Palestra de Daniela Name

18/out

A crítica de arte e pesquisadora Daniela Name falará no dia 24 de outubro, às 18h, sobre as obras da artista Amelia Toledo (1926-2017) expostas em “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, na Nara Roesler Rio de Janeiro, que foi prorrogada até 04 de novembro.

Daniela Name foi curadora, juntamente com Marcus de Lontra Costa, da exposição “Forma fluida”, primeira grande mostra panorâmica dedicada à obra de Amelia Toledo no Rio de Janeiro, realizada no Paço Imperial, de 17 de dezembro de 2014 a 1º de março de 2015.

Com mais de 50 obras – entre pinturas, esculturas, objetos, aquarelas, serigrafias e desenhos – “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, na Nara Roesler, ilumina o período frutífero e experimental da produção da artista quando viveu no Rio, nos anos 1970 e 1980, que marcou sua trajetória, reverberando em trabalhos posteriores.

Além de obras icônicas, como o livro-objeto “Divino Maravilhoso – Para Caetano Veloso” (1971), dedicado ao cantor e compositor, ou trabalhos que estiveram em sua impactante individual “Emergências”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1976, a exposição na Nara Roesler Rio de Janeiro traz pinturas e aquarelas inéditas, em que o público pode apreciar sua experiência com a luz, e a incorporação em seu trabalho de materiais como pedras, conchas marinhas e cristais.

Os encantados da Amazônia

11/out

Obra de Anderson Pereira integra por meio dos objetos em forma de altar em conexão com a dimensão espiritual o projeto premiado por meio do “Edital Prêmio FCP de Incentivo à Arte e à Cultura – 2023, da Fundação Cultural do Estado do Pará (FCP). Conta com o apoio do Centro Cultural João Fona, da Prefeitura de Santarém. Na cena, terá um dos quadros pintados pelo artista, que desponta como revelação paraense no seguimento de artes visuais, e ainda vários elementos representativos do cotidiano das pessoas.

“A utilização de cores vibrantes e simbologia específica vai enriquecer ainda mais a narrativa da obra, proporcionando uma imersão na diversidade e profundidade dessas tradições. Quem for ver a instalação vai poder observar as representações artísticas dos encantados em harmonia com a fauna e flora amazônicas, destacando a fragilidade desses ecossistemas diante das mudanças climáticas”, disse.

Encantados

Os encantados da Amazônia são seres míticos e espirituais, frequentemente presentes nas tradições folclóricas e culturais das comunidades amazônicas. Essas entidades são consideradas guardiãs da floresta e seus habitantes, representando uma conexão profunda entre a natureza e as crenças locais. Os encantados podem assumir diversas formas, muitas vezes associadas a animais da região, como botos, cobras, curupiras ou outros seres da floresta. A ligação entre as crenças dos encantados da Amazônia e as concepções afro religiosas, como o Candomblé ou a Umbanda, é muitas vezes uma expressão da riqueza da diversidade cultural e espiritual no Brasil, especialmente nas regiões amazônicas. De acordo com o produtor executivo, Mayco Chaves, que ajudou na pesquisa para o projeto.

“Eles são vistos como seres benevolentes, mas também demandam respeito e reverência. As lendas dos encantados são passadas de geração em geração, contribuindo para a rica tapeçaria cultural da Amazônia”, afirma.

Anderson Pereira destaca que o tema escolhido fala das espiritualidades na região, nos quais elementos das tradições indígenas da Amazônia e das práticas afro-brasileiras se entrelaçam. “Por exemplo, algumas entidades cultuadas nas religiões afro-brasileiras podem ser associadas ou adaptadas para incorporar características dos encantados da Amazônia. Essas relações são formas que enriquecem as identidades culturais amazônicas”, disse.

Coleção Andrea e José Olympio Pereira

10/out

Um recorte surpreendente da coleção Andrea e José Olympio Pereira, uma das mais importantes do mundo, tomará o espaço expositivo do Palácio Anchieta a partir de 17 de outubro. A mostra, com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, traz obras que têm a natureza como potência criativa, em diálogo com o registro dos povos originários, afrodescendentes e da dita tradição popular. Sob o arguto olhar da curadora Vanda Klabin, a exposição “De onde surgem os sonhos | Coleção Andrea e José Olympio Pereira” oferece um excelente momento de reflexão sobre os rumos da arte que trabalha as raízes mais fundas da ancestralidade brasileira. Mostra inédita de arte contemporânea, da coleção Andrea e José Olympio Pereira, no Palácio Anchieta, em Vitória (ES). Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, a exposição é a terceira lançada este ano pelo Museu Vale, como parte de suas ações extramuros, e marca os 25 anos de trajetória da instituição.

