Dois na Kogan Amaro

06/ago

A partir de 08 de agosto e até 06 de setembro, a Kogan Amarao, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exibe duas exposições: “A verdade está em tudo, mesmo no erro”, do multiartista Fabiano Rodrigues, que usa do ideário de Moholy Nagy para reunir colagens e fotomontagens a partir de negativos de até cem anos atrás e Felipe Góes, com “Cataclismo”, no mezanino da galeria, paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitando as telas do pintor abstrato-figurativo.

 

 Fabiano Rodrigues

 

A verdade está em tudo, mesmo no erro

 

“O inimigo da fotografia é a convenção, as regras fixas de “como fazer”. Sua salvação vem da experimentação. O artista experimental não tem ideias preconcebidas, não acredita que a fotografia seja somente como é conhecida hoje – exata repetição e representação da visão costumeira. Não pensa que os erros devam ser evitados. Ousa chamar de ‘fotografia’ todos os resultados alcançados pelos meios fotossensíveis, com câmera ou sem.”

 

O texto acima foi escrito na década de 20 pelo artista húngaro e professor da Escola Bauhaus László Moholy-Nagy (1895-1946), um experimentador incansável, dos exponentes do Modernismo europeu que ajudaram a mudar os rumos da arte. Quase um século depois, ainda revolucionário, serve agora de tripé ao fotógrafo Fabiano Rodrigues, 45.

 

Para criar sua mais recente série de trabalhos, ele deixa a câmera na gaveta. Resgata imagens de sebos e álbuns de família esquecidos pela História. Desdobra-se em colagens e fotomontagens a partir de 400 negativos das décadas de 50 e 60, quando as máquinas fotográficas caíram no gosto popular. Em suas experiências, não abre mão dos erros. Pelo contrário, põe-se a explorá-los, trazendo à luz uma outra realidade, mais plástica.

 

A ideia é dar aos registros uma nova interpretação, ressignificá-los de maneira irreverente. Após recortadas, as fotos integram montagens estranhas, meio surreais, meio fantasmagóricas. Homens e mulheres que têm seus rostos mutilados pelas lâminas precisas do artista. Despedaçados, reconfiguram-se de maneira invertida, bem ao estilo de Moholy-Nagy.

 

Numa delas, um evento social que reúne engravatados, Rodrigues segmenta as silhuetas masculinas e as ambienta em situações habituais, de comportamento e gestos masculinos, em fundo negro, infinito, como se estivessem flutuando no abismo profundo. Imagens antes abandonadas, jogadas ao anonimato. São mais de 60 ou 70 anos desde que foram captadas. Algumas até mais antigas, de 1915. Fotografia nostálgica, carregada de melancolia, que registra este fenômeno inexorável à passagem do tempo, espécie de congelamento no passado de pessoas que talvez nem mais existam, levando seus fragmentos até o presente de gente que sequer as conhece.

 

Em sua pesquisa, o artista topou com alguns filmes publicitários de máquinas fotográficas da época. E aproveitou para também transformá-los em colagens. Frames comerciais e imagens em movimento se misturam a trechos de músicas e sons aleatórios. O resultado é um vídeo estridente.

 

O artista de Santos (SP) já não era convencional antes, ao documentar o universo dos praticantes de skate – sua tribo, já que ele mesmo é skatista profissional. Em meio à adrenalina e durante saltos, piruetas e voos inacreditáveis, fotografava solto no ar ou em velocidade vertiginosa, dentro de museus e edifícios com arquitetura marcante, desafiando os limites institucionais. Disparava a distância um obturador remoto, o que exigia boas doses de precisão.

 

Nesta nova fase de sua obra, Fabiano arrisca-se na experimentação ao deixar a máquina fotográfica na gaveta, mais maduro pelo tempo, parte radicalmente para a pesquisa de imagens já existentes. Agora desenha recortando, cortando e colando. Junta essas fotografias e negativos de época e lhes dá sobrevida na contemporaneidade ao resgatá-los do passado. Cria assim, inusitadas imagens de segunda geração.

 

São estranhas, é o que poderia dizer no mínimo sobre essas imagens resultadas do gesto simples de recortar, colar e sobrepor partes da mesma fotografia.

 

Curadoria

Ricardo Resende

 

 

Felipe Góes

 

Também a partir de 08 de agosto, entra em cartaz a mostra individual de Felipe Góes, “Cataclismo”, no mezanino da Kogan Amaro. Paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitam as telas do pintor abstrato-figurativo. “Se alguns pintam a partir da fotografia de uma paisagem, e outros, da memória de tal lugar, me coloco em um terceiro círculo, misturando lembranças de vários destinos. Dessa forma, crio uma localização parcialmente irreal”, conta o artista.

 

 

Cataclismo

 

No começo havia apenas a desordem. O único deus era o Caos, que reinava no nada e sozinho. Ele, então, decide criar Gaia, mãe-terra e força primordial do universo. Assim começa a origem do mundo na mitologia grega, de onde o cataclismo se ergue e a transformação impera. Paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitam nosso imaginário e também as telas do artista plástico Felipe Góes.

 

Um entardecer onírico une as obras do paulistano, de 36 anos, todas compostas por intensas pinceladas que passeiam entre William Turner e Gerhard Richter, ora feitas em tinta acrílica, ora em guache. “Há quase um ano, tenho migrado meu trabalho para esse lugar imaginário, em um processo constante de renovação, que vai das formas à paleta, passando pelas dimensões das obras, que tomam cada vez mais corpo”, explica.

