As nuances da experiência humana

24/mar

Obras recentes de Newman Schutze integram individual na Sergio Gonçalves Galeria, Jardim América, São Paulo, SP, com curadoria de Marcus de Lontra Costa.

Com mais de 40 anos de trajetória, Newman Schutze tem como característica a fidelidade que mantém à sua essência de pintor. Isso se comprova em “A pintura e seus mistérios”, exposição que inaugura no dia 1º de abril, com 30 trabalhos produzidos em 2024, em pequenos, médios e grandes formatos de até 1,80 metros, a maioria utilizando técnica mista sobre tela (e alguns em técnica mista sobre papel).

O artista, que tradicionalmente não dá títulos para suas obras, desta vez as “batizou” com nomes dados por pacientes psicóticos de oficinas por ele ministradas. Essas telas inéditas apresentadas na Sergio Gonçalves Galeria também exploram cores mais fortes, em pinceladas que apontam para um retorno à arte figurativa.

“A exposição faz uma imersão no meu universo pessoal e íntimo, onde proponho uma reflexão profunda sobre as nuances da experiência humana. As obras, que envolvem técnicas mistas e uma paleta vibrante, desafiam a forma como percebemos a realidade e nos convidam a olhar para dentro de nós mesmos”, afirma Newman Schutze.

A arte é uma ponte.

Por Marcus de Lontra Costa

Nesses tempos distópicos nos quais antigos fantasmas parecem envolver o mundo e apavorar aqueles que conheceram o arbítrio e a dominação, pintar é, antes de tudo, um ato de resistência e paixão. Em toda a diversidade de seus métodos e processos, a pintura, assim como o teatro, não se realiza no terreno da virtualidade. Ela é matéria, gesto, cor, espaço e terreno da construção humana. Ao longo dos séculos a pintura retratou e recriou o mundo com suas mazelas e encantos e hoje, mais do que nunca, ela se faz necessária para recuperar a essência criativa do ser humano. Em plena gritaria, no meio de vozes dissonantes, pautas identitárias necessárias, distúrbios teóricos, paradoxos filosóficos e determinações antropológicas a pintura de Newman Schutze se impõe pelo silêncio e elegância das coisas eternas. Há nela, como fundamento, a definição de uma clareza gráfica/estrutural que conduz o olhar do espectador para o território do equilíbrio, da sutileza e do método construtivo. Aqui, a disciplina rege a composição e o resultado é fruto de um processo elaborado no qual o movimento, o cromatismo, a sensível equação tempo e espaço se aliam a algumas reminiscências de paisagem para nos apresentar uma obra que nunca se esgota no primeiro olhar. As pinturas do artista combatem vigorosamente o olhar apressado; elas são um convite para a descoberta de belezas silenciosas e profundas. Na interseção do gesto e da figura, as paisagens surgem como elementos poéticos e de forte apelo visual. Elas são fragmentos da realidade envolvidas numa aura de mistério e nos remetem a antigas lembranças de um mundo perdido, mas que, com a força da arte, pode ser recuperado. Os tons pastéis sugerem véus e mistérios e convidam o olhar sensível a descobrir novas belezas e encantamentos. Trata-se de uma obra cuja densidade é fruto de um trabalho árduo e persistente. Ao artista não lhe interessam os rótulos e os estilos tradicionais pois ele sabe que a arte é antes de tudo uma ponte, um caminho. A sua maturidade permite-lhe tangenciar várias escolas e vários saberes da arte. Sua inquietude encontra morada na essência, no coração do homem que lhe assegura o direito de construir e transformar. Em seu grande mistério, a arte nos ensina que o conhecimento, o talento e a resiliência, como no caso das pinturas de Newman Schutze, formulam a receita principal de uma arte atemporal e eterna.

Rio de Janeiro, março de 2025.

Sobre o artista.