“De onde surgem os sonhos” tem título inspirado na obra de mesmo nome do artista macuxi Jaider Esbell, ativista dos direitos indígenas, falecido em dezembro de 2021. A mostra conta com 72 obras, de 50 artistas, da que é considerada uma das maiores coleções de arte contemporânea do Brasil e está entre as 200 maiores do mundo. Nesta seleção dividida em sete salas, obras de artistas como Adriana Varejão, Cildo Meirelles, Ana Maria Maiolino, Cláudia Andujar, Franz Krajcberg, Waltercio Caldas e José Damasceno, por exemplo, dialogam com os trabalhos dos artistas mais recentes.

Sobre a Coleção Andrea e José Olympio Pereira

Famosa no mundo inteiro, a coleção de Andrea e José Olympio Pereira tem foco na produção brasileira a partir dos anos 1940 até o momento atual e reúne algo em torno de 2,5 mil obras. Em 2018, o casal inaugurou o Galpão da Lapa, antigo armazém de café do século XIX, e o converteu em um espaço expositivo que recebe, a cada dois anos, um curador diferente para criar novas exposições a partir das obras de sua coleção. “Quando nos interessamos por um artista, gostamos de ter profundidade”, explica Andrea. “Conseguimos entender melhor o artista desta forma, pois um único trabalho não mostra tudo. É como se fosse um livro cuja história seria impossível de ser compreendida só com uma página”, compara.

De 17 de outubro de 2023 a 28 de janeiro de 2024.

História do funk no MAR

06/out

Música e artes visuais se unem em duas mostras que aportaram no Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, que recebeu a exposição “Funk: Um Grito de Ousadia e Liberdade”, coletiva que conta a história do funk carioca, enquanto um casarão no bairro sedia “Ocupação Iboru”, desdobramento do álbum “Iboru”, de Marcelo D2.

Com mais de 900 obras, a principal mostra do MAR em 2023 recria a história do gênero musical que a batiza, indo dos bailes black da década de 1970 aos dias de hoje. São fotografias, pinturas, objetos, vídeos e instalações de mais de cem artistas, entre eles nomes como Hebert, Vincent Rosenblatt, Blecaute, Maxwell Alexandre, Panmela Castro, Gê Viana e Daniela Dacorso, dentre muitos outros.

A curadoria é de Marcelo Campos, curador-chefe do MAR, Amanda Bonan, gerente de curadoria do MAR, Dom Filó e Taísa Machado, com um time de consultores: Deize Tigrona, Sir Dema, Marcello B Groove, Tamiris Coutinho, Celly IDD, Glau Tavares, Sir Dema, GG Albuquerque, Leo Moraes e Zulu TR.

Na abertura, recebeu uma série de atrações, como apresentação de dança do Afrofunk Rio e show com MC Cacau cantando MC Marcinho.

Exposições simultâneas

04/out

Segue em cartaz até o dia 21 de outubro, três individuais simultâneas na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. No térreo, no grande cubo branco, está “Pedra Latente”, do celebrado artista Rodrigo Braga; no segundo andar expositivo estão as esculturas em aço pintado com tintas automotivas de Michelle Rosset – que apresenta um vídeo no contêiner no terraço – e as pinturas de Esther Bonder.

Após cinco anos sem expor no Rio, desde que se mudou para Paris no final de 2018, Rodrigo Braga mostra agora obras inéditas e recentes, em desenhos e fotografias que aprofundam e radicalizam sua pesquisa iniciada em 2017, no Cariri cearense e nas regiões de pedras calcárias na França. O artista discute uma saída para além das dicotomias – preto e branco, direita e esquerda, positivo e negativo. O texto crítico é de Bianca Bernardo.

Em “Pequeno Ato”, Michelle Rosset criou especialmente para a mostra quatro esculturas em aço – pintadas, cada uma, em cores primárias: amarelo, vermelho, azul e preto com tinta automotiva, resistente ao tempo -, e o ponto de partida foi a “Carta a Mondrian”, escrita por Lygia Clark (1920-1988), em 1959, quinze anos após a morte de Piet Mondrian (1872-1944). Michelle Rosset buscou em seu processo criativo fundir aspectos dos trabalhos dos dois grandes artistas. Assim, eladobrou incontáveis vezes folhas de papel quadradas em busca de “sair das formas retas para as curvas”.

