Cesar Oiticica Filho no MAMRio

22/ago

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura no próximo dia 1º de setembro de 2018, das 15h às 18h, a exposição “Metaimagens”, com aproximadamente quinze trabalhos inéditos de Cesar Oiticica Filho, um desdobramento de sua investigação poética sobre o fim da fotografia na era digital. Nesta mostra, o artista associa a destruição parcial de seu trabalho e equipamento em 2009 – ocorrida no incêndio do Projeto Hélio Oiticica, do qual é o curador – à substituição da imagem fotográfica pela digital, abordada nos diferentes núcleos que formam a exposição. “Há dez anos eu já estava discutindo do fim da fotografia, e com o incêndio, objetiva e literalmente, isso ocorreu”, comenta o artista. As fotos “derretidas” viraram “outra coisa”. A exposição traz outra reflexão, a de que a digitalização da fotografia cria sua transformação em “imagem”, “manipulada e banal, onde perde a credibilidade”. Em trabalhos anteriores, Cesar Oiticica Filho havia experimentado a mídia fotográfica colorida “… até o esgotamento das possibilidades e do material, cortando a emulsão com a luz, usando feixes de luz muito fortes como laser e lanternas de alta potência direto no papel fotográfico”.

 

Nesses novos trabalhos, o artista articula – a partir da destruição pelo fogo do seu próprio trabalho e equipamento – a transformação da fotografia em imagem digital e os desdobramentos desse meio em pintura, cinema, realidade virtual e objetos, onde ganha materialidade. “Essa vocação transmidiática do artista permitiu o atravessamento generalizado dos diversos campos em que a produção visual era segmentada em áreas autônomas (como vídeo, fotografia, filme, publicações e pinturas)”, acentua o curador Fernando Cocchiarale. A obra central da exposição, “Núcleo Metaimagético” (2018), é uma grande instalação composta por uma série de lâmpadas cercadas por dezenas de imagens dos negativos e cópias danificadas pelo fogo, “… formando em torno da luz um núcleo que representa o final da imagem fotográfica e o início de uma série de possibilidades, mostradas nas demais obras da exposição”, comenta o artista. Outro grupo de trabalhos é o constituído pela série “Metaimagem” (2018), com quatro impressões em tela das fotos danificadas pelo incêndio, que ganham intervenções de pintura sobre as partes derretidas, e têm dimensões de 82cm x 51,5cm cada uma.

 

 

Trilogia “Brasil 2016” 

 

Na parte direita do foyer, que dá para o Pão de Açúcar, o público verá a trilogia “Brasil 2016” (2016), um conjunto de três jarros de vidro, os transobjetos,com aproximadamente 20cm de diâmetro e 30cm de altura cada um, em que o artista discute as questões do país de forma poética. “Talvez sejam as obras de significado mais óbvio na exposição”, observa ele. O primeiro contém uma porção de grãos de feijão contornada por grãos de arroz. O segundotraz uma vela de gel acesa sobre água, e o terceiro dois óleos de diferentes densidades e cores, de soja e de dendê, disputam o espaço. Na parede do fundo do foyer, serão projetadas as obras mais próximas do cinema, animação e vídeo, como o filme performance “É Tudo Verdade” (2003), originalmente em Super 8 depois transferido para digital, “Para os seus olhos somente” (2018, 8’), e “A Dança da Luz” (2003), um filme in progress, feito a partir da primeira versão da obra “Caixa de Dança”, apresentada na exposição individual “A Dança da Luz”, no Museu Nacional de Belas Artes, em 2003..

 

 

Realidade Virtual

 

Explorando a técnica da realidade virtual, “que coloca a pessoa dentro da imagem”, Cesar Oiticica Filho propõe em “Rolezinho” (2017, filme 360º, com smartphone, óculos de realidade virtual e headphones) um “delírio deambulatório” como os de Hélio Oiticica (1937-1980), em um alucinante deslocamento por skate pelas ruas de Nova York. No final do percurso expositivo, o artista propõe o visitante a “parar, fechar os olhos e se deitar para se voltar ao corpo, ao aqui e agora, despertando outros sentidos adormecidos pela enxurrada de imagens recebidas”. Isto poderá ser feito na instalação sensorial “SolAr” (2018), em que uma lâmpada de luz forte age simultaneamente a um ventilador, de modo a ativar a sensação de frio/calor, como um “antídoto para não ser engolido pela ditadura da imagem, que nos chegam em grande volume diariamente”.