 

Se antes seguia campos de cor para dar ritmo ao trabalho – processo que reconhecemos na obra de artistas como Paulo Pasta (de cujo grupo de estudos Góes fez parte entre 2008 a 2012) –, agora, ele entrelaça tais tonalidades, deixando essas áreas mais mescladas e difusas. “Essa transformaçãoEnte recente coincide com o período mais intenso de interlocução com o artista Rubens Espírito Santo”, conta.

 

O figurativo é outro elemento que cresceu na produção do artista. Ligado a certo expressionismo na pincelada, mudou a incidência de luz e sombra em suas telas. Tais características fazem de Góes parte de uma nova geração de pintores abstrato-figurativos que tem alcançado êxito na cena artística, formada por nomes como Daniel Lannes, Marina Rheingantz, Bruno Dunley e Rodrigo Bivar. “Se alguns pintam a partir da fotografia de uma paisagem, e outros, da memória de tal lugar, me coloco em um terceiro círculo, misturando lembranças de vários destinos. Dessa forma, crio uma localização parcialmente irreal.”

 

A natureza exuberante permeia esses registros, como uma espécie de catalogação de lugares inexistentes – todos cobertos pela penumbra mágica das cores do nascer e do pôr do sol. Alguns deles sugerem a presença humana, seja em um farol, em uma ponte ou em uma construção não definida. Uma forma de fazer possível nossa passagem por esse mundo de cataclismos.

 

Curadora

Ana Carolina Ralston

 

 

 

 

Bate-papo na FIC

31/jul

No próximo sábado, 03 de agosto, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, promove um bate-papo com o artista Daniel Senise e a curadora Daniela Labra sobre a exposição “Antes da Palavra”, que inaugura no mesmo dia. O encontro ocorre às 16, no átrio da Fundação Iberê. Serão oferecidas 50 vagas, por ordem de chegada e a entrada é gratuita.

 

A exposição “Antes da Palavra” apresenta 23 trabalhos de Daniel Senise, entre pinturas e objetos, articulados em torno da instalação monumental “1.587”, construída por duas grandes telas suspensas no átrio, postadas frente a frente. A ausência na presença é um paradoxo explorado nas obras do artista, assim como a reflexão sobre o tempo, a vaidade, a futilidades e a opulência.

 

Em diálogo com a exposição, Daniela Labra convidou seis artistas que pensam o som não em sua estrutura melódica, mas em proposições que indicam ausência, fisicalidade, espacialidade, interrupção, silêncio, tempos alongados e outros motes integrados às ideias primordiais presentes em “Antes da Palavra”. São eles: Marcelo Armani, Ricardo Carioba, Raquel Stolf, Pontogor, Tom Nóbrega e Felipe Vaz.

 

 

 

Instalação de Daniel Senise

25/jul

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura no dia0 3 de agosto a exposição “Antes da Palavra”, exibição individual de Daniel Senise. A abertura ocorre às 14h e pode ser visitada até 29 de setembro, no Átrio e 2º e 3º andares.

 

Com curadoria de Daniela Labra, a mostra apresenta 23 trabalhos de Senise, entre pinturas e objetos, articulados em torno da instalação monumental “1.587”, constituída por duas grandes telas suspensas no Átrio, postadas frente a frente, cujas lonas são lençóis usados em um motel carioca e no INCA – Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. “As marcas e manchas visíveis nas superfícies das peças são prova de um tempo transcorrido que é protagonista. Nesse lugar, essa representação – como numa natureza-morta, é substituída pela temporalidade de fato, palpável, a qual exacerba um segundo paradoxo, o da representação/real, contido na obra de arte contemporânea”, explica a curadora.

 

O título da obra decorre do cálculo de pessoas que passaram por esses lençóis ao longo de seis meses. Senise pouco interferiu na maculada imensidão branca, de onde saltam imagens mentais de estórias pessoais desconhecidas. Os números das presenças/ausências, registros, lembranças, momentos de muito amor, mas também de muita dor, impregnados nos tecidos foram alcançados com a ajuda de um matemático e nomeiam cada face da instalação: “Branco 237″ refere-se à movimentação no hospital, enquanto “Branco 1.350″, no motel.

 

Somadas, essas cifram atingem 1.587 dramas e êxtases de desconhecidos amalgamados nesta obra de aspecto solene e vertiginoso. Em Porto Alegre, por questões de adequação ao espaço, esta é uma versão reduzida do trabalho original, intitulado “2.892”, criado no final da década de 1990 e exibido apenas em 2011, na Casa França-Brasil, Rio.

 

Em diálogo com a exposição, Daniela Labra convidou seis artistas que pensam o som não em sua estrutura melódica, mas em proposições que indicam ausência, fisicalidade, espacialidade, interrupção, silêncio, tempos alongados e outros motes integrados às ideias primordiais presentes em “Antes da Palavra”. São eles: Marcelo Armani, Ricardo Carioba, Raquel Stolf, Pontogor, Tom Nóbrega e Felipe Vaz.