Em “Sob a luz de outros sóis”, com pinturas recentes de Esther Bonder, a artista exalta a natureza em paisagens luxuriantes. Esta é a primeira individual da artista na Anita Schwartz Galeria, e a curadoria é de Sandra Hegedus, e o texto crítico de Shannon Botelho.

Obras emblemáticas de Amelia Toledo

03/out

Segue em cartaz até o dia 21 de outubro a exposição “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, na Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. A mostra é dedicada ao período em que Amelia Toledo viveu no Rio de Janeiro nos anos 1970 e 1980, período em que iniciou uma obra pioneira na história da arte brasileira, e ultrapassou a linguagem construtiva incorporando elementos da natureza, criando o que se pode chamar de abstração ecológica. A exposição traz mais de 50 obras emblemáticas da artista, como pinturas, esculturas, objetos, aquarelas, serigrafias e desenhos produzidas na cidade, ou que foram desenvolvidas posteriormente a partir de suas pesquisas naquele período.

Amelia Toledo (1926, São Paulo – 2017, Cotia, São Paulo) iniciou seus estudos em arte no final dos anos 1930, e ao longo de sua trajetória participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, entre elas várias bienais, e possui obras em importantes coleções institucionais. Além de trabalhos icônicos como “Divino Maravilhoso – Para Caetano Veloso” (1971), um livro-objeto em papel, acetato e fotomontagem, dedicado ao cantor e compositor, e obras que integraram sua impactante individual “Emergências” em 1976, no MAM do Rio de Janeiro, a exposição reúne pinturas e aquarelas inéditas em que o público verá sua experiência com a luz, e a incorporação em seu trabalho de materiais como pedras, conchas marinhas e cristais.

Amelia Toledo criou o Projeto Cromático – premiado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil -, com 68 tons, que revestem as paredes da Estação Arcoverde do Metrô, em Copacabana, no Rio de Janeiro, inaugurada em 1998. Sua intenção foi fazer com que o público não se sentisse caminhando em direção ao fundo da terra, como disse em entrevistas na época. Na Praça Arcoverde, em frente à estação, está a fonte/escultura “Palácio de Cristal” (1998), um bloco de quartzo rosa sobre espelho d’água, de 140 cm x 140 cm x 140 cm, criada também pela artista. Em São Paulo, há obras públicas no Ibirapuera – uma delas inaugurada recentemente – no Metrô do Brás e no Parque Vila Maria.

Artistas brasileiros em Londres

29/set

Em cartaz na instituição independente britânica Ruby Cruel (Hockney) entre 29 de setembro a 14 de outubro, a exposição MUAMBA: brazilian traces of movement (MUAMBA: rastros brasileiros de movimento) reúne mais de 25 artistas das diferentes regiões do Brasil. Com a curadoria do carioca Lucas Albuquerque, a coletiva traça um panorama da arte brasileira refletindo sobre a condição do objeto artístico e a sua dificuldade de circulação no âmbito internacional. Parte da programação paralela da 20ª edição da feira de arte Frieze London, a mostra abrange diferentes poéticas de jovens nomes brasileiros que foram convidados pelo curador a refletir sobre as questões em torno do movimento e da circulação de suas obras, tanto no campo simbólico como físico.

Entre trabalhos inéditos e outros de grande projeção no cenário brasileiro contemporâneo, a exposição permeia discussões históricas, culturais e identitárias que apresentam o Brasil como um complexo emaranhado de signos em trânsito que, por sua vez, encontram novos ecos por meio de seu transporte e contemplação no circuito europeu. Inspirado na caixa-valise de Duchamp, dispositivo móvel que continha versões miniaturizadas de suas obras e ready-mades – que em 1942 foi despachado da Europa para os Estados Unidos como uma “caixa de utensílios domésticos” -, mas sem esquecer das Flux Kits do grupo dadaísta Fluxus, da Valoche de George Brecht e, em terras brasileiras, de toda a relevância do pensamento de arte como meio em trânsito de Paulo Bruscky, o projeto parte desses interlocutores para instigar artistas brasileiros a pensar maneiras de habitar esse espaço, burlando a política de apagamento pautado em questões econômicas que assola poéticas latino-americanas e sua livre circulação.