 

 

 Sobre o artista

 

CESAR OITICICA FILHO nasceu em 1968, Rio de Janeiro, RJ. Foi criado em Manaus até os 18 anos, quando voltou à cidade natal. Retornou diversas vezes a Manaus, e fixou definitivamente residência no Rio em 1997, quando assumiu a curadoria do Projeto Hélio Oiticica. Formou-se em Comunicação Social em 1992, pela Faculdade da Cidade, e cursou cinema na New York Film Academy, em Londres, em 2007. Aos treze anos fez o seu primeiro curso de fotografia em Manaus. Aos dezesseis anos de idade integrava o catálogo da 1ª Fotonorte, mostra nacional feita pela FUNARTE com os principais fotógrafos da região norte do país. Sua primeira exposição individual foi no Teatro Amazonas, em Manaus em 1996. Trabalha com cinema, e arte contemporânea. Inventou uma nova técnica que transita entre a pintura e a fotografia, apresentada em 2003 na exposição “A Dança da Luz”, no Museu Nacional de Belas Artes. É há 17 anos curador do Projeto Hélio Oiticica. Entre seus principais trabalhos estão as curadorias de “Rhodislandia”, na OM_Art, no Jóquei Clube de Rio de Janeiro, em 2018, e de “José Oiticica Filho”, junto com Carlo Cirenza, no MIS de São Paulo, em 2018. Em 2015 participou da XII Bienal de Havana, e em 2014 de “Brasil x Brasil”, no Museu de Artes Aplicadas, em Frankfurt, Alemanha. Em 2013, participou da Bienal de Moving Image B3, em Frankfurt, Alemanha, onde ministra uma master class. Em 2011 realiza o filme “Museu é o Mundo” (Brasil, 2011, 12’), um making off da exposição “Museu é o Mundo”, de que foi curador, junto com Fernando Cocchiarale, uma retrospectiva de Hélio Oiticica, que percorreu em 2010 quatro cidades no Brasil e ganhou o Prêmio ABCA. Em 2011 também mostra seus trabalhos inéditos em “Quântica”, no Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro. Em 2008, faz o curta “Invenção da Cor” (Brasil, 2008, 7’), sobre o “Penetrável Magic Square 5”, de Hélio Oiticica, no Instituto Cultural Inhotim, em Minas Gerais. Em 2007 realiza a ação “É Tudo Verdade”, com Carlo Cirenza, no Rio de Janeiro, saindo ao mar com uma jangada que traz impressa na vela a imagem de Pelé. No mesmo ano, cursa cinema na New York Film Academy, em Londres. Em 2006, participa do Arte Pará, selecionado por Paulo Herkenhoff, com o trabalho “Pintura Quântica”. Em 2005 foi apontado pela revista “Photo” francesa como uma das revelações da nova geração de fotógrafos brasileiros, com o trabalho “Mulheres luz”.

 

 

Até 11 de novembro.

ArtRio 2018 galerias selecionadas 

09/ago

 

 

A ArtRio apresenta as primeiras galerias selecionadas para o Brasil Contemporâneo, que estreia na feira este ano. A galerias que participam do programa apresentarão projetos solo de artistas fora do eixo Rio de Janeiro – São Paulo. O curador carioca Bernardo Mosqueira é diretor do Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, e estará à frente do Comitê Curatorial. A ArtRio 2018 acontece de 26 a 30 de setembro na Marina da Glória, Rio de Janeiro, RJ.

 

Brasil Contemporâneo 2018

  • Amparo 60 Galeria de Arte – Recife

 

Artista Bárbara Wagner. Nasceu em Brasília. Vive e trabalha no Recife

  • Galeria de Arte Mamute – Porto Alegre

 

Ío – duo de artistas formado por Laura Cattani (nasceu em Les Lilas-França) e Munir Klamt (nasceu em Porto Alegre). Vivem e trabalham em Porto Alegre.

  • Aura Arte Contemporânea – São Paulo

 

Artista Lilian Maus – nasceu na Bahia. Vive e trabalha em Porto Alegre

  • Galeria Mapa – São Paulo

 

Artista Valdeir Maciel – nasceu em Bacabal, no Maranhão. Faleceu em 2005.

  • OÁ Galeria – Arte Contemporânea – Vitória

 

Artista Rafael Pagatini. Nasceu em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Vive e trabalha em Vitória.

