Tulio Dek na TNT Arte Galeria

22/dez

O multiartista – pintor, escultor, poeta, compositor e músico – faz sua primeira individual. Em setembro, fez uma residência artística de um mês em Lisboa, que resultou em uma exposição na capital portuguesa.

 

 

A TNT Arte Galeria, São Conrado, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Reflexo”, com trabalhos inéditos de Tulio Dek, artista nascido em 1985, em Goiânia, e radicado no Rio de Janeiro. Com curadoria de Marco Antonio Teobaldo, exibe doze pinturas, e três esculturas da série “Reflexo”, em que centenas de cápsulas de munição compõem as formas de duas mulheres e um torso de uma menina.

 

 

 
Em setembro último, Tulio Dek participou durante um mês de uma residência artística no Thomaz Hipólito Studio, em Marvila, Lisboa, que resultou em uma exposição no mesmo local. Agora em dezembro, obras suas integrarão uma mostra coletiva na Square One Contemporary Art Agency, na capital portuguesa, com curadoria de Rui Afonso Santos, do Museu de Arte Contemporânea do Chiado, que também fará a curadoria da individual do artista programada para o primeiro trimestre de 2019, na Square One Contemporary Art Agency.

 

 
Em janeiro, Tulio Dek fará uma grande intervenção no Memorial Vargas, no Rio, onde usará como suporte para suas pinturas tecidos com padronagem alusiva ao pijama usado por Getúlio (1882-1954). Esses tecidos estarão suspensos ao longo do percurso circular da exposição, de modo a que o público caminhe em meio a eles.

 
A poesia e os desenhos estão presentes na vida de Tulio Dek desde menino, e ele sempre está acompanhado de um caderno de anotações, mesmo durante suas viagens, onde registra suas ideias ou observações sobre o que passa a sua volta. Desde 2012, voltou seu processo criativo para o desenho e para a pintura, sem abandonar seus textos. De 2015 a 2017 morou na Itália, onde dividiu um ateliê com um escultor ligado à Academia de Arte de Florença (Florence Academy of Art). “Meu processo de criação é muito solto, e não acredito na perfeição. O que me interessa é o processo em si e o que eu quero dizer. Não me identifico com a formação acadêmica, onde se exige uma perfeição de formas e acabamento que não tem a ver comigo. Eles ensinam um realismo que não me interessava. Mas como eu queria dominar o uso do bronze, não tinha como fugir, e era obrigado a aprender a técnica para chegar onde eu queria. Passei então a aprender vendo o escultor trabalhar no ateliê. Choquei uma professora da Academia que viu um busto de Beethoven que fiz e rabisquei todo depois. Adoro a Itália, mas depois de dois anos vi que meu tempo ali tinha acabado”, conta.

 
Marco Antonio Teobaldo, que acompanha o artista há seis meses, destaca que Tulio Dek usa seus cadernos de anotações “como reservatórios de ideias”, e que o artista “tem um caminho muito próprio”. “Foi muito precoce como poeta, e tanto na música como na pintura e escultura ele consegue provocar e traduzir muitas inquietações comuns a todos. É a mesma poética com formas distintas”, diz. “A poesia é o que move seu trabalho. A partir dela, ele vai desenvolvendo outras formas de criação”. O curador assinala também o processo solitário de criação de Dek. “Ele trabalha sozinho, sem ninguém por perto. Quando começa uma pintura, só vai parar quando terminar. É muito intenso”.

 

 

 

A cabeça na pintura, e sua ausência na escultura

 

 

O curador chama a atenção para o fato de que na exposição a figura de uma cabeça está muito presente nas pinturas. Já nas duas esculturas os corpos cobertos por cápsulas de armas de fogo estão sem cabeça. “É como se a pessoa ali ficasse impedida de sua ação, sua vontade própria, e se tornasse apenas um alvo. Ela está integralmente alvejada. É um corpo sujeito à violência em sua totalidade, nada escapa. Não há um centímetro que não tenha sido alvo ou vítima da violência”. Nas pinturas, a cabeça, às vezes somente insinuada ou rabiscada, é um elemento de fala, de pensamento, ativo.

