OLHO : Vídeo arte

15/set

A mostra “OLHO video art cinema”, em sua segunda edição, que apresenta: Território não Mapeado / Uncharted Land, apresenta 16 obras de artes em vídeo de artistas brasileiros e internacionais. Com entrada gratuita, a Cinemateca Brasileira (SP), o Cine 104 (BH) e a Cinemateca do MAM (RJ) recebem mostra de artistas contemporâneos brasileiros e internacionais.

 

A segunda edição da mostra, “OLHO video art cinema”, acontece na Cinemateca Brasileira em São Paulo (nos dias 29, 30 de setembro e 01 e 02 de outubro), no Cine 104 em Belo Horizonte (nos dias 06, 07 e 08 de outubro) e no Rio de Janeiro (nos dias 17, 18 e 19 de outubro) trazendo uma seleção de filmes de artistas hoje relevantes para a Arte Contemporânea.

 

São eles (nome, país e número de títulos na Mostra): Ana Vaz (BR, três títulos), Anri Sala (AL, um título),Basim Magdy (EG, dois títulos), Ben Rivers (EN, três títulos), Graeme Arnfield (EN, dois títulos), Fiona Tan (RI, um título), Letícia Ramos (BR, um título), Mihai Grecu (RO, dois títulos), Shingo Yoshida (JP, um título) e Yael Bartana (IS, um título).

 

A mostra, que apresenta 16 títulos que abrangem o período de produção dos autores entre os anos de 2003 e 2016, tem curadoria de Alessandra Bergamaschi (graduada em Comunicação pela Universidade di Bolonha, doutoranda em História da Arte pela Puc-Rio) e Vanina Saracino (MFA em Estética e Teoria da Arte Contemporânea na Universidade Autônoma de Barcelona, UAB, curadora do canal de arte IkonoTV, Berlim, Alemanha), criadoras, em 2013, do coletivo cultural OLHO, projeto que pretende tornar-se uma plataforma criativa e crítica para os profissionais que estão refletindo sobre o estatuto da obra de arte a partir da imagem em movimento.

 

“Olho – video art cinema” busca apresentar ao público uma mostra internacional  que explora as possibilidades oferecidas pelo cinema como espaço de recepção para a videoarte.

 

O Útero do Mundo

05/set

O MAM, Parque do Ibirapuera, SP, retrata corpos indomáveis e histéricos na exposição “O útero do mundo”. A curadora Veronica Stigger selecionou cerca de 280 obras de 120 artistas contemporâneos em que o corpo aparece como lugar de expressão de um impulso desvairado e que se apresenta transformado, fragmentado, deformado, sem contorno ou definição. São pinturas, desenhos, fotografias, esculturas, gravuras, vídeos e performances do acervo do museu.

 

As obras, pertencentes ao acervo do MAM, mostram a indomabilidade e as metamorfoses do corpo. Com curadoria da escritora e crítica de arte Veronica Stigger, as produções selecionadas – num universo de mais de cinco mil trabalhos da coleção do museu – revelam um corpo que não respeita a anatomia e liberto de amarras biológicas e sociais. Baseada na proposição dos surrealistas de compreender a histeria como uma forma de expressão artística, a apurada seleção da curadora faz um elogio à loucura, ilustrando esse “corpo indomável” que, embora reprimido pela humanidade, manifesta-se no descontrole, na histeria e na impulsividade.

 

Para organizar a mostra, a curadora recorreu a três conceitos extraídos da obra da escritora Clarice Lispector que servem como fios condutores que separam os trabalhos nos núcleos “Grito ancestral”, “Montagem humana” e “Vida primária”. Segundo VeronicaStigger, a autora naturalizada brasileira retomou com brilho o elogio ao impulso histérico. “Clarice organizou um pensamento simultâneo da forma artística e do corpo humano como lugares de êxtase e de saída das ideias convencionais, tanto da arte quanto da própria humanidade”, afirma. São exibidas, conjuntamente, obras de artistas celebrados como Lívio Abramo, Farnese de Andrade, Claudia Andujar, Flávio de Carvalho, Sandra Cinto, Antonio Dias, Hudinilson Jr., Almir Mavignier, Cildo Meireles, Vik Muniz, Mira Schendel, Tunga, Adriana Varejão e muitos outros, além de duas performances de autoria de Laura Lima.

 

 

Grito Ancestral

 

Abrindo a mostra, “Grito ancestral” contém obras que representam uma série de gritos. “É como se esse som, anterior à fala e à linguagem articulada, atravessasse os tempos e rompesse com as próprias imagens”, explica a curadora. “O grito se contrapõe à ponderação e pode ser visto como indício de loucura. Gritar é, em certa medida, libertar-se das frágeis barreiras que delimitam aquilo a que convencionamos chamar de “cultura” em oposição à “natureza” e ao que há de selvagem e indomável em nós”, afirma. Nessa área estão expostos três autorretratos da série “Demônios”, espelhos e máscaras celestiais, de Arthur Omar, artista com trabalhos que demonstram estados alterados de percepção e de exaltação. Também fazem parte a fotografia “O último grito”, de Klaus Mitteldorf; a colagem “Medusa marinara”, de Vik Muniz; fotos de performances de Rodrigo Braga; a gravura “Mulher”, de Lívio Abramo; além de imagens em preto e branco de Otto Stupakoff. Com a série “Aaaa…”, a artista Mira Schendel apresenta uma escrita que não constitui palavras ou frases e em que se percebe a desarticulação da linguagem e uma volta ao estado mais bruto e inaugural.

