Gabriel de la Mora no MON.

08/mai

A exposição “Veemente”, do artista mexicano Gabriel de la Mora, é a mais nova realização do Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR. A mostra, em cartaz na Sala 1 a partir do dia 08 de maio, tem curadoria de Marcello Dantas. São 77 obras, entre instalações, telas com técnicas mistas e esculturas, a maioria produzida entre 2000 e 2025. O conjunto apresenta não só a estética do artista e sua evolução, mas também a diversidade e peculiaridade dos materiais utilizados, que vão além dos suportes e pigmentos tradicionais. No processo de criação, ele transforma objetos encontrados em matéria-prima para singulares obras de arte, evocando o conceito ready-made.

A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, comenta que o artista desafia nosso olhar e percepção com suas pinturas, instalações e esculturas feitas a partir de itens inusitados, descartados. “Nada em seu intenso e extenso trabalho é óbvio. Tudo é resultante de um perspicaz olhar sobre a natureza humana, seus sentimentos e sensações”, diz.

O curador Marcello Dantas explica que a prática de Gabriel de la Mora envolve uma investigação sobre materiais, explorando os limites físicos e conceituais de um processo de coleta e reconstrução. “À primeira vista, suas obras podem parecer abstratas, com caráter escultórico ou até minimalista. No entanto, um olhar mais atento revela que nada é o que parece ser”, diz o curador: “Suas obras são compostas por elementos inesperados: fios de cabelo, fragmentos de espelhos, cascas de ovos, solas de sapato, asas de borboleta e outros vestígios da vida cotidiana. Sua técnica denota um processo quase obsessivo, que transforma a matéria-prima em novas formas, padrões e texturas. A repetição contínua do gesto artesanal – ora restaurador, ora destrutivo – revela um método que desafia a experiência visual e sensorial do espectador”, comenta.

Sobre o curador.

Marcello Dantas é um premiado curador com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições e múltiplos projetos que proporcionam experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Nos últimos anos, atuou na concepção de diversos museus, como o Museu da Língua Portuguesa, Japan House (SP), Museu da Natureza (PI), Museu da Cidade de Manaus, Museu da Gente Sergipana (Aracaju, SE), Museu do Caribe e o Museu do Carnaval (Barranquilla, Colômbia). Realizou exposições individuais de alguns dos mais importantes nomes da arte contemporânea mundial como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Laurie Anderson, Michelangelo Pistoletto, Rebecca Horn e Tunga. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006.

Sobre o artista.

Nascido em 1968, na Cidade do México, onde vive e trabalha, Gabriel de La Mora é formado em Arquitetura pela Universidade Anáhuac del Norte e possui mestrado em Pintura pelo Pratt Institute, de Nova York. Concentra sua prática artística no uso e reaproveitamento de objetos descartados ou obsoletos, que parecem ter completado sua vida útil. Mais interessado na desconstrução e fragmentação de um objeto ou material ao longo do tempo, ele aposta na reconstrução a partir de práticas baseadas na passagem do tempo.

Uma coleção visita o Instituto Tomie Ohtake.

07/mai

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, exibe até 25 de maio a “Coleção Vilma Eid – Em cada canto”, exposição que se dedica a examinar o histórico acervo de Vilma Eid, que nos últimos quarenta anos construiu uma coleção singular, reunindo trabalhos de mais de 100 artistas entre os ditos populares, modernos e contemporâneos. A mostra integra o programa de exposições Instituto Tomie Ohtake visita, que busca criar conexões com colecionadores e agentes do circuito da arte, proporcionando acesso a coleções que, em parte, são pouco exibidas ao grande público.

Com uma atuação fundamental na valorização da arte popular no Brasil, Vilma Eid construiu uma coleção onde obras de artistas populares, modernos e contemporâneos convivem e dialogam, abrangendo diversos contextos e épocas do país. Em sua casa, a galerista dispõe as obras de tal forma a criar conexões inesperadas. Trabalhos de artistas modernos e contemporâneos como Geraldo de Barros, Mira Schendel, Paulo Pasta ou Tunga convivem com os ditos populares, como José Antonio da Silva, Isabel Mendes da Cunha, Itamar Julião ou Veio. As duas salas que compõem a mostra trazem conexões entre artistas e obras encontradas na casa da colecionadora e outras propostas pela curadoria. Estão lá representadas questões recorrentes na História da Arte: a relação entre tradição e inovação; temporalidade e espaço; cor e forma ou figuração e abstração.