 
Marco Antonio Teobaldo observa que Tulio Dek não gosta “de se expor”. “Mesmo suas performances são anônimas. Ele é muito generoso e despojado”, diz.

 
Sobre isso, Tulio Dek comenta que a rotina de shows, intensa em sua vida dos dezessete aos 27 anos não o interessava mais. Ele se voltou então para seus desenhos e escritos. Sua pulsão para a pintura foi algo natural, e ali passou a trabalhar suas inquietações. “A música continua presente, mas ocasionalmente, e apenas no ato de compor. Minha dedicação é total à produção das telas e esculturas”, afirma.

 

 

Até 13 de janeiro de 2019.

Caetano Dias no México

20/dez

O questionamento da nossa realidade, cada vez mais complexa, e o papel da própria arte dentro dessa realidade, colocando questões básicas sobre a nossa existência e o nosso lugar no mundo atual, onde a arte não faz afirmações, faz perguntas, em trabalhos com vídeo, pintura, obras tridimensionais, instalação multimídia, fotografia digital, performance, refletindo as relações entre corpo e identidade, memória e pertencimento, levando a discussão sobre ideias e poéticas, são alguns dos principais eixos da arte de Caetano Dias.

 

Uma das vertentes deste trabalho em fotografias e vídeos está em exposição na cidade de San Cristóbal de Las Casas, no extremo sul do México, fronteira com a Guatemala, no estado de Chiapas, México, como integrante da programação do XVII Festival Tragameluz, com curadoria de Luciana Accioly. O artista é exclusivo da galeria Paulo Darzé, Salvador, Bahia.

 

 

Sobre o artista

 

Caetano Dias é considerado pela crítica nacional como um dos mais importantes artistas surgidos ultimamente na Bahia. Nasceu em Feira de Santana, Bahia, em 1959. Vive e mora em Salvador, Bahia. Começou a expor individualmente a partir de 1989. Participou de exposições importantes representando a Bahia e o Brasil, como XVIII Festival de La Peinture (França), The Brazilian Northeast Festival Contemporary Art (Portugal), Feira Internacional de Arte (Estados Unidos). Entre suas individuais fora do Brasil temos: Nova York (Neuhoff Galery), Paris (Galerie Vivendi), Havana (Casa das Américas). Sua obra foi premiada no 16º Festival de Arte Contemporânea Sesc/Videobrasil (2007) com residência no Le Fresnoy, em Tourcoing, França.

Quatro no Museu da República

A Galeria do Lago, Museu da República, Catete, Rio de Janeiro, RJ, encerra o ano com a abertura de “Quimera”, mostra que reúne três gerações com quatro artistas e curadoria compartilhada de Isabel Sanson Portella com Ricardo Kugelmas, curador do espaço Auroras em São Paulo. Ana Prata, Bruno Dunley, Veío  e Liuba Wolf são os artistas que expõem suas pinturas, esculturas e desenhos. Trata-se, primeiramente, de um diálogo de gerações onde a exaltação imaginativa em diferentes técnicas aparece como destaque. A Quimera mitológica, símbolo complexo de criações imaginárias do inconsciente, representa a força devastadora dos desejos frustrados, dos sonhos que não se realizam, da utopia e fantasias incongruentes. Monstros fabulosos alimentam, desde sempre, a imaginação do homem com devaneios necessários à expansão da alma.

 

“O diálogo que se estabelece entre os quatro artistas resulta numa mostra de identidades e poéticas que se aproximam enquanto falam de desejos e expectativas. Embora as práticas sejam distintas existe a mesma procura pela excelência, pela abstração e simplicidade das formas. A eles interessa o prazer criativo, a “brincadeira séria” e a liberdade de sonhar”, avalia a curadora, Isabel Sanson Portella, que também é diretora da Galeria do Lago.

 

 

Sobre os artistas

 

Liuba Wolf

 

Inserida na tradição da escultura moderna desde os anos 1950, é considerada uma das pioneiras entre as artistas mulheres que se dedicaram à arte de esculpir. Inicialmente figurativa, a artista passou, a partir dos anos 1960, por uma significativa mudança formal que a levou à “quase abstração”, tendo a figura do animal como referência. Suas obras, como a própria artista afirma, vêm do inconsciente e são uma “simbiose entre vegetal e animal.” A força e beleza de seus trabalhos inspirou, certamente, toda uma geração de artistas que se seguiu.