“Quando fui convidado pelo espaço para pensar uma exposição que pudesse vencer a distância transatlântica entre Brasil e Reino Unido e superar os limites financeiros dessa empreitada, logo pensei na inteligência latino-americana elaborada por nós para conseguirmos nos ver em espaços que durante tanto tempo nos foram negados. Logo, convidei os artistas a pensarem trabalhos que coubessem em uma única mala e comportassem outros vinte e tantos parceiros de viagem”, explica Lucas Albuquerque, que estabeleceu como principal foco deste projeto artistas ainda sem representação comercial, como Ana Hortides, Darks Miranda, Keila Sankofa e Yhuri Cruz; além de também trabalhar com nomes representados por galerias recentemente através de programa voltados a práticas artísticas experimentais, como Arthur Palhano, Íris Helena e Laryssa Machada. “Refleti sobre o lugar simbólico que permeia esse lugar da informalidade e fui abraçado pela ideia da muamba, palavra da língua angolana quimbundo, que designa tanto um cesto comprido usado para transportar cargas em viagem, como também se popularizou durante o período da escravatura por se referir aos produtos trazidos clandestinamente de África e vendidos em solo brasileiro. Fala, portanto, de meio e de condição e está intrincado à formação da nossa cultura”, completa o curador.

Esta é a primeira iniciativa que irá reunir tantos nomes brasileiros no Ruby Cruel, instituição artística sem fins lucrativos fundada e dirigida pelo artista Blue Curry em 2019 com a missão de estabelecer diálogos por meio de exposições e residências, colaborando tanto com artistas locais quanto com profissionais criativos de renome internacional. “Meu encontro com Lucas Albuquerque em Londres foi marcante, inspirando-me a convidá-lo para colaborar conosco. Na ocasião, discutimos sobre como produzir uma exposição com soluções econômicas de maneira a superar as barreiras espaciais. E eis que aqui estamos!”, revela Blue Curry.

Nascida em Porto Alegre (RS) e baseada em Salvador (BA), a artista Laryssa Machada é um dos nomes que fazem parte da coletiva. Em sua produção, ela debate o processo de formação cultural colonial da identidade brasileira e como o trabalho de arte pode funcionar em uma lógica inversa de “desinvasão” e emancipação deste imaginário. “A gente precisa de fato circular essas contra-narrativas. Ganhar na repetição. Essa história colonial vem sendo repetida há mais de 500 anos. Então, penso inclusive o ato da muamba como coletar outros saberes e trocar por aí. E é o que viemos fazendo, ainda que desacertados em alguns territórios. Estranhados”, comenta a artista.

Já o paulistano Kauê Garcia (Campinas, SP) reflete sobre como a cultura underground brasileira pode reverter – ou mesmo prenunciar outras possibilidades históricas – a influência britânica na cena brasileira. “Procuro levantar uma contra narrativa em relação à origem do nome da banda Sex Pistols através da criação de uma outra, brasileira e periférica, nomeada Pistolas Sexuais. Busco discutir algumas questões atuais como a sede por pioneirismo, os movimentos de revisão histórica e decolonialidade, o apagamento da cultura local pela hegemonia global, as maneiras como são construídas as narrativas históricas oficiais”, conta.

Apesar da exposição nascer em uma urgência de ordem prática, Lucas Albuquerque observa que é interessante pensar o lugar do informal no que se convencionou como a formalidade do circuito contemporâneo brasileiro de arte. Necessidades estas que não se encerram apenas quando pensamos na passagem de tantos artistas brasileiros e latino-americanos entre continentes de maneira informal, na base da muamba, mas que é traçado em pequenos gestos, como o jovem artista que leva consigo o trabalho para uma exposição coletiva. “Isso sem falar no tanto de muambeiros e muambeiras que foram necessários a labuta para que corpos como o meu e de muitos artistas aqui chegassem em terras europeias”, comenta o curador, que finaliza “E, claro, não vejo potência de estar aqui se não para usar meu trabalho como anúncio de todas essas potências que estarão aqui, pulsando em suas poéticas. Quando vou, carrego os meus comigo.”

Fonte: DasArtes.

A grande celebração

28/set

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, completou 20 anos com grande celebração. Uma das mais importantes galerias de arte contemporânea brasileiras, A Gentil Carioca, com forte presença e reconhecimento nacional e internacional, traduz o jeito carioca de ser. Marcando a data, foi inaugurada a grande exposição coletiva “Forrobodó”, – em cartaz até 21 de outubro -, com curadoria de Ulisses Carrilho, que celebra o potencial político, poético, estético e erótico das ruas. A mostra ocupa os dois casarões dos anos 1920 onde funciona a sede carioca da galeria, com obras de cerca de 60 artistas, como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Lenora de Barros, Denilson Baniwa, entre outros, que, de diversas formas, possuem uma relação com a galeria.

