Mariannita Luzzati – Migrantes

31/jul

A Galeria Marcelo Guarnieri, unidade Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no dia 03 de agosto a exposição “Mariannita Luzzati – Migrantes”, com sete obras inéditas da artista, sendo dois filmes, duas pinturas e quatro desenhos, que refletem sobre a paisagem e os fluxos migratórios. As obras, produzidas em 2016 e 2017, se relacionam entre si. O trabalho atual de Mariannita Luzzati tem sido realizado a partir da pesquisa sobre o movimento constante de migração de plantas que se infiltram em novas paisagens e estabelece uma relação com o fluxo de pessoas que migram por necessidade ou por vontade própria, causando mudanças sociais e culturais nesses cenários.

 

O ponto de partida da exposição é o filme “Migrantes” (2016), que dá nome à exposição e revela através da paisagem o processo de colonização do Brasil por Portugal durante a expansão marítima. O filme, que mistura paisagens reais e imaginárias (desenhos feitos pela artista), reflete sobre o processo de mudanças e interferências que este fluxo gerou. Ao lado dele, estará um outro filme, que trata sobre o tema da migração e deslocamento da paisagem. “São filmes que fiz de paisagens reais que entram em fusão com paisagens imaginárias que construí (pinturas e desenhos)”, explica a artista.

 

Na exposição os filmes estarão em diálogo com duas pinturas em grande dimensão (óleo sobre tela) e cinco desenhos (lápis sobre papel). Todos esses trabalhos se relacionam com a sua pesquisa anterior, que pensa em uma “restauração” da paisagem, para retorná-las ao seu estado “natural”. A vontade de restauração de que trata Mariannita Luzzati diz respeito a um mundo sem excessos, sejam eles de informação, de imagens ou de cores. A ação de esvaziar pode ser observada não só nas paisagens silenciosas que nos apresenta, mas também na paleta de cores rebaixadas que utiliza e até mesmo no aspecto difuso da pintura que dá conta de “nublar” os elementos da cena. Por meio da tinta diluída, sobrepõem-se centenas de camadas muito leves que dão corpo a rochedos muito pesados, rodeados pela imensidão do imprevisível oceano. Há uma troca entre cor e forma, onde uma se constrói enquanto a outra se desmancha.  

 

Os desenhos se comportam de maneira parecida. São feitos com lápis de cor, material rudimentar que carrega consigo o registro da infância, um registro de leveza e ingenuidade. Tal delicadeza, no entanto, precisa negociar com a dureza da ferramenta: o lápis, ao pintar o papel, evidencia as imperfeições de sua superfície e torna grosso o que seria liso. É do mesmo tipo de troca de que se trata, cor e forma: enquanto uma se constrói, a outra se desmancha.  

 

 

Sobre a artista

 

Mariannita Luzzati, nasceu em 1963. Vive e trabalha em São Paulo e Londres. Dentre as exposições individuais e coletivas que participou, destacam-se nas seguintes instituições: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Museu Vale do Rio Doce de Vitória, Museu Nacional de Buenos Aires, Museum Of London, Haus Der Kulturen Der Welt em Berlim, Maison Saint Gilles em Bruxelas. Suas obras constam em importantes coleções nacionais e internacionais, dentre as quais a Fundação Itaú Cultural de São Paulo; Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; Fundação Cultural de Curitiba; Fundação Padre Anchieta – TV Cultura, São Paulo; Museu de Arte de Brasília; Machida City Museum of Graphic Arts, Tóquio, Japão; Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP; Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza, CE; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP; Fundação Musei Civici de Lecco e MIDA – Scontrone, Itália; British Museum, Londres, Inglaterra; Essex Collection, Colcherter, Inglaterra; Credit Suisse First Boston; Halifax plc; Herbert Smith; Rexam plc de Londres; Teodore Goddard, Jersey e Pearson plc, Nova York.

 

 

Sobre a galeria

 

Marcelo Guarnieri iniciou as atividades como galerista nos anos 1980, em Ribeirão Preto, SP, e se tornou uma importante referência para as artes visuais na cidade, exibindo artistas como Amilcar de Castro, Carmela Gross, Iberê Camargo, Lívio Abramo, Marcello Grassmann, Piza, Tomie Ohtake, Volpi e diversos outros. Atualmente, com três espaços expositivos – São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto -, a galeria permanece focada em um diálogo contínuo entre a arte moderna e contemporânea, exibindo e representando artistas de diferentes gerações e contextos – nacionais e internacionais, estabelecidos e emergentes – que trabalham com diversos meios e pesquisas.

 

 

Até 06 de setembro.

Carpintaria Para Todos

28/jul

“Carpintaria Para Todos” é uma exposição coletiva formada por um único critério: a ordem de chegada dos participantes. No dia 10 de agosto, das 10h às 19h, a Carpintaria, Rua Jardim Botânico 971, Rio de Janeiro, RJ, estará de portas abertas para receber uma obra de arte de qualquer pessoa interessada em mostrar seu trabalho. Sem nenhuma curadoria, qualquer um poderá participar desde que siga as especificações listadas no texto-convite divulgado no site e nas redes sociais da Carpintaria.

 

O projeto funciona como uma releitura do evento homônimo realizado em setembro de 2012, no Galpão do Liceu de Artes e Ofícios, paralelo à 30ª Bienal de São Paulo. A proposta surgiu da reunião de alguns profissionais do campo da arte com um objetivo em comum: realizar uma exposição na qual presencia-se uma suspensão de valores e hierarquias, criando assim um espaço experimental de colaboração, que opere em rede e que se desdobre em múltiplos debates.