 

 

Montagem humana

 

Neste nicho são apresentados corpos fragmentados, transformados, deformados e indefinidos, o que prova a indomabilidade do mesmo. Na exposição é percebido como o traço se convulsiona nas obras intituladas “Mulheres”, de Flávio de Carvalho, nos desenhos de Ivald Granato e nas produções de Tunga, Samson Flexor e Giselda Leirner. Nas fotografias, é a falta de foco que borra o contorno da figura nas imagens de Eduardo Ruegg, EdouardFraipont e Edgard de Souza. Com o uso da radiologia, é possível verificar o interior do corpo humano nas obras de Almir Mavignier e Daniel Senise. Destacam-se ainda as fotografias feitas por Márcia Xavier, um desenho de Cildo Meireles e as produções que misturam imagens, couro e madeira de Keila Alaver que representam, literalmente, corpos transformados e fragmentados.

 

 

Vida Primária

 

Este nicho dá vez às formas de vida mais elementares, como fungos, flores e folhagens. “Este tipo de vida desestabiliza a percepção que temos da própria vida porque, de certa maneira, deteriora as coisas do mundo “civilizado”, explana VeronicaStigger. Isso é ilustrado na série “Imagens infectas”, de Dora Longo Bahia, em que um álbum de família é alterado pela ação de fungos. Em “Vivos e isolados”, Mônica Rubinho usa papéis propositalmente fungados em placas de vidro para promover a geração desta espécie. No vídeo “Danäe nos jardins de Górgona” ou “Saudades da Pangeia”, Thiago Rocha Pitta propõe uma leitura mitológica da vida primária. Ainda são exibidas partes do corpo como o coração feito de bronze, de autoria de José Leonilson, e a foto “Umbigo da minha mãe”, de Vilma Slomp. A vagina, porta de entrada e de saída do útero, é mostrada em diversos trabalhos como nas gravuras de Rosana Monnerat e de Alex Flemming, nas fotografias da série “Vulvas”, de Paula Trope e no desenho “Miss Brasil 1965”, de Farnese de Andrade.

 

 

 

Sobre a curadora

 

Veronica Stigger é escritora, crítica de arte e professora universitária. Possui doutorado em Teoria e Crítica de Arte pela USP e pós-doutorados pela Universitàdegli Studi di Roma “La Sapienza”, pelo MAC-USP e pelo Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. É professora das pós-graduações em Fotografia e em História da Arte na FAAP, além de coordenadora do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema (AIC). Foi curadora de Maria Martins: metamorfoses no MAM São Paulo (2013) e ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o Prêmio Maria Eugênia Franco, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) de melhor curadoria. Com Eduardo Sterzi, curou “Variações do corpo selvagem: Eduardo Viveiros de Castro”, fotógrafo, no SESC Ipiranga. Entre as publicações, estão Os anões (SP: Cosac Naify, 2010), Delírio de Damasco (SC: Cultura e Barbárie, 2012) e Opisanieświata (SP: Cosac Naify, 2013).

 

 

De 05 de setembro a 18 de dezembro.

Ponto Transição

31/ago

O Centro de Artes Visuais da Funarte / MinC realiza, a exposição “Ponto Transição”, que reúne trabalhos de 30 artistas e coletivos contemporâneos de diversas linguagens e tendências, articulados em um circuito de espaços no interior da Fundição Progresso. As obras foram selecionadas pelos curadores artísticos Luiza Interlenghi, Sonia SalcedodelCastillo e Xico Chaves, do Centro de Artes Visuais da Funarte/MinC, a partir do grande universo de artistas que participaram nos últimos doze anos de editais da instituição, em um amplo processo de mapeamento da produção de artes visuais que envolveu críticos de todo o país. “Ponto Transição” integra a programação cultural dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro, e os trabalhos expostos compreendem intervenções urbanas, poemas visuais, fotografia, audiovisuais, videoinstalações, esculturas, objetos, trabalhos de coletivos artísticos e outras formas de múltipla expressão.  Haverá ainda uma intensa programação de performances e conversas abertas ao público, com artistas e pensadores.

