Aposta na Vanguarda

07/dez

Pop, Nova Figuração e Após

 

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, através da mostra “Pop, Nova Figuração e Após”, comemora 21 anos de trabalho e o titular da casa, o marchand Ricardo Camargo, assina a curadoria da exposição que conta com a parceria da AD-Almeida e Dale. O texto no categorizado catálogo traz a apresentação assinada por Roberto Comodo.

 

 

Apresentação

 

Em 2015 duas megaexposições internacionais, a The World Goes Pop, da Tate Modern de Londres; e a mostra itinerante pelos Estados Unidos International Pop, promovida pelo Walker Art Center, de Minneapolis – colocaram a Pop Art no centro das artes plásticas mundiais. Obras de Antonio Dias, Wesley Duke Lee, Cláudio Tozzi, Nelson Leirner, Raimundo Colares e Glauco Rodrigues, entre outros artistas, brilharam nessas mostras.

 

Antecipando este movimento num gesto ousado para o mercado, a Ricardo Camargo Galeria realizou em 2007 a exposição Vanguarda Tropical, reunindo 44 trabalhos de oito artistas plásticos expoentes da arte brasileira dos anos 60. Foi também um gesto coerente deste galerista, que mantém contato contínuo há quase 50 anos com os artistas da vanguarda nacional, iniciado na galeria Art-Art – a primeira galeria de arte contemporânea de São Paulo, inaugurada em dezembro de 1966 – e em seguida na Galeria Ralph Camargo, que a sucedeu.

 

Agora, com a exibição de “Pop, Nova Figuração e Após”, a Ricardo Camargo Galeria, fecha um ciclo e também abre novas fronteiras. A mostra apresenta 58 obras, 18 delas inéditas, de 25 artistas de ponta da arte nacional, que transitaram entre a Pop Art e a Nova Figuração ou foram além – como Mira Schendel com o desenho “Símbolos”, de 1974, feito em caneta hidrográfica, e Ivald Granato homenageado em um emblemático óleo de 1977.

 

Na exposição, a contundência do inédito óleo de Antonio Henrique Amaral, “Banana grafite com cordas”, de 1973, sintetiza seu vigoroso repúdio ao regime militar e mantém diálogo com o objeto “Catraca”, de Claudio Tozzi, travada por um cadeado no ano de 1968, quando a ditadura iniciou a sua fase mais repressiva. Tozzi ainda está presente com “Multidão” (1968) e no trabalho inédito “Viet Paz”, (1966), que retrata a desigual e brutal Guerra do Vietnã, entre demais obras. Seu colega de geração, Rubens Gerchman se impõe com a majestosa tela “Mata e o arrojo de Gnosis”, em spray sobre alumínio, pintadas em Nova York nos anos 70, além da pintura e colagens Policiais identificados da chacina, da série “Registro Policial”, de 1988.

 

Na vertente Pop, Maurício Nogueira Lima, que foi um puro concretista, surpreende com as exuberantes telas “Bang!”, “Goool” e “Tchaf! Negativo”, todas de 1967; e no exclusivo retrato de Marilyn Monroe, feito em 1969. Já José Roberto Aguilar expande a sua novíssima figuração mágica no óleo “Destruidor de mitos”, de 1965, e “Cenas Urbanas”, sua primeira pintura com spray sobre tela, elaborada em 1966. São obras que mantém proximidade com as de Tomoshige Kusuno, autor do monumental painel de telas a óleo esticadas em estrutura de madeira, de 1970, e das delicadas obras “Vibração de Resíduos”, “Herança da perspectiva” e “Diamante nº 6”, feitas nos anos 60.

 

O mestre Wesley Duke Lee ressurge na mostra com a arte ambiental “Retrato de Luzia (a Santa Amarense)” ou “à respeito de Titia” – liquitex sobre tela e planta viva em um vaso – que participou da exposição Iconografia Botânica na inauguração da Galeria Ralph Camargo em 1970. Além da obra “Retrato de um amigo”, (Guido Santi, presidente da Olivetti na época), de 1967, inteiramente Pop, com sua moldura recortada; e o exemplar da Série das Ligas, de 1960, a obra mais antiga da exibição.

 

Ex-alunos de Wesley, Luis Paulo Baravelli mostra o raríssimo trabalho “Ceci e Peri”, de 1968, em madeira bruta pintada, azulejos e madeira balsa, enquanto Carlos Fajardo expõe o singular óleo “Santos Dumont”, pintado em 1967. Com a obra mais recente na mostra, o irônico espírito contestador de Nelson Leirner surge em “Jogos Americanos”, de 2001, nas 40 unidades de silk-screen sobre fórmica que indaga “Você tem fome de que?”, que foram expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

 

Outras preciosidades da exposição são os três trabalhos de Antonio Dias, dois deles dos anos 60 – um característico guache e um ladrilho esmaltado a fogo – além da deslumbrante xilogravura “Fósforos”, de 1978, em spray acrílico azul. Nesse mesmo patamar também estão três pinturas de Glauco Rodrigues dos anos 60, duas da série “Astronauta” – que estiveram na sua primeira individual na famosa Galeria Relevo, no Rio de Janeiro, de Jean Boghici, em 1966 – e a inusitada “Cara e careta”. Além de duas obras de Raimundo Colares de 1966 – em lápis, nanquim e aquarela – com seu vibrante grafismo inspirado nas cores dos ônibus cariocas.

