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AGENDA CULTURAL

Gerchman em documentário no mam

22/jun

 

 

Exibição do documentário “Rubens Gerchman: O Rei do Mau Gosto”

Data: 25 de junho, 2022 – Horário: 16h

Local: Auditório do mam, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

Um país não é construído apenas com indústrias, ferrovias e um plano econômico. Um país se constrói também com imagens. O artista plástico Rubens Gerchman entendeu isso muito bem e criou uma série de ícones e cenas que falam da realidade brasileira, fazendo da nossa precariedade um valor. Compreendido entre os anos de 1963 e 1978, o documentário “Rubens Gerchman: O Rei do Mau Gosto” retrata a criação artística e a atuação política de uma geração que soube criar imagens daquele Brasil que se tornava urbano e experimentava os mais duros anos da sua vida política.

Rubens Gerchman: O Rei do Mau Gosto

Direção: Pedro Rossi

Produção: Isabel Joffily

Roteiro: Bianca Oliveira, Isabel Joffily e Pedro Rossi

Montagem: Bianca Oliveira e Pedro Rossi

Fotografia: Bernardo Pinheiro e Pedro Rossi

Edição de som: Guilherme Farkas

Finalização de imagem: Bernardo Neder

Consultoria: Clara Gerchman

Duração: 01h20min

Sobre o artista

Rubens Gerchman realizou, ao longo de 50 anos de trajetória, diversos projetos entre os mais vastos segmentos culturais. Teve seu trabalho reconhecido como pintor, escultor, fotógrafo, desenhista, gravador, cineasta, cenógrafo e escritor. Utilizou ícones do futebol, do carnaval e da política em suas obras. É possível ter uma pequena noção da sua importância para a cultura nacional e a projeção de seus trabalhos no exterior, elevando e ratificando o nome do país e de seus artistas internacionalmente, fortalecendo a cultura brasileira pelo mundo. Faleceu em 2008 em São Paulo. Durante sua carreira, participou de diversas exposições nacionais e internacionais e, em 2010, foi fundado o Instituto Rubens Gerchman, responsável pela salvaguarda da memória e dos trabalhos do artista. Seus trabalhos figuram em importantes coleções públicas e privadas nacionais e internacionais, como Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Coleção Tuiuiu, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madrid, Espanha) ESCALA-Essex Collection of Art from Latin America (Colchester, UK) , Museo de Arte Latino Americano de Buenos Aires (Buenos Aires, Argentina), Museo Alejandro Otero (Caracas, Venezuela), Blanton Museum of Art (Texas, EUA), entre outros.

Cildo Meireles na Revue Cahiers D’Art/Edição Standard

20/jun

 

A Cahiers d’Art apresenta o último número de sua histórica Revue em homenagem a Cildo Meireles. Uma avaliação resplandecente da obra do artista brasileiro Cildo Mireles, a edição apresenta textos publicados anteriormente e placas requintadamente impressas de suas instalações, esculturas e uma seleção de desenhos. A edição é assinada por Guilherme Wisnik e Diego Matos.

 

A palavra do artista

 

Ao longo de vinte anos, meu trabalho tem sido uma sucessão de viagens para o meio. Nas artes visuais, o meio é um conceito amplo e vago: o espaço. E é a repetição obstinada dessa obsessão que me interessa como artista. Tematizando-o. Reconstruindo-o. Juntando tudo. A obra tem sempre vários caminhos possíveis: contém todos eles. Esse caos fascinante é o que mais me atrai nas artes visuais: fazê-lo é totalmente libertador (fato que não impede de ser usado, às vezes, como mero substituto para os ofícios mentais).

 

Cildo Meireles

 

A edição está disponível em inglês e em francês. Apresenta-se embrulhada em papel glassine, dentro de uma caixa de apresentação em cartão.

 

Informação adicional

Edição Padrão

Página 175

Ilustrações 165

Capa mole

Edição bilingue, inglês e francês

Dimensões 24,5 × 3 × 31,5 cm

Peso 1,5kg

 

Arte urbana no Museu de Arte Sacra de São Paulo

 

 