  • RV Cultura e Arte – Salvador

 

Artista Pedro Marighella. Nasceu em Salvador, onde vive e trabalha.

  • SOMA Galeria – Curitiba

 

Artista Gabriele Gomes. Nasceu em Curitiba. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

  • Luiz Fernando Landeiro Arte Contemporânea – Salvador
  • Sem Título Arte – Fortaleza

 

O Brasil Contemporâneo terá 10 galerias participantes em 2018.

A criação deste novo programa possibilitará destaque para uma visão mais ampla da produção artística nacional. Entre as prioridades da ArtRio está a valorização da arte brasileira e a divulgação dos artistas nacionais entre os colecionadores e curadores.

Lauren Shapiro em São Paulo

01/ago

A Galeria VilaNova, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, inaugura “Fragile Terrains”, da artista visual norte-americana Lauren Shapiro, sob curadoria de Sebastiano Varoli. Em parceria inédita com a Art Bastion Gallery, sediada em Miami, Flórida, USA, a individual apresenta quinze esculturas, uma instalação e uma projeção, as quais fazem referência à relação insustentável da sociedade com o ecossistema, revelando estruturas vivas encontradas pela artista na natureza – cuidadosamente coletadas por meio de moldes, em florestas e rios -, que emergem do solo e interagem com elementos arquitetônicos da paisagem urbana.

 

O trabalho de Lauren Shapiro busca inspiração nos fenômenos climáticos, nas conexões entre sistemas ecológicos e nas geometrias ocultas na natureza, além da influência humana nestes ambientes. Residente em Miami, é fascinada pela interconexão dos sistemas aquáticos do planeta e ciente de como o avanço do nível do mar em inúmeras regiões costeiras tem relação com o derretimento de geleiras, em razão do aquecimento global.

 

Em um site-specific, Lauren Shapiro visitou florestas e rios, de onde coletou formas – com uso de moldes de silicone – de objetos naturais. A partir desses protótipos, a artista cria as partes que compõem suas esculturas em argila, empilhando-as uma acima ou ao lado da outra, o que resulta em um trabalho frágil e de natureza transitória – sendo as eventuais alterações físicas de sua obra registradas em fotografia e vídeo. Sobre esta estrutura, ainda são inseridos origames em papel dobrado. Desta forma, suas peças fazem referência às questões de fragmentação florestal, erosão e da insustentabilidade na maneira como o homem se relaciona com o meio-ambiente.

 

 

De 07 de agosto a 08 de setembro.

Coletiva na Sancovsky

17/jul

A Galeria Sancovsky, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, convida para a abertura de “A Imensa Preguiça”, exposição coletiva com curadoria de Guilherme Teixeira. A partir do dia 19 de julho, a Galeria Sancovsky apresenta a exposição “A Imensa Preguiça”, mostra coletiva que busca explorar as relações de dissolução da forma e da ideia de derretimento a partir da ressignificação e destruição de objetos comuns e cotidianos no trabalho de dez artistas. Colocando em diálogo diversas linguagens como vídeo, escultura, pintura e instalações, a exposição se propõe à criação de um espaço de alucinação infinita, onde a prática e o objeto se tensionam na busca do movimento entre dissolução e reiteração de um utilitarismo cotidiano, o ready-made, o ócio e o gesto.

 

Participam os artistas André Barion, Andre Bontorim, Beatriz Ruco, Eleni Bagaki, Gabriella Garcia, Ignacio Gatica, Pedro Caetano, Renato Castanhari, Ricardo Carioba e Sergio Pinzón

 

 

De 19 de julho a 18 de agosto

Cidades invisíveis de Luiz Martins

04/jul

O Museu de Arte Sacra de São Paulo -MAS-SP, Estação Tiradentes, São Paulo, SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado, inaugura “Cidades Invisíveis”, do artista plástico brasileiro Luiz Martins, sob curadoria de Ian Duarte Lucas. A mostra – formada por esculturas, fotografias e vídeos – elege o tempo presente, mesmo que instantâneo, como tema, e se desenvolve a partir do livro homônimo de Ítalo Calvino. Atento à passagem do tempo – em especial acerca de como o indivíduo se relaciona com seus entornos privado e coletivo -, o artista busca, nesta produção, uma poética dentro da relação homem – cidade, considerando vestígios esquecidos pelas ruas.