 

A mostra da Ricardo Camargo Galeria traz ainda obras significativas de artistas importantes, mas pouco vistos, realizadas na década de 60, como Maria Helena Chartuni e Samuel Szpigel. Totalmente pop, Maria Helena exibe um “Diptíco de Roberto Carlos”, um “Tríptico do Chacrinha e seus calouros” e um exuberente “Ostentório de Marilyn Monroe”, com óleo sobre tela recortada e montada em estrutura de ferro pintado. Já Szpigel realiza uma retumbante e mordaz crítica política nas telas “Aliança para o Progresso” e “Liberdaaaade”.

 

Com a exposição “Pop, Nova Figuração e Após”, a Ricardo Camargo Galeria reafirma a aposta na ousadia de diferentes enfoques da vanguarda brasileira dos anos 60, que agora ganha merecido reconhecimento internacional.

 

Roberto Comodo

 

 

 

Até 23 de dezembro de 2016.
Reabre de 03 a 31 de janeiro de 2017.

O livro de São Sebastião

05/dez

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 14 de dezembro próximo a exposição “O livro de São Sebastião”, com trabalhos inéditos e feitos especialmente para o espaço da galeria pelo artista pernambucano Bruno Vilela, que desde 2001 é atuante na cena nacional e internacional. Serão apresentadas 15 pinturas, das quais sete óleos sobre tela e oito trabalhos sobre papel, nos quais Bruno Vilela utiliza diversas técnicas, desde a sobreposição da tinta óleo ao pastel seco e carvão, ao uso da folha de prata. As obras dão sequência à pesquisa do artista sobre arquétipos e mitologias, em que desta vez se aprofunda no universo judaico-cristão e no hermetismo.
“Pintar é uma maneira de reproduzir as imagens do inconsciente em uma tela. Na impossibilidade de se fotografar sonhos e pesadelos, é possível entrar em estado de sonho através da pintura”, conta Bruno Vilela, que aborda o universo onírico, e investiga memórias ancestrais e pessoais. “Esta exposição é como um livro. Seus textos foram perdidos. Mas suas ilustrações sobreviveram”, diz ele.

 

Artista que passa até onze horas no ateliê, Bruno Vilela foi tema de um episódio da série “Se Cria Assim”, do cineasta Cláudio Assis, dirigido por Beto Brant. Com 26 minutos de duração. O filme exibido este ano no canal Arte 1 será projetado no contêiner localizado no terraço da galeria. Além de dois livros de artista – “Animattack” (2014) e “Vôo Cego” (2010) – Bruno Vilela estreou ano passado na ficção, com o romance “A sala verde”, escrito após 70 dias cumprindo residência artística no Palácio do Marquês de Pombal, em Lisboa, a convite da instituição Carpe Diem Arte e Pesquisa. A publicação de 166 páginas, que inclui pinturas e montagens feitas pelo artista, estará à venda na galeria, durante o período de exposição, por R$ 35,00.

 

A cada série de trabalho Bruno Vilela usa um caderno onde anota ideias, o que lê, filmes que assiste, com o registro daquele período e produção. Ele colocará à disposição do público para leitura e manuseio o caderno que acompanha este trabalho “O livro de São Sebastião”.

 
Obras
A exposição segue uma narrativa misteriosa em muitas medidas, após estudo do espaço da galeria, para dispor seus trabalhos de acordo com esta narrativa, dividida em cinco capítulos. As obras ocupam o grande piso térreo, a escada, e o segundo andar. No diagrama feito pelo artista, ele comenta cada trabalho. A seguir, um resumo desses comentários:
(Cap. 1)
O Divã (2016, óleo e carvão s/ papel, 115cm x 150cm) – Uma visão da sala de Freud e seu divã. Para mim os sonhos e pesadelos são uma espécie de teatro, ou cinema fantásticos. Hiperfantásticos. O realismo mágico na pele. Com a prática é possível ter cada vez mais consciência durante os sonhos e aumentar o poder de memória de suas “cenas”.

 

Fio de prata (2016, óleo s/ tela, 90cm x 200cm) – Já houve o descolamento do corpo com o espírito. A alma entra na escuridão e fundo se avista a floresta do subconsciente. Um salto no vazio. A lua aparece no lugar da cabeça. É a luz para iluminar a escuridão da noite.

 

Moisés (2016, óleo e pastel seco sobre papel, 60cm x 80cm) – Uma luz sai de uma fenda na montanha. É o Monte Sinai. Referência ao momento em que Moisés vê a Sarça ardente e conversa com Deus. Tem alguma coisa lá longe na paisagem. O que tem dentro daquela fenda? Daquela caverna?

 

A Virgem dos Rochedos (2016, óleo sobre tela, 189,5cm x 120cm) – Lembrança da pintura de Da Vinci vista na National Gallery, em Londres. Não se vê os seres encantados, só suas auréolas.
(Cap. 2)
Maria (2016, óleo e carvão sobre papel, 65cm x 80cm) – Maria. Os ossos sagrados que nunca desaparecem. O útero é a caverna escura e a auréola o símbolo da santidade que brilha na sombra.