 

Com este intuito, o grupo resgatou a importante figura do curador norte-americano Walter Hopps (1932–2005), que desenvolveu uma série de projetos entre os anos 60 e 70, segundo ele mesmo, “imprevisíveis e irregulares”. Atuando sempre de maneira não convencional no circuito de arte contemporânea de seu tempo, Hopps se interessava em trabalhar outros formatos de curadoria e outras relações entre público e privado, tensionando a esfera institucional e o espírito anárquico da arte. Da mesma maneira, é relevante destacarmos como inspiração nomes como o do historiador e crítico de arte Walter Zanini (1925–2013), cuja atuação à frente do MAC-USP, de 1963 a 1978, contribuiu significativamente para ampliar os espaços de reflexão e exibição da arte, através de ambiciosos projetos expositivos como o JAC (Jovem Arte Contemporânea). Carpintaria Para Todos também dialoga e soma-se ao espírito colaborativo de outras ações artísticas que aconteceram e ainda acontecem na cidade do Rio de Janeiro, como Zona Franca, Alfândega, Orlândia e as exposições “Abre Alas”, realizadas há mais de uma década pela A Gentil Carioca.

 

No encerramento da exposição, sábado 19 de agosto, a partir das 17h, acontecerá uma conversa entre membros do comitê voluntário e os artistas participantes do projeto, tendo como eixo as práticas expositivas colaborativas na cena artística carioca e nacional. A conversa será pontuada pela exibição de trechos de filmes, vídeos e materiais de arquivo diversos.

 

Os organizadores e colaboradores voluntários deste projeto são: Alexandre Gabriel, Alessandra D’Aloia, Barrão, Bernardo Mosqueira, Eduardo Ortega, Laura Mello, Luisa Duarte, Marcelo Campos, Márcia Fortes, Mari Stockler e Victor Gorgulho. Os colaboradores estarão pessoalmente no local da exposição ajudando a receber as obras e montar a exposição.

 

 

Regulamento

 

Você está convidado a comparecer com uma obra de arte de sua autoria na Carpintaria (Rua Jardim Botânico 971 – Rio de Janeiro) na quinta-feira, dia 10 de agosto de 2017 das 10h às 19h. Nós iremos receber e instalar seu trabalho no espaço expositivo da galeria. A mostra estará aberta para o público do dia 10 a 19 de agosto, de terça a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 18h.

 

Serão aceitas obras de todas as naturezas – desenho, colagem, fotografia, pintura, escultura, instalação, vídeo, filme, performance e o que mais você inventar – e sua participação estará garantida desde que:

 

Você leve em pessoa o seu trabalho;

 

O seu trabalho passe pela porta (1,80 x 2,10 m);

 

Você traga todo o material necessário para a sua instalação, exposição e funcionamento. Haverá montadores para auxiliar na montagem;

 

A sua obra de arte preserve a integridade física e respeite os outros trabalhos em exposição, o público e o espaço expositivo;

 

Você entregue sua obra nas mãos da produção que escolherá o local de instalação do trabalho. Caso queira deixar um material impresso relacionado ao trabalho, iremos disponibilizar um local para consulta;

 

Se o trabalho for uma performance, o horário de apresentação será definido em acordo

 

com a produção. O registro em vídeo ou foto da sua performance poderá ser exposto posteriormente na mostra;

 

Você se comprometa a retirar a sua obra do local expositivo ao final da exposição, no prazo estipulado pela produção;

 

Qualquer dano ou perda da obra durante a sua montagem, exposição e/ou retirada será considerada como parte do processo. Haverá segurança e monitoria durante a exposição, mas a produção não pode garantir ressarcimento de eventuais danos;

 

A Carpintaria não fará o intermédio comercial das obras dessa exposição, mas os interessados poderão contatar diretamente os artistas. Haverá uma lista com a ficha técnica das obras e o e-mail dos artistas na recepção.

 

 

Mais informações: carpintaria@fdag.com.br

No Museu do Amanhã

A exposição “Holocausto – Trevas e Luz”, realizada pelo Museu do Amanhã, Centro, Praça Mauá, Rio de Janeiro, RJ, em parceria com o Museu do Holocausto de Curitiba, convida à reflexão sobre a importância da convivência, e sobre como queremos viver uns com os outros, hoje e amanhã. Aberta ao público desde 26 de julho, ficará em cartaz na Galeria do Tempo do Museu do Amanhã até 15 de outubro.

 

O Holocausto foi um triste capítulo na história da humanidade. Não muito distante. Iniciado com a ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, em 1933, e intensificado durante a Segunda Guerra Mundial, consistiu na perseguição e no aniquilamento de cerca de 6 milhões de judeus pelos nazistas e seus colaboradores. Um projeto de extermínio de um povo, amparado em sistemas burocráticos. Ciganos, pessoas com deficiência, homossexuais, negros, testemunhas de Jeová e dissidentes políticos também foram perseguidos por razões étnicas ou nacionais. Mas mesmo em condições extremamente adversas, muitos conseguiram se refugiar em outros países, outros se rebelaram e pegaram em armas para lutar, e vários conseguiram simplesmente resistir e sobreviver.

 

A exposição “Holocausto – Trevas e Luz”, realizada pelo Museu do Amanhã em parceria com o Museu do Holocausto de Curitiba, convida à reflexão sobre a importância da convivência, e sobre como queremos viver uns com os outros, hoje e amanhã.

 

Seu objetivo é reforçar a necessidade de que aprender e recordar são ações fundamentais para que o Holocausto sirva como um alerta e um ensinamento para a nossa e futuras gerações. Com isso, poderemos evitar e combater inúmeros genocídios e graves violações dos direitos humanos que continuam ocorrendo em várias partes do planeta, incluindo o Brasil.

 

É preciso promover a convivência e lidar com a diferença para que possamos seguir rumo a Amanhãs mais plurais.