 

Outra novidade da mostra é a joia feita com exclusividade por Daniel Senise para a Fundação Iberê Camargo, à venda na loja do espaço cultural. “A peça corresponde ao inverso dos nichos das placas de concreto aparente presentes na fachada da Fundação. O objeto foi moldado em um nicho próximo à entrada da arquitetura de Álvaro Siza e se encaixará perfeitamente, funcionando como uma “chave de acesso” ao prédio”, diz o artista.

 

60 anos de arte na TNT

TNT Arte Galeria, Fashion Mall, São Conrado, Rio de janeiro, RJ, apresenta a exposição a exposição “Pietrina Checcacci – pasmo essencial”, um recorte da produção da artista e trabalhos inéditos. Nascida em Taranto, sul da Itália, em 1941, radicou-se no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Em exposição mais de 30 obras dentre elas: pinturas, esculturas e objetos de design. Pintora, escultora, designer e poeta, a artista abre exposição em novo projeto da galeria TNT Arte para comemorar aniversário e seis décadas de arte.

 
Suas reflexões são atemporais onde aborda questões em relação a humanidade com o planeta. Com um ar de denúncia, mas ainda com sensualidade, a artista trata dessa conexão/desconexão ao longo de toda sua trajetória, tendo principalmente o feminino e elementos da natureza presentes em seu trabalho. “O ser humano não só vive e consome o universo, mas ele é parte dele, como a água, o céu, as folhas, flores e tudo que o constituem”, afirma a artista. Em sua obra, pernas e corpos aparecem como formas de montanhas, rosas representam a sensualidade do corpo, da pele, espinhos são dores ou defesas. Tudo em sua obra é homem e natureza.

 

Para essa mostra, a artista apresenta pinturas inéditas tomando partida em uma das séries para assuntos sobre comportamento social, sobre relações na atualidade que figuram ao lado de um recorte da sua produção desde os anos 1970 onde figuram trabalhos das séries; “Rosas”, “Paraíso Tropical”, esculturas em bronze e fibra de vidro como a obra “Eleonor” e objetos de design. “Estou comemorando meu aniversário e seis décadas de produção, nosso desejo foi trazer as obras mais recentes, mas sem deixar de contar um pouco da minha história ” diz a artista sobre o eixo curatorial escolhido ao lado dos diretores da galeria.

 

Produzida em 2016, mas inédita ao público, a artista apresenta a série “Fake” onde revela um viés que gira em torno do empoderamento da mulher. Composta por sete pinturas, Pietrina constrói uma narrativa sequencial, mas que faz sentido mesmo quando separadas. Nas pinturas da série, Checcacci pinta mulheres que possuem uma proporção grandiosa em relação a área da tela, com cabelos esvoaçantes e a sensualidade sutil que trata o feminino em sua produção. Ao percorrer as telas, homens passam a figurar ao lado dessas mulheres, revelando questões em relação a solidão, expectativa, desapego e independência.

 

Sobre o processo criativo a artista revela “ A primeira pintura partiu das mulheres que se montam, aquelas que constroem uma imagem com foco em serem poderosas através de sua aparência, depois introduzi um casal, em seguida homens, e eu não conseguia mais parar, fiquei aficionada pelo desdobramento que encontrava de uma pintura para outra. Agora cada um pode receber as pinturas com seu repertório”, revela Pietrina que gosta de provocar a reflexão.

 

Texto de Denise Mattar.

 

Até 07 de agosto.

Cris Cavalcante, NY/Fortaleza

23/jul

Cris Cavalcante usa sua formação em química para suas pinturas ultracoloridas. A artista cearense Cris Cavalcante usa em suas pinturas uma técnica desenvolvida a partir de sua pesquisa com polímeros, pigmentos e solvente, que ao reagirem criam belas formas ultracoloridas. Antes de cursar arte na School of Arts de Nova York, ela havia se formado em química, e aplica este conhecimento em sua prática no ateliê. Seus trabalhos estão em coleções privadas em Portugal, Luxemburgo, Alemanha, Estados Unidos e China (Xangai), e no Brasil em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, onde também podem ser vistos em seu espaço de arte no bairro de Aldeota. Passou a infância e a juventude no Rio de Janeiro, retornando a Fortaleza aos 25 anos, onde fica baseada. Suas pinturas ocuparão um espaço próprio na Casa Cor Fortaleza 2019, entre 12 de setembro e 22 de outubro.

 

Agora, a partir de 22 de julho, suas pinturas integram a coletiva “4 Elements”, na Van Der Plas Gallery, no Lower East Side em Nova York. Fundada em 1980 pelo austríaco Adriaan Van Der Plas, a galeria é especializada em arte contemporânea. A mostra reúne trabalhos que lidam com os quatro elementos: fogo, ar, água e terra.

 

 

Da Linha, O Fio

22/jul

O Espaço Cultural BNDES, Av, Chile, 100 – Centro, Rio de Janeiro, RJ, – próximo ao metrô Carioca -, exibe a exposição inédita “Da Linha, O Fio”, uma coletiva de 23 artistas modernos e contemporâneos com curadoria de Shannon Botelho.

 

Sobre a exposição

 

A mostra apresenta um panorama recente da arte brasileira, abordando as noções de “linha” e “fio” como tema. A partir da ideia de fiar – transformar linhas em fios –, as obras são expostas de forma complementar, estabelecendo um modo de interação entre si e com o espaço. O visitante é convidado a refletir não somente sobre a expressão gráfica da linha, mas também sobre como o fio, ao ganhar o espaço real, transforma-se em novo material ou suporte.