 

Muitas obras foram feitas especialmente para esta exposição, como é o caso dos artistas Alex Hamburger, Alexandre Dacosta, Ana Muglia, Franklin Cassaro, Helena Trindade, Hugo Houayek, João Modé, Raul Mourão, Ricardo Basbaum, com João Camillo Penna, Thomas Jeferson, Coletivo Vade Retro Abacaxi, Valéria Costa Pinto, Victor Arruda e Wlademir Dias-Pino, com Regina Pouchain. Outros artistas irão recriar trabalhos emblemáticos, como Ana Vitória Mussi, Armando Queiroz, Chang Chi Chai, Eduardo Coimbra, Elisa de Magalhães, Irmãos Guimarães, Marcio Zardo, Marcos Bonisson, Marcos Chaves, Martha Niklaus, Ricardo Aleixo, Ronald Duarte, Suzana Queiroga, Tchellod`Barros e Tina Velho. A Galeria Transparente, projeto com curadoria de Frederico Dalton, terá um território na exposição para uma programação própria de performances, com os artistas Nivaldo Carneiro, TetsuoTakita, Rodrigo Munhoz, Pedro Paulo Domingues, Helena Wassersten, Crioulos de Criação, Coletivo S.T.A.R., Clarisse Tarran& Edu Mariz, Monica Barki, Lilian Amaral e André Sheik.

 

Para Xico Chaves, diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, “…a exposição traduz um momento de transição das artes visuais, que o Brasil representa bem”. “Estamos em uma transição mundial, global. As artes visuais estão acolhendo experimentações que não podem ser realizadas no campo de outras linguagens. Nas artes visuais essas manifestações encontram uma liberdade e um espaço de concepção e amplitude irreversíveis”, afirma. “Neste momento de transição, você vai encontrar uma diversidade múltipla, e não uma sequência de performances similares”. Ele destaca que a Funarte “tem como função estimular o que não está no mercado”. “Institucionalmente tem que atender a esses processos de experimentação”.

 

“Ponto Transição” também coloca em evidência o trabalho curatorial. Xico Chaves acentua que “esta é uma oportunidade de trazer a curadoria de volta à instituição, que conta com profissionais altamente qualificados”. “A Funarte criou um campo de expansão permanente, aceleradíssimo, em que foi tudo incorporado: poesia visual, performances, intervenções urbanas, coletivos, uma nova abordagem sobre o objeto, novas tecnologias, obras que não se classificam de uma forma só, sem excluir as expressões artísticas convencionais.

 

 

 

Arte em campo instável

 

Luiza Interlenghi situa a exposição em um recorte da arte em campo instável, área que pesquisa há quatro anos. “Buscamos mostrar as poéticas de artistas que se posicionam em uma transição, entre espaços tradicionais da arte e os não artísticos, galerias e ruas, subvertendo a relação do trabalho com as instituições”, explica. “Outra discussão que está presente em trabalhos de vários artistas é a liquidez de fluxo, de sociedade de transição, de uma cultura movente, que demanda sempre um posicionamento individual a cada momento”. Ela ressalta que esta é uma discussão já travada nas ciências sociais por ZygmuntBauman e Anthony Giddens, mas “que permite um olhar para esta produção contemporânea que lida com este fato de uma maneira poética, lúdica, às vezes crítica”. “A curadoria acolheu a transição, os processos, as linguagens dos artistas, e dialogou com o espaço da Fundição. Vai haver um espaço de reflexão, de conversa, de estar, uma sala multiuso, com vídeos, publicações de arte, disponíveis para o público”, destaca.

 

 

Poesia expandida

 

Sonia Salcedo acentua que as obras da exposição lidam com essa questão da arte fora do cubo hermético, branco. “Buscamos reunir elementos das artes visuais que tratassem desse aspecto, esta confluência dessas linguagens mais transitórias, que deu origem a esta proposta de ‘Ponto Transição’, ao invés de objetos de arte convencionais”. Ela acentua que a expografia não será apenas uma arquitetura expositiva, e sim “uma extensão, no espaço, do conceito curatorial”. “A exposição lida com essas camadas de um processo de hibridização da arte, no qual as categorias, os modos antes evocados para uma classificação, essas barreiras são destituídas, desmoronam, e nos estilhaços há uma migração de linguagem, meios, suportes, em que se encontra um terreno muito profícuo da poesia expandida, que é pra onde converge meu entendimento do fazer curatorial”, explica. Ela acrescenta que a curadoria buscou “familiarizar o espaço com a poética que cada artista está desenvolvendo”. “Não existe um roteiro, uma circulação linear”, diz.

 

 

De 1º a 18 de setembro.

13º ano da Gentil Carioca

Em sua quarta exposição individual na galeria A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, o artista Thiago Rocha Pitta exibe ao público os afrescos e vídeos da série “Mapas temporais de uma terra não sedimentada”, onde se vê o registro do desenvolvimento independente, exceto por ligeiras intervenções do artista, dos movimentos diversos de terrenos erodidos e variados. Estes registros são característicos do trabalho do artista que estimula a observação e reflexão dos elementos naturais.

 

A exposição conta ainda com “A Parede Gentil” que assinada pela artista Lenora de Barros apresentando a obra “XÔ DOR” e o lançamento da 68° edição da “Camisa Educação”, por Leonardo Lobão (Ateliê Gaia / Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea).Durante a abertura da exposição a galeria A Gentil Carioca comemora seu 13° ano prazerosamente ao lado dos parceiros, amigos, colecionadores e amantes da arte em geral que acompanham sempre e cada vez mais sua marcante trajetória cultural.

 

 

Sobre o artista

 

Formado em Pintura pela Escola de Belas-Artes da UFRJ, em 2003, frequentou diversos cursos livres na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage. Hoje com obras nos museus como MoMA em Nova York, Thyssen-BornemiszaArtContemporary em Viena e HaraMuseum em Tóquio.