À primeira vista, o padre Júlio Lancellotti e o grafiteiro Enivo podem parecer figuras distantes. Não são. Enivo, profundo admirador do padre, passou a acompanhar sua atuação cada vez mais de perto para criar as telas que compõem a exposição “Afeto”, nova mostra em cartaz até 07 de agosto no Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, sob curadoria de Simon Watson. As 17 telas têm por tema as populações humildes que habitam nas calçadas, ocupações e abrigos de São Paulo. Por isso que “Afeto” é sobre ligações afetivas mas também sobre aquilo que nos afeta, explica o artista, citando ações beneficentes e o engajamento do padre no combate à aparofobia – hostilidade contra moradores de rua (e contra pessoas pobres de maneira geral) que se manifesta por meio de ações do poder público e privado. Algumas das telas reproduzem cenas do Parde Lancelotti oferecendo água e comida, cuidando de crianças e conversando com os desabrigados; outras são retratos dos próprios moradores, numa narrativa que alterna desalento e esperança. Para ambientação, Enivo foi convidado a desenhar cenas da cidade diretamente nas paredes do museu, numa espécie de afresco contemporâneo. Em cima desses desenhos em carvão, de grandes dimensões, estarão penduradas as telas a óleo e spray. “A expografia que imaginamos se relaciona diretamente com seu método de trabalho nas ruas: quando ele vê uma parede nua, ele começa fazendo um esboço preparatório que depois ele sobrepõe tornando a imagem cada vez mais aparente”, explica Simon Watson. Ao contrário de seu trabalho nas ruas, no museu o toque final é colocar telas prontas nas paredes do museu.

 

Origens da pesquisa

 

Seguidor do Padre Júlio Lancelotti nas redes sociais, Enivo viu-se cada vez mais comovido com sua denúncia diária das condições precárias da vida na rua e motivado por sua postura e engajamento. Primeiro, se aproximou dos fotógrafos que o acompanham – Daniel Kfouri, Lukas Juhler e Victor Angelo – e, aos poucos, passou a acompanhar algumas ações na paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca. Para o artista, o padre Lancellotti atua como um elo entre a rua e a instituição, seja ela a igreja ou o museu. “Ele está o tempo inteiro confrontando um monte de gente, de órgãos, denunciando situações, e até sendo ameaçado. É o papel do grafiteiro também”, compara Enivo. Outro paralelo importante é feito pelo curador ao comparar as obras contemporâneas e multicoloridas do artista com algumas peças da coleção permanente do museu, em especial com alguns oratórios dos séculos XVIII e XIX. “Peças como o Oratório de Santa Isabel, feito por Benedito Amaro de Oliveira (1848-1923) claramente trazem a mão de pintores e artistas populares, pinturas à mão livre de um mundo de árvores e flores, morros e casas”, sugere Simon Watson, que não hesita em recuperar o espírito inventivo presente nas duas produções.
Projeto LUZ Contemporânea

 

LUZ Contemporânea é um programa de exposições de arte contemporânea que se desdobra em eventos e ações culturais diversas, públicas e privadas. Desenvolvido pelo curador Simon Watson, o projeto, atualmente, encontra-se baseado no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Nesse espaço, LUZ Contemporânea apresenta exposições temáticas de artistas convidados, de modo a estabelecer diálogos conceituais e materiais com obras do acervo histórico da instituição. Embora fortemente focada no cenário artístico brasileiro atual, LUZ Contemporânea está comprometida com uma variedade de práticas, cultivando parcerias com artistas performáticos e organizações que produzem eventos de arte.

 

Sobre o artista

 

Enivo nasceu em São Paulo, SP 1986. Marcos Ramos, AKA Enivo, é um muralista de rua que passou a abraçar também uma prática ativa de ateliê. Iniciou sua carreira artística aos 12 anos fazendo grafite no bairro do Grajaú, em São Paulo. Já pintou murais em todo o Brasil, bem como nos Estados Unidos, México, Alemanha, Holanda, França, Áustria, Espanha, Chile e Argentina. Participou dos Festivais “Stroke Art Fair” em Munique; Festival Urbano “City Leaks” em Köln, Alemanha; “CALLE LIBRE” na Universidade de Belas Artes de Viena; e Wynwood Art District-Miami e colaborou em campanhas para grandes marcas como NIKE, Adidas, Samsung, Bradesco, Natura e Ellus. Durante dez anos trabalhou com educação artística em escolas e ONGs, com foco na partilha de conhecimentos, formação e sensibilização de centenas de jovens da periferia. Reconhecendo que o Brasil carecia de espaços culturais para hospedar e comercializar arte urbana, fundou junto com um grupo de artistas afins a Galeria A7MA, na Vila Madalena, onde já foi curador de mais de 70 exposições. As obras de Enivo participaram de diversas mostras, individuais e coletivas, em galerias e instituições, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu de Arte Sacra de São Paulo.