 

Véio

 

Artista sergipano dos mais destacados na arte popular brasileira, utiliza a madeira para representar o seu olhar crítico sobre o homem e a vida no sertão nordestino. Transforma restos de troncos da beira do rio, em esculturas coloridas, seres imaginários e personagens místicos que surgem das histórias de assombração ouvidas na infância. O universo de Véio, autodidata e muito enraizado em sua terra natal, é povoado pela tradição popular que o faz perceber o poder da transformação e da luta pela forma pura.

 

Ana Prata

 

A artista entende a pintura como meio de experimentação e linguagem. Seus trabalhos apresentados em Quimera trazem algumas propostas bastante significativas nesse diálogo de gerações e lugares de fala. A procura pela liberdade, o prazer criativo e a imaginação são pontos em comum nos quatro artistas selecionados. Para Ana Prata é importante variar, criar sempre algo novo para que outros sentimentos aflorem. Sua obra está aberta a novas propostas e respostas. E é sempre no olhar do expectador que a narrativa se completará.

 

Bruno Dunley

 

Sua prática é voltada para a abstração gestual, sem, entretanto, perder o foco na representação dos objetos. Para ele existe uma mudança fundamental na função da imagem que deixa de ser forma única de apresentação de uma ideia. As cores utilizadas, delicadas mesmo quando as imagens são violentas, aparecem ora em manchas, ora como fundo para os desenhos. Quase sempre há uma cor predominante, pastel seco aplicado com vigor além de traços em carvão. Bruno não procura a beleza perfeita e absoluta, mas cada vez mais pensa em uma beleza possível, direta. Algo que faça o espectador apurar o olhar e criar sua própria experiência sensorial.

 

 

Até 24 de fevereiro de 2019.

Galeria Aberta Amílcar de Castro

19/dez

 

A Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, dando sequência à série de inaugurações de 2018, apresentou ao público da capital mineira, a nova Galeria Aberta Amílcar de Castro. O espaço, localizado entre as galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta no Palácio das Artes, abriga a exposição “Corte”, uma mostra de média duração que reúne esculturas em diferentes tamanhos de um dos principais expoentes do neoconcretismo brasileiro: Amílcar de Castro.

 
A inauguração da Galeria Aberta Amílcar de Castro reforça a diretriz da FCS em valorizar a arte produzida em Minas Gerais durante a atual gestão (2015-2018). Neste ano, inclusive, toda a programação artística da instituição foi norteada por diferentes manifestos, dialogando diretamente com o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, que completa 90 anos em 2018. E em junho de 2019, inicia-se a comemoração do centenário de nascimento e Amílcar de Castro, um dos signatários do Manifesto Neoconcreto.

 
De acordo com Augusto Nunes-Filho, apresentar ao público um novo espaço expositivo no Palácio das Artes é, ao mesmo tempo, um reconhecimento do legado do artista e um olhar mais demorado sobre a produção artística em diferentes suportes, como a escultura. “Amílcar de Castro tem papel importante no cenário artístico brasileiro gozando também, há muito, de reconhecimento internacional. Por ser um escultor de mão cheia, foi justa essa vertente escolhida pela Fundação Clóvis Salgado para lhe prestar merecida homenagem com a nomeação do mais recente espaço expositivo do Palácio das Artes, a Galeria Aberta Amílcar de Castro”, destaca o presidente.

 
“CORTE” traça uma linha do tempo na história da produção de Amílcar de Castro ao reunir esculturas produzidas em diferentes momentos da carreira do artista. Vindas diretamente do Instituto Amílcar de Castro, em Nova Lima, as obras representam trabalhos em grande e pequena escala, exemplificando a visão que o escultor tinha sobre dimensionalidades, percepções espaciais e manipulação do ferro.