 

 

De 03 de setembro a 08 de outubro.

Projetos do Ateliê397

16/ago

O Ateliê397, Vila Madalena, São Paulo, SP, com apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, via ProAC, convida para mais uma exibição do projeto Sessão Corredor + Extras, com as mostras “Coisas de viado! Coisas de bichinha!” e “TransAmaZônica”.

 

 

 Coisas de viado! Coisas de bichinha!

 

Com curadoria do crítico e cineativista francês, YannBeauvais, o programa traça a relação entre filmes experimentais e a cultura gay do Brasil, onde a prática de fazer cinema/vídeo se nota como um ato de resistência. A sessão apresenta uma gama variada de trabalhos realizados por artistas de diferentes gerações, que percorrem a historiografia do vídeo nacional com espaço para novas expressões, transitando entre o experimental e o novelesco. Após a exibição o evento segue com uma conversa com o curador.

 

 

TransAmaZônica

 

A sessão “TransAmaZônica”, com curadoria do artista Adler Murada, exibe um programa de vídeos com foco na produção de jovens artistas do norte e nordeste brasileiro. Um mapa de correspondências entre essas regiões e a paisagem amazônica, aludindo a um território polimorfo de emancipação do gênero e da ficcionalidade. Acompanhando a sessão, o artista propõe uma intervenção na galeria do Ateliê397, com lançamento da publicação que narra o projeto.

 

 

+ Extra

 

Após sessão, a mostra segue em festa com performances de Leona Vingativa e Lady Incentivo, a partir das 20h.

 

 

Serviço:Sessão Corredor + Extras | Coisas de viado! coisas de bichinha!

Dia 19 de agosto, sexta-feira, às 20h30, palestra com o curador após a sessão

 

Sessão Corredor + Extras | TransAmaZônica

Dia 20 de agosto, sábado, às 17H.

+ Festa com performances com LeonaVingativa com participação de Lady Incentivo, às 20H.

 

 

Sessão Corredor + Extras.

 

Criado pelo Ateliê397, o projeto abre espaço para curadorias de vídeo arte, onde a cada sessão apresenta ações que podem desdobrar-se em falas, performances e mostra em diálogo com o contexto da mostra.

Los Carpinteros no CCBB/SP

25/jul

A exposição “Objeto Vital”, do coletivo Los Carpinteros entra em cartaz no CCBB, Centro, São Paulo, SP. Composta por mais de 70 obras, o grupo é um dos coletivos de arte mais aclamados da atualidade. Por meio da utilização criativa da arquitetura, da escultura e do design os artistas questionam a utilidade e exploram o choque entre função e objeto com uma forte crítica e apelo social de cunho sagaz e bem-humorado. O público poderá acompanhar todas as fases do coletivo, desde a década de 1990 até obras inéditas, feitas especialmente para a exposição. A curadoria é de Rodolfo de Athayde.Haverá uma mesa redonda com o curador, os artistas Marco Castillo, Dagoberto Rodriguez, Alexandre Arrechea (que saiu do coletivo em 2003) e teóricos do mundo da arte contemporânea.A exposição traz desenhos, aquarelas, esculturas, instalações, vídeos e obras em site specific. O público poderá acompanhar todas as fases do coletivo, desde a década de 1990 até obras inéditas, feitas especialmente para a exposição no Brasil, a partir de ideias e desenhos anteriores.

 

“O objeto será o protagonista desta exposição, forçado a uma constante metamorfose pela ideia artística: imaginado em desenhos, projetado e testado nas maquetes tridimensionais ou alcançando sua vitalidade máxima como utopia realizada nas grandes instalações”, descreve o curador.

 

Fundado em 1992, o coletivo reunia Marco Castillo, Alexandre Arrechea e Dagoberto Rodriguez. O nome foi atribuído aos artistas por alguns de seus colegas, em virtude da empatia com o material trabalhado e com o ofício que foi resgatado como estratégia estética.Em 2003, Alexandre Arrechea deixou o grupo e Marcos e Dagoberto deram continuidade ao trabalho. Na abertura da exposição brasileira, a convite dos amigos Marcos e Dagoberto, Alexandre Arrechea e outras personalidades que marcaram a carreira do coletivo também estarão presentes.

 

Estrutura da mostra

 

Los Carpinteros: Objeto Vital será apresentada em três segmentos:

 

  1. Objeto de Ofício

 

É o segmento dedicado ao primeiro período, determinado pela manufatura artesanal de objetos inspirados pelas vivências do cotidiano e o uso intensivo da aquarela como parte do processo de visualização da ideia inicial da obra. Os trabalhos são fruto da intensa troca criativa ocorrida durante o período da formação dos artistas, no Instituto Superior de Arte em Havana. Naturalmente,  também refletem o contexto cubano dos anos 1990, em franca crise econômica.