 

Sobre o curador

 

Simon Watson nasceu no Canadá e foi criado entre a Inglaterra e os Estados Unidos. Baseado em Nova York e São Paulo é curador independente e especialista em eventos culturais. Veterano com trinta e cinco anos de experiencia na cena cultural de três continentes, Simon Watson concebeu e assinou a curadoria de mais de 250 exposições de arte para galerias e museus, e coordenou programas de consultoria em colecionismo de arte para inúmeros clientes institucionais e particulares. Nas últimas três décadas, Watson trabalhou com artistas emergentes e os pouco reconhecidos, trazendo-os para a atenção de novos públicos. Sua área de especialização curatorial é identificar artistas visuais com potencial excepcional, muitos dos quais agora são reconhecidos internacionalmente na categoria blue-chip e são representados por algumas das galerias mais famosas e respeitadas do mundo.

 

Obras de Jarbas Lopes no MAR

 

 

A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ, anuncia “Gira”, exposição individual de Jarbas Lopes, com curadoria de Amanda Bonan e Marcelo Campos, que permancerá em cartaz no Museu de Arte do Rio, Praça Mauá, Centro, até 16 de outubro.

 

Em “Gira”, onde o ver e o entender são aliados, Jarbas Lopes traz à tona a circularidade dos processos artísticos, da vida humana e dos objetos. Ao reutilizar materiais, o artista manifesta, para além da suma importância ecológica, a possibilidade de tudo ser matéria; movimentando ideias, arquitetando magias e ampliando, a partir de suas obras, o conceito de utopias possíveis.

 

Na mostra, serão apresentados projetos inéditos, concebidos especialmente para a exposição, exibindo ainda parte dos trabalhos produzidos ao longo de sua trajetória, em diferentes linguagens. Suas esculturas e pinturas interativas fazem uma fusão equilibrada entre tempo, espaço e circunstâncias práticas e ideológicas como participação coletiva, sociabilidade para espaços públicos e usos compartilhados da cidade.

 

 

Mostra de artista colombiano

15/jun

 

 

 
A Casanova, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta até 23 de julho a exposição individual “Simpatia Cósmica”, do artista colombiano Santiago Reyes Villaveces.
Agora em seu retorno a São Paulo, o artista apresenta uma série inédita de trabalhos instalativos e desenhos produzidos nos últimos anos, voltados para a cosmologia estóica e as leis naturais que regem encontros e desencontros dominados pelo acaso.
Tendo a simpatia como eixo de sua filosofia, os estóicos identificaram a relação entre a Terra e a Lua no fenômeno das marés como parte da simpatia cósmica. Esta relação é a força de atração gravitacional de todas as coisas no universo, humanas e não humanas e até mesmo aquelas que não se tocam.
A exposição começa com um letreiro de néon vermelho escrito no alfabeto cirílico, com a frase de Yuri Gagarin (Я вижу землю; eu vejo a Terra). Em 12 de abril de 1961, Gagarin foi a primeira pessoa a escapar do campo gravitacional e ver o planeta de fora. No instante em que a imagem da Terra foi fixada na retina de Gagarin, ficou claro que a Terra é uma só; uma única esfera na qual estamos todos juntos. “Eu vejo a Terra” torna presentes as forças simbólicas da frase de Gagarin para convidar os espectadores a banharem-se no espectro da luz vermelha que carrega consigo o fato de que a Terra é o único lugar que nós humanos e não-humanos temos que existir em harmonia.
A mostra continua com dois desenhos lunares, o positivo e o negativo da fotografia tirada em Sobral, Brasil em 1919; registrando o eclipse. Foi com esta foto que se comprovou de maneira empírica a teoria da relatividade.
Em seguida, um meticuloso desenho em grafite da Pedra Lunar da Boa Vontade que Richard Nixon deu ao ex-presidente do Brasil, Emílio Médici, em 1971. Este fragmento lunar, trazido de volta pela missão Apollo 17 em 1973 contém um único tipo de gravidade e chegou ao país devido a forças e vontades políticas que motivaram a propulsão dos foguetes à corrida espacial. Com um olhar atento, a obra incita uma provocação e questionamento sobre todo o contexto das diplomacias internacionais e legados coloniais no contexto da exploração espacial.
A exposição contempla também um espaço mais orgânico, composto por uma instalação em uma sala coberta com tapumes de madeira rosa. Nela está suspenso do teto uma escultura que reproduz o órgão vestibular do ouvido interno; também conhecido como o nosso órgão sensorial de gravidade.
Assim tece uma genealogia de forças gravitacionais de atração como um confronto de conhecimentos e discursos, sem linearidade ou ontologia. Partilhamos experiências com todo o conjunto de corpos, esta atração que supera barreiras espaciais e temporais. Aquilo que vivemos em conjunto, com outra pessoa, com a natureza, e até mesmo com o universo é a simpatia cósmica existente entre todos os seres e as coisas.
Reyes Villaveces abre a pluralidade e as contradições de um fenômeno cósmico, escultórico, espacial, fisiológico e político. Objetos, obras, espaço e espectadores são atraídos uns pelos outros e o artista nos convida a sentir o equilíbrio e a delicadeza desta balança universal; o campo gravitacional é um espaço para ser adentrado.

