da arte (Université de Paris 1 – Panthéon-Sorbonne), com pós-doutorado no Institut national d’histoire de l’art (França), é professora associada da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, atua na graduação e pós-graduação. Realiza curadorias de exposições de arte brasileira e desenvolve pesquisas na área de história da arte, com estudos sobre as relações artísticas entre Brasil e Europa, com foco na produção dos artistas no Brasil nos séculos 19 e 20.

Denise Mattar – foi curadora do Museu da Casa Brasileira (1985/87), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987/89), ambos em São Paulo, e do Museu de Arte Moderna (1990/97), no Rio de Janeiro. Como curadora independente realizou mostras de artistas como Di Cavalcanti (1897-1976), Flávio de Carvalho (1899-1973), Ismael Nery (1900-1934), Pancetti (1902-1958), Iberê Camargo (1914-1994), Sacilotto (1924-2003), Anita Malfatti (1889-1964), Samson Flexor (1907-1971), Portinari (1903-1962), Alfredo Volpi (1896-1988), Guignard (1896-1962), Yutaka Toyota, algumas das quais premiadas pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Francine Goudel – doutora em artes visuais – teoria e história, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), mestre em estudos avançados em história da arte pela Universidade de Barcelona, Espanha, pós-graduada em Gestão Cultural pela Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina, é pesquisadora, curadora, produtora cultural e professora. Atualmente é curadora-chefe do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação.

Ylmar Corrêa Neto – neurologista e professor associado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Coleciona arte relacionada com Santa Catarina. Já organizou e escreveu livros sobre Martinho de Haro (1907-1985), Eli Heil (1929-2017) e Paulo Gaiad (1953-2016) e fez a curadoria de exposições de Eli Heil, Rodrigo de Haro (1939-2021), Carlos Asp, Paulo Gaiad e do acervo do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc). É coordenador do recém-criado Clube de Colecionadores de Arte de Coqueiros no Instituto Collaço Paulo.