Instituto Tomie Ohtake visita Coleção Vilma Eid – Em cada canto é uma realização da Casa Fiat de Cultura e Instituto Tomie Ohtake  via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio da Stellantis, sob a chancela Apresenta; do Itaú Unibanco, sob a chancela Platina; do Redecard sob a chancela Prata; BMA Advogados, sob a chancela Bronze e Galeria Estação, sob a chancela Apoio.

Artistas participantes

Agnaldo Manuel dos Santos, Agostinho Batista de Freitas, Alcides Pereira dos Santos, Aldo Bonadei, Alex Cerveny, Alexander Calder, Amadeo Luciano Lorenzato, Amilcar de Castro, André Ricardo, Anna Maria Maiolino, Antonio Ballester Moreno, Antônio de Dedé (Antônio Alves do Santos), Antônio Poteiro (Antônio Batista de Souza), Arnaldo Ferrari, Arthur Luiz Piza, Artur Pereira, Aurelino dos Santos, Cardosinho (José Bernardo Cardoso Júnior), Carlos Fajardo, Carmela Gross, Célia Euvaldo, Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva), Chico Tabibuia (Francisco Moraes da Silva), Cícero Dias, Clovis Aparecido dos Santos, Conceição dos Bugres (Conceição Freitas da Silva), Eduardo Berliner, Eleonore Koch, Elza de Oliveira Souza, Emmanuel Nassar, Erika Verzutti, Ernesto Neto, Fabrício Lopez, Geraldo de Barros, Germana Monte-Mór, G.T.O. (Geraldo Teles de Oliveira), Heitor dos Prazeres, Iole de Freitas, Itamar Julião (Itamar de Pádua Lisboa), Ivan Serpa, Izabel Mendes da Cunha, Jadir João Egídio, Jandyra Waters, João Pereira de Andrade, Jorge Guinle, José Antonio da Silva, José Bernnô, José Bezerra, José Resende, Judith Lauand, Judith Scott, Julia Isidrez, Júlio Martins da Silva, Julio Villani, Lafaiete Rocha, Leda Catunda, Leonilson (José Leonilson Bezerra Dias), Lia Chaia, Liuba Wolf, Lúcia Suanê, Luiz Paulo Baravelli, Madalena Santos Reinbolt, Marepe, Maria Auxiliadora, Mario Rubinski, Mestre Vitalino (Vitalino Pereira dos Santos), Mira Schendel, Mirian Inêz da Silva, Nelson Felix, Neves Torres, Nhô Caboclo (Manoel Fontoura), Nino (João Cosmo Felix), Noemisa Batista dos Santos, Nuca de Tracunhaém (Manoel Borges da Silva), Paulo Monteiro, Paulo Pasta, Paulo Pedro Leal, Pedro Figari, Placedina Fernandes do Nascimento, Ranchinho (Sebastião Theodoro Paulino da Silva), Rodrigo Andrade, Rubem Valentim, Santídio Pereira, Sergio Camargo, Sonia Delaunay, Thiago Honório, Tunga, Ulisses Pereira Chaves, Vânia Mignone, Véio (Cícero Alves dos Santos), Victor Vasarely, Waltercio Caldas, Zé do Chalé (José Cândido dos Santos), Zica Bérgami (Maria Elisa Campiotti Bérgami).

As múltiplas dimensões da temporalidade.

“Em busca do tempo roubado” é o atual cartaz da Galeria de Arte Flexa, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Luisa Duarte, tendo Daniela Avellar e Lucas Alberto como curadores assistentes. A mostra reúne cerca de 80 obras que buscam abordar as múltiplas dimensões da temporalidade. Os três núcleos que compõem a coletiva se apresentam como capítulos de uma espécie de pedagogia do tempo: “O herói como garrafa”, “Frequência dos hábitos” e “A pele do tempo”.

Em busca do tempo roubado

Secularmente, a passagem do dia foi medida pelo lento deslocamento dos astros. Hoje, a interface do mundo clareia e anoitece regida pela modulação do brilho das telas, simbolizada por um pequeno sol nos aparelhos de celular. Em um estranho paradoxo, temos o dia disposto na palma da mão, enquanto a experiência do seu desdobrar escorre entre os dedos.

