Mostra em Joinville

28/mar

O Museu de Arte de Joinville, SC, apresenta a exposição individual “Cosmos”, do artista visual Carlos Wladimirsky. A mostra é constituída de quinze desenhos de pequenas dimensões aproximadas de 28 x 38 cm, em técnica mista sobre papel de algodão. Os desenhos, produzidos em 2015, são resultado de dezenas de diluições de pigmentos e gestos gráficos, com o uso de técnicas do desenho com aquarela, giz, pastel seco e guache, gerando uma veladura. Esta superposição de aguadas criam imagens que remetem a um mundo sideral e cósmico com formas abstratas em contínua transformação.

 

Serão apresentados também ao público, quatro vídeos que abordam os processos de criação do artista, seu ateliê e a performance “Cosmos, Parada 547”; realizada na Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, em 2014. A performance tem roteiro e direção de Carlos Wladimirsky. O artista estará presente na abertura da exposição e conversará com o público.

 

Sobre o artista

 

Carlos Wladimirsky nasceu em 1956, em Porto Alegre, RS, vive e trabalha na mesma cidade. Foi integrante do “Espaço NO” de 1979 a 1982, grupo pioneiro e de relevante importância para as artes visuais e a contemporaneidade gaúcha. Dedicou-se inicialmente ao teatro, ao cinema experimental e às performances e, nos anos 80, ao desenho e à pintura. Em 1990 fez viagem de residência artística a Portugal e entrou em contato com a pintura de Maria Helena Vieira da Silva e com a joalheria de René Lalique, iniciando trabalhos com joias em prata, e pedras brutas semipreciosas. Wladimirsky iniciou em 2002, sua pesquisa com cerâmica, produzindo pratos, bowls e máscaras esmaltadas que têm configurações enraizadas em suas investigações com o desenho. Em cerca de 40 anos de carreira realizou diversas exposições entre as quais “Desenhos” no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1981; “Artistas Gaúchos Contemporâneos”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP, 1981; “OS NOVOS”, Espaço Cultural Yázigi”, curadoria de Renato Rosa, 1983; “Panorama da Arte Atual Brasileira”, MAM, SP, 1984; Projeto Macunaíma, FUNARTE, RJ, 1985; “Velha Mania – o Desenho Brasileiro”, EAV- Parque Lage, RJ, 1985; Trienal de Desenho de Nuremberg – Alemanha, 1985; “Desenho Contemporâneo Brasileiro”, INAP, Funarte, RJ, 1988. Lançou em 2009 livro sobre sua obra organizado por Mário Röhnelt.

 

Até 1º de maio.

Natureza franciscana

26/fev

O MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, Av. Pedro Álvares
Cabral, s/nº – Portão 3, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Natureza franciscana”, uma noção contemporânea da relação colaborativa entre o ser humano e a natureza. Com curadoria de Felipe Chaimovich, a mostra é organizada a partir das estrofes do “Cântico das Criaturas”, canção escrita por Francisco de Assis, provavelmente entre 1220 e 1226, reconhecida como texto precursor das questões referentes à ecologia.

 

Para contemplar a linha de arte e ecologia, o curador selecionou artistas que utilizam elementos da natureza em suas produções, reunindo 18 obras da coleção do museu somadas a 19 empréstimos, totalizando 37 trabalhos que são exibidos em diferentes suportes como fotografia, desenho, gravura, vídeo,  livro de artista, instalação, obra sonora, objeto, escultura e bordado. “As obras originam-se de relações com os elementos descritos no Cântico: sol, estrelas, ar, água, fogo, terra, doenças e atribulações e, por fim, a morte”, explica Chaimovich, um estudioso da obra de Francisco de Assis há 15 anos.

 

 

Sobre a exposição

 

Dividida conforme os elementos citados na canção” Cântico das Criaturas”, de Francisco de Assis, a mostra começa com o sol representado pela fotografia em cores “Lâmpada”, de 2002, da artista Lucia Koch, ao lado das fotografias em preto e branco “The celebration of light”, de 1991, de Marcelo Zocchio, e dos 12 livros da série “I got up”, 1968/1979, do japonês On Kawara.

 

O elemento água é tematizado pelas fotografias “A line in the arctic #1” e “A line in the arctic #8”, 2012, do paulistano Marcelo Moscheta, e pelas obras relacionados ao projeto Coletas, da artista multimídia Brígida Baltar, que incluem imagens da série “A coleta da neblina”, entre 1998 e 2005, cinco desenhos em nanquim sobre papel de 2004, a escultura em vidro” A coleta do Orvalho” de 2001 e o vídeo “Coletas” de 1998/2005.