 

Ao reunir bordados, esculturas, instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos, “Da Linha, O Fio” apresenta uma possibilidade de compreender linha e fio como elementos nas artes visuais, destacando sua condição poética nas imagens e apontando para um novo meio de significação no pensamento artístico contemporâneo.

 

Artistas participantes

 

Aldo Bonadei, Anderson Dias, Bispo do Rosário, Cabelo, Carolina Ponte, Cristina Lapo, Daniel Murgel, Frida Baranek, Ismael Nery, Janaina Mello Landini, Laura Lydia, Lothar Charoux, Marcus André, Maria Laet, Mariana Guimarães, Milton Dacosta, Mira Schendel, Pedro Varela, Raphael Couto, Rodrigo Mogiz, Simone Moraes, Vera Bernardes, Walter Goldfarb.

 

Até 20 de setembro.

 

 

 

Para Reynaldo Roels Jr.

15/jul

No mês que marca dez anos da morte do crítico de arte, coordenador do Núcleo de Pesquisa do MAM de 1991 a 1992 – e curador do Museu de 2007 até a sua morte súbita em 2009 -, Reynaldo Roels Jr, ganha mostra e livro em sua homenagem. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no próximo dia 6 de julho de 2019 uma exposição em homenagem a Reynaldo Roels Jr. (1951-2009), com curadoria de Fernando Cocchiarale, que reúne obras de 15 artistas que Reynaldo admirava e com os quais mantinha contato permanente, como José Bechara, Iole de Freitas, Ivens Machado, Anna Maria Maiolino, Vicente de Mello, Ione Saldanha, Manfredo de Souzanetto, Franz Weissmann e Victor Arruda.

 

As obras reunidas pertencem à Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – em doação de Eduardo de Barros Roels e Ana Beatriz de Barros Roels, Ferreira Gullar e Projeto Colecionadores MAM 3 – à Coleção Hélio Portocarrero, e à Coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio.

 

A trajetória profissional de Reynaldo Roels Jr. se entrecruza com diversos momentos da história recente do MAM Rio, de onde foi curador de 2007 até a sua morte súbita em 2009, e coordenador do Núcleo de Pesquisa do Museu de 1991 a 1992. Foi ainda curador da Coleção Gilberto Chateaubriand de 1997 a 2000, e diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage entre 2002 e 2006, e crítico de arte do “Jornal do Brasil”, de 1985 a 1990.

 

Artistas na exposição

 

Anna Maria Maiolino, Cláudio Fonseca, Franz Weissmann, Iole de Freitas, Ione Saldanha, Ivens Machado, João Magalhães, João Carlos Goldberg, Jorge Duarte, José Bechara, Manfredo de Souzanetto, Ronaldo do Rego Macedo, Victor Arruda, Vicente de Mello, Walter Goldfarb.

 

Até 25 de agosto.

 

Dia 18 de julho de 2019, das 15h às 18h: conversa aberta/lançamento do livro “Escultura – 3-D”

 

 

Novíssimos 2019, 48ª edição

12/jul

Frases retiradas do Tinder viram instalação, escritas com sal da água do mar são reveladas em telas, números de velhas cadernetas de telefones sendo contatados por um celular de última geração. Foram gravados em vídeo, cerca de 3.000 fotografias dispostas como uma paleta de Pantone que podem ser manuseadas. Estas e outras linguagens compõem as obras da 48ª edição do Salão de Artes Visuais “Novíssimos”, que abrirá no dia 18 de julho, às 18h, na Galeria de Arte Ibeu, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. Sob curadoria de Cesar Kiraly, a coletiva conta com pinturas, instalação, objeto, vídeo e desenhos de 13 artistas selecionados: Cláudia Lyrio, Evandro Machado, Fernanda Sattamini, Fernando Soares, Henrique de França, Juliana Gretzinger, Marcus Duchen, Mariana Hermeto, Nicole Kouts, Thais Stoklos, Talita Tunala e Tangerina Bruno, uma dupla de artistas gêmeos. Na noite de abertura, será divulgado o nome do artista contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2020. A edição deste ano será composta por temáticas diversas. Inspirado pelos últimos debates sobre o poder que as cores têm de identificar segmentos, o artista Evandro Machado, por exemplo, irá expor imagens que buscam sabotar a transformação das cores em discurso político. As obras retratam um mundo frio e calculista, onde tudo tem que ser levado a uma construção geométrica da realidade e os objetos não têm peso, não há gravidade. Dentro deste universo existem monolitos, presenças de imposição neste lugar inerte, no qual cubos flutuam carregando uma bandeira similar a brasileira.
“Parte do discurso do trabalho é a vontade de criar confusões, a partir da contaminação desses campos cromáticos. O verde e o amarelo têm o poder de serem representativos do que o brasileiro acredita. Nesse momento nacionalista, percebemos que o vermelho, por exemplo, se tornou uma cor mais difícil de ser aceita”, explica Evandro, que se inspirou no filme “2001: uma odisseia no espaço” para compor estas obras.

