Centenário de Milton Dacosta

23/out

O Espaço Cultural Correios, Niterói, RJ, apresenta a exposição “Milton Dacosta, 1915–2015”. A mostra, com curadoria de Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos e produção executiva da Artepadilla, traça um panorama sucinto da obra do pintor, com ênfase em inter-relações que podem ser tecidas com base nos diferentes momentos de sua trajetória artística e marca o centenário de nascimento do artista niteroiense.

 

Entre as 100 obras exibidas, destacam-se um pequeno núcleo de paisagens urbanas do Rio de Janeiro dos anos 1930; diversos autorretratos, entre os quais Interior de ateliê, com o qual ganhou o Prêmio de Viagem ao Exterior em1944, pertencente ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC; naturezas-mortas; figuras e cabeças; construções dos anos 1950; guaches da série Variações de formas lunares, da mesma década; pinturas e gravuras da série Vênus; e mais de uma dezena de desenhos e estudos inéditos. Completam o conjunto apresentado ao público o curta-metragem “Milton Dacosta: íntimas construções”, de Mário Carneiro, e uma série de pinturas e gravuras que pertenciam ao casal Milton Dacosta e Maria Leontina, entre as quais obras de Alfredo Volpi, José Pancetti, Giorgio Morandi, Maria Helena Vieira da Silva e Jacques Villon.

 

 
Sobre o artista

 

Milton Dacosta nasceu em Niteroi, RJ, em 1915. Após iniciar seus estudos em 1929 e participar da fundação do Grupo Bernardelli em 1931, Milton Dacosta começa a traçar um percurso singular e rigoroso, no qual pouco a pouco mostra seu trabalho em galerias e museus. Passa alguns anos nos Estados Unidos e na Europa, e participa de diversas exposições importantes, entre as quais o Salão Nacional de Belas Artes e a Bienal Internacional de São Paulo. Em 1961, a edição da VI Bienal Internacional de São Paulo dedica-lhe uma Sala Especial. Duas décadas depois, é a vez do Museu de Arte Moderna de São Paulo organizar uma exposição retrospectiva de sua obra. Após a morte de Maria Leontina em 1984, o artista deixa de pintar. Falece em setembro de 1988.

 

 

Até 19 de novembro.

Rogério Duarte no MAM-Rio

17/jun

O MAM-Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, através do Edital de Fomento à Cultura Carioca, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, apresenta, a partir do próximo dia 20 de junho, a exposição “Marginália 1”, uma retrospectiva da obra do artista gráfico, músico, compositor e poeta Rogério Duarte, um dos mentores do Tropicalismo. Rogério Duarte criou capas dos principais discos do período tropicalista, e foi parceiro de Gilberto Gil e Caetano Veloso em algumas músicas. Criou ainda cartazes de filmes emblemáticos do Cinema Novo, como “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, do diretor Glauber Rocha, de quem era amigo. Produziu também capas para álbuns de artistas da MPB, como Gal Costa, Gilberto Gil e Jorge Ben Jor. Como compositor, fez a trilha de “A Idade da Terra”, filme de Glauber Rocha. A mostra terá cerca de 70 obras, dentre capas de discos, publicações e cartazes, incluindo trabalhos inéditos e objetos pessoais, como notas, esboços, rabiscos, fotos, vídeos, estudos, poemas e pedras, para que o público aprecie de perto o rico universo criativo do artista.

 

 

Em 2009, foi realizada uma grande exposição sobre a obra de Rogério Duarte no The Narrows, na Austrália. A partir disso, outras mostras sobre o trabalho do artista foram realizadas em Frankfurt, na Alemanha, em 2013, e na III Bienal da Bahia, em 2014. A exposição do MAM é uma síntese dessas duas últimas mostras. Para a exposição, que tem curadoria de Manuel Raeder e do próprio artista, com a colaboração de seu filho Diogo Duarte, será reeditado o livro “Marginália 1 – Rogério Duarte” (2ª Edição), que reúne diversos trechos da sua obra literária que, em grande parte, permanece inédita. Além disso, no dia 12 de agosto, haverá o evento especial “Musicúpula”, no qual composições musicais de autoria de Rogério Duarte serão apresentadas em uma escultura poliédrica de alumínio que ele chama de “neodésica”.