 

 

Amílcar ao ar livre

 
Para Ana de Castro, diretora do Instituto Amílcar de Castro, a exposição é uma grande homenagem ao escultor e uma lembrança daquilo que mais inspirava o trabalho de Amílcar. “Ao explorar com grande intensidade espaços abertos do Palácio das Artes e nomear este espaço de Galeria Aberta Amílcar de Castro, a Fundação Clóvis Salgado faz referência instantânea ao passado do escultor e cria um lugar onde a percepção se exerce mesclando elementos concretos e orgânicos. A prática sensível conduz a vivências de grande apelo visual”.

 
Um dos destaques do acervo é a obra “Estrela”, uma escultura em ferro, inspirada em um trabalho anterior de Amílcar de Castro, que concedeu ao artista seu primeiro prêmio. Datada do início dos anos 2000, a obra mescla a força do ferro com a sutileza e a precisão dos cortes característicos do escultor mineiro. Ao contrário das outras obras, a peça ficará exposta no Hall de entrada do Palácio das Artes.

 

 

As demais esculturas que integram a exposição “CORTE” são obras que perpassam as décadas de 1950 a 1990. Com dimensões variadas, algumas chegando a medir pouco mais de 30cm. Já outras esculturas chegam aos 2m de comprimento e pesam mais de 5 toneladas.
“CORTE é uma seleção de obras que reúne um amplo e significativo acervo do trabalho de Amílcar. É, também, uma homenagem à trajetória do artista que, aluno da Escola Guignard, observava e se inspirava na paisagem do Parque Municipal. Com essa galeria, celebramos o passado do escultor ao mesmo tempo em que reverenciamos a mistura do concreto, no caso, as esculturas de Amílcar, com a leveza de um espaço aberto, de livre circulação e conectado ao parque”, destaca Augusto Nunes-Filho.

 

 
Até 27 de junho de 2019.

Siron Franco em BH

A Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, apresenta a exposição do pintor, desenhista e escultor Siron Franco. Suas obras estão presentes nos mais importantes museus do Brasil, como MNBA (Rio de Janeiro), MON (Curitiba), MASP (São Paulo) e MAC (São Paulo), e a exposição, que tem curadoria de Augusto Nunes-Filho, traz à Galeria Arlinda Corrêa Lima do Palácio das Artes 36 quadros do artista.

 

O trabalho de Siron Franco faz uso de uma paleta de cor escura e flerta com o realismo fantástico, representando imagens irreais na pintura. Com um olhar sutil sobre o cotidiano, o artista retrata situações de violência, por meio de figuras quase monstruosas, mesclando humanos e animais. Seu trabalho usa manchas de tinta, uma característica típica dos artistas da época, mas sua obra não chega a ser classificada como abstrata, já que, segundo o próprio Siron, lida com imagens, sejam elas humanas ou não.

 

As obras fazem parte, principalmente, de coleções particulares e a exposição conta, entre outras, com o díptico “Metamorfose” (1979), uma das séries mais famosas do artista, bem como “Sorriso” (1975) e “Espelho” (1975) da série “Fábulas do Horror”. Segundo o curador, “Destacar as obras de Siron Franco é parte do atual programa da Fundação Clóvis Salgado que abre espaço para artistas de todo o Brasil. Com grande satisfação realizamos esse trabalho, que dá acesso à população a obras de grande reconhecimento nacional e internacional, até então inéditas na cidade”, comemora Nunes-Filho.

 

Expondo individualmente pela primeira vez no Palácio das Artes, Siron Franco possui uma admiração especial pelos artistas mineiros. “Minas Gerais é um berço muito instigante da cultura brasileira, na sua música, teatro, artes plásticas e dança, por isso me sinto muito honrado em ocupar uma galeria do Palácio das Artes”, conta. Para o artista, a curadoria é uma oportunidade de revisitar um pouco do seu trabalho. “Todas são obras muito importantes da minha carreira e tenho muito carinho por elas, por isso agradeço muito a oportunidade de expor essa fase do meu trabalho que muita gente ainda não conhece”, comenta.