Em busca do tempo roubado se dedica a abordar distintas formas de temporalidade em contraposição ao mundo 24/7 – aquele no qual nos distanciamos da realidade sensível à medida que habitamos, grande parte das horas, zonas digitais cujas telas, sempre lisas e limpas, simulam uma temporalidade para a qual as marcas do tempo nunca chegam. Ou ainda: aquele que se descortina a partir de dinâmicas ininterruptas de estímulos, que acabam por nos fazer reféns de uma constante atenção distraída.

Os três núcleos que compõem a exposição se apresentam como capítulos de uma espécie de pedagogia do tempo. O herói como garrafa propõe um deslocamento da centralidade do imaginário heroico ao privilegiar o ordinário. Em A teoria da bolsa de ficção, Ursula K. Le Guin (1929-2018) faz menção a um glossário inventado por Virginia Woolf (1882-1941) no qual a palavra “herói” é substituída pelo termo “garrafa”. Tal operação encena um gesto crítico à reincidência da tônica heroica nos modos de contar histórias. Assim, a atenção ao ordinário recolhe, no tecido dos dias, as narrativas mínimas e as possíveis surpresas que habitam as malhas do comum.

Em Frequência dos hábitos recordamos que, na repetição dos gestos mais banais – escovar os dentes, riscar um fósforo, cortar uma fruta – podem habitar desvios inauditos. Assim, a repetição surge como recurso poético que aponta para o cotidiano como campo de invenção e subversão.

Já em A pele do tempo, o tempo se revela por sua densidade, menos como medida homogênea cronometrada e antes como matéria sensível. E se a pedra fosse uma metáfora para o relógio? Como mediríamos as horas? Tal pergunta parece sugerir a existência de fusos horários próprios a cada matéria, desobedientes às cronologias já catalogadas.

Luisa Duarte – curadora

Daniela Avellar – curadora assistente

Lucas Alberto – curador assistente

Livro para Hélio Oiticica e Waldemar Cordeiro.

A Pinakotheke São Paulo, Rua Ministro Nelson Hungria, 200, Morumbi, realiza o lançamento do livro “Encontro/Confronto – Hélio Oiticica e Waldemar Cordeiro”, seguido de conversa com Analivia Cordeiro, Max Perlingeiro e Paulo Venancio Filho, no dia 10 de março, às 11h, último dia da exposição.

O livro, que acompanha a exposição, é publicado pelas Edições Pinakotheke, formato de 21 x 27cm, com imagens das obras expostas, fac-símiles de documentos e textos históricos, e de correspondências endereçadas a Hélio Oiticica, textos de Max Perlingeiro, Luciano Figueiredo, Paulo Venancio Filho, Analivia Cordeiro, e da única fotografia conhecida de Hélio e Waldemar juntos, sentados lado a lado em um almoço no MAM Rio.

A mostra reúne 37 obras dos dois artistas que participaram ativamente dos movimentos neoconcreto e concreto, respectivamente, que defendiam diferentes caminhos da arte nos anos 1950 e 1960. Idealizada por Max Perlingeiro, que divide a curadoria com o artista Luciano Figueiredo, um dos grandes especialistas na obra de Hélio Oiticica, e Paulo Venancio Filho, pesquisador dos dois movimentos, a exposição propõe uma reflexão, já distanciada pelo tempo, dos encontros e dos confrontos entre esses dois artistas. A exposição celebra ainda o centenário de nascimento de Waldemar Cordeiro.

 

Exploração da vitalidade cromática.

06/mai

A Galeria Espaço Arte MM, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta até 31 de maio a exposição coletiva “Intensidade”, reunindo cerca de 22 obras de artistas brasileiros – Carlos Eduardo Zornoff, Cássio Lázaro, Fernando Cardoso, João Carlos Galvão, Kenji Fukuda, Luiz Carlos Ferracioli, Marli Takeda, Martins de Porangaba, Sou Kit Gom, Yugo Mabe e Yuli Geszti. A mostra propõe uma reflexão sobre a utilização da cor, especialmente matizes vibrantes e luminosas, como elemento essencial na criação artística.