Newman Schutze nasceu em Adamantina, São Paulo, em 1960. Vive e trabalha em São Paulo, capital, desde 1985. Já participou de exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior, em países como Alemanha, França, Espanha e Estados Unidos. Expôs individualmente no MAM-Bahia, MAC-Paraná, Museu Victor Meireles em Florianópolis, SC e em diversas galerias nas principais capitas brasileiras. Entre as mostras, vale destacar: a 10ª Bienal de Santos; o 15º Salão da Bahia, em Salvador, SP-Arte (2005 e 2010); Arte BA08-Buenos Aires. Em São Paulo, fez parte do projeto “Aluga-se”. Recebeu diversos prêmios aquisitivos e uma viagem a Nova York em 1996. Em 2011, lançou o livro “Newman Schutze Nanquim, óleo”; em 2012, montou a instalação “Planície”, na Vitrine do MASP com curadoria de Regina Silveira. Em 2019, foi convidado para a residência artística em Gludstad, Dinamarca.

Até 10 de abril.

Nova artista Representada.

21/mar

A Galatea, São Paulo, SP, anuncia a representação de Katie van Scherpenberg (1940, São Paulo) em colaboração com a Cecilia Brunson Projects, importante galeria de arte latino-americana baseada em Londres, que representa a artista desde 2019.

Marcando o fim do hiato de três anos desde a última exposição da artista no Brasil, a Galatea inaugura no dia 27 de março a exposição Katie van Scherpenberg: o corpo da obra em sua unidade na rua Padre João Manuel, em São Paulo.

Iniciada há cinquenta anos, a produção de Katie van Scherpenberg deriva das suas investigações a respeito da pintura e dos elementos estruturais e simbólicos que a constituem. A artista experimentou toda sorte de intervenção sobre tela e madeira, pesquisando pigmentos naturais, desenvolvendo a própria têmpera, desencadeando reações químicas e examinando as oxidações sofridas por diversos materiais.

Nesse caminho de questionamento da pintura, Katie van Scherpenberg chegou à paisagem, passando a intervir com a cor no espaço – na areia, na água, na grama, nas árvores. Ao registrar suas intervenções espaciais, chamadas de landscape paintings, a artista, até então pintora, entra em cena protagonizando performances e evidenciando o lugar do corpo na prática da pintura. O título da exposição, portanto, busca ressaltar a corporalidade na sua obra, que tensiona tanto a plasticidade dos materiais quanto o corpo físico da artista.

Telas monocromáticas de Carlos Zilio.

20/mar

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “A Pintura com a Pintura”, do artista Carlos Zilio, sob curadoria de Ronaldo Brito. A mostra apresenta um conjunto de obras que reafirmam a pintura como um campo de embate e investigação contínua. Em telas monocromáticas de presença sutil, Carlos Zilio conduz o espectador ao limite da percepção, onde o visível se sustenta no paradoxo da quase ausência. Para Ronaldo Brito, essa busca pelo Nada não implica vazio, mas sim a condensação máxima do pensamento pictórico, na qual cada obra se apresenta como uma presença radical.

Ao longo de sua trajetória, Carlos Zilio transitou por diversas abordagens artísticas, da exuberância cromática ao rigor formal, sem se fixar em categorias rígidas. A Pintura com a Pintura convida o público a um exercício de contemplação e imersão, destacando a autonomia da pintura enquanto linguagem e sua capacidade de gerar significados além da representação tradicional. A exposição reafirma o compromisso de Carlos Zilio com a experimentação e a pintura como um território vivo, em constante transformação.