Sobre o artista
Santiago Reyes Villaveces é um artista colombiano que nasceu e trabalha em Bogotá. Nascido em 1986, o artista esteve entre 2008 e 2009 em  São Paulo dedicando-se à Escola de Comunicações e Artes no departamento de Artes plásticas da USP e realizou no mesmo ano a exposição “Projecto Manometria” na Pinacoteca de São Paulo como o coletivo DELENGUAAMANO. Em sua prática, Santiago explora os legados estruturais do passado colonial, além de abordar também temas como as injustiças ambientais e sócio-políticas e como elas se manifestam através do elementar. Em 2015 ele ganhou o Abraaj Royal College of Art Innovation Fellowship 2015-2017. Santiago possui mestrado em Escultura pelo Royal College of Art em Londres e bacharelado em Artes Visuais e História e Teoria da Arte pela Universidad de los Andes em Bogotá. Em 2019 ele foi o vencedor do Prêmio Matteo Olivero na Itália. Suas obras e projetos foram apresentados em espaços públicos e privados em diversos lugares ao redor  do mundo; contamos com  a Exposição Arabidopsis Thaliana no Museo de Arte Moderno de Bogotá (2021) com curadoria de Eugenio Viola; a sua exposição individual Spirit Level (2020), Ncontemporary Gallery Milan, Itália; exposição individual Lo bravo y lo manso (2019), Galería Instituto de Visión, Bogotá, Colômbia; Bienal Academiae Youth Art (2017) Bolzano, Itália; exposição individual Reside (2016), Galeria Marie Laure Fleisch Bruxelas, Bélgica; o projeto site-specific Traino (2014) Cavallerizza Reale, Turim, Itália; a exposição com o coletivo DELENGUAAMANO (Gilberto Mariotti, Néstor Gutiérrez y Santiago Reyes Villaveces) Monuemtria (2009) na Pinacoteca do Estado de São Paulo com curadoria de Ivo Mesquita.

Arte e atividades multidisciplinares

 

 

Neste sábado, dia 18 de junho, das 13h às 18h, será inaugurada a “Mostra Vagalumes 21″, que ocupará três pavimentos do Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, espaço inserido na exuberante Mata Atlântica, no alto da Gávea. A mostra une arte e atividades multidisciplinares de frequências sonoras de cura, meditação e arte educação. A entrada é gratuita!

 

Com curadoria do artista Sergio Mauricio Manon e da antropóloga Ana Amado, e produção do empresário e músico Pedro Borges, serão apresentadas obras de 12 artistas visuais brasileiros do século 21: Antônio Bokel, Bruno Vilela, Danielle Carcav, Ilan Kelson, Marcos Correa, Marcos Prado, Pedro Varela, Rodolpho Parigi, Rogério Reis, Sergio Mauricio Manon, Smael Vagner e Talita Hoffmann.

 

Lugar de beleza extraordinária, de história, cultura e arte, recebe em seus pavilhões recém-inaugurados uma mostra conectada com o espírito de nosso tempo, multidisciplinar.

 

Como parte da mostra, serão realizadas atividades multidisciplinares de meditação e arte educação. Mario Moura fará vibrar as frequências sonoras de cura; Nanda Jank ficará responsável pela coordenação das meditações guiadas; e Aline Froza, coordenará as visitas guiadas e oficinas de arte. “O objetivo é facilitar o acesso à arte contemporânea, criando condições para que um público diversificado viva experiências significativas ao se relacionar com as obras e participar das atividades multidisciplinares, expandindo seu conceito de arte e ampliando sua própria visão de mundo”, afirma Pedro Borges.

 

 

Carlito Carvalhosa, um tributo

 

 

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, apresenta até o dia 10 de setembro a exposição “Linhas do Espaço Tempo: Carlito Carvalhosa” resultando em um verdadeiro tributo ao artista – e obra – através de um conjunto de expressivos trabalhos do consagrado multiartista contemporâneo. A curadoria traz a assinatura de Daniel Rangel.