 

Fabíola (2016, óleo s/tela, 180cm x 140cm) – O amor de São Sebastião está na exposição frente a frente com o urso, na mesma altura dos olhos encarando o animal. Ela não tem os dois dedos, indicador e médio, fundamentais para um arqueiro. Os franceses arrancavam os dois dedos dos arqueiros ingleses. Por isso, levantar esses dois dedos na Inglaterra, é uma ofensa. Já os ingleses arrancavam o dedo médio dos arqueiros franceses. Daí surgiu o gesto de levantar o dedo!
São Sebastião (2016, óleo s/tela, 140cm x 190cm) – O urso. A resiliência. Foi flechado e não morreu. Foi um dos personagens centrais do romance “Fabíola” (“A Igreja das Catacumbas”), escrito em 1854 pelo Cardeal Nicholas Wiseman. Na minha desconstrução do mito o urso acha que foi flechado, mas não foi. Ele criou seu próprio sofrimento. A explicação está na arqueira, Fabíola, que não tem os dedos indicador e médio.
O Anjo (2016, carvão sobre papel, 92cm x 114cm) – Existem muitas referências a discos voadores na Bíblia. E uma vasta pesquisa em diversos livros como no clássico: “Eram os Deuses Astronautas?”, de Erich von Däniken.

 

 

(Cap. 03)
Paradise Lost (2016, óleo e pastel seco sobre papel, 80cm x 110cm) – “Paraíso Perdido”, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. O poema descreve a história cristã da “queda do homem”, através da tentação de Adão e Eva por Lúcifer e a sua expulsão do Jardim do Éden. Uso a imagem das placas Pioneer, que foram colocadas a bordo das naves espaciais Pioneer 10 (1972) e Pioneer 11 (1973), com uma mensagem pictórica que possa ser interceptada por vida extraterrestre ou até mesmo humanos do futuro. As placas mostram as figuras nuas de um homem e uma mulher. Na minha mitologia pessoal fazem o papel de Adão e Eva. Atrás vemos a árvore da Ciência do Bem e do Mal (“Gênesis” 3:22).

 

Red Right Hand (2016, óleo sobre tela, 150cm x 120cm) – A mulher com a espada é a versão feminina do Arcanjo Gabriel. “Red Right Hand” é uma música de Nick Cave baseada num texto de John Milton, “Paradise Lost” (1667). A mão vingativa de Deus. O Arcanjo em forma de mulher. A unha da mão vermelha é branca, e a unha da mão branca é vermelha. Yin & Yang circulando no corpo. A bengala é de preto velho. Para Milton, antes de serem expulsos, Adão e Eva receberam uma revelação do Arcanjo Gabriel sobre o horror que o homem cometeria ao longo da história da humanidade.

 

O Pontífice (2016, óleo e folha de prata sobre tela, 90 cm x 130 cm) – A Ponte do Diabo ou Ponte Mizarela, localizada na fronteira de Portugal com a Espanha, na Serra do Gerês. Segundo o mito um fugitivo da justiça se vê aos pés de um penhasco, onde abaixo passava um rio cheio de pedras. Apelou para o Diabo que construiu a ponte, em troca lhe ofereceu a alma. Depois de escapar, a ponte é derrubada pelo demônio e seus perseguidores não podem lhe pegar mais. Depois do ocorrido, aflito pelo que fez, o ladrão pede a ajuda de um padre. Esse o faz invocar novamente o criador da ponte. E lhe pede que a construa novamente. Ele faz sua vontade e levanta a ponte. Então surge o padre lhe joga água benta, fazendo o anjo do mal desaparecer. A ponte foi construída pelo Diabo, mas mantida pelo emissário de Deus. O padre, O Pontífice. Que como Mercúrio, Hermes, Exu e Pã, faz a ligação entre o mundo dos mortais e o Divino. A ponte simboliza essa passagem. A aureola é feita de folha de prata, forma o símbolo do infinito, ou a fita de Möebius, junto com o vão da ponte.
O Dilúvio (2016, óleo sobre tela, 110cm x 140cm) – O Fechamento. A balsa de salvamento é arremessada ao mar e o barco naufraga. No fundo vem vindo a tempestade, que já molha a tela, a visão do observador, com o escorrido da tinta. Representa O Homem, Adão e Eva, a humanidade. Expulsos do paraíso perdido.

 

(Cap. 04)
A escada de Jacó (2016, carvão s/ papel, 80cm x 60cm) – Esta obra fica na escada da galeria e faz a ponte entre o térreo e o segundo andar. O espectador vê e sente a passagem na própria escada que está prestes a subir para encontrar as duas últimas obras.
(Cap. 05)
A Terra (2016, carvão mineral e folha de ouro s/papel, 140cm x 115cm) – Do pó ao pó. A lembrança do mundo clássico grego no jarro de cerâmica. A terra presente no jarro é eterna, como os ossos, nunca desaparece. De dentro sai flutuando, com o mesmo diâmetro da boca do jarro, a serpente. Ouroborus. Aquela que se arrasta pela terra.