 

 

 

 

A palavra do curador do MAM-Rio

 

 

“Desde meados da década de 1960, por suas parcerias definitivas em momentos cruciais das carreiras de Glauber, Oiticica e os tropicalistas, a trajetória de Rogério Duarte vem sendo protagonista em nossa história e, ao mesmo tempo, menos valorizada do que deveria. Indo muito além da experimentação marginal dos anos 1960, o design, a inteligência visual e o vigor plástico de sua obra são uma contribuição definitiva para a história da arte no Brasil”, afirma Luiz Camillo Osorio.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Rogério Duarte nasceu em Ubaíra, interior da Bahia, em 1939. Intelectual multimédia, é artista gráfico, músico, compositor, poeta, tradutor e professor. No início dos anos 1960, ele, sobrinho do sociólogo Anísio Teixeira, é enviado ao Rio de Janeiro para estudar arte industrial, tendo sido aluno de Max Bense (fundador de uma nova estética, de base semiótica e teórico-informacional). Militante político de esquerda nos anos 1960, Rogério Duarte aderiu ao movimento HareKrishna na década seguinte. Nos últimos anos, tem se dedicado à tradução de clássicos da literatura da Índia, à luteria (construção de violões), à geologia, à numismática, ao estudo do xadrez, à literatura, tendo criada prolífica obra, e à música. No disco “Abraçaço” (2014), de Caetano Veloso, está uma das canções inéditas de Rogério Duarte, “Gayana”. Além disso, ele vem, há décadas, se dedicando ao seu projeto rural ecológico no interior da Bahia.

 

 

 

Até de 16 de agosto.

Baravelli, a retrospectiva

02/abr

A partir de 11 de abril, a retrospectiva de Luiz Paulo Baravelli pode ser conferida na Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP.

 
Aos 72 anos de idade e cinco décadas de intensa produção, Luiz Paulo Baravelli é um artista que opta pelo método distinto do caminho da sensibilidade. Suas obras feitas de idas e vindas, como em “emaranhados”, dialogam com a arquitetura – seu campo de formação – com a figura do corpo feminino, a poesia de W. H. Auden, e, sobretudo, com o espírito de contestação – poética – que compõe o cenário de um possível pós-modernismo

 
Foi na cidade de São Paulo, como aluno e parceiro de Weslley Duke Lee, que formou, ao lado de nomes proeminentes como Carlos Fajardo, Frederico Nasser e Jose Rezende, a Escola Brasil. Além da crítica à produção da época, destacavam a produção artística como experiência de ensino, reavaliando movimentos importantes e contemporâneos como a Pop Art e o Tropicalismo.

 
“Analisar os cinquenta anos de produção nos leva a reflexão sobre as mudanças globais ocorridas ao longo desse período, e, também, nos faz refletir sobre como esse conjunto de obras dialoga conosco no tempo presente”, conta o curador e marchand Marcelo Guarnieri.

 
A ênfase da retrospectiva de São Paulo recai sobre o trabalho de pintura do mestre. Autoafirmando-se como um pintor, mesmo no trabalho das peças tridimensionais, a abordagem concilia as três dimensões com o pictórico.

 
Para a individual de São Paulo, serão apresentadas 60 obras, entre 10 pinturas/recortes e 50 croquis e desenhos dos anos 60 até os dias atuais, que serviram de base para as respectivas obras expostas. Trabalhando de madrugada em seu atelier – parando, apenas, quando o dia começa – o recorte faz jus à fama de incansável artista que Baravelli carrega. Antes de produzir qualquer obra em relevo, executa vários esboços, croquis, e faz extensa pesquisa de materiais. Sua sensibilidade é a do tempo, incluindo aí a paciência de se “perder”, horas a fio, no labirinto da criação, no qual a forma e a vida não se separam. Sua obra é um testemunho que ultrapassa um começo e um fim, uma narrativa linear, para que possamos enxergar sinais de dentro, como a luz da noite.

 
“Para um visitante que não conheça meu trabalho esta exposição pode trazer uma perplexidade. A variedade do trabalho é enorme e, sem consultar as etiquetas, é difícil adivinhar as datas em que as obras foram feitas. Penso uma explicação que pode ser redutiva, mas serve para começar: lá atrás, no começo da década de 60 me propus a ter uma sensibilidade em vez de ter um método. Naquela época predominava aqui o concretismo, com suas regras, rigores e tabus. Visitando as exposições deles eu pensava: o que estas artistas fazem quando não estão pintando? Será que andam na rua, olham para as pessoas e as coisas? Por que isso não aparece no trabalho? Porque não enfrentam o mundo em sua riqueza e complexidade em vez de se confinar a uma clausura árida e metódica?”, reflete Baravelli sobre o seu trabalho.

 

 
De 11 de abril a 09 de maio.