Pintura com a Pintura

O pintor veterano, aquele que se empenha diariamente em sua prática, sempre termina sozinho com a pintura. E não porque se aliene do mundo ao redor: a própria pintura acaba por metabolizar o mundo com suas operações específicas. Chega um momento em que esse processo, ao mesmo tempo intuitivo e metódico, condensa a vivência do artista a um ponto tal que dispensa quaisquer chamados extrínsecos, absorvido por inteiro no embate prazeroso porém exigente, sempre em aberto, com uma atividade por assim dizer interminável. Daí que o artista não tenha nos surpreendido tanto ao mencionar de passagem que, daqui para frente, pretendia pintar o Nada. E estamos falando de um pintor experimental, sem temas ou estilos definidos. Em sua carreira, entre outras incursões, ele passou de telas exuberantes, matissianas, a uma última série em preto e branco envolvendo a figura pitoresca do Tamanduá, que obcecava o seu imaginário familiar. Tampouco o cansativo dilema abstração/figuração encontra mais lugar entre as preocupações teóricas desse pintor culto, professor universitário e agente cultural inovador no que se refere ao destino da História da Arte no Brasil. Sem esquecer o início vanguardista, ainda nos anos 1970, quando produzia objetos nada “artísticos” e Instalações de caráter político, em confronto mais ou menos direto com a famigerada ditadura militar vigente.

A História da Arte para o pintor Carlos Zilio, naturalmente, significa muito mais do que matéria simbólica social – é parte constitutiva de sua personalidade pictórica. Nela comparecem, por exemplo, Malevitch, Barnett Newman e Jasper Johns, figuras à primeira vista incompatíveis. Mas ninguém se obrigue a rastreá-las nessas telas recentes , ocupadas que estão em alcançar o Nada. Tais presenças, em meio a outras poucas, já se tornaram fantasmas amigos, que sem dúvida contribuíram para a conversa atual da Pintura com a Pintura. O que importa agora é o embate frontal com essas telas quase vazias, monocromáticas, quase todas no mesmo formato médio. Completam uma série, um conjunto no sentido estrito do termo. Cada uma é uma, no entanto, pedem leitura cuidadosa. Por um lado, francas e diretas, parecem de pronta assimilação. Contudo, logo que as assimilamos elas prendem nossa atenção, excitando a percepção ao acompanharmos seu soberano fazer pictórico.

Ronaldo  Brito

Até 22 de maio.

Elaborações metafóricas e poéticas do amor.

18/mar

A Galatea anuncia a exposição Carvões acesos, coletiva com mais de 50 artistas nacionais e internacionais, que estará aberta ao público na unidade da galeria na rua Oscar Freire, em São Paulo, a partir do dia 27 de março.

Idealizada por Tomás Toledo, curador e sócio-fundador da Galatea, a mostra gira em torno de temas como amor, desejo e paixão em uma proposta transgeracional, transterritorial e transmídia – conta com pinturas, instalações, livros, esculturas, objetos e vídeo de artistas que investigam as tensões afetivas e suas metáforas. Estão presentes nomes que conectam gerações e territórios da arte brasileira e também internacional, como Amélia Toledo, Antonio Dias, Allan Weber, Chico Tabibuia, Cildo Meirelles, Gabriella Marinho, Jonathas de Andrade, Leonilson, Louise Bourgeois, Mayara Ferrão, Retratistas do Morro, Pablo Accinelli e Tunga.

Três núcleos compõem a exposição: Enlaces, Metáforas do amor e Metáforas do sexo. As obras apresentadas exploram a proximidade entre os corpos, o tesão do erotismo, o magnetismo do desejo e múltiplas representações de casais. São abordadas, ainda, elaborações metafóricas e poéticas do amor, bem como expressões ora mais cifradas ora mais explicitas do sexo.

Até 24 de maio.

Sustentabilidade e consciência ambiental.

 

Idealizado por Susi Cantarino da Galeria Metara, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, em 2023, “Do Lixo ao Luxo” terá nova edição este ano, com coquetel em 27 de março passando a se chamar “Do Lixo ao Luxo Reciclando”. Além de exposição dos artistas Osvaldo Gaia e Susi Cantarino, serão apresentadas pinturas produzidas pelos alunos da Fundação Darcy Vargas em oficinas de reciclagem, que receberão molduras reutilizadas e serão vendidas no dia da inauguração. Na abertura, haverá projeção de vídeo e fotos com registros dos alunos nas oficinas e exibição de laser com frases relacionadas ao tema proposto nas paredes do vizinho Moinho Fluminense (localizado ao lado da Metara). “Do Lixo ao Luxo Reciclando” conta com patrocínio da Integra Rio e é realizado pela empresa de produção Ayssiu, de Susi Cantarino.