 

O Céu (2016, carvão mineral e folha de ouro s/papel, 140cm x 115cm) – No livro sagrado do hermetismo, o “Caibalion”, o primeiro e mais importante dos sete preceitos herméticos é:” O todo é mente. O Universo é mental”. A Deusa tem o rosto solar. O Sol é representado pelo ouro em diversas civilizações. A pedra filosofal dos hermetistas, que se disfarçavam de alquimistas (químicos de suas épocas), transformava metais pesados em ouro. Mas isso era uma metáfora pra transformar sentimentos e mentes primitivas e vulgares em luz através do conhecimento. O ouro, o sol, a luz, são o conhecimento divino. Na arte hermética e alquímica o sol é representado pela figura humana de um homem ao lado de uma mulher com a lua no rosto. Aqui eu subverto essa imagem clássica do misticismo e fecho essa história, não linear, fruto de um sonho, simbólica e espiritual, com as últimas palavras de William Turner no leito de morte: “Deus é o Sol”.

 
Sobre o artista
Bruno Vilela nasceu em Recife, 1977, onde vive e trabalha. O artista participa de mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior deste 2001. Seu trabalho integra coleções como a do Centro Cultural São Paulo, Banco Mundial, em Washington, Centro Dragão do Mar, e Centro Cultural do Banco do Nordeste, em Fortaleza, Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães (MAMAM), Fundação Joaquim Nabuco e Museu do Estado de Pernambuco, em Recife. Das exposições individuais realizadas, destacam-se “A Sala Verde”, Palácio Pombal, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa/Portugal, “ELA”, Dragão do Mar, Fortaleza, em 2015; “Dia de festa é véspera de dia de luto”, Paço das Artes, São Paulo, em 2013; “O Céu do Céu”, Museu do Estado de Pernambuco, Recife, em 2009; “Bibbdi Bobbdi Boo”, Galeria Massangana, FUNDAJ, Recife, em 2008; “Réquiem sobre papel”, Museu Murilo La Greca, Recife, em 2006. Dentre as coletivas selecionadas, estão “Orixás” Casa França Brasil, Rio de Janeiro, 2016; “Art from Pernambuco”, Embaixada do Brasil, Londres, 2015; “New Brasil Bolivia Now”, Memorial da América Latina, São Paulo, 2013; “Metrô de superfície”, Paço das artes, São Paulo, 2012; “World Bank Art Program”, Washington, e “Jogos de guerra”, Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2011; “Investigações Pictóricas”, MAC Niterói, 2009, 58º Salão de Arte Contemporânea do Paraná, MAC, Curitiba, e Prêmio Internacional de Pintura de Macau, IMM, Macau, China, 2001.

 
De 14 de dezembro a 04 de março de 2017.

 

Cores de Milhazes em Paris

11/nov

A Galerie Max Hetzler,57 ruedu Temple, Paris, apresenta em seus últimos dias, a quarta exposição individual de Beatriz Milhazes organizada pela galeria. Reconhecida por suas pinturas e colagens vibrantes, esta é a primeira vez, no entanto, que a brasileira expõe no espaço parisiense da Max Hetzler. A exposição apresenta duas pinturas em grandes formatos, uma em tamanho médio, uma colagem e uma peça tridimensional. Os trabalhos seguem a técnica muito particular, desenvolvida pela artista, que utiliza moldes para aplicar os motivos às telas, por vezes reutilizados, que dão às obras a memória deste meticuloso processo.

 

Beatriz Milhazes utiliza cores vívidas, com elementos sobrepostos em camadas, e se inspira em temas que estão à sua volta como a paisagem do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que certamente foi fonte de inspiração para seus elementos florais e arabescos tão peculiares. Milhazes também é profundamente influenciada pela cultura popular brasileira, especialmente o samba e o carnaval, as formas circulares e o movimento rítmico de suas obras são quase um convite para dançar. Suas composições lembram fortemente o Brasil, embora permaneçamno campo da abstração. As formas entrelaçadas e as camadas são raramente organizadas em torno de algum centro, o que torna difícil o olho descansar em algum lugar da tela.

 

“Marilola”, que dá nome a exposição, é uma cortina em cascata, suspensa no teto. O arranjo denso é composto por materiais diversos, como flores de papel, alumínio e contas de resina. A peça ecoa as cores e o ritmo dos trabalhos bidimensionais de Milhazes, onde os padrões parecem estar flutuando sobre a tela, mas apresenta agora suas sucessivas camadas em três dimensões. E a surpreendente colagem “Maçã”, em branco e preto, oferece um contraponto às outras obras, provocando um diálogo com suas cores tão intensas.

 

Últimos dias.

Escola de Belas Artes, 200 anos

O Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Escola de Belas Artes:1816-2016 Duzentos anos construindo a arte brasileira”. Sob a curadoria de Angela Ancora da Luz, a mostra faz um recorte da produção artística da instituição que formou e ainda forma centenas de artistas brasileiros desde Vítor Meireles, Antônio Parreiras, Eliseu Visconti, passando por Burle Marx, Goeldi, Portinari, Weissmann, Anna Maria Maiolino, Roberto Magalhães, Lygia Pape, Celeida Tostes, Mauricio Salgueiro até Felipe Barbosa, Bruno Miguel, Jarbas Lopes entre muitos outros.