Pioneira em vários aspectos, A Gentil Carioca fez história ao longo dos anos, sendo a primeira galeria brasileira fundada por artistas plásticos – Márcio Botner, Ernesto Neto e Laura Lima. Além disso, a galeria, que hoje também tem Elsa Ravazzolo Botner como sócia, está localizada fora do circuito tradicional de galerias, no Saara, maior centro de comércio popular da cidade. Com uma programação diferenciada e agregadora, há dois anos também possui um espaço em São Paulo.

“A Gentil já nasce misturada para captar e difundir a diversidade da arte no Brasil e no mundo. Tem como maior objetivo fazer-se um lugar para pensar, produzir, experimentar e celebrar a arte. Nossos endereços são lugares de concentração e difusão da voz de diferentes artistas e ideias”, afirmam os sócios Márcio Botner, Ernesto Neto, Laura Lima e Elsa Ravazzolo Botner.

A grande celebração

Os 20 anos da galeria marcados pela inauguração da exposição “Forrobodó”, foi uma grande celebração, com performances de diversos artistas, como Vivian Caccuri, Novíssimo Edgar e Cabelo, entre outros, além da obra do artista Yhuri Cruz, na “Parede Gentil”, projeto no qual um artista é convidado a realizar uma obra especial na parede externa da galeria. Além disso, ainda houve o tradicional bolo de aniversário surpresa, criado pelos artistas Edimilson Nunes e Marcos Cardoso: “Os desfiles carnavalescos no Brasil e suas configurações locais da América Latina têm como origem as procissões. Esta performance do bolo é uma espécie de procissão onde o sagrado é alimento para o corpo. Ação familiar e fraternal em que a alegria é alegoria de um feliz aniversário”.

Com curadoria de Ulisses Carrilho, a exposição “Forrobodó” apresenta obras em diferentes técnicas, como pintura, fotografia, escultura, instalação, vídeo e videoinstalação, de cerca de 60 artistas, de diferentes gerações, entre obras icônicas e inéditas, produzidas desde 1967 – como o “B47 Bólide Caixa 22″, de Hélio Oiticica – até os dias atuais.

A palavra do curador

Cruzaremos trabalhos de diversos artistas, a partir de consonâncias e ecos, buscando uma apresentação de maneira a ocupar os espaços da galeria em diferentes ritmos, densidades, atmosferas, cores e estratégias – como dramaturgias distintas de uma mesma obra. O nome “Forrobodó” vem da opereta de costumes composta por Chiquinha Gonzaga. “A grande inspiração para a exposição foi a personalidade da galeria, que tem uma certa institucionalidade, com projetos públicos, aliada a uma experimentabilidade, com vernissages nada óbvios para um circuito de arte contemporânea”, conta Ulisses Carrilho.

Ocupando todos os espaços da galeria, as obras encontram-se agrupadas por ideias, sem divisão de núcleos. No primeiro prédio, há uma sala que aponta para o comércio popular, para a estética das ruas, em referência ao local onde a galeria está localizada. Neste mesmo prédio, na parte da piscina, “…uma alusão aos mares, que nos fazem chegar até os mercados, lugar de trânsito e troca”, explica o curador. Neste espaço, por exemplo, estará a pintura “Sem título” (2023), de Arjan Martins, que sugere um grande mar, além de obras onde as alegorias do popular podem ser festejadas. No segundo prédio, a inspiração do curador foi o escritor Dante Alighieri, sugerindo uma ideia de inferno, purgatório e paraíso em cada um dos três andares. “O inferno é a porta para a rua, a encruzilhada, onde estarão, por exemplo, a bandeira avermelhada de Antonio Dias e a pintura de Antonio Manuel, além das formas orgânicas de Maria Nepomuceno e trabalhos de Aleta Valente sobre os motéis da Avenida Brasil”, conta. No segundo andar, está uma ideia do purgatório de Dante, e, nesta sala, vemos a paisagem, a linha do horizonte, com muita liberdade poética. “É um espaço em que esta paisagem torna-se não apenas o comércio popular, mas o deserto do Saara e as praias cariocas”, diz o curador. No último andar, uma alusão não exatamente ao paraíso, mas aos céus, com obras focadas na abstração geométrica, na liberdade do sentido e na potência da forma, com trabalhos escultóricos de Ernesto Neto, Fernanda Gomes e Ana Linnemann, por exemplo. “São trabalhos que operam numa zona de sutileza, que apostam na abstração e precisam de um certo silêncio para acontecer. Atmosferas distintas, que parte deste forrobodó, deste todo, para de alguma maneira ir se acomodando”, afirma Carrilho.