A dupla de gêmeos Tangerina Bruno irá expor a série “Para uma pintura”, composta por 2.971 fotografias em forma de objetos que são oferecidos ao público para serem manuseados. As obras mostram a origem do processo de criação dos artistas, que pintam a partir de fotografias tiradas por eles mesmos realizando ações, da maneira mais natural possível, em casa. “São imagens muito cruas, pois não estávamos preocupados se seria uma foto bonita, mas queríamos entender qual a ideia e chegar na imagem. Pegamos uma única imagem e usamos de referência para pintura, ou juntamos para colagem, reunimos no Photoshop para fazer a cena, passamos o desenho para a tela e começamos o processo de pintura. Quando pensamos neste processo, geralmente temos acesso ao resultado final. Mas, dessa forma, estamos representando todas as possibilidades que poderiam ser dadas à pintura”, analisa a dupla.

 

“O sigilo é a garantia do replay”, “nunca vou gostar de você mais do que gosto de beber”, “só me curta se tiver todos os dentes na boca”, “desaprendi a flertar, mas ainda sei comer e tomar vinho” são algumas das frases presentes no oráculo que será apresentado pela carioca Juliana Gretzinger, todas retiradas de aplicativos de relacionamento há cerca de dois anos. “Vejo o oráculo com humor, pois há um deboche envolvido. É um oráculo que, na verdade, não está preocupado em responder nada”, resume a artista.

 

Fernanda Sattamini irá apresentar o trabalho “As ondas que nos separam”, composto por gravuras com mensagens que a artista escreveu pensando em enviar para alguém e, depois, molhou na água do mar.

 

O paulistano Marcus Duchen irá expor duas obras inspiradas em uma viagem feita durante cerca de quatro anos por cidades do Sul de Minas, na qual o artista captou as impressões e as cores dos locais. Segundo ele, esta é uma pesquisa, quase geográfica, de alguém que não tinha naturalidade com os ambientes visitados e que, por meio da abstração, pode captar as sensações proporcionadas pela viagem.

 

Mariana Hermeto irá apresentar parte de objetos e materiais presentes em uma casa. Em um exercício de agrupamento, a artista trabalha a geometria e a (des)função de cada um deles, buscando a poesia na ressignificação do que é ordinário. O trabalho de Mariana se baseia na pesquisa da construção de uma arquitetura íntima e se assenta no cotidiano e nas relações estabelecidas a partir dele.

 

Na série “Força”, Fernando Soares utiliza a borracha de câmaras de bicicletas e as ressignifica para abordar a maleabilidade da matéria. O artista recolhe o material em uma loja de bicicletas perto de seu ateliê e tenciona a borracha em um chassi de madeira, retratando as nuances entre o tenso e o relaxado, como a respiração. A ideia é abordar movimentos completamente opostos mas que, na verdade, são complementares. “Nos trabalhos de Novíssimos, os selecionados são os mais tensionados. Na superfície de borracha, forço um pouco o material para ter abertura e criar conceitos de espacialidade. O próprio material se contrai e, por vezes, está solto, relaxado, tendendo apenas para a força da gravidade”, explica o artista.

 

Os desenhos figurativos de Henrique de França exploram o branco do papel através de mínimas insinuações de linha e sombra. Sua inclinação a abandonar figuras no vazio é audaciosa e intrigante. Assim, o artista define artificialmente os limites entre o urbano e o rural como os limites da civilização, de modo a criar dramáticas composições onde algo parece estar para acontecer ou acabou de acontecer. Há um sentimento de reflexão, como se os personagens estivessem em profundo pensamento sobre a vida, memória, esperança e mudança. Os trabalhos criam histórias com as quais todos podem se relacionar de um ponto de vista pessoal e nostálgico, mas ao mesmo tempo relatam o confronto de gerações, tradições e classes, como modo de refletir sobre a construção de uma sociedade, por uma perspectiva latino-americana.

 

Thais Stoklos irá apresentar a série “Sol, estou acordada”, falando sobre o dia e noite, luzes do céu, o pôr do sol, de intensidades de energia, de sentimentos humanos. Seus trabalhos são apresentados como verdadeiras pinturas feitas através da sobreposição de tules, que foram introduzidos nas obras da artista através da confecção de saias de bailarinas para suas filhas. Neste sentido, ela lança mão de tudo aquilo que é descartado: linhas, papéis, galhos, tecidos e pedras são reunidos e, com eles, Thais propõe novas formas, agrupando elementos em uma linguagem urbana, industrial ou natural. Como que se traçando caminhos ou construindo monumentos efêmeros, retrata a importância do sutil, na fugacidade do contemporâneo.

 

Cláudia Lyrio irá expor duas obras: “Teoria” e “Anteparo”. “Teoria” é um trabalho híbrido de desenho e pintura, de ficção e ciência, que tem como objeto o estudo do Pardal, ave da cidade (ave da polis, ave política). Cláudia apresenta esse pássaro de diversas maneiras e aponta algumas de suas características com pequenos textos entremeados. Este trabalho é a ação de observar e traz as etapas do desenho, os rascunhos, as inseguranças e inquietações do estudo. Mostra dados do animal e de seu ciclo de vida, nome científico e ano de sua chegada ao Brasil escritos em retalhos de linho colados sobre um canto da tela. Já a obra “Anteparo” é um desenho a carvão, grafite e aquarela sobre tela de algodão com imprimação transparente, mostrando uma floresta em perspectiva lateral, com árvores secas e queimadas. É um políptico composto de cinco telas que evocam o formato de um biombo dobrável de pequenas dimensões. Na primeira tela à esquerda, um pássaro solitário observa a vastidão da natureza degradada.