 

  1. Objeto Possuído

 

Apresenta o momento em que o trabalho de Los Carpinteroscomeça a ganhar representatividade em importantes coleções no mundo com obras que, para além das problemáticas especificamente cubanas, falam de questões existenciais universais. “A transterritorialidade característica da arte contemporânea leva os artistas a um terreno aberto em que dividem preocupações com criadores de diversas nacionalidades, à margem de suas origens”, afirma o curador. Muitos dos projetos ambiciosos que tinham sido esboçados no papel são materializados nesse momento com a abertura de novas perspectivas. Dentro deste segmento foi reservado um lugar especial para os objetos de som: aquelas obras que têm um vínculo direto com a música, expressão cultural por excelência que marca a ideia do “ser cubano”.

 

  1. Espaço-Objeto

 

Neste núcleo é dedicada atenção especial à arquitetura e às estruturas, temáticas constantes na obra dos artistas, que reiteradamente selecionam referências do entorno urbano para subvertê-las, ao alterar contexto e funcionalidade. Esse diálogo, característico do trabalho de Los Carpinteros, permeia toda a exposição e terá neste segmento um espaço reservado.

 

 

Roteiro de datas e locais no Brasil:

 

CCBB São Paulo: de 30 julho a 12 de outubro de 2016

 

CCBB Brasília: de 22 de novembro de 2016 a 15 de janeiro de 2017

 

CCBB Belo Horizonte: de 01 de fevereiro a 24 de abril de 2017

 

CCBB Rio de Janeiro : de 17 maio a 7 de agosto de 2017

 

 

Coleção Maxxi no Rio

01/jul

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e a Fundação PROA apresentam, a partir de 05 de julho, a exposição “Arte em Cena: Obras da Coleção MAXXI – Museu de Arte do Século XXI”, com cerca de 30 obras do museu italiano, inaugurado em 2010, com projeto arquitetônico de Zaha Hadid (1950-2016). Com curadoria de Anna Mattirolo, a exposição mostra a abrangência e diversidade do acervo italiano, que vai da arte povera ao uso de tecnologia. A exposição reúne fotografias, desenhos, pinturas, gravuras, instalações e vídeos, além de maquetes e projetos arquitetônicos. São ao todo 19 artistas: Mario Airo, Carlo Aymonino, Matthew Barney, Maurizio Cattelan, Gino De Dominicis, Massimiliano e Gianluca De Serio, Gilbert & George, Danilo Guerri, Ilya Kabakov, William Kentridge, Armin Linke, Luigi Ontani, Yan Pei-Ming, Michelangelo Pistoletto, Aldo Rossi, Grazia Toderi e Francesco Vezzoli.

 

O patrocínio é da Enel, que na Itália juntou-se em 2015 à Fundação MAXXI National, tornando-se o primeiro sócio fundador do Museu inaugurado em 2010 em Roma. Esta é a quinta parceria do MAM Rio de Janeiro com a Fundação PROA, prestigiosa instituição de Buenos Aires, que resultou nas exposições “Louise Bourgeois”, “Giacometti”, “América do Sul – A Pop Arte das contradições” e “Ron Mueck”.

 

 

 

Arte em Cena: Espaço Cênico, Quase Teatral

 

A curadora Anna Mattirolo explica que “Arte em cena” configura a coleção do MAXXI National “como um espaço cênico, quase teatral”. “As obras com ícones, símbolos de imagens de uma representação do desejo individual e coletivo que, em seu conjunto representam uma sensibilidade abrangente e uma ideia da cena italiana, envolvendo o imaginário político, ético, social e existencial que os artistas italianos e internacionais mais de uma vez cruzam para refletir e gerar proposições”. Ela observa que o “compromisso público do MAXXI em dedicar à contemporaneidade um projeto arquitetônico de tão grande relevância internacional garante que a comunidade conte com uma estrutura capaz de abrigar um laboratório de atividades que, com vistas ao futuro, abra suas portas a todos os aspectos da contemporaneidade global, mas ao mesmo tempo está bem enraizado em um contexto cultural único no mundo: o italiano”. Diretora do MAXXI National desde sua criação até 2015, Anna Mattirolo agora está à frente da pesquisa científica, documentação e atividades educativas do Museu.

 

 

Percurso da exposição

 

“Arte em Cena: Obras da Coleção MAXXI” vai ocupar mais de mil metros quadrados no terceiro andar do MAM, e será dividida em quatro espaços. Na sala 1, estarão o desenho, o projeto e a fotografia “Teatro del Mondo a Venezia: 1979-1981”, do arquiteto italiano Aldo Rossi (1931-1997), criado para a Bienal de Veneza, em que sobre o Gran Canal flutua um teatro construído sobre uma embarcação de madeira, como um teatro-gôndola, efêmero, em alusão ao carnaval da cidade. Na mesma sala estará a videoprojeção “Random” (2001), de Grazia Toderi (Pádua, Itália, 1963), em que se vê, do ponto de vista do palco, o público do Teatro Massimo, em Palermo, colocando o espectador no lugar do ator que vê os flashes dos registros feitos pelas câmeras fotográficas.