 

 

Sobre o Museu

 

O Museu do Amanhã é uma iniciativa da Prefeitura do Rio, concebido e realizado em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo, tendo o Banco Santander como Patrocinador Master e a Shell como mantenedora. Conta ainda com a Engie, IBM e IRB Brasil Resseguros como Patrocinadores, Grupo Globo como parceiro estratégico e o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Ambiente, e do Governo Federal, por intermédio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A instituição faz parte da rede de museus da Secretaria Municipal de Cultura. O Instituto de Desenvolvimento de Gestão (IDG) é responsável pela gestão do Museu.

Novíssimos 2017

Tudo novo de novo. Pela primeira vez no endereço que acaba de inaugurar, a Galeria de Arte IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta, no dia 1º de agosto, a 46ª edição do Salão de Artes Visuais Novíssimos 2017, o único salão de arte do Rio de Janeiro. A edição deste ano tem curadoria de Cesar Kiraly e conta com a participação de 11 artistas que apresentarão trabalhos em pintura, instalação, objeto, fotografia, vídeo, desenho e performance. Os selecionados são Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda (RJ), Ana de Almeida (RJ), Ayla Tavares (RJ), Betina Guedes (São Leopoldo, RS), Caio Pacela (RJ), Clara Carsalade (RJ), Felipe Seixas (SP), Jean Araújo (RJ), Juliana Borzino (RJ), Leandra Espírito Santo (RJ/SP) e Stella Margarita (RJ). O artista em destaque de “Novíssimos 2017” será divulgado na noite de abertura e contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2018.

 

Já participaram de Novíssimos artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros.   

 

“Novíssimos 2017” tem como proposta reconhecer e estimular a produção de novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira em suas diversas vertentes. Até 2016, 610 artistas já haviam participado de “Novíssimos”, que teve sua primeira edição em 1962. Nesta 46ª edição, a proposta curatorial diz respeito à interrogação da distância entre as imagens da vigília e do sono.

 

“Foram escolhidos artistas em início de trajetória que se propuseram a pensar a experiência dessa forma expandida. O onírico surge atrelado aos mais diversos suportes, em formas escultóricas de pano, fotografia, na interação do concreto com aparato eletrônico, no conflito do rosto com matérias que insistem em cobri-lo, nas estratégias de captação de vídeo. Podemos contemplar os percursos dos artistas, mas também tivemos a oportunidade de indicar trabalhos que nos pareceram exemplares de boa direção na proposta que nos foi submetida”, afirma Cesar Kiraly.

 

 

Sobre alguns participantes

 

 

Amador e Jr Segurança Patrimonial Ltda

Antonio Gonzaga Amador – Mestrando em Estudos Contemporâneos das Artes PPGCA/UFF. Graduado em Pintura pela EBA/UFRJ em 2013. Participou de cursos e oficinas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage entre 2012 e 2014. Integrou o Laboratório Contemporâneo para jovens artistas na Casa Daros, em parceria com o Instituto MESA e o Coletivo E em 2014. Cursou em 2016 o acompanhamento de processos artísticos no Saracvra . Dentre as exposições que participou destacam-se a 27° Mostra de Arte da Juventude (Ribeirão preto/SP), com premiação; 35° salão Arte Pará – 2016 (Belém/PA), premiado como ‘Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda.;  Salão Arte Londrina 4 – Alguns Desvios do corpo (Londrina/PR). Atualmente desenvolve pesquisa artística sobre o corpo e sua condição biográfica de possuir diabetes tipo 1, o comportamento metódico e a rotina, e o contexto social e econômico do açúcar no Brasil.

 

Ayla Tavares

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1990. Graduada em Design Gráfico pela PUC-Rio, tem formação em Arte Educação pelo Instituto a Vez do Metre/Universidade Cândido Mendes. Também frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

 

Betina Guedes

Artista visual e professora. Doutora e mestre em Educação (UNISINOS), RS. Atua na UNISINOS. Sua produção artística tem como eixo a memória e suas articulações com a cidade, o corpo e a escrita.

 

Caio Pacela

Nascido em 1985 no interior Estado de São Paulo, mudou-se no ano de 2000 para o Estado do Rio de Janeiro. Atualmente vive em Niterói, RJ, onde mantém seu estúdio. Graduado desde 2013 em Pintura pela EBA (Escola de Belas Artes) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Desde o ano de 2014 frequenta cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. ​Atuou como freelancer entre 2002 e 2012 desenvolvendo ilustrações de estampas para três diferentes marcas de surfwear brasileiras e na criação de personagens para projetos e instituições. Hoje dedica-se inteiramente à sua própria produção.

 

Felipe Seixas

Vive e trabalha em São Paulo. Formado em Design Digital (2011) pela Universidade Anhanguera, São Paulo. Participou dos cursos “A escultura como objeto artístico do século XXI” com Ângela Bassan (2015) e “Esculturas e Instalações: possibilidades contemporâneas” (2016) com Laura Belém, ambos na FAAP e do grupo de acompanhamento de projetos do Hermes Artes Visuais, com Nino Cais e Carla Chaim (2016). Em 2017, fez sua primeira exposição individual: (I) matérico presente, com curadoria de Nathalia Lavigne, na galeria Zipper (projeto Zip’Up). Participou da XIX Bienal Internacional de Arte de Cerveira 2017 (Portugal) e da 2ª Bienal Caixa de Novos Artistas, com itinerâncias pelo Brasil. Em 2016 participou da 1ª Bienal de Arte Contemporânea do Sesc-DF. Em 2016 recebeu o prêmio Menção Honrosa no 15° Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos e em 2015 recebeu o prêmio Menção Especial no 22° Salão de artes Plásticas de Praia Grande.