 

Caminhos circulares

 

Linhas do Espaço Tempo reúne fragmentos cronológicos da trajetória artística de Carlito Carvalhosa. Pinturas, esculturas e instalações que remontam a mais de trinta e cinco anos de produção marcados por elaboradas conexões plásticas, históricas, mentais e sensitivas. A mostra é a primeira no Brasil desde que o artista nos deixou em maio de 2021, motivo central do enfoque retrospectivo e prospectivo. Estruturada por obras-símbolos de diferentes fases, a exposição abarca um recorte compacto, que demonstra a coerência da pesquisa do artista. Registros do seu processo de criação, de reflexões e de memórias marcantes de sua trajetória, além de uma inédita instalação site-specific com postes de madeira, desenhada em um de seus caderninhos para um espaço imaginado com características arquitetônicas similares às da galeria do Instituto Ling. Passado pensado para o futuro, realizado no presente. Pensar, refletir e observar por meio de traços, rabiscos, desenhos, anotações, escritos e achados – em sua maioria guardados em cadernos de bolso – era uma prática comum no dia a dia de Carlito. Um processo típico de pesquisador, mas que, no caso dele, estava conectado a uma personalidade efusivamente curiosa e naturalmente disciplinada. Era um sedento pelo conhecimento; aprendia e ensinava com a mesma generosidade, recorrendo à sensibilidade e à formação privilegiadas para estabelecer profundos intercâmbios com entornos díspares – uma prática que foi marcada por conscientes (des)conexões com a historicidade da arte, sobretudo relacionada a uma constante pesquisa de materiais e suportes. Carlito não seguia um caminho reto e linear; preferia o trânsito circular entre espaços e tempos, suportes e materiais, o branco e as cores, o erudito e o popular, ciências e religiões. Opostos atraíam o artista, que explorava com frequência relações entre transparência, opacidade e reflexividade, criando uma espécie de “trialética” que viria a caracterizar sua produção. Tudo junto e, ao mesmo tempo, separado; uma amálgama de elementos díspares que se encontravam por meio do gesto do artista, tornando o diálogo quase eterno, assim como sua obra, assim como ele.

 

Daniel Rangel

 

Curador

 

Sobre o artista

 

Carlito Carvalhosa, (1961 – 2021). A obra de Carlito Carvalhosa envolve predominantemente as linguagens da instalação, pintura e escultura. Nos anos 1980, integrou o Grupo Casa 7, em São Paulo, do qual faziam parte também Rodrigo Andrade, Fábio Miguez, Nuno Ramos e Paulo Monteiro. As tendências do neoexpressionismo eram visíveis na produção desses artistas, sobretudo a utilização de superfícies de grandes dimensões e a ênfase no gesto pictórico. No fim dessa década, após a dissolução do grupo e alguns experimentos com encáustica, Carvalhosa concebeu quadros com cera pura ou misturada a pigmentos. Nos anos 1990, dedicou-se à produção de esculturas de aparência orgânica e maleável, utilizando materiais diversos, caso das “ceras perdidas”. Ainda em meados dessa década, fez também esculturas em porcelana. Carvalhosa atribui profunda eloquência à materialidade do suporte, mas a transcende e aborda questões mais amplas, relativas às transformações do espaço e do tempo. Deparamo-nos, em sua prática, com a tensão entre forma e matéria, explicitada na disjunção entre o visível e o tátil. Aquilo que vemos não é o que tocamos, assim como o que se toca não é o que se vê. A partir do início dos anos 2000, o artista começou a realizar pinturas sobre superfícies espelhadas que, nas palavras do curador Paulo Venâncio Filho, “colocam nossa presença dentro delas”. Não raro, Carvalhosa realizou instalações em que, além de técnicas usuais, faz uso de materiais como tecidos e lâmpadas.

 

Sobre o curador

 

Daniel Rangel é curador, produtor e gestor cultural. Mestre e Doutorando em Poéticas Visuais da Escola de Comunicações e Artes da USP, graduado em comunicação social em Salvador, Bahia. Atualmente é curador geral do Museu de Arte Moderna da Bahia. Foi diretor-artístico e curador do Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo) em São Paulo (2011-16), diretor de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, da Secretaria de Cultura do Governo do Estado (2008 a 2011) e atuou como assessor de direção do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) na gestão de Solange Farkas (2007-08). Em curadoria, dentre os principais projetos realizados, destacam-se a mostra REVER_Augusto de Campos, (2016); Ready Made in Brasil (2017); Quiet in the Land (2000), uma parceria entre o Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, o MAM-BA e o Projeto Axé, em Salvador. Desenvolveu projetos curatoriais para a 8ª Bienal de Curitiba, Brasil (2015), a 16ª Bienal de Cerveira, Portugal (2013) e a II Trienal de Luanda, Angola (2010). Realizou ainda curadorias de mostras individuais de importantes artistas brasileiros, como Tunga, Waltercio Caldas, José Resende, Ana Maria Tavares, Carlito Carvalhosa, Eder Santos, Marcos Chaves, Marcelo Silveira, Rodrigo Braga, e Arnaldo Antunes, e com este último recebeu pela mostra “Palavra em Movimento” o prêmio APCA 2015, de Melhor Exposição de Artes Gráficas. É pesquisador associado do Fórum Permanente do IEA-USP.