 

 

Sobre o artista

 

Gessiron Alves Franco, mais conhecido como Siron Franco, nasceu em Goiás, em 1947). Artista plástico brasileiro cuja obra é reconhecida no Brasil e no exterior. Como pintor, alcançou notável reconhecimento em sua participação na 12ª Bienal Nacional de São Paulo (1974). Passou sua infância e adolescência em Goiânia, tendo sua primeira orientação de pintura com D.J. Oliveira e Cleber Gouveia. Começou a ganhar a vida fazendo e vendendo retratos. A partir de 1965, decidiu concentrar-se no desenho. Residiu em São Paulo, frequentando os ateliês de Bernardo Cid e Walter Levi, e integrando o grupo que fez a exposição “Surrealismo e Arte Fantástica, na Galeria Seta”. Muito ligado às questões sociais, o artista realizou uma série de obras sobre o acidente com o Césio 137, elemento radioativo que causaria grandes danos de saúde a várias famílias de Goiânia. Os povos indígenas foram tema de um memorial feito por Siron Franco, em respeito e homenagem ao contínuo massacre dessas populações. A devastação da natureza também é um de seus temas, denunciando a caça e a matança de animais.

 

 

Até 10 de fevereiro de 2019.

Tons de brancos no Paço Imperial

18/dez

O carioca Ronaldo do Rego Macedo mostra 40 trabalhos inéditos em óleo sobre tela e sobre papel na individual, intitulada “Fissão)(Tectônica”, um segmento de sua produção dos anos 2010, que ocupa três salas do Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, sob curadoria de Sonia Salcedo Del Castillo. Ronaldo do Rego Macedo é um pintor que não faz concessões no conceito nem na feitura de seus trabalhos.

 

A pintura abstrata recente do artista, professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, é a continuidade de uma pesquisa de décadas, em que a cor constitui pura presença física. Cores vibrantes, criadas por Ronaldo são “soterradas” por camadas muito espessas de tinta a óleo de tons de branco, aplicadas com pincel, trincha, vassoura ou a mão diretamente. Nas telas grandes e pequenas, há vestígios de vermelhos, azuis e roxos implacavelmente cobertas pelos brancos, nos quais a marca das “pinceladas” se faz evidente.

 

“Estou sempre girando em torno do tema da invisibilidade, do silêncio, do vazio. Sempre há algo que nunca se revela inteiramente, fica à sombra (…). A pintura vem para a frente, ela quer nos abraçar, mas há alguma coisa que chama atenção para o que é fluido e recessivo. O título, quando aparece inscrito na pintura, (…) é, muitas vezes, é um signo vazio, que nada significa, ainda bem. E que tem sempre um apagamento, que contradiz essa presença da área pintada”, entrega Rego Macedo.

 

Sobre o apagamento a que o artista se refere, a curadora Sonia Salcedo Del Castillo descreve no texto de apresentação: (…) o vigor impresso à fatura de suas telas resulta em espaço e presença pulsantes. Há nela tal frescor que, por vezes, parece sugerir sabor à sua pintura.”

 

 
Sobre o artista

 

Ronaldo do Rego Macedo nasceu no Rio de Janeiro, em 1950. Fez sua primeira individual aos 23 anos no Rio, à qual se seguiram outras 12 em capitais brasileiras. Desde os 19 anos participa de coletivas no Brasil e em cidades como Montevidéo, Buenos Aires, Cidade do México, Toronto, Pully (Suíça), Viena e Linz (Áustria), Paris, Bruxelas, Cairo, Rabat e Tóquio. O artista esteve nas edições da Bienal Internacional de São Paulo de 1973 e de 1987, quando ganhou Sala Especial, e no Salão Nacional de Arte Moderna de 1972 e 1973. Sua pintura está nas coleções de Gilberto Chateaubriand, João Sattamini, Giovanni Bianco, Antonio Cicero, Brenda Valansi, Lauro Jardim, Marcel Telles (Ambev), e nos acervos do MAM Rio e do Museu Nacional de Belas Artes (RJ). Teve como mestre o pintor Aluisio Carvão, com quem estudou três anos no MAM Rio. Foi ainda aluno de Lygia Pape e Cildo Meireles também no MAM Rio.

 

 

Até 17 de fevereiro.