 

Jean Araújo

Jean Araújo nasceu em Vitória da Conquista (BA) em 1975, mas foi aos 24 anos de idade que passou a dedicar-se à pintura. Em 2011, morando no Rio de Janeiro, passou a executar trabalhos dentro de uma pesquisa do POP ART. Mas foi em 2013 que passou a dedicar-se exclusivamente ao universo das artes plásticas. Desde então realizou duas mostras individuais, uma no Rio de Janeiro e outra em Minas Gerais. Paralelamente o artista começou a frequentar cursos no Parque Lage e em outras instituições como forma de aprofundar e aprimorar seu conhecimento técnico-acadêmico.

 

Leandra Espírito Santo

Indicada ao Prêmio Pipa 2016. Volta Redonda, RJ, 1983. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP. Participou de mostras coletivas em galerias, museus e instituições brasileiras e internacionais, tais como: Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG (2016); Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ; Circus Street Market, Brighton, Inglaterra; Casa do Olhar – Secretaria de Cultura de Santo André, SP (2014); Paço das Artes, São Paulo, SP (2014/2012); Centro Cultural Justiça Federal, Rio de Janeiro, RJ; e Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS; Complexo Cultural Palácio das Artes, Praia Grande, SP; Centro Universitário Mariantonia, São Paulo, SP; Sesi Cultural, Barra Mansa, RJ; Galeria Casamata, Rio de Janeiro, RJ; Sala Preta, Barra Mansa, RJ (2013); Circo Voador, Rio de Janeiro, RJ (2012/2013); Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP; Galeria Gravura Brasileira, São Paulo, SP; Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo, SP (2012); e Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2010).

 

 

De 1º de agosto a 15 de setembro.

A arte de Eduardo Kac

19/jul

A Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, mostra a inédita exposição “Em órbita : Telescópio interior”, de Eduardo Kac. Um impacto espacial na arte contemporânea nacional. O artista projetou a primeira obra de arte internacional no espaço, senão escândalo, polêmica, surpresa absoluta, o talento de Eduardo Kac mostra-se mais vez em sua total originalidade criativa.

 

 

O telescópio interior de Eduardo Kac

Por Eleanor Heartney (*)

 

A trajetória da ciência ocidental poderia ser escrita como uma história do desejo ou das tentativas de a humanidade se livrar de restrições externas. De Copérnico a Galileu até Newton e Einstein, o cenário de um mundo fixo dirigido pela Lei Divina evoluiu para outro no qual a matéria, o espaço e o tempo são mutáveis, e se interpenetram e transformam uns aos outros. Nesta narrativa, a força da gravidade é uma das limitações mais poderosas impostas sobre a humanidade, pois exerce não somente uma força física, que literalmente nos prende no chão, mas também uma força metafórica que determina os limites e a direção do possível. O nosso mapa-múndi, por exemplo, tem uma parte de cima e uma parte de baixo, alinhado de norte a sul, como se o nosso globo suspenso realmente tivesse uma correta orientação. Considere-se também a língua escrita, que vai se desenrolando em intervalos fixos de espaço e de tempo, mais uma vez como se houvesse uma orientação correta ou incorreta.

 

Mas, e se as restrições da força da gravidade pudessem ser suspensas – como de fato ocorre quando estamos fora da Terra? Uma experiência radical de percepção humana está atualmente sendo realizada a bordo da Estação Espacial Internacional, na qual astronautas de várias nacionalidades realizam diversos experimentos científicos. Operando numa zona livre da força da gravidade, a Estação Espacial é um ambiente onde é possível se livrar de limitações físicas, geopolíticas e disciplinares. Nesse processo podemos perguntar pela primeira vez: São possíveis novos tipos de experiência humana? Será que, sem a força da gravidade, a humanidade conseguiria superar certas divisões que foram, durante muito tempo, consideradas inevitáveis?

 

Telescópio Interior de Eduardo Kac aborda tais questões. A obra é parte de questionamentos de longa data acerca do que o artista chama de Space Poetry (Poesia Espacial) e foi realizada por Thomas Pesquet na Estação Espacial Internacional em 2017. A obra tem uma forma radicalmente concisa: é composta de duas folhas de papel cortadas e modeladas para formar uma palavra com três letras: MOI (significando “eu” em francês). Para criar o M, a primeira folha é dobrada e cortada de tal maneira que, de uma perspectiva, sugere o formato daquela letra, enquanto que de outra perspectiva parece uma figura humana. Um círculo cortado e removido no meio desta folha de papel transforma-se na letra O, e também é uma abertura pela qual se insere um cilindro formado a partir da segunda folha de papel. Este se torna ao mesmo tempo “eu” e “olho” (“I” e “eye” são homófonos em inglês) – formando um telescópio pelo qual uma variedade de visões podem ser vislumbradas. Observada de um outro ponto de vista, a obra evoca a imagem de um corpo humano com o cordão umbilical cortado, transformando o Telescópio Interior em uma escultura. Fisicamente produzido no espaço sideral (a obra não foi trazida da Terra), o MOI não tem parte de cima ou de baixo e pode ser orientado em qualquer direção. Como tal, fornece um modelo para uma consciência livre da força da gravidade e um sentido radicalmente novo de subjetividade.

 

Telescópio Interior agrega várias preocupações do artista. Estas incluem o seu interesse de longa data pelos aspectos visuais e cinéstéticos da poesia. Aqui, flutuando livremente no espaço, este poema é dirigido igualmente a públicos terrestres e celestiais. Como tal, está em diálogo com outras obras do artista que facilitam a comunicação entre espécies e entre formas orgânicas e inorgânicas de vida. Também dá continuidade às suas obras anteriores transmitidas ao espaço sideral numa tentativa de se comunicar com seres extraterrestres. E por superar quadros de referência estritamente prescritos, a obra continua a desenvolver o sonho de Kac de uma realidade em rede, onde a mutualidade substitui relações baseadas em hierarquias e poder. Telescópio Interior, portanto, expressa uma visão utópica que aponta para além das mentalidades apocalípticas que hoje em dia restringem o nosso pensamento. Kac, ao contrário, nos oferece uma visão otimista de um futuro expandido, a ser possibilitado pela readaptação da espécie humana.