 

Criada por Decreto Real de D. João em 12 de agosto de 1816, a primeira sede da Escola de Belas Artes foi na Travessa das Belas Artes, próxima a Praça Tiradentes. O prédio, de Grandjean de Montigny, foi projetado para receber a então Academia Imperial das Belas Artes e foi inaugurado em 5 de novembro de 1826. Em 1908, já com o nome de Escola Nacional de Belas Artes, a instituição transferiu-se para seu segundo prédio, com projeto de Morales de los Rios, na Avenida Rio Branco, onde hoje situa-se o Museu Nacional de Belas Artes.

 

Segundo a curadora da exposição, Angela Ancora da Luz, que dirigiu a EBA entre 2002 e 2010, “…a presença da Escola no contexto da sociedade brasileira revelou sua identidade por aspectos pouco conhecidos, mas de grande interesse social e político, além de seu princípio norteador fundamental: o ensino artístico. Uma escola de grande peso no Império e que esteve aberta a todos os que desejassem buscar o caminho das artes, sendo aceitos pelos grandes mestres dos ateliês. O que contava na hora da seleção era o talento, sem restrição ao grau cultural, à raça ou situação econômica. Cândido Portinari, por exemplo, mal havia completado o terceiro ano do curso “primário” quando foi aceito pela instituição, tornando-se a grande referência da pintura brasileira”.

 

“São incontáveis os pintores, escultores, desenhistas, gravuristas, cenógrafos, indumentaristas, designers, restauradores e paisagistas que saíram dos ateliês e salas da escola. O grande desafio que a presente exposição nos trouxe foi o de apresentar apenas alguns destes artistas e suas obras. Mesmo se ocupássemos todas as salas deste museu (…) ainda assim seria impossível apresentar a excelência de tudo que aqui se produziu”, completa a curadora.

 

A exposição ocupará dois salões expositivos do MNBA abrangendo a produção dos artistas que passaram pela Escola de Belas Artes, desde sua criação até a presente data. A dificuldade de selecionar as obras desta mostra comemorativa foi muito grande. Pela excelência dos artistas que passaram por seus ateliês – impossível trazer um representante de cada período – a opção da curadoria foi privilegiar os que tiveram a formação da escola. Muitos desses artistas foram alunos do Curso Livre, admitidos pela avaliação dos Mestres. Passaram pela instituição artistas de todas as classes sociais, a escola sempre foi uma unidade que presava pela diversidade. De todos que cursaram a Escola de Belas Artes, mesmo os que não a concluíram, ficou o reconhecimento do papel fundamental que ela representou em suas trajetórias.

 

O eixo curatorial enfatizou a Escola de Belas Artes como instituição que preserva a preocupação social, política e intelectual das diferenças individuais, o que não impede a formação de um corpo e de uma identidade. A curadoria buscou evidenciar as diferenças e afinidades em desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, instalações, vídeos e performances que fizeram da escola um paraíso vocacionado para a arte e a cultura no Rio de Janeiro, potente e famosa caixa de ressonância artística do Brasil.

 

O projeto conta com patrocínio integral da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a produção/idealização da exposição está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que já realizou importantes publicações e exposições itinerantes pelo Brasil, como Farnese de Andrade, AthosBulcão, Milton Dacosta, Miguel Angel Rios, Raymundo Colares, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Henri Matisse, Bruno Miguel, Antonio Bandeira, Manoel Santiago, Teresa Serrano, Regina de Paula, Nazareno, entre outros.

 

 

Artistas

 

Abelardo Zaluar, Adir Botelho, Alfredo Galvão, Almeida Reis, Amés de Paula Machado, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Antônio Parreiras, Arthur Luiz Pizza, Augusto Müller, Bandeira de Mello, Barbosa Júnior, Batista da Costa, Belmiro de Almeida, Bruno Miguel, Burle Marx, Carlos Contente, Cândido Portinari, Celeida Tostes, Décio Vilares, Eduardo Lima, Eliseu Visconti, Estêvão da Silva, Felipe Barbosa, Franz Weissmann, Georgina de Albuquerque, Glauco Rodrigues, Grandjean de Montigny, Henrique Cavaleiro, Hugo Houayeck, Isis Braga, Ivald Granato, Jarbas Lopes, Jean-Baptiste Debret, João Quaglia, Jorge Duarte, KazuoIha, Lourdes Barreto, Lygia Pape, Manfredo de Souzanetto, Marcos Cardoso, Marcos Varela, Marques Júnior, Mauricio Salgueiro, Maurício Dias & Walter Riedweg, Newton Cavalcanti, Oscar Pereira da Silva, Oswaldo Goeldi, Patrícia Freire, Paulo Houayek, Pedro Américo, Pedro Varela, Quirino Campofiorito, Renina Katz, Ricardo Newton, Roberto Magalhães, Rodolfo Amoedo, Rodolfo Chambelland, Ronald Duarte, Rui de Oliveira, Vítor Meireles e Zeferino da Costa

 

 

 

Até 12 de fevereiro de 2017.