 

Inspirada no filme “Blade Runner”, Talita Tunala usa a metáfora das metrópoles chuvosas, sombrias e melancólicas, trazendo para o presente e representando cenas cotidianas atuais com a mesma atmosfera desalentada. Para Novíssimos, a artista procurou dar mais densidade aos tons escuros das obras, retirando com ranhuras a cor do papel cartão, acrescentando pequenas coberturas com lápis de cor, ao invés de usar a tinta sobre o papel branco como normalmente faz. Esse gesto é similar ao de um esculpir sutilmente, fazendo emergir imagens como se estivessem esperando para serem descobertas, exigindo do espectador um certo esforço do olhar para seu desvelamento.

 

A pesquisa central dos trabalhos de Nicole Kouts gira em torno da ressignificação de imagens, lugares da memória, narrativas multiformes, sobreposição de linguagens, dogmas da atualidade e da arqueologia do processo criativo. Todas essas questões são compreendidas dentro de um contexto de convergência e divergência entre os meios analógicos e digitais. Essa investigação é uma constante tentativa de encontrar consistência e novos parâmetros no quebra-cabeças que é a linguagem visual contemporânea. “As interlocuções entre arte e tecnologia, imagem impressa, audiovisual, desenho e colagem são a principal matriz geradora destes trabalhos. Há também a influência de outras linguagens artísticas como a música, o cinema, os quadrinhos, a ilustração, a literatura e o teatro. Os títulos, textos e sobreposição de imagens são um elemento importante, em geral compostos por minúcias que coleto em meus cadernos, abordando a amplitude das transformações de sentido e de narrativas construídas por múltiplas associações”, explica Nicole. “Novíssimos” tem como proposta reconhecer e estimular a produção de novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira, em suas variadas vertentes. Até 2018, 633 artistas já haviam participado de “Novíssimos”, que teve sua primeira edição em 1962.

 

Sobre os artistas

 

 

Cláudia Lyrio é natural do Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Sua pesquisa busca pensar o ciclo da vida, a natureza e seus elementos, tendo a pintura como linguagem. A artista tem seu interesse voltado para questões cromáticas, alquímicas, processo e artesania. Em seu trabalho, uma ideia de paisagem vem se deixando entrever através de diálogos com pensamentos de campos de cor, Land Art e com as pesquisas dos viajantes naturalistas. Distância, perda, deterioração e efemeridade são parte do seu vocabulário. Formação em Pintura e Letras (UFRJ), especialista em História da Arte (PUC-Rio) e mestre em Literatura (UFRJ). Algumas exposições já realizadas: “Luz Balão” (Galeria Solar/RJ); “Pessoas, Cidades e Afins” (MARCO/MS); “Aos Fios Entreguei o Horizonte” (Galeria Hiato, Juiz de Fora/MG), todas em 2018. Em 2017, destacam-se: “Imersões” (Casa França-Brasil/RJ), “Além da Imagem” (Sem Título Galeria, Fortaleza/CE) e “Miragens” (CMAHO/RJ). Participou dos Salões Rio Claro (2015), Guarulhos e Vinhedo/Prêmio Aquisição Pintura (2016) e Fortaleza (2017). Artista selecionada para individual no Museu de Arte de Blumenau (SC) em 2019.

 

Evandro Machado é natural de Blumenau, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Foi ilustrador e desenhista de HQ em Santa Catarina. No Rio de Janeiro, em 2007, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2006, fez a primeira viagem no Programa Dynamic Encounters e, em 2008, participou da Residência CAPACETE, no Rio de Janeiro. Em 2009, realizou uma campanha da TV Futura para a Organização Mundial de Saúde, com curadoria de Fernando Cochiarale. Recebeu bolsa de estudos no Parque Lage para o Programa, em 2011, e Bolsa de Acompanhamento de Pesquisa, em 2013. Seus trabalhos foram acompanhados por Luiz Ernesto, Lívia Flores e Glória Ferreira.

 

Juliana Gretzinger é formada em Práticas Artísticas Contemporâneas pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2015) e em Produção Audiovisual pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro (2017). Atualmente, é estudante no curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ, exercendo função de pesquisadora bolsista no projeto PIBIAC Fotografia Contemporânea. Pesquisa a fotografia, a imagem digital e os efeitos da internet na sociedade contemporânea.

 

Fernanda Sattamini vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua produção explora processos experimentais e alternativos, transitando entre fotografia, gravura, escultura e objetos. Tomando como ponto de partida imagens apropriadas e suas próprias fotografias e anotações, a pesquisa que desenvolve aborda questões acerca da memória, saudade e solidão. Graduada em Publicidade e Marketing pela PUC-Rio, completou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Ateliê da Imagem e Escola sem Sítio, no Rio de Janeiro.

 

Fernando Soares nasceu em São Paulo, onde reside e trabalha. Seu trabalho discute a natureza pictórica da matéria em si, através de pinturas/objetos, colagens e instalações. Sua pesquisa parte das propriedades e/ou ambiguidades dos materiais que utiliza e fatores como ação e reação dos mesmos em seus trabalhos. Iniciou seus estudos e produções de maneira autoditada, aos 17 anos, para posteriormente frequentar o Hermes Artes Visuais, onde ainda participa de elaborações de projetos e acompanhamento de sua produção. Participou de diversas exposições coletivas e individuais em galerias e espaços independentes, além de ser selecionado para salões e feiras de arte contemporânea.