 

A cidade é cenário para importantes manifestações humanas, que se desdobram em suas entranhas. “Em constante mutação, o homem se insere neste novelo de passagem: passagem do tempo, que tudo transforma, e cria novos significados na memória de quem habita a cidade. E essa poética se manifesta pelos objetos que o homem cria e utiliza em suas mais diversas atividades”, comenta o curador. Em “Cidades Invisíveis”, Luiz Martinsutiliza a linguagem tridimensional para abordar o espaço e suas novas possibilidades territoriais, restaurando e ressignificando o cotidiano pela aplicação do conceito de “semióforo” em objetos e fragmentos, os quais perdem o status de “coisa” e passam a transmitir energia e força afetiva. Nas palavras de José Carlos Marçal de Barros, diretor executivo do MAS-SP: “Na mostra, Luiz Martins nos mostra as cidades que não vemos, nos conduz a pensar no que existe por traz da máscara arquitetônica de grandescidades nas quais vivemos e que, na realidade, não conhecemos. Sentimentos, paixões, alegrias e tristezas, emoções que poucas vezes afloram à vista do público”.

 

Ao se deparar com a presente exposição, espera-se que o espectador entenda a potencialidade de cada objeto, os quais representam, em suma, os reflexos do drama interior do homem em sociedade. Espera-se que sentimentos da individualidade contemporânea se tornem visíveis através deste processo mental. Nos dizeres do curador: “O homem, enquanto um ser artista, é antes de tudo um ser sociável: se expressa na construção de diferentes diálogos com o seu tempo, a sociedade em que se insere, e consigo mesmo. Materializar esta expressão na forma da obra de arte é a maneira mais sublime de contemplar a fugacidade destas relações. O esquecimento desfigura os vestígios que o homem produz, e cabe ao artista revelar a poética destes objetos, por meio de sua sensibilidade, ao perceber algo latente e revelador nas coisas mais simples do cotidiano, memórias de uma vida que o tempo implacavelmente apagou”.

 

 

Sobre o museu

 

Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Sacra de São Pauloé uma das mais importantes instituições do gênero no país. É fruto de um convênio celebrado entre o Governo do Estado e a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, em 28 de outubro de 1969, e sua instalação data de 28 de junho de 1970. Desde então, o Museu de Arte Sacra de São Paulopassou a ocupar ala do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, na avenida Tiradentes, centro da capital paulista. A edificação é um dos mais importantes monumentos da arquitetura colonial paulista, construído em taipa de pilão, raro exemplar remanescente na cidade, última chácara conventual da cidade. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1943, e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Estado de São Paulo, em 1979. Tem grande parte de seu acervo também tombado pelo IPHAN, desde 1969, cujo inestimável patrimônio compreende relíquias das histórias do Brasil e mundial. O Museu de Arte Sacra de São Paulodetém uma vasta coleção de obras criadas entre os séculos 16 e 20, contando com exemplares raros e significativos. São mais de 18 mil itens no acervo. O museu possui obras de nomes reconhecidos, como Frei Agostinho da Piedade, Frei Agostinho de Jesus, Antônio Francisco de Lisboa, o “Aleijadinho” e Benedito Calixto de Jesus. Destacam-se também as coleções de presépios, prataria e ourivesaria, lampadários, mobiliário, retábulos, altares, vestimentas, livros litúrgicos e numismática.

Performance inédita

28/jun

Francisco Dalcol é o curador de “∆ORIST∆” e Andressa Cantergiani a convidada da Galeria Ecarta, Porto Alegre, RS. A exposição destaca a produção da artista gaúcha no campo da performance. Fundadora e gestora da galeria Península e da Bronze Residência, ambas em Porto Alegre, Andressa Cantergiani tem realizado projetos individuais e em programas de residência, resultando em ações performáticas tanto em espaços públicos quanto institucionais de cidades como Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Berlim e Lisboa.

 

Para apresentar um olhar curatorial sobre essa produção artística que se dá ao vivo diante do público, deixando posteriormente apenas registros como imagens e outros rastros, o curador Francisco Dalcol toma a noção de “aoristo” como mote conceitual.

 

“Trata-se de um tempo verbal remoto, existente em línguas como o grego e o sânscrito, que se refere a um passado indefinido e indeterminado. Ao emprestar o sentido de uma ação ou um acontecimento sem que se defina seu tempo de ocorrência ou duração, a expressão é mobilizada pela curadoria como estratégia de abordagem para revisitar performances que serão apresentadas na exposição por meio de fotografias, vídeos e objetos, com interesse na performatividade própria ao devir desses vestígios”, comenta o curador.