 

Em contraponto, o fogo é simbolizado pelo vídeo “Homenagem a W. Turner”, de 2002, de Thiago Rocha Pitta, e pelos vestígios de fumaça sobre acrílico e sobre papel feitos pela escultora e desenhista Shirley Paes Leme. O elemento ar fica a cargo da escultura “Venus Bleue”, do artista francês Yves Klein. As estrelas são apresentadas por meio de sete fotografias do alemão Wolfgang Tillmans. Representando a terra, são expostas 30 caixas de papelão cheias de folhas e galhos de árvore embalados em plástico, papelão e fotografias em cores, instalação feita em 1975, por Sérgio Porto, além do relevo em papel artesanal, de 1981, de Frans Krajcberg.

 

As doenças e atribulações são tematizadas pela instalação “Dis-placement”, 1996-7, de Paulo Lima Bueno: numa sala com mobiliário, frascos de remédio, rosas, lona, giz e tinta, o artista demonstra os caminhos percorridos por ele para alcançar e tomar todos os remédios para combater os efeitos da Aids, antes do surgimento dos coquetéis anti-HIV. A artista “Nazareth Pacheco” exibe série de fotografias em preto e branco, de 1993, que mostram a malformação congênita do lábio leporino, dentes, raio-x e objeto de gesso.
Por fim, a morte é representada pelo último tecido bordado por José Leonilson antes de falecer, em 1993. Permeando a exposição, a instalação sonora “Tudo aqui”, de 2015, da artista Chiara Banfi, alcança todo o espaço expositivo e abrange todos os elementos representados.

 

 

A palavra do curador

 

Francisco de Assis pode ser considerado fundador da ecologia. Para ele, o ser humano tem uma relação de colaboração com os elementos naturais: a natureza não é subordinada aos interesses humanos. Embora o ser humano se posicione como uma parte singular da natureza, os demais elementos devem ser tratados por nós como membros de uma só família universal.

 

Francisco de Assis escreveu uma letra de música com suas ideias: o “Cântico das Criaturas”. Desde jovem ele cantava trovas de amor em francês. Nos últimos anos de sua vida, escreveu o “Cântico” na língua de sua terra natal, na Itália; nele, os diversos elementos naturais e as fases da vida são acolhidos como irmãos e irmãs.

 

Depois da morte de Francisco de Assis, em 1226, os Franciscanos incentivaram um novo olhar para o universo, enxergando nele traços de uma mesma geometria que uniria o pensamento humano aos elementos naturais. Os Franciscanos incentivaram a descoberta da perspectiva a partir dos estudos da geometria da luz e, assim, o nascimento da arte fundada no desenho em perspectiva.

 

Reunimos aqui artistas que colaboram com elementos da natureza e da vida em seus trabalhos. As obras estão agrupadas conforme as partes do “Cântico” de Francisco de Assis: sol, estrelas, ar, água, fogo, terra, doenças e atribulações, morte. A relação entre arte e ecologia torna-se evidente ao compreendermos a posição fundadora de Francisco de Assis em nossa cultura.

 

Artistas convidados: Lucia Koch, Marcelo Zocchio, On Kawara, Marcelo Moscheta, Brígida Baltar, Thiago Rocha Pitta, Shirley Paes Leme, Yves Klein, Wolfgang Tillmans, Sérgio Porto, Frans Krajcberg, Paulo Lima Buenoz, Nazareth Pacheco, José Leonilson e Chiara Banfi.

 

 

De 27 de fevereiro a 05 de junho.

Uma coleção particular

17/dez

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Estação da Luz, São Paulo, SP, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, exibe a exposição “Uma coleção particular – Arte contemporânea no acervo da Pinacoteca” que apresenta um panorama da arte contemporânea no Brasil a partir de sua coleção. Uma seleção que reúne mais de 60 obras, a maioria incorporada recentemente ao acervo da instituição e com trabalhos que vêm a público pela primeira vez – como é o caso dos empréstimos em comodato da coleção Roger Wright, parceria firmada este ano.

 

São pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, desenhos, gravuras e instalações, realizadas de 1980 até hoje por artistas nascidos ou radicados no país. “O corte cronológico considera o processo de reorganização da vida política e cultural brasileira com o fim da ditadura militar (1964-1985), mas também leva em conta um período de reestruturação da própria Pinacoteca, que compreende, por exemplo, a reforma de sua sede, entre 1994 e 1998”, explica o curador da Pinacoteca José Augusto Ribeiro.