 

Henrique de França nasceu e trabalha em São Paulo. Formado em Artes Plásticas pela USJT e pós-graduado em Design Gráfico pela FAAP, já participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, entre elas “No Barrier to Entry”, na Gallery19, em Chicago (2018) e “Desenho Ocupado”, na Galeria Leme, em SP (2009). Entre suas exposições individuais destacam-se “Torpor”, no Sesc Interlagos, em SP (2016), e “Lugares Congruentes”, no Carpe Diem Arte e Pesquisa, em Lisboa, Portugal (2013). Os trabalhos exploram as possibilidades de representação do imaginário latino-americano no tocante à sua história recente, sobrepondo memória individual e coletiva dentro do escopo do desenho contemporâneo figurativo.

 

O paulistano Marcus Duchen iniciou muito jovem sua trajetória pelas artes, com participações em projetos e campanhas como ilustrador, em São Paulo. Em 2001, já em Minas Gerais, se formou em Arquitetura e, em 2004, fez sua primeira mostra coletiva no grupo Poéticas Visuais, no Instituto Moreira Salles, em Poços de Caldas. Depois, veio a exposição individual por premiação no BDMG Cultural, em 2006, em Belo Horizonte, e a coletiva no Espaço Cultural de Guarulhos, em 2008, em São Paulo. Em seguida, uma individual por premiação no Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos, no mesmo ano. Outros prêmios vieram, como a menção honrosa no Salão de Arte Contemporânea de Arceburgo, Minas Gerais, em 2018, a seleção pela publicação de arte na Califórnia, Selah Magazine, no mesmo ano, e aprovação na galeria Art Lab Gallery, em São Paulo, entre outros. Em 2018, o artista também teve uma obra incluída no Livro “Arte Sempre”, coletânea dos artistas de Minas Gerais. Sua plataforma de expressão é o óleo sobre a madeira, em grandes painéis que misturam, atualmente, o abstrato a instantâneos da vida, em traços imemoráveis de paisagens mineiras.

 

Mariana Hermeto é designer e artista. Sua pesquisa se assenta no cotidiano e nas relações estabelecidas a partir dele. Numa procura por brechas e encaixes, através da contenção e da ruptura, do acúmulo e do vazio, há uma busca silenciosa pela ressignificação do comum e pela construção de uma arquitetura íntima. Participou de exposições coletivas como “Formação e Deformação”, nas Cavalariças da EAV Parque Lage, em 2018; “Fixo, só o prego”, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, e “Doze métodos de se chegar a lugar algum”, no Paço Imperial, em 2019.

 

Nicole Kouts é graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e desenvolve seus trabalhos de forma multidisciplinar nas linguagens da arte e tecnologia, do audiovisual, da imagem impressa e do desenho. Participou de exposições coletivas nacionais e internacionais, dentre elas a “SP-Arte” (São Paulo, 2018 e 2019), “MADA – 1ª Mostra Audiovisual do Barreiro” (Belo Horizonte, 2018), Abstratas Moradas (Museu Belas Artes de São Paulo, 2018), “1ª Bienal de Artes de Taubaté” (Taubaté – SP, 2018) e “Cosmovisión Femenina” (Cidade da Guatemala, 2018). Realizou cursos e oficinas com os artistas Paulo Bruscky, Lourenço Mutarelli, Carlos Fajardo, Márcia de Moraes, J. Borges, Helena Freddi e Augusto Sampaio, e é assistente da artista Lia Chaia, importantes referências em sua pesquisa. Dedica-se também à ilustração, figurino e cenografia, fantoches e à música.

 

Thais Stoklos nasceu na África do Sul e reside em São Paulo. É formada em Pedagogia (2000) pela PUC-SP e pós-graduada em Imagem e Som pelo Senac (2005). Participou de residência artística em Londres, na Slade School of Fine Arts (2016), e em Berlim, na Berlin Art Institute (2017). Participou do grupo de acompanhamento de projetos com Pedro França, no Mam (2015), e, atualmente, participa do grupo de acompanhamento com Nino Cais, Carla Chaim e Marcelo Amorim, no Jardim do Hermes. Já expôs individualmente na Galeria Arte Formato e Arte Hall e, coletivamente, em diversas galerias e salões. Foi ganhadora do prêmio do Salão Nacional de Artes no Mac de Jataí.

 

Talita Tunala vive e trabalha no Rio de Janeiro, e é graduada em Psicologia. Sua formação artística foi feita na EAV/RJ e na Escola Sem Sítio/RJ. Dentre as exposições que participou nos últimos três anos, destacam-se a individual “O Melhor Fruto”, no Espaço Cultural Correios, em Niterói (2019) e as coletivas “Aos Fios Entreguei o Horizonte”, na Galeria Hiato, em Juiz de Fora; “A/Fronta/A”, na UNB, em Brasília; “Feminino Gabinete de Curiosidades”, no Museu Palácio Rio Negro, em Petrópolis; “Luz Balão”, na Galeria Solar, no Rio de Janeiro, todas em 2018. Em 2017, destacam-se os salões “68º Salão de Abril Sequestrado”, “Salão das Ilusões” e “Fortaleza”, e as coletivas “Miragens”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro; “Além da Imagem”, na Galeria Sem Título, em Fortaleza; “Imersões Poéticas”, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro.