A cor, enquanto ferramenta de expressão, se apresenta não apenas como um recurso estético, mas como um veículo significativo de comunicação. Ao longo da História da Arte, a cor sempre esteve intrinsecamente ligada à emoção, à construção de atmosferas e à definição da identidade visual. Na exposição “Intensidade”, a escolha de tons intensos e saturados revela a força da cor como elemento formador da obra, que, ao interagir com o espaço da galeria, transforma o ambiente e desafia a percepção do público.

A utilização de cores vibrantes nas pinturas e esculturas expostas reflete a busca desses artistas pela intensidade e pelo impacto visual, criando uma tensão entre a forma e a cor, que se complementam e se potencializam mutuamente. Este uso da cor não é mera ornamentação; é, antes, uma linguagem que dialoga diretamente com a construção simbólica e material das obras. A seleção dos artistas e seus trabalhos é fruto de uma pesquisa cuidadosa da galeria, com o objetivo de exaltar artistas brasileiros que possuem mais de 20 anos de dedicação à arte. Cada um, à sua maneira, utiliza a cor como uma forma de afirmar sua identidade artística, desenvolvendo uma linguagem única e complexa. O espaço expositivo da galeria proporciona um contraste deliberado, permitindo que as cores das obras se destaquem, criando um ambiente que potencializa a experiência do espectador e instiga uma nova reflexão sobre o papel da cor na arte contemporânea.

Questões do feminino e da natureza.

30/abr

Os caminhos trilhados por Sandra Felzen perpassam as questões femininas, as causas ambientais e suas várias vivências culturais. Seus instrumentos são a arte, a natureza, o estudo da língua hebraica, tudo imerso no contexto da cultura brasileira.

Em “O Tempo, O Feminino, A Palavra”, que abre no dia 08 de maio, na Galeria do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, Humaitá, Rio de Janeiro, RJ, a artista constrói artesanalmente um caderno, um útero e inúmeros potes, feitos a partir de tiras de vários tecidos afetivos que coletou ao longo da vida.  O conteúdo do caderno mostra os desdobramentos de sua trajetória artística, suas reflexões sobre a passagem do tempo, sobre o feminino e sua conexão com a Natureza, representada pela árvore. Ela ressalta a importância da palavra como geradora de conteúdos e de sentidos.

Para a artista, a árvore possui uma grande ligação com o feminino. Além da palavra ser feminina em português, ela simboliza o equilíbrio. Ela é o elo entre a terra e o céu. Enraizada, com uma potencialidade de crescimento, doa flores e gera frutos. É a Árvore da Vida.  Árvore da Vida é um conceito na cultura judaica que significa tanto sabedoria como a integralidade do Ser e todas as suas manifestações. As obras de Sandra Felzen contam histórias dos saberes ancestrais e revelam uma visão integrada da experiência humana. Reforçam a ideia de que arte, memória e natureza estão entrelaçadas em um diálogo contínuo com a vida. Esses temas se estendem do caderno, do útero e dos potes até às paredes da galeria, onde suas pinturas se apresentam. Nas telas, a artista se aprofunda nas nuances da cor, da composição e das texturas.

A palavra da artista.

“Meus temas principais, o Feminino e a Árvore, estão entrelaçados e dialogam entre si. Na verdade, são um grande tema único. Ao longo da minha carreira, pintei Umbuzeiros, Umburanas, Bacuris, Bambus, Monjolos, Carnaúbas, Veredas. As árvores representam nossas raízes, que nos dão sustentação. Elas nos fincam na história, em nossas ancestralidades. Ao mesmo tempo, nos dão o sentido de direção e nos remetem às alturas”.

Outros dois temas recorrentes em seu trabalho, inter-relacionados com o todo de sua obra e retratados nas páginas do caderno são os receptáculos (o útero, inclusive) e as janelas/espelhos, que são, segundo a artista, “Portais no Tempo e no Espaço”.

 Sobre a artista. Sandra Felzen

Carioca, Sandra Felzen graduou-se em Química com Mestrado em Ciências Ambientais. Iniciou seus estudos de pintura e desenho durante os anos 1980 em Nova York. Participou de vários cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e MAM, no Rio, entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Realizou várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior ao longo dos 40 anos dedicados à arte.

Até 29 de junho.

A investigação metafísica de Alberto Saraiva.