 

A mostra ocupa todo o primeiro andar do museu com trabalhos históricos como “Ping-ping”, de Waltercio Caldas, além das obras de Iberê Camargo, Gilvan Samico, Regina Silveira, Tunga, Leda Catunda, Beatriz Milhazes, Erika Verzutti, Rosângela Rennó, Ernesto Neto, Rubens Mano, Tonico Lemos Auad, Willys de Castro, João Loureiro, Alexandre da Cunha, entre outros artistas. Nomes de grande projeção internacional e que são referência para as novas gerações, ao lado de artistas em início de suas trajetórias profissionais, todos de diferentes regiões do Brasil. “A seleção confirma a posição da Pinacoteca como uma das instituições museológicas com uma das coleções públicas mais importantes do País”, completa Ribeiro.

 

 

A diversidade de artistas aparece também nas 12 salas expositivas, além do Octógono e do lobby, onde o visitante encontra obras bastante diferentes e, a partir das relações sugeridas pela curadoria, consegue perceber as singularidades de cada peça. Grande parte dos artistas desta mostra compôs a programação da Pinacoteca nos últimos anos, por isso também ela faz parte do calendário comemorativo de 110 anos do museu.

 

Entre os artistas da exposição estão: Alexandre da Cunha | Almir Mavignier | Amilcar Packer | Anna Maria Maiolino | Antonio Lizárraga | Antonio Malta | Beatriz Milhazes | Carlos Fajardo | Carmela Gross | Daniel Acosta | Dudi Maia Rosa | Efrain de Almeida | Emmanuel Nassar | Erika Verzutti | Ernesto Neto | Fabio Miguez | Fabricio Lopez | Flávia Bertinato | Gerty Saruê | Gilvan Samico | Iberê Camargo | Iole de Feitas | Iran do Espirito Santo | João Loureiro | José Damasceno | Leda Catunda | Leya Mira Brander | Lorenzato | Mabe Bethônico | Odires Mlaszho | Paulo Monteiro | Paulo Whitaker | Regina Silveira | Rodrigo Andrade | Rodrigo Matheus | Romy Pocztaruk | Rosângela Rennó | Rubens Mano | Sara Ramo | Tatiana Blass | Tonico Lemos Auad | Tunga | Valdirlei Dias Nunes | Vanderlei Lopes | Vania Mignone | Veio [Cícero Alves dos Santos] | Wagner Malta Tavares | Waltercio Caldas | Willys de Castro.

 

 

Até 31 de janeiro de 2016.

César Meneghetti no MAXXI

11/dez

O artista visual brasileiro César Meneghetti expõe “IO_ IO È UN ALTRO”, no MAXXI – Museo Nazionale Delle Arti Del XXI Secolo, em Roma, Itália, com curadoria de Simonetta Lux. A mostra é composta por 55 vídeos, 2 fotografias e uma áudio-instalação, nos quais o artista coloca em destaque pessoas com deficiências mental, física e psíquica, propondo a desconstrução de padrões de realidade e a criação de novas rotas, que deixam de lado preconceitos sociais e certezas existenciais, no intuito de oferecer ao público a oportunidade de mudar seu olhar além dos estereótipos e julgamentos.

 

 

Ao longo de 5 anos de pesquisas, iniciadas em 2010, César Meneghetti reuniu mais de 200 pessoas com tipos variados de deficiências, através de uma ação multidisciplinar promovida pelos Laboratórios de Arte da Comunidade de Sant’Egidio (periferia de Roma), motivado pela ideia de fragilidade da fronteira da normalidade, num contexto amplo. Os resultados da pesquisa, dos estudos, workshops e atividades criativas deste projeto culminaram no lançamento do livro “IO_ IO È UN ALTRO”, e na presente mostra individual, a primeira de um artista brasileiro no MAXXI.