Artistas participantes

Adriana Varejão, Agrade Camíz, Aleta Valente, Ana Linnemann, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Arjan Martins, Bob N., Botner e Pedro, Cabelo, Cildo Meireles, Claudia Hersz, Denilson Baniwa, Fernanda Gomes, Guga Ferraz, Hélio Oiticica, Neville D´Almeida, João Modé, José Bento, Lenora de Barros, Lourival Cuquinha, Luiz Zerbini, Marcela Cantuária, Marcos Chaves, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Novíssimo Edgar, O Bastardo, Paulo Bruscky, Rafael Alonso, Rodrigo Torres, Sallisa Rosa, Vinicius Gerheim, Vivian Caccuri, entre outros.

Outras programações

Ainda como parte dos 20 anos, a galeria está com outros projetos, tais como: a exposição “Moqueca de Maridos”, de Denilson Baniwa, na Gentil Carioca São Paulo, que reúne uma nova série de obras do artista que trazem o imaginário de quadros clássicos e uma iconografia colonial num gesto antropofágico. Ainda na sede da galeria em São Paulo, serão apresentadas exposições dos artistas Rose Afefé, Yanaki Herrera e Newton Santanna. Além disso, A Gentil Carioca também participou da ArtRio.

Sobre A Gentil Carioca

Fundada em 06 de setembro de 2003, a Gentil Carioca está localizada em dois sobrados dos anos 1920, unidos por uma encruzilhada, na região conhecida como Saara, no centro histórico do Rio de Janeiro. Em 2021, expandiu sua essência com um novo espaço expositivo na Zona Central de São Paulo. Ao longo dos anos realizou diversas exposições de sucesso, entre as quais pode-se destacar: “Balé Literal” (2019), de Laura Lima, “Chão de Estrelas” (2015), de José Bento, “Parede Gentil Nº05 – Cidade Dormitório” (2007), de Guga Ferraz, e “Gentileza” (2005), de Renata Lucas. Além disso, também realizou diversos projetos, que, devido ao grande sucesso, permanecem na programação da galeria, tais como: Abre Alas, um dos mais conhecidos projetos da galeria, que acontece desde 2005, inaugurando o calendário de exposições, com o intuito de abrir espaço para jovens artistas, e que, atualmente, tem a participação de artistas do mundo todo; Parede Gentil, que desde 2005 recebe convidados para realizar obras especiais na parede externa da galeria, já tendo recebido nomes como Anna Bella Geiger, Paulo Bruscky, Marcos Chaves, Lenora de Barros, Neville D’Almeida, entre muitos outros; Camisa Educação, desenvolvido desde 2005, o projeto convida artistas a criarem camisas que incorporem a palavra “educação” às suas criações e Alalaô, idealizado pelos artistas Márcio Botner, Ernesto Neto e Marcos Wagner, teve início no verão de 2010, onde a cada edição um artista era convidado para realizar uma obra de arte, intervenção ou performance na praia do Arpoador, RJ, mostrando que a praia também pode ser um espaço para a cultura.

Exposição na Galeria Tato

Mostra coletiva que faz parte do programa Casa Tato, que já se firmou como núcleo de desenvolvimento de artistas visuais e novos agentes do mercado de arte contemporânea. A exposição vai até 07 de outubro, na Barra Funda, São Paulo, SP, circuito efervescente de arte na capital paulista.

“(Uma) Certa Enciclopédia…” é o nome dessa nova coletiva em exibição na Galeria Tato. A mostra integra o programa Casa Tato, que chega à sua nona edição, reunindo nomes efervescentes do campo da arte contemporânea, 28 artistas que participaram das recentes edições do projeto. O espaço, fundado em 2010, é dirigido por Tato DiLascio.

Artistas participantes

Alessandra Mastrogiovanni, Alexandre Vianna, Aline Mac Cord, Angela Fernandes, Anna Guerra, Bet Katona, Danilo Villin, Diogo Nógue, Flávia Matalon, Giovanna Vilela, Greicy Khafif, Isaac Sztutman, Isabela Castro, Jamile Sayão, Julia Mota, Júnia Azevedo, Laura Martínez, Luciano Panachão, Magna Sperb, Maiana Nussbacher, Maria Claudia Curimbaba, Orlando Facioli, Pedro Orlando, Rafa Diås, Renata Barreto, Rogo, Rossana Jardim e Simone Höfling.

Sobre o título da exposição, os curadores explicam: “É provável que qualquer pessoa que tenha se proposto a organizar uma biblioteca, uma coleção de discos ou mesmo um guarda-roupa esteja familiarizada com a vertiginosa arbitrariedade que marca os procedimentos de classificação e organização do mundo. A enciclopédia, esse dispositivo paradoxalmente dotado de uma ambição totalizante e fadado à obsolescência que resulta do intervalo entre o tempo das coisas e o tempo das palavras, inspira as mostras de encerramento da Casa Tato 8, que tem curadoria de Nancy Betts e Icaro Ferraz Vidal Jr., e de abertura da Casa Tato 9, com curadoria de Katia Salvany.”