Pinturas de Lucia Laguna no MASP

14/dez

Entra em exibição noMASP, Paulista, São Paulo, SP, exposição individual de pinturas de Lucia Laguna. A paisagem é o ponto de partida para as pinturas da  artista nascida em 1941, em Campos dos Goytacazes, RJ. Atualmente Lucia Laguna vive no Rio de Janeiro. Dos arredores de seu ateliê, no bairro de São Francisco Xavier, subúrbio do Rio de Janeiro, a artista extrai o vocabulário de formas, de cores e de imagens que vão compor suas pinturas. Laguna passou a dedicar-se à pintura depois de se aposentar como professora de literatura portuguesa e latina, e frequentar os cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, nos anos 1990. A artista buscou na janela de sua casa-ateliê – com vista para o morro da Mangueira – a paisagem, os modos de construção e a arquitetura do subúrbio para definir sua maneira de pintar.

 
Esta exposição reúne 21 obras da produção recente da artista realizadas entre 2012 e 2018, e dos três principais temas trabalhados por ela: Jardins, Paisagens e Estúdios. Parte desta mostra é composta pelas “Paisagens” que Lucia Laguna realizou tendo como tema bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro. Com essas obras, a artista propõe outro imaginário do subúrbio carioca, incorporando sua experiência e memória. Nesta série, a artista expande sua “vizinhança” para o espaço do museu: em uma tela realizada especialmente para esta mostra – Paisagem nº114 (MASP) (2018) -, a artista absorve os objetos de seu ateliê, as plantas do jardim de sua residência, elementos arquitetônicos do edifício do MASP e das obras da coleção do museu.

 

Ao visitar o ateliê de Lucia Laguna percebe-se uma extensa lista de artistas fixada em uma das paredes, na qual constam nomes canônicos da história da arte ocidental, como Paolo Uccello, William Turner, Paul Cézanne, Henri Matisse, Pablo Picasso, mas também artistas contemporâneas como Beatriz Milhazes e Paula Rego. Ao definir esses artistas como sua “família artística” e viver diariamente com essas referências em seu ateliê, Laguna os traz para o convívio com o morro da Mangueira, com o barulho do trem, com os muros de contenção dispostos nos “pés” da favela, com a trepadeira que cresce no jardim e invade o estúdio, com os passarinhos que entram pela janela – enfim, com toda essa simultaneidade de camadas que compõem o subúrbio e a natureza do quadro de Lucia Laguna. A exposição “Lucia Laguna: vizinhança” tem curadoria de Isabella Rjeille, assistente curatorial do MASP.

 

 

Até 10 de março de 2019.

Tratando as diferenças

13/dez

A Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Cabeças” de Antonio Sérgio Moreira, a última de sua programação encerrando o calendário de 2018 sob a curadoria de Marco Antônio Teobaldo.

 

A partir de uma visita do artista à construtora de uma amiga, em 2016, nela encontrou dezenas de capacetes de trabalhadores que seriam descartados, Antonio Sérgio Moreira viu naquele material, separado por diferentes cores de acordo com a função dos operários (seguindo normas da ABNT), um grande potencial para trabalhar algumas idéias sobre e seu papel de resistência no espaço que ocupa no contexto além da sua jornada de trabalho. Rostos foram pintados sobre a superfície de cada um dos 110 capacetes exibidos na instalação “Insólitos construtores”.

 

Outra série, iniciada em 1992, chamada de “Tétes” (cabeças, em francês), são, segundo o artista, “…aminha visão como os afro-ameríndios lêem a si mesmos, e como os outros afros se lêem.” Ele questiona e aponta: “…qual é a face da nossa identidade? As diferentes expressões de cada uma dessas cabeças são na verdade, como podemos ser estranhos um para o outro. A inserção na religiosidade Nagô me fez refletir mais sobre o valor da cabeça num âmbito maior da ancestralidade. O ori (cabeça em Iorubá) é mais importante do que a própria divindade ancestral.”

 

O curador da exposição, Marco Antonio Teobaldo, revela que “…a exposição “Cabeças” será composta por mais de 200 obras, a grande maioria formada por inéditas, dentre objetos, telas e papéis, que tecem uma trama sobre a memória do indivíduo negro e de seus antepassados, no contexto da Diáspora Africana, que é amplificada quando exibida sobre o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos.”