 

 

“IO” ou “1” – do código binário da informática – é o paradoxo desta fronteira da normalidade, onde uns são 1 e outros 0, mas ambos importantes para a construção de linguagem, de vida, positivo/negativo e todas as leis eletromagnéticas que regulam o planeta. O subtítulo “io è un altro” (“eu é um outro”) contém o conceito de Arthur Rimbaud, “Je est un autre”, que aparece em duas cartas de 1871. Com essas referências, “IO_ IO È UN ALTRO” desconstrói a realidade, criando um outro cenário, e pondo de lado todos os preconceitos aceitos a priori como condição para definir a existência de um indivíduo. “Homens e mulheres, negros e brancos, ricos e pobres, pessoas com deficiência, sem-teto, hetero ou homossexuais, oprimidos de todos os tipos, nesta incompletude é que buscamos dar uma resposta a várias questões e desafios, através da construção de nossa – embora limitada – consciência”, comenta Meneghetti.

 

 

Das 20 peças que perfazem o projeto como todo, 5 foram selecionadas para a exposição no MAXXI. Citando algumas dessas obras, “IO_OPERA #01 VIDEOCABINA #3″ descreve artistas com deficiência em uma espécie de diálogo simétrico, que também envolve o espectador, abordando temas universais como amor, solidão, felicidade, a morte, a normalidade e a diversidade. Em “IO_OPERA #03 EX-SISTENTIA”, César Meneghetti torna visível a consciência de Gabriele Tagliaferro – artista que sofre de uma grave forma de autismo –, revelando como ele vive a distância entre seu corpo e seu plano de ação, ou comunicação, como percebe o espaço a seu redor, como vive seu pensamento. Ainda, “IO_OPERA #08 PASSAGGI-PAESAGGI” é composta por 4 monitores, nos quais são projetadas imagens de pessoas que andam com olhos fechados, em uma metáfora da nossa efêmera existência na Terra. A mostra também inclui o espaço “I/O_OPERA #19 REPERTI / ACHADOS” (SALA DOC), contendo rastros dos 5 anos da pesquisa de Meneghetti, colocados em exposição para o público fazer suas próprias buscas.

 

 

Com este trabalho, César Meneghetti – sempre interessado em fronteiras geográficas, políticas, linguísticas e mentais -, pretende contribuir com o fim do preconceito, mostrando que pessoas com deficiência revelam uma incrível capacidade de imaginar, perceber, pensar, retratar a realidade, e uma faculdade de análise insuspeita. Para tanto, o artista utiliza o potencial transformador da arte, objetivando a mudança de percepção da realidade e de nós mesmos, com a proposta de oferecer oportunidade para compartilhar experiências. Em suas próprias palavras: “Viver é conviver. Somos seres incompletos e inacabados porque um não existe sem o outro. Nós somos incompletos porque não podemos existir sem os relacionamentos, sem aquele com quem interagimos, mas acima de tudo porque somos um fluxo em constante mutação: nós seres humanos, nós vida”.

 

 

 

 

 

 Até 17 de janeiro de 2016.

Inéditos de Thiago Toes

Papeis, escultura e vídeo. São esses os suportes que Thiago Toes, artista representado pela OMA | Galeria, São Bernardo do Campo, São Paulo, SP, utilizou para a criação das obras da mostra “Luminar”. A exposição está acontecendo no espaço Qualcasa e integra o “Projeto No Mesmo Lugar”, do Hermes Artes Visuais – espaço focado em arte contemporânea dirigido e mantido por artistas, que realizam regularmente debates teóricos, mostras, projetos intensivos, palestras e cursos – em que Toes participa de um acompanhamento artístico.

 

 

Assim como define o dicionário, Luminar também resgata a ideia das coisas que espalham luz, como os astros e planetas – tema recorrente e de interesse intrínseco em suas obras. Por isso, para que haja uma real imersão neste conceito, as peças estão inseridas em três ambientes. Assim, em cada um é possível ter contato com um experimento diferente. “Todas as minhas obras são relacionadas ao universo, multiverso, dimensões e lugares que a gente não enxerga a olho nu. Gosto de estudar e trabalhar com o imaginário e as conexões que a gente pode ter quando estamos diante desses conceitos”, comenta Toes. 

 

 

O texto introdutório da mostra é de Douglas Negrisoli, curador responsável pela primeira exposição individual de Thiago Toes, “Celeste”, na OMA | Galeria, em 2013. Como os trabalhos são resultados de um acompanhamento artístico realizado pela Hermes, a curadoria fica por conta do próprio espaço. Segundo Nino Cais, um dos responsáveis por este trabalho no Hermes, a personalidade inquieta e intrigante de Thiago Toes está explícita nas peças.  “A potência de um artista pode ser medida por sua necessidade de transformação. O admiro por este entusiasmo, por este interesse tanto no que é técnico, quanto conceitual. Ele está sempre disposto a crescer e isso é visível nos trabalhos apresentados no Qualcasa”, fala.