“O projeto Do Lixo ao Luxo nasceu da necessidade premente de conscientizar que o descarte responsável do lixo não apenas preserva o ambiente, mas também fortalece a cultura do cuidado coletivo, concretizando-se na construção de lixeiras durante as oficinas. A cada ano viremos com novas ideias e desafios e em 2025 não será diferente. Como idealizadora e produtora, sinto uma profunda alegria ao concretizar esta segunda edição do projeto, contemplado pelo Edital Integra Rio. Temos certeza de que muitas outras edições virão, ampliando nosso impacto e propósito”, afirma Susi Cantarino. “Tudo aquilo que realizamos com convicção, paixão e potência não apenas floresce no presente, mas se expande como alicerce para os projetos que estão por vir”, conclui.

Em comum entre Susi Cantarino e Osvaldo Gaia, além de seus “objet trouvé” – feitas a partir de material de descarte – que serão expostas, está o fato de ambos terem sido premiados na Bienal de Florença: Susi Cantarino em 2005, quando recebeu o prêmio pelas mãos de ninguém menos do que o artista búlgaro Christo e Osvaldo Gaia, no IV Prêmio (ano de 2007).

Sobre as oficinas.

Artistas como Luiz Badia estarão entre os monitores das oficinas que serão ministradas no dia 21 de março, na Fundação Darcy Vargas, das 12h30 às 16h. Eles também produzirão, como na primeira edição do evento, “lixeiras-artsy” que depois levarão para suas casas, estimulando a consciência ambiental em cada família. Todo o processo de confecção será registrado in loco, bem como as aulas de reciclagem de tampinhas de metal que serão transformadas em ímãs de geladeira. Alfredo Borret ensinará aos adolescentes como produzir “ecotampas”.

A diversidade da arte popular brasileira

A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP, apresenta a exposição “12 Caminhos”, uma mostra que reúne o talento e a singularidade de 12 artistas de renome na arte popular brasileira. A inauguração acontece no dia 25 de março e conta com a participação dos artistas Ana Maria Dias, Cristiano Sidoti, Edivaldo, Edna de Araraquara, Enzo Ferrara, Francisco Severino, Helena Coelho, Isabel de Jesus, Lucia Buccini, Luiz Cassemio, Mara D. Lopes e Vanice Ayres.

Cada um desses artistas possui uma abordagem única, utilizando cores, formas e composições que expressam diferentes maneiras de perceber, sentir e representar o mundo ao seu redor. Apesar de suas distintas linguagens, todos compartilham a capacidade de retratar com sutileza e sensibilidade temas ligados à natureza e ao cotidiano, transmitindo em suas obras a alegria, o lirismo e o otimismo característicos do povo brasileiro.

A exposição “12 Caminhos” convida o público a embarcar em uma viagem pelo Brasil, explorando cenários diversos inspirados nas vivências e experiências de cada artista. Com um olhar autêntico e espontâneo, os participantes da mostra revelam seu universo interior por meio de um estilo próprio e facilmente reconhecível. Embora autodidatas, esses artistas acumulam anos de experiência e experimentação, buscando constantemente o aprimoramento de suas técnicas.

Em cartaz até 30 de abril.

Exibição de Adriana Varejão em N Y, Lisboa e Atenas.

17/mar

Artista explora interação entre natureza e cultura com novas obras.