 

Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério do Turismo/Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens e Fitesa.

 

 

Nova mostra de Isabel Becker

14/jun

 

 

Encontra-se em exibição no Martha Pagy Escritório de Arte, Brasília, DF, a recente série de trabalhos da fotógrafa Isabel Becker. Inspirada no modernismo da arquitetura de Brasília, Isabel Becker inova nessas obras, dessa vez sem empregar o fugaz registro do momento do click instantâneo, que até hoje norteou seu trabalho, para se aventurar em fotografias estudadas, usando a luz e a sombra como tintas.

 

Partindo da luz mais dura, e suas sombras sobre as fachadas da capital, a artista recria desenhos dentro do desenho da obra monumental criada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Os brise-soleils e os cobogós, recursos de ventilação muito usados nessas fachadas, se transformam em ilusões de ótica, bem ao gosto do Optical Art dos anos 70. A influência dos azulejos de Athos Bulcão aparece no formato quadrado dos quadros. Os fragmentos arquitetônicos que protagonizam o trabalho de Isabel Becker foram mapeados com a contribuição da arquiteta candanga Graziela Pires. Foram locais cuidadosamente escolhidos de maneira a transmitir o máximo da força e dos conceitos da arquitetura local. Com curadoria de Christiane Laclau da Artmotiv essa exposição marca um novo momento de Isabel Becker.

 

Sobre o espaço

 

Martha Pagy Escritório de Arte representa e agencia artistas de gerações e linguagens diversas, acompanhando o desenvolvimento de suas carreiras e produção para a inserção de seus trabalhos no mercado da arte contemporânea. Com a proposta de criar um espaço que permita ao espectador um contato mais exclusivo e intimista com a arte, Martha Pagy trouxe a galeria para sua casa, em 2013, apresentando as obras num ambiente e cenário propícios à fruição e à reflexão, e incentivando o colecionismo. De 2007 a 2012 dirigiu a galeria Largo das Artes, Centro Histórico do Rio, onde realizou exposições de arte contemporânea com nomes do Brasil e do exterior, e promoveu o lançamento de jovens talentos na cena artística brasileira. Foi uma das responsáveis pela formulação do perfil de atuação do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, na função de diretora de programação e patrimônio, desde sua inauguração, em 1989, até 2003.

 

Até 23 de agosto.

 

 

MAC Paraná, Clube de Colecionadores do museu

 

 

O Museu de Arte Contemporânea do Paraná exibe até 31 de julho a exposição “Insólitos”. Com a curadoria de Pollyanna Quintella, a exposição, aborda o incomum, o anormal, o que não é habitual, o infrequente e o raro na visão de cinco artistas convidados: Daniel Acosta, Mano Penalva, Maya Weishof, Tony Camargo e Washington Silvera e outros artistas importantes do acervo do MAC Paraná. Junto aos cinco artistas convidados, encontram-se em exposição importantes obras históricas de António Manuel, Cybele Varela, Henrique Fuhro, Pietrina Checcacci, Vera Chaves Barcellos, Solange Escosteguy e Ubi Bava, produzidas nos anos 1960 e 1970 e que fazem parte do acervo do MAC Paraná. Artes que trazem produções revolucionárias e um grande papel de experimentação no campo artístico em uma época de luta sociopolítica.
O MAC está funcionando atualmente nas salas 8 e 9 no Museu Oscar Niemeyer. “Insólitos” fica em exibição até 31 de julho.

 

Clube de Colecionadores

 

Além de dar continuidade ao projeto de remixar obras do acervo do MAC Paraná com artistas convidados, “Insólitos” traz em si uma potente novidade: os artistas convidados nesta exposição inauguram o Clube de Colecionadores do MAC Paraná, que visa incentivar o colecionismo de arte contemporânea e a arrecadação de fundos para novas aquisições de obras que serão, futuramente, incorporadas ao acervo da instituição. Essa é a primeira ação da Associação de Amigos do MAC (AAMAC), uma organização sem fins lucrativos criada exclusivamente para arrecadar fundos para a preservação do acervo do MAC Paraná.