 

Integram o projeto expositivo novas ações e trabalhos que a artista desenvolverá no contexto da mostra na Galeria Ecarta, com destaque para “Combate”, uma performance no Museu do Exército de Porto Alegre, em que Andressa Cantergiani passará vivendo por 7 dias entre os tanques de guerra, carros de combate e objetos bélicos.

 

 

De 28 de junho a 29 de julho.

Recorte contemporâneo

26/jun

A exposição que está em cartaz no Grande Hall do Santander Cultural, Porto Alegre, RS, denominada “RSXXI – o Rio Grande do Sul Experimental”, recebeu a assinatura de Paulo Herkenhoff na curadoria.

 

A exibição reúne 80 obras de 12 destacados artistas da nova cena contemporânea gaúcha.
Esta exposição, que parte de uma sigla de fácil memória e que provoca curiosidade, “RSXXI”, se propõe a articular a força do processo de criação contemporâneo de artistas locais. Ainda que sem a pretensão de um levantamento completo, a iniciativa se firma como um foro de reconhecimento com um relevante recorte: André Severo, Cristiano Lenhardt, Daniel Escobar, Laura Cattani e Munir Klamt (Ío), Isabel Ramil, Ismael Monticelli, Leandro Machado, Marina Camargo, Michel Zózimo, Rafael Pagatini, Romy Pocztaruk e Xadalu apresentam fotografias, livros, instalações, vídeos, objetos, esculturas, serigrafias e documentos.

 

 

Até 29 de julho.

Aline Pascholati em Piracicaba

14/jun

A artista plástica Aline Pascholati exibe “Projeto Quotidiano” exposição inspirada na rotina dos centros urbanos que chega à Piracicaba, São Paulo, SP, na Sala Da Vinci, Centro Cultural Martha Watts.

 

A exposição é composta por uma instalação, uma colagem e vídeos que retratam o cotidiano e o compartilhamento do espaço coletivo urbano. A ideia surgiu da experiência de morar em Paris, devido ao caos da metrópole e a repetição do dia a dia. A reflexão deu origem à tela que dá nome ao projeto e é composta de um fundo branco imaculado e atemporal sobre o qual foram coladas em forma de círculo figuras recortadas de revistas, um material bastante comum.

 

O círculo é uma representação abstrata da imagem antiga do “Ouroboros”, serpente que come o próprio rabo e representa o eterno retorno. Essa colagem também foi a primeira obra que a artista expôs em sua carreira, no Salon Art en Capital – Salon des Indépendants no Grand Palais, em Paris, em 2011. A instalação é uma transposição material em 3D da tela, com objetos reais dos mais diversos cotidianos. Os visitantes poderão participar ativamente da obra, onde será possível deixar objetos que passarão a compor a instalação. A video-instalação propõe uma reflexão sobre a repetição diária e a rapidez do mundo contemporâneo através de imagens de pés caminhando em duas grandes estações de metro, São Paulo (Paulista-Consolação) e Düsseldorf (Hauptbanhof). A escolha de retratar apenas os pés representa o anonimato das grandes cidades e a maneira como somos frequentemente vistos – muitas vezes como números.

 

 

Sobre a artista

 

Artista plástica que também escritora sobre Arte e Cultura, Aline Pascholati, é diplomada em História da Arte pela Université Paris 1 –  Panthéon-Sorbonne, Paris, com grandes exposições e projetos acumulados em sua carreira. Com apenas 27 anos, Aline explora as mais diversas técnicas para se expressar, dentre elas pintura, fotografia, vitral, instalação, ilustração e vídeo arte. Já participou de exposições individuais e coletivas em sete países (Brasil, França, Itália, Eslovênia, Peru, Irã e Síria). Além de criar, a artista também tem seu próprio site sobre arte e cultura, o Artrianon, e um canal no YouTube no qual explica arte de maneira divertida, o Art Insider.

 

 

Até 29 de junho.

No Museu da República

04/jun

Em pleno ano eleitoral, a artista Simone Michelin dá um toque de crítica e ironia à história do Brasil na exposição “Corte Matuta, o musical”, que será inaugurada no dia 9 de junho, às 15h, na Galeria do Lago, no Museu da República. Sob curadoria de Isabel Sanson Portella, a mostra será composta por uma videoinstalação que apresenta um concurso para escolha de representantes de quadrilhas juninas como metáfora ilustrativa do processo eleitoral.