Raimundo Cela no MNBA

Na retrospectiva do pintor Raimundo Cela, o Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe na Sala Barroco Italiano, um recorte do percurso de uma dos mais expressivos artistas de sua geração. Cela fez sua primeira exposição individual em 1945, no MNBA, durante a gestão de Oswaldo Teixeira. Como lembra a diretora Monica Xexéo, “Cela cujo trabalho é rigoroso, refinado e vibrante possui uma trajetória própria e diferenciada de seus contemporâneos, como Antonio Bandeira e Aldemir Martins. Exímio gravador, autor de escrita própria, suas obras,formalmente inovadoras,  ultrapassam o tempo em que foram criadas”. A exposição “Raimundo Cela – um mestre brasileiro”busca resgatar a obra de um realizador muito respeitado entre os estudiosos, mas pouco conhecido do público em geral.  Ao todo, cerca de 50 obras de um dos mais proeminentes artistas do Ceará.

 

A mostra, com curadoria de Denise Mattar, inicia com os primeiros trabalhos do artista, marcados pela influência do academicismo. Nessa fase, destacam-se obras como “Último diálogo de Sócrates”, de 1917, premiada no Salão Nacional de Belas Artes e que garantiu ao artista uma viagem a Paris. Outro destaque da mostra, exibido em seu tamanho natural é o painel “Abolição”, de 1938. Primeiro estado brasileiro a abolir a escravatura, em 25 de março de 1884, o Ceará, terra natal do artista, encomendou, em 1938, um painel que simboliza o momento histórico tão marcante na história do Ceará e do Brasil.

 

Na mostra “Raimundo Cela – um mestre brasileiro”, o público poderá ter acesso a uma visão única do Ceará. Em seus quadros está a melhor tradução dessa paisagem nordestina, como na série “Pinturas Brancas”, de marinhas e paisagens. Raimundo Cela também retratou os tipos da sua terra natal,representando   pescadores, vaqueiros, rendeiras e os jangadeiros, como numa série de obras criadas entre 1940 e 1946.

 

 

Últimos dias, até 20 de novembro.

Oito décadas de Arte Naïf 

Jacques Ardies, marchand franco-belga estabelecido no Brasil e proprietário da galeria que recebe o seu nome é também o curador da mostra coletiva “Arte Naif, uma viagem na alma brasileira”, com abertura no dia 12 de novembro, no Memorial da América Latina – Galeria Marta Traba, Barra Funda, São Paulo, SP.

 

Interpretar a “arte naif” por si só já é um desafio, visto que se trata de uma expressão regional que percorre o mundo assumindo aspectos de acordo com os artistas que expõe suas próprias experiências, por meio de linhas e formas peculiares, sem ter recebido uma orientação formal. Algumas de suas principais características são o uso de cores fortes, a retratação de temas alegres, traços figurativos, a idealização da natureza e sem a preocupação com a perspectiva, ou seja, às vezes, ela é bidimensional. É exatamente por isso que no Brasil, esta arte goza de um ambiente ideal que se amplifica mais ainda graças à exuberância das florestas, à intensa luminosidade e ao conhecido calor humano brasileiro.

 

Como trata-se de um país com tamanha vastidão cultural, para a mostra, foram escolhidos 70 nomes representativos desse gênero específico de expressão artística. Os artistas foram divididos em três núcleos: Histórico – composto por registros de nomes já reconhecidos no segmento e com trajetória sólida; Atual, com nomes ativos no presente, cujos trabalhos também sofrem influencias de novas técnicas e temas contemporâneos e complementando a exposição, uma área especial composta por 10 esculturas do segmento destacado.

 

Segundo Jacques Ardies, a Arte Naïf baseia-se na liberdade para expressar memórias e emoções, por isso, escolhe apresentá-la em montagem em ordem cronológica, começando pela década de 40 até os dias atuais, com destaque para a pintura tropicalista, as evocações divinas em degradés sofisticados e outras características marcantes como cenas paulistanas, cores quentes, a boemia carioca e baianas em trajes finos. O curador observa que os artistas conseguem superar suas dificuldades técnicas e criar uma linguagem inédita, pessoal e singular. Essa liberdade da execução permite maior dedicação ao essencial da arte que pode ser observada pelas pessoas que ainda preservam intacta sua capacidade de encantar-se com o que pode ser apreciado numa exposição.

 

 

Artistas participantes

 

Agenor, Agostinho Batista de Freitas, Alba Cavalcanti, Ana Maria Dias, Antônio Cassiano, Antônio de Olinda, Antônio Julião, Antônio Porteiro, Artur Perreira, Bajado, Barbara Rochltiz, Bebeth, Chico da Silva, Conceição da Silva, Constância Nery, Crisaldo Morais, Cristiano Sidoti, Denise Costa, Dila, Doval, Edivaldo, Edna de Araraquara, Edson Lima, Elisa Martins da Silveira, Elza O.S, Ernani Pavaneli, Francisco Severino, Geraldo Teles de Oliveira, Gerson, Gilvan, Grauben, Helena Coelho, Iaponí Araújo, Ignácio da Nega, Iracema, Isabel de Jesus, Ivan Moraes, Ivonaldo Veloso de Melo, José Antônio da Silva, José de Freitas, José Perreira, Lia Mittarakis, Louco, Lourdes de Deus, Lucia Buccini, Luiz Cassemiro, Madeleine Colaço, Magdalena Zawadzka, Maite, Malu Delibo, Mara Toledo, Marcelo Schimaneski, Maria Auxiliadora, Maria Guadalaupe, Miranda, Mirian, Neuton de Andrade, Olimpio Bezerro, Passarinheiro, Raimundo Bida, Rodolpho Tamanini Netto, Rosina Becker do Valle, Silvia Chalreo, Soati, Sônia Furtado, Vanice Ayres, Waldemar, Waldomiro de Deus, Wilma Ramos e Zé do Embu.