Historicamente, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná é um espaço de fomento e preservação da arte produzida no Brasil desde a década de 1940. Para Ana Rocha, diretora do museu, “o Clube de Colecionadores reforça ainda mais profundamente essa vocação do museu e fortalece a preservação da memória artística contemporânea que é salvaguardada aqui”.

 

Sobre as obras

 

As obras evidenciam uma visão de outro ponto de vista, a tradução do invisível, a interpretação fora do padrão e da obviedade daquilo que a imagem e um objeto representam. O artista baiano Mano Penalva utiliza a dualidade de significados por meio de obras feitas em materiais e utensílios presentes nos mercados populares, nos afazeres domésticos e na vida cotidiana. Entre elas, a intitulada “Namoradeira,Tramas”, exemplifica esse olhar além do óbvio. “As duas cadeiras unidas por uma única faixa de nylon representam o encontro dos corpos frente a frente”, explica ele. A visão do oposto também é traduzida pelo artista Washington Silvera, que exibe nas esculturas a linguagem surrealista e a poética hercúlea. Em sua obra “Luva e Espelho”, ele revela o reflexo, a dualidade entre o leve e o pesado da luva e a direita e a esquerda das mãos. Já a artista curitibana Maya Weishof, com o fascínio por imagens antigas, traz em suas pinturas a adaptação para a atualidade com traçados coloridos, delirantes, deformados e inusitados. Em “Noite Estrelada”, a artista debruça-se sobre a releitura do corpo da mulher, e relata que traz “erotismo e humor para uma imagem a princípio asséptica”. Nas “Fotoplanopinturas” do artista paranaense Tony Camargo, há a captura através de luz e movimento, a marcação de um momento performático por meio da fotografia e sua passagem para o suporte tridimensional. Para ele, busca nesses trabalhos “reencarnar” vistas. “Talvez o sentido desses objetos, como arte, está na vontade de recombinar compactando imagens ou lugares narrativos”, explica. O escultor gaúcho Daniel Acosta também visa dinamismo. Na mistura de arquitetura e design, trabalha com cores vibrantes, inspirado na arte oriental e traçando linhas em objetos. Segundo ele, “…nos trabalhos a sobreposição dos elementos ornamentais sintéticos, que cruzam da direita para a esquerda e vice-versa, criam um dinamismo por contraposição”.

 

Obras inéditas de Antonio Asis no Brasil

13/jun

 

 

A Galeria Simões de Assis, em seu módulo de Curitiba, PR, apresenta uma seleta de obras do artista argentino Antonio Asis. A exposição obedece ao título geral de “Antonio Asis: Partículas Mentais – Obras de 1960 a 2019″.

 

Texto de Matthieu Poirier

 