 

A Sala 2 reúne trabalhos de Matthew Barney, Maurizio Cattelan, Gino De Dominicis, Luigi Ontani e Yan Pei-Ming. “Cremaster 5” (1997), litografia e serigrafia em relevo e intervenção de Matthew Barney (São Francisco, EUA, 1967), integra o famoso “Ciclo Cremaster”,  uma sequência de cinco filmes que o artista produziu entre 1994 e 2002. “Mother, 2000” (1999), fotografia em preto e branco de Maurizio Cattelan (Pádua, Itália,1960), registra a performance em que um faquir indiano, soterrado na areia até o pescoço, só tem à mostra suas mãos em súplica.

 

A instalação “Statua (figura estendida)”, 1979, de Gino De Dominicis (Ancona, Itália, 1947 – Roma, 1998), traz um chapéu e um par de chinelos sobre uma base de madeira, que sugere a presença de uma pessoa, embora invisível. O artista lembra a frase de Fernando Pessoa: “morrer é apenas deixar de ser visto”.

 

“As Horas” (1975), de Luigi Ontani (Bologna, Itália, 1943), é uma série de 24 fotografias em grande formato que retratam o artista em tamanho real, em poses que remetem a emblemáticos personagens da história da arte. Entre outros, podem ser reconhecidos Narciso, Leda e o cisne, Dante e São Sebastião. A performance foi feita na Galeria L’Attico, em Roma, em 1975, por uma semana em cada hora do dia, mostrada em um relógio.

 

O artista Yan Pei-Ming (Xanghai, 1960) está presente em duas pinturas em óleo sobre tela, cada uma com 3 metros de lado, de 2005: “Mao” e “Papa”. Na primeira, vê-se Mao Tse-Tung, principal líder político da China, presença constante na produção do artista, e na segunda o Papa João Paulo II, líder carismático da igreja católica entre 1978 e 2005. Feitos com pinceladas enérgicas, os dois retratos comentam o mundo do espetáculo, a partir de imagens massivamente reproduzidas.

 

Na Sala 3 serão vistos trabalhos dos artistas Carlo Aymonino, Gilbert & George, Danilo Guerri, William Kentridge, Armin Linke, Michelangelo Pistoletto, Aldo Rossi e Francesco Vezzoli.

 

Do artista Carlo Aymonino (Roma, 1926 – 2010), estará a agua-forte “Il teatro di Avellino” (2009). A dupla de artistas Gilbert & George – Gilbert Proesch (Dolomitas, Itália, 1943), e George Passmore (Plymouth, Inglaterra, 1942) – está representada na exposição com quatro desenhos em grande formato feitos com carvão sobre papel entelado, da serie “The General Jungle or Carrying on  Sculpting” (1971). Os desenhos retratam os dois artistas em meio a uma selva, e se inserem em um amplo ciclo de trabalhos sobre papel, “The Charcoal on Paper Sculptures”, que por sua vez remetem a uma série fotográfica anterior chamada “Nature Photo-Pieces”.

 

A precisão e o rigor técnico dos desenhos do arquiteto Danilo Guerri (Ancona, Itália, 1939), podem ser vistos no trabalho “Teatro comunale delle Muse, Ancona” (1978), projeto de restauro do edifício do século 19, que manteve a fachada original em diálogo com o interior moderno. Feita com marcadores coloridos e giz de cera, a obra foi inserida na exposição para reforçar a ideia do espaço arquitetônico como espaço cênico.

 

A videoprojeção “Zeno Writing” (“A consciência de Zeno”, de 2002), de William Kentridge (Johannesburgo, África do Sul, 1955), com 11’12”, integra a produção do artista baseada no romance “A consciência de Zeno”, de Italo Svevo, um clássico da literatura italiana, publicado em 1923. Desenhos a carvão, imagens documentais da Primeira Guerra Mundial, teatro de sombras e música de ópera,  frases escritas e apagadas em nuvens de fumaça, formam o pano de fundo para a reflexão sobre conflitos pessoais em meio a situações de violência.

 

Armin Linke (Milão, Itália, 1966) está na exposição com duas fotografias de 1,5m x 3m, “Janela dentro do Ski Dome” e “Janela fora do Ski Dome”. Na primeira, vemos milhares de pessoas esquiando dentro do imponente estádio de Tóquio, e na segunda, em meio à metrópole, pode ser vista sua gigantesca estrutura. Seu trabalho discute as mudanças urbanísticas, antropológicas e culturais nas cidades.  “MICA” (1966), de Michelangelo Pistoletto (Biella, Itália, 1933), é uma pintura de acrílico e cristal de mica sobre tela, de 2,3m x 2m, pertencente à série “Objetos de menos”, em que o artista usa materiais cotidianos para criar o que definiu como “objetos” em lugar de “obras”, um conjunto de coisas díspares, ligadas exclusivamente por sua origem comum no pensamento criativo do autor. Mica é usado em uma série de aparelhos eletrodomésticos. Esta série é considerada chave para o desenvolvimento da arte povera.

 

O arquiteto Aldo Rossi está presente também nesta sala, com a maquete do Teatro “Carlo Felice”, de Gênova (1982-1984), correspondente ao projeto de restauro do edifício do século 19, destruído pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial. A relevância desta obra está na capacidade de dialogar entre arte e arquitetura.