 

No trabalho, a artista apresenta uma votação para a escolha da Corte Matuta, Rei Matuto e Rainha Caipira, realizada em Boa Vista (RR), além de animações de maquetes 3D do Palácio do Planalto, águias e cowboys. A trilha sonora foi feita a partir de uma colagem dos comandos originais da quadrilha com fragmentos de músicas brasileiras, abrangendo diferentes períodos históricos.

 

“Para a pesquisa musical, utilizei o livro “Quem foi que inventou o Brasil?”, de Franklin Martins, que reúne mais de mil canções que contam a história da República de 1902 a 2002. Deslocando o contexto original da festa popular, minha intenção é parodiar a estrutura do estado brasileiro”, conta Simone Michelin.

 

 

Sobre a artista

 

Simone Michelin é artista e pesquisadora. Nascida em Bento Gonçalves (RS), vive e trabalha no Rio de Janeiro. Expõe seu trabalho e faz conferências no Brasil e exterior desde os anos 1980. Participa da segunda geração da Videoarte Nacional, pioneira nas investigações em arte e tecnologia no Brasil.

 

Sua última individual no Rio de Janeiro foi em 2013, na galeria A Gentil Carioca. No momento, seus trabalhos podem ser vistos nas exposições “Feito Poeira ao Vento”, fotografia na coleção do MAR – Museu de Arte do Rio, e “Todas as Mulheres do Mundo”, presenças femininas na coleção EAV Parque Lage, na Galeria EAV do Parque Lage.

 

Até 16 de agosto.

A obra de Bill Viola

30/mai

Pioneiro e nome incontornável no campo da videoarte, Bill Viola e sua obra são tema da exposição especialmente preparada que inaugurou o novo Sesc Avenida Paulista

 

A abertura do Sesc Avenida Paulista inaugura um período de muitos “primeiros”, que certamente marcarão a história da unidade e da relação dos frequentadores com o espaço. A primeiraexibição de vídeos integrada à primeiraexposição da nova unidade (Bill Viola – Visões do Tempo) aconteceu no início de maio.
Enquanto a exposição, em cartaz até 09 de setembro, apresenta, por meio de doze obras, um recorte de videoinstalações de Bill Viola (1951) produzidas de 2000 para cá, os quatro programas mensais de exibição de vídeos percorrem a produção anterior do artista norte-americano e oferecem uma retrospectiva de trabalhos seminais e consagrados no campo da videoarte e da expressão audiovisual, como The Reflecting Pool(A Piscina Refletora, 1977-9). É difícil observar as experimentações de Viola na edição das sequências de imagens e também na banda sonora desse vídeo ou de Ancient of Days(Ancião dos Dias, 1979-81) e Anthem(Hino, 1983), por exemplo, e não refletir sobre como a videoarte dos anos 70 e 80 conversa com impressionante desenvoltura com o que se produz e circula em vídeo, memes e gifs hoje nas redes sociais a partir dos onipresentes smartphones.

 

A câmera lenta, as transições inusitadas, o fast forwarde o rewind, a tela dividida e as ilusões provocadas deliberadamente por Bill Viola, pela proximidade com as práticas cotidianas de quem gera e compartilha conteúdo audiovisual pela internet, têm talvez a capacidade de provocar ainda mais curiosidade no visitante de 2018 – justamente pelo contexto e pelos instrumentos utilizados no momento de criação – do que geraram em suas primeiras exibições – feitas por canais de televisão.

 

Mas Viola não foi apenas visionário, em seu trabalho durante o século XX, quanto ao potencial formal do vídeo que se produziria para dentro e para fora das galerias de arte nas décadas seguintes. O artista, que trabalhou com outros grandes nomes da videoarte, como Nam June Paik e Peter Campus, desenvolveu um olhar particular e instigante sobre a experiência humana, a partir de influências ocidentais e orientais. Seus vídeos mais antigos, exibidos na programação integrada, e, sem dúvida, as instalações mais recentes, em exposição no 5º andar do Sesc Avenida Paulista, convidam a reflexões profundas sobre o corpo, a vida, a morte e o tempo – que é experimentado hoje em ritmo mais acelerado do que nunca!