Esta primeira exposição de Antonio Asis (Buenos Aires, 1932 – Paris, 2019) no Brasil reúne um conjunto de importantes obras de seu espólio. Ela pretende mostrar, ao longo de uma trajetória de quase 60 anos, a singularidade de um dos inventores e personagens essenciais da arte óptica e cinética. Durante a primeira metade dos anos 1950, Asis teve sua formação na Escuela de Bellas Artes de Buenos Aires – como seu compatriota Julio Le Parc – onde foi iniciado na arte geométrica do Construtivismo e da Bauhaus, bem como na lógica perceptiva da teoria da Gestalt por Héctor Cartier. Este também o introduziu à arte cinética, cuja aparição se deu na exposição “Le Mouvement” (O Movimento), em 1955, na Galeria Denise René em Paris, o que levou Asis a se estabelecer nessa capital em 1956, no coração de sua efervescência estética. Foi-lhe necessário reformar a abstração do pós-guerra, ainda tributária de valores e padrões de composição ultrapassados. Desse modo, ele explorou, durante certo tempo, o gesto circular “livre” e natural da mão, projeções luminosas e gráficas, mas também a geometria colorida de Albers. Isso o levou a criar, entre 1956 e 1960, um sistema estético singular, que excluiu peremptoriamente a pintura de cavalete. Afastou-se, assim, da aura da tela têxtil, esticada no chassis, privilegiando suportes deliberadamente modestos, como o papel, a cartolina ou, por vezes, a madeira, mais adaptados à elevada precisão do traço do compasso e do tira-linhas – privilégio de arquitetos e designers gráficos – assim como aos matizes lisos, planos e regulares da superfície pictórica. Asis usa as boas formas da Gestalt (o círculo e o quadrado) como ponto de partida. Traduz intuitivamente a concepção moderna da realidade micro e macroscópica como um continuum vibrante de partículas, um sfumato atmosférico. A energia dessas partículas pintadas, minúsculos elementos que formam a camada pictórica, desdobra-se não tanto no suporte inerte, mas na mente do espectador, nos recônditos de seu cérebro. A forma geométrica rigorosa, multiplicada e potencializada em uma miríade de signos, desintegra-se ali mesmo, in vivo, num fenômeno vibrante e instável. O conjunto da obra de Asis é, assim, constituído por séries contendo combinações matemáticas potencialmente infinitas, cada obra distinguindo-se por sua estrutura, ou seu “código”, absolutamente únicos, e pelos seus micro-acidentes pictóricos (transbordamentos, empastamentos, marcas do ateliê e outras rebarbas) detectáveis a olho nu. À luz da teoria da informação e da ciência cognitiva, sua linguagem reúne a frontalidade de Mondrian e as “grades ébrias” de Moholy-Nagy. Essa lógica da tremulação emerge em Asis de arranjos mais mecânico. Porém, como sempre, o diabo mora nos detalhes: é se aproximando de cada elemento, distinguindo os múltiplos pequenos acidentes e irregularidades no traçado dos contornos e na aplicação da cor com a ajuda de finíssimos pincéis, que a ação sempre manual do artista aparece. Essa recusa da expressividade (das paixões, que tradicionalmente se liga à policromia), bem como a adoção de uma combinatória que rege a forma, são então associadas à arte programmata, teorizada em 1962 por Umberto Eco, e encontram suas fontes em Jean Arp e Sophie Tauber-Arp. Até sua morte, em 2019, Asis aplicou esse método com excepcional constância, até formar o que aparenta ser – após cerca de sete décadas e com exceção de um punhado de múltiplos – uma imensa mandala budista: diagramas geométricos feitos por monges tibetanos com areia de várias cores diretamente no chão. Na era da serigrafia e da reprodutibilidade mecânica, então adotada por Vasarely ou mesmo Warhol, Asis optou, portanto, pela ação manual, apenas com leve emprego de ferramentas, e, assim, antimoderna. Porém, a história agora lhe dá razão: as primeiras produções dessa gigantesca e sistemática palheta de cores, já desde 1958, foram pintadas em rigorosos matizes lisos, planos, em quadrados ou discos. Elas prefiguram certos capítulos da pintura conceitual e pós-conceitual que viriam mais tarde: por um lado, as pinturas da série Farben de Gerhard Richter (a partir de 1972) e, por outro lado, as Spot Paintings de Damien Hirst (a partir de 1986). Considerando as mundanidades do mercado incompatíveis com a concentração monástica exigida pela sua arte, Asis exerce incansavelmente sua prática no refúgio de seu ateliê parisiense. A esse respeito, a atual organização de um catálogo raisonné, de um comitê científico e da reestruturação do seu espólio e dos seus arquivos, em articulação com várias instituições museológicas, convidam hoje a uma melhor compreensão de sua obra, da qual o próprio artista, com grande modéstia, mas também escaldado pelos anos de esquecimento que a arte cinética conheceu, não quis participar. O exame da obra, tanto na sua totalidade como no detalhe, leva-nos a pensar que a verdadeira singularidade de Asis foi mal compreendida: ele foi também um proponente da arte programada e um precursor da arte conceitual, na medida em que parte da sua prática foi tecida em paralelo à teoria da informação – que se tornaria a “informática”, na qual os dados digitais são exibidos no plano, em grade, de acordo com abcissas e ordenadas, a fim de serem mais bem integrados pelo sujeito. Da mesma forma, ele foi, como Bridget Riley ainda é, um defensor da policromia pictórica, um herdeiro das nuvens neoimpressionistas de Seurat, das teorias das cores de Chevreul e dos “contrastes simultâneos” de cores teorizados pelo casal Delaunay. Asis criou, simultaneamente, “pinturas” autênticas e fenômenos em si. Elas não têm a finalidade de ajudar a apreender melhor o objeto visto; ao contrário, ao recusar a percepção “plena”, jogam contra o olho e não a favor dele. Assim, os padrões de círculos concêntricos – alvos -, sozinhos ou às vezes dispostos em uma grade, abundantes na arte perceptiva de Asis, são tanto visuais quanto antivisuais. Em Interférences (Interferências), por exemplo, anéis concêntricos se sobrepõem como as ondas produzidas por gotas de chuva caindo em uma superfície de água. Mas não nos enganemos, de uma obra a outra, de uma nuvem a uma constelação, de um tabuleiro de xadrez a essa forma-chave aparentemente simples, composta de finos círculos coloridos e concêntricos, e que o artista realizou de 1968 até sua morte: foi o próprio olho que se tornou o alvo.

 

Até 23 de julho.

 

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