Simples e Sofisticado

21/set

Exposição do artista Paulo Roberto Leal é o atual cartaz da Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, e obedece curadooria de Paulo Venancio Filho. Para o curador, a exposição “Simples/Sofisticado”, é uma reapresentação importante da obra de Paulo Roberto Leal, uma oportunidade ímpar de rever parte do seu legado, que dá prosseguimento à abstração geométrica pós neoconcretismo de uma maneira muito pessoal e, como o próprio artista costumava dizer, bastante lúdica. Tendo realizado algumas importantes exposições do artista, a Galeria de Arte Ipanema – inaugurada em 1971 com uma exposição de Paulo Roberto Leal – desta vez reúne mais de 20 trabalhos. Uma das precursoras do Modernismo e uma das mais longevas do Brasil, a galeria presta homenagem a Paulo Roberto Leal reunindo parte da coleção do acervo, entre pinturas e objetos, em um recorte que vai dos anos 1970 aos 80. Sua experiência anterior como artista gráfico deu intimidade para solucionar a ocupação de espaços especialmente bidimensionais, introduzindo uma certa liberdade cromática que imprime o clima do Rio de Janeiro dos anos 1970, mais extrovertido, diferente do neoconcretismo dos anos 1950.

À frente da galeria, Luiz Sève e sua filha Luciana Sève, falam sobre a relevância deste evento na sua cronologia: “Para nós, da Galeria de Arte Ipanema, esta exposição do Paulo Roberto Leal é motivo de grande orgulho e entusiasmo. Depois de 35 anos da última mostra conosco, Paulo continua sendo, através do seu trabalho, o mesmo jovem com quem convivemos: alegre e contagiante através de suas maravilhosas telas e esculturas. Temos muita satisfação em poder oferecer ao público o acesso às suas obras espetaculares”, afirmam.

A palavra do curador

A obra de Paulo Roberto Leal pode ser compreendida como uma inventiva continuidade pessoal aos processos abstrato geométricos neoconcretos, em especial, as suas escolhas e soluções cromáticas e ao tratamento que deu ao plano pictórico.  A novidade que introduz ao que seria possível de chamar de “pós-neoconcretismo” é a franca liberdade que concede às cores e ao material, em especial do papel. Sua atividade anterior como artista gráfico deu a ele uma intimidade e sensibilidade única com o papel – o elemento polivalente de sua obra. Para ele a materialidade própria do papel é simultaneamente suporte planar e fator “objetal”, pois podemos designar como objetos as tão conhecidas caixas de acrílico do artista nas quais o papel assume uma tridimensionalidade inusitada. Aí se percebe a inteligência do artista gráfico em articular e organizar o espaço pictórico – ou tridimensional -, tudo, imagina-se, deriva dessa convivência íntima com o planaridade. Nas cores que utiliza percebe-se uma determinada característica intimista e extrovertida, um possível paradoxo que articula a intimidade do exercício lúdico e extroversão cromática. O mesmo ocorre em certas reverberações cinéticas, como o movimento instável e gracioso do papel dentro das caixas e outros ritmos que permanecem ao longo da obra. O elemento constante, fundamental e que conduze toda obra é a presença da linha; não só sua presença como elemento divisório do espaço que tem inédita continuidade na costura que une as diversas partes da tela – costura que em alguns trabalhos é o único elemento que se apresenta na tela; só ela e mais nada.  Estas singelas inovações dão a dimensão do processo que se desenvolve até mesmo na presença efetiva da linha como elemento físico. Ela que também é a linha que costura, indica pluralidade de funções que executa – a linha costura e a costura é uma linha, mostrando a igualdade de uma e outra. Poderia se dizer que a linha que é um dos fundamentos do “pensamento gráfico ampliado” desenvolvido em diversas fases da obra do artista. Mesmo nas caixas, a vista privilegiada é aquela que oferece ao olhar as linhas sinuosas e ondulantes do papel recortado tocando a face do acrílico – esta a face “cinética” do trabalho que o artista encontrou na maleabilidade do papel, a espécie de “corpo” sensual que o papel forma dentro da caixa. O lirismo que percorre a escolha das cores – cores levemente pop -, especialmente os vermelhos e laranjas, extravasa uma cálida temperatura visual. Esta que deriva certamente do ambiente e da época – década de 1970 – da cidade do Rio de Janeiro. De uma simplicidade sofisticada – uma equação que é difícil solucionar -, despretensiosa e assertiva, implicada em seus delicados problemas, estendendo a abstração geométrica para uma absorção da experiência gráfica, de cuidadosa execução e disposição dos elementos geométricos, Paulo Roberto atraiu uma atenção que o levou a 36ª Bienal de Veneza e ampliou o interesse nacional e internacional por sua obra, que ainda persiste. A diversidade dos procedimentos que utilizou: costura, uso de linhas de seda, papel, acrílico, estabeleceram sua posição única naqueles anos de intensa experimentação das práticas artísticas onde começavam a prevalecer instalações, objetos e performances, colocando-o numa posição lateral, e não só ele. Nesse contexto sua obra não se alterou, permaneceu constante, reafirmando a cada momento a integridade da sua poética artística. E ainda hoje seu trabalho continua a sugerir uma singular intimidade ao estabelecer uma escala de pequena dimensão que circunscreve o espaço de uma convivência próxima, sugestiva ao jogo, ao interesse e prazer lúdico. Assim muitas de suas telas sugerem a disposição e a montagem das figuras geométricas, estabelecendo entre elas um convívio que manifesta a sensação do acerto buscado e encontrado: medida que o artista, desde sua experiência gráfica, tinha dentro de si. Uma obra, que vista depois de décadas, ainda exala um frescor intocado, rejuvenescido pelo tempo. (Paulo Venancio Filho).