 

 

 

Até 22 de janeiro de 2016.

Individual de Carla Chaim

07/dez

O projeto “Presença” foi desenvolvido como um site specific para o espaço da Casa Nova, Jardim Paulista, São Paulo, SP, com curadoria e texto crítico de Gabriel Bogossian e em parceria com a Galeria Raquel Arnaud. Nele, um conjunto esculturas, fotografias e um vídeo ocupam os espaços do térreo, em um diálogo com a arquitetura do lugar.

 

Cada escultura reproduz um elemento chave da arquitetura: o piso e a coluna, da varanda de entrada, e o tampo da lareira na sala. Deslocadas no espaço como negativos dos elementos reais, elas exploram esses fragmentos arquitetônicos despidos de suas funções decorativas ou estruturais.

 

As fotos e o vídeo, por seu lado, também exploram fragmentos da Casa. Neles, contudo, trata-se de intervir com o corpo sobre os espaços vagos e os intervalos, que têm assim seu significado visual e espacial alterado. Desse modo, escultura e corpo se equivalem no gesto de explorar as brechas nos limites impostos pela arquitetura.

 

Enquanto modos de abordar o espaço, as obras apontam para novas formas de relação com ele, alterando percepções de tempo, escala, volume, superfície e cor. Em um diálogo com (ou sobre) o desenho arquitetônico, o gesto de seleção de elementos e espaços da Casa revela a identidade do lugar, tanto a partir de seus aspectos estéticos (a forma curva da varanda de entrada, que ecoa a varanda de cima) quanto dos estruturais ou decorativos: aqui, a Casa se torna visível para si mesma.

 

Carla Chaim é formada em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, 2004, onde também realizou a Pós-graduação em História da Arte, 2007. A artista trabalha diferentes mídias como desenho, escultura, vídeo e instalação. Chaim tenta se aproximar de uma ampla escala de assuntos cotidianos, trazendo-os para seu atelier e repensando novas formas e novas relações. A artista tem o desejo de controlar seus trabalhos, tanto em regras pré-estabelecidas na execução, quanto de seus movimentos físicos durante a feitura de um desenho, trazendo o corpo como importante instrumento neste processo, também pensando-o como local de discussão conceitual explorando seus limites físicos e sociais. A artista não trabalha pensando no resultado final. O que lhe interessa são os movimentos, passos e processos de cada trabalho. Carla define regras e parâmetros e segue com eles até o final. Os trabalhos de Chaim não contam histórias, elas são o próprio fazer, combinando sistemas dicotômicos: regras rígidas e movimentos físicos orgânicos.

 

Carla Chaim recebeu diversos prêmios como em 2015 o Prêmio CCBB Contemporâneo, e o Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, ambos no Rio de Janeiro e, em São Paulo, em anos anteriores, o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea e Prêmio Energias na Arte, no Instituto Tomie Ohtake, onde participou também das exposições “Os primeiros dez anos”, 2011, e “Correspondências”, 2013.

 

Participou de residências artísticas como: Arteles, Finlândia, 2013; Halka Sanat Projesi, Turquia, 2012; The Banff Centre for the Arts, Canadá, 2010. Fez, em 2014, sua primeira individual em Lisboa, Portugal, no Carpe Diem Arte e Pesquisa, e participou de exposições como “Afinidades”, no Instituto Tomie Ohtake, e “Entre dois mundos”, no Museu Afro-Brasil, em São Paulo, Brasil. Sua obra faz parte de coleções como Ella Fontanals-Cisneros, Miami, EUA; Museu de Arte do Rio – MAR, RJ, Brasil; e Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, Brasília, Brasil. A Galeria Raquel Arnaud, que representa a artista desde 2012, apresentou a exposição individual “Pesar do Peso” em 2014.

 

Gabriel Bogossian é curador independente, editor e escreve textos críticos. Já trabalhou como tradutor das editoras Hedra, em 2008, e Rocco, em 2011, foi curador da exposição Ensaio para a Loucura, de Gui Mohallem, no Museu Brasileiro de Escultura (MuBE), em 2011, editor para a Red Bull House of Art, em 2013, pesquisador do festival Videobrasil, em 2014, e curador do festival de perfomance Transperformance 3: Corpo Estranho, em 2014. Foi curador da exposição Cruzeiro do Sul, realizado no Paço das Artes, em 2015.

 

 

De 12 de dezembro a fevereiro de 2016.