A Galeria Patrícia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abre individual de Alberto Saraiva, que apresenta pinturas em diálogo com o pictórico e a investigação metafísica. Usando acrílica e óleo sobre tela, Alberto Saraiva vai construindo uma narrativa própria em nuances coloridas capazes de revelar sutilezas, entre planos e figuras, ao olhar mais atento.

“Sobre Pintura”, exibição individual do artista que ocorre entre maio e 16 de junho, na Galeria Patrícia Costa, apresentará um conjunto com cerca de 20 pinturas. A curadora, Daniele Machado, selecionou um recorte que vai de 2009 à produção recente, de 2025 – algumas obras foram produzidas para esta exposição, como o díptico “Chuvinha de outono”. Segundo Daniele Machado, a pintura de Alberto Saraiva é construída por partes, com centros de gravidade coexistentes, que ora disputam, ora desorientam, ao tensionarem a perspectiva clássica que tanto educou o olhar ocidental. O conjunto reflete a investigação do pintor sobre a metafísica em diálogo com a tradição pictórica.

“Eu busco a presença humana no horizonte, no desconhecido, ainda que ela não esteja dentro da tela, mas fora dela”, afirma Alberto Saraiva.

Ao se interessar por arte aos 7 anos de idade, quando passou a desenhar, foi aos 21 anos que Alberto Saraiva teve seu real encontro com a pintura, tendo Katie van Scherpenberg como a sua grande mestra, durante dez anos, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (onde anos mais tarde ele mesmo viria a se tornar professor). Katie van Scherpenberg foi, para ele, uma referência que o ensinou a compreender a pintura como realidade física e, igualmente, como pensamento. “Costumo sempre relembrar o “paradoxo da Katie”, que dizia que a pintura não é algo que você ensina, no entanto algumas pessoas aprendem. A pintura, na verdade, é um pensamento que parte da matéria, que são os pincéis, as tintas, os lápis; a partir daí criamos uma imagem que se torna um pensamento claro que pode se desenvolver ou não. Pintura é um processo, passa pelo refinamento do pensamento”, diz o artista, que destaca a contribuição de Katie van Scherpenberg em uma das telas a ela dedicada.    A todo tempo, olhar para as pinturas é questionar sobre o que está ali e o que extrapola os limites do mundo físico. Ele vai deixando pistas para que esse movimento seja conduzido e descoberto pelo espectador, alternando a extrema habilidade técnica naturalista com as referências do universo gráfico. É uma obra “sobre pintura” e sobre a condição do homem contemporâneo: o que vive no tempo oportuno, suspendendo o cronos.

Sobre o artista.

Alberto Saraiva naceu em Manaus, em 1967, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É artista-curador e pintor, graduado em Arte Educação e Museologia, com pós-graduação-especialização em Arte e Filosofia pela PUC-RIO e mestre em museologia pela UNI-RIO. Estudou desenho e pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro com Katie van Scherpenberg com quem aprendeu a pintar; estudou cor com o pintor José Maria Dias da Cruz e videoarte no Parque Lage nos anos 1990 com Adriana Varella onde fez parte do grupo de produção de vídeo que se reconectou aos artistas da produção de videoarte dos anos 1970. Fez sua primeira exposição individual na Galeria Candido Mendes no ano 2000, a segunda no Castelinho do Flamengo em 2008 e a terceira individual na Galeria do Lago em 2014. Dentre suas coletivas destacam-se a Bienal do Recôncavo-Bahia onde ganhou o segundo lugar no prêmio aquisição – Coleção Dannemann em 2000; 7a Bienal do Mercosul – Radiovisual com curadoria de Lenora de Barros em 2009. Imagens Paradoxais no Parque Lage em 2000; Rio Trajetórias: Ações Transculturais: Funarte em 2001; Obranome no Museu Nacional de Brasília em 2008; O corpo – entre o público e o privado com curadoria de Christine Mello no Paço das Artes em São Paulo em 2004; Rumos da Videodança – Itaú Cultural São Paulo em 2003; Ensaio sobre a beleza com curadoria de Bruno Miguel na Galeria Movimento em 2025.

Exposição homenagem para Maria Tomaselli.