A artista plástica Adriana Varejão desembarcará com suas exposições em Nova York, Lisboa e Atenas a partir do mês de março, expandindo ainda mais o seu trabalho após quase quatro décadas. As três mostras, que se conectam, também se expandem em diferentes aspectos do trabalho da artista carioca. No Hispanic Society Museum & Library (HSM&L) de Nova Iorque, por exemplo, Varejão explora a interação entre natureza e cultura com novas obras da série Pratos e uma escultura pública; já no Centro de Arte Moderna Gulbenkian, em Lisboa, a artista estabelece um diálogo com o trabalho de Paula Rego, abordando temas como violência e memória; enquanto na galeria Gagosian, em Atenas, ela investiga tradições de cerâmica, da turca a de Maragogipinho, na Bahia, relacionando sua produção contemporânea a essas tradições, que diz estar cada vez mais imersa na pesquisa sobre cerâmica, azulejos e barroco.

De 27 de março a 22 de junho, a exposição Don’t Forget: We Come From the Tropics marca a primeira individual da artista em um museu nova-iorquino, com as pinturas tridimensionais da série Pratos, entre inéditas e recentes, bem como uma grande instalação comissionada na entrada da Hispanic Society. As obras resultam das pesquisas de Varejão sobre a Amazônia e propõem uma releitura crítica do cruzamento entre natureza e cultura, além de fazer referências a tradições cerâmicas de diversas partes do mundo.

Em Lisboa, em Portugal, de 10 de abril a 22 de setembro, a exposição Entre os Vossos Dentes traz um diálogo da trajetória artística de Varejão com a da renomada portuguesa Paula Rego, no Centro de Arte Moderna Gulbenkian. Distribuída ao longo de 13 galerias temáticas, a exposição, com quase cem obras, encontra pontos de convergência surpreendentes entre os trabalhos de cada uma delas, abordando temas como violência, erotismo, apagamento e memória. Com curadoria da própria artista carioca em parceria com Helena de Freitas e Victor Gorgulho, a mostra tem expografia da cenógrafa, dramaturga e cineasta Daniela Thomas.

Encerrando a sequência de exposições, Adriana Varejão realiza sua primeira individual na galeria Gagosian de Atenas, de 15 de maio a 14 de junho. A exposição reúne obras inéditas da artista em diálogo com peças de diversas tradições cerâmicas, que cruzam tempos e geografias. A mostra será dividida em quatro núcleos: o primeiro se relaciona com vasos da Grécia, o segundo com vasos de Maragogipinho, na Bahia, conhecido como o maior pólo ceramista da América Latina, com cerca de 150 olarias. Adriana visitou a cidade para investigar a produção local, cujas peças são caracterizadas pela pintura floral em tabatinga branca sobre a cerâmica avermelhada. O terceiro núcleo está relacionado com a cerâmica chinesa da dinastia Song, incluindo um incensário raro que ela pegou emprestado com o museu Benaki. O quarto traz uma relação com tradição de Iznik, da Turquia, destacando os azuis vibrantes, um traço marcante desses trabalhos. Na exposição, Varejão propõe uma reinterpretação da cerâmica como maneira de conectar o passado e o presente, resgatando os significados históricos e culturais dessa produção artística.

Tarsila na Espanha.

O Museu Guggenheim Bilbao, Espanha, em colaboração com grandes coleções internacionais, inaugurou em fevereiro uma exposição inédita de Tarsila do Amaral. O foco da mostra é a formação de Tarsila do Amaral no Cubismo e a transição para um estilo único, profundamente influenciado pela cultura brasileira.

A exposição no Guggenheim, que vai até 1º de junho, inclui um raro exemplar de “Nu cubista”, da década de 1920 – existem apenas três, todos em coleções privadas e de difícil acesso. A obra integra um conjunto da exposição sobre a formação de Tarsila do Amaral no Cubismo enquanto “escola de invenção”, fundamental para um estilo pessoal classificado pela própria artista como “brasileiro” e “moderno”.

O público, no entanto, nota na mostra a ausência de “A Negra”, uma das obras mais emblemáticas de Tarsila do Amaral, que esteve na exposição “Pintando o Brasil moderno”, no Museu de Luxemburgo, em Paris, entre outubro de 2024 e fevereiro, mas não seguiu para o Guggenheim de Bilbao.