Sergio Camargo no Itaú Cultural

01/dez

Escultor intelectual, que estudou com Lucio Fontana, conviveu com Brancusi e foi aluno de filosofia de Bachelard, o escultor Sergio Camargo, falecido em 1990, é homenageado com a mostra “Luz e Matéria”, em cartaz no Itaú Cultural, Cerqueira César, São Paulo, SP. A exibição abriga mais de 100 obras do artista. Com curadoria dos críticos Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves, ocupa três pisos da instituição com esculturas, vídeos, fotografias, documentos e uma reprodução do último dos quatro ateliês do escultor, o de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

 

 

A mostra não foi organizada em ordem cronológica. No segundo piso, por exemplo, obras figurativas de bronze de pequeno formato, produzidas nos anos 1950, quando Camargo voltou ao Brasil após estudar filosofia na Sorbonne, dividem o espaço com peças do último período. Entre as obras selecionadas encontra-se uma escultura de mármore de Carrara (Homenagem a Brancusi) dedicada ao escultor romeno, versão em escala menor da exposta ao ar livre em Bordeaux, na França, e que teve ainda outra versão, exibida em 1067, na 33.ª Bienal de Veneza.

 

 

Sergio Camargo é um dos raros escultores brasileiros com obras nas coleções do Museu de Arte Moderna de Nova York e da Tate Modern de Londres.

 

 

Com “Luz e Matéria”, o Itaú Cultural encerra a série de grandes exposições em 2015.

 

 

 

Até 09 de fevereiro de 2016.

 

 

 

Bruno Borne na Mamute

27/nov

Finalizando o ciclo de mostras individuais de 2015 a Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, inaugura no dia 04 de dezembro a exposição “A E O”, do artista visual Bruno Borne. Sob a curadoria de Luísa Kiefer, a mostra apresenta três videoinstalações inéditas, concebidas especialmente para o espaço da galeria. Trabalhando com site-specific, o artista utiliza o próprio espaço expositivo como objeto central de suas proposições.

 

Em “A E O”, cada vogal deu origem a uma videoinstalação distinta que, por sua natureza, se encontram e se misturam no ambiente. Partindo das formas geométricas correspondentes às letras, o artista desenvolveu três projeções que reproduzem virtualmente o ambiente da sala em que estão instaladas.

 

A experiência do espectador é ainda instigada pelo som que emana de cada obra e toma o ambiente como um todo. Utilizando programas de computação 3D e misturando jogos de espelhos virtuais e reais, o conjunto de obras de Bruno Borne é um convite para adentrar um labirinto no qual a imagem e o espaço expositivos parecem se reproduzir infinitamente, sempre um dentro do outro, sem nos deixar muitas pistas do que é real e o que é virtual.

 

 

 

 

A palavra da curadora Luísa Kiefer

 

A E O, de Bruno Borne

 

Perder-se na contemplação de uma obra de arte é um exercício de escolha. Precisa ser um ato deliberado, uma decisão. Certo é que pressupõe disponibilidade. Para se entregar a este mundo que mistura real e virtual, é preciso estar livre da censura guardiã da lógica. Também não é fácil achar tempo para a contemplação em um mundo que mede o tempo em segundos ou em suas frações. A exposição A E O, de Bruno Borne, é, neste sentido, um convite: pare, olhe, desfrute sem medo de se perder.

 

Com sua obra site-specific, criada para e a partir do ambiente em que é instalada, Borne intima o público a mergulhar em três videoinstalações que retratam o próprio espaço expositivo da galeria, provocando um diálogo complexo e labiríntico entre espaço, obra e imagem. Ele utiliza programas de computação gráfica, que geram modelos 3D, para reconstruir virtualmente as salas da galeria. A partir dessa simulação é que começa o jogo e o convite para perder-se em sua obra. Espelhos reais e virtuais multiplicam o ambiente projetado, criando metaimagens que se reproduzem em looping, sem deixar muitas pistas do que é reflexo e o que é simulação.

 

Partindo das formas geométricas correspondentes às letras que dão nome à mostra, as três projeções, pensadas cada uma como uma obra independente, formam, ao mesmo tempo, um conjunto, misturando-se e complementando-se. Acompanhadas por um som ambiente que se diferencia ao nos aproximarmos de cada trabalho, A E O transforma o ambiente da galeria em obra, incorporando e transformando o entorno – e a própria presença do espectador – em imagem.