 

(*) Crítica de Arte em Nova York e editora colaboradora das revistas Art in America e Artpress. Entre seus livros estão Art and Today, Postmodernism e Postmodern Heretics. Heartney é co-autora de After the Revolution: Women who Transformed Contemporary Art e The Reckoning: Women Artists in the New Millennium

 

De 20 de julho a 19 de agosto.

Millan exibe Mestre

Artista português que vem ganhando destaque na cena artística brasileira, Tiago Mestre expõe pela primeira vez na Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP. A mostra “Noite. Inextinguível, inexprimível noite.” empresta seu título do poema “Lugar II” do poeta português Herberto Helder (1930-2015) e reúne um conjunto de 60 obras que exploram a questão da forma e do mito do projeto moderno no âmbito da escultura. Materiais como argila, bronze e gesso dão corpo a obras que se posicionam numa constante negociação entre projeto e imprevisibilidade, entre programa e liberdade expressiva.

 

O conjunto de obras inclui esculturas de diferentes escalas, vídeo, intervenções na arquitetura da galeria e uma grande instalação (elemento paisagístico que organiza toda a exposição). Estes trabalhos remetem aos primeiros intentos humanos de assimilar o natural dentro de um pensamento projetual, mapeando o processo de assimilação da paisagem a partir do intelecto. “A ideia de projeto como pano de fundo, como orquestração de um sistema”, explica o artista.

 

Cada uma das esculturas parece evidenciar um fazer sumário, claramente manual, como se estivesse inacabada ou em estado de puro devir, deixando, muitas das vezes, uma filiação ambígua quanto à sua natureza disciplinar. O uso da cor surge pontualmente, não tanto como sistema, mas antes como recurso que acentua, corrige ou esclarece questões pontuais do trabalho. Essa indefinição semântica, ou transversalidade programática é um dos eixos do trabalho. A problematização da capacidade performática de cada uma das obras é tornada evidente (senão parodiada) em situações como a da escultura de dois morros (obra que a dois tempos é escultura paisagística e nicho para outras obras menores).

 

O vídeo, apresentado no andar superior da galeria, coloca-se como uma espécie de síntese geral da exposição. A imaterialidade deste suporte contrasta de maneira decisiva com o aspecto formal dos restantes trabalhos. Nele, assiste-se a uma transmutação lenta, silenciosa e interminável de formas geométricas e orgânicas, numa referência “apática” ao mito da arquitetura brasileira, à sua relação singular com a natureza e a paisagem.

 

Embora alguns dos procedimentos da arquitetura estejam envolvidos em seu processo – a exemplo dos croquis e as maquetes de estudo – o olhar de Mestre volta-se mais para a percepção da experiência dos corpos no espaço, sejam eles naturais, escultóricos, ou arquitetônicos. Parece ser essa intimidade entre natureza, espaço e forma, que esta exibição de Mestre propõe desvelar.

 

 

Até 12 de agosto.

Vídeos no MASP

17/jul

Tracey Moffatt, é um dos cartazes da programação do MASP, Paulista, São Paulo, SP. A artista nasceu em Brisbane, Austrália, 1960, produz vídeos, filmes e fotografias que têm como referência o universo da cultura visual; a artista utiliza-se de técnicas de direção e imagens do cinema, da história da arte e da cultura popular que giram em torno de temas como sexualidade e identidade. Os vídeos reunidos nesta mostra - ”LOVE” (“Amor”, 2003), “OTHER” (“Outro”, 2009) e “LIP” (“Atrevimento”, 1999) - integram a série “Montages” (“Montagens”, 1999-2015), realizada em colaboração com o editor Gary Hillberg a partir de filmes hollywoodianos e clássicos cult. Estes trabalhos têm como foco os estereótipos e as representações de gênero, classe social e alteridade no cinema.

 

O vídeo “LOVE” (“Amor”) é uma compilação de trechos de filmes em que o amor romântico heterossexual é representado por declarações apaixonadas, rompimentos, rejeições ou violência. A dramaticidade das cenas é intensificada por uma trilha que perpassa os diferentes estágios de um relacionamento, em uma narrativa com começo, meio e fim. Este vídeo revela como papéis masculinos e femininos são traduzidos em clichês cinematográficos. Nas cenas, o amor é um campo de batalha, que evidencia relações de poder baseadas em gênero e posição social.

 

Em “OTHER” (Outro), colonização e desejo se confundem nas representações do “não ocidental” pelo cinema hollywoodiano. Identidade e colonialismo são temas centrais na produção de Moffatt, que tem origem aborígene. Neste vídeo, o outro é interpretado como o exótico sedutor, capaz de despertar medo, curiosidade, fascínio e desejo sexual no colonizador branco. Conforme a narrativa se desenrola, os encontros entre “colonizado” e “colonizador” se intensificam e culminam no ato sexual em si, desfazendo fronteiras e diferenças entre eles. O vídeo revela também uma construção narrativa frequente sobre a colonização veiculada pelo cinema, que, por meio de uma erotização do outro, apazigua romanticamente as violentas histórias coloniais.