 

O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos – IPN, é o responsável pela preservação do sítio arqueológico da maior necrópole deste gênero, de africanos escravizados das Américas, e tem sido o guardião da memória deste episódio monstruoso na historio do Brasil, no qual, estima-se, mais de 50 mil corpos foram sepultados sem qualquer tipo de ritual fúnebre ou dignidade com os seus restos mortais.

 

 

Até 09 de fevereiro de 2019.

25 anos de trajetória

12/dez

 

 

Livro reúne pesquisa da artista sobre dobras e vincos em diferentes suportes e mídias. Artista visual conceituada, com importante currículo de exposições no Brasil e no exterior, Valéria Costa Pinto reúne em livro 25 anos de sua trajetória na arte contemporânea brasileira. Com tiragem limitada, tradução em inglês e acabamento de luxo, a edição de arte comemorativa reúne a instigante obra da artista com base em esculturas flexíveis nos mais diferentes suportes – papel, tecido, fotografias, persianas –, além de vasto trabalho em vídeo. Um texto inédito de Luiza Interlenghi percorre a obra artística de Valéria, de 1991 até 2016. Textos de renomados críticos brasileiros mergulham em cada fase de sua carreira. O lançamento do livro acontece no dia 18 de dezembro, na Livraria Argumento, no Rio de Janeiro, com a presença da artista.

 

Com 244 páginas coloridas, a edição debruça-se sobre a incansável e minuciosa pesquisa de Valéria sobre dobras, vincos e seus desdobramentos em diferentes suportes e mídias, considerando conceitos sobre continuidade, movimento, tempo e simultaneidade. Além de Luiza Interlenghi, que também responde pela organização do livro, assinam os textos críticos: Paulo Sergio Duarte, Adolfo Montejo Navas, Mauricio Lissovsky, Marcia Mello, Masé Lemos e Denise Carvalho. O livro traz, ainda, uma pequena entrevista com Paulo Herkenfoff e uma poesia inédita de Tunga. A publicação, com a coordenação editorial de Nelson Ricardo Martins, tem o selo da Editora Fase 10 – Ação Contemporânea.

 

Desde sua primeira mostra individual em1991, na Galeria Millan (SP), Valéria Costa Pinto expôs em instituições como Casa França Brasil, Brazilian American Cultural Institute, Washington (EUA), Galeria Debret, Paris (França), Culturgest, Lisboa (Portugal), Centro Cultural da Light (RJ), Paço Imperial (RJ), Caixa Cultural (Brasília), além de diversas galerias de arte. Foi ganhadora do primeiro Prêmio Icatu de Arte e do Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio, Paço Imperial. Atualmente, é representada no Rio de Janeiro pela Galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea e, em São Paulo, pela Galeria Arte Formatto.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em design e pós-graduada em História da Arte e da Arquitetura no Brasil, Valéria vem trabalhando com arte desde 1983. Seu trabalho artístico transita entre a escultura, o objeto, a fotografia, o vídeo e o desenho, misturando os diversos meios. Em 1991 realizou sua primeira exposição individual na Galeria Millan, SP, e, em 1993, no Centro Cultural, SP. No Rio, expôs individualmente na Fundação Casa França Brasil, em 1994, e, no ano seguinte, no Palácio das Artes, BH, e, no Brazilian American Cultural Institute, Washington, EUA. Em 1996 ganhou o primeiro Prêmio Icatu de Arte, indo viver em Paris. Expôs na Galeria Debret, Paris, FR, e na Culturgest, Lisboa, PT. Realizou inúmeras exposições no Rio e em São Paulo, como na Galeria Cândido Mendes, Galeria Silvia Cintra, Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Galeria Tempo, RJ, e na Galeria Rosa Barbosa, SP, e em instituições culturais como Centro Cultural da Light, RJ, Paço Imperial, RJ, e Caixa Cultural, Brasília. Participou de inúmeras exposições coletivas, como no Centro Cultural da Justiça Federal, RJ, Instituto Tomie Ohtake, SP, entre outros. Em 2014 foi uma das vencedoras do Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio, realizando exposição no Paço Imperial, RJ. Atualmente, é representada no Rio de Janeiro pela Galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea e, em São Paulo, pela Galeria Arte Formatto.