Onde os pássaros caem e as casas flutuam, é a nova exposição de Maria Tomaselli em exibição no Museu de Arte do Paço – MAPA Praça Montevidéu, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

Com foco numa homenagem que aborda diferentes aspectos da produção de Maria Tomaselli, a exposição “Onde os pássaros caem e as casas flutuam” traça um panorama que une obras da Pinacoteca Aldo Locatelli com obras do acervo particular da artista.

Sob curadoria de Nicolas Beidacki, a exposição mergulha no mundo pictórico e filosófico de Maria Tomaselli, abordando questões que vão das deformidades habitacionais até as agonias do corpo, numa mescla de passado e presente, sem desconsiderar desafios contemporâneos, como o sentido de um futuro ancestral e a abordagem que o mesmo trouxe para pensar o mundo que habitamos, seja nas ocas, nas casas ou em nós mesmos.

Ainda que aberta para visitação do público, a curadoria, considerando a condição de saúde atual da artista – que está em recuperação de um procedimento médico – optou por realizar uma atividade de encerramento em substituição ao evento de abertura. Assim, no dia 17 de maio, sábado, às 11h, no Museu de Arte do Paço, será realizada uma conversa pública com Maria Tomaselli e o curador para abordar a trajetória e os processos criativos da artista, recentemente homenageada no “XVII Prêmio Açorianos de Artes Plásticas”.

Em cartaz até 22 de maio

Arte óptica e cinética.

29/abr

A Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro convida para a abertura – em 29 de abril – da exposição “Logo as sombras desaparecem”, com obras recentes e inéditas do artista suíço Philippe Decrauzat. Nascido em 1974 em Lausanne, é um dos principais nomes da nova geração da arte óptica e cinética. Vivendo entre sua cidade natal e Paris, seu trabalho integra numerosas coleções institucionais na Suíça e na França, além de estar no MoMA de Nova York e no MACBA, em Buenos Aires. Às 19h, haverá uma visita guiada com o artista.

No dia 30 de abril, às 18h30, será exibido na Cinemateca do MAM o filme “Gradient” (2021), no qual Philippe  Decrauzat aborda as propriedades da luz no cinema a partir de um filme canônico: “Aurora” (1927), do cineasta alemão Friedrich Wilhelm Murnau. Nesta apresentação única na Cinemateca do MAM, Philippe Decrauzat conversará  com Jonathan Pouthier, responsável pela coleção e programação de filmes do Centre Pompidou, em Paris.

Na Nara Roesler Rio de Janeiro, estarão 18 pinturas em acrílica sobre tela, das quais treze criadas especialmente para a exposição. Cinco obras – inéditas no Brasil – foram mostradas em individuais do artista em Genebra, Madri e Salzburg, em 2024. Os trabalhos pertencem a duas séries – “Screen” e “Gradient”, desdobramentos de sua pesquisa sobre percepção visual.

O título da exposição tem origem nos estudos realizados pelo médico e cientista tcheco Jan Purkyne (1787-1869) na década de 1820 sobre a anatomia e a fisiologia do olho humano. Philippe Decrauzat se interessa particularmente pelas descobertas de Purkyne sobre o fosfenos, fenômeno visual caracterizado pela percepção de flashes ou manchas de luz gerados por estímulos internos, como pressionar as pálpebras fechadas.

Na série “Screen”, Philippe Decrauzat faz alusão tanto à tela digital e às imagens virtuais presentes em nosso cotidiano, como aos fosfenos. A ideia é tratar a tela como uma superfície que produz brilho, seja ela um monitor, seja um olho. Seus trabalhos discutem a cultura visual contemporânea, o mundo pop, o cinema, a tecnologia e a ciência. Philippe Decrauzat afirma: “O observador está sempre no centro de meus dispositivos”.

Diálogo e conexões formais.

25/abr

“Mirage”, exposição individual de Marina Rheingantz no Musée des Beaux-Arts, abrirá na próxima semana em Nîmes, França.

A mostra estabelece um diálogo entre os trabalhos de Marina Rheingantz e obras históricas da coleção permanente do museu, revelando conexões formais e simbólicas entre a abstração paisagística da artista e diversos períodos e gêneros da História da Arte.

Com curadoria de Barbara Gouget, “Mirage” integra a programação da Temporada Brasil-França 2025, realizada pelos Ministérios das Relações Exteriores e da Cultura do Brasil e da França.

Até 05 de outubro.