 

Por fim, “LIP” (“Atrevimento”) reúne trechos de filmes em que atrizes majoritariamente negras interpretam papéis de empregadas domésticas, babás, cozinheiras e garçonetes “respondendo” às patroas, mulheres brancas. O título faz referência à expressão inglesa “giving lip”, que indica atos de insubordinação, através dos quais um subalterno dirige comentários jocosos e “atrevidos” a um superior, por exemplo. Com este vídeo, Moffatt inverte a noção de subserviência por parte dessas personagens, que, com humor e ironia, satirizam comportamentos racistas e classistas.

 

Esta mostra está em diálogo com as exposições “Toulouse-Lautrec em vermelho”; “Miguel Rio Branco: Nada levarei quando morrer”; “Wanda Pimentel: Envolvimentos e Quem tem medo de Teresinha Soares?”, que integram a programação anual do MASP, cujo eixo temático é a sexualidade.

 

 

Até 01 de outubro.

Tunga Interview  

28/jun

Interview ímpar de Tunga pela psicanalista Ruth Chindler

Data: Sábado, 08 de julho, ás 19hs.

Local: Biblioteca Mario de Andrade, Rua da Consolação, 94, Centro, São Paulo, SP.

“TUNGA o espaço é do artista”

 

Direção: Ruth Chindler

Filmagem: Mario Caillaux

Edição: Mario Caillaux e Ruth Chindler

 

O grande artista Tunga, falecido em 2016, nos entrega as chaves preciosas para o entendimento da sua obra e nos deixa ver o lado mais luminoso

da sua personalidade nesta abrangente conversa com a psicanalista Ruth Chindler.

Filmada no “espaço psicoativo” do artista, ao pé da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, em dezembro de 2014, a entrevista foi editada com trechos

das suas performances e imagens da sua obra e da sua vida.

 

 

A palavra de Cordelia de Mello Mourão

 

“Estarei lá em São Paulo, ao amável convite de Charles Cosac, editor de tantos livros incríveis, em particular Barrocos de Lírios e a “Caixa Tunga”, que cuidou de maneira adorável do nosso herói durante o ano trágico da sua partida, tendo com ele também belíssimas conversas.

Será uma alegria acompanhar a grande amiga dos artistas Ruth Chindler, que foi em todas as documentas e “venues”, aquela que Tunga chamava para mostrar a ultima obra e/ou confiar suas ânsias, a fada ruiva que oferece ao mundo uma tarde com Tunga, em tão boa companhia que ele nos diz coisas que ele mesmo fica emocionado de ter dito”.

 

Esperando lhes ver dia 8, mando um grande abraço!

Cordelia

Steve Jobs, o visionário

20/jun

Homem que impactou o mundo com sua personalidade e capacidade de inovação, Steve Jobs é o tema da exposição “Steve Jobs, o visionário” no Museu da Imagem e do Som, Jardim Europa, São Paulo, SP. Uma realização da agência ítalo-brasileira Fullbrand, co-realizada pelo MIS. Na exposição, o público terá acesso ao rico universo de Steve Jobs. São 209 itens entre fotos, filmes, reportagens e produtos históricos que mostram a forma como pensava e criava uma das maiores personalidades do século XX.

 

Em “Steve Jobs, o visionário”, há um percurso estruturado por células narrativas – Espiritualidade, Inovação, Competição, Fracasso, Negócios e Sonho – concebido pelo escritório Migliore + Servetto Architects – traz uma experiência rica e profunda do universo de Jobs. O público tem acesso a centenas de pequenas e grandes inovações criadas por Jobs. Entre elas a peça mais rara da exposição: o Apple 1, fabricado em 1976, que foi adquirido em um leilão da Christie’s por U$ 213,6 mil, em novembro de 2010, por Marco Boglione, idealizador da exposição. Hoje, o computador já triplicou de valor. Outro destaque nesse tema é o Lisa, que, lançado em 1983, foi o primeiro computador pessoal a ter um mouse e uma interface gráfica – mas foi considerado como um dos maiores fracassos da Apple.

 

Os visitantes também têm acesso a uma sala dedicada às imagens inéditas de Jobs em sua vida cotidiana feitas por Jean Pigozzi, francês radicado em Nova York, fotógrafo de confiança do inventor.

 

A inspiração para a exposição surgiu a partir de uma mostra sobre o criador da Apple realizada na Itália, porém, o formato implantado no Brasil é totalmente original. Antes de São Paulo, a exposição passou pelo Rio de Janeiro, onde ficou em cartaz no Píer Mauá. Com apresentação do Ministério da Cultura e Bradesco, “Steve Jobs, o visionário” conta ainda com patrocínio da Cielo e apoio da Superga.

 

 

 

Sobre Steve Jobs

 

Nascido em 1955 em São Francisco, no Estado da Califórnia, EUA, Steve Jobs foi dado para adoção pelos seus pais, que não tinham condição de criá-lo. Desde jovem demonstrou interesse e habilidade para inovar e, em 1976, fundou a Apple, empresa consagrada seguidas vezes como a mais valiosa do mundo. Jobs revolucionou o universo da tecnologia ao lançar produtos como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad. Em 1984, demitiu-se da Apple e fundou a NeXT, companhia especializada em desenvolvimento de softwares. Anos mais tarde, em 1996, a Apple comprou a NeXT e Jobs assumiu o cargo de CEO da gigante da tecnologia, onde permaneceu até 2011, quando renunciou ao cargo em função de um câncer. Morreu ainda em 2011, aos 56 anos, em decorrência da doença.

 

 

Até 20 de agosto.