 

Diante do conjunto da exposição, cabe ao espectador decidir se aceita, ou não, o convite para perder-se na imagem e, assim, descobrir o seu poder de contemplação.

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Borne nasceu em Porto Alegre, RS, 1979. É mestre em Poéticas Visuais pelo PPGAV/UFRGS e graduado em Artes Visuais e em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS. Realizou exposições individuais no MACRS e Galeria Lunara em Porto Alegre. Em 2014 foi prêmio adquisição no 43º Salão Paranaense. Em 2013 premiado no 2ª Prêmio IEAVI/RS, em 2011 recebeu o VI Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Destaque em Mídias Tecnológicas. Tem obras nos acervos públicos do MACPR, MACRS e das prefeituras de Porto Alegre e Santo André.

 

 

Dobre a curadora

 

Luísa Kiefer nasceu em Porto Alegre, 1986. Doutoranda em história, teoria e crítica de arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes, UFRGS, é mestre pelo mesmo programa e jornalista pela PUCRS. Em sua tese de doutorado pesquisa a fotografia na arte contemporânea.

 

 

 

Até 05 de fevereiro de 2016.

Olhares femininos

23/nov

As fotógrafas Ana Araújo, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Márcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto inauguraram a exposição “Se me vejo, me veem”, na Galeria eg2o, na cidade de Paraty, Rio de Janeiro, RJ. A mostra propõe uma discussão sobre a violência contra a mulher, sendo que cada artista aborda o tema em suas diversas manifestações, gerando como resultado um quadro multifacetado de denúncias, esclarecimentos e sensibilizações.

 

Profissionais atuantes e respeitadas, mulheres atentas ao dia-a-dia. Cidadãs responsáveis. Com o lema “olhares de mulheres sobre uma questão de mulheres”, as nove fotógrafas se reúnem para aliar arte à luta contra uma triste realidade: o Brasil está em quinto lugar no ranking mundial de ocorrências de crimes contra a mulher. São agressões físicas, morais, sexuais e psicológicas, sustentadas pelas relações desiguais entre os gêneros. Desigualdade entranhada em nossa sociedade desde a sua formação, e no inconsciente da maioria dos brasileiros. Neste sentido, “Se me vejo, me veem” busca apresentar trabalhos que dialogam com o tema proposto, em um ambiente de liberdade na curadoria e expografia de cada trabalho das fotógrafas, as quais terão uma área individual e específica para mostrar e “denunciar” os aspectos deste assunto. Os suportes são diversificados, mas a imagem, crua e real, é a protagonista.

 

Ana Araújo retrata “Marias Marcadas pela Violência em Recife”. Sua cidade natal, onde reside e trabalha até o presente, segundo o mapa da violência 2012, é a sexta colocada no ranking de feminicídios do Brasil: “Aqui em Pernambuco irei documentar as mulheres sobreviventes, que ficaram marcadas física e emocionalmente por essa terrível cultura de violência contra a mulher”, define a artista.

 

“Para Onde Ir?”, de Eliária Andrade, mostra uma mulher que vive no abrigo Casa de Marta e Maria, espaço que oferece acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade social, vindas das mais variadas situações de violência vivenciadas nas famílias e nas ruas, com histórico de abandono e maus tratos.

 

“Autoimagem” foi o tema escolhido por Evelyn Ruman, que em registros de um caso da vida real, aplica uma metodologia de intervenção social, por meio da fotografia que desenvolve há 27 anos. “A interferência artística do fotografado em seu próprio retrato amplia a percepção de sua identidade e estimula a recuperação da autoestima”, explica a autora.

 

Luciana Whitaker, com “Cesarianas Desnecessárias”, busca provocar uma reflexão sobre o polêmico assunto. Em sua opinião: “Procedimento feito sem necessidade, apenas com objetivos comerciais, coloca em risco a vida da mulher e do bebê”. Neste ensaio, as cicatrizes contam a história.

 

Luludi Melo, em “Maternidade – Mulheres com Deficiência”, discute a violência “duplamente qualificada” que sofre a mulher portadora de necessidades especiais.