 

Tangerina Bruno é a dupla formada pelos gêmeos Letícias e Cirillo, naturais de Porto Ferreira, onde vivem e trabalham a quatro mãos e duas cabeças, da concepção à execução. Assinam com o seu sobrenome, Tangerina Bruno. Entre as exposições, destacam-se “Novas Aquisições” (2012-2014); “Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM/Rio; “Coletiva no Auroras”; “17º Programa Exposições”, no MARP”; “28ª Mostra de Arte da Juventude”, no Sesc Ribeirão Preto. Entre os salões que já participaram estão “50º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba” e o “25º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande”.

Até 23 de agosto.

 

 

Djanira na Casa Roberto Marinho

10/jul

 

A mostra “Djanira: a memória de seu povo” reafirma o compromisso da Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, com a arte moderna. Em exposição até 17 de outubro.

A palavra de Lauro Cavalcanti,

A associação com o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) reforça a nossa prática de parcerias com instituições de excelência. A pintura moderna brasileira é um território pouco explorado pelas novas gerações. Djanira da Motta e Silva possui um valor quase oculto nas últimas décadas. Um dos encantos de uma exposição é tornar presente, sem intermediações, obras criadas há longos anos. Íntegras, não dependem de conversões tecnológicas como os filmes ou as músicas. Atemporais, as telas, muito bem selecionadas por Rodrigo Moura, curador adjunto de arte brasileira e Isabella Rjeille, curadora assistente, chegam novas aos olhos de hoje.

A coleção de Roberto Marinho reúne conjuntos de trabalhos de seus contemporâneos modernos, dentre os quais 10 obras de Djanira. O jornalista nutria um carinho especial pela tela Mercado na Bahia que ocupava uma posição central na biblioteca de sua residência. E o vínculo com o MASP data de 1950 quando a casa do Cosme Velho abrigou durante uma noite festiva, os recém-adquiridos “Retrato de Zborowski” (1916-1919), de Amadeo Modiglani (1884-1920) e o “Retrato de Coco” (Claude Renoir) (1903-1904), de Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), apresentados à sociedade carioca, antes de rumarem para São Paulo.

Djanira é uma artista cuja trajetória começou tarde com muita determinação e esforço. Nenhum artista brasileiro retratou com tamanha atenção a luta pelo sustento das camadas mais desfavorecidas através do trabalho cotidiano. A origem humilde da pintora deu-lhe sensibilidade aguda para captar essas epopeias anônimas, as festas e a fé que tornavam menos dura a história de cada um. Frederico Morais, em palestra recente na Casa Roberto Marinho, ressaltou o equívoco de classificar-se a sua obra como primitiva. Uma leitura que só considere os temas pode levar a esse engano. Seria, contudo, confundir o etnólogo com a sua pesquisa. A economia de sua linguagem, o uso de poucos planos concisos e as cores vibrantes cuidadosamente escolhidas apontam para uma sofisticação absolutamente esperada numa artista de seu tempo. Não à toa alguns neoconcretos chegaram a buscar uma aproximação com a obra de Djanira, nos moldes que os concretos incorporaram a arte de Volpi (1896-1988). Autodidata no início, costureira, dona de pensão em Santa Teresa, se tornou aluna do pintor romeno Emeric Marcier (1916-1990) em troca de um amplo quarto com vista para árvores e a Baía de Guanabara. Djanira em entrevista publicada por Rubem Braga (1913-1990) na revista Visão nos conta:
“Marcier me explicou que eu era muito diferente dele; logo minha pintura tinha de ser muito diferente da pintura dele. Que eu não olhasse seus quadros, mas prestasse atenção às aulas, me ensinando toda a parte técnica da pintura, a começar pelo preparo de telas”.
Quando começa a expor, em 1943 no revolucionário prédio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e, em 1944 no Instituto dos Arquitetos, Djanira é reconhecida por gente importante do meio, tendo trabalhos comprados por Candido Portinari (1903-1962) e a entusiástica acolhida de Lasar Segall (1889-1957): “Você é uma verdadeira artista, não pare de pintar; não faça outra coisa além de pintar; pinte sempre (…)”.

E assim Djanira o fez.
Lauro Cavalcanti

Diretor Executivo/Instituto Casa Roberto Marinho

 

 

Bate-papo na Mul.ti.plo.


Na próxima sexta-feira, dia 12 de julho, a Mul.ti.plo Espaço Arte, Rua Dias Ferreira, 417, sala 206, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, promove uma conversa entre a artista Sandra Antunes Ramos e o crítico de arte e curador Felipe Scovino. O encontro acontece em torno da atual mostra “Costuras”, da artista paulista, aberta em 04 de junho. A artista reuniu para esta exibição individual, cerca de 30 pinturas em pequenos formatos, que misturam tinta a óleo e costura sobre papel. Nessas obras, Sandra Antunes Ramos trabalha tanto a questão pictórica, com blocos de cor, sua marca registrada, como rompe com isso, através do uso de linhas fluidas e costuradas, que remetem ao corpo feminino. São obras delicadas, tanto no formato quanto no acabamento, que tentam equilibrar o geométrico e o orgânico, a rigidez e a fluidez. Prorrogada, a mostra vai até 27 de julho. O bate-papo começa às 18h30, com entrada franca. Vagas limitadas.