O Guggenheim informa que “A Negra” é uma tela muito requisitada em mostras nacionais e internacionais e está no centro do novo esquema de apresentação da exposição permanente do Museu de Arte Contemporânea da USP. A mostra foca a representação do negro na arte moderna. Em novembro de 2024, enquanto esteve na capital francesa, a icônica obra de Tarsila do Amaral foi tema de dois dias de estudos sobre sua história e recepção desde a década de 1920 até aos dias de hoje.

Fonte: O Globo.

Sérgio Ferro no MAC USP.

14/mar

A produção de Sérgio Ferro documenta e desafia as estruturas de poder, evidenciando as tensões entre criação e opressão. A mostra propõe um olhar aprofundado sobre sua trajetória e as formas como sua obra dialoga com as lutas políticas e sociais; o público terá a oportunidade de explorar a produção do arquiteto por meio de documentos, maquetes, filmes e registros históricos que compõem um retrato profundo de sua trajetória. A mostra realizada no MAC USP até 15 de junho intitulada Sérgio Ferro – Trabalho Livre, mergulha na trajetória e no pensamento crítico do arquiteto, pintor e teórico cuja obra desafia as relações entre arte, arquitetura e sociedade.

Com curadoria de Fabio Magalhães, Maristela Almeida e Pedro Fiori Arantes, a exposição investiga como Sérgio Ferro desenvolveu um pensamento único sobre o trabalho, a produção artística e a arquitetura, pautado na resistência à opressão e na busca por uma prática verdadeiramente emancipada. A intersecção entre arte e política permeia sua obra, revelando a construção de uma visão crítica que atravessa diferentes campos de atuação. Desde sua participação no movimento Arquitetura Nova, ao lado de Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, Sérgio Ferro reformulou as bases da crítica arquitetônica. Sua abordagem denuncia a exploração dos trabalhadores da construção civil e propõe uma revisão estrutural da disciplina, indo além da estética e das formas para analisar a materialidade e a organização do trabalho. Fotografias cedidas pelo Instituto Moreira Salles ilustram e ajudam a contextualizar a crítica do arquiteto ao modelo de produção vigente.

O discurso do novo representado.

 

A galeria A Gentil Carioca, São Paulo e Rio de Janeiro, anuncia a representação do artista Miguel Afa. O artista vive e trabalha no Rio de Janeiro. Começou sua trajetória por meio do graffiti em 2001, nas ruas e becos do Complexo do Alemão, e estudou na Escola de Belas Artes – UFRJ. Seu trabalho reflete sobre o corpo periférico, contrapondo suas adversidades e propondo uma nova leitura imagética que potencializa e valoriza o afeto. Suas obras alternam entre a sensibilidade poética e mensagens políticas diretas.

O olhar do artista transforma o que captura, dando-lhe uma aura própria por meio das cores que utiliza. Sua paleta amena não é mero recurso estético: é essencial à composição, ampliando a complexidade do que é representado. Longe de neutra, a cor é discurso e um posicionamento diante das cenas retratadas. Esmaecer não é apenas um gesto pictórico, mas um ato de lembrança e questionamento, revelando tanto o visível quanto o invisibilizado.

Em 2025, o artista apresenta uma exposição solo no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, Brasil. Em 2024, participou das coletivas “Dos Brasis”, no Sesc Quitandinha, Petrópolis (itinerância da mostra apresentada no Sesc Belenzinho, São Paulo) e “O que te faz olhar para o céu?”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro. No mesmo ano, realizou a individual “ENTRA PRA DENTRO”, na galeria A Gentil Carioca. Em 2023, realiza nova exibição individual “Em Construção” e participou da coletiva “Da Avenida à Harmonia”, ambas no Instituto Inclusartiz no Rio de Janeiro, Brasil. Suas obras fazem parte de coleções de destaque, como a Jorge M. Pérez Collection.