 

“The kiss (let’s play DINASTY!)”, de 2000, de Francesco Vezzoli (Brescia, Itália, 1971), é um vídeo de 6’, com referências a filmes como “Violência e paixão” (1974), de Luchino Visconti, e à famosa série americana “Dinastia”, exibida na televisão nos anos 1990.

 

A Sala 4 é dedicada à instalação “Where is our place?” (“Onde é nosso lugar?”, 2003) do casal de artistas Ilya Kabakov (Ucrânia, 1933) e Emilia Kabakov (Ucrânia, 1945), que trabalha em conjunto desde 1989, em uma produção marcada pelas dimensões monumentais, que criam para o espectador jogos de mudanças de escalas e outras ficções teatrais. “Onde é nosso lugar?” combina três escalas. Acima do público, os pés de dois personagens gigantescos observam quadros emblemáticos da pintura tradicional. Na altura média do olhar do espectador, aparecem quadros menores, cada foto flanqueada por um texto; e sob o piso estará uma fotografia plotada no chão, com paisagens. “Ilya e Emilia Kabakov propõem uma inusitada viagem no tempo e no espaço para induzir uma reflexão crítica coletiva sobre o valor da arte contemporânea e do seu desfrute, em que todo é relativo e, ao mesmo tempo, o passado desacreditado sobrevive no presente, com a expectativa das novas gerações”, explica a curadora. Nesta mesma sala estará a obra “Aurora” (2003), de Mario Airò (Pavia, Itália, 1961), que recria, com uma tecnologia caseira, uma paisagem ao amanhecer.

 

 

Sobre a ENEL

 

A Enel é uma das empresas multinacionais de energia mais atuantes nos mercados globais de energia e gás, com foco na Europa e na América Latina. A Enel opera em mais de 30 países em quatro continentes, com capacidade de geração instalada de cerca de 90 GW e uma rede de distribuição de energia e gás que totaliza, aproximadamente, 1,9 milhão de quilômetros de extensão. No Brasil, a Enel tem uma capacidade instalada de cerca de 1.530,0 MW e atua em diversos segmentos do setor de energia, como geração, transmissão, distribuição e microgeração de energia solar. O grupo também atua no país com geração de energias renováveis por meio da Enel Green Power, que já detém a maior capacidade instalada em energia solar no Brasil.

 

 

Até 11 de setembro.

Brennand por Emanoel Araújo

07/jun

A exposição “Francisco Brennand – Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo”, no Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, com curadoria de Emanoel Araújo, nas palavras de Sérgio Rial, presidente da entidade,  servirá de “…motivo de dupla comemoração para o Santander por reunir e trazer para Porto Alegre dois nomes consagrados nos meios cultural e artístico brasileiro. O olhar apurado do curador evidencia a grandiosidade das obras do artista pernambucano e enfrenta com maestria o desafio de colocar um trabalho tão cheio de significados e mitologia, em um espaço com arquitetura eclética e rico em detalhes como o Santander Cultural. Os visitantes poderão viver por alguns momentos o universo mágico criado por Francisco Brennand, a partir de 1971, data em que transforma em ateliê as antigas ruínas da abandonada Cerâmica São João, de propriedade do seu pai. Num terreno de 14 mil metros quadrados, duas mil esculturas se espalham por jardins, pátios e lagos deixando o lugar “prenhe de uma atmosfera profana e ao mesmo tempo quase sagrada”, na sensível visão de Emanoel Araujo. Pela busca de recriar, ou pelo menos se aproximar, desse ambiente tão rico de sentimentos, histórias e mistérios, a exposição foi dividida em quatro vertentes: o teatro das representações mitológicas; o corpo em transmutação interior; os frutos da terra e as vítimas históricas”. Em exibição, esculturas, pinturas e vídeos distribuídos pelas galerias do Santander Cultural. Paralela à mostra, serão apresentados na sala de cinema quatro filmes com o artista como tema central.

 

 

De 07 de junho a 04 de setembro.

Marcel Odenbach no Brasil

11/mai

O MARGS Ado Malagoli, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta nas galerias João Fahrion, Pedro Weingartner, Ângelo Guido, Iberê Camargo e Oscar Boeira, exposição individual “Stille Bewegungen/Movimentos Silenciosos”. A mostra em parceria com o Instituto de Relações Exteriores, ifa, Alemanha, apresenta a obra de Marcel Odembach, um dos mais importantes videoartistas alemães através de diversas mídias como videoteipes, videoinstalações e obras em papel das últimas três décadas.

 

O tema do pós-guerra alemão abre-se com Odenbach desde cedo para uma perspectiva mais ampla, na medida em que diferentes culturas e constelações políticas são observadas e impregnadas no conjunto da obra. O artista desenha um retrato ao mesmo tempo analítico e emocional do ser humano na sociedade globalizada. Simultaneamente à mostra, que ocorre no MARGS, o Goethe-Institut Porto Alegre apresenta também 6 vídeos de Odenbach selecionados especialmente pelo artista para o espaço expositivo do instituto.

