As inúmeras variações contidas entre o oculto e o visível envolvem a temática da primeira individual do premiado fotógrafo Vicente de Mello no Museu Nacional de Belas Artes/Ibram, até 16 de jabeiro de 2026. O evento marca a reabertura da Galeria de Moldagens 2 ao público (somente este espaço, e em horário de visitação reduzido).
Na exposição Breu, o público vai ter contato com fotografias capturadas na icônica Galeria do Museu e que ficarão ao lado de moldagens recém-restauradas, propiciando um diálogo entre as obras. Estas imagens foram editadas ou passaram por tratamento digital, resultando no curioso aspecto final de “imagem em negativo”. O artista apresenta 8 fotografias e se inspira na ideia da velatura de monumentos e estatutárias, que são um “efeito ótico” recorrente na história da arte, como uma ação desestruturante das formas originais.
Partindo desta premissa, as imagens produzidas pelo artista convidam à imaginação: o envelopamento das moldagens confere “uma nova percepção e aparência ao objeto, envolvendo efeito fantasmático e sedutor, de certa aparência etérea e irreal”, como aponta o curador da mostra, Aldones Nino.
A simbologia das esculturas e a interferência efêmera provocada por Vicente de Mello oferecem ressignificações desses elementos, como ideia de desaparecimento e invisibilidade. Em outra leitura, os registros feitos pelo artista das esculturas veladas da Galeria de Moldagens 2 por tecidos protetores, antes da reabertura da Galeria de Moldagens, ampliam o sentido do primoroso trabalho de restauração de obras icônicas da galeria à arte e também o da representação.
Com a exposição de Vicente de Mello, o MNBA passa a abrir parcialmente ao público, porém em horários reduzidos, lembrando que a Instituição estava fechada para obras de requalificação de seus espaços desde março de 2020. A exibição faz parte da série de eventos intitulados “Um olhar pela fechadura”, visando preparar o terreno para a devolução total do Museu ao público, no final de 2026. A mostra “Breu” conta com patrocínio do banco Itaú através da Lei de Incentivo à Cultura.
Sobre o artista.
Vicente de Mello Vicente de Mello, nasceu em 1967, é uma voz central na fotografia brasileira contemporânea, contando com reconhecimento internacional. Desde 1992, ele constrói um universo visual lúdico que desmonta e reconfigura, transitando da topografia imaginada para a metafísica da luz. Apresentou em 2006 a mostra moiré.galáctica.bestiário/ Vicente de Mello – Photographies 1995-2006, no Oi Futuro, RJ e na MEP-Maison Européenne de la Photographie, Paris, França. Em sua vasta trajetória destacam-se as séries: Topografia Imaginária, Moiré, Vermelhos Telúricos, Galáctica, Lapidus, Silent City, Brasília utopia lírica, Monolux e Limite Oblíquo. As exposições individuais recentes foram: Encanto, curadoria Aldones Nino e Yago Toscano (Casa del Concejo/ Mirador del Adaja, Arévalo, Espanha, Monolux, curadoria de Eucanãa Ferraz (MAM RJ, SESC Niterói, e Toda Noite, panorama de 30 anos de sua obra, com curadoria de Marilia Panitz e Aldones Nino (Farol Santander, Porto Alegre, CCJF, RJ. Na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2007, foi laureado com o prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – de Melhor Exposição de Fotografia do Ano. Com a instalação Ultramarino foi laureado com o Prêmio Centro Cultural Banco do Brasil Contemporâneo, em 2015. Sua obra ganhou livros como Áspera Imagem, editado pela Aeroplano e Parallaxis, da Editora Cosac Naify. Trabalhos de Vicente de Mello integram acervos de instituições como: Coleção Gilberto Chateaubriand – MAM/RJ; Coleção Joaquim Paiva, RJ; Fondation Cartier pour l´art contemporain, Paris; Itaú Cultural/SP; Maison Européenne de la Photographie, Paris; MASP/SP – Coleção Pirelli; MAR/RJ; MAM/Brasília, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SESC 24 de Maio/SP; The Museum of Fine Arts, Houston, entre outros.