 

Um pequeno recorte do projeto nacional que desenvolveu em parceria com o Museu da Pessoa para o projeto ViraVida – uma iniciativa do SESI na recuperação de crianças e adolescentes em situação de risco –, “Meninas e Adolescentes” é o aspecto levantado por Márcia Zoet. De acordo com a fotógrafa: “o quadro mostra a fragilidade da vitima, que sofreu durante 10 anos abuso paterno”. Um tema autoexplicativo é a escolha da fotógrafa Marlene Bergamo – “BANG BANG”. Imagens fortes que são retratos de fatos diários, hoje corriqueiros mas não menos cruéis, onde a morte é a ocorrência final. “Parto humanizado…?” é a discussão proposta por Mônica Zarattini, com destaque para a situação de uma mulher que, encaminhada para um hospital universitário na hora do parto, é submetida a procedimentos e recebe medicamentos desnecessários (como uma cobaia dos alunos).

 

Nair Benedicto participa com o vídeo “Não quero ser a próxima”, uma realização conjunta do Grupo Maria Bonita com a Agência F.4, sendo as integrantes Cecília Simonetti, Lais Tapajós, Nair Benedicto, Silvia Cavasin e Vera Simonetti. Produzido em 1985, versa sobre mulheres espancadas ou assassinadas pelos maridos ou companheiros. As fotografias são das entrevistadas e dos eventos públicos sobre o assunto, resultado das pesquisas em jornais e revistas.

 

 

Citando palavras das participantes do projeto Se me vejo, me veem: “Qualquer iniciativa que esclareça e contribua para que mulheres vítimas de violência reconheçam sua situação e percam a vergonha de pedir ajuda é válida, assim como para que a sociedade esteja alerta e consciente da seriedade da questão”.

 

 

Até 06 de janeiro de 2016.

Na Galeria Fortes Vilaça

17/nov

Paralelamente à exposição “Interior Design” de Simon Evans – que inaugura amanhã, 18/nov às 19h, na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São paulo, SP, será apresentado o curta-metragem “Cutaways” da artista polonesa Agnieszka Kurant no segundo andar da galeria. Assim como a exposição de Evans, o filme será exibido até o dia 22/dezembro.

 

 

Realizado em parceria com o premiado editor de cinema Walter Murch de “Apocalypse Now” e “O Poderoso Chefão”, o trabalho de Kurant traz à tela o universo invisível de personagens que, apesar de concebidos e filmados para certas produções cinematográficas, foram completamente excluídos na edição final. Em seu filme, a artista escolhe três desses coadjuvantes omitidos para lhes dar sobrevida, extraídos de obras cultuadas de Kubrick, Tarantino e Sarafian. Entre os atores que aceitaram reprisar seus papéis, está a atriz Charlotte Rampling.

 

 

“Cutaways” retrata o encontro de personagens de produções distintas, como se tivessem ganhado vida autônoma e passassem a compartilhar o mesmo limbo narrativo. O enredo toma como base os roteiros originais de cada filme, aproveitando inclusive algumas das falas. Três atores aceitaram reprisar seus papéis depois de anos da trama original: Charlotte Rampling como a caronista de Vanishing Point (de Richard C. Sarafian, 1971, lançado no Brasil como Corrida contra o Destino); Abe Vigoda como o advogado e melhor amigo do protagonista em The Conversation (de Francis Ford Coppola, 1974, lançado no Brasil como A Conversação); e Dick Miller como o dono do ferro-velho de Pulp Fiction (de Quentin Tarantino, 1994).

 

 

Uma sequência de nomes hollywoodianos encerra a projeção, informando que vários outros atores também interpretaram personagens fantasmas em suas carreiras. A tipografia de cada nome é baseada naquela usada nos cartazes de seus respectivos filmes, como se a artista propusesse um jogo de descobrir de quais títulos eles foram excluídos.

 

 

 

Sobre Agnieszka Kurant

 

 

Agnieszka Kurant nasceu em 1978 em Lodz, na Polônia, e atualmente vive e trabalha em Nova York. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: exformation, Sculpture Center (Nova York, 2013) e Stroom den Haag (Haia, Holanda, 2013); 88.2 MHz, Objectif Exhibitions (Antuérpia, Bélgica, 2012), Theory of Everything, Museum of Modern Art (Varsóvia, Polônia, 2012). Já participou da diversas mostras importantes como a Bienal Performa de Nova York (2013 e 2009), Bienal de Arquitetura de Veneza (2010), Bienal de Bucareste (2008), Bienal de Moscou (2007), além de diversas outras coletivas em instituições como Guggenheim (Nova York, 2015), MoMA PS1 (Long Island, 2013), Witte de With (Roterdã, 2011), Tate Modern (Londres, 2006), Palais de Tokyo (Paris, 2004), entre outros.

 

 

 

Até 22 de dezembro.