 

Organizada pelo ifa em colaboração com o curador Matthias Mühling, a seleção dos trabalhos apresentada em “Movimentos Silenciosos” combina um enfoque retrospectivo com a tentativa de cobrir as principais temáticas abordadas pelo artista. O intenso questionamento da problemática da elaboração do passado ilustra, em especial, como as obras de Odenbach refletem a Alemanha pós-guerra e a situação de sua sociedade. Esse foco temático, entretanto, foi situado já bem cedo pelo artista dentro de um horizonte mais amplo, que abria o questionamento especificamente alemão para uma perspectiva mais geral. Ele aproximou-se de diferentes culturas e constelações políticas e integrou suas observações dentro da obra, traçando, assim, linhas de conexão do trauma alemão com o regime nazista até o genocídio em Ruanda, do imaginário sobre o masculino na Turquia até o papel da mulher na Venezuela, do familiar até o desconhecido, da própria biografia até a história dos outros.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1953, em Colônia, Marcel Odenbach é um pioneiro da videoarte. Seus trabalhos são narrativas complexas criadas por meio de uma técnica de colagem de trechos de produções para cinema e televisão, material de arquivo e imagens feitas por ele mesmo. A edição de imagens públicas e privadas gera enredos que conectam sutilmente a história, num nível superior, com o sentimento do ser humano individual e a biografia do artista.

 

Até 29 de maio.

Na galeria do IBEU

12/abr

A Galeria de Arte IBEU, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, duas exposições individuais simultâneas das artistas Leandra Lambert e Mari Fraga: “Passagens Atlânticas” e “Tempo Fóssil”, com curadoria de Cesar Kiraly e Michelle Sommer, respectivamente. As artistas foram selecionadas através do edital do Programa de Exposições Ibeu 2016/2017.

 

Em sua segunda individual, “Passagens Atlânticas”, Leandra Lambert apresenta fotografias da série “Entremundos (pelo olho do bicho)”, uma composição sonora e objetos poéticos como as “Luvas de Areia” e a “Gargantilha de pedras portuguesas, asfalto, monóxido de carbono e engasgos”, relacionados à experiência de suas três Atlânticas: a avenida, em Copacabana, a mata e o oceano.

 

A exposição relaciona diversas concepções do termo “passagem” a esse universo: a passagem dos corpos pelos ambientes, o transitório, a passagem do tempo; a noção de passagem literária, passagens entre ficção e história; a passagem de um estado a outro, de uma matéria a outra, transformação; lugar de transição e devir, espaço do que antecede o desconhecido.

 

A galeria apresenta, no mesmo período, a exposição individual “Tempo Fóssil”, da artista Mari Fraga, com curadoria de Michelle Sommer. A partir de uma pesquisa sobre o elemento Carbono, a artista atravessou diversos materiais – nanquim, grafite e carvão – para recentemente se debruçar sobre a energia e os materiais fósseis, como petróleo, asfalto, carvão mineral e gás natural. “O trabalho acabou por adentrar a esfera da política a partir de uma trajetória de investigação da matéria”, conta a artista.

 

A exposição exibirá o vídeo “63 Perfurações”, de 2015. Neste trabalho é observada uma sessão de acupuntura sobre um mapa mundi marcado nas costas da artista por exposição à luz solar. Inédito no Brasil, “63 Perfurações” foi exibido na SU Gallery Konstfack, galeria em Estocolmo, Suécia, em 2015. A distância radical entre as escalas do humano e do planeta desafia nossa percepção de espaço e tempo, temática que é explorada nas obras “Cálculos para Acupuntura Planetária”, de 2015 e na escultura inédita “Fosso Fóssil”. Por fim, a escultura também inédita “Gerações” marca o encontro entre uma madeira nova e uma pedra de carvão mineral – resquícios de florestas que ocuparam o planeta Terra há milhões de anos.

 

No seu processo artístico, Mari Fraga desenterra fragmentos de petróleo, betume, carvão mineral, madeira sedimentada, sal. Molda, então, a matéria que estava escondida sob a terra como as raízes das árvores. Da matéria fóssil, unidas entre si pela presença do elemento químico Carbono, emerge  plasticidade, em suas distintas temporalidades. O Carbono é o nó poético – com cor, rugosidade, textura e crítica – que está contido na escala fractal das obras, em sua maioria inéditas, de Tempo Fóssil”, diz a curadora  Michelle Sommer no texto de apresentação da mostra.

 

 

 

Sobre as artistas

 

Leandra Lambert – É artista multimídia em atividade desde 2009 e compositora-performer em música eletrônica/experimental desde o início dos anos 90. Participou de exposições e eventos no Brasil, EUA, França, Chile, Cuba, Noruega e Rússia. Sua primeira exposição individual foi “Danças Atlânticas”, no CCJF, Rio de Janeiro. Doutoranda em Artes, em co-tutela UERJ / Paris 1 Panthéon-Sorbonne.

 

Mari Fraga – É artista e pesquisadora. A ação humana na natureza é o foco de sua prática recente, que problematiza as fronteiras entre o natural e o artificial. Doutoranda em artes pelo PPGArtes UERJ, desde 2012 é editora da Revista Carbono, publicação online que propõe diálogos entre pesquisas artísticas e científicas. Foi curadora dos Encontros Carbônicos, em 2014 e 2015.

 

 

Até 20 de maio.