Festa brasileira

14/jun

O Centro SEBRAE de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), Praça Tiradentes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no próximo dia 20 de junho, a exposição “Festa Brasileira: Fantasia Feita à Mão”, com curadoria de Raul Lody e Leonel Kaz, e concepção visual de Jair de Souza. A mostra ocupará todo o primeiro andar do CRAB, em nove ambientes distintos que irão envolver o público em toda a magia, força criativa e inventividade popular na criação de objetos, adereços, máscaras, vestimentas e instrumentos musicais para as grandes festas brasileiras. As peças reunidas pelos curadores, com apoio do SEBRAE junto a associações de artesãos, foram produzidas especialmente para celebrações populares como a Congada, em Minas Gerais, as Cavalhadas, no Centro-Oeste, as Folias de Reis fluminenses, os Reisados, em Alagoas, o Maracatu Rural, em Pernambuco, o Bumba Meu Boi, no Maranhão, o Boi de Mamão, em Santa Catarina, o Carnaval, em várias partes do país, festejos rituais indígenas da região amazônica, entre outras manifestações.  Os curadores selecionaram ainda importantes conjuntos de pequenas esculturas de arte popular, que representam festas brasileiras, pertencentes a duas das mais respeitadas coleções privadas deste segmento: a de João Maurício Araújo Pinho e Irapoan Cavalcanti de Lyra.

 

Os curadores explicam que dois princípios percorrem a exposição: “o da festa e o da mão que a inventa”. “Por trás da exuberância visual das festas, de seus sons, ritmos e cores, estão as mãos do artesão”, observam. “Festa Brasileira: Fantasia Feita à Mão” celebra “o gesto amoroso de mãos que desejam preencher o mundo de beleza – em geral, mãos anônimas, devotadas e sonhadoras”.

 

Jair de Souza, Raul Lody e Leonel Kaz comentam que o Brasil “…cultuou a liberdade das formas, a exuberância das cores fortes, o gosto da fantasia” devido ao encontro “de uma sensibilidade barroca europeia com as matrizes indígenas e africanas, essas últimas repletas de ritmos, máscaras e pinturas corporais”. “Dessa mistura entre o europeu, o ameríndio e o negro africano surgiram máscaras, indumentárias, coreografias e sonoridades que fazem as festas populares brasileiras”. “Essa criatividade não nasce de um indivíduo isolado, mas da coletividade. É um apaixonado triunfo de todos. É a força da tradição oral, passada de geração a geração. O que a exposição “Festa Brasileira: Fantasia Feita à Mão” celebra é esse raro momento de pertencimento coletivo a que nos entregamos”, destacam.

 

Heloisa Menezes, diretora técnica do SEBRAE, observa que a exposição coloca em foco “as diferentes formas de expressão que unem o homem à sua imaginação e, por meio de suas festas, as transformam no mais genuíno artesanato, criando objetos de grande força dramática, autênticos representantes da cultura e da criatividade brasileira”.

 

 

Percurso da exposição

 

Ao chegar ao primeiro andar do CRAB, o público será recebido por saudações oriundas de blocos, romarias e desfiles estampadas em estandartes pendurados no teto. Nas paredes, a exuberante e colorida padronagem característica da chita de algodão ampliada em até 12 vezes, já indicando a profusão de cores que o visitante encontrará no percurso da exposição.

 

Em uma estante, estarão disponíveis máscaras inspiradas na figura mais presente das festas brasileiras: o boi. Assim, o público poderá percorrer a exposição com a máscara, e depois levá-la para casa como memória da visita.

 

 

Sala dos Espelhos

 

O primeiro espaço da exposição é a Sala dos Espelhos, com uma videoinstalação composta por paredes opostas cobertas por espelhos – gerando uma perspectiva infinita – e multiprojeções em grande formato de 51 fotografias de Rogério Reis, pertencentes à série “Na lona”. Nesta pesquisa, o fotógrafo registrou no subúrbio do Rio foliões com fantasias precárias e espontâneas, um contraponto às imagens espetaculares e suntuosas relacionadas ao Carnaval carioca.

 

 

Festa Feita À Mão

 

Na segunda sala, Festa Feita à Mão, o visitante tomará contato com os cortejos. Estarão dispostas em vitrines obras criadas por artesãos para representar as festas populares. As peças pertencem a duas das mais importantes coleções privadas de arte popular do país – João Maurício de Araújo Pinho e Irapoan Cavalcanti de Lyra. Feitas em barro, madeira, papel, fibra ou tecido, registram a diversidade de nossas festas e revelam a singularidade do artesão e a identidade de grupos, segmentos étnicos e regiões. Dentre as obras, estão cinco raros conjuntos produzidos por Mestre Vitalino, de Alto do Moura/Caruaru, em Pernambuco. As festas representadas vão da Dança do Pau-de-Fita (ou Trança), em Santa Catarina – memória dos festivais de primavera do Hemisfério Norte – às variações de Bumba Meu Boi, presente em vários estados; e às diversas manifestações do Divino Espírito Santo, em Minas, São Paulo, Goiás (como o Batalhão de Carlos Magno, com mouros x cristãos), além do Reisado, no Ceará, Dança e Mascarados, no Vale do Jequitinhonha, em Minas, o Cortejo da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, na Bahia, e Moçambique, que celebra os santos das irmandades dos homens negros, em Taubaté, São Paulo.