 

 

Sinopse

 

O livro de Valéria Costa Pinto aborda sua trajetória artística nos 25 anos de sua carreira, desde 1991 até 2016. Reúne um texto inédito de Luiza Interlenghi abordando todo o período citado e uma compilação de textos de época realizados por diversos autores durante seu percurso: Paulo Sergio Duarte, Adolfo Montejo Navas, Mauricio Lissovsky, Marcia Mello, Masé Lemos, Denise Carvalho, entrevista com Paulo Herkenfoff e uma poesia inédita de Tunga. Com tiragem limitada de 230 exemplares, a publicação tem o selo da Editora Fase 10 – Ação Contemporânea.

 

 

Ficha técnica

 

Livro: Valéria Costa Pinto

Textos: Percursos da dobra – Luiza Interlenghi e coletânea de textos de época de diversos autores
Organização editorial: Luiza Interlenghi

Coordenação editorial: Nelson Ricardo Martins
Tradução: Alexandra Joy Forman, Ben Kohn
Editora Fase 10 – Ação Contemporânea
Tiragem 230 exemplares
Preço: R$ 120
Número de páginas: 244
Ano: 2018

Claudia Andujar no IMS SP

11/dez

A retrospectiva da obra de Claudia Andujar dedicada aos Yanomami, povo indígena ameaçado de extinção, ocupa dois andares do IMS Paulista, São Paulo, SP, com aproximadamente 300 imagens e uma instalação da fotógrafa e ativista, além de livros e documentos sobre a trajetória da tribo em busca de sobrevivência. O conjunto traça um amplo panorama do longo trabalho de Andujar junto aos Yanomami, retomando aspectos pouco conhecidos da luta da fotógrafa pela demarcação de terras indígenas, militância que a levou a unir sua arte à política. A seleção do material exposto é resultado da pesquisa de muitos anos realizada pelo curador Thyago Nogueira, coordenador da área de fotografia contemporânea do IMS, no acervo de mais de 40 mil imagens da artista.

 

Na abertura, dia 15 de dezembro, às 11h, Claudia Andujar participa de uma conversa no auditório do IMS Paulista com o curador da exposição e com o líder indígena Davi Kopenawa. Na ocasião será lançado o catálogo com mais de 300 imagens, acompanhadas de textos de Thyago Nogueira, de Andujar e do antropólogo Bruce Albert, que se aliou a ela na luta pela preservação dos Yanomami. Dia seguinte,conduzido por Kopenawa. A partir de janeiro de 2019 estão previstos novos eventos relacionados à exposição, entre seminários, conversas e visitas.

 

“Claudia Andujar – A luta Yanomami” foi realizada com apoio e consultoria do Instituto Socioambiental (ISA), e colaboração da Hutukara Associação Yanomani (HAY).

 

 

Sobre a artista

 

Claudia Andujar nasceu na Suíça, em 1931, e em seguida mudou-se para Oradea, na fronteira entre a Romênia e a Hungria, onde vivia sua família paterna, de origem judaica. Em 1944, com a perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, fugiu com a mãe para a Suíça, e depois emigrou para os Estados Unidos, onde foi morar com um tio. Em Nova York, desenvolveu interesse pela pintura e trabalhou como guia na Organização das Nações Unidas. Em 1955, veio ao Brasil para reencontrar a mãe, e decidiu estabelecer-se no país, onde deu início à carreira de fotógrafa.

 

Sem falar português, Claudia transformou a fotografia em instrumento de trabalho e de contato com o país. Ao longo das décadas seguintes, percorreu o Brasil e colaborou com revistas nacionais e internacionais, como LifeApertureLookCláudiaQuatro Rodas e Setenta.

 

A partir de 1966, começou a trabalhar como freelancer para a revista Realidade. Recebeu bolsa da Fundação Guggenheim (1971 e 1977) e participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, com destaque para a 27ª Bienal de São Paulo e para a exposição Yanomami, na Fundação Cartier de Arte Contemporânea (Paris, 2002). Em 2015, a exposição “No lugar do outro”, IMS Rio, apresentou a primeira parte da carreira da fotógrafa. A segunda parte da carreira, dedicada aos Yanomami, será apresentada na retrospectiva Claudia Andujar: A luta Yanomami.

 

 

Até 07 de abril de 2019.