 

 

A galeria

 

A Galeria Jacques Ardies, na Vila Mariana, está sediada em imóvel antigo totalmente restaurado. Desde sua abertura em Agosto de 1979, atua na divulgação e a promoção da arte naif brasileira. Ao longo de 37 anos, realizou inúmeras exposições tanto em seu espaço como em instituições nacionais e estrangeiras, onde podemos destacar MAC/ Campinas, MAM/ Goiânia, Espace Art 4 – Paris, Espaço Cultural do FMI em Washington DC, USA, Galeria Jacqueline Bricard, França, a Galeria Pro Arte Kasper, Suíça e Gina Gallery, Tel-Aviv, ,Israel. Em 1998, Jacques Ardies lançou o livro “Arte Naif no Brasil” com a colaboração do crítico Geraldo Edson de Andrade e em 2003, publicou o livro sobre a vida e obra do artista pernambucano Ivonaldo, com texto do professor e crítico de arte Jorge Anthonio e Silva. Em 2014, publicou Arte Naïf no Brasil II, de sua autoria, com textos complementares dos colecionadores Daniel Achedjian, Peter Rosenwald, Marcos Rodrigues e Jean-Charles Niel. A galeria possui em seu acervo obras, entre quadros e esculturas, de 80 artistas representativos do movimento da Arte Naif brasileira.

 

 

A galeria Marta Traba

 

A Galeria Marta Traba de Arte Latino-Americana é um espaço privilegiado para a difusão da arte latino-americana e para o intercâmbio cultural com os países do nosso Continente. Projetada por Oscar Niemeyer, a Galeria é hoje o único espaço museológico existente no Brasil, inteiramente dedicado às artes e à cultura latino-americanas. Ocupando uma área de 1.000 m², o espaço é sustentado por uma única coluna central, circundado por painéis que permitem ao visitante, desde a entrada, uma visão do conjunto das obras expostas.

 

 

Até 06 de janeiro de 2017.

Curadoria de Efrain Almeida

08/nov

A artista carioca Maria Fernanda Lucena, que foi selecionada e premiada pelo “Novíssimos 2016″, da Galeria de Arte IBEU, se interessa por lugares, personagens, objetos e principalmente histórias. Seu trabalho gira em torno da pintura e sua pesquisa tangencia questões da memória e da passagem do tempo. Através de um vínculo com objetos pessoais e afetivos, a artista compõe caixas de lembranças e relicários onde temporalidades distintas se associam para dar origem a uma possível narrativa.

 

Em sua primeira individual no Rio de Janeiro na C. galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, Maria Fernanda apresenta 21 trabalhos compostos por telas, caixas e objetos que se misturam com imagens de épocas distintas, envolvendo diferentes técnicas de produção como a pintura à óleo sobre tela de linho, além de caixas de madeira e acrílico que formam as instalações. As obras reúnem objetos garimpados pela artista, que são da década de 70 até a atualidade, incluindo slides selecionados na Praca XV, com os quais ela cria narrativas enfatizando o conceito da transtemporalidade.

 

Através da pintura, Maria Fernanda cria narrativas que seguem o fio da história de um objeto, o qual passa a fazer parte de uma nova historia. Essa narrativa não tem fim. São histórias dentro de histórias, episódios singulares, retratos da vida cotidiana ou de momentos especiais de familiares, vizinhos, pessoas conhecidas e outras esquecidas. Na exposição intitulada “Paisagens Emocionais”, com curadoria assinada por Efrain Almeida, a página do Instagram criada por Maria Fernanda, que leva o nome da mostra, poderá ser visitada, ela disponibilizou as fotografias referências para os trabalhos, sem suas intervenções, dando margem ao espectador para entender suas criações.

 

 

A palavra do curador

 
“Durante o processo de pesquisa, vieram algumas mudanças significativas em sua produção. A primeira, substituir a tinta acrílica por óleo; em seguida, a troca de suporte, ela passa, então, a usar, em vez de telas comuns, quadros antigos já pintados e objetos cotidianos, interferindo sobre esses com pinturas, onde o retrato e a paisagem são temas recorrentes. Seus retratados são constituídos, na grande maioria, de entes próximos ou pessoas que ela simplesmente considera biograficamente interessantes. Fernanda mergulha no universo cotidiano destas pessoas, através de seus pertences, de fotos de viagens, de memórias ou objetos casualmente encontrados.”

 

 

Sobre a artista

 
Maria Fernanda Lucena tem formação em Indumentária e Desing de moda. Em 2013, ingressou na turma do Curso Teoria e Portfólio na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. O curso era, então, ministrado por Efrain Almeida, Marcelo Campos e Brígida Baltar. Entre as exposições coletivas que participou no Rio de Janeiro estão ” Novíssimos 2016”, Galeria de Arte IBEU; “X4”, no Solar Grandjean de Montigny – PUC; “29 de setembro”, no Largos das Artes; “Visão de Emergência”, na Galeria Colecionador; e À Primeira Vista”, na Galeria Artur Fidalgo. Maria Fernanda também expôs seus trabalhos em coletivas em São Paulo, Rio Grande do Sul, além das obras apresentadas na SP Arte 2016, no stand da C Galeria. Para 2017, a artista já tem duas exposições agendadas, no Museu da República e na Galeria IBEU.