 

 

Máscaras da Fantasia 1

 

A seguir, a sala Máscaras da Fantasia 1 reúne máscaras de várias festas brasileiras, muitas ligadas a ritos. “As máscaras transformam as pessoas em deuses, animais ou seres fantásticos”, destacam os curadores. “Pela máscara se pode vivenciar o mito, o fantástico, o cômico. Máscaras modeladas com papel, bordadas sobre tecido, trançadas com fibras vegetais, sempre integrando sentimentos que unem o ideal da brincadeira com o sagrado”. Neste amplo espaço o público tomará contato com figuras impressionantes como o Jaraguá, um dos personagens fantásticos do Bumba meu boi de Alagoas; o Waurá, do povo indígena do Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso, que representa um ser da natureza e é usada apenas por homens; o Cazumbá, que simboliza o espírito dos animais no Bumba meu boi do Maranhão; o Tapirapé, confeccionada pelo pajé em madeira e expressiva plumária, para garantir o crescimento da lavoura e a fertilidade das mulheres, em povos indígenas de Mato Grosso e Tocantins; e o Mandu, personagem fantástico que traz as memórias africanas dos ancestrais, em Cachoeira, Bahia. Nesta sala estarão ainda vários outros conjuntos de máscaras, como as que anunciam as Cavalhadas -representações das lutas entre cristãos e mouros – em Pirenópolis, Goiás; além das máscaras de Carnaval de Olinda, Pernambuco, ou em Tatuamunha, em Alagoas, entre outras peças.

 

 

Máscaras da Fantasia 2

 

Ao chegar a Máscaras da Fantasia 2, o visitante conhecerá o núcleo central da exposição. Ali estarão as indumentárias que se integram às máscaras e aos instrumentos musicais, adereços ou estandartes. “A festa é algo que nós vestimos”, lembram os curadores. “Rodamos dentro dela, ritualizamos a sua passagem, renascemos”. Há um fazer artesanal apurado em tudo: costura, renda, tecelagem, pintura, colagem. No centro da sala estarão dois conjuntos que celebram o encontro entre a tradição milenar do uso de matérias-primas naturais das florestas, nas máscaras-indumentárias dos índios Caiapó, de Mato Grosso e Pará, com os contemporâneos materiais reciclados de “latinhas” dos Homens de Lata do Carnaval da Ilha de Madre de Deus, no Recôncavo da Bahia. Ali estarão também, entre muitos outros, os Bate-Bolas, tradicionais do Carnaval do subúrbio do Rio de Janeiro, o Congadeiro, presente em Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, São Paulo, Sergipe e Paraíba; o Zambiapunga, uma palavra quimbundo que vem do nome Zambiapombo (deus criador), tradição do Dia de Todos os Santos na Bahia, memória das festas dos Bacongo, grupo etnocultural Bantu.

 

 

Barracão

 

A sala Barracão traz uma videoinstalação formada por uma parede coberta por 36 mil lantejoulas, onde haverá uma multiprojeção de cinco minutos do filme inédito “O Próximo Samba”, de Marcelo Lavandoski. As imagens foram captadas pelo cineasta ao longo de oito meses no barracão da Escola de Samba Mangueira, revelando a multiplicidade e complexidade do fazer artesanal para o desfile, com o trabalho dedicado de marceneiros, costureiras, pintores, escultores e modeladores, que transformam sonhos em objetos, alegorias e fantasias.

 

 

Batucada Digital

 

O espaço Batucada Digital é interativo, e destaca a presença e a importância da música dos instrumentos artesanais de percussão, que nos aproximam e nos identificam como brasileiros, e entrelaçam nossas raízes europeia, ameríndia e africana. Com paredes forradas por caixas de ovos, para dar isolamento acústico, o público poderá tocar digitalmente doze tipos diferentes de instrumentos de percussão, em seus diversos timbres, a partir de telas sensíveis sobre uma mesa central. Além de interativa, a mesa digital propicia um som conjunto, colaborativo, com até doze pessoas tocando simultaneamente. Os sons emitidos serão de instrumentos como tambor, pandeiro, zabumba, agogô, alfaia, tamborim, surdo, tambor-onça e matraca. Suspensos no teto, sobre a mesa digital, estarão instrumentos musicais artesanais encontrados em todo o país – atabaque, adjá, caxixi, agogô, triângulo e pratos – ou específicos de alguns estados, como alfaia, caracaxá e “porca” (cuíca), de Pernambuco; pau-de-chuva, da Amazônia; maracá, de Mato Grosso; casaca, do Espírito Santo; adufe, de Minas Gerais, entre muitos outros.

 

 

Entre nessa Festa!

 

Na sala interativa Entre nessa Festa! o público é convidado a fazer seu retrato com celular dentro de uma das 100 imagens com cenas do Carnaval de 2017, feitas especialmente para a exposição pelos fotógrafos AF Rodrigues, Elisangela Leite, Fabio Caffé, Luiz Baltar e Monara Barreto, do coletivo Folia de Imagens – oriundo da Escola de Fotógrafos Populares/Imagens do Povo do Observatório de Favelas da Maré – com a coordenação do fotógrafo e antropólogo Milton Guran.  As 100 imagens, que estarão também expostas em impressão sobre papel, numeradas, serão projetadas em looping, em grande formato, como um cenário. O visitante escolhe a que deseja, clica no número, e se posiciona para sua selfie. Além de ser compartilhada em suas redes sociais, a imagem resultante irá para um banco de dados na internet que ficará disponível durante o período da exposição. O designer Jair de Souza conta que queria que o público começasse e terminasse o percurso da exposição em meio a “uma revoada de imagens fotográficas, estabelecendo um contraponto entre a sala inicial, com as fotos de Rogério Reis, clicadas já na década de 1980, e as atuais, do coletivo Folia de Imagens”. “Um percurso do olhar, capaz de mostrar a criatividade anônima do folião, a brincadeira do acaso, a originalidade de transformar qualquer objeto em fantasia”, observa.

 

 

Loja do CRAB: último espaço

 

O último espaço de visitação é a Loja do CRAB, onde estarão várias peças artesanais de várias regiões do país, de modo a valorizar esta cadeia produtiva das festas –  criativa, ampla, complexa – que envolve centenas de milhares de profissionais, preservando técnicas manuais tradicionais, e reinventando soluções para novos materiais.

 

 

 

De 20 de junho a 28 de outubro.