A trajetória de Paulo Roberto Leal

Um dos ícones da expressão artística nos anos 1970, Paulo Roberto Leal (1946-1991) foi funcionário do Banco Central em 1967, tendo realizado os primeiros trabalhos de programação visual em 1969, produzindo catálogos de exposições de artes plásticas no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, entra em contato com o neoconcretista Osmar Dillon e, na década 70, inicia experimentação com materiais ligados a seu trabalho no banco, como bobinas de papel. Ministra curso sobre criatividade com papel no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ e recebe prêmio na 11ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1971. No ano seguinte, integra, com Franz Weissmann e Humberto Espíndola, a representação brasileira na 36ª Bienal de Veneza. Por ocasião da mostra O Gesto Criador, Olívio Tavares de Araújo realiza filme sobre sua obra em 1977. Trabalha como curador do Museu de Valores do Banco Central até 1980. Em 1984, em parceria com Marcus de Lontra Costa e Sandra Magger, faz a curadoria da mostra “Como Vai Você, Geração 80?”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV/Parque Lage, no Rio de Janeiro. É projetado em 1995 o Centro de Referência Iconográfica e Textual PRL no MAM/RJ, com a documentação deixada pelo artista sob a guarda de Armando Mattos. Em 2000, ocorre a exposição Projeto Concreto/PRL, no Centro Cultural da Light, no Rio de Janeiro, e, em 2007, 102 obras de sua autoria são reunidas na mostra Da Matéria Nasce a Forma, no Museu de Arte Contemporânea – MAC-Niterói. Dentre suas participações em exposições internacionais, merecem destaque “Unexpectedly” (Cloud Seven/Bruxelas), a coletiva “Afinidades Eletivas” (Galeria Esther Schipper/Berlim), com curadoria de Olivier Renaud-Clement, que em 2018 agrupou obras de Fernanda Gomes, Jac Leirner, Marcius Galan, Mira Schendel.

Sobre a Galeria de Arte Ipanema

A história da arte moderna e contemporânea brasileira se funde com a da Galeria de Arte Ipanema, que é reconhecida pelas importantes mostras de renomados artistas já realizadas ao longo dos seus 57 anos. Desde que surgiu, vem consolidando uma identidade própria e ocupa assim um espaço fundamental para o despontar artístico no Brasil. Considerada uma das mais relevantes e antigas galerias do país, reúne um acervo de peso e representatividade com obras de artistas internacionalmente reconhecidos, como Volpi, Cruz-Díez, Milton Dacosta, Lygia Clark, Sérgio Camargo, Di Cavalcanti, Portinari, Ivan Serpa, Guignard, Cícero Dias, Iberê Camargo, Antônio Bandeira, Pancetti, Tomie Ohtake entre outros. Tendo começado sua história no Copacabana Palace e ocupado endereço na Rua Farme de Amoedo, hoje está instalada no andar térreo de um belo prédio na Rua Aníbal de Mendonça, na quadra da praia, com projeto arquitetônico do escritório de Miguel Pinto Guimarães.