 

 

Sobre a C. galeria

 
A C. galeria é uma galeria de arte contemporânea que, através de ideias e formatos inovadores, quer contribuir para uma nova forma de fazer e pensar arte e para um novo colecionismo, estimulando seus artistas a explorarem seu potencial criativo e artístico. Dirigida por Camila Tomé – uma das fundadoras da extinta MUV Gallery, que encerrou suas atividades em 2016 – a C. galeria surge ocupando o mesmo espaço da antiga MUV, em Ipanema, no Rio de Janeiro, e passa a representar os artistas Andréa Brown, Bob N, Bruno Belo, Eloá Carvalho, Felipe Fernandes, Maria Fernanda Lucena, Marcos Duarte, Pedro Cappeletti, Piti Tomé e Ruan D’ornellas.

 

 

De 23 de novembro a 20 de janeiro de 2017.

Lucia Laguna no MAR

31/out

O MAR, Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta exposição individual de pinturas de Lucia Laguna. As obras de Lucia Laguna atravessam interesses diversos, como o cotidiano urbano: a inteligência estética das favelas, o subúrbio, o trânsito, a arquitetura do espaço coletivo. Lucia não pinta sozinha, experimenta – como também ocorre com o signo linguístico – a aguda consciência de um processo coletivo, e social, de constituição e reinvenção da pintura. A curadoria traz as assinaturas de Clarissa Diniz e Cadu.

 

 

A partir de 29 de novembro.

Conversa sobre pintura

Neste sábado, dia 05 de outubro, às 16h30min, os artistas plásticos Gabriela Machado, Gisele Camargo, Rafael Alonso e Álvaro Seixas participam de uma conversa, gratuita e aberta ao público, na Galeria Marcelo Guarnieri, em Ipanema, para falar sobre pintura.

 

A conversa será realizada por ocasião da exposição “Gabriela Machado – Pequenas Pinturas”, que traz vinte trabalhos inéditos, produzidos no Rio de Janeiro e em Nova York, onde a artista se propôs um desafio: fazer uma pequena pintura por dia, inspirada na paisagem ao redor. A mostra pode ser vista até o dia 12 de novembro.

Mostra de Marina Rheingantz

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Terra Líquida”, quarta exposição individual de Marina Rheingantz exibindo pinturas inéditas de formatos variados, desde peças em grande formatos a outras de menores dimensões, que operam no limiar da figuração. São paisagens mínimas que remetem a falésias, serras, mares, charcos, campos e terras caipiras, lugares visitados e inventados que se descolam do real e incorporam a geometria e a textura da pintura.

 

Em “Terra Líquida”, trabalho que dá nome à exposição, emaranhados de poças d’água unificam a tela e criam caminhos entre elementos reconhecíveis que sugerem um clube hípico. Com mais de quatro metros de largura, é a maior pintura já executada por Marina, o que exigiu da artista um movimento constante de aproximação e distanciamento ao pintá-la, um movimento que se repete para o espectador. A composição sugere um processo de desconstrução de uma imagem com sucessivas camadas de pintura, resultando na reconstrução de uma memória.

 

No entanto, um olhar mais apurado revela o protagonismo da tinta no processo da artista. Marina não persegue uma ideia narrativa – ela deposita sobre a tela camadas de pinceladas robustas, trabalhando a superfície e ouvindo a pintura. Ao escutar a cor e a tinta, a imagem se insinua e a artista segue, agora sim de encontro a uma possível narrativa. A imagem não é o começo e nem o fim, ela acontece no meio do caminho.

 

Nas pinturas sobre linho da série “Bordados” as cores de fundo ganham tratamento quadriculado, como nos tecidos próprios para bordar, por meio de sutis alterações tonais e controladas pinceladas. Barras coloridas introduzem aos poucos novas cores no trabalho, enquanto linhas grossas traçam padrões assimétricos e sugestivas paisagens distendidas.

 

A abertura será pontuada pelo lançamento do livro “Terra Líquida”, pela Editora Cobogó, o qual abrange toda a produção da artista, com ensaio assinado pelo crítico e curador Rodrigo Moura.

 

 

 

Sobre a artista

 

 

Marina Rheingantz, nasceu 1983 em Araraquara, SP. A artista é graduada em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Integrou o grupo de jovens artistas paulistas conhecido como 2000e8, que reafirmou a força da pintura como linguagem artística nos anos recentes. Teve mostras individuais no Centro Cultural São Paulo (2012) e no Centro Universitário Maria Antônia (2011), entre outras. Exposições coletivas incluem Projeto Piauí (Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, 2016), Soft Power (KunsthalKAdE, Amersfoort, Holanda, 2016), Os muitos e o um (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2016) e No Man’s Land – Women Artists from the Rubell Family Collection (Contemporary Arts Foundation, Miami, 2015). Seutrabalho está em coleções como a da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do Itaú Cultural.

 

 

De 05 de